Vous êtes sur la page 1sur 7

Robert  Murray  McCheyne,  o  homem  que  não  era  como  os 

demais (1813 – 1843) 


 
 
Era  inverno.  Sentados  próximo  ao  fogo,  dois  pedreiros  estavam  dedicados  a  sua 
tarefa.  De  repente,  um  desconhecido  aproximou-se  deles,  desceu  do  cavalo  e, 
imediatamente,  passou  a  conversar  sobre  o  estado  espiritual  da  alma  deles. 
Servindo-se  das  vivas  chamas  da  fogueira  como  ilustração,  o  jovem  desconhecido 
pregou  verdades  alarmantes.  Com  profunda  surpresa,  os  pedreiros  exclamaram: 
“Você não é um homem como os demais!” Ao que o desconhecido — que era Robert 
McCheyne — respondeu: “Eu sou, simplesmente, um homem como os demais”. 
 
Parece  que,  tanto  a  leitura  dos  sermões  de  McCheyne  quanto  de  sua  biografia, 
fazem  brotar  do  coração  do  leitor  a  mesma  exclamação  dos  pedreiros:  que, 
certamente,  Robert  McCheyne  não  foi  um  homem  como os demais. Seu ministério, 
certamente  muito  breve,  tornou-se  uma das luzes mais brilhantes do evangelho na 
Escócia.  Pureza  doutrinária  e  fervor  evangélico  impregnaram  por  completo  a 
pregação  desse  grande  servo  de  Deus.  Em  McCheyne  encontramos  aquela 
característica  tão  sublime  —  e  muito  rara,  infelizmente  —  de  uma  harmoniosa 
correspondência  entre  pregação  e  vida.  A  vida  de  McCheyne,  que  alguém  definiu 
como  “um  dos  mais  belos  exemplos  da  obra  do  Espírito  Santo”,  foi  caracterizada 
por um alto grau de santidade e consagração. 
 
Robert  Murray  McCheyne  nasceu  em  Edimburgo  em  29  de  maio  de  1813,  numa 
época  em  que  os  primeiros  resplendores  de  um  grande  ressurgimento  espiritual 
tinham  lugar  na  Escócia. Entre os preparativos secretos com que Deus contava para 
derramar  sobre  Seu  povo  dias  de  verdadeiro  e  profundo  refrigério  espiritual  se 
achava o nascimento do mais jovem dos cinco filhos de Adam McCheyne. 
 
Já  desde  a  infância,  Robert  deu  mostras  de  possuir  uma  natureza  doce  e  afável,  ao 
mesmo  tempo  em  que  todos  podiam  apreciar  nele  uma  mente  ágil  e uma memória 
prodigiosa.  Com  a  idade  de  quatro  anos,  enquanto  se  recuperava  de  uma 
enfermidade,  Robert  fez  do  estudo do hebraico e do grego seu passatempo favorito. 
Com  oito  anos,  ingressou  na  escola  superior  para  passar,  anos  mais  tarde,  para  a 
Universidade  de  Edimburgo.  Em  ambos  centros  de  ensino,  distinguiu-se  como 
estudante  privilegiado,  de  forma  especial  nos  exercícios  poéticos.  Ele  é  descrito 
como  tendo  boa  estatura,  cheio  de  agilidade  e  vigor,  ambicioso,  ao  mesmo  tempo 
em  que  era  nobre  em  sua  disposição,  evitando  qualquer  forma  de  engano  em  sua 
conduta.  Alguns  consideravam que ele possuía, de forma inata, todas as virtudes do 
caráter  cristão;  mas,  segundo  seu  próprio  testemunho,  aquela  pura  moralidade 
exterior  por  ele  exibida  nascia  de  um  coração  farisaico  e, exatamente como muitos 
de  seus  companheiros,  ele  se  empenhava  para  encher  sua  vida  de  prazeres 
mundanos. 
 
A  morte  de  seu  irmão  David  causou  uma  profunda  impressão  em  sua  alma.  Seu 
diário  contém  numerosas  alusões  a  esse  fato.  Anos  mais  tarde,  escrevendo  a  um 
amigo,  Robert  disse:  “Ora  por  mim,  para  que  eu  possa ser mais santo e mais sábio, 
menos  como  eu  mesmo  sou  e  mais  como  meu  Senhor  é  (…)  Hoje  fazem  sete  anos 
que  perdi  meu  querido  irmão,  mas  comecei  a  encontrar  o  Irmão  que  não  pode 
morrer”. 
 
A  partir  desse  fato,  sua  terna  consciência  despertou  para  a  realidade  do  pecado  e 
das  profundezas  de  sua  corrupção.  “Que  infame massa de corrupção eu tenho sido! 
Vivi  uma  grande  parte  de  minha  vida  completamente  separado  de  Deus  e  para  o 
mundo.  Entreguei-me  completamente  ao  gozo  dos  sentidos  e  às  coisas  que 
perecem ao meu redor”. 
 
Ainda  que  ele  nunca  tenha  sabido  a  data  exata  de  seu  novo  nascimento,  jamais 
abrigou  qualquer  temor  de  que  isso  não  houvesse  ocorrido.  A  segurança  de  sua 
salvação  foi  algo  característico  de  seu  ministério,  de  modo  que  sua  grande 
preocupação foi, em todo tempo, obter uma maior santidade de vida. 
 
No  inverno  de  1831,  iniciou  seus  estudos  na  Divinity  Hall,  onde  Thomas  Chalmers 
era  professor  de  Teologia,  e  David  Welsh  o  era  de História Eclesiástica. Com outros 
companheiros  —  Edward  Irving,  Horatius  e  Andrew  Bonar  (que,  mais  tarde, 
escreveu  sua  biografia)  —  e  fervorosos  amigos,  Robert  McCheyne  se  reunia  para 
orar  e  estudar  a  Bíblia,  especialmente nas línguas originais. Quando o Dr. Chalmers 
foi  informado  do  modo  simples  e  literal  como  McCheyne  esquadrinhava  as 
Sagradas  Escrituras,  não  pode  senão  dizer:  “Eu  gosto  dessa  literalidade!” 
Verdadeiramente,  todos  os  sermões  deste  grande  servo  de  Deus são caracterizados 
por  uma  profunda  fidelidade  ao  texto  bíblico.  Já  neste  período  de  sua  vida, 
McCheyne  dava  mostra  de  um  grande  amor  pelas almas perdidas e, junto com seus 
estudos,  dedicava  várias  horas  por  semana  à  pregação  do  evangelho,  tarefa  que 
realizava quase sempre nos bairros pobres e mais baixos de Edimburgo. 
 
Do  mesmo  modo  que  outros  grandes  servos  de  Deus,  McCheyne  tinha  uma  clara 
consciência  da  radical  seriedade  do  pecado.  A  compreensão  clara  da  condição 
pecadora  do  homem  era  para  ele  requisito  imprescindível  para  fazer  com  que  o 
coração  sentisse  a  necessidade  de  Cristo  como  único  Salvador  e  também  era  uma 
experiência  necessária  para  uma  vida  de  santidade.  Seu  diário  dá  testemunho  de 
quão  severo  era  no  juízo  que  fazia  de  si  mesmo.  “Senhor,  se  nenhuma  outra  coisa 
pode  livrar-me  de  meus  pecados  a  não  ser  a  dor  e  as  provas,  envia-mas,  Senhor, 
para  que  eu  possa  ser  livrado  de  meus  membros  carregados  de  carnalidade”. 
Mesmo  nas  mais  gloriosas  experiências  do  crente,  McCheyne  podia  descobrir 
traços  de  pecado;  por  isso,  disse  em  certa  ocasião:  “Até mesmo nossas lágrimas de 
arrependimento estão manchadas de pecado.” 
 
Andrew  Bonar  escreveu  sobre  seu  amigo  nos  seguintes  termos:  “Durante  os 
primeiros  anos  de  seus  cursos  no  colégio,  o  estudo  não  chegou  a  absorver  toda  a 
sua  atenção.  Sem  dúvida,  tão  logo  começou  a  mudança em sua alma e isso também 
se  refletiu  em  seus  estudos.  Um  sentimento  muito  profundo  de  sua 
responsabilidade  o  levou  a  dedicar  todos  os  seus talentos ao serviço do Mestre, que 
Quem  os  havia  recebido.  Poucos  houve  que,  com  tão  completa  dedicação, 
tenham-se  consagrado  à  obra  do  Senhor  como  fruto  de  um  claro  conhecimento de 
sua responsabilidade”. 
 
Enquanto  fazia  os  cursos  de  Literatura e Filosofia, conseguia encontrar tempo para 
dedicar  sua  atenção  à  Teologia  e  à  História  Natural.  Nos  dias  de  sua  maior 
prosperidade  no  ministério  da  pregação,  quando,  juntamente  com  sua  alma,  sua 
congregação  e  rebanho  constituíam  o  centro  de  seus  desvelos,  com  freqüência 
lamentava  por  não  ter  adquirido,  nos  anos  anteriores,  um  caudal de conhecimento 
mais  profundo,  pois  se  havia  dado  conta  de  que  podia  usar  as  jóias  do  Egito  para o 
serviço  do  Senhor.  De  vez  em  quando,  seus  estudos  anteriores  evocariam  em  sua 
mente  alguma  ilustração  apropriada  para  a  verdade  divina  e  precisamente  no 
solene  instante  em  que  apresentava  o  evangelho  glorioso  aos  mais  ignorantes  e 
depravados. 
 
Suas  próprias  palavras  apresentam  melhor  sua  estima  pelo  estudo  e,  ao  mesmo 
tempo,  revelam  o  espírito  de  oração  que,  segundo  McCheyne,  devia  sempre 
acompanhá-lo:  “Esforça-te  em  teus  estudos”,  escreveu  a  um  jovem  estudante  em 
1840.  “Dá-te  conta de que estás formando, em grande parte, o caráter de teu futuro 
ministério.  Se  adquirires  agora  hábitos  de  estudo  marcados  por  descuido  e  a 
inatividade,  nunca  tirarás  proveito  do  mesmo.  Faz  cada  coisa  a  seu  tempo.  Sê 
diligente  em  todas  as  coisas;  aquilo  que  valha  a  pena  fazê-lo,  faze-o  com  todas  as 
forças.  E,  sobre  todas  as  coisas,  apresenta-te  diante  do  Senhor  com  muita 
frequência.  Não  tentes  nunca  ver  um  rosto  humano  enquanto  não  tiveres  visto 
primeiro  o  rosto  Daquele  que  é  nossa  luz  e  nosso  tudo.  Ora  por  teus  semelhantes. 
Ora  por  teus  professores  e  companheiros  de  estúdio.”  A  outro  jovem  escreveu: 
“Cuidado  com  a  atmosfera  dos autores clássicos, pois ela é, na verdade, perniciosa; 
e  tu  necessitas  muitíssimo,  para  contestá-la,  o  vento  sul  que  se  respira  das 
Escrituras.  É  certo  que  devemos  conhecê-los  —  mas  da  mesma  forma  como  o 
químico  experimenta  as  substâncias  tóxicas  —  para  descobrir  suas  qualidades  e 
não  para  envenenar  com  eles  teu  sangue.”  E  acrescentou:  “Ora  para  que  o Espírito 
Santo  faça  de  ti  não  somente  um  jovem  crente  e  santo, mas para que te dê também 
sabedoria  em  teus  estudos.  Às  vezes, um raio da luz divina que penetra a alma pode 
dar  suficiente  luz  para  aclarar  maravilhosamente  um  problema  de  matemática.  O 
sorriso  de  Deus  acalma  o  espírito  e  a  destra  de  Jesus  levanta  a  cabeça  do  descaído, 
enquanto  Seu  Santo  Espírito  aviva  os  efeitos,  de  modo  que  mesmo  os  estudos 
naturais vão um milhão de vezes melhor e mais facilmente.” 
 
As  férias  para  McCheyne,  assim  como  para  seus  amigos  íntimos  que permaneciam 
na  cidade,  não  eram  consideradas  como uma cessação do que se refere aos estudos. 
Uma  vez  por  semana,  costumavam  passar  uma  manhã juntos com o fim de estudar 
algum  ponto  da  teologia  sistemática,  assim  como  para  trocar  impressões  sobre  o 
que haviam lido em particular. 
 
Um  jovem  assim,  com  faculdades  intelectuais  tão  incomuns, às quais se unia ainda 
o  amor  ao  estudo  e  uma  memória  extraordinariamente  profunda,  facilmente  teria 
se  destacado  no  plano  da  erudição  se  não  houvesse  posto  em  primeiro  lugar,  e 
como  meta  mais  importante,  a  tarefa  de  salvar  as  almas.  Todos  os  talentos  que 
possuía ele os submeteu à obra de despertar àqueles que estavam mortos em delitos 
e  pecados.  Preparou  sua  alma  para  a  terrível  e  solene  responsabilidade  de  pregar  a 
Palavra de Deus, e isso ele fazia com “muita oração e profundo estudo da Palavra de 
Deus,  com  disciplina  pessoal,  com  grandes  provas  e  dolorosas  tentações,  pela 
experiência  da  corrupção  da  morte  em  seu  próprio  coração  e  pela  descoberta  da 
plena  graça  do  Salvador.”  Por  experiência,  ele  podia  dizer:  “Quem  é  que  vence  o 
mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1João 5.5). 
 
No  dia  1o.  de  julho  de  1835,  Robert  Murray  McCheyne  obteve,  do  presbitério  de 
Annan,  licença  para  pregar.  Depois  de  haver  pregado  por  vários  meses  em 
diferentes  lugares  e  ter  dado  evidência  da  particular  doçura  com  que  a  Palavra  de 
Deus  fluía  de seus lábios, McCheyne tornou-se o ajudante do pastor John Bonar nas 
congregações  unidas  de  Larbert  e  Dunipace,  nas  cercanias  de  Stirling.  Em  sua 
pregação,  fazia  com  que  os  outros  participassem  de  sua  vida  interior,  como  de  sua 
alma,  à  medida  que  crescia  na  graça  e  no  conhecimento  do  Senhor  e  Salvador. 
Começava  o  dia muito cedo cantando salmos ao Senhor. A isso se seguia a leitura da 
Palavra  para  a  própria  santificação.  Nas  cartas  de  Samuel  Rutherford  [a  serem 
publicadas  por  esta  editora]  encontrou  uma  mina  de  riquezas  espirituais.  Entre 
outros  livros  que  apreciava  ler  estavam:  Chamamento  aos  Inconversos,  de Richard 
Baxter, e A Vida de David Brainerd, de Jonathan Edwards. 
 
Em  novembro  de  1836,  foi  ordenado  pastor  na  igreja  de  São  Pedro,  em  Dundee. 
Permaneceu  como  pastor  dessa  congregação  até  o  dia  de  sua  morte.  A  cidade  de 
Dundee,  como  ele  mesmo  deixou  escrito,  “era  uma  cidade  dada  à  idolatria  e  de 
coração  duro”.  Mas  não  havia  nada  em  suas  mensagens  que  buscasse  o  agrado  do 
homem  natural,  pois  não  estava  em  seu  coração  buscar  o  beneplácito  dos 
inconversos.  “Se  o  evangelho  agradasse  ao  homem  carnal,  então,  deixaria  de  ser 
evangelho”.  Estava  profundamente  persuadido  de  que  a  primeira  obra  do  Espírito 
Santo  na  salvação  do  pecador  era  a  de  produzir  convicção  de  pecado  e  de  trazer  o 
homem  a  um  estado  de  desespero  diante  de  Deus.  “A  menos  que  o  homem  seja 
posto  no  nível  de  sua  miséria  e  culpa,  toda  a  nossa  pregação  será  vã.  Somente  um 
coração  contrito  pode  receber  a  um  Cristo  crucificado”.  Sua  pregação  era 
caracterizada  por  um  elemento  de  declarada  urgência  e alerta. “Que Deus me ajude 
sempre  a  falar-vos  com  clareza.  Mesmo  a  vida  daqueles  que  vivem mais anos é, na 
verdade,  curta.  No  entanto,  essa  vida  curta  que  Deus  nos  deu  é  suficiente  para  que 
busquemos  o  arrependimento  e  a  conversão,  pois  logo,  muito  logo,  passará.  Cada 
dia que passa é como um passo a mais em direção ao trono do juízo eterno. Nenhum 
de  vós  permanece  imutável;  talvez  estejais  dormindo;  não  importa,  pois  a maré do 
tempo  que  passa  vos  está  levando  mais  para  perto  da  morte,  do  juízo  e  da 
eternidade”. 
 
Ao  seu  profundo  amor  pela  almas  se  somava  uma  profunda  sede  de  santidade  de 
vida.  Escrevendo  a  um  companheiro  no  ministério,  disse:  “Acima  de  todas  as 
coisas,  cultiva  teu  próprio  espírito.  Tua  própria alma deveria ser o principal motivo 
de  todos  os  teus  cuidados  e  desvelos.  Mais  que  os  grande  talentos,  Deus  abençoa 
àqueles  que  refletem  a  semelhança  de  Jesus  em  sua  vida.  Um ministro santo é uma 
arma  terrível  nas  mãos  de  Deus”.  McCheyne  talvez  pregasse  com  mais  poder  com 
sua  vida  do  que  com  suas  mensagens,  e  ele  sabia  bem,  como  nos  disse  seu  amigo 
Andrew  Bonar,  que  “os  ministros  do  Evangelho  não  só  devem  pregar  fielmente, 
mas também viver fielmente”. 
 
Como  pastor  em  Dundee,  McCheyne  introduziu  importantes  inovações  na 
congregação.  Naquela  época,  as  reuniões  de  oração,  se  não  eram  desconhecidas, 
eram  muito  raras.  McCheyne  ensinou  aos  membros  a necessidade de congregar-se 
cada  quinta-feira  à  noite  a  fim  de  unirem  o  coração  em oração ao Senhor e estudar 
Sua  Palavra.  Também  destinava  outro  dia  durante  a  semana  para  os  jovens.  Seu 
ministério entre as crianças constitui a nota mais brilhante de seu ministério. 
 
Ao  seu  zelo  por  santidade  de  vida  uniu-se  seu  afã  por  pureza  de  testemunho  entre 
os  membros  de  sua  congregação.  McCheyne  era  consciente  de que a igreja — como 
parte  do  Corpo  místico  de  Cristo  —  devia  manifestar  a  pureza  e  santidade Daquele 
que  havia  morrido  para  oferecer  uma  Igreja  santa  e  sem  mancha  ao  Pai.  Por  isso, 
seu  zelo  pela  observância  de  disciplina  na  congregação:  “Ao  começar  meu 
ministério  entre  vós,  eu  era  em  extremo  ignorante  da  grande  importância  que  na 
Igreja  de  Cristo  tem  a  disciplina  eclesiástica.  Pensava  que  meu  único  e  grande 
objetivo  nesta  congregação  era  o  de  orar  e  pregar.  Vossa  alma  me  parecia  tão 
preciosa  e  o  tempo  se  me  apresentava  tão  curto  que  eu  decidi  dedicar-me 
exclusivamente  com  todas  as  minhas  forças  e  com  todo  o  meu  tempo  ao  labor  de 
evangelização e doutrina. Sempre que, diante de mim e dos presbíteros desta igreja, 
se  nos  apresentaram  casos  de  disciplina,  eu  os  considerava  como  dignos  de 
aborrecimento.  Constituíam  uma  obrigação  diante  da  qual  eu  me  encolhia.  Mas 
agradou  ao  Senhor,  que  ensina  a  Seus  servos  de  maneira  muito  diferente  daquela 
usada  pelos  homens,  abençoar  — inclusive com a conversão — alguns dos casos de 
disciplina  a  nosso  cuidado.  Desde então uma nova luz se acendeu em minha mente: 
dei-me  conta  de  que  não  somente  a  pregação  era  uma  ordenança  de  Cristo,  mas 
também o exercício da disciplina eclesiástica.” 
 
Enquanto  o  vigor  e  a  força  espiritual  de  sua  alma  alcançavam  uma  grandeza 
gigantesca,  a  saúde  física  de  McCheyne  se  via  minada  e  debilitada  conforme 
transcorriam  os  dias.  Ao  final  de  1838,  uma  violenta  palpitação  do  coração, 
ocasionada  por  seus  árduos  labores  ministeriais,  obrigaram  o  jovem  pastor  a 
retirar-se  para  um  descanso.  E  como  sua  convalescença  se  processava  em  ritmo 
muito  lento,  um  grupo  de  pastores,  reunido  em  Edimburgo  na  primavera  de  1839, 
decidiu  convidar  McCheyne  a  se  unir a uma comissão de pastores que planejava ir a 
Palestina  para  estudar  as  possibilidades  missionárias  da  Terra  Santa.  Todos  criam 
que  tanto  o  clima como a viagem redundariam em benefício para a saúde do pastor. 
Do  ponto  de  vista  espiritual,  sua  passagem  pela  Palestina  se  constituiu  uma 
verdadeira  bênção  para  a  sua  alma.  Visitar  os  lugares  que  haviam  sido  cenário  da 
vida  e  obra  do  bendito  Mestre  e  pisar  a  mesma  terra  que  um  dia  pisara  o  Varão  de 
dores  foi  uma  experiência  indescritível  para  o  jovem  pastor.  No  entanto, 
fisicamente,  o  estado  de  McCheyne  não  melhorou;  antes,  pelo  contrário,  parecia 
que  seu  tabernáculo  terrestre  ameaça  sofrer  um  desmoronamento  total.  E,  assim, 
nos  últimos  dias  de  julho  de  1839,  encontrando-se  a  delegação  missionária 
próxima  de  Esmirna,  e  já  para  regressar,  McCheyne  caiu  gravemente  enfermo. 
Quando  tudo  fazia  pensar  em  uma  rápida  morte,  o  Senhor  estendeu  Sua  mão 
curadora  e  o  grande  servo  do  evangelho  pôde,  por  fim,  regressar  a  sua  amada 
Escócia e ao seu querido rebanho em Dundee. 
 
Durante  sua  ausência,  o  Espírito  Santo  começou  a  operar  um  maravilhoso 
avivamento  na  Escócia.  Este  avivamento  começou  em  Kilsyth  sob  a  pregação  do 
jovem  pastor  W.  C.  Burns,  que  havia  substituído  McCheyne  enquanto  durava  sua 
convalescença.  Num  curto  espaço  de  tempo,  a  força  do  Espírito  Santo,  que 
impulsionava  o  avivamento,  se  deixou  sentir  em  muitos  lugares. Em Dundee, onde 
os  cultos  se  prolongavam  até  tarde da noite todos os dias da semana, as conversões 
foram  muito  numerosas.  Era  como  se  toda  a  cidade  houvesse  sido  sacudida  pelo 
poder do Espírito. 
 
Em  novembro  do  mesmo  ano,  McCheyne,  recuperado  de  sua  enfermidade, 
regressou  a  sua  congregação. Os membros da igreja de São Pedro transbordaram de 
alegria  ao  ver  de  novo  o  rosto  amado  de  seu  pastor.  A  igreja  estava  absolutamente 
lotada  e,  enquanto  todos  esperavam que McCheyne ocupasse o púlpito, um silêncio 
absoluto  reinada  entre  os  que  estavam  ali  congregados.  Muitos  membros 
derramaram  lágrimas  de  gratidão  ao rever o rosto de seu pastor. Mas, ao finalizar o 
culto  e  movidos  pelo  poder  de  sua  pregação,  muitos  foram  os  pecadores  que 
derramaram lágrimas de arrependimento. 
 
O  regresso  de  McCheyne  a  Dundee  marcou  um  novo  episódio  em  seu  ministério  e 
também  na  igreja  escocesa.  Era  como  se  a  partir  daquele  momento,  o  Senhor  se 
houvesse  disposto  a  responder  às  orações  que  o  jovem  pastor  elevara  no  princípio 
de  seu  ministério,  suplicando  por  um  avivamento.  Ali,  onde  McCheyne  pregara,  o 
Espírito acrescentava novas almas à Igreja. 
 
Na  primavera  de  1843,  quando  McCheyne  regressara  de  uma  série  de  reuniões 
especiais  em  Aberdeenshire,  caiu  repentinamente  enfermo.  Lá  ele  havia  visitado  a 
vários  enfermos  de  febre  infecciosa,  e  a  constituição  enfermiça  e  débil  de 
McCheyne  sucumbiu  ao contágio da mesma. No dia 25 de março de 1843 partiu para 
estar com o Senhor. 
 
“Em  todas  as  partes  onde  chegava  a  notícia  de  sua  morte”,  escreveu  Bonar,  “o 
semblante  dos  crentes  se  enchia  de  tristeza.  Talvez  não  tenha  havido  outra  morte 
que  impressionasse  tanto  aos  santos  de Deus na Escócia como a deste grande servo 
de  Deus  que  consagrou  toda  a  sua  vida  à  pregação  do  evangelho  eterno.  Com 
freqüência,  ele  costumava  dizer:  ‘Vivei  de  modo  que,  um  dia,  sintam  de  vós 
saudades’,  e  ninguém  que  houvesse  visto  as  lágrimas  que  se  verteram  por  ocasião 
de  sua  morte  teria  dúvidas  em  afirmar  que  sua  vida  havia  sido  o  que  ele  havia 
recomendado a outros. Não tinha mais do que 29 anos quando o Senhor o levou. 
 
“No  dia  do  enterro,  foram  suspensas  todas  as  atividades  em  Dundee.  Do  lugar  do 
velório  até  o  cemitério,  todas  as  ruas  e janelas estavam abarrotadas de uma grande 
multidão.  Muitas  almas  se  deram  conta  naquele  dia  de  que  um  príncipe  de  Israel 
havia  caído,  enquanto  muitos  corações  indiferentes  experimentaram  uma  terrível 
angústia ao contemplar o solene espetáculo. 
 
“O  túmulo  de Robert McCheyne ainda pode ser visto na parte nordeste do cemitério 
que  circunda  a  igreja  de  São  Pedro.  Ele  se  foi  para  as  montanhas  de mirra e para as 
colinas  de  incenso,  até  que  desponte  o  dia  e  fujam  as  sombras.  Terminou sua obra. 
Seu  Pai  celestial  não  tinha  para  ele  nenhuma  outra  planta  para  regar  nem  outra 
vide  para  cuidar,  e  o  Salvador,  que  tanto  o  amou  em  vida,  agora  o  esperava  com 
Suas  palavras  de  boas-vindas: ‘Bem está, servo bom e fiel. (…) Entra no gozo do teu 
senhor’ (Mateus 25.21)” 
 
 
 
O  ministério  de  Robert  McCheyne  não  terminou  com  sua  morte.  Suas mensagens e 
cartas,  com  sua  biografia  escrita  por  seu  amigo  Andrew  Bonar,  são  ricos 
instrumentos de bênção para muitas almas. 
 
(Traduzido  por  Francisco  Nunes  de  Mensajes  Bíblicos,  de  Robert  Murray 
McCheyne,  publicado  por  The  Banner  of  Truth  Trust.  (c)  1961  The  Banner of Truth 
Trust, para Editora dos Clássicos.) 
 
 

Vous aimerez peut-être aussi