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00592014 3339
artigo article
e fatores associados em adolescentes
Abstract The objective of this study was to identify Resumo O objetivo deste estudo foi identificar a
the prevalence of perceived barriers to leisure-time prevalência das barreiras percebidas à prática de
physical activity in teenagers and to examine the atividade física no lazer de adolescentes, bem como
possible association of these barriers with lei- analisar a possível associação das mesmas com a
sure-time physical inactivity. This cross-sectional inatividade física no lazer. Este estudo transversal
study was conducted in 2011 and a representative foi conduzido em 2011 e selecionou, por meio de
sample of 1,409 high school students from public múltiplos estágios, uma amostra representativa de
schools in the city of Londrina/Paraná was selected 1.409 estudantes do ensino médio de escolas públi-
through multistage sampling. For data collection, cas do município de Londrina/PR. Os adolescentes
the adolescents completed a questionnaire. The re- responderam um questionário para coleta de da-
lationship between leisure-time physical inactivity dos. A relação entre inatividade física no lazer (<
(<300 minutes/week) and perceived barriers was 300 minutos/semana) e barreiras percebidas foi
analyzed by calculating the prevalence ratio (PR) analisada mediante o cálculo da razão de preva-
in Poisson regression models. “Lack of friends com- lência (RP) em modelos de regressão de Poisson.
pany” was the most prevalent barrier for both girls “Falta de companhia” foi a barreira mais pre-
(75.8%) and boys (58.7%). “Feel lazy” for girls valente para moças (75,8%) e rapazes (58,7%).
(PR: 1.21; CI 95%: 1.08 to 1.36) and “prefer to “Preguiça” para as moças (RP: 1,21; IC95%:
do other things” for the boys (PR: 1.48; CI 95%: 1,08-1,36) e “preferência por outras atividades”
1.01 to 2.15) were the barriers most strongly as- para os rapazes (RP: 1,48; IC95%: 1,01-2,15),
sociated with leisure-time physical inactivity. For foram as barreiras mais fortemente associadas à
both genders, a strong dose-response relationship inatividade física no lazer. Para ambos os gêneros,
was observed between the number of perceived foi observada forte relação de dose-resposta entre
barriers and leisure-time physical inactivity. The número de barreiras percebidas e inatividade físi-
1
Programa de Pós- perception of barriers was associated with a high- ca no lazer. A percepção de barreiras foi associada
Graduação em Saúde er prevalence of leisure-time physical inactivity in à maior prevalência de inatividade física no lazer
Coletiva, Universidade
adolescents and should therefore be considered in em adolescentes e deve, portanto, ser considerada
Estadual de Londrina
(UEL). Av. Robert Koch actions for promoting physical activity in this pop- em ações de promoção de atividade física nessa
60, Vila Operária. 86038- ulation. população.
350 Londrina PR Brasil.
Key words Motor activity, Adolescent health, Risk Palavras-chave Atividade motora, Saúde do
df.dias@yahoo.com.br
2
Departamento de factors adolescente, Fatores de risco
Educação Física, UEL.
3340
Dias DF et al.
colas públicas de Londrina, Paraná. A aplicação é viamente elaborado, sendo construído um para
reaplicação do teste, e ocorreu em um intervalo rapazes e outro para moças. O primeiro nível de
de cinco dias. Os resultados da reprodutibilidade influência incluiu escolaridade do responsável,
referente às variáveis categóricas apresentaram faixa etária e cor de pele; o segundo nível incluiu
concordância, variando entre moderada e perfei- índice de massa corporal e turno de estudo; to-
ta, segundo o índice Kappa: falta de locais (0,94), das as barreiras percebidas foram abarcadas no
amigos moram longe (0,90), em casa ninguém faz terceiro nível. As variáveis somente entravam no
(0,88), preferência por outras atividades (0,81), nível seguinte quando tinham p ≤ 0,10 e, além
muitas tarefas (0,81), não conheço lugares (0,78), disso, uma vez atendido tal critério estatístico, a
preguiça (0,77), falta de companhia (0,75), falta variável foi mantida até o último modelo. Dessa
de tempo (0,69), clima (0,67), falta de motivação forma, o modelo final dos rapazes incluiu escola-
(0,64), não tem alguém para levar (0,56), inati- ridade do responsável e as barreiras: falta de lo-
vidade física no lazer (0,75), cor de pele (1,0) e cal, clima, preferência por outras atividades, pre-
escolaridade do responsável (1,0). Com relação guiça, falta de motivação e falta de companhia.
às variáveis numéricas, o Coeficiente de Correla- Já o modelo das moças incluiu escolaridade do
ção Intraclasse encontrou correlações adequadas: responsável, turno de estudo e as barreiras: não
estatura (0,97) e peso (0,99). conheço lugares, amigos moram longe, preferên-
cia por outras atividades, preguiça, falta de mo-
Coleta de dados e questões éticas tivação e muitas tarefas. O nível de significância
adotado para testar a associação entre inativida-
Um profissional de Educação Física, com ex- de física no lazer e barreiras percebidas foi de 5%.
periência em coleta de dados, aplicou o questio- Por conta do delineamento amostral complexo,
nário de maneira dirigida nas salas. A aplicação os comandos de survey (svy) do software Stata
do instrumento ocupou de 20 a 25 minutos da 9.0 foram empregados.
aula. Visando reduzir a quantidade de dados per-
didos por conta do preenchimento equivocado
por parte dos escolares (por exemplo, respostas Resultados
em branco ou questões com duas respostas assi-
naladas), após o término da aplicação o entrevis- Dentre as 60 turmas de ensino médio da rede
tador permanecia o restante da aula na sala con- pública de ensino visitadas, 1.476 estudantes fo-
ferindo as respostas, de modo que os estudantes ram convidados para a pesquisa. Sessenta e sete
que deixaram de responder ou responderam escolares se recusaram a participar do estudo e/
equivocadamente alguma questão eram convida- ou não apresentaram o termo de consentimento.
dos para fazer a correção. Assim, a amostra final foi composta por 1.409 su-
Todos os sujeitos apresentaram o termo de jeitos (taxa de perdas = 4,5%).
consentimento livre e esclarecido assinado pelo Dos 1.409 entrevistados, a maioria foi do
responsável ou pelo próprio estudante quando o gênero feminino (54,9%), a média de idade foi
mesmo possuía 18 anos ou mais de idade. Este de 16,1 ± 0,5 anos, para os rapazes, e 15,9 ± 0,4
estudo é parte de um projeto maior que foi apro- anos, para as moças; 63,4% dos rapazes e 68,9%
vado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolven- das moças estudavam no turno matutino, a
do seres humanos da Universidade Estadual de maior parte foi classificada como eutrófica (ra-
Londrina. pazes: 74,7%, moças: 86,2%); e 79,0% dos rapa-
zes e 80,3% das moças reportaram que o chefe
Tabulação e análise dos dados da família possuía escolaridade inferior a nível
superior completo. Com relação à atividade físi-
Os dados foram digitados usando o progra- ca, a proporção de moças que praticavam menos
ma Epi-Info. Para a análise descritiva foi usada a de 300 minutos de atividade física no lazer por
distribuição de frequências absoluta e relativa, ao semana foi superior a dos rapazes (80,8% contra
passo que para a análise bivariada utilizou-se o 48,9%; p < 0,001).
teste do qui-quadrado para a heterogeneidade ou A Tabela 1 apresenta a prevalência de todas as
tendência linear. As razões de prevalência bruta barreiras percebidas à pratica de atividade física
e multivariável foram obtidas mediante a regres- no lazer segundo o gênero. Exceto para “não co-
são de Poisson, com ajuste robusto de variância. nheço lugares” e “falta de tempo”, houve diferen-
Conforme sugerido pela literatura23, a análise ça estatisticamente significante na proporção de
multivariável seguiu um modelo conceitual pre- todas as barreiras percebidas entre moças e rapa-
3343
Tabela 1. Prevalência das barreiras percebidas à prática de atividade física no lazer de acordo com o gênero.
Londrina, PR, Brasil, 2011.
Barreiras % total % rapazes % moças p
Psicológica, cognitiva e emocional
Preferência por outras atividades 51,3 35,8 64,1 < 0,001
Preguiça 40,9 25,8 53,2 < 0,001
Falta de motivação 33,5 25,1 40,5 0,002
Organização Pessoal
Falta de tempo 46,5 43,7 48,8 0,10
Muitas tarefas 46,0 39,8 51,2 < 0,001
Social e cultural
Falta de companhia 68,1 58,7 75,8 < 0,001
Em casa ninguém faz 34,3 28,8 38,8 0,003
Amigos moram longe 29,3 24,3 33,3 0,003
Não tem alguém para levar 20,2 15,9 23,6 0,01
Ambiente físico
Clima 45,1 33,2 54,9 < 0,001
Falta de locais 39,8 33,5 45,0 0,01
Não conheço lugares 26,3 24,0 28,2 0,11
Tabela 2. Prevalência das barreiras percebidas à prática de atividade física no lazer, segundo faixa etária, estado
nutricional e escolaridade do responsável. Análise estratificada entre gênero masculino (Masc) e Feminino (Fem).
Londrina, PR, Brasil, 2011.
seis (Preferência por outras atividades, Pregui- rando os rapazes, observou-se, na análise bruta,
ça, Falta de motivação, Clima, Não tem alguém associação de todas as 12 barreiras com a inativi-
para levar e Falta de companhia) foram retiradas dade física no lazer. Após o ajuste, sete barreiras
unicamente da Tabela 2, por não apresentarem mantiveram-se associadas: preferência por ou-
associação significante com nenhuma das três tras atividades (RP = 1,48), preguiça (RP = 1,42),
variáveis independentes investigadas nessa tabela falta de locais (RP = 1,34), falta de motivação (RP
(Faixa etária, Estado nutricional e Escolaridade = 1,32), muitas tarefas (RP = 1,31), clima (RP =
do responsável). Nas moças, observou-se que a 1,31) e falta de tempo (RP = 1,26). Com relação
faixa etária foi associada às seguintes barreiras: às moças, oito barreiras apresentaram associação
“não conhecer lugares”, “amigos moram longe” na análise bruta. Após o ajuste, seis se mantive-
e “falta de tempo”. Em todos os casos, a maior ram associadas ao desfecho estudado: preguiça
prevalência destas barreiras foi observada entre (RP = 1,21), preferência por outras atividades
o grupo etário mais velho (18-19 anos). Já nos (RP = 1,16), não conheço lugares (RP = 1,14),
rapazes, apenas as barreiras “amigos moram lon- muitas tarefas (RP = 1,12), falta de motivação
ge” e “falta de tempo” estiveram associadas à faixa (RP = 1,09) e amigos moram longe (RP = 1,07).
etária. No caso de “amigos moram longe”, o gru- No Gráfico 1 observa-se que a prevalência de
po da faixa etária intermediária (16-17 anos) foi inatividade física no lazer, em ambos os gêneros,
o com maior prevalência dessa barreira. Já a bar- apresentou relação positiva com o número de
reira “falta de tempo” foi mais prevalente entre os barreiras percebidas. A prevalência de inativida-
mais velhos (18-19 anos). Com relação ao estado de física no lazer entre os que perceberam seis ou
nutricional, nenhuma associação foi encontrada mais barreiras foi 7,83 e 6,53 vezes superior para
com as barreiras entre os rapazes. Entre as mo- rapazes e moças, respectivamente, quando com-
ças, a barreira “muitas tarefas” esteve associada, parados aos seus pares que não referiram nenhu-
sendo que a sua ocorrência foi superior nas es- ma barreira.
colares com excesso de peso. Quanto à escolari-
dade do responsável, observou-se associação em
ambos os gêneros nas variáveis “falta de locais” e Discussão
“em casa ninguém faz”. Nestes casos, adolescentes
cujos responsáveis tinham menor escolaridade Este estudo identificou elevada prevalência de
reportaram maior prevalência destas barreiras. barreiras à prática de atividade física no lazer
As Tabelas 3 e 4 apresentam as razões de pre- em uma amostra representativa de estudantes
valência, brutas e ajustadas, da inatividade física de ensino médio de escolas públicas, sendo “falta
no lazer de acordo com as barreiras percebidas, de companhia” e “não tem alguém para levar” as
respectivamente para rapazes e moças. Conside- barreiras com maior e menor prevalência, respec-
Tabela 3. Razões de prevalência, brutas e ajustadas, de inatividade física no lazer de acordo com as barreiras
percebidas entre os rapazes (n = 624). Londrina, PR, Brasil, 2011.
Bruta Ajustadaa
Barreira
RPb (IC95%)c p RP (IC95%) p
Preferência por outras atividades 2,06 (1,48-2,88) 0,003 1,48 (1,01-2,15) 0,05
Preguiça 2,11 (1,91-2,34) < 0,001 1,42 (1,01-1,98) 0,05
Falta de locais 1,63 (1,24-2,14) 0,01 1,34 (1,06-1,69) 0,02
Falta de motivação 1,93 (1,57-2,38) < 0,001 1,32 (1,02-1,72) 0,04
Muitas tarefas 1,55 (1,18-2,04) 0,01 1,31 (1,01-1,70) 0,05
Clima 1,54 (1,23-1,93) 0,004 1,31 (1,09-1,57) 0,01
Falta de tempo 1,43 (1,18-1,73) 0,01 1,26 (1,04-1,52) 0,03
Não tem alguém para levar 1,48 (1,08-2,01) 0,02 1,22 (0,94-1,58) 0,11
Amigos moram longe 1,46 (1,14-1,88) 0,01 1,14 (0,93-1,40) 0,15
Falta de companhia 1,39 (1,12-1,72) 0,01 1,11 (0,97-1,26) 0,09
Não conheço lugares 1,53 (1,17-2,01) 0,01 1,09 (0,89-1,35) 0,32
Em casa ninguém faz 1,53 (1,24-1,89) 0,003 0,99 (0,83-1,20) 0,95
a
Ajustada para escolaridade do responsável e barreiras. b RP = Razão de prevalência. c IC95% = Intervalo de confiança de 95%.
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Bruta Ajustadaa
Barreira
RPb (IC95%)c p RP (IC95%) p
Preguiça 1,30 (1,14-1,47) 0,003 1,21 (1,08-1,36) 0,01
Preferência por outras atividades 1,32 (1,19-1,46) 0,001 1,16 (1,06-1,27) 0,01
Não conheço lugares 1,13 (1,03-1,25) 0,02 1,14 (1,03-1,26) 0,02
Muitas tarefas 1,18 (1,05-1,32) 0,02 1,12 (1,02-1,24) 0,03
Falta de motivação 1,22 (1,12-1,33) 0,002 1,09 (1,00-1,19) 0,05
Amigos moram longe 1,10 (1,03-1,16) 0,01 1,07 (1,03-1,11) 0,01
Em casa ninguém faz 1,15 (1,09-1,22) 0,001 1,06 (0,99-1,13) 0,06
Falta de companhia 1,14 (1,02-1,28) 0,03 1,04 (0,94-1,15) 0,33
Falta de locais 1,07 (0,94-1,22) 0,22 1,03 (0,94-1,11) 0,48
Clima 1,07 (0,96-1,20) 0,17 1,00 (0,91-1,10) 0,95
Não tem alguém para levar 1,03 (0,90-1,19) 0,57 0,99 (0,84-1,16) 0,82
Falta de tempo 1,08 (0,96-1,22) 0,16 0,97 (0,89-1,06) 0,45
a
Ajustada para escolaridade do responsável, turno de estudo e barreiras. b RP = Razão de prevalência. c IC95% = Intervalo de
confiança de 95%.
100%
89%
896
82%
Percentagem de inatividade física no lazer
80% 77%
65%
75%
60% 69%
59%
Rapazes
40%
31% Moças
43%
26%
20%
21% 23%
11%
0%
0 1 2 3 4 5 ≥6
Número de barreiras percebidas
Gráfico 1. Prevalência de inatividade física no lazer segundo o número de barreiras percebidas (n = 1.409).
Londrina, PR, Brasil, 2011.
tivamente, para ambos os gêneros. Além disso, a das ao desfecho investigado em moças e rapazes.
não realização de 300 min/sem de atividade física Na comparação entre os gêneros, o resultado
no lazer esteve associada a barreiras percebidas deste trabalho está de acordo com a literatura16,19,
dos quatro domínios pesquisados, de modo que ao apontar que, de um modo geral, as barreiras
“preferência por outras atividades” e “preguiça” percebidas à prática de atividade física no lazer
foram as duas barreiras mais fortemente associa- são mais prevalentes entre as moças. Essa dife-
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Dias DF et al.
rença de percepção de barreiras entre os gêneros obstáculos para a prática de atividade física no
possui relevância prática por indicar que as ações lazer entre adolescentes. Considerando que esta
de promoção de atividade física no lazer para essa barreira apresentou associação positiva com fai-
população devem considerar que as meninas per- xa etária, é plausível supor que ela esteja relacio-
ceberão mais obstáculos (barreiras). Desse modo, nada com responsabilidades fora do horário es-
o desenvolvimento de estratégias diferenciadas colar, como: trabalho, cuidados despendidos com
entre os gêneros parece ser um caminho neces- atividades domésticas, preparação para a entrada
sário para que uma maior quantidade de ado- na universidade, e entrada no mercado de traba-
lescentes, sobretudo do gênero feminino, inicie a lho, dentre outras.
prática de atividade física em tal domínio. Ainda A “falta de local” foi inversamente associada
com relação à diferença na percepção de bar- com a escolaridade do responsável, indicando
reiras entre moças e rapazes, acredita-se que ela que os adolescentes de baixo nível socioeconômi-
possa ser produzida pela cultura e sociedade, que co podem apresentar mais dificuldade de prati-
criam sistemas simbólicos que naturalizam, des- car atividade física no período de lazer, por conta
de a infância, as atividades domésticas e o tem- da falta de espaços públicos adequados para este
peramento delicado como função e característica fim. Uma possível explicação para este achado é
feminina, enquanto que aos homens é atribuído a de que os jovens de família com maior poder
o papel de provedor da família e a personalidade aquisitivo, diante da insuficiência de locais públi-
agressiva24. Nesse sentido, políticas de igualdade cos, podem optar por espaços privados destina-
de gênero se fazem importantes. dos à prática esportiva/recreacional, ao passo que
Para ambos os gêneros a barreira mais repor- aqueles oriundos de famílias com menor renda
tada foi “falta de companhia”, resultado esse con- têm dificuldade para recorrer a esta segunda op-
dizente com a literatura. Uma investigação con- ção quando não possuem a primeira. Ademais,
duzida com adolescentes do município de Curi- os espaços públicos de maior porte tendem a
tiba, Paraná, apontou essa mesma barreira como estar localizados em regiões onde a população
a mais prevalente tanto para moças quanto para tem maior poder aquisitivo, o que pode inclu-
rapazes16. Além disso, este achado também está de sive indicar equidade inversa28,29. Ou seja, as po-
acordo com pesquisas qualitativas realizadas com líticas públicas, ao invés de focarem o princípio
adolescentes estadunidenses, nas quais os jovens da equidade e favorecerem as pessoas que mais
relataram que a opinião dos amigos possui influ- necessitam, acabam por privilegiar pessoas que
ência sobre a decisão de realizar atividade física teoricamente menos necessitariam dessas ações.
durante o lazer25,26. Dois aspectos merecem desta- Assim, este é um achado que merece atenção,
que neste resultado: o primeiro chama a atenção haja vista que a insuficiência de locais públicos
para a relevância do apoio social proveniente dos seguros, de qualidade e adequados à prática de
amigos sobre a prática de atividade física no lazer atividade física no lazer, pode estar contribuin-
nessa faixa etária. Esse aspecto parece ser justifi- do para o aumento das iniquidades em saúde na
cável, quando se considera que a adolescência é população investigada, por dificultar a prática de
uma fase na qual o jovem começa a ter alguma atividade física no lazer entre os jovens de menor
independência de sua família e passa a fortalecer nível socioeconômico. Adicionalmente, é impor-
o vínculo grupal com os amigos, de modo que a tante salientar que a acessibilidade a locais para
opinião dos integrantes desse novo grupo ganha prática de atividade física é reconhecida pela li-
relevância sobre as tomadas de decisões relacio- teratura com um importante facilitador deste
nadas a comportamentos de saúde27. O segundo comportamento29. Portanto, o fornecimento de
aspecto relevante sobre esse resultado é que ele um ambiente físico favorável para a prática de
indica que, na adolescência, as ações de promo- atividade física deve ser considerado para que o
ção de atividade física podem ser mais efetivas se enfrentamento das doenças crônicas não trans-
abordarem tanto o sujeito quanto a rede social missíveis seja mais efetivo.
em torno do mesmo. Independente do gênero e mesmo após a
“Falta de tempo” para prática de atividade fí- análise ajustada, as duas barreiras mais forte-
sica no lazer foi uma barreira reportada por qua- mente associadas à não realização de, ao menos,
se metade dos entrevistados de ambos os gêneros. 300 min/sem de atividade física no lazer foram
A sua elevada percepção entre adolescentes está “preferência por outras atividades” e “preguiça”.
de acordo com os resultados de pesquisas quan- Com relação à primeira barreira, é possível que
titativas12,16 e qualitativas25,26, nas quais a falta de a associação possa ser melhor explicada pelos re-
tempo foi apontada como um dos principais sultados de pesquisas qualitativas, as quais os en-
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Colaboradores
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