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O Futuro
Pol

Desde 1976

Opinião de Henrique Neto

27 de Setembro de 2019 • Ano XLIII • Nº 2230 • Preço 2,00 € (IVA incluído) · Fundadora: Vera Lagoa • Directora: Cecília Alexandre Página 4

é tudo fachada Enquanto lhe foi útil, o PS andou quatro anos com
o BE ao colo, e o BE com o PS ao colo.
Agora dá jeito nas eleições fazer uma demarcação…

Páginas 8 e 9

Eleições Madeira

Uma lição de lucidez


Opinião
aos portugueses
Voto útil vai valer! Páginas 6 e 7
em geral Páginas 10 e 11
2 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Sete Dias

Já não é notícia, mas… o preço


dos combustíveis voltou a subir
O custo do gasóleo e da gasolina nos pos-
tos públicos de abastecimento sofreu
esta semana novo agravamento. Desta vez,
No mercado nacional, as bombas de
combustíveis associadas a algumas cadeias
de supermercados, como a Intermarché,
o aumento fica a dever-se à crise político- continuavam a apresentar os preços mais
-militar no Médio Oriente, que fez disparar em conta.
os preços da matéria-prima nos mercados
internacionais nas últimas duas semanas. A constante flutuação dos preços
de comercialização do gasóleo e da
Mais três cêntimos em cada litro de ga- gasolina em Portugal tem tido o efeito
sóleo e quatro cêntimos na gasolina foram, perverso de instilar na opinião pública
em média, os agravamentos registados em uma perigosa habituação aos aumen-
Portugal, depois de a principal petrolífera tos, que aliás são sempre superiores às
da Arábia Saudita ter sido vítima de um descidas de preço.
ataque com ‘drones’.
A notícia da subida do custo dos com-
Na segunda-feira, o barril Brent - que bustíveis “deixou de ser notícia” e entrou
serve de referência às importações portu- na “habituação”, mas há escassos dez ou
guesas - chegou a disparar 20%, uma vez vinte anos semelhantes flutuações, nega-
que os investidores estavam receosos com tivas para o bolso do cidadão, suscitavam
a interrupção do fornecimento. a indignação pública. ■

DR
fundir a caça com crimes contra os animais”. inovação e conhecimento dentro da fileira dos
queijos DOP da Região Centro.
O PPM e o movimento Democracia21 rea-
firmam, como pontos programáticos comuns a O curso terá 560 horas de formação, 150
defender na sua candidatura eleitoral conjunta, de componente teórica e 410 de componente
“a defesa do mundo rural, florestas e regiões prática. As aulas terão lugar nas Escolas Su-
cinegéticas e um programa para os oceanos periores Agrárias de Castelo Branco e Viseu
e o combate à poluição” – aspectos em que o e em explorações agro-pecuárias de Castelo
PPM foi precursor no nosso País, tendo o seu Branco, Fundão, Penela, Oliveira do Hospital,
primeiro presidente, Gonçalo Ribeiro Teles, sido Gouveia e Viseu.
o primeiro ecologista assumido a fazer parte de
um Governo no pós-25 de Abril. Este projecto pioneiro está inserido no Pro-
grama de Valorização da Fileira dos Queijos da

Em defesa do mundo rural


Pastores vão à escola Região Centro e representa um investimento
Um concurso destinado à formação de pas- total de 2,7 milhões de euros.
tores teve esta semana início na Escola Superior
Agrária (ESA) de Castelo Branco. O director da Mais touradas
DR

ESA, João Várzea Rodrigues, explicou à agência Apesar do ruído causado por movimentos

O movimento Democracia21 e o Partido


Popular Monárquico, que concorrem jun-
tos nas próximas eleições legislativas de 6 de
de raposas e javalis. Estas espécies não estão
em extinção e constituem pragas em várias
zonas do país, afectando outras espécies, estas
Lusa que o objectivo é a renovação etária da
classe de pastores.
extremistas e partidos anti-taurinos, a Inspec-
ção-Geral das Actividades Culturais revelou que
no Verão deste ano se realizaram mais corridas
Outubro, lançaram um desafio às associações sim em extinção, como o lince, a abetarda ou o “Se nós não tivermos cuidado, num futuro de toiros do que em igual período de 2018. Em
de caçadores: a criação de uma frente comum coelho-bravo, elementos de grande importância muito próximo não temos leite para fazer queijo Julho, o número de touradas subiu de 18 para
em defesa da caça e do mundo rural. nos ecossistemas ibéricos”. de ovelha. As ovelhas estão a diminuir, os pas- 21, e em Agosto de 49 para 52.
tores estão a envelhecer muito rapidamente, o
“A caça é uma das poucas actividades que O PPM recorda que “os caçadores e os trabalho é difícil, trabalha-se ao ar livre o ano Para Hélder Milheiuro, secretário-geral da
suporta muitos espaços rurais e é fundamental agricultores são pessoas conscientes da inteiro e não se ganha muito”, referiu Rodrigues. PróToiro, “é um indicador extraordinário que
na preservação da biodiversidade”, refere o PPM, importância que estes predadores têm nos revela mais uma vez a força da Tauromaquia
em comunicado. “As proibições que alguns nossos ecossistemas - as suas populações Já o coordenador da escola de pastores na em Portugal”. E acrescentou: “Muitas pessoas
partidos políticos tentam introduzir na lei por- devem ser reguladas e não exterminadas. A ESA, Luís Pinto de Andrade, explicou que o ob- dizem que não são muito aficionadas, mas
tuguesa vão afectar não só o ecossistema como indiferença e desconhecimento do mundo jectivo da criação da escola de pastores prende- que quando vêem alguém a proibir os direitos
prejudicar os produtores pecuários, criadores de rural, dos ecossistemas e de quem os habita, -se com o desenvolvimento de um programa dos outros fazem questão de ir a espectáculos
pequenos ruminantes e explorações familiares não pode ser uma justificativa válida para a de formação que permita, não só o reforço para provarem que são livres de querer viver
que sofrem perdas constantes com os ataques aprovação de leis cegas. Não podemos con- desta profissão, mas também a promoção da a cultura portuguesa”. ■

690 mil na Função Pública


N o final do primeiro trimestre de 2019, Portugal tinha
690 mil trabalhadores na Função Pública, mais 15
mil do que no primeiro trimestre de 2018 – de acordo com
Nos anos de intervenção da Troika, o número de
funcionários públicos foi reduzido em 70 mil, mas
desde então 30 mil portugueses foram admitidos com
vínculos precários, nos termos de uma lei publicada
no final de 2017.

números oficiais da Direcção-Geral da Administração e direitos completos na Administração Pública, em parte Em 2011, o número de funcionários públicos em
Emprego Público divulgados pelo ‘site’ Executive Digest. devido ao processo de regularização extraordinária de Portugal excedia os 727 mil. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 3

Sete Dias

Portugueses descontentes
com os serviços públicos renço, CEO do Portal da Queixa considerou
que “o Estado tem o dever de garantir um
serviço público de excelência e referência ao
cidadão. Esta será certamente a expectativa
do contribuinte no momento em que se

C om as eleições legislativas à porta,


o Portal da Queixa, uma referência
nacional em matéria de consumo, analisou
torna parte integrante do sistema e, por isso,
não deve ser muito diferente da que tem
relativamente ao serviço privado”.
os dados referentes às reclamações dirigi-
das aos serviços públicos nos últimos dois Durante o período da legislatura que ago-
anos. A maior rede social de consumidores ra termina, a Segurança Social foi a entidade
de Portugal promoveu ainda um estudo do Estado que recebeu mais reclamações,
intitulado “Satisfação e qualidade do ser- com cerca de 8.197 registadas, o que a coloca
viço público em Portugal” com base num no topo das entidades com maior número
inquérito realizado junto dos utilizadores de queixas. Grande parte das reclamações é
registados na sua plataforma. Concluiu-se referente a problemas de atraso na atribuição
que os portugueses dão nota negativa à qua- de pensões (41%), subsídios e abonos (28%),
lidade dos serviços prestados pelo Estado, dificuldade e ausência de atendimento (10%)
estão mais insatisfeitos e reclamam cada vez e outros motivos diversos (16%).
mais. As queixas dirigidas ao sector público
registaram um aumento na ordem dos 21%. O segundo lugar da tabela é ocupado
pelas Câmaras Municipais, com cerca de
De acordo com a equipa de análise do 6.759 reclamações. Lisboa com 912, Porto
Portal da Queixa, a iniciativa partiu da iden- com 491 e Sintra com 441, são os municípios
tificação, ao longo do tempo, do aumento com maior incidência de reclamações.

DR
exponencial do número de queixas dirigidas
ao serviço público e da actualidade e impor- qualidade dos serviços públicos por parte tou um aumento na ordem dos 21% durante Segue-se na tabela, o Centro Nacional
tância do tema para a sociedade. dos cidadãos portugueses baixou de satisfa- o período de 1 de Janeiro a 23 de Setembro de Pensões, com um registo de 3.328 recla-
tória com uma média de avaliação de 5,56 de 2019, com 10.312 reclamações, com- mações desde o início do mandato.
Eis as principais conclusões do Portal /em 10 para insatisfatória com uma média parativamente ao período homólogo que
da Queixa: de avaliação de 4,54 /em 10. registou apenas 8.516 reclamações. Ao longo dos últimos 4 anos, foram re-
gistadas 37.225 reclamações no Portal da
Em comparação com a recolha de opi- O número de reclamações dirigidas aos Perante as conclusões do estudo e dos Queixa referentes a serviços de Adminis-
nião efectuada em 2017, a percepção de vários organismos do sector público, regis- resultados da análise estatística, Pedro Lou- tração Pública. ■

PS é o partido que mais gasta em propaganda


O PS é, pelo menos desde 2005, o par-
tido que gasta mais em propaganda
nas eleições legislativas – apurou o jornal
Os partidos são obrigados por lei a de-
positar na Entidade das Contas e Financia-
mentos Políticos as suas previsões de gastos
‘Eco’ num estudo sobre os orçamentos eleitorais, mais quase nunca as contas finais
eleitorais dos partidos. “A diferença foi coincidem com os orçamentos. Em 2005
mais evidente durante os anos em que José e 2009, por exemplo, o PSD “apresentou
Sócrates liderou o partido”, especifica o um orçamento muito elevado e ficou mui-
jornal. “Em 2005, por exemplo, a estimativa to aquém dos gastos previstos. Em 2011
de despesas era muito inferior à apresenta e 2015, foi completamente ao contrário.
pelo PSD e até pelo CDS-PP, mas no final Nas eleições de 2011, o PSD gastou mais
acabou por gastar substancialmente mais 92,4% do que o previsto com a eleição de
do que ambos os partidos, 4,6 milhões Pedro Passos Coelho no início da crise
DR

de euros, contra três milhões de euros do financeira, passando de um orçamento


PSD e 2,2 milhões de euros do CDS-PP”. de dois milhões de euros para um gasto De todas as campanhas sobre as quais o gastar 2,2 milhões de euros. Desde então,
efectivo de 3,8 milhões de euros”, regista o Tribunal Constitucional divulga dados, o os orçamentos dos centristas têm sido de
“Em 2009, os gastos ainda foram su- ‘Eco’. “Já em 2015, em que concorreu coli- PCP gastou sempre menos que o previsto”. entre 700 e 850 mil euros, e os gastos não
periores”, prossegue o ‘Eco’. “O PS gastou gado com o CDS-PP na coligação Portugal Ainda assim, “com excepção de 2005, esta têm ficado muito longe desse valor, apesar
5,5 milhões de euros na reeleição de José à Frente (PAF), as contas da campanha coligação tem sido sempre a terceira que de em 2009 terem superado o milhão de
Sócrates, quando o PSD ficou abaixo dos passaram de 2,8 milhões orçamentados mais gasta, à frente do CDS e do Bloco euros e as contas de 2015 com a PAF terem
três milhões de euros, ficando muito pró- para 4,3 milhões de euros efectivamente de Esquerda”. derrapado substancialmente”.
ximo daquilo que tinha previsto gastar. gastos. A derrapagem face ao previsto foi
Nas duas eleições seguintes, um pouco de 53%, mais os gastos individuais que Por seu turno, o CDS-PP “tem vindo “Já no caso do Bloco de Esquerda, o
como a generalidade dos partidos, o PS estes dois partidos entregaram no Tribunal a reduzir substancialmente os orçamen- dinheiro gasto em campanhas foi muito
gastou menos, mas ainda assim muito Constitucional”. tos e os gastos em campanhas eleitorais, semelhante nas últimas duas eleições, ten-
acima do orçamento que entregou no estando especialmente longe dos gastos do sido superior no ano de 2009, mas sem
Tribunal Constitucional. Em 2011, as Já a CDU — coligação que junta o PCP nos anos de Paulo Portas. Em 2005, por chegar ao limiar do milhão de euros. Em
contas derraparam 87,9% e, em 2015, e Os Verdes — “não é a que menos gas- exemplo, o partido tinha um orçamen- 2011 as contas do BE derraparam 22,6%
mais 24,5%”. ta, mas é certamente a mais cumpridora. to de 6,8 milhões de euros e acabou por e em 2015 outros 40%”, conclui o ‘Eco’. ■
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4 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Opinião Um País, Dois Destinos


a
par otar
v PS
no

9 - O Futuro
HENRIQUE NETO

S abemos que um dos problemas das


sociedades modernas é a aceleração
da mudança e que as pessoas e as
instituições têm dificuldade em se adaptar
a essa mudança. Em qualquer caso, há ins-
tituições, países e governos que se adaptam
melhor do que outros e há governantes
cujo objectivo é apenas a manutenção do
poder, ou porque as circunstâncias polí-
ticas a isso obrigam ou porque não têm a
preparação e a visão para se preocuparam
com o futuro. António Costa pertence a
estas duas categorias, a sua preocupação é
a manutenção do poder e durante quatro
anos fez mudanças avulsas, não estratégi-
cas e quase sempre contraditórias, isto é,
pretende atacar as consequências e não as
causas. Por exemplo, já aqui escrevi que a
redução das propinas na Universidade, ou
levar alunos universitários para o Interior,
ou criar novas escolas para combater o
insucesso escolar, é tratar as consequências
do baixo índice de formação dos portu-
gueses e não as causas, esquecendo que

DR
é nos primeiros meses e anos de vida das
crianças que reside o período essencial parceiros, cujas soluções políticas têm um turo, apenas evita que as famílias morram mes investimentos na rodovia, quando
para a sua formação, sem o que a pobreza século e resultaram numa tragédia de di- de fome e alimenta a pobreza com baixos os outros países há muito apostavam na
e a ignorância do meio em que vivem as mensão global. salários e baixa produtividade. Além de ferrovia. Apostamos na produção de mais
condenam ao insucesso escolar. que não concorre para as exportações, uma electricidade por via eólica, mais cara, ao
Claro que o problema do PS não é só a necessidade vital para um país cujo índice mesmo tempo que a opção na mobilidade
António Costa e os seus ministros não incapacidade de se preocupar com o futuro de exportações já é o mais baixo entre os foi a importação de energias fósseis para o
compreendem que Portugal tem um nível dos portugueses, ou a sua falta de prepara- países da nossa dimensão da União Eu- transporte rodoviário. Agora, continuamos
de ignorância média superior à generali- ção para o fazer, é também o desinteresse ropeia com pequenos mercados internos. a apostar no transporte das nossas merca-
dade dos países europeus e centenas de pela mudança. O que se compreende: num dorias para a Europa por camião, quando a
milhares de trabalhadores têm menos partido que se transformou numa família A legislatura da geringonça foi carac- União Europeia e os países, nomeadamente
qualificações do que os seus camaradas e onde cada membro procura denodada- terizada por uma enorme despreocupação a Espanha, se preparam para aplicar taxas
de outros países. Como também não apa- mente melhorar a sua vida e nem sempre com o futuro, com medidas de visão curta, elevadas ao atravessamento dos seus terri-
rentam saber que isso não é um problema da forma mais honesta, o futuro é hoje. Por quase sempre contraditórias, cujos objec- tórios pelo transporte de mercadorias por
da Universidade, mas um círculo vicioso isso o Governo do PS já substituiu quinze tivos, frequentemente risíveis, se destina- via rodoviária.
existente nas famílias pobres, em que a dos seus membros devido a acusações ju- ram a alimentar o apoio parlamentar ao
ignorância passa de geração para geração diciais - o Presidente da República já deve Governo. Perdeu-se mais tempo a tratar Num tempo de aceleração da mudança,
e as crianças quando chegam ao ensino estar cansado de tantas posses - com a nota as chamadas causas fracturantes do que quando as novas tecnologias e os hábitos de
obrigatório já estão divididas, por razões humorística de que o Primeiro-Ministro a pensar nas formas de acabar, ou tão só vida e as preferências dos cidadãos mudam
económicas, entre o sucesso e o insuces- que os escolheu a todos não sabe de nada, reduzir, de forma sustentável, a pobreza com grande rapidez, governar para o pre-
so. Há, naturalmente, excepções, mas que não viu nada e entregou à justiça a bola de de milhões de portugueses. Por outro sente é suicidário. Mas é isso mesmo que
não alteram a regra; e se o Governo se der neve que cresce sem controlo. Adequada- lado, as ideologias dominantes do PCP tivemos nos últimos quatro anos e será o
ao trabalho de fazer um estudo no dia da mente, o Governo dá à Justiça os meios e do Bloco de Esquerda, velhas do século que vamos ter se os eleitores portugueses
chegada das crianças ao ensino obrigatório, necessários para investigar a corrupção a XIX, afastaram Portugal da modernidade. se decidirem a votar no PS.
verificará isso mesmo. conta gotas, porque enquanto o pau vai e Por exemplo, pensar que a bitola ibérica
vem folgam as costas e a família socialista na ferrovia nos protege da concorrência Portugal já leva vinte anos de muito
Ou seja, como defendo há vinte anos, agradece. internacional, ou que aumentar o número baixo crescimento económico e o facto
o problema do círculo vicioso da pobreza de trabalhadores, pode substituir a tecno- de crescer 0,1% ou 0,2% acima da média
só pode ser interrompido nos primeiros Infelizmente para Portugal, o futuro não logia e a organização do Estado, é negar europeia não tem qualquer significado,
meses e anos de vida das crianças e não será fácil para os países onde existem largas um futuro decente a todos os portugueses. porque todos os países da nossa dimensão e
com panaceias posteriores. Isto é, só pode manchas de ignorância, razão porque os do nosso campeonato crescem muito mais
ser resolvido por quem tem as qualidades e países do Leste europeu nos passam à fren- Tenho uma grande admiração por pa- do que nós. Se os partidos políticos com
a experiência necessárias para conhecer o te, porque têm muito menos trabalhadores íses como o Japão e a Irlanda, onde nada assento no Parlamento tivessem a consci-
passado e saber prever o futuro. Não é para com baixas qualificações. Razão porque de relevante é decidido sem ser adaptado ência das razões do nosso atraso, o futuro
políticos apressados, como António Costa, não têm uma economia tão acentuada- à estratégia definida e amplamente deba- não seria o parente pobre do debate político
que levou quatro anos a colocar remendos mente dual como a nossa, em que metade tida, com a preocupação permanente de na presente campanha. Infelizmente, não
na política e na economia portuguesa e a é semelhante à economia dos outros países que as decisões sobrevivam dez, vinte ou têm essa consciência e por isso limitam-se
navegar à vista. Aliás, bem ajudado pelos europeus, mas a outra metade não tem fu- trinta anos. Em Portugal, fizemos enor- a encontrar panaceias de curto prazo. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 5

Opinião

Como deve votar


Posto isto, como deve votar um não-
-socialista? Seguramente não em partidos
socialistas das diferentes cores – e alguns
eleitores que se julgam socialistas bem
faziam ler e meditar nas «10 razões para

um não-socialista
não votar PS» que Henrique Neto vem
publicando, um socialista fundador do
PS, a quem agradeço o privilégio de ler
as suas crónicas semanais. A oposição
aparenta desorientação e cometeu erros
primários. O voto branco seria a solução
lógica, mas vimos acima que é totalmente
LINO OLIVEIRA inútil.

A
Resta, em cada círculo eleitoral, esco-
s sondagens valem o que valem lher dos não socialistas o que parece em
e a Comunicação Social amplia. melhores condições para eleger deputados,
Logo, os socialistas já ganharam as mesmo que essa não fosse a sua escolha.
próximas eleições, só falta saber por quanto Lembra umas eleições presidenciais onde
e por falta de comparência da oposição. E Cunhal pedia aos seus eleitores que vo-
os não-socialistas, como devem votam? tassem Soares, mesmo que tivessem de
Vejamos quatro reflexões prévias. «fechar os olhos».

Abstenção. Nalguns países o recensea- Se assim for, o PSD, que tem sido o mais
mento eleitoral não é obrigatório e a abs- votado, terá uma votação muito fraca, mas
tenção será naturalmente pequena. Entre ainda assim bem acima da sua represen-
nós o recenseamento é obrigatório e até tatividade actual. Comporta riscos, como
tendencialmente automático, creio que perturbar algumas cabecinhas ou levar a
bem, e haverá uma abstenção tanto maior apoiar o PS em ‹reformas› em nome do

DR
quanto menor for a capacidade de mobi- interesse nacional. Ora o partido que mais
lização e credibilidade dos políticos e suas Voto Branco. É um voto expresso (o Por último, os eleitores votam em par- anos governou, não faz reformas senão
propostas. Falsos defensores das liberdades, eleitor vai votar) e com claro conteúdo tidos, mas o que elegem são deputados pontuais e nunca apoiou o PSD. Porquê?
que adoram proibir ou obrigar, querem, político (não pode ou não quer optar por que fazem as maiorias constitucionais para Porque não tem um projecto e uma estra-
por vezes, impor o Voto Obrigatório, que nenhuma das propostas que lhe são apre- governar ou até para rever a Constituição. tégia de governação para o País, mas um
é demagógico e manipulador, na esperança sentadas). É uma abstenção consciente e Mas os candidatos são escolhidos e até or- projecto de poder e de ocupação do Esta-
de obterem votos que não conseguem pela declarada. Mas o sistema não lhe atribui denados pelas chefias partidárias, o que os do, com sinais evidentes desde Guterres,
positiva. essa dignidade democrática. É um voto torna dependentes das chefias e não dos acentuados com Sócrates e culminando no
inútil que, sendo um voto expresso, nem eleitores. E ainda há a atribuição do depu- actual governo da Grande Família Socia-
Voto Nulo. O eleitor vota, mas anula sequer conta para as percentagens. De que tado sobrante ao partido mais votado em lista e seus apoios políticos, económicos
tecnicamente o voto. Voto nulo, inútil. têm medo os políticos? cada círculo. e financeiros. ■

“O verdadeiro partido
das contas certas” se perceberia e justificaria o porquê de em causa a sua existência. Para termos eleitoral do Bloco de Esquerda, represen-
esta expressão ser empregue ao programa uma ideia, estas duas medidas iriam custar tando um ‘buraco’ de cerca de 572 milhões
MANUEL MAIA do BE. ao Estado uma quebra de receita de 180 de euros nas contas públicas.
E SIMÕES milhões de euros anuais, causando ainda
Analisemos agora a expressão “contas mais problemas de constrangimentos fi- E passamos à pergunta: será realmente,
certas” no programa eleitoral do Bloco de nanceiros na Saúde. como afirmava Catarina Martins, o Bloco

N
Esquerda. de Esquerda “o partido das contas certas”?
uma recente en trevista do Po- Ainda por cima desta quebra de receita E será o programa do Bloco de Esquerda
lígrafo-SIC a Catarina Martins, Se o Bloco de Esquerda formasse go- de 180 milhões de euros anuais, veríamos um programa de “contenção nas contas”?
ouvimo-la dizer que o Bloco de verno ou, no pior dos casos, ganhasse as ser aprovado, no início de 2020, o aumento
Esquerda é “o verdadeiro partido das con- eleições e Mariana Mortágua fosse para do salário mínimo nacional para 650 euros. A única forma de o Bloco de Esquerda
tas certas” e, noutra entrevista, ouvimos a Ministra das Finanças, veríamos serem Para além do aumento do salário mínimo ter “contas certas” e “contenção nas contas”
mesma a dizer que o Programa do Bloco de aprovadas medidas como o fim total das nacional, veríamos ser agravado o aumento com este programa seria aumentar brutal-
Esquerda tem uma “contenção nas contas”. taxas moderadoras nos hospitais que per- anual dos salários mínimos de 5% para 10%. mente os impostos e aniquilar as pessoas,
tençam ao SNS, o que o próprio (des)gover- as famílias e as empresas. Caso não hou-
Comecemos por esta expressão “con- no já admitiu como impossível, e ainda por Nestes aumentos somávamos os cerca vesse esse brutal aumento de impostos, o
tenção nas contas” que, na verdade, nos cima desta medida já desastrosa, veríamos de 357 milhões de euros do aumento de programa do Bloco de Esquerda seria tudo
traz outra perplexidade. Ora se o Bloco de também ser aprovado o fim das Parcerias 2020 aos cerca de 35 milhões da subida menos um programa de “contas certas” e
Esquerda chama “contenção nas contas” Público-Privadas. anual dos salários, o que daria um total de de “contenção nas contas”.
a este programa eleitoral que aumenta a mais cerca de 392 milhões de euros para
despesa do Estado a um nível exorbitante, o Estas duas medidas, quanto aprovadas, despesa do Estado. Percebemos, afinal, a verdadeira face do
que chamará à política económica do (des) iriam aumentar o caos no SNS, conduzin- Bloco de Esquerda: em vez de “o verdadeiro
governo que apoiou? Talvez de inércia de do-o ao abismo, acabando assim com a sua Temos este panorama e ainda só olhá- partido das contas certas”, não passa do
despesa, ou até de despesa nula. Só assim sustentabilidade e colocando seriamente mos para quatro medidas do programa Partido dos Impostos. ■
6 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Opinião “Costa é uma enguia, desliza para fora de todas as responsabilidades”

Voto útil em Rui Rio Havendo o risco do PS ter a maioria


absoluta, e face à dispersão de votos à sua
Manuel Silveira direita, parece ser cada vez mais claro
da Cunha que a única opção, face à ausência de
alternativas de ruptura na sociedade e na
política, será a escolha do PSD por parte

E
dos eleitores mais à direita.
sta campanha tem sido muito es-
clarecedora, pois percebem-se as Muitos eleitores desta mesma direi-
diferenças dentro da geringonça. ta fugiram do PSD após a governação
desastrosa de Pedro Passos Coelho. Fe-
O Bloco de Esquerda, sob a tutela de lizmente, para esses eleitores, Rui Rio
Catarina Martins, tem combatido feroz- descolou totalmente de Passos Coelho,
mente António Costa. Esta confrontação mesmo sabendo todos que a intervenção
tem sido útil para o eleitor. Os mais es- da troika foi culpa de Sócrates, do PS e
clarecidos já perceberam há muito tempo do próprio Costa, envolvido na gover-
o tipo de personalidade do primeiro- nação pré-troika. No caso de Rui Rio, é
-ministro em exercício. evidente que não tem mesmo nada a ver
com as políticas que originaram a inter-
António Costa é o homem que nunca venção externa nem com a governação
tem culpa, que nunca sabe, o irrespon- subsequente.
sável máximo, aquele que nunca soube,
não sabe e nunca saberá, que tem sempre Fica, pois, muito claro que Rui Rio é a
um subordinado que é incinerado em única escolha de voto útil para a direita,
seu lugar. e mesmo para a esquerda; nem o PCP,
nem o Bloco de Esquerda conseguiram
António Costa é uma enguia, desliza satisfazer as suas clientelas, como os pro-
para fora de todas as responsabilidades, fessores.
aquele que pede um parecer em vez de
assumir as culpas. O PAN será uma muleta sem ideo-
logia, logo comprável com meia dúzia
O mesmo Costa que era o segundo ho- de medidas, e, portanto, extremamente
mem de Sócrates, o homem do SIRESP, e perigoso para as esquerdas.
que depois esqueceu o antigo chefe caído
em desgraça, Costa o mesmo homem que Costa com uma maioria absoluta,
apunhalou António José Seguro numa ou com a muleta do PAN, representa
curva da estrada à vista da meta, o mesmo um perigo horrendo para Portugal. Se
homem que obteve nas últimas eleições agora a família dos governantes domi-
um resultado marginalmente maior do na o aparelho de Estado, imagine-se o
que o de Seguro, o homem que se tor- nepotismo e fartar vilanagem de um
nou primeiro-ministro às cavalitas dos governo socialista à solta e desbragado
comunistas e dos esquerdistas radicais. com maioria no parlamento, sem fisca-
lização, sem escrutínio.
Costa o supremo ilusionista, o Costa
dos concursos dos comboios que nunca Finalmente, Rui Rio é inclusivo, sabe-
virão, porque os concursos são uma fic- mos que tentará de alguma forma satisfa-
ção, com preços que nenhuma companhia zer as suas clientelas, mas, como social-
conseguirá alcançar e que ficarão desertos -democrata, incorpora alguns valores de
enquanto se engana o pagode anunciando esquerda. Curiosamente, isso não é mau
esses mesmos concursos. no que diz respeito ao eleitorado portu-
guês, pelo menos não tem os anticorpos
Costa que vota contra as propostas de Passos Coelhos ou Cavaco Silva.
DR

do PSD no parlamento para depois as


copiar no seu programa. toral, felizmente existe o desespero de natural, sem procurar confrontos pelo Infelizmente, sobretudo no interior, o
Catarina Martins ao ver o Bloco de Es- confronto, concordando quando tem de CDS não tem massa crítica para conseguir
Catarina Martins, ao chamar men- querda ser obliterado pelo PS na Madeira o fazer, discordando quendo discorda eleger deputados.
tiroso a Costa, ao revelar publicamente e correndo o mesmo risco no continente, naturalmente, mesmo que as propostas
os esquemas secretos entre os partidos, que se encarniça contra o antigo aliado na não sejam da sua autoria e venham do Fica assim constituída a única alter-
discutidos mesmo antes de sabidos os iminência de desaparecer entalado entre o partido comunista, do PS ou do CDS. nativa útil a uma maioria absoluta ou em
resultados eleitorais, com grande desa- PS e o PAN, que é agora a nova coquelu- coligação com qualquer limiano do PS.
grado do primeiro-ministro, percebe-se che dos urbano-depressivos de esquerda. Simples, discreto, tem negado a ima-
o calibre deste senhor. Pelo partido comunista nunca viríamos a gem apagada, fugidia, preguiçosa dos Rui Rio e o PSD são essa alternativa,
saber nada, monolítico, secreto, herdeiro meses anteriores em que se recusou a apesar de todos os seus defeitos e com
São os esquemas secretos, as intrigas, das clandestinidades. Felizmente existe ser oposição. grande pena deste autor. Não nos esque-
as negociações privadas, longe dos olhos a campanha e o desespero de Catarina. çamos dos comunistas que votaram Mário
dos cidadãos, que são a práxis corrente Rio não está talhado para ser oposição, Soares engolindo o sapo e tapando a cara
desta gente. * é um homem que tem governado bem, do mesmo no boletim de voto. É tempo de
Existe outra surpresa nesta campanha, que sabe agir, que se tem mostrado ho- a direita ser inteligente e fazer o mesmo
Felizmente existe a campanha elei- a figura de Rui Rio, discreto, sério, franco, nesto do ponto de vista político. com Rui Rio. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 7

“Torna-se imperiosa a união de todos os portugueses para evitar a catástrofe” Opinião


justas, não galvanizam os portugueses, há
muito adormecidos pelo ‘politicamente
correcto’.

De referir também que foi a única líder


partidária que, no debate com o deputado
do PAN, soube levar a discussão para os
temas em que aquele micro-partido tem
evidentes fragilidades, mostrando que
são injustificadas certas sondagens que
apontam para um ambicioso crescimento.

Mobilização e dinâmica
construtiva
Por tudo quanto ficou escrito, pelo que
ficou implícito e pelos inúmeros argumen-
tos que ainda poderíamos acrescentar,
aqui deixamos as linhas mestras da dura
e incansável luta que entendemos terá de
ser travada na campanha eleitoral que só

Voto útil
DR
agora vai começar.

- Há que mobilizar os maiores partidos


da área política – PSD e CDS – para a mi-
litância das suas gentes, particularmente
dos seus dirigentes nacionais, autarcas
e, principalmente, das juventudes par-
tidárias, de forma a galvanizar os seus
ALBERTO RIBEIRO SOARES exigira para repor a estabilidade, aliás os piores de sempre. apoiantes de sempre.
Coronel do Exército, reformado destruída pelos governos socialistas de
José Sócrates Perante este cenário de reeleição de - Essa dinâmica irá mostrar que estão
António Costa – com possível maioria na luta, que não entregam o poder de mão-
A importância de votar No resto foi governando à vista, fa- absoluta (que o libertaria de compromis- -beijada (não esquecer que ganharam as
Os resultados das eleições legislati- zendo acordos pontuais com os seus no- sos com o PCP e o BE) ou muito próximo legislativas de 2015!) e servirá para con-
vas do próximo dia 6 de Outubro vão ter vos parceiros, cedendo ao PCP no plano disso, bastando-lhe o apoio do sempre dis- vencer os indecisos para não irem atrás da
uma importância crucial para o futuro laboral (foram quatro anos com a CGTP ponível PAN –, torna-se imperiosa a união propaganda socialista e que valerá a pena
da direita portuguesa, assim considerado sossegadinha...) e ao BE nos temas fratu- de todos os portugueses que seja possível lutar pelos valores da família, da educação,
(para este efeito) todo o espectro político rantes (sexualidade, aborto, ideologia do sensibilizar para evitar a catástrofe. da juventude, das crianças que estão a ser
à direita do Partido Socialista. género e outros, que ficaram reservados influenciadas por construções ideológicas
para novas oportunidades). O espectro político (género e outras) que pretendem impor-se
Não sendo dispiciendo ler (ou ter lido) Apesar dessa ideia generalizada que contra evidências científicas.
os vários artigos que Henrique Neto pu- Ou seja, governou à direita para esta- é transmitida pelos ‘Media’, entendemos
blicou nas páginas do nosso jornal sobre bilizar o país e manteve a via livre para que António Costa não é invencível e está - E, por idênticas razões, mobilizar o
a governação socialista, há muitas e va- fazer passar os orçamentos e ultrapassar longe de ter a vitória garantida. Isto ape- absentismo do eleitorado de centro-direita
riadas razões para perceber que nada está situações difíceis, com o apoio da esquerda sar de, no espectro político da direita, a e direita, que vem aumentando de há mui-
perdido; seria penoso enumerá-las exaus- mais radical. situação não ser brilhante. to para cá, fruto do desencanto sobre a
tivamente, mas vamos apontar algumas. situação do país, mas que só com a sua
A propaganda e as promessas Pelas lutas de poder no PSD foi eleito colaboração, indo votar, poderá inverter
O governo de António Costa Para resumir o que fica por dizer (e um Presidente (Rui Rio) que logo teve a destruição daqueles valores.
Em primeiro lugar, a posição cimeira seria muito mais), citemos o agravamento de lutar contra um grupo parlamentar
a que o PS se alcandorou, desta feita por da carga fiscal para níveis nunca antes hostil; e que viu aparecerem vários micro- - Salientar que a proliferação dos parti-
caminhos ínvios, bem diferentes daqueles atingidos; a destruição do Serviço Na- -partidos – Aliança, Iniciativa Liberal – dos emergentes, dentro do mesmo espec-
que foram apanágio de todos os seus an- cional de Saúde através da menorização cujos mentores, derrotados no Partido, se tro político, liderados por personalidades
teriores líderes, que sempre chegaram ao dos seus profissonais (médicos que sairam aprestam a competir nas urnas. que já tiveram a sua época e não trazem
poder através de claras vitórias eleitorais. para o privado, mas também enfermeiros quaisquer ideias novas, é uma forma de
e técnicos, que emigraram às centenas); Rui Rio tem má imprensa e parece dispersar votos sem quaisquer hipóteses
António Costa nunca ganhou eleições e as Forças Armadas que, por falta de que não galvaniza apoios; mas no frente- de elegerem deputados.
legislativas mas, à semelhança da forma meios e de estímulos à manutenção dos -a-frente com António Costa (no dia 16)
como atingiu a liderança do partido (afas- contratados, estão à beira da ruptura por voltou a mostrar a combatividade que lhe - Um exemplo disso são os partidos
tando António José Seguro), tornou-se falta de efectivos. permitiu conquistar e manter a Câmara que vieram a constituir o Bloco de Esquer-
Primeiro-Ministro através de um habi- do Porto (derrotando várias vezes Pinto da e que, quando isolados, em variadas
lidoso esquema de alianças à esquerda, Sempre com a agenda carregada de da Costa e seus apaniguados); e também eleições apenas uma vez conseguiram
negociando separadamente com o Partido promessas (para 2021! na próxima legisla- que está muito bem preparado para o de- eleger um único deputado.
Comunista e o Bloco de Esquerda, mas tura! quando a situação económica o per- sempenho de mais altos cargos políticos,
sem nunca se sentar à mesma mesa com mitir! ou, talvez, quando chover mais...) a justificar a vitória naquele debate, que Porquê voto útil?
ambos, simultaneamente. e de eventos de oportunidade (como foi lhe foi reconhecida por muitos analistas. Votar PSD ou CDS, utilizando as suas
a apresentação, em cima das eleições, da estruturas, as dinâmicas próprias dos seus
Depois, afastada do poder a coligação nova arma para substituir a velhíssima Algo diferente está o CDS, cuja Pre- programas, a experiência acumulada ao
PSD/CDS – que ganhou as legislativas G3 do Exército); mas impávido e sereno sidente (Assunção Cristas), após um longo de muitas votações e da constitui-
de 2015 mas não conseguiu ter maioria perante o surto de emigração que atingiu interessante resultado nas Autárquicas, ção de vários governos – em regra dos
parlamentar – utilizou, no fundamental, números incomportáveis, com a agravante tem perdido terreno e apoios, porven- que mais e melhor governaram Portugal
todos os procedimentos que aquela coli- de, na sua maioria, se tratar de pesso- tura atraídos para outras correntes, in- – será, portanto, a forma mais eficaz de
gação teria seguido se tivesse sido nova- as com altas qualificações académicas, cluindo o aparecimento de um partido validar o esforço de ir votar e tornar útil
mente governo, nomeadamente nas áreas obtidas à custa dos impostos que todos verdadeiramente assumido de direita – o o voto colocado na urna.
de economia e finanças, já que estavam pagámos; e olimpicamente ausente nas “Chega” – cujo líder (André Ventura) tem
ultrapassados os sacrifícios que a “troika” tragédias, como foram os fogos florestais, carisma mas luta por causas que, embora Voto útil, vai valer! ■
8 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Política “Enquanto lhe foi útil, o PS andou quatro anos com o BE ao colo, e o BE com

Costa quer fingir que não está


por MARTA BRITO

O líder do PS quer dar a entender que não vai poder


participar empenhadamente na campanha eleitoral
por ser Primeiro-Ministro e ter de continuar a governar
– uma tese desmentida pelas agendas diárias que
António Costa cumpre, em que os aparecimentos na
pele de candidato se confundem perante o eleitorado
menos esclarecido com as iniciativas que decorrem de
ser chefe do Governo. Esta falsa demarcação é para
António Costa uma hipótese de criar nalguns eleitores a
ilusão de que as eleições estão decididas, e que após o
6 de Outubro vai continuar a governar sem sobressaltos.

A tese de que António Costa seria um


candidato em ‘part-time’ foi defendida
quatro anos como PM, e está preparado para
prosseguir como chefe do Executivo, estribado

DR
em Espinho no último fim-de-semana, nos resultados das sondagens. Uma posição que
numa altura em que todos os partidos refor- não impede a actual manutenção de algumas lado na existência de uma reunião informal formação da Geringonça, António Costa soltou
çaram as campanhas. O secretário-geral do polémicas com os seus actuais parceiros PCP, entre as direcções dos dois partidos, em 4 de uma gargalhada e comentou: “Olhem, chegá-
PS assumiu não estar a 100% na campanha PEV e, principalmente com o BE. Outubro de 2015, antes, portanto, da reunião mos ao Fogueteiro”. Num tom mais a sério, disse
eleitoral às eleições legislativas de Outubro por formal entre o PS e o PCP. Com essa nota, depois: “O que é importante é que a campanha
ter de continuar a governar o país, garantindo, “Arqueologia da Geringonça” Catarina Martins pretendeu fundamentar a se centre no que é importante para as pessoas,
contudo, que o partido está “todo na rua”. Quem reuniu primeiro com quem? O se- sua acusação de que António Costa estará a como sejam os transportes públicos, as questões
cretário-geral do PS afirmou que se recusa a reescrever a história da formação da actual da habitação, da saúde e da educação. O resto
Numa arruada em Espinho, o socialista ia alimentar uma polémica com o Bloco de Esquer- solução política, procurando passar a ideia acho que é mais conversa para debates”.
explicando que, contrariamente às eleições le- da sobre a formação da actual solução política de que o Bloco de Esquerda só alinhou nela
gislativas de 2015, em que era secretário-geral governativa, a Geringonça, e frisou que só fala após o PCP ter entrado. BE contra-ataca
a “tempo inteiro”, assume hoje funções gover- de reuniões públicas. António Costa fez estas O Bloco contra-atacou, com Catarina Mar-
nativas e, por isso, tem de compatibilizar com declarações a meio de uma viagem de comboio, “Tenho por hábito nunca falar em público tins a recusar a tese do líder do PS, António
essas, sobrando-lhe menos tempo. Dado ter de em mais uma acção de campanha, entre as esta- das reuniões que não acontecem, nem das reu- Costa, de que o Bloco só se juntou à solução de
continuar a governar o país, Costa confessou ções ferroviárias de Coina e do Pragal (Almada), niões que acontecem e que não são públicas. É apoio parlamentar depois de o PCP o ter feito.
que os “momentos mais intensos” da campanha depois de ter apanhado um autocarro junto à uma regra que tenho, e tenho vivido bem com “As eleições fazem-se sempre de balanços do
serão feitos aos fins-de-semana. “Não sou só eu Câmara Municipal do Barreiro. ela”, respondeu António Costa. Neste ponto, o que foi feito e dos caminhos que se querem
candidato, a nossa lista tem muitos candida- secretário-geral do PS reforçou que só fala “dos trilhar e, na verdade, nas últimas semanas, o
tos e todos andam na rua, aliás o PS está todo Os jornalistas confrontaram o líder so- assuntos que fazem parte das agendas públicas”. PS reescreveu um pouco a história destes qua-
na rua”, garantia. Para provar isso mesmo, o cialista com o facto de a coordenadora do Questionado sobre se Catarina Martins tem tro anos com factos que não correspondem à
secretário-geral mostrou um grupo de diálogo Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ter fa- alguma razão por trás daquilo que diz sobre a verdade”, acusou.
no `Whatsapp´ onde diariamente são colocadas
as iniciativas de campanha feitas pelo PS.

Numa arruada que durou cerca de duas


horas, António Costa ia ouvindo pedidos de
Rio quer debate entre Centeno e Sarmento
maioria absoluta, mas de forma cautelosa ia
sempre respondendo “vamos ver”. Ao longo do
percurso foi aproveitando para apelar ao “voto
A questão das contas continua a marcar o ritmo desta campanha.
O presidente do PSD, Rui Rio, desafiou o ministro das Finan-
ças, Mário Centeno, a aceitar debater com o seu porta-voz para as
Num almoço com poucas dezenas de pessoas, Rui Rio voltou a
apontar que o modelo económico que defende para o país passa por
políticas públicas para as empresas e pelo crescimento assente nas
por convicção” e não ao “voto táctico”, dizendo Finanças, Joaquim Sarmento, as contas e modelos económicos dos exportações. “Por isso, da redução fiscal que propomos, metade é
que quem quer no Governo o PS deve votar dois partidos. “Nos dois últimos debates houve uma troca de números para as empresas - metade é para o futuro - e a outra metade para o
PS, e a quem não quer não lhe faltam opções. que ninguém no país entendeu bem, e penso que era essa a intenção presente, que é para as famílias”, justificou.
À medida que ia ouvindo queixas de uns e ou- do dr. António Costa”, ironizou Rio.
tros sobre os mais diversos aspectos, António Rio avisou que, apesar de “a carga fiscal ser a maior de sempre
Costa, também primeiro-ministro, assumiu que O líder do PSD saudou, depois, que a Antena 1 tenha convidado em Portugal”, o PSD não propõe uma “redução brutal”. “Ninguém
ainda há muito a fazer no Serviço Nacional de Sarmento e Centeno para um debate sobre matéria económica, que está aqui para vender banha da cobra”, frisou, assegurando que a
Saúde, na ferrovia e nas condições de vida, mas o porta-voz social-democrata para as Finanças Públicas já aceitou. E redução será feita “à medida que a economia o suporta”.
mostrou-se “pronto” para o desafio. lançou um desafio: “Se o dr. António Costa tem tanta segurança naquilo
que foram os números que jogou para cima da mesa, seguramente que Em relação à despesa corrente, o presidente do PSD apenas
Nunca negando beijos, abraços, `selfies´ o seu Joaquim Sarmento – que se chama Mário Centeno – aceitará prometeu que irá subir menos, e defendeu uma perspectiva “não
ou conversas breves, o socialista considerou debater esses números”, considerou. Rui Rio defendeu mesmo que, liberal, mas social-democrata do Estado”. “Se o PSD for Governo,
que não está tudo bem no país, mas está me- depois de fechado o período de debates políticos, “fazer um ou outro os ministros da Economia e das Finanças terão de ouvir mesmo os
lhor. Ou seja, o António Costa candidato do PS debate técnico também ajuda a uma campanha eleitoral mais elevada”. empresários”, avisou. ■
‹aprova› o que fez o António Costa nos últimos
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 9

o PS ao colo. Agora dá jeito nas eleições fazer uma demarcação…” Política

na campanha a 100%
Segundo Catarina Martins, “é importante tros e, portanto, depois não se podem queixar”.

O último duelo a seis


repor esses factos”, garantindo que no Sábado de
reflexão das legislativas de 2015 ficou combinado “Nesse sentido, aquilo que é a minha pos-
que um representante de António Costa, Fernan- tura, e a nossa postura, é tentar convencer as
do Medina, se reuniria com uma pessoa indicada pessoas de que vale a pena votar no PSD e não
por Catarina Martins, no caso o dirigente Jorge
Costa, na manhã das eleições. A líder bloquista
considera que “ficou claro” que o partido, em
ficar em casa, em nome de um futuro diferente
para Portugal”, sustentou, mas ressalvando que
“não é um futuro muito diferente”. “Nós não esta-
O ciclo de debates foi encerrado na RTP1 e RTP3 com uma emissão em simultâneo que
incluiu os seis líderes de partidos com assento parlamentar. As leis laborais, à esquerda,
e o estado do SNS e o aumento de impostos, à direita, marcaram o último o debate televisivo
2015, não foi atrás da solução, insistindo que mos aqui a falar de um processo revolucionário, entre os seis líderes partidários, com Catarina Martins e António Costa a embrulhar-se numa
“quem quer construir pontes não as queima”. mas estamos a falar de um processo reformista, interminável disputa sobre os pormenores da formação da ‹geringonça›.
e há muitos aspectos da nossa sociedade que
Picardias “dão jeito necessitam de reformas profundas para que as Já o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, sublinhou que a solução que marcou a
para as eleições” pessoas possam viver melhor, a começar pela legislatura que agora termina foi fruto da “arrumação de forças” no Parlamento, mas avisou
O líder do PSD alertou para o facto de o saúde”, vincou Rui Rio. que a “conjuntura não é repetível”, porque este é “outro tempo” e as circunstâncias são outras.
distanciamento do PS em relação ao BE ser uma
tentativa de “limpar” a proximidade dos últimos O presidente do PSD reiterou que “aqueles O líder social-democrata, Rui Rio, considerou que se estava perante “um arrufo que
quatro anos e eventuais aproximações futuras. jantares-comício, aquela coisa que faz mal ao normalmente é tratado dentro de casa” ou nos “julgados de paz”, não acreditando por
colesterol e a muitas outras coisas” vai ser “lar- isso numa dissolução definitiva da solução governativa dos últimos quatro anos. “Se o PS
“A distância do PS que tenho notado não é gamente eliminada”. “Vamos manter aquilo que precisar do apoio do PCP e do Bloco de Esquerda para governar, lá teremos, naturalmente,
nas sondagens, é a distância relativamente ao é o contacto com as pessoas, as declarações ao e também outra vez, a ‘geringonça’ de certeza”, considerou. Para a presidente centrista,
BE, que é uma coisa que custa a entender”, disse longo da campanha para que se possa avaliar as Assunção Cristas, ficou “clarinho como a água” que PS, BE e PCP “vão entender-se todos
Rui Rio. “Enquanto foi útil para o PS, o PS andou nossas propostas, mas vamos ter muito menos ou não”, mediante os resultados das eleições.
quatro anos com o BE ao colo, e o BE com o PS acções daquelas em que se juntam muitas pes-
ao colo. Agora, como dá jeito nas eleições fazer soas, a maior parte das quais já vota no partido A carga fiscal foi um dos assuntos em cima da mesa do debate, com a direita a acusar o
uma demarcação do BE, o PS faz a demarcação. de qualquer maneira”, considerou. PS de impor a maior carga fiscal de sempre aos portugueses, motivando conversas bilate-
A 6 de Outubro, se precisar, volta a chegar-se rais e a subida de tom entre Costa e Cristas e Costa e Rio. Esta conversa paralela terminou
ao BE”, criticou o líder ‘laranja’ no Porto, em Fazendo uma avaliação dos últimos qua- com Costa a dizer: “Só há duas pessoas no mundo que pedem redução do imposto dos
declarações aos jornalistas após um percurso tro anos de governação socialista, o líder do combustíveis: Assunção Cristas e Donald Trump”.
de bicicleta e antes de uma caminhada para PSD referiu que “naturalmente há muita coisa
assinalar o Dia Europeu Sem Carros. a corrigir e muita coisa negativa”, e sustentou A saúde foi outro dos temas que levantou os ânimos entre a líder dos centristas e António
que a degradação a que se tem assistido no Costa. Cristas referiu que é visível o “caos que está na saúde pelas mãos de um Governo
Questionado sobre se se trata de um dis- Serviço Nacional de Saúde é “particularmente da esquerda, apoiado pelas esquerdas mais radicais que tinham uma grande paixão pelo
tanciamento útil, o líder do PSD respondeu preocupante”. Por isso, o diagnóstico que faz “é SNS, mas condenaram o SNS”. Em resposta, António Costa disse que “há um número que
“obviamente”, observando que o PS, “depois de mau, é muito mau”, e o principal problema que é irrefutável”: “mais 700 mil consultas por ano em cuidados de saúde primários”.
ter estado encostado à esquerda durante quatro encontrou foi a falta de pessoal.
anos, e de voltar a encostar-se se precisar, quer Quando o assunto passou para as alterações à legislação laboral, aprovadas recentemente,
durante o período eleitoral afastar-se para tentar “Resolver os problemas naturalmente não a esquerda manteve as críticas ao diploma, argumentando um aumento da precariedade,
limpar esse aspecto”. E em tom irónico acrescen- é fácil, mas há algumas coisas que se podem enquanto a direita justificou a viabilização com o parecer favorável da concertação social.
tou, quanto a uma eventual aproximação dos facilmente corrigir e melhorar”, afirmou, no- Por seu turno, o porta-voz do PAN, André Silva, apelou a uma valorização do trabalho por
socialistas à direita e ao PSD: “Só se encostam tando que o ano está quase a terminar e “ainda turnos e nocturno, “do ponto de vista salarial” e do descanso, esperando uma abertura nesse
se eu deixar. Se eu sair para o lado, eles caem não saiu o relatório e contas do SNS”. Apesar sentido na próxima legislatura. ■
ao chão”, afirmou. de reconhecer que o “PS herdou seguramente
problemas”, advogou que o SNS “em 2019 está
Já Jerónimo de Sousa considera a tensão pior do que aquilo que estava em 2015, inde- de primários, nomeadamente na cobertura de vão mais além do facto de esta unidade ainda
entre BE e PS é uma perda de tempo com pendentemente de em 2015 já ter problemas”. médicos de família para todos os portugueses, estar no mesmo prédio.
“questões laterais”, desvalorizando a tentativa “Se nós ganharmos as eleições e governarmos o nas Unidades de Saúde Familiar e aqui, con-
da coordenadora bloquista de deixar o líder país, quatro anos depois estará melhor, mas não cretamente em Lisboa, naquilo que seriam os António Costa e o Governo, acusou, prome-
socialista KO, referindo o último debate tele- estarão os problemas todos resolvidos”, acres- novos centros de saúde fora dos edifícios de teram médicos de família para todos os portu-
visivo a seis. “Eu não me queria meter nisso. centou, antecipando como primeira medida habitação”, disse Assunção Cristas, após uma gueses, mas “neste momento há 700 mil sem
Em relação a essa tensão, acho que não ajuda, uma mexida nos “critérios de gestão”. visita à USF de Benfica, em Lisboa. médicos de família”. Também não cumpriu a
particularmente quem está em casa a assistir meta de 100 novas USF nem “os novos 14 centros
ao debate. Ao contrário do que muitos pensam, O presidente do PSD, Rui Rio, desafiou A líder centrista sublinhou que o Executivo de saúde” até 2020. Numa resposta à frase de
que o grande resultado é deixar o adversário entretanto o ministro das Finanças, Mário socialista prometeu que 14 novos centros de saú- Costa, num debate, de que se responsabilizava
em KO, não é isso”, opinou Jerónimo de Sousa, Centeno, a aceitar debater com o seu porta- de “estariam concluídos em 2020” e comentou: pelas melhorias no Serviço Nacional de Saúde,
à margem de uma visita às oficinas da Empresa -voz para as Finanças, Joaquim Sarmento, as “Pergunto-me onde estão eles, porque não há um Assunção Cristas socorreu-se de uma frase que
de Manutenção de Equipamento Ferroviário contas e modelos económicos dos dois partidos único que tenha a construção iniciada”. Durante disse ter ouvido a uma utente à porta da USF:
(EMEF), no Entroncamento. (ver peça em caixa). mais de uma hora, Assunção Cristas, com os can- “Isto está cada vez pior, olhem pela saúde de
didatos a deputados Isabel Galriça Neto, Ana Rita quem não pode ir a outro lado’”, disse.
Jantares-comício fazem Cristas ‘atira’ ao SNS Bessa e João Gonçalves Pereira, visitaram os cinco
mal ao colesterol A Saúde também é um tema de eleição andares do centro de saúde falando com utentes. E logo a seguir Cristas sublinhou que há
A campanha nacional do PSD arrancou para os centristas. A presidente do CDS-PP hoje “uma grande desigualdade no acesso aos
oficialmente com uma visita ao Hospital atacou os falhanços do Governo e visitou uma A USF de Benfica, sublinhou, era um dos cuidados de saúde” e que “quem não tem outra
Garcia de Orta, em Almada. No final, o líder Unidade de Saúde Familiar (USF) em Lisboa centros que, segundo uma “promessa muito solução que não seja o centro de saúde ou os
social-democrata fez um retrato do que está para mostrar como a promessa de acabar com firme” do Governo, deixaria aquele prédio de hospitais está hoje muito pior”. Quanto a António
previsto para os próximos dias, apontando que os centros de saúde em prédios de habitação habitação. E, apontando ao Executivo, relatou Costa, a líder do CDS voltou a acusá-lo de ter
o objectivo “para o PSD é conseguir explicar continua por cumprir. as queixas que ouviu durante a visita sobre difi- “dificuldade em ver a realidade tal como ela se
às pessoas que é absolutamente fundamental culdades em contratar pessoal para a secretaria, apresenta, gosta de debitar números, mas depois
votar e não ficar em casa, porque se as pessoas “Este governo falhou e incumpriu as pro- o que impediu, até agora, estender o seu horário não consegue olhar em concreto” e ver se esses
ficarem em casa estão a dar a decisão aos ou- messas que fez no âmbito dos cuidados de saú- de fecho. Mas as críticas da líder dos centristas números “aderem à realidade”. ■
10 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Opinião

A lição dos madeirenses


discursos e sorrisos hipócritas e promessas sua sardinha, manipulando os factos sem 5,5% / perde 2 deputados) e para os outros
vãs, algumas das quais exactamente iguais mentir – e alguns até isso fazem, tal o desca- partidos que perderam os seus únicos depu-
às do passado e nunca cumpridas – nem ramento. Analisemos, pois, e comparemos tados, como PND, por exemplo. É evidente
NUNO ALVES nunca o serão no futuro. Estavam a lidar 2015 e 2019. que este eleitorado foi todo para o PS-M
CAETANO com madeirenses que, pela sua qualidade de na esperança de derrotar a estabilidade, o
ilhéus e tudo o que isso acarreta de dificul- Para os que anunciam “uma derrota” progresso e a sustentabilidade na Madeira.

C
dades, estão bem atentos ao que se passa, às do PSD-M, vejamos: nestas eleições perdeu Grande equívoco.
ontra tudo e contra todos, para de- suas necessidades, aos seus anseios e ao que apenas 126 (cento e vinte e seis) eleitores,
sespero de António Costa, do PS-M, já conseguiram obter, fazendo logicamente o que, face ao sinistro “Método de Hondt”, Por fim, uma referência ao CDS. Este
da restante esquerda e da extrema- comparações a nível nacional, pois como provocou a perda de três mandatos e, por partido, igualmente penalizado nestas elei-
-esquerda, o PPD/PSD-M de Miguel Al- portugueses que são sofrem e beneficiam conseguinte, a maioria. É isto uma derrota? ções (perdeu 4 deputados), tem a possibi-
buquerque venceu as eleições regionais na dos bons e maus resultados governativos a Perante todas as contrariedades e boicotes lidade e a oportunidade única de mostrar
Madeira. nível nacional, dos sucessos e insucessos, e de que foi alvo, é uma estrondosa vitória aos madeirenses a sua verdadeira postura
nessa óptica não esquecem as três bancar- do PPD/PSD-M e do seu líder Miguel Al- de Partido ao serviço da Madeira e dos
Os madeirenses, mais uma vez, deram rotas socialistas, entre outras desgraças de buquerque e de toda a sua equipa. madeirenses, viabilizando um Governo de
uma lição de lucidez aos portugueses em que temos sido vítimas desde 1974. coligação com o PPD/PSD-M, sem porém
geral. Apesar de o PPD/PSD-M ter perdido Há outro factor importante a ter em abdicar dos seus princípios e ideais. Ali-
a maioria absoluta, tudo indica que fará À semelhança do que se passou para conta, que é o surgimento de três forças ás, a oportunidade é recíproca pois, como
governo com o CDS-M inviabilizando uma colocar Cafôfo (PS-M) na Câmara Mu- políticas que “roubaram” votos ao PPD/ sempre acontece nestas situações, há que
nova geringonça para a Madeira, o que a nicipal do Funchal – com a diferença que PSD-M – Aliança, Iniciativa Liberal e Chega fazer cedências e até “engolir alguns sapos”.
verificar-se seria catastrófico para a Região nessa altura fizeram uma coligação oficial – que somados acrescentariam 1,49% de
Autónoma. alargada – a esquerda e extrema-esquerda votos que, somados, possivelmente através Estou convicto de que tal acontecerá
uniram-se no voto “útil” e estratégico no do citado “Método de Hondt”, dariam a sem grandes melindres e com grande suces-
Bem tentou o Governo central – An- PS-M na esperança de obterem a vitória maioria ao PPD/PSD-M ou ficariam muito so. Ambos os líderes partidários são pessoas
tónio Costa / PS – boicotar a governação deste e a criação da tal “geringonça local”. próximo (talvez nos 23 deputados). de bem e madeirenses de alma e coração.
liderada por Miguel Albuquerque nestes Conseguiram parte do objectivo, isto é, um A Madeira e os madeirenses agradecem.
últimos quatro anos, de dificuldades acres- crescimento acentuado do PS-M, mas à Não vale a pena escamotear as mudan-
cidas face a essa postura de Lisboa. Parale- custa sobretudo da sua própria derrota, em ças de sentido de voto, do CDS-M para o Para os portugueses em geral será uma
lamente, o PS-M (bem apoiado por Lisboa) alguns casos estrondosa. E, pior do que isso PSD-M, do PSD-M para o PS-M (sobretudo lição a reter e um exemplo que poderá des-
foi batendo na tecla da necessidade de uma (ainda bem!), inviabilizaram a geringonça em Porto Santo) e outros, como atrás refe- pertar muitas mentes adormecidas alteran-
“geringonça” local sem, contudo, tal como a madeirense. rido, mas a realidade é a realidade e essa é a do definitivamente o marasmo político em
nível nacional, ter(em) a coragem se apre- inequívoca vitória de Miguel Albuquerque. que vivemos.
sentar em coligação, crentes de que a soma Como sempre nestas ocasiões, há ven-
de votos futuramente arrumaria a questão. cedores e vencidos e cada um vê a “vitória” à Derrotas, sim, são os resultados do Que os madeirenses voltem a mostrar ao
Puro engano. Esqueceram-se de que não sua maneira, rejeitando por vezes reconhe- PCP (-4483 votos / de 5,54% para 1,8% / mundo a sua coragem e independência moral
estavam a lidar com gente vazia de ideias, cer a derrota. Infelizmente a comunicação -1 deputado), para o BE (-2360 votos / de no próximo dia 6 de Outubro, repudiando
com gente facilmente manipulável pelo fu- social – quase sempre esquerdista – dá a 3,80% para 1,7% / perde os 2 deputados), aqueles que tanto dano têm provocado à
tebol, por umas migalhas envenenadas, por notícia à sua maneira, puxando a brasa à para o JPP (-5314 votos / de 10,28% para Madeira e tanto mal lhes tem causado. ■

Políticos, fraudes
académicas e plágios
ANTÓNIO CÂNDIDO MIGUÉIS apropriou-se, indevidamente - declarar que “no pasa nada” e que destacou um jornalista espanhol, chez a fazer o mesmo, visto que
sem referir a fonte - de parte dos foi somente “um texto de apenas e passo a citar: “desde a chegada Sanchez também plagiou um

T
textos de pensadores contempo- duas linhas”… Ora, segundo os de Pedro Sanchez ao poder, o trabalho académico, facto que
omei conhecimento, râneos como, por exemplo, Carlos jornalistas, não foram duas linhas, conceito de verdade tem-se tor- foi referenciado nos ‘Media’. No
através dos jornais diá- Solis, Gianni Vattimo, Jesús Mos- mas bem mais de 100 - os jornais nado elástico, subverteu-se. Na entanto, mantém-se ainda como
rios com mais destaque terín ou Richard Rort, copiando espanhóis destacaram o título das Espanha de hoje uma falsidade primeiro-ministro. Inadmissível.
em Espanha, o El País e o ABC, literalmente parágrafos inteiros. obras e os parágrafos respectivos bem ornamentada pelo aparato de Como bem referiu o jornalista
de que o filósofo e político de Confrontado Manuel Cruz com que foram plagiados. marketing do governo e dos seus Rámon Pérez-Maura, “em Espa-
Barcelona, Manuel Cruz, socia- os resultados da investigação le- aliados logra esconder e ‘enterrar’ nha vive-se no Reino da Mentira.
lista, catedrático e actualmente vada a cabo pelos jornalistas dos Perante estas” habilidades” de- os factos da evidência da verdade”. A verdade é intolerável”. Con-
presidente do Senado espanhol dois diários, logo se “defendeu” sonestas e trapaceiras, o que se clusão: os políticos mentirosos
(Câmara Alta das Cortes Gerais) afirmando que foram “meras poderá dizer de certos governan- Este comportamento rasteiro que estão no poder irmanam-se
cometeu plagiato num livro que coincidências”… Em seu auxílio tes socialistas espanhóis? Mentem e fraudulento do presidente do e protegem-se uns aos outros. A
publicou em 2002 e que foi re- veio Maria Isabel Dieguez, a lesta impunemente e a mentira não Senado espanhol será suficien- opinião pública parece anestesia-
editado em 2010. O referido li- ministra da Educação e porta-voz tem consequências. Permanecem te para que se demita do cargo? da e sem forças para se indignar.
vro é um manual de “Filosofia do governo socialista que governa nos cargos, não são molestados e Não parece, porque obrigaria o Despontam outros “valores”?
Contemporânea”. Manuel Cruz a Espanha, que não teve pejo em a mentira “virou” verdade. Como primeiro-ministro Pedro San- Mas que “valores”? ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 11

CDS faz valer o seu peso na formação do Governo Regional da Madeira Política

Coligação obrigatória
por Maria Costa regional, ganhou súbita relevância
por ser imprescindível ao PSD na
formação de um Governo estável.
Ao fim de 43 anos de maiorias absolutas, as eleições regionais da Madeira
Na sede nacional do PS, o des-
obrigaram o PSD a precisar de uma nova “Aliança Democrática” à direita para taque de António Costa foi para
o “resultado histórico, o melhor
Miguel Albuquerque poder continuar a ser presidente do Governo. de sempre” dos socialistas em re-

N
gionais, embora reconhecendo a
a noite eleitoral percebeu- vitória do PSD.
-se que, face às sucessivas
sondagens à boca das ur- Jardim ataca
nas, a coligação de centro-direita na Quem se mostrou incon-
Madeira era uma forte hipótese de formado com os resultados foi
trabalho. Isto apesar de o PSD e o Alberto João Jardim, apesar de
CDS terem andado sempre de cos- nos últimos tempos ter ensaiado
tas voltadas no arquipélago, pois, uma aproximação ao seu suces-
com as maiorias absolutas dos so- sor, Miguel Albuquerque. O ex-
cial-democratas, os centristas eram -presidente do Governo da Ma-
uma oposição aguerrida. Agora, a deira voltou ao seu estilo directo
coligação é uma necessidade im- para criticar o actual líder. “Não
periosa para se manter o poder estou satisfeito”, confessou Jardim.
executivo na área não-socialista. “Ainda tentei deitar a mão, mas
o PSD paga, neste momento, o
Com 21 deputados eleitos, o preço dos dois primeiros anos

DR
PSD precisava de mais três para ter desastrosos de Governo que fez
maioria no Parlamento Regional da elegendo 21 dos 47 deputados. maioria absoluta”. Ou seja, na nego- respeitamos sempre a autonomia aqui na Madeira” – disse, dando
Madeira. A noite foi de nervos, en- Em 2015, os sociais-democratas ciação das pastas para a formação do PSD/Madeira, mas pelas in- a entender que vê positivamente
quanto se contavam os votos, pois tinham segurado a maioria apenas do Governo Regional, a factura do formações que tenho há todas as os últimos dois anos do Executivo
o CDS demorava a confirmar o seu por um deputado, conquistando 24 CDS-PP pode ser pesada. condições para que se forme um de Albuquerque.
terceiro deputado. Os centristas mandatos e 44,36%. Governo de maioria através de
também perderam votos nestas Cafôfo “disponível” negociações com o CDS”, afirmou. Afirmando que “não se pode
eleições, tendo baixado de sete para O PS obteve 35,76% e elegeu 19 Muito estranha, em termos de Rio deu os parabéns ao líder do pedir a cabeça de ninguém”, o
três deputados, mas a hipótese de deputados, enquanto o CDS-PP, aritmética política, foi a posição de PSD-Madeira, Miguel Albuquer- político que liderou o Executivo
integrar uma nova AD deu um sa- com 5,76% dos votos e três depu- Paulo Cafôfo. Apesar da posição que, que considerou “o principal Regional durante quase quatro
bor de vitória a Rui Barreto. O líder tados, foi a terceira força política concertada do PSD e do CDS- rosto desta vitória”, mas também décadas com maiorias absolutas
do CDS-Madeira apresentou-se vi- mais votada, seguido pelo JPP, com -PP, do lado do PS - que aumen- ao anterior, Alberto João Jardim, defendeu que o partido precisa
sivelmente satisfeito por levar o seu 5,47% e também três parlamenta- tou substancialmente o número pelo “legado extraordinário” que de ir para “um estaleiro e fazer
partido para o Governo Regional. res. A CDU conquistou um lugar, de votos relativamente a 2015 ao deixou na Região Autónoma e pela uns consertos”, já que, no seu en-
com 1,80% dos votos. conquistar 35,76%, a melhor vota- “ajuda” que deu na campanha. tender, “são necessárias imensas e
“Será um acordo de coligação ção de sempre desde as primeiras importantes mudanças internas”.
de Governo”, disse Miguel Albu- Face a estes resultados eleito- regionais, em 1976 - Paulo Cafôfo Já a líder do CDS saudou o re- “Têm de ser feitas e contra quem
querque, líder social-democrata rais, verifica-se na aritmética políti- surpreendeu tudo e todos ao de- sultado dos centristas e a vitória for teimoso”, afirmou, sem espe-
madeirense e presidente do Go- ca que o PSD e o CDS-PP elegeram, clarar que estava “disponível para do centro-direita na Madeira e cificar, assumindo que o futuro, e
verno Regional, na reacção aos juntos, 24 dos 47 parlamentares da liderar uma base de entendimento” remeteu para o partido na Re- pelo menos “nos próximos quatro
resultados das eleições regionais, Assembleia Legislativa da Madeira, com os partidos da oposição para gião a decisão de se coligar com anos”, passa por uma coligação.
adiantando que já tinha falado com enquanto a soma dos votos do PS, formar Governo. o PSD, que venceu as eleições
o líder do CDS-PP da Madeira, Rui do JPP (o partido local “Juntos Pelo com maioria relativa. A Madeira Ainda assim, o presidente ho-
Barreto, e que ambos se haviam Povo”) e a CDU assegurou apenas Uma posição absurda, já que, viveu “um dia histórico”, disse, e norário do PSD/Madeira mani-
pronunciado por uma coligação. 23 lugares. mesmo que fosse possível juntar o CDS “é essencial para garantir festou-se “contente” por o partido
toda a oposição (PS, JPP e CDU), uma maioria de centro e direita”. ter conseguido ganhar as eleições,
Liminarmente afastada, à parti- Tipicamente, a esquerda tentou apenas disporia de 23 deputados Apesar de o partido ter perdido lembrando sempre que terminara
da, ficou a ideia de uma ‘geringonça’ transformar a sua derrota em vitó- num Parlamento de 47. E uma coli- quatro deputados (mais de nove a sua carreira à frente dos destinos
à moda de António Costa, não só ria aos olhos da opinião pública. gação englobando também o CDS mil votos) e passado de segundo da Região com maioria absoluta,
porque a hipótese de não viabilizar Mas o líder do CDS-PP da Madeira era ideologicamente impossível. A para terceiro partido no ‘ranking’ em 2015... ■
um Executivo de centro-direita não (que, não obstante, perdeu quatro única explicação para o “devaneio”
era concebível para os centristas, dos seus deputados regionais) foi de Cafôfo reside na euforia socialis-
mas também porque, no caso da
Madeira, o PS perdedor não con-
seguiria constituir uma maioria
claro: “É preciso saber fazer contas.
O centro-direita venceu as eleições
na Madeira. E, como o centro-di-
ta que o rodeava por ter conseguido
aumentar a votação no PS. Maria em reflexão
parlamentar suficiente, por mais
alianças que fizesse à esquerda.
reita venceu as eleições, a esquerda
perdeu!”.
Nas sedes nacionais dos parti-
dos, os líderes estiveram alinhados
com os discursos madeirenses. O
I ndisposta com a baixa qualidade geral da campanha para
as legislativas, e sem conseguir encontrar um único parti-
do para recomendar confiadamente aos seus leitores, Maria
Aritmética política Rui Barreto já avisou, contudo, presidente do PSD, Rui Rio, con- d’Aljubarrota entrou em período de reflexão eleitoral. A nossa
Nas eleições disputadas no Do- que não abdicará do seu programa siderou que o resultado do par- apreciada cronista regressará às colunas d’O DIABO depois do
mingo passado, o PSD venceu com eleitoral e deixou ‘a bola’ do lado do tido na Região Autónoma, uma sufrágio de 6 de Outubro. ■
39,42% dos votos, mas perdeu, pela PSD, porque “quem vence é que vitória sem maioria absoluta, “é mariadaljubarrota@gmail.com
primeira vez, a maioria absoluta, tem de conversar para formar uma muitíssimo bom. Naturalmente,
12 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Debate O clima foi sempre um instrumento político e militar. Quem co

O susto global
AUGUSTO DEVEZA RAMOS
Sociólogo

Numa semana internacionalmente marcada pela


Cimeira da Acção Climática, em que uma criança
sueca foi usada como “argumento” emocional
das teorias ambientais “da moda” e o Presidente
Marcelo, ao discursar nas Nações Unidas,
associou Portugal ao alarmismo catastrofista do
“politicamente correcto” de esquerda,
O DIABO entra no debate sobre o clima e dá
voz às crescentes dúvidas sobre uma “agenda
ambientalista” cada vez mais politizada.

1 O susto
A opinião pública tem sido intoxicada e
atacada com propaganda acerca do clima.
É um esquema ideológico socialista. O objectivo
é criar impostos, atacar as soberanias, rebaixar
guntas e até se juntarem à ‹causa›. O esquema
não é novo. O clima foi sempre um instrumento
político e militar. O que é inédito é a dissemi-
nação planetária de uma mentira que está a
ficar muita cara ao ocidente.
atmosfera, que gera uma camada de ozono que
afecta o efeito de estufa e gera o aquecimento
da terra». A lenda passou tantas vezes nos ‘tops’
mediáticos que apenas os especialistas duvida-
ram desse refrão. A maior parte da população
Al Gore exala nos seus documentários que
o “CO2 é a causa do aquecimento da terra”,
invertendo a realidade: na verdade, há mais
CO2 depois do aquecimento da Terra (quando
o sol emite mais temperatura à Terra, aquece
a classe média e vigiar os comportamentos ouviu, encantou-se e até alinhou com a sereia. os oceanos, que libertam CO2, e estimula os
individuais: tudo em nome do preconceito a Até aos anos 70, a ONU e os globalistas Mas poucos a dissecaram a lenda. seres vivos, plantas, que produzem o CO2 pela
que deram o nome de «aquecimento global». mantinham a população hipnotizada com a fotossíntese). Al Gore e os globalistas tributários
ameaça da guerra nuclear entre a URSS e os Em primeiro lugar, o CO2 (Dióxido de insistem que o CO2 é o ‹mau da fita› no planeta,
Uma das principais agendas nos Media EUA. Assim que a Guerra Fria terminou, era Carbono) é um gás fundamental na vida hu- não revelando que sem carbono não estariam
tem sido que «o clima do planeta está a mu- preciso manter o hipnotismo da obediência, mana: sem CO2 as plantas não vivem, não cá para continuar a enganar-nos. O dióxido
dar» e que não se pode fazer nada por isso, um novo medo. Foi quando os globalistas for- há pasto para os animais, nem alimentação de carbono é fundamental à vida: é gerado
senão «pagar mais impostos para que cientistas jaram a «catástrofe climática». Mas não foi um para a humanidade; em segundo lugar, não pela fotossíntese de plantas, num processo de
tentem resolver o problema». Grande parte processo pacífico, foi cómico. Por exemplo, nos há relação provada entre emissão industrial transformação de energia solar em energia
da opinião pública não tem tempo para apro- anos 70 a revista ‘Time’ publicou três capas e aquecimento global. Segundo Luiz Carlos química que é distribuída aos seres vivos (ani-
fundar essas premissas e acredita, sem muita medonhas acerca do gelo ameaçador para a Molion (Universidade de Évora, Universidade mais, humanos) que consomem essas plantas
dúvida, na intoxicação das televisões, rádios humanidade: era o «arrefecimento global». De Federal de Alagoas, Brasil, e Western Michigan no ciclo da teia alimentar.
e jornais. Um pequeno resumo dramático repente, tudo mudou. A maturidade revelou University, EUA), o maior aquecimento da
acerca do “apocalipse no clima” transmitido que final era «aquecimento global». terra no século XX deu-se entre 1925 e 1946, Como o dióxido de carbono é armazenado
no telejornal da noite é o suficiente para que quando o homem lançava menos de 6% de CO2 naturalmente nos combustíveis fósseis, os glo-
parte significativa da população considere o Estas organizações supranacionais, como a para a atmosfera; terceiro, a camada de ozono balistas decidiram perseguir os seus armazéns:
‹susto› climatérico como verdadeiro. O objec- ONU, são organizações ideológicas que usam a a ser formada desaparece pelo efeito de auto- petróleo, carvão, gás natural. Mas é mais um
tivo é gerar conformismo nos contribuintes e ciência para justificar as suas políticas. Mas algo -regulação da atmosfera, e quando chega aos esquema económico geo-estratégico a médio
eleitores e até messianismo nas classes sociais mudou: se a empreitada tinha avançado sem polos frios, literalmente desaparece; quarto, não prazo. Porque se trata de sancionar os países
marginais. O susto baseava-se numa premissa grande resistência, com filmes retóricos como existe nenhum preservativo na terra chamado produtores destes combustíveis fósseis, como
geo-estratégica, mas errada à partida: é possível o de Al Gore, “Uma verdade inconveniente” «efeito de estufa». a Rússia, produtora de gás natural.

3
enganar a maioria da população e até países. (em sequela), o susto parece que deixou de
funcionar. O planeta acordou. E se é verdade que tem havido um aqueci- A fraude

2
À medida que a globalização avançou, a mento da terra, é falso que esse aquecimento Não há evidência científica de que o aque-
ONU e organizações internacionais adquiriram Uma hipótese tenha causa atribuível, isto é, causa humana. cimento global tenha relação com o au-
legitimidade para, literalmente, enganar a po- O “aquecimento global” não é uma teoria, O aumento das temperaturas é causado pelo mento de CO2. Até agora, nenhum organismo
pulação com as narrativas mais absurdas, do é uma hipótese que nunca mostrou prova Sol, que aquece os oceanos e difunde correntes ambientalista, ou académico, provou isso. Não
susto climatérico aos benefícios da migração, científica. Para isso, as organizações globalistas marítimas quentes que podem afectar os glacia- passa de uma hipótese que nunca cumpriu a
sem esquecer as glórias da China. O logro foi conseguiram reunir um consenso mundial, res. Esta verdade é inconveniente porque não última etapa epistemológica: a prova. Os globa-
criado para que os globalistas mantivessem a expandido, acerca desta fraude científica: «o tributável, a não ser que as finanças globalistas listas associam directamente o crescimento do
população assustada e hipnotizada, mais dócil homem emite dióxido de carbono (CO2), já estejam a observar a contabilidade do nosso CO2 à revolução industrial, mas é uma falácia:
para pagar impostos mundiais, sem fazer per- causado pela indústria e automóveis, para a velho amigo Sol. o CO2 é produto do aumento da temperatura
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 13

ontrolar a narrativa do clima controla as vontades do planeta Debate


é criar pobreza e caos mundial, destruir fron- anos e estimulam correntes marinhas quentes
teiras, prosperidades nacionais e locais, incitar e frias que afectam os climas locais e globais;
à migração desesperada. Tudo isto para a
subreptícia intenção da ONU: gerar o governo 7) Camada de Ozono - não existe; o ozono
mundial de «emergência», centralizado, sem desaparece diante das temperaturas da An-
democracia, que iria salvar o planeta do clima tárctida;
e da fome.

5
8) Aquecimento local - incêndios, inun-
Perguntas inconvenientes dações, indústria, poluição, não têm impacto
Se a ameaça de aumento do nível do mar, global, apenas local, no micro-clima, que a
causado pelo degelo nos polos, é real, atmosfera dissolve rapidamente;
porque comprou a vedeta de uma “Verdade
Inconveniente”, Al Gore, uma casa de praia no 9) Chuvas - são fenómenos cíclicos de va-
valor de 9,5 milhões de dólares junto ao mar, a riação da temperatura dos oceanos que causam
poucos centímetros acima do nível do mar, em precipitação nos continentes, não dependem
Montesito, Califórnia? E porque fez o mesmo, do aquecimento global.

7
o ex-presidente Barak Obama, que pagou 15
milhões por uma casa de praia numa ilha, bem Conclusão
rente ao nível do mar? Será que o mar é como os Quem controlar a narrativa do clima
globalistas, quando se eleva não é para todos? controla as vontades do planeta. É o que
pretende a ONU. O mais pernicioso nem é a
Por que razão a Alemanha se está a preparar fraude da hipótese do “aquecimento global”,
tanto, tendo construído 23 centrais termoe- mas a inculcação e danos que a propaganda já
léctricas a carvão (que geram acido sulfúri- gerou na opinião publica e nas infelizes gerações
co, poluente), em 2018? Porquê o mesmo no que não tiveram oportunidade de questionar a
Japão? Porque podem estes países construir doutrina. Hoje o clima é desculpa para todos
termoeléctricas (carvão contém carbono) e os males da humanidade: pobreza, dilúvios,
outros países não? O que se está a forjar por ursos polares, vontade de trabalhar, aborto,
trás das cortinas? hiperpopulação, e até raças. A propaganda

6
cumpriu o seu propósito: criar confusão, caos
Respostas convenientes e desinformação, a favor dos ‘lobbies’ de mega-
O grande público, admite-se, não tem -empresas, governos e suas estratégias.
tempo para aprofundar a propaganda
massiva que lhe é inculcada. Uma “mentira As dezenas de reuniões mundiais para o
repetida torna-se verdade”, dizia Goebbels, clima, servem actualmente apenas para discutir
Ministro da Propaganda de Hitler. A propa- novas e mais sofisticadas formas de coloniza-
ganda do «susto do clima» conta com biliões ção globalista. Por exemplo, o ex-presidente
de dólares doados a centrais de difusão e Media do Brasil, Color de Mello, revelou, dois anos
DR

para produzirem acólitos, missionários e até depois de assinar o Protocolo de Montreal de


(actividade do sol) e não o contrário. desenvolvido em três vectores: primeiro, au- pategos. 1987 - taxação de CFC›s (spray, ar condiciona-
mentar os impostos gerais e à classe média do) – que tinha sido chantageado pelo FMI para
Esta propaganda fraudulenta tem origem detentora de indústria; segundo, atacar a in- Importa desmistificar estes mitos: poder renovar a ajuda ao Brasil. É assim. Os
no IPCC (Intergovernmental Panel on Climate fraestrutura dos países, sua produção e energia países pobres assinam tratados porque apenas
Change), um organismo político (não científi- - 80% da energia eléctrica mundial depende 1) Nível do mar - não depende do aque- querem subsídios financeiros dos globalistas,
co) que foi criado em 1988, nas Nações Unidas dos combustíveis fosseis, petróleo, carvão e cimento global mas do movimento das placas mas nunca se vão desenvolver ao nível dos
(ONU). O IPCC não produz pesquisa original, gás natural; terceiro, atacar os direitos e sobe- tectónicas, ventos, ondas dos oceanos e até do ricos. A ‹Cosa Nostra› não permite.
apenas sintetiza o conhecimento produzido ranias (o cidadão terá de obedecer a ‹níveis› de ciclo lunar; está, por exemplo, a baixar nos paí-
por cientistas «independentes» mas «ligados a comportamento e consumo que o Big Brother ses nórdicos (a terra elevou-se por movimento O objectivo global do embuste do «clima
organizações e governos» (sic). É uma espécie da ONU vigiará). E não fica por aqui: a China, tectónico); depende de um planeta inquieto, é o aquecido» é centralizar decisões e controle: em
de central de difusão de relatórios duvidosos o país mais poluidor do mundo, está isenta resultado de fenómenos de agradação (forma- nome do controle do clima, ‹gerem-se ‹os climas
para justificar a administração de políticas tri- de obrigações ambientais. Hoje a China é tão ção de praias) e degradação (da praia); locais, isto é, controlam-se os recursos locais
butárias. Mas até o próprio IPCC tem recuado desleal na sua concorrência no Ocidente que não apenas dos países, mas principalmente
nas suas premissas, cada vez mais denunciadas tem electricidade sete vezes mais barata que a 2) Aquecimento - houve um aquecimento regiões, zonas e áreas, onde são mapeados os
como fraudes. O IPCC emite relatórios de 4.000 Europa, favorecendo a sua expansão económica da terra desde o início do século, o problema é seus recursos minerais. Isto não tem nada de
páginas (que conta que ninguém leia) mas e ideológica totalitária no planeta, como mostra que a ONU, pelo IPCC, diz que isso é responsa- ambiental ou de eliminação de pobreza, é pura
concentra dezenas de especialistas a elabora- a sua recente invasão a Hong Kong e a disse- bilidade do Homem; não é, o Sol é o responsável táctica geo-económica a prazo. Que inclui a de-
rem sumários de 25 páginas, com linguagem minação da tecnologia-espiã 5G no ocidente. por isto tudo; sindustrialização de países em ascensão - como
volátil, para acertar nas redacções dos jornais Portugal, que paga a electricidade caríssima e
e televisões e, principalmente, na agenda de Se a ONU pretende reduzir emissões de 3) Derretimento glacial - resulta de ondas torna o país repelente a investidores estrangei-
incautos ministros dos governos soberanos. carbono - por impostos, controle da ener- marítimas quentes vindas do Sul que entram ros, mantendo-o planeadamente insolvente e

4
gia e produção - vai atacar 80% da estrutura no Árctico, aquecem as águas profundas e des- eternamente dependente da ajuda dos bancos
A maldita agenda da ONU mundial que precisa de combustíveis fósseis congelam a infraestrutura dos icebergues, não centrais, o BCE ou FMI (globalistas).
O Protocolo de Quioto e o Acordo de Pa- (petróleo, carvão, gás) para produzir electrici- é culpa do Homem;
ris (que Trump não assinou) pretendem dade. Isto vai gerar estagnação, desigualdade Mas há boas notícias: milhares de cientis-
100 biliões de dólares/ano, em impostos, para e pobreza em muitos países. Mas não se preo- 4) Previsões - as hipóteses do IPCC e Al tas, nomeadamente da NASA, denunciam o
reduzir “emissões” de carbono (atribuídas ao cupem: a “Agenda 2030” da ONU já previu isso Gore não provêm da observação, saem de esquema do ‹aquecimento›; outros estão sim-
homem e não à natureza). Esses biliões pro- na sua primeira alínea («combater a fome em modelos de computador sem metodologia plesmente em debandada. E Lord Monkton,
vêm dos bolsos dos contribuintes de todo o todo o mundo»); e se os impostos em nome científica, onde não são tratadas variáveis fun- um intrépido escocês, critico do logro, afirmou
planeta. O objectivo do embuste será «reduzir do carbono vão causar massivo desespero e damentais, como nuvens, ciclo hidrológico, recentemente que «quando a ONU aceitar que o
as emissões de CO2» e atribuir as culpas ao fuga à fome pela migração, a ONU também movimentos de calor, oceanos; esquema é uma farsa está terminada a esquerda
Homem. Objectivo em que o Papa Francisco já forjou em Marraquexe, no ano passado, no planeta».
tem sido cúmplice. o Plano Global das Migrações - o plano que 5) Tendência - o clima está a mudar para
prevê que os países signatários (Portugal in- o arrefecimento até 2035; E é disso que a fraude do «aquecimento
Mas os objectivos são outros: em nome da cluído) acolham migrantes vindos de países global» trata: da sobrevivência de um fóssil: a
redução das emissões de CO2, a ONU, através asfixiados pelas taxas de carbono. Isto não é 6) Lua - os ciclos da Lua interferem com a esquerda internacional. Não da nossa amada
do IPCC, pretende empobrecer o Ocidente apenas um embuste tributário, é muito pior: gravitação da terra, por vezes «puxam» os oce- casa Terra. ■
14 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Análise O recanto semanal do pensamento político

A ABSTENÇÃO ELEITORAL NA CONSEQUÊNCIA DA ABSTENÇÃO PARLAMENTAR

“A abstenção forçada
dos melhores” 3 Mas Oliveira Martins não ocupa
posição solitária nas críticas ao
parlamentarismo e ao partidarismo. Her-
culano e Garrett precederam-no. Toda a
geração de intelectuais iludidos de 1870
o acompanhou ou o seguiu. Eram aque-
les mesmos que, no destempero da sua
“república” de Coimbra, depois de terem
Um artigo de
feito toda a sorte de leituras, acabaram
Pedro Soares Martínez por fazer uma descoberta sensacional,
que era a da Bíblia. A esses, como Eça de
Queiroz e outros mais, a cresceu Fialho de
Almeida, para quem “os parlamentos são,

1 Esta afirmação sincopada encontra-


-se, como epígrafe, num texto de
Oliveira Martins que, conforme muitos da
em todo o mundo, quase o mesmo que o
nosso, reuniões de medíocres ligados por
somas de cobiças e interesses que raro se
sua geração, incluindo alguns dos “venci- justapõem aos nacionais”. Foram também
dos da vida”, foi atraído, na juventude, pelo incisivas as críticas dos “integralistas” ao
republicanismo, sendo ele próprio, por ve- parlamentarismo e ao partidarismo. En-
zes, qualificado de socialista, com alguma tre essas conta-se a de Pequito Rebelo,
precipitação, ou alguma extensão do que para quem “a eleição, quanto mais larga
seja socialismo. O talento e o primor de é e mais se aproxima do sufrágio univer-
linguagem, conjugando-se com o amadu- sal, tanto mais inútil para a selecção das
recimento que a vida breve, mas intensa, lhe competências; incompetentes não podem
proporcionou, esclareceram amplamente escolher competentes, discípulos não po-
Oliveira Martins, permitindo-lhe a visão dem escolher os seus disciplinadores e
douta e séria da História contemporânea de muito menos o eleito incapaz que não se
Portugal e as críticas das falsas democracias interessa pela remota função pública que
e do lamentável parlamentarismo do século desempenha”. Esta crítica da eleição como
XIX. Curiosamente, essas críticas, levando meio de selecção política chama a atenção
à condenação do parlamentarismo portu- para os efeitos de multiplicador, de factor
DR

guês, também não pouparam a política e os muito elevado, que pode ter a escolha dos
políticos europeus daquela mesma época. tenção eleitoral? Oliveira Martins também falar à moda antiga, que fazem dos gover- parlamentares quando lhes cabe, por sua
Oliveira Martins, que bem soube analisar o diz, em muitos dos seus numerosíssimos nos seus instrumentos e da administração vez designar titulares para altos cargos de
Portugal e os Portugueses, entendeu, ao escritos. Porque os partidos não eram “mais pública matéria de negócios”. “Pelo fundo grandes responsabilidades.
contrário de muitos outros, que os vícios do que clientelas congregadas em torno de das províncias, e de todas as cidades e vilas
não eram só nossos, mas comuns a todos
quantos tinham recebido os mesmos er-
ros políticos. Mas o que mais impressiona
um chefe... um autocrata”, porque “a vitória
completa da democracia, ampliando o exer-
cício do governo ao comum dos cidadãos,
afastadas, há um povo que, sem protestar
ainda clamorosamente, murmura contra o
desgoverno em que vivemos. E em cada terra
4 Em semelhantes ambientes, e em
face da “abstenção parlamentar”, ou
do que poderá designar-se por “abstenção
quem leia agora esses textos críticos é a sua faz baixar necessariamente o nível indivi- se encontra um grupo maior ou menor de parlamentar útil”, ou “valiosa”, abrangendo
extrema actualidade, a qual resulta de não dual dos governantes”, porque os políticos homens cultos que, interpretando os rumo- o “não fazer” e o “fazer mal”, compreende-
serem do passado, remoto e próximo, as se recrutam hoje, nos países latinos, entre, res e queixumes do povo, apontam os moti- -se que todos quantos muito exigem de
chagas flagrantes do parlamentarismo e principalmente, advogados sem causas, es- vos, dão as razões e esperam ansiosamente si próprios, os melhores, se afastem, se
do partidarismo. Porque são de todos os critores falhados, professores sem amor aos por um novo apelo às energias nacionais. abstenham, engrossando as maiorias silen-
tempos, resultando de um orgulho balofo livros, médicos sem clínica, engenheiros Esses homens sabem que a anarquia e a ciosas, com receio até de que o trato com
que pretende corrigir a natureza das coisas e sem colocação, de envolta com os malucos corrupção levam as nações ao destino que uma política na qual o príncipe soberano
dos homens. Conservam-se, integralmente, e visionários excêntricos, farcistas e explora- foi o nosso em 1580.” Mas “os homens de é o dinheiro tenha efeitos contagiosos. Re-
insistem, perigosamente. Agravadas, apenas, dores do escândalo que nas grandes capitais boa fé escondem-se, abstêm-se…E a legião corde-se que bastou a ausência de Moisés
por mais acentuada falta de cultura e de formam os radicalismos, anarquismos e ou- dos parasitas, omnipotente por isso que não para que todo o povo de Israel caísse na
boas maneiras, dos parlamentares, ditos tros ismos. A grande massa é, porém, a dos encontra diante de si forças bastantes para a abjecção de adorar o “bezerro de ouro”. As
“pais da Pátria”, pobre Pátria que, em toda medíocres, pretendentes a empregos. São contrariar, prossegue triunfante, devastando armas admitidas na luta política por q uem
a sua dignidade, a sua glória e o amor da formigueiro, são legiões. Multiplicam como e escarnecendo do país ingénuo e simples”. as impôs em proveito próprio foram a men-
sua gente, merecia, por certo, mais apurada peixes, pois cada vez é maior o número dos tira, a lisonja, a promessa vazia, a compra,
paternidade. filhos de populares que, aburguesando-se, Quem dirá que tais textos foram escritos o compadrio, a corrupção. Os contrários
vêm somar-se aos filhos dos burgueses já há mais de um século? E quem dirá que não sabem, nem nunca souberam, manejá-

2 No seu artigo publicado em 1888,


já Oliveira Martins escreveu que “a
abstenção é um fenómeno que, por toda
empregados. Daí resulta o facto sabido da
administração nas democracias. Daí tam-
bém resulta uma concorrência feroz no jor-
não visam mesmo a actual situação política
portuguesa? Até a estranha falta de direitas
propriamente ditas, por vezes actualmente
-las. E não estão dispostos a aprenderem
o respectivo manejo. Por isso, há espaços
abertos nos quadros dos sectores políti-
a parte, está demonstrando a caducidade nalismo e nas candidaturas… De tudo isto assinalada, parece explicada nestes textos de cos, que só poderão ser cobertos quando,
das formas vigentes do governo represen- resulta que não há nas democracias homem Oliveira Martins. Também naquela época nas lutas políticas, forem admitidas como
tativo. Se nos não enganamos, nas últimas menos respeitado, nem mais influente, do uma maioria séria, silenciosa, alheia ao saque armas a verdade, a honestidade, a compe-
eleições de Lisboa votou apenas um terço que o político. Essa influência não é prestí- nacional, esperava uma reacção. E acabou tência, o dever de bem cumprir, o respeito
dos eleitores. A abstenção eleitoral é grave, gio; é apenas a consequência dos empregos por vir a República, que, não rejeitando os da dignidade própria e da alheia. Tudo
porém mais sintomática ainda é a abstenção que pode distribuir e dos negócios que pode vícios do parlamentarismo e do partidaris- isto se inclui, tacitamente, nos trechos de
parlamentar”. E donde viria esta abstenção contratar”. Esses “homens políticos, em ge- mo, lhes acrescentou alguns mais, à guisa de Oliveira Martins. Talvez seja conveniente
parlamentar, que poderia justificar a abs- ral, são comanditados por argentários, para suplemento. Há surpresas deste jaez. dizê-lo expressamente. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 15

Opinião

“Dia 0”
Montijo, Costa falou de indemnizações
milionárias a pagar à ANA-Aeroportos, ou
seja, ao grupo francês Vinci, se o Montijo
não avançar. Como é possível?

E passo, finalmente, à indicação de algu-


mas situações que vieram a lume em resulta-
Tocar a Rebate do das diferenças de opinião entre os líderes.
Eduardo Brito Coelho Divergências que não são de fundo, como
Coronel Engº (ref.) se tornou patente. Costa afirmou, como
tem feito nos últimos tempos, que Portugal
está a crescer acima da média europeia. Ora

A
tal situação resulta da estagnação econó-
lguns órgãos de comunicação so- mica da Alemanha, Reino Unido, França
cial resolveram chamar “dia D” e Itália, que, devido ao seu peso, puxam a
ao passado dia 16 de Setembro de média para baixo. Portugal continua bem
2019, em que se realizou o debate televisivo na cauda do pelotão dos restantes países
entre o nosso primeiro-ministro e líder do europeus. A dívida pública nominal conti-
PS, António Costa, e o líder do PSD, Rui nua a aumentar e o rendimento per capita
Rio, tendo em vista as próximas eleições português é o terceiro pior da zona euro.
legislativas. Naquele dia, antecedendo o No período de 2016 a 2019 emigraram,
debate, multiplicaram-se as reportagens segundo Rio, 330.000 portugueses, o que
de rua, que mostraram bem, do que me mostra que Portugal não é atractivo para
foi dado ver, que muitos cidadãos se esta- os seus próprios cidadãos na idade activa,
vam “borrifando” para o referido debate, que preferem emigrar; Costa retorquiu que
apesar do empolamento que os ‘Media’ lhe o saldo migratório, no mesmo período, é
davam. E, realmente, se pensarmos que o positivo, o que quer dizer que tem entrado
nosso país está cada vez mais endividado e muita gente, que seria bom saber quem
assimétrico, queimado e arruinado, só é de é - Asiáticos para as estufas em Odemira?
estranhar como é que há ainda gente com Africanos que não falam português nem
DR

DR
pachorra para ouvir quem nos desgoverna têm ligações a Portugal?
há 40 anos... ferência após as eleições. Os incendiários e a tentativa de apagamento da História de
que continuem o seu trabalho... Sobre a Portugal, de que é paradigmático o caso Aumentou o fosso salarial entre Juízes
Dito isto, confesso que acabei por assistir integração europeia, igualmente nada, ou do Centro dedicado à História e Memória Conselheiros e Desembargadores, por um
ao debate, em diferido, face à necessidade seja, devem sentir-se confortáveis com o do Estado Novo (que tem sido designado lado, e os Professores Catedráticos e Gene-
de confirmar alguns pontos. “mais Europa”, até ao desaparecimento de “Museu Salazar”) em Santa Comba Dão. rais, por outro. Um magistrado em início
Portugal. Nada disseram, também, sobre de carreira, após o CEJ, ganha mais do que
Começo pelos assuntos não abordados a visão/estratégia que têm para Portugal, a Vejamos agora três assuntos em que há um professor do ensino secundário no final
no debate, apesar da sua importância mag- importância do triângulo Continente-Ma- sintonia entre Costa e Rio: a regionaliza- da carreira...
na para Portugal, pelo que a sua omissão deira-Açores, a nossa dimensão atlântica, ção do continente português, a preferência
é bastante significativa. Estão neste caso a Lusofonia, etc. E não se pronunciaram pelo Montijo para o novo aeroporto e a Por tudo o que se disse ou subentendeu,
os incêndios florestais, sobre os quais o outrossim sobre a censura e o silencia- recusa da reintrodução do serviço militar o signatário destas linhas mais depressa
silêncio foi absoluto, ou seja, os dois líderes mento, ainda que dissimulados, das vozes obrigatório. Ou seja, se o povo português chamaria ao passado 16 de Setembro de
devem achar que está tudo bem e que o contrárias ao “status quo”, a perseguição não se opuser, vamos ter a regionalização 2019, “dia 0” – o dia em que se juntaram as
nosso país pode continuar a arder, de pre- aos nacionalistas e patriotas portugueses, de volta na próxima legislatura. Sobre o duas metades do mesmo zero… ■

Os Media preconceituosos
porte de armas para os proprietários rurais merciais do país. Este recurso já foi usado A perseguição aos membros do go-
Aristóteles Drummond dentro de suas propriedades, e não mais no período militar, inclusive nos EUA no verno é tal que se noticiou, em 2016, a
Jornalista brasileiro apenas em suas sedes. Também dilatou o tempo de Carter, sem maior sucesso. Mas existência de multas não pagas no auto-
Comendador da Ordem do prazo de validade das cartas de condução. não deixa de incomodar. móvel de um ministro, que, na ocasião,
Mérito da República Portuguesa exercia função pública em São Paulo,
A Reforma Tributária, simplificando Os jornais abordam diariamente uma com direito à viatura de serviço. As

E
um sistema ultrapassado, com mais de meia questão que envolve 49 deputados do Rio multas certamente eram provenientes
nquanto os Media brasileiros e centena de impostos, está parada no Par- de Janeiro por uma movimentação finan- do uso do automóvel pelo motorista
internacionais continuam a com- lamento. Mas o governo insiste em obter ceira não explicada em contas próprias da família. Mas infrações de trânsito
bater sem o limite do razoável, o ainda este ano algum avanço na eliminação ou de assessores. O filho do presidente, não parecem comprometer um homem
presidente Jair Bolsonaro vai usando dos de uns e na fusão de outros. E tenta diminuir hoje senador, Flávio Bolsonaro, que era público.
poderes que a Constituição lhe confere os encargos tributários sobre a folha salarial deputado no Rio até Janeiro, tem um as-
para facilitar a vida do brasileiro. O Par- das empresas para facilitar contratações. sessor envolvido, mas seu volume não está Este é o momento controvertido que
lamento demora em apreciar as reformas Incrível que o trato democrático saudável entre os trinta maiores. A esquerda mais o Brasil vive, em que a oposição fraca e
que possam ajudar a retoma de espaços seja usado para fins políticos pela oposição radical, o PSOL, tem parlamentares com desgastada defende a libertação de seus
nas atividades económicas, prejudicando em detrimento dos que sofrem. movimentação maior, mas apenas o filho líderes condenados e presos, a começar
os 13 milhões de desempregados. do presidente é questionado. Os recursos por Lula da Silva, com duas condenações
No exterior, prossegue um movimento parecem procedentes da devolução de em segundo grau. E, ao mesmo tempo
Semana passada mesmo, o presidente, de auto-exilados a “denunciar” o governo parte dos salários dos assessores nomeados que acusa internamente o governo de an-
no uso de suas atribuições, isentou de im- brasileiro. Não se sabe quem financia esse por livre escolha do parlamentar. Uma tidemocrático, é solidária com Maduro,
postos os remédios usados por portadores exílio dourado que tanto espaço consegue prática antiga, conhecida e tolerada, que Ortega e Cuba.
da SIDA e do cancro, beneficiando grande em parte dos Media europeus. São mani- ganhou importância agora por envolver
número de pessoas. Também autorizou o festações que visam prejudicar acordos co- o filho do presidente. A luta é contra o relógio! ■
16 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Opinião

O Governo polaco
“de extrema-direita” país cujo Governo é acusado de se situar Governo de Mateusz Morawiecki chegara Fez-me bem ouvir e ver o que se
na extrema direita. ao poder. passa na actual Polónia, sobretudo na
ISAÍAS AFONSO sua capital, Varsóvia, onde os arranha-
Professor Esta designação aproxima-o da ideo- O Governo tem aceitado as propostas -céus estão em construção, reveladores
logia fascista, conforme os comentaristas do conhecido sindicato e com tais medidas de Desenvolvimento, bem como a taxa
portugueses o afirmam. tem colaborado para o crescimento com de desemprego ou a beleza da cidade

E
desenvolvimento para a Polónia. com as suas esplanadas bem iluminadas
ntre os dias 19 e 21, inclusive, estive Ficamos admirados como a comu- e cercadas de flores de várias cores que
presente num seminário sobre a nicação social portuguesa é desonesta Sabemos hoje que a Polónia cresce a dão um aspecto magnifico às diversas
saúde dos trabalhadores na União e influenciada pelo Governo dum gol- 5% ao ano e apresenta uma taxa de desem- praças e ruas.
Europeia, que teve lugar em Varsóvia, pista socialista aliado do comunismo e prego de 6,5%, o que é quase estrutural
sob a égide do conhecido Sindicato da extrema-esquerda, depois de termos numa economia de mercado normal. Também pude perguntar sobre a po-
Solidarność. visitado a Polónia num seminário dirigido lítica de imigração e obtive a resposta
por um Sindicato. Estes dados não são tornados públicos sobre a paz no país sem muçulmanos ou
Fico sempre encantado em participar na nossa imprensa porque não convém, africanos, autores de atentados ou de ou-
neste tipo de eventos e com a intervenção Diz-se que é difícil ser-se sindicalista pois estamos perante um regime de es- tros crimes e assaltos.
do Sindicato de Lech Wałęsa, a organiza- tendo um Governo de direita. Nada mais querda radical, que nada tem a ver com
ção que derrotou o comunismo no país, falso: basta verificar a relação existente o socialismo democrático. No dia 2 de Outubro voltarei de novo
enfrentando o pró-soviético General Wi- actualmente entre o conhecido Sindicato à Polónia para mais constatações sobre
told Jaruzelski. polaco e o seu Governo acusado de ser Veja-se o que se passou com a interven- um Governo da dita “extrema-direita” e
“de extrema-direita”. ção do Governo na greve dos motoristas de compará-lo com o Governo de Portugal
Em Portugal, na comunicação social matérias perigosas, na suspensão dos pro- das esquerdas encostadas.
com a tendência estalinista e do actual Go- Uma das perguntas que fiz à coorde- gramas incómodos da RTP, na liquidação
verno social-comunista, o Governo polaco nadora do seminário foi precisamente da difusão dos programas dos pequenos Seria urgente uma mudança em Por-
tem sido enxovalhado de forma desonesta sobre essa relação. partidos às eleições legislativas e na depen- tugal, mas a propaganda social-comunista
e de má fé, apelidado “de extrema-direita”. dência do poder de certos jornais, ditos de é insidiosa; e num povo inculto do ponto
A senhora informou os presentes dos referência, como o ‘Expresso’ ou o ‘Público’, de vista político, tal propaganda funciona
Torna-se claro e deveras interessante vários países europeus que nunca a rela- e outros como o ‘CM’ ou o ‘i’, demasiado como sucessivas marteladas no cérebro
tomar conhecimento do que se passa num ção fora tão clara e eficiente desde que o favoráveis ao golpista António Costa. dos eleitores. ■

Votar como? Os políticos desejáveis para as fun- os condicionalismos e, quando tiverem votar em partidos que mostraram muitos
ções atrás referidas devem ser pessoas sugestões a apresentar, devem fazê-lo de defeitos, erros, más decisões e indeci-
António João Soares generosas, solidárias, respeitadoras dos forma construtiva para facilitar o traba- sões e, com isso, mantiveram o País num
Coronel direitos e liberdades individuais, dedica- lho dos técnicos que, posteriormente, estado de estagnação indesejável. Por
dos aos valores éticos sociais e nacionais elaborarão soluções. Com tal diálogo, isso, há muitos cidadãos válidos que
e desejosos de conhecer os problemas os cidadãos devem ficar cientes de que aconselham a procurar dados concretos

E
que os cidadãos querem ver resolvidos. os problemas nacionais são seus, de cada que permitam arriscar o voto num dos
stamos próximos da data de exercer Em complemento disso, devem possuir um deles e, por isso, não devem deixar partidos recentemente inscritos, embora
o direito e dever de votar numa de boas qualidades de gestores do erário, ser de, em conversa com os amigos, procurar inexperientes nas malabarices da política
entre muitas listas de candidatos comedidos nas despesas, dando sempre encontrar as soluções que achem ser mais dita “correcta”, mas isentos de culpas na
às eleições legislativas. Votar é próprio prioridade àquilo que é essencial para os adequadas e comunicá-las às autorida- degradação que temos estado a sofrer
da democracia, embora esta não esteja a objectivos nacionais de engrandecimento des governamentais, autárquicas, etc., de modo gravoso e continuado, com o
corresponder, satisfatoriamente, aos fins do património e de melhoria das condi- para lhes facilitar a tarefa de que estão esbanjamento das toneladas de barras
que dela são esperados. ções de vida da população nacional. incumbidas. Será desejável que evitem, de ouro recebidas do “antes do 25-A”
pelo diálogo, as nefastas greves de grande e a dívida pública persistente que será
Com efeito, escolher os nossos re- Como representantes e defensores dos duração em serviços públicos que devem uma pesada herança para as gerações
presentantes e servidores dos interesses cidadãos, devem ser pessoas com gosto ter credibilidade e ser respeitados pelos vindouras.
nacionais não significa que vamos dar o pelo diálogo com pessoas de qualquer cidadãos.
voto a um grupo de pessoas que desconhe- condição, de forma a terem facilidade Dos partidos recentemente surgidos,
cemos e que, à partida, temos justificada na aquisição de conhecimento dos pro- Perante isto, o acto de votar exige haverá alguns que reduzirão as despesas
impressão de que, em vez serem dedicados blemas nacionais, em qualquer parte do sentido de responsabilidade e o voto públicas hoje agravadas com benesses exa-
defensores das causas nacionais, para me- território. Nesse diálogo com os habi- deve ser dado a quem inspire confiança, geradas para ex-políticos, estabelecerão
lhoria da qualidade de vida dos cidadãos tantes, nas suas frequentes visitas de ob- o que não é o caso de uma lista de pessoas um tecto para a quantidade de sugadores
e para engrandecimento do património servação do País real, devem evitar pro- de quem nada se conhece a não ser que do dinheiro público e para certas benesses
nacional, em bens materiais e culturais, messas ilusórias e limitar-se à realidade são amigas do chefe do partido. Ora, que atingem valores chocantes quando
são eivados de objectivos muito pessoais possível e desejável. Perante casos reais, a vida nacional de quase meio século comparadas com salários de trabalhadores
de enriquecimento volumoso e rápido sem devem estimular e incentivar as pessoas mostra, sob muitos pontos de vista, que activos, mesmo em altos cargos da função
olharem a meios para os atingir. a analisar, com os amigos, as causas e foi indesejável e que é altura de evitar pública. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 17

Os juízes têm sindicatos, mas os militares e os polícias não podem ter… Opinião

Uma greve
politicamente incorrecta (3)
Agora reflicta-se nos milhões de euros
João José Brandão e inúmeros contratempos que a falta de
entendimento neste âmbito e a actuação
Ferreira do governo, primeiro por falta de presença
Oficial Piloto Aviador
e depois em demagogia e brutalidade de
actuação, já geraram. Não será isto uma

H
insanidade maior? Tudo porque uns se zan-
á, sem embargo, ainda muito mais garam e fazem birras e outros estão de olho
que dizer sobre todo o extenso âm- nos votos dos cidadãos que naturalmente
bito em que este “teatro” pode ser (?) não se importam de ser prejudicados
analisado. quando vão trabalhar, mas ficam danados
quando lhes tocam nas férias!
Por um lado, os motoristas pretendem
colocar o que ganham o mais dentro possível Com uma maior hipocrisia por fundo,
da legislação nacional, isto é, que aquilo que que é o Governo dar uma de autoridade,
ganham esteja englobado no vencimento quando pertencem ao grupo de forças
base – que é aquele que é sujeito a maiores políticas que mais fizeram para subverter
descontos e dá mais direitos na reforma e na qualquer conceito de autoridade, ordem,
baixa por doença – posição que parece não hierarquia, disciplina, etc., desde o fami-
ser valorizada pelo governo. É certo que os gerado 25/4/74, termos, aliás, colocados

DR
trabalhadores têm culpas no cartório, pois no índex do discurso político e dos livros
assim têm negociado até agora, sacrifican- Mas alguém pode – no tal Estado de Não é por acaso que o PM Costa fez, em da escola.
do o futuro aos ganhos imediatos, o que Direito democrático (torto e torcido) – recente entrevista ao ‘Expresso’, um forte
também convém às empresas. obrigar alguém a ir trabalhar? Também elogio ao PC (seus amigos de longa data No fundo, no fundo, ninguém está pre-
se obriga uma pessoa em greve de fome e “alma mater” do seu progenitor macho), ocupado com a justiça das coisas, mas em
A razão é simples e tremenda: empresas a comer? chamando-lhes credíveis e fiáveis… puxar a brasa à sua sardinha…
e trabalhadores (especialmente os por conta
de outrem) estão esmagados com impostos Os camionistas, como outros quaisquer Outro assunto que tem sido escamote- Como é que, também por exemplo, se
e por isso toda a gente faz o que pode por cidadãos, podem (e devem) ser punidos por ado é o papel das grandes empresas petro- pode harmonizar a chamada sociedade civil
lhes escapar. infringir a lei, mas não conheço nenhuma líferas neste contexto, restando saber que se a nível do Estado está tudo desarmoni-
pena, que obrigue a trabalhar, na hora. eventuais recados terão enviado ao governo zado, a começar nos seus grandes pilares
Nisto têm, afinal, andado de braço directa ou indirectamente, se é que algum. (cátedra, diplomacia, forças armadas, forças
dado… Mas mais vale tarde do que nunca. E que dizer do facto – também ele veicu- São conhecidos os lucros fabulosos que estas de segurança, magistratura) como o recente
E estranha-se mais uma vez que tal não seja lado pelos OCS – de as horas extraordinárias empresas têm na comercialização dos com- aumento (como é que se há-de qualificá-lo?)
apoiado por aqueles que passam a vida a serem afinal “ordinárias”, o que leva a que bustíveis (números de 2018 estimam receitas dos juízes, que chega a 700 euros a cabeça e
encher a boca com a palavra “trabalhadores”. seja corrente os motoristas (para ganharem de cinco mil milhões de euros à saída das fura o tecto salarial do Primeiro-Ministro –
Outro exercício de hipocrisia! mais uns trocos) e as empresas (para não refinarias; a receita fabulosa para o Estado, este sim um péssimo exemplo – sob ameaça
contratarem pessoal) trabalharem 15 horas em impostos, ronda os 5,7 mil milhões de de um sindicato que deveria ser ilegal existir
Não deixa de ser curioso, também, que por dia? euros) e ainda os lucros das gasolineiras cal- (estamos a falar de um órgão de soberania)
logo a seguir a esta greve ser suspensa, tenha culados em 700 milhões de euros, dos quais sendo este mais um exemplo ínvio do tor-
sido iniciada uma outra pelo pessoal da Então eles ganham subsídios por causa apenas uma muito pequena parte vai para tolho a que teimam apelidar de estado de
“Ryanair” baseado em Portugal. Pois não é da perigosidade do trabalho que fazem e as empresas de transportes de combustíveis. direito democrático!?
que o governo decretou serviços mínimos? tornam-se (e tornam-nos), eles próprios,
Mas à pala de quê, dadas as circunstâncias? uma “matéria perigosa”? Um “accident wai- Será por isso que a Associação Portu- Se os juízes têm sindicatos, porque é
ting to happen”!? guesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) que os militares e os polícias não podem
E sendo uma reivindicação dos grevistas também elogiou o Governo nas medidas ter? Ora digam lá!
que a empresa cumpra a legislação nacional, Ninguém deu conta disto até agora? que tomou?
não devia ter o governo como seu primeiro Nem o novo “ajudante de motorista” Mar- O senhor PR, em vez de enviar recados e
defensor? Ao que se sabe pela comunicação celo, quando na qualidade de PR foi dar uma Ou seja, os 200 euros de aumento salarial recadinhos, devia era tomar posições claras
social, a empresa enviou pessoal de outras volta com um condutor, por acaso um dos mensal que os motoristas (cerca de 700) sobre o que é importante em vez de andar a
bases a substituir os trabalhadores em greve, mais aguerridos na luta? pedem, escalonado por quatro anos (o que tirar “selfies” com um suposto habitante de
o que é considerado uma contraordenação dá cerca de 490 mil euros anuais) são uma um “bairro problemático” (preso na semana
muito grave, pela legislação nacional. Tal é Não há aqui uma outra grande dose de gota de água no meio deste oceano e a sua seguinte, já é azar…), num claro exercício de
aceitável? hipocrisia? contribuição para o preço final do litro do demagogia “populista” – como ele gosta de
combustível é negligenciável. chamar a outros –, desrespeito pela autoridade
Em que é que ficamos? Quantos pesos A greve, porém, morreu quando o Go- e pelas forças policiais e aparente rebaixa-
e medidas há? verno, com a ajuda da Intersindical (isto Não seria razoável dividir os custos da mento perante os poderes sitos em Luanda.
é, o PCP), fez um acordo separado com actualização salarial, entre as entidades ci-
E, voltando aos camionistas, como quali- os sindicatos de motoristas agrupados na tadas, dadas as fracas margens de lucro das Mas, para isso, como aliás previmos no
ficar – ainda segundo o relatado pelos OCS FECTRANS, o que levou os motoristas do empresas de transporte? primeiro artigo que escrevemos, após a sua
– a ida da GNR a casa de condutores para SNMMP a apelidarem-nos de “traidores”. tomada de posse faltam-lhe, provavelmente,
os obrigar a ir trabalhar? Eles lá saberão porquê. Mas seria um mau exemplo… uns dez centímetros. ■
18 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Cultura
CINEMA

Reinos
ção surge, ao invés, em forma de parábola.
Cena de “O Rei Leão” (1994) O reino da selva ocupa a função simbólica
do Paraíso, “locus” regido por regras divinas
e, neste sentido, resultado perfeito de uma
génese normativa perfeita. Mufasa é um
desposta iluminado que desconhece o erro
no governo das suas terras. Contudo, o seu
reino não se encontra a salvo da corrupção.
Como tal, o seu irmão, Scar apresenta-se
Pedro Jacob Morais como nova declinação antropomórfica da
figura da serpente. Por sua vez, Simba é o
objecto da tentação e, simultaneamente,

N
do livre-arbítrio. Ao desrespeitar o édito
a cena de abertura de “O Rei Leão” real de não se aproximar do cemitério dos
(1994), Mufasa, o velho monarca, elefantes, desestabiliza a normação perfeita
mostra ao herdeiro Simba uma do reino, destruindo-o.
planície que se estende na curva do hori-
zonte. Terras a perder de vista, um manto Após o cataclismo impeditivo da tradi-

DR
tépido de savana a dois dias de viagem em ção do poder, Simba vê-se expulso do reino
corrida de chita. Mufasa diz a Simba na parecenças com o paraíso original. O ciclo lopes, zebras e restante bicharada equestre e inicia uma travessia do deserto repleta de
sobranceria da colina que lhe serve de tro- da vida desenrola-se diante do especta- e bovídea? A resposta a esta questão não tentações e provações conaturais ao dester-
no: “tudo o que a luz toca é o nosso reino”. dor numa harmonia desenhada à mão e se apresenta fácil. Contudo, atendendo ao ro. Neste exílio será obrigado a crescer, a
Perante o espanto do pequeno leão, o velho Mufasa apresenta-se ao auditório infantil, substrato moralizante que perpassou gran- abandonar a ingenuidade infantil e a fazer-
rei continua: “o tempo de um rei eleva-se sem sombra de dúvida, como um monarca de parte da produção animada dos estúdios -se adulto num percurso de perfectibilidade
e desce como o Sol. Um dia, Simba, o Sol bondoso e sábio. Bem examinado, o velho da Walt Disney, parece que estamos perante e redenção. O regresso ao reino esconde um
encerrará o meu tempo e renascerá contigo leão parece o Rei-Filósofo. É ponderado, uma fábula que mimetiza ou que espelha transfundo de reparação, de reposição da
como o novo rei”. Semelhante cena encerra parece não errar e tem sempre uma tirada os jardins idílicos descritos no Livro do justiça exaurida, de restauração da norma
uma complexidade de difícil desimplicação existencial qualquer para lançar a quem o Genesis. quebrada. Mufasa era “dominus” e Simba
para as crianças, ainda que irradie uma interpele. Contudo, o público menos jovem, faz-se “dominus”, executor de uma justiça
certa aura solene a que os mais pequenos à medida que vai sendo apresentado àquele Parece haver uma coabitação pacífica natural que o precede.
não são indiferentes. esquisso colorido do paraíso perdido, vê-se entre os animais, uma coabitação contra-
assolado por uma dúvida difícil de reprimir. -instintiva, contranatura, se assim quiser- Esta é a interpretação moral de “O Rei
A savana do filme da Disney, pelo menos Mas afinal o que raio comem estes leões? mos, feita de uma cooperação inter-espécies Leão”. A interpretação política fica para a
até à trágica morte de Mufasa, apresenta Será que Mufasa e a sua corte caçam antí- difícil de explicar etologicamente. A explica- outra crónica... ■

Temporada de Música
em São Roque
A 31ª Temporada Música em São Ro-
que, que este ano se realizará entre
11 de Outubro e 10 de Novembro,
apresenta um programa diversificado e de
qualidade, em que se destaca o apoio à mú-
DR

Outono com Tertúlias


sica e aos músicos portugueses ou estabele-
cidos em Portugal.

DR
Aos já habituais espaços monumentais portugueses do século XVIII aos nossos dias.

de Cultura Portuguesa onde decorrem os concertos - como a Igreja


de São Roque ou o Convento de Santos-
-o-Novo, em Lisboa - soma-se, este ano, o
A 18 (21h), de novo em São Roque, o Coro
da Casa da Música apresenta as Vésperas de
Monteverdi. A 19 (16h30m), nos Cardaes, a

A
Convento dos Cardaes, à Rua de O Século, Orquestra Orbis toca Le miroir de Jésus, de
pós um breve interregno estival, as Rodrigo Sobral Cunha serão os oradores no ao Príncipe Real. Paralelamente, decorrerão André Caplet, sobre 15 pequenos poemas
Tertúlias de Cultura Portuguesa re- encontro deste Sábado, evocativo da vida e sessões de apreciação musical conduzidas de Henri Ghéon sobre os santos Mistérios
gressam amanhã, dia 28 de Setem- obra de Aarão de Lacerda, Lúcio Pinheiro pelo Maestre Martim Sousa Tavares, no Con- do Rosário. No dia 20 (16h30m), o Mosteiro
bro, pelas 14h30, ao Palacete dos Viscondes dos Santos e Sant’Anna Dionísio. Três per- vento de São Pedro de Alcântara, a partir de de Santos-o-Velho acolhe uma sinopse das
de Balsemão, no Porto. sonalidades maiores da cultura nacional, dia 24 de Setembro. práticas musicais lusitanas de Seiscentos e
destacadas em variadas áreas do conheci- inícios de Setecentos: do vilancico ibérico ao
Procurando revitalizar os conceitos de mento como a História de Arte, Simbólica, Filipe Carvalheiro assegura a direcção moteto da época joanina. No dia 23 (21h),
“ilustres portuenses”, cunhado por Sam- Antropologia, Filosofia, entre outras. artística desta 31ª Temporada. em São Roque, o Divino Sospiro apresenta
paio Bruno, bem como o de “escola por- ‘Passio Ibérica’, uma visão da piedade culta
tuense”, conforme lhe chamou Pinharanda No final desta sessão, Renato Epifânio, Alguns destaques da programação de e popular sobre o tema das Sete Palavras de
Gomes, estes encontros têm-se centrado, director da revista Nova Águia e presidente Outubro: Cristo na Cruz e do Stabat Mater, na tradição
ao longo de 2019, em algumas das prin- do MIL - Movimento Internacional Lusó- Em 11 de Outubro, às 21h, na Igreja de ibérica do século XVIII. E a 25 (21h), nos
cipais figuras da I Faculdade de Letras da fono, apresentará o seu mais recente livro, São Roque, o Coro Gulbenkian cantará a Cardaes, as Vozes Alfonsinas interpretam
Universidade do Porto, cujo centenário intitulado “A Via Lusófona IV”. Petite Messe Solennelle de Rossini. No dia cantigas medievais em Galego-Português.
fundacional é este ano celebrado. 13, às 16h30m, no Convento de São Pedro
A entrada é livre. ■ de Alcântara, a Camerata Atlântica interpre- Todas as récitas são antecedidas de visitas
O arquitecto Rui Lacerda e o ensaísta J. A. ta uma selecção de peças de compositores guiadas aos espaços históricos respectivos. ■
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 19

“Discursos e Notas Políticas” de Salazar disponíveis num único volume Cultura

Uma reedição histórica


ALEXANDRE DE SOUSA os dados, as hipóteses, as críticas, as conclu- blicidade, 1933) e, por
sões; os discursos de Salazar como que têm último, alguns volumes

A
vida.” (In “Reflexões sobre os ‘Discursos’ intitulados “Inéditos e
inda há quatro anos, para ter acesso de Salazar” Vol. I, Edição da Comunidade Dispersos” (Bertrand
aos seis volumes dos “Discursos e Distrital de Coimbra, s. d., pp. 7, 9-10). E Editora), organizados
Notas Políticas” do ex-Presidente no jornal ‘Expresso’, de 22 de Abril de 1989, e prefaciados pelo
do Conselho, Dr. Oliveira Salazar, só ha- o antigo professor universitário oposicio- professor Manuel
via duas vias: ou a consulta nalguma das nista e estudioso da Literatura Portuguesa, Braga da Cruz, es-
poucas bibliotecas públicas que ainda con- António José Saraiva, reconhece: “Quem lê critos de juventude
servam as obras (digo “poucas”, pensando os seus ‘Discursos e Notas’ fica subjugado até ao ingresso para
ainda nos efeitos longínquos da aplicação pela limpidez e concisão do estilo, a mais o governo em 1928.
devastadora da infame circular 1/75 do perfeita e cativante prosa doutrinária que Esta é, pois, a obra
PREC de saneamento de livros das biblio- existe em língua portuguesa, atravessa- escrita (e nalguns
tecas públicas); ou a encomenda a alfarra- da por um ritmo afectivo poderoso. Por casos transcrita) do
bistas, aos poucos que tivessem as obras esse lado, a prosa de Salazar merece um Dr. Oliveira Salazar.
disponíveis para venda. lugar de relevo na História da Literatura
Portuguesa (e só considerações políticas Relativamente
A situação acima mudou. A nova edi- até agora a têm arredado do lugar que aos estudos, co-
ção, da Coimbra Editora, em novo formato, lhe compete). É uma prosa que guarda a mentários ou opi-
intitulada “Discursos e Notas Políticas / lucidez da grande prosa do século XVII, niões sobre toda a
1928 a 1966”, cuja primeira edição data já e donde é banida toda a nebulosidade, obra do ex-presi-
de Dezembro de 2015, reúne num só livro, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo dente do Conse-
de 1.140 páginas, com foto do Autor na o que frequentemente torna obscura ou lho (incluindo,
capa, os antigos seis volumes editados no despropositadamente ofuscante a prosa naturalmente,
tempo de Estado Novo, “sem quaisquer dos nossos doutrinadores” (In AAVV, “Sa- não somente a
revisões ortográficas para além de pontuais lazar sem Máscaras”, Lisboa, Editora Nova obra escrita como
correcções de evidentes erros tipográficos Arrancada, 1998, p. 11). a dimensão pes-
das publicações originais”, assinala a Nota soal, política,
do Editor, que acrescenta ainda: “Por es- Salazar, contudo, escreveu pouco, com- económica, di-
pecial autorização dos seus representantes, parativamente ao tempo no poder (à volta plomática, na-
insere-se, autonomamente no final desta de 40 anos). E além disso, reconhecia que cionalista, entre
obra, o último discurso conhecido do Au- não tinha vocação de orador ou escritor, outras), a biblio-
tor e nunca antes editado, proferido em só escrevendo no âmbito mais geral do grafia é imensa. Por isso é utilíssima a
30 de Novembro de 1967, por ocasião da dever ligado ao cargo que ocupou. Sendo assegurava-lhe ainda que a primeira versão consulta da obra “Salazar. Bibliografia
homenagem que nessa mesma data lhe foi assim, qual o segredo deste estilo límpido de qualquer escrito fosse praticamente a Passiva” (Lisboa, Editora ContraCor-
prestada pelos Municípios de Moçambique. e apuradíssimo da escrita de Salazar? Ele definitiva, restando apenas pequenas cor- rente, 2016), do Embaixador Fernando
Por último, no intuito de facilitar a pesqui- próprio no-lo disse, num texto intitulado recções. Esta disciplina na metodologia de Castro Brandão, insigne colaborador
sa de assuntos e de contribuir para uma “Para Servir de Prefácio”, datado de 17 de da escrita parece não estar alheia à antiga deste jornal. Trata-se de uma recolha bi-
melhor leitura e interpretação da obra na Fevereiro de 1935, e incluído no primeiro formação geral obtida no Seminário de bliográfica exaustiva do que se escreveu
sua globalidade, publica-se um ‘Índice de volume da antiga edição dos “Discursos” Viseu, logo a partir dos 11 anos de idade. até 2016 sobre a vida e obra do Dr. Sa-
nomes próprios, de frequência e de pala- (e naturalmente reproduzido na mais re- lazar (note-se que esta recolha, por ser
vras’, da autoria do Professor Doutor Telmo cente). Prezava a qualidade em detrimento Os temas incluídos nos “Discursos” são exaustiva, inclui também escritos críticos
Verdelho”. Este índice é, na verdade, muito da quantidade, dizendo: “Mas virá algum em geral conhecidos por quem se interessa e oposicionistas). À lista desta recolha
prático, uma vez que o número de ocor- mal ao mundo de se escrever menos, se pela obra do ex-presidente do Conselho, e teríamos hoje que acrescentar o excelente
rências vem assinalado entre parêntesis, e se escrever e sobretudo se se ler melhor?”. por quem se documenta seriamente acerca texto “O Estadista António de Oliveira
a localização tem como referência os seis Escolhia o processo mais económico nos da História de Portugal no século XX. Al- Salazar”, do tenente-coronel João José
volumes da edição original, indicando-se o “Discursos”, que sintetizou com a trilogia guns deles, recordemo-los, são: a Revolução Brandão Ferreira, também importante
número do volume e o número do discurso. sequencial “penso, escrevo e leio”. E, relati- Nacional, a Constituição de 1933, assun- colaborador deste jornal, texto aliás que
Sendo assim, este índice também serve vamente ao trabalho intelectual, observava tos militares, o Corporativismo, a União serviu de base a uma conferência pública
para quem tenha os antigos seis volumes. com acuidade: “A experiência levou-me a Nacional, a situação interna e o contexto do autor em 9 de Dezembro de 2017,
adoptar para o trabalho intelectual, como internacional daquele tempo, questões de no Salão Nobre da Sociedade Histórica
Ao ler os “Discursos”, é inevitável re- método de maior rendimento, o que força teoria política e, sobretudo a partir dos anos da Independência de Portugal (SHIP),
conhecer o estilo de prosa bem ordenado, à maior tensão de espírito no mais curto 60 do século passado, a dificílima questão organizada pela Associação de História
estruturado e claro. Uma das personalida- espaço de tempo. Duas horas de madura da Política Ultramarina e do Ultramar Por- do Estado Novo (ASHENO).
des ligadas ao Estado Novo, o engenheiro reflexão valem mais que um dia todo em tuguês frente à ONU.
Horácio de Moura, Presidente da União que a inteligência apenas aflora a superfície Em suma (e voltando ao ponto ini-
Católica de Industriais, por volta do ano de das coisas. Por outro lado, escrever antes Como também é sabido por quem cial e central): frente à raridade – ou pelo
1966, escreveu: “Os Discursos de Salazar de bem amadurecidas e bem dispostas as conhece minimamente os escritos do ex- menos à escassez – dos seis exemplares
são os documentos de mais transcendente ideias, antes de perfeitamente assente o -presidente do Conselho de Ministros, se da antiga edição dos “Discursos”, ganha
importância, de mais elevado conteúdo, de esquema em que se divide e subdivide a bem que os “Discursos” contenham a parte especial relevo esta nova edição num só
quantos se referem à vida nacional dos úl- matéria, se marcam as relações e depen- maior da sua obra escrita, o Dr. Oliveira volume, grosso e modernizado em termos
timos quarenta anos (…). As exposições de dências dos factos e se fixa toda a marcha Salazar deixou-nos ainda outros impor- gráficos, com um bom índice e ainda com
Salazar são sucintas e claríssimas, dizendo do pensamento, transforma-se necessa- tantes documentos, como sejam “Entrevis- um discurso até agora inédito. E tem outro
somente o que é necessário, dando às pala- riamente em perda de tempo, à procura tas 1960-1966” (Coimbra Editora, 1967); aspecto importante: um esforço editorial
vras o seu sentido exacto, tal como sempre da forma e a forma à procura da ideia, Christine Garnier, “Férias com Salazar” de recuperação da memória histórica e
fez nas suas lições magistrais. Ao ler os seus com modificações frequentes do texto, (Lisboa, Parceria António Maria Pereira, documental de um importante estadista,
discursos, o nosso espírito acompanha deslocações de trechos e ajustamentos difí- 1952); António Ferro, “Salazar – O Homem patriota e honesto, que dignificou a Nação
perfeitamente os raciocínios, distinguindo ceis”. A tensão do espírito em pouco tempo e a Obra” (Lisboa, Empresa Nacional de Pu- Portuguesa da qual fazemos parte. ■
20 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

COCKPIT
HYUNDAI Kauai EV 64kwh Premium

Prova de eficiência
A versão eléctrica do Kauai mantém a condução divertida
das restantes, acrescentando um lado prático e uma
autonomia que obrigou a concorrência a ir atrás.

N enhum construtor automóvel


pode dar-se ao luxo de fugir à
tendência do momento – SUV
compactos – e o Kauai, mesmo nas versões
Naturalmente, quando não se tenta tirar
partido do potencial do motor eléctrico,
com o equivalente a 204 cv de potência
(152 kW)…

DR
electrificadas, conserva as formas que tanto
têm contribuído para a subida da marca no O interior, convincente em termos de tes na parte central do tablier, na forma e agilidade urbana permitida pelo binário
mercado português e no ranking europeu. qualidade, é espaçoso, mas a bagageira no conteúdo da informação projectada prontamente disponível (395 Nm). De
reduz-se na versão eléctrica: 332 litros em digitalmente no ecrã digital situado atrás condução fácil e prática, mesmo para quem
Se esse é um argumento importante vez dos 361 litros das versões com motor do volante. nunca tenha conduzido um carro eléctrico,
para atrair, outros dois são definitivos para térmico. com excelente visibilidade para o exterior,
o sucesso desta versão: a condução muito Com tomadas frontais, o Kauai Electric parte do prazer reside na ausência de trans-
fácil e prática, e a autonomia proporcio- Mantendo disponível a tecnologia de vem equipado com cabo e adaptador para missão manual que tanto cansa em cidade.
nada pela versão à venda em Portugal. conectividade, entretenimento e um sem ligar a uma tomada normal, tendo um tem-
número de gadgets que os consumidores po estimado de 31 horas para uma carga Classe 1 e agora com sete anos de ga-
O Hyundai Kauai foi o primeiro, neste de hoje procuram, muitos dos quais con- completa da bateria de 64 kWh. Ligado rantia sem limite de quilómetros (8 anos
segmento, a assegurar a tranquilidade de trolados a partir do ecrã “flutuante” de a uma wallbox de 7,2kW, esse período ou 200 mil quilómetros para a bateria), o
poder circular mais de 400 km em modo oito polegadas, além da navegação, foram diminui para 9h35m mas, num posto de Kauai Electric parece ser até mais confortá-
100% eléctrico, apenas com uma carga de acrescentadas funcionalidades e informa- carregamento rápido de 100kW, o tempo vel do que as versões com motor térmico,
bateria. O facto de ter 64 KWh de capacida- ções relativas a consumos e autonomia, anunciado é de apenas 75 minutos, ou de provavelmente devido ao tipo de pneu
de é decisivo (como termo de comparação, à localização de postos de carregamento 54 minutos dos 0 aos 80% de carga. de que dispõe ou à circunstância de uma
o Leaf “normal” dispõe de 40 kWh), mas próximos, bem como à programação de distribuição de peso diferente ter exigido
é decisiva a notável capacidade de rege- tempos e limites de carregamento, por A atitude em estrada serve os propó- a revisão da suspensão.■
neração eléctrica que o Kauai consegue. exemplo. E há também pequenos reajus- sitos e, principalmente, tem uma notável www.cockpitautomovel.com

SUGESTÃO DE FIM-DE-SEMANA

esfinge n.453 - Cruzadas e Charadas


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Palavras Cruzadas Dez Charadas
1
Horizontais Verticais Aferéticas
2 1. Biscoito revestido de 1. Pira; Alpercata. 1 – COM CERTEZA que é VER-
calda de açúcar; Levan- 2. Tsé-Tsé; Humilhas. DADEIRO. 3, 2
3
tam as abas de. 3. Enlourecera. 2 – A TARAMELA DO MOINHO
4
2. Torna hábil; Saboeiro. 4. Venda; Aptidão. partiu-me a CABEÇA. 3, 2
3. Canto em coro; Gastar 5. Pinhas; Farpão.
DR

em bebidas. 6. Lutar; Ramalhete.


3 – O MEDO era próprio do
Évora
5
4. Formam em alas; 7. Ligam; Dama. CAIPIRA. 3, 2
6
Coaxara. 8. Livre; Contar. 4 – A MISERÁVEL não tinha
megalítica 7
5. Comer à pressa; Pessoa.
6. Vogas.
9. Emparceirara.
10. Digitais; Rezar.
COISA NENHUMA. 3, 2
5 – NÃO CANASDO andava o
P or ocasião das Jornadas Euro-
peias do Património 2019 (que
decorrem em Alcobaça nos dias 27
8

9
7. Sabor muito amargo;
Gasolina.
11. Amolgar; Lado. guardador do REBANHO.
3, 2
8. Sequiosa; Variedade de
e 28), a Câmara Municipal de Évora palmeira, do litoral. Metamorfoseadas por letras
promove este Domingo uma visita 10
9. Ficar apaixonado (por). 6 – De PÁDUA era a AVE GALI-
comentada ao Núcleo Interpreta- 10. Subjuga; Arma branca,
tivo do Megalitismo (Convento
11 NÁCEA.7 (7)
de lâmina curta, com 7 – O EDIFÍCIO GRANDIOSO
dos Remédios) seguida de visita a
algumas Paisagens megalíticas a dois gumes.
11. Preço mais baixo; Calor precisa de PROTECÇÃO.7 (5)
Oeste de Évora. A deslocação será 8 – A GRANDE MENTIRA é
através de boleias partilhadas. En- intenso (pl.).
contro no Convento dos Remédios própria do MADRAÇO. 5(1)
às 14h30m de Domingo, dia 29. Soluções Esfinge n. 452 9 – O CONDENADO A TRABA-
Passeio com duração aproximada LHOS FORÇADOS fugiu na
PALAVRAS CRUZADAS CHARADAS
de três horas e meia. Participação 1. Canailhas 2. Campsor 3. Campeado ENSEADA. 7(4)
1. Acabar; Ada. 2. Remate; Icem. 3. Acaramelado.
livre. Inscrições no Posto de Tu- 4. Er; Salemas. 5. P; Em; Rasais. 6. Rales; Morsa. 4. Lhano 5. Enfinta 6. Machuco 10 – A TRAPAÇA AO JOGO não é
rismo, na bela e histórica Praça 7. Aceres; Sa; R. 8. Cajitas; Do. 9. Amatalotara. 7. Macarrão 8. Maciço 9. Fofoca-
do Giraldo. ■ 10. Taro; Eteral. 11. Asa; Amarara. 10. Cabanas
COISA BOA. 5(1)
O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 21

Planeta tauromáquico

A centenária Praça Cartaz de toiros


Hoje CAMPO PEQUENO 21H45

Palha Blanco, em
João Moura Jr., João Ribeiro Telles e Francisco Palha. Forc. Lisboa (comemoração do 75º aniver-
sário). Gan. Pinto Barreiros
Hoje ELVAS 22H00
João Moura, Paulo Caetano, António Telles, Rui Salvador, Luís Rouxinol, Diego Ventura e Marcos

Vila Franca de Xira


Bastinhas. Forc. Évora e Ac. de Elvas. Gan. Varela Crujo, Herdeiros
28 Setembro Arena de ÉVORA 18H00
M. Telles Bastos, Salgueiro da Costa e Luís Rouxinol Jr. Forc. Santarém e Évora. Gan. Veiga Teixeira
28 Setembro CHAMUSCA 17H00
Rui Fernandes, João Telles e Miguel Moura. Forc. Am. da Chamusca. Gan. São Marcos
28 Setembro MONTIJO 17H30
Concurso de Ganadarias. Rui Salvador, Luís Rouxinol e Gilberto Filipe. Forc. T T Montijo, Am
Montijo e Selecção de Forcados
29 Setembro CORUCHE 17H00
Festival - António Telles, Luís Rouxinol, Gilberto Filipe, Telles Bastos, João Telles, Francisco
Palha, prt. António Telles filho e am. Tristão Telles Queiroz. Forc. Coruche, T T Terceirense e Ramo
Grande. Gan. diversas
05 Outubro ALENQUER 16H00
Corrida de Comemoração dos 75 anos do SAB. Rui Salvador, António Brito Paes, Paulo Jorge
Santos, Tiago Martins, Nelson Limas e prat. Manuel Oliveira. Forc. C T Alenquerense. Gan. Prudêncio
05 Outubro ALCÁCER DO SAL 17H00
Luís Rouxinol, João Telles, Duarte Pinto e prt. Francisco Núncio. Forc. Montemor (comemoração
DR

do 80º. aniversário). Gan. Jorge Mendes


05 Outubro Coliseu de REDONDO 18H00
JOAQUIM TAPADA Filipe Gonçalves, João Moura Caetano e Francisco Palha. Forc. Real Moura, Monforte e Redondo.
Crítico tauromáquico Gan. Canas Vigouroux
06 Outubro VILA FRANCA DE XIRA 17H00
Homenagem ao Matador José Júlio. Cav. Luís Rouxinol e Luís Rouxinol Jr. Forc. Vila Franca. Mat.
Nuno Casquinha e Manuel Dias Gomes. Gan. Palha

A
08 Outubro VILA FRANCA DE XIRA 22H00
muito aficionada Vila Este estabelecimento cedeu mais
António Telles, João Moura Jr e João Telles. Forc. Vila Franca. Gan. Passanha
Franca de Xira, terra-mãe tarde a praça à Santa Casa da Mi-
de distintos ganadeiros, sericórdia local, sua proprietária 10 Outubro CAMPO PEQUENO 21H45
prestigiados e valorosos tourei- ainda hoje. Corrida de Gala à Antiga Portuguesa. Rui Fernandes, João Moura Caetano, Ana Rita e Luís
ros e forcados, dispõe, há cerca Rouxinol Jr. Forc. Montemor e Ap. Chamusca. Gan. António R. Brito Paes
de 120 anos, de uma excelente O período das festividades
praça de toiros, construída em relativas à inauguração da nova
alvenaria e com capacidade para
cerca de 4.000 espectadores. Esta
praça durou alguns dias e o 30 de
Setembro de 1901, data em que se
Não se brinca com a Tauromaquia
praça substituiu outros recintos
que tinham existido na vila (hoje
realizou a corrida inaugural, foi
um importante acontecimento O Parlamento Europeu recusou nos primeiros dias de Setembro uma emenda contra os toiros,
apresentada por três eurodeputados animalistas, por maioria dos membros da Comissão de
Agricultura e Desenvolvimento Rural do PE /AGRI). A medida pretendia deixar de fora dos fundos
cidade), o último dos quais era taurino. Nessa corrida estiveram
uma praça grande, de madeira, presentes o Rei D. Carlos e a Fa- da PAC as ganadarias de bravo. Este pedido de opinião não tem valor vinculativo nem força jurídica
que havia sido reconstruída após mília Real, autoridades civis e mi- ou vínculo com os projectos do regulamento da PAC. Deste modo, uma vez mais a Comissão de
violento incêndio que quase a des- litares, além de grandes figuras do Agricultura deita por terra outra das iniciativas anti-taurinas, o que mostra uma posição do PE a
truiu em 1887. Até ao ano de 1900 meio tauromáquico, em que ob- favor da não discriminação das raças. ■
realizaram-se na nova praça ex- viamente sobressaía o respeitável
celentes espectáculos que faziam José Pereira Palha Blanco, entre
atrair a Vila Franca verdadeiras
multidões, não só da terra, mas
outras. Os mais de 4.000 espec-
tadores, que esgotaram a lotação,
Sociedade Moitense de Tauromaquia atribui os prémios
também dos concelhos vizinhos
onde existia já um acentuado in-
puderam apreciar e vibrar com
a actuação dos cavaleiros e ban- A SMT indicou os nomes dos Triunfadores da Feira da Moita 2019. Assim: Cavaleiro - João
Ribeiro Telles; Matador - António Ferrera; Forcado - Martim Cosme (Aposento da Moita);
Grupo - Grupo Forcados Amadores do Aposento da Moita; Bandarilheiro - Duarte Alegrete; Toiro
teresse pelas corridas de toiros e darilheiros na lide de toiros das
pelas esperas. No último ano do importantes ganadarias de Emílio - Ganadaria Ribeiro Telles. Os prémios serão entregues em data a anunciar. ■
século XIX, a praça foi demolida Infante da Câmara, Estêvão de
para dar lugar à praça de alvenaria, Oliveira e Palha Blanco.
que era um desejo dos aficiona-
dos de Vila Franca, e que hoje se A comemoração do Centená- O Fotógrafo Clemente Fernando foi colhido com gravidade
mantém como verdadeira guardiã
da afición ribatejana.
rio da Praça Palha Blanco foi um
grande acontecimento e coinci-
diu com o encerramento do IV
N a noite de 12 de Setembro, na corrida da Moita, na lide do último toiro, da ganadaria Prudêncio,
o toiro ao perseguir o cavalo saltou a trincheira de forma inesperada e caiu sobre o fotógrafo que
se encontrava no “callejón”. O popular e simpático Clemente sofreu um verdadeiro escalpe suturado
É uma construção bonita, Congresso Mundial de Cidades com trinta e cinco agrafos na cabeça e fracturou algumas vértebras, entre as quais três cervicais. Foi
alegre, castiça e senhorial que Taurinas, uma série de grandes sujeito a cirurgias e continua internado no Hospital de São José. Há um ditado muito antigo entre os
dignifica todos os que tiveram eventos que culminou num Ban- homens dos toiros: nunca se pode perder a cara do toiro. Infelizmente, confirmou-se o aforismo. ■
por missão erigir a Praça Palha quete realizado no bonito Palácio
Blanco, nome em homenagem ao do Sobralinho. Para este grandio-
prestigiado ganadeiro José Pereira so evento muito contribuiu a Câ-
Palha Blanco, um nome incontor- mara Municipal de Vila Franca Dr. Joaquim Grave colhido na sua Herdade da Galeana
nável na história da Tauromaquia,
o principal accionista da sociedade
que levou a cabo a sua construção
de Xira, na altura presidida por
Maria da Luz Rosinha. Foi mais
uma página de toiros vivida na
O prestigiado ganadeiro alentejano Dr. Joaquim Grave, responsável pela ganadaria Murteira Grave,
sofreu no dia 19 de Setembro uma colhida de um novilho-toiro da sua ganadaria quando estava
a proceder à colocação de fundas nos toiros (são defesas que se colocam nos cornos para que não
e que decidiu doar a praça ao Asilo simpática e atraente capital da os partam ou possam ferir os outros na manada). O Dr. Grave foi operado no Hospital de Évora,
Creche Afonso de Albuquerque. lezíria. ■ onde esteve em recuperação. ■
22 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Correio NA INTERNET
www.jornaldiabo.com

Pensar o futuro da organização criminal toma o


Seu lugar, não importa se de forma
descarada ou subtil»! E é isto que
tal está a ser transformado numa
gigantesca Sodoma, com a cumpli-
cidade de quem deveria conduzi-la

“P ara que o mal triunfe bas-


ta que os Homens de bem
nada façam” (Edmund Burke).
ção da dignidade humana através
da ideologia do género (condenada
pelos Papas João Paulo II, Bento
vem acontecendo!

Não vejo solução, até porque


para os caminhos de Deus! Qual
a atitude dos católicos e dos seus
«pastores»? Ainda vamos a tempo
ERC n.º 104 231
Fundadora
Segundo Mons. João Scognami- XVI e Francisco e pelos bispos por- um político normal que venha de inverter o caminho ou vamos Vera Lagoa
glio Clá, em “O inédito sobre os tugueses). O editor (americano) do propor um conjunto de reformas sofrer a ira de Deus? Rentes de
Directora
Evangelhos”, “sempre que os bons programa GPS, Fareed Zakaria, à sociedade portuguesa é trucida- Carvalho (agnóstico), no seu livro Cecília Alexandre
não entram pelas sendas da radica- afirmou que retroceder nas ques- do pela comunicação social. Santa «A Ira de Deus sobre a Europa», e
lidade (na defesa da Igreja Católica, tões do aborto e da ideologia do Faustina, no seu Diário, refere a Douglas Murray, em «A Estranha Antigos Directores
Vera Lagoa
de coisas sagradas ou de pessoas género seria um grande retrocesso vontade de Deus castigar severa- Morte da Europa», dão-nos uma José Esteves Pinto
inocentes), o mal leva a melhor”. civilizacional. Esta é a atitude ge- mente uma cidade polaca por nela ideia do que nos espera. Os cató- José António Barreiros
E ainda: “Em certas circunstâncias neralizada do politicamente cor- haver muitos abortos (supõe-se que licos têm obrigação de votar nos João Fernandes
Duarte Branquinho
a tibieza e a indiferença podem recto no Ocidente. Também em seria a sua capital, que mais tarde partidos que defendem os valores Miguel Mattos Chaves
constituir pecados maiores do que Portugal, onde Deus está excluído foi arrasada), mas adiou o castigo cristãos (ver Federação Portuguesa
o ódio”. Nós vemos como os ateís- na Educação, na Cultura, no espa- graças às suas orações (suponho pela Vida); a abstenção favorece os Texto
Afonso Almeida Brandão,
tas são radicais na defesa da morte ço público! Ora, segundo Bento que seja esta a actual situação de ateístas, inimigos de Cristo. ■ Aristóteles Drummond,
(aborto e eutanásia) e da destrui- XVI, «onde Deus é excluído, a lei Portugal...). Esta sociedade ociden- Cândido Morais Brandão Ferreira, Eduardo Brito
Coelho, Eurico Paes,
Fernando de Castro Brandão,

Isto é só mais um degrau...


Francisco Lopes Saraiva,
Francisco Moraes Sarmento,
Frederico Duarte Carvalho,
Henrique Pereira, Henrique
Silveira, Hugo Navarro, Isaías

P ortugal é provavelmente
um dos melhores exemplos
de imbecilidade alargada nesta
total e frontal é esta obsessão de
“martelar” as mentes indefesas
das nossas crianças logo a nível
falar, ou sequer compreender, o
alcance deste assunto - os pro-
fessores não devem esquivar-se a
de sexo quando atinge a ida-
de adulta. Então para quê esta
lufa-lufa de começar tão cedo a
Afonso, Joaquim Tapada,
José Almeida, José Figueiredo,
Manuel Cabral, Manuel Silveira
da Cunha, Marco António Baptista
‘guerra’ das teorias de género, da instrução primária. Digo isto responder; devem falar com natu- impingir estas teorias? Quase só Martins, Maria Costa, Marta Brito,
com certos grupos e tendências porque se fala sempre em “crian- ralidade, e incutir nos jovens, isso falta tornar-se uma nova discipli- Miguel Rebelo Pinto, Nuno Poças,
Paulo Ferrero, Paulo Costa Pereira,
a entrarem num fundamentalis- ças” - e não em jovens ou ado- sim, a tolerância e aceitação das na... Portanto, o que transparece Pedro Jacob Morais, Rogério
mo exacerbado que toca as raias lescentes. Por amor dos céus... diferenças (englobando as raciais, desta aberração toda é que isto é Lopes, Soares Martínez,
da esquizofrenia. Obviamente deixem as crianças ser crianças religiosas, culturais), bem como a só mais um degrau... com a fina- Vasco Callixto.
- como bons fundamentalistas todo o tempo que puderem! Se/ rejeição da violência dos ‘bullies’. lidade de começar, logo à partida, Fotografia
- tentam convencer toda a so- quando alguma criança fizer uma Ponto final. Além do mais, e tanto a formatar/manipular as novas António Luís Coelho,
ciedade de que eles é que estão (improvável) pergunta sobre o quanto julgo saber, a lei só prevê gerações. ■ Rui Coelho da Silva
certos. Mas o que merece repúdio tema - elas não estão nem aí para que um indivíduo possa mudar Teresa Silva-Gayo Grafismo
Ana Sofia Pinto
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O Diabo, 27 de Setembro de 2019 • 23

A Fechar

Memórias d’o Diabo 43 Portugal, um país


que não honra
a sua História
A Via Lusófona
RENATO EPIFÂNIO

S em surpresa, ficámos a saber (cf. Público, 10.09.2019)


que o outrora anunciado “Museu das Descobertas” não
terá verbas para ser concretizado: “os projectos ligados
aos Descobrimentos ficaram praticamente sem as verbas que
lhes estavam destinadas” (sic). Depois de todo o ruído que se
gerou em torno desse Museu, em que avultaram, na opinião
publicada, as vozes contra, esta era, com efeito, uma daquelas
notícias que já estava escrita “nas estrelas”.

Se há tema em que há um (quase) infinito desfasamento


entre a opinião publicada e a opinião pública, este é, decerto,
Cartoon de Augusto Cid publicado na edição de O DIABO de 6 de Agosto de 1985. ■ um dos maiores. Se houvesse uma qualquer forma de consulta
pública efectiva sobre a questão, não temos a menor dúvida de
que isso se tornaria evidente aos olhos de todos.

Será possível? Entretanto, a corrente que promove essa visão complexada


sobre a nossa História pode festejar: mais depressa se criará
um Museu da Escravatura do que um qualquer Museu das
Descobertas. Como se, realmente, a questão da Escravatura
para ser aquilo que o eleitorado quer que ele seja, desde fosse o alfa e o ómega de todo o processo da expansão marítima
que a mudança não implique posições muito extremadas. portuguesa. Como se, de facto, a Escravatura tivesse sido uma
MANUEL REZENDE Francisco Rodrigues dos Santos, o herói de todos os meus invenção dos portugueses. Nesta questão, como se sabe, os
amigos da JP, apareceu com uma conversa pretensiosamente factos nada importam – bastam (e sobram) os preconceitos.
académica e um discurso arrivista de comício. Ainda assim,
foi uma lufada de ar fresco ver alguém do CDS a declarar-se Parabéns, pois, às correntes mais radicais da “Gerigonça”,

N
abertamente de Direita. Monteiro e Rodrigues dos Santos que, pelo menos neste caso, conseguiram por inteiro sobrepor-
o passado dia 19 de Setembro realizou-se no Porto perderam muito tempo a tentar provar que o CDS sempre -se à visão à partida mais moderada do Partido Socialista
uma daquelas conferências que estão na moda em fora de direita, o que causou da parte de Nogueira Pinto e (que entretanto veio desmentir a notícia). E que ninguém, do
Portugal, em que as pessoas se sentam para ouvir Santana Lopes uma enxurrada muito boa de anedotas e outro lado do espectro político, ouse sequer balbuciar algum
outras pessoas de pé a autodefinir-se e a definirem os outros. outras piadas, sendo que no final ficamos todos convencidos protesto. Quando estiveram no Governo, também nada fizeram
É uma espécie de doença degenerativa nacional, própria de que, de facto, Monteiro e dos Santos acreditavam, de facto, para concretizar este projecto. Estão bem uns para os outros.
países que já estão tão derrotados moralmente que precisam, que o CDS sempre fora de direita. Foi dos momentos mais Seja por convicção ou por mero oportunismo, para a cultura
constantemente, de bússolas para saberem o que são, quem engraçados da noite. (que mais importa) nunca há verbas suficientes.
são e para onde vão. O título da conferência era algo do género
“Qual o futuro da direita?” ou “Que futuro para a direita?”, Sentados, à minha frente, estavam uns velhos que se Dir-se-á que esta é uma mera questão simbólica e que o
enfim, daquelas coisas que gostamos de discutir em público perguntavam, naquele ar meio paspalho, se alguma vez te- mais relevante para as pessoas em geral não passa, de todo, por
como se elas se resolvessem de rabo sentado na cadeira. É riam sido tão ingénuos, tão inocentes, tão entusiastas como aqui – como se antecipa pela projecção dos resultados das pró-
como aquelas conferências que nos perguntam se “Haverá Francisco Rodrigues dos Santos. Raios me partam se vou ximas Eleições Legislativas. Longe de nós desprezar as questões
um futuro para Portugal?” ou “O que é Ser Português?”. É um eu andar a defender um jotinha, mas a contar com o estado económicas – decerto, para as pessoas em geral o mais relevante
jogo perdido há muito tempo; a partir miserável da direita nos últimos 50 anos, é mesmo, compreensivelmente, o salário, a pensão, o subsí-
do momento em que a pergunta surge
como necessidade, é porque já não se "Ainda assim, foi eu diria que o Francisco já fez mais, pela
parte dele, que gerações inteiras que
dio, etc. Mas um país, para mais um país como Portugal, não
pode ser gerido como uma
pode fazer grande coisa. lhe antecederam. Pode ter um ânimo mera empresa. As questões

A conferência contou com bons


uma lufada de ar irritante e algo embaraçoso, mas isso
é comum a todos os jotinhas, faz parte
simbólicas e identitárias
não podem ser por inteiro
nomes, como Jaime Nogueira Pinto,
Manuel Monteiro, Santana Lopes e o
fresco ver alguém do estilo III República que assenta tão
bem a ele e a outros, como o espécime
irrelevantes. Mesmo com
as “contas (alegadamente)
líder da JP, Francisco Rodrigues dos
Santos. Nogueira Pinto permanece fiel do CDS a declarar- que aparece ao lado de Rui Rio nos car-
tazes eleitorais para o distrito do Porto.
certas”, um país que não
honra o seu passado não
é um país digno. ■
a si mesmo, como um legionário ro-
mano em vigília às portas de Pompeia. -se abertamente Fresquinhos como uma alface do Lidl.

Este legionário, contudo, não consegue Por fim, é mister agradecer à pla- Agenda MIL: 28 de Se-
disfarçar o enfado e o ridículo que este
circo de país lhe causa. Manuel Mon-
de Direita"... taforma Domínio Público por ter or-
ganizado a conferência, em óptimas
tembro, às 16h, no Palacete
dos Viscondes de Balsemão
teiro, sempre generoso na sua sabedoria, um exemplo de condições, na Fundação Cupertino Miranda, em Nevogilde. (Porto) e 1 de Outubro, às
bom professor, parece estar em metamorfose - no casulo A localização serviu para perpetuar a ideia de que ser de 18h, no Palácio da Inde-
universitário havia entrado um democrata liberal medroso direita é coisa de beto, o que não me agrada muito, mas não pendência (Lisboa): Apre-
e agora desponta um conservador mais desbocado. Santana é todos os dias que se estaciona o carro entre um Jaguar e sentação da Obra “A Via
Lopes continua igual a si mesmo, ou seja, está preparado um Porsche e isso é sempre valioso. ■ Lusófona IV”.
24 • O Diabo, 27 de Setembro de 2019

Alberto João Jardim, que muitos já davam como O socialista Artur Neves, que se demitiu

Céu
“politicamente enterrado”, voltou ao palco princi- da Secretaria de Estado da Protecção Civil,
pal da política para mostrar como se faz. Entrou não é apenas responsável pelo infame “caso
na fase final da campanha eleitoral na Madeira, puxando das golas anti-fumo” que afinal eram inflamáveis: foi
&Inferno os resultados para cima quando se corria o risco de um
desastre, e provou mais uma vez que, em política, a fé
remove montanhas.
constituído arguido num processo de corrupção e a
polícia investiga as ligações do seu filho a contratos
fraudulentos de mais de três milhões de euros.

Instantâneo
Cumplicidade antiga
O encontro do PR Marcelo Rebelo de Sousa com o
secretário-geral António Guterres, esta semana, em
Nova Iorque, à margem da 74ª Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas, é o corolário lógico
dos percursos paralelos destes dois velhos “católicos
progressistas”. A sua cumplicidade vem de longe, dos
tempos da juventude, quando os seus sonhos de poder
não passavam ainda de esperanças – António Guterres
como jovem funcionário da Presidência do Conselho
de Ministros da “ditadura” e Rebelo de Sousa como

Presidência da República
promissor filho de um dos mais influentes ministros
do Governo “fascista” e protegido de Marcello Caetano.
Muito caminho fizeram desde então…

A Frase
“Caso António Costa não consiga a maioria absoluta,
o PAN será o aliado mais confortável para o PS” 5ª Coluna
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda
Profanação
Logo que tomou posse do
Governo de Espanha, há
• Escalpe • Arrufos • Papagaio • Simpatia um ano, o socialista Pedro
Sánchez iniciou o processo
O desastre anunciado do CDS- A comunicação social do sistema Marcelo Rebelo de Sousa desmen- A simpática revista alemã ‘Der legal com vista à exumação
-PP nas próximas legislativas (a encheu páginas e páginas de jor- tiu categoricamente que tenha tido Spiegel’ publicou esta semana um dos restos mortais do Gene-
acreditar nas sondagens, que pre- nal e horas e horas de televisão conhecimento da tramóia da si- simpático artigo sobre o “simpá- ralíssimo Francisco Franco
vêem uma redução abrupta do a esmiuçar os mais pequenos mulada “devolução” das armas de tico Herr Costa”, esse “socialista da capela do Valle de los Ca-
partido ao banco de trás do táxi) detalhes da pseudo-zanga de Tancos. “Nem através do Governo, confiável” cuja simpatia tão útil ídos. Pretendia, obviamente,
deixou a presidente Assunção Catarina Martins com António nem através de ninguém no par- tem sido à simpática Frau Merkel. achincalhar a memória do
Cristas sob intensa pressão da Costa a propósito do processo lamento, nem através das chefias Sempre segundo a ‘Spiegel’, a sim- estadista de Direita e abrir
Direita. O antigo líder Manuel de formação da ‘geringonça’, das militares, nem através de quais- pática simpatia de Costa faz dele caminho ao aviltamento (ou
Monteiro viu aceite (pela sec- hipotéticas “divergências” em quer entidades de investigação cri- um político que “parece estar desmantelamento) de todo o
ção da Póvoa do Varzim, e por matéria laboral, da política so- minal, civil ou militar, nem através sempre de bom humor” nos seus complexo funerário do Val-
unanimidade) o seu pedido de cial e das relações supostamente de elementos da minha equipa, da simpáticos contactos com o sim- le, erguido em homenagem
reintegração no partido, um ges- “conflituosas” entre os pequenos Casa Civil ou da Casa Militar, nem pático eleitorado. Não se entende aos nacionalistas que perde-
to que o “núcleo duro” de Cristas partidos da extrema-esquerda que através de terceiros”, enfatizou, ao bem por que razão a simpática ram a vida na guerra civil
atribuiu ao desejo de Monteiro apoiam o actual Governo. É, sem mesmo tempo que era revelado revista (que desde há um ano tem contra os “Rojos”. O Tribu-
de “criar ruído”. Enquanto isso, dúvida, uma maneira expedita de que o chefe da Casa Militar de Be- as simpáticas tiragens em queda nal Supremo espanhol aca-
o ex-PSD André Ventura, agora manter o povo anestesiado e en- lém, entretanto afastado, “sabia de depois de ter cometido graves ba de pronunciar-se a favor
líder do ‘Chega’, tenta roubar vo- cobrir, com um véu de meias-ver- tudo”. O que Marcelo ainda não fraudes jornalísticas por simpatia) da exumação, que Sánchez
tos ao CDS declarando que este dades, a grande verdade: este PS desmentiu foi a presunção de que simpatiza tanto com o simpáti- quer agora apressar para não
“está em desagregação total”, “não de Costa e os seus ‘compagnons’ era a si que se referia o major Vas- co socialista, a ponto de chamar correr o risco de um Go-
tem hipótese” e “terá de fechar a esquerdóides não divergem em co Brazão, ex-porta-voz da PJM e “aldeia de Asterix” ao Portugal verno menos “rojo” vir no
porta” e “reorganizar-se numa nada do que é essencial – apenas arguido no caso, quando (numa de Costa – sem especificar se o futuro a anular a diligência.
nova liderança”. Quanto a Cristas fingem um arrufo para melhor conversa escutada pela polícia) se simpático líder do PS faz o papel Neste seu afã profanador, o
– diz – não deverá “passar [como poderem continuar a enganar os referia a um certo “papagaio-mor do simpático Obelix comilão ou jovem Sánchez não se aper-
líder] do dia 6 de Outubro”... respectivos eleitorados. do reino”… do simpático bardo desafinado. cebe, talvez, de que remexer
na História comporta vários
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PÁGINA 5

Nada volta

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