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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Procuradoria-Geral da República

N2 50974/2017 - GTLJ/PGR
Relator: Ministro Edson Fachin
Distribuição por conexão à Petição n2 6.530

SIGILOSQ

PROCESSO PENAL. PROCEDIMENTO SIGI-


LOSO AUTUADO COMO PETIÇÃO. TERMO
DE DECLARAÇÃO COLHIDO NO ÂMBITO
DE ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIA-
DA. REFERÊNCIA A PESSOAS SEM FORO
POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NO SU-
PREMO TRIBUNAL FEDERAL. MANIFESTA-
ÇÃO PELA DECLARAÇÃO DE INCOMPE-
TÊNCIA E REMESSA DO TERMO A ÓRGÃO
COM ATRIBUIÇÃO PARA INVESTIGAR OS
FATOS.
Celebração e posterior homologação de acordos de
colaboração premiada no decorrer da chamada "Opera-
ção Lava Jato". Conjunto de investigações e ações pe-
nais que tratam de esquema criminoso de corrupção de
agentes públicos e lavagem de dinheiro relacionados a
sociedades de economia mista federal vinculadas ao Mi-
nistério das Minas e Energia como Petróleo Brasileiro
S/A — PETROBRAS e a ELETROBRÁS S/A.
Colheita de termos de declaração de colaborador nos
quais se relatam fatos aparentemente criminosos envol-
vendo pessoas sem prerrogativa de foro. Inteligência do
artigo 102, I, "b", da Constituição Federal.
Manifestação pela declinação de competência em re-
lação a tais fatos para a adoção das providencias cabí-
veis.
PGR

O Procurador-Geral da República vem perante Vossa Exce-


lência se manifestar nos termos que se seguem:

Da contextualização dos fatos

O Ministério Público Federal, no decorrer das investigações


da Operação Lava Jato, firmou acordos de colaboração premiada
com 77 (setenta e sete) executivos e ex-executivos do Grupo Ode-
brecht, havendo protocolizado, em 19.12.2016, petições no Supre-
mo Tribunal Federal visando à homologação dos referidos acordos,
nos termos do disposto no art. 42, § 72, da Lei 12.850/2013.

Em decorrência dos referidos acordos de colaboração, foram


prestados por seus respectivos colaboradores centenas de termos
de colaboração, no bojo dos quais se relatou a prática de distintos
crimes por pessoas com e sem foro por prerrogativa de função no
Supremo Tribunal Federal.

A Ministra Presidente desta Corte Suprema, em 28.1.2017, de-


terminou a homologação dos acordos de colaboração em referên-
cia, após, vieram os autos à Procuradoria-Geral da República tara
manjfestação sobre os termos de depoimento veiculados nestes autos, no prato de
até 15 (quinze) dias".

Do caso concreto

Nesse contexto, o Egrégio Supremo Tribunal Federal homo-


logou o acordo de colaboração premiada de 77 (setenta e sete) inte-

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grantes do Grupo Odebrecht, incluído nesse rol o ex-diretor da


Odebrecht Sul, VALTER LUÍS ARRUDA LANA.

A presente Petição trata dos Termos de Depoimento de n22 10


e 11 relacionados ao colaborador VALTER LUÍS ARRUDA
LANA.

Neles, o colaborador afirmou que, no segundo semestre do


ano de 2010, o então Deputado Federal ABELARDO LUPION o
procurou pessoalmente "para solicitar doação para as eleições de 2010
para Câmara dos Deputados pelo Paraná, em que era candidato a Deputado
Federal'.

Relatou ter levado o assunto ao seu superior hierárquico, Be-


nedicto Júnior, que autorizou a referida contribuição. Assim, segun-
do relato do colaborador, a Odebrecht "efetuou a doação com recurso de
caixa 2, em oécie, na ordem de RI 150 mil, operacionalizados por intermé-
dio da equipe de Hilberto Silvd'.

No Termo de Depoimento de n2 11, o colaborador relata ter


sido procurado novamente por ABELARDO LUPION em 2012,
oportunidade em que o ex-parlamentar supostamente "solicitou doa-
ção para seu partido DEM nas eleições municipais de 2012".

Por fim, o colaborador afirmou que, após Benedicto Júnior


ter aprovado o pagamento para o Partido Democratas, a Odebrecht
efetuou a "doação com recursos de Caixa 2, em opécie, no valor de RI 100
mil, operacionalizados por intermédio da equipe de Hilberto Silva".

Relativamente a esses fatos, vê-se que não há menção a crimes

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em tese cometidos por detentores de foro por prerrogativa de fun-


ção perante o Supremo Tribunal Federal.

3. Requerimentos

Em face do exposto, o Procurador-Geral da República requer:

que seja reconhecida a incompetência do Supremo Tribunal


Federal para apreciar os fatos versados nos Termos de Depoimento
10 e 11 do colaborador VALTER LUIS ARRUDA LANA e, por
consequência, autorize o envio pela Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca de cópia dos referidos termos de depoimento para a Procurado-
ria da República no Paraná a fim de que lá sejam tomadas as provi-
dências cabíveis; e

o levantamento do sigilo dos termos aqui referidos.'

Brasflia (DF), 13 de rir o de 2017.

Rodrigo Janot M s.iro de Barros


Procurador-Geral da República

PJC/MET/FA

1 "É certo que a Lei 12.850/2013, quando trata da colaboração premiada em investigações
criminais, impõe regime de sigilo ao acordo e aos procedimentos correspondentes (art.72),
sigilo que, em princípio, perdura até a decisão de recebimento da denúncia, se for o caso (art.
72, §i 39). Essa restrição, todavia, tem como finalidades precípuas (a) proteger a pessoa do
colaborador e de seus próximos (art. 52, II) e (b) garantir o êxito das investigações (art. 79, 5 22).
No caso, o desinteresse manifestado pelo órgão acusador revela não mais subsistirem razões a
impor o regime restritivo de publicidade". (Pet 6.121, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI,
julgado em 25/10/2016, publicado em Dfe-232 DIVULG. 28/10/2016, PUBLIC.
03/11/2016).

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