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A DISTOPIA ENQUANTO REALIDADE

Marcelo Rigo dos Santos

INTRODUÇÃO
Através da análise das distopias, tendo em vista conceitos do filósofo francês Michel
Foucault (1926 - 1984), conseguimos entender por que elas parecem muito mais aplicáveis à
realidade, e de fato parecem já estarem sendo empregadas, do que as utopias. É importante
observar por que isso acontece, visto que, com o avanço tecnológico, mais do que nunca a
sociedade pode temer o surgimento de um ​Big Brother​, representação máxima da vigilância
extrema, sob alguma égide que a justifique, orquestrando um sistema de repressão política e
ideológica.
Nas utopias, através da valorização da razão, que ocorre devido ao contexto histórico,
a sociedade era exagerada a níveis de perfeição na harmonia das relações humanas, que
constituem comunidades justas, cheias de afeição e hospitalidade entre os homens.
Ironicamente, quando Thomas More (1478 - 1535) escreveu ​Utopia (​ 1516), juntou o prefixo
ou com a palavra ​topos​, na língua grega, que significa “lugar nenhum”, mas era uma palavra
idêntica a ​eutopos,​ que significa algo como “lugar bom”. Portanto, a grande questão girava
em torno da possibilidade de que uma sociedade como a desejada pudesse realmente
acontecer.
No entanto, com o passar dos séculos, a ilusão iluminista acerca da natureza do
homem - inicialmente boa -, caiu por terra, especialmente após o Holocausto e outros horrores
da Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade enxergou de vez, caso alguém ainda não
tivesse percebido, a maldade presente nos homens1. As projeções quase escatológicas acerca
do futuro próspero e livre de fome, miséria, guerras e doenças que a era da Razão traria
provaram ser falsas.
Compreendidas entre o Renascimento e o Século XIX, as utopias eram um devaneio
acerca do que o intelecto e capacidade mental do ser humano poderiam trazer. Posterior a isso
surgem as distopias, uma espécie de antítese das sociedades idealizadas como boas, onde na

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Independente, é claro, de qual seja o motivo dessa maldade, como a visão do homem manchado
pelo pecado original, na perspectiva cristã ocidental, por exemplo. O fato é que a esperança na
humanidade havia sido jogada fora, visto que era apenas um encanto que de nada mais serviria.
verdade, a opressão imperava na sociedade. De acordo com Manuel da Costa Pinto: “Num
século anti-humanista como o que acabamos de atravessar, porém, a razão deixou de ser a
antípoda da desrazão” (PINTO, 2012, p.13.). Quanto à razão, antes projetava-se uma
expectativa benevolente com seu uso, enquanto ela era uma contraposição da “desrazão”.
Contudo,
[...] a imaginação literária do século XX foi pródiga em criar sociedades fictícias em
que a racionalidade se transforma num fim em si mesma: abstrata, mecanicista,
reduzindo o existente a um utensílio, alienando a consciência na linha de montagem
e produzindo massacres com planejamento industrial. No século XX, como na
famosa gravura de Goya, o sonho da razão produz monstros. Ou, em outras palavras,
distopias. (PINTO, 2012, p.14.).

Sendo esse gênero literário fruto da execução do intelecto humano em direção ao


progresso, observa-se que o sonho da razão, quando transformado em realidade, na sua
aplicação prática se mostrou não em sociedades perfeitas, mas num verdadeiro pesadelo de
exploração do homem aos seus semelhantes. Esse acontecimento se dá por meio da utilização
de formas de manutenção do poder de um homem contra o outro, ou ainda, de um grupo
minoritário que controla o resto da sociedade, sendo esse grupo o novo regulador da história
humana.

DISCUSSÃO
Em ​Admirável Mundo Novo (1932), renomada ficção de Aldous Huxley (1894 -
1963), todos os indivíduos eram, desde o nascimento, condicionados a aceitar sua posição
social, passando por uma espécie de lavagem cerebral durante a infância e adolescência. A
hipnopedia, nome dessa lavagem, se dá por afirmações feitas milhares de vezes enquanto o
indivíduo dorme, condicionando-o à sua futura posição social. A alienação, portanto, ocorrida
de forma exagerada na ficção, se dá por meio do que Foucault chama de “discurso de
verdade”. As práticas e crenças do indivíduo são naturalizadas nele e na sociedade através,
inicialmente, de verbalizações na forma de discursos. Contudo, ao longo da narrativa, vemos
que um dos personagens, Bernard Marx2, que tem estatura menor que a dos homens da casta

2
O sobrenome faz clara referência a Karl Marx. Isso porque na história, Bernard Marx é o primeiro
personagem que o leitor vê que é inconformado com a alienação produzida na sociedade, enquanto o
filósofo alemão escreveu sobre a alienação do proletariado. Essas referências são comuns na obra
de Huxley. Outro exemplo é o jogo de palavras em inglês com “Our Ford” (Nosso Ford), que os
personagens costumam utilizar para se referir a divindade, alusão a “Our Lord” (Nosso Senhor). Ou
seja, Henry Ford, por sua contribuição ao sistema vigente, virou uma figura divina.
Alpha, precisa ser mais grosso e firme com funcionários de castas inferiores para que eles o
obedeçam. Tal situação deixa claro que para os homens de castas inferiores, a altura maior
significa superioridade, porque tratam Bernard com desdém, já que ele é quase do mesmo
tamanho que eles. Dentro da história, desde o nascimento os indivíduos têm suas
características físicas já pré-definidas. Assim, por vias não verbais, o discurso de que os
homens mais altos são de castas superiores, e portanto, tem mais capacidade intelectual e
devem ser respeitados, era naturalizado nos indivíduos.
Um choque cultural ocorre quando John, o Selvagem, entra no Admirável Mundo
Novo e se depara com uma cosmovisão materialista e hedonista espalhada na sociedade,
totalmente diferente do que ele havia aprendido em sua terra natal, Malpais, e nas obras de
Shakespeare, que havia tido acesso, mas eram proibidas na sociedade “civilizada”. Por
exemplo, ele sente atração por Lenina, algo recíproco. Porém, o discurso de verdade
naturalizado em John era de que o sexo pré-marital é errado, além de que ele deveria provar
seu valor como possível marido matando um leão. Como na “civilização” não existiam leões,
seria impossível para John provar seu valor e casar com ela. Já para Lenina, a promiscuidade
sexual era algo tão natural quanto a luz do dia, e por isso, ela poderia apenas se oferecer
sexualmente e ser possuída por John. No entanto, o resultado do conhecimento dos
sentimentos de um pelo outro, aliados a possibilidade da relação sexual, resultam numa
angustiante cena onde John chama Lenina em termos pejorativos e fica enfurecido com ela,
bem como enlouquece e externaliza de vez sua insatisfação com a sociedade que conheceu.
Em ​1984 (1949), George Orwell (1903 - 1950) trabalha outro assunto que
posteriormente seria abordado na obra de Foucault, que é a vigilância. A vigilância,
simbolizada por meio do Grande Irmão, é tema central nessa narrativa distópica. Numa
sociedade dominada pelo autoritarismo, onde a vigilância é exercida tanto na observação das
ações externas quanto as internas, a pressão psicológica em cima dos indivíduos sufoca-os e
os obriga a agirem conforme as normas. No entanto, apesar de parecer que a maioria da
população vive reprimida, o que acontece é a circunstância inversa. Na verdade, a maioria das
pessoas vive bem, com satisfação, e não é nem um pouco crítica com o que o Partido diz. Por
outro lado, existem alguns poucos indivíduos dissidentes, como Winston, protagonista da
obra, que percebe as contradições explícitas propagadas pelo Partido, e, esmagado pela
vigilância completa, se esforça para conseguir desabafar o que sente num diário que começa a
produzir, com a esperança de não estar sendo vigiado enquanto o redige.
A ideia de vigilância a todo instante alude ao Panóptico, prisão idealizada pelo
filósofo inglês Jeremy Bentham e analisada por Foucault, que usará o termo para descrever o
que chama de “sociedade disciplinar”, sendo a disciplina o meio pelo qual a obediência ao
que é aceito pela sociedade é moldada em todos os indivíduos. O Panóptico exerce nos presos
uma pressão que os leva à vigilância constante sobre si mesmos, pois ele funciona com base
no princípio de vigiar sem ser vigiado. Ou seja, o preso nunca sabe se está sendo vigiado ou
não, o que o leva a sempre tentar se manter agindo corretamente. Apesar de ser projetado para
ser uma prisão, para o próprio Bentham o Panóptico também serve para escolas, hospitais e
fábricas. Nesse caso, através de manter os estudantes ou operários sobre o controle, a
eficiência poderia ser maior, já que ninguém tentaria deixar de ser produtivo. O Panóptico,
para Foucault, é o ideal utilizado para o desenvolvimento do controle na sociedade disciplinar,
algo bastante abordado na história protagonizada por Winston.
Na obra de Orwell, essa ideia de vigilância é estendida a toda sociedade em todos os
lugares, seja em casas, bares ou locais de trabalho. Por exemplo, em todos os lugares existe o
Grande Irmão, através das teletelas, observando todos, desde os sons que fazem até as
expressões faciais. De fato, Winston em certo momento diz que o maior inimigo de alguém é
o sistema nervoso da pessoa, já que este, pode, através das expressões faciais, traí-la, ao
mostrar reações de insatisfação. Ou em outro momento da narrativa, quando Winston e Julia,
sua amante, estão aparentemente a sós e longe de qualquer vigilância, Winston a pergunta
como ela sabia que ele é subversivo. A resposta dela foi que pelas expressões faciais dele, era
possível saber que ele era contra o Partido.
Uma mensagem transmitida várias vezes pelo Partido nas teletelas, que por sinal
também estão presentes em todos os lugares, “O Grande Irmão está te observando”, reitera o
caráter vigilante e controlador presente na sociedade. Com efeito, essa distopia eleva a
concepção foucaultiana de “sociedade disciplinar” ao extremo, dando uma possível noção de
como ela funcionaria na realidade.
O poder do Partido fica explicitado para que nenhum cidadão se esqueça dele, e é
então estabelecido por meio do discurso de verdade. A tática utilizada pelo Partido ao fazer o
discurso de verdade é o uso do ​duplipensar​, através de frases contraditórias no seu slogan.
“Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força”, constam na repetição ​ad
nauseam do Partido. Ou seja, ocorre o condicionamento das pessoas para aceitarem qualquer
outro absurdo proferido pelo Estado. Na obra, torna-se fundamental a corrupção da
capacidade cognitiva dos indivíduos (se é que ainda podem ser chamados assim), porque a
manutenção da opressão estatal é realizada através de mentiras e mentiras contadas para a
população, que passa a acreditar em tudo dito pelo Partido. Por exemplo, num certo momento,
as pessoas acreditam que a ração de chocolate iria aumentar para 20 gramas, sendo que, em
menos de 24 horas, o Partido havia anunciado que a ração abaixaria justamente para 20
gramas. A tirania exercida pelo Partido, que é simbolizado na figura do Grande Irmão,
ultrapassa as ações e corpos dos indivíduos e chega em suas mentes, verdadeiramente os
emburrecendo, tornando-os imbecis.
Para Foucault, entretanto, o poder não é algo que vem apenas de cima para baixo,
como por exemplo do Estado para o povo. Na verdade, ele está difuso em todo o tecido social,
sendo o poder existente em toda relação. Ou seja, basta que haja uma interação entre
indivíduos e o poder já está sendo exercido. Em consonância com o conceito de poder em
Foucault, Orwell transforma as relações até mesmo de pais e filhos num eterno patrulhamento
entre ambos.
Numa das primeiras cenas do livro, Winston vai para o apartamento da senhora
Parsons, sua vizinha, desentupir um cano para ela. Lá, ele se depara com duas crianças, filhos
da vizinha, que o perturbam, chamando-o de “traidor” e “criminoso do pensamento”. O
protagonista observa, após certo incômodo, o olhar de desespero no rosto da mãe. Tal
circunstância ocorre porque naquela sociedade fictícia, bastava qualquer um denunciar o outro
de criminoso, ainda que seja um filho denunciando a mãe, que a pessoa seria pega. Winston
sabia que não eram poucos os casos de filhos que denunciavam os pais, e a atitude das
crianças parecia ser um prenúncio do destino da senhora Parsons. Eles, que são indivíduos
disciplinados pelo Partido, também passam a ser disciplinadores, exercendo influência nos
seus pais e, naquele momento, em Winston.
Embora seja uma obra ficcional, ​1984 constrói e descreve um mundo que se
assemelha, e muito, com o contexto atual da sociedade humana como um todo: uma
comunidade internacional interligada por meio da tecnologia, onde se é possível saber
informações sobre um indivíduo, sejam suas credenciais, suas opiniões e críticas, ou ainda
todo seu histórico de pesquisa, desde que a pessoa tenha um aparelho com acesso à internet.
Essa conjuntura cria um novo ambiente que possibilita a existência de alguma empresa
ou instituição cujo intuito é simplesmente vigiar as ações das pessoas. Não à toa, existe ampla
relação, inclusive na cultura popular, entre a figura do Grande Irmão e todas as câmeras que
cercam os indivíduos, sejam nos celulares, notebooks, ambientes públicos etc.
Um tópico mais recente que explicita o caráter desse novo mundo de vigilância
pessoal e vem sendo repercutido no âmbito internacional, é o sistema de reconhecimento
facial presente na China. Existem, atualmente, regiões na China que funcionam como áreas de
teste para o desenvolvimento e aprimoramento não só desse sistema de reconhecimento facial,
mas de um sistema de vigilância altamente complexo capaz de controlar a população, ou parte
dela, tomando a título de exemplo a região de Xinjiang.
Localizada no oeste chinês, Xinjiang serve como um laboratório de vigilância estadual
com a implementação sem restrição de tecnologias, comerciais ou não, com o objetivo de
suprimir uma minoria étnica islã, os Uigures. Dispondo de diversos recursos de viés
controlador, como as milhares de câmeras espalhadas pela região usadas para o
reconhecimento facial, de íris e das placas de carro, registro biométrico e um grande número
de postos policiais espalhados pela cidade, o governo chinês oprime esse grupo étnico
impondo uma série de restrições à liberdade que eles possuem dentro da comunidade,
chegando a criar “escolas de reeducação de ideias”, semelhantes a prisões, com seus altos
muros com arame farpado e suas torres de vigilância, forçando milhares de Uigures a irem
para elas. O caráter Orwelliano desse sistema de vigilância é claro, de forma que parece que a
distopia está se tornando realidade.
Ademais, o governo chinês possui também uma política de Estado que visa a
construção de um “sistema de créditos pessoais”, funcionando como uma espécie de ranking
de confiabilidade do indivíduo. Atualmente, nem todo o país possui esse sistema, pois são
algumas empresas que, com a autorização do Estado, usam o sistema de créditos em
determinadas regiões, apesar da meta do governo ser de que até 2020 todos os chineses
estejam obrigatoriamente inseridos nesse plano. Segundo um artigo publicado pela BBC em
2017, “ [...] o Conselho do Estado chinês explica que o plano do crédito social visa ‘forjar um
ambiente na opinião pública em que a confiança será valorizada’, acrescentando que ‘o
sistema recompensará aqueles que reportarem atos de abuso de confiança’”.
Assim, a partir da criação de um banco de dados nacional que contenha diversas
informações sobre cada cidadão, incluindo informações sobre etnia, altura, placa do carro,
pessoas com que se relaciona, lugares que costuma ir, entre muitos outros pontos, juntamente
com o amplo sistema de reconhecimento facial presente na China e a massiva presença da
polícia no cotidiano, o governo é capaz de controlar o comportamento dos chineses não só
pela excessiva vigilância para com eles, mas também a vigilância gerada entre eles, uma vez
que há benefício para aqueles que denunciarem qualquer transgressão ao que foi imposto pelo
Estado. Novamente, talvez de forma mais elucidativa que nunca, fica evidente a natureza
disciplinar nessa sociedade, já que os disciplinados também disciplinam-se uns aos outros.
O sistema de crédito segrega as pessoas de acordo com um ranking de confiabilidade
individual, cujos critérios de avaliação são pontos como pagamento das contas em dia,
veracidade dos títulos acadêmicos, posicionamento perante opiniões políticas e os planos do
Partido Comunista Chinês, desobediência da lei, etc. Um indivíduo com uma alta pontuação
no sistema teria recompensas que variam de descontos em hotéis ou no aluguel de carros,
apólice de seguros até mesmo a disponibilidade de uma internet mais veloz, enquanto que um
indivíduo com um pontuação abaixo de certo parâmetro sofrerá diversas penalidades, que
englobam a impossibilidade da compra de passagens de viagem de ônibus e trens,
impedimento da entrada em lugares específicos, ou até mesmo determinar a escola que o filho
irá estudar ou o emprego que a pessoa pode ter.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na literatura distópica, especialmente a de Orwell, a tecnologia é amplamente
utilizada para o controle social. Possivelmente, no momento que escreveu, talvez seus leitores
consideraram suas predições um tanto quanto exageradas. Contudo, décadas mais tarde,
Orwell pode ser considerado um profeta no que tange à utilização dela para a vigilância.
A Internet é o epítome do instrumento de vigilância. Numa situação, que de forma
alguma precisa ser hipotética, não é de se surpreender caso uma pessoa passe alguns minutos
conversando numa rede social sobre, por exemplo, cachorros domésticos, e depois os
anúncios que apareçam para ela na web sejam sobre rações e produtos para cachorros. Esse
cenário não é parte de alguma obra distópica de algumas décadas atrás, mas o que
efetivamente acontece todos os dias ao redor do mundo virtual. A célebre frase do poeta
irlandês Oscar Wilde elucida essa situação: “a vida imita a arte muito mais que a arte imita a
vida”.
É evidente que, nesse caso, a vigilância ocorre não para alguma forma de repressão,
mas os indivíduos estão sendo observados e tendo seus dados coletados para que possam
comprar mais. Porém, é fácil para governantes fabricarem justificativas para que, a partir de
algum momento, todos os dados sejam coletados e armazenados. Ou ainda, tal situação
possivelmente já acontece em alguma escala sem o conhecimento e consentimento dos
usuários.
Além disso, observando Xinjiang, na China, os traços Orwellianos ficam cada vez
mais evidentes e possivelmente reais. Afinal, a distância entre usar a tecnologia para defesa e
proteção da própria população e usá-la para reprimi-la, é uma linha muito tênue. Na verdade,
a própria censura virtual é uma realidade nesse país, que por ter um governo autoritário, não
precisa se justificar para a população caso resolva implantar um sistema de repressão ainda
mais poderoso, tendo como base a tecnologia.
Se o fato de parecer absurda a ideia de existirem câmeras em todos os lugares para
vigiar a população não impediu sua concretização, nada deveria levar a acreditar que não é
possível que, em algum momento da história, a sociedade também não possa ser levada a
acreditar em afirmações contraditórias feitas pela instituição que possui o controle social,
econômico, ideológico e político. Talvez o ​duplipensar possa vir a ser muito mais real do que
aparentemente é possível imaginar, e em algum momento sirva como instrumento para a
normatização de verdades.
Por fim, a atualidade desse tema deixa em aberto a possibilidade de muitas outras
pesquisas. Por exemplo, a esclarecedora relação de poder em Foucault num mundo que tem o
ambiente virtual cada vez maior deve ser abordada e discutida, visto que esse universo tende a
se tornar maior e mais complexo. Além disso, é necessário buscar as raízes das possibilidades
autoritárias em que a tecnologia pode ter papel crucial, tendo em vista já o que acontece
atualmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42033007>. Acesso em 13
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<http://www.bookrags.com/notes/1984/top4.html#gsc.tab=0>. Acesso em: 13 abr. 2019.

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Disponível em:
<https://www.forbes.com/sites/zakdoffman/2018/10/28/why-we-should-fear-chinas-emerging
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HUXLEY, Aldous. ​Admirável mundo novo​. 22. ed. São Paulo: Editora Globo, 2014.

ORWELL, George. ​1984​. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

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<https://universodafilosofia.com/2017/12/o-panoptico-de-foucault-em-vigiar-e-punir/>.
Acesso em: 13 abr. 2019.

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