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Aula dois
Prof. Antonio Nóbrega
Olá, amigos.
Nossa aula de hoje tratará de temas muito relevantes e constantemente
cobrados em prova.
Inicialmente serão discutidos tópicos acerca do regime jurídico inaugurado
pelo Código de Defesa do Consumidor em relação aos contratos de consumo.
Merecem destaque, nesse ponto, o rol de cláusulas abusivas previsto no art. 51
da Lei nº 8.078/90 e as regras relativas aos contratos de adesão.
Em seguida, serão debatidas algumas regras referentes ao Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor, às sanções administrativas e aos crimes
contra as relações de consumo.
Vamos aos estudos!
AULA DOIS
1
Na mesma linha, o art. 423 do Código Civil determina que “nos contratos de adesão,
são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio”.
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disponibilize um telefone para que a compra possa ser feita imediatamente pelo
consumidor.
É comum, como forma de atrair o público-alvo, o anunciante afirmar que
“caso o consumidor não esteja satisfeito com o produto poderá, no prazo de
sete dias, devolver o bem e receber o dinheiro de volta.” Muitos consumidores
desavisados chegam a acreditar que se trata de um favor ou de uma benesse
concedida pelo fornecedor. Não é. Na realidade, trata-se apenas de se abrir ao
consumidor a possibilidade do exercício de um direito, conforme a letra do art.
49.
Na esteira daquele dispositivo, as vendas realizadas fora do
estabelecimento comercial - como aquelas que são feitas por meio de revistas,
correio, telefone, internet, ou quaisquer outros meios que impossibilitem o
consumidor de analisar adequadamente o produto que está adquirindo - estão
sujeitas a esta regra. Cria-se, tão somente, no cumprimento da lei, um prazo de
sete dias para reflexão, quando o consumidor poderá avaliar com mais
tranquilidade a conveniência do negócio que fora celebrado.
É imperativo destacar que a desistência não precisa estar justificada e não
há necessidade de que o produto adquirido apresente qualquer vício. Trata-se
de mera faculdade do consumidor, a qual não pode ser afastada por cláusula
contratual.
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2) Cláusulas abusivas
É intuitivo que deverá ser feita uma análise em cada caso para que se
verifique se o contexto fático amolda-se ou não ao conceito de “situação
justificável”. Pode-se vislumbrar, neste caso, uma hipótese na qual uma
microempresa consumidora aceite a inserção de cláusula contratual limitadora,
como contrapartida de um desconto em uma grande compra.
Tal previsão legal tem como objetivo impedir que o fornecedor venha a
transferir a terceiros, no todo ou em parte, sua responsabilidade pelos produtos
e serviços disponibilizados por ele no mercado de consumo.
O regime consumerista, nesse tipo de situação, busca garantir a efetiva
reparação dos danos suportados pelo consumidor, com a criação de um sistema
de regras e princípios que ampliam o leque de agentes que podem ser
responsabilizados – como exemplo destas regras, podemos citar o parágrafo
único do art. 7º e o art. 25 e seu parágrafo primeiro.
2
O STJ emitiu a súmula 302 que prevê que “é abusiva a cláusula contratual de plano de
saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
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Art. 333. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.
Neste tipo de negócio, é intuitivo que a instituição financeira irá atuar com
o objetivo principal de obter lucro no mercado, colocando os interesses do
consumidor em segundo plano, o que justifica a sanção prevista pelo regime
consumerista.
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3) Contratos de adesão
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Diante de tal elenco, infere-se que o legislador optou por criar um sistema
com capilaridade suficiente para abranger todo o território nacional. Neste
sentido, utiliza-se a autonomia política e administrativa dos Estados-Membros,
Distrito Federal e Municípios para permitir a criação de estruturas próprias e
independentes, mas que atuem de modo coordenado, na defesa dos interesses
dos consumidores.
seja, a finalidade primeira porque foi criado. Dentre os diversos órgãos que
indiretamente exercem atribuições de defesa do consumidor, podemos citar,
como exemplo, o Banco Central do Brasil, ao fixar tarifas e regular serviços; a
Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, ao baixar normas sobra as
condições e cláusulas obrigatórias dos seguros em geral (…).”
5) Sanções Administrativas
Sanções Pecuniárias
Gravidade da infração;
vantagem auferida;
4
José Cretella Jr..
5
João Batista de Almeida, Zelmo Denari.
6
Zelmo Denari, Codigo Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do
Anteprojeto.
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Sanções Objetivas
Sanções Subjetivas
Suspensão temporária
Reincidência na prática
Cassação
de infrações de
Interdição
maior gravidade
Intervenção administrativa
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Ressalte-se que há certa divergência na doutrina e na jurisprudência acerca da possibilidade
da pessoa jurídica responder por delitos penais. Todavia, deve-se mencionar que as penas
previstas no Título II do CDC adequam-se às pessoas físicas, ou seja, diretores,
administradores, representantes ou quaisquer outros que tenham contribuído para a prática do
crime.
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O art. 67, na esteira dos parágrafos primeiro e segundo do art. 37, dispõe
que é crime “fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser
enganosa ou abusiva”.
Na mesma direção, o art. 68 proíbe a conduta de “fazer ou promover
publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança”.
É oportuno notar que a parte final do parágrafo segundo do art. 37
(publicidade abusiva) apresenta redação semelhante ao texto do art. 68 acima
citado (“seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial
ou perigosa à sua saúde ou segurança”).
O art. 69 dispõe que é crime “deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
científicos que dão base à publicidade”.
Tal dispositivo legal tem como fundamento a regra estatuída no parágrafo
único do art. 36. Trata-se de delito omissivo, que é consumado no momento em
que o fornecedor deixar de organizar os dados que dão sustentação à
publicidade veiculada no mercado de consumo.
O último tipo penal previsto na Lei 8.078 é o do art. 74. De acordo com a
redação daquele dispositivo é crime “deixar de entregar ao consumidor o termo
de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu
conteúdo”
Recorde-se que, de acordo com a regra do art. 50 do CDC, a garantia
deve ser entregue por termo escrito ao consumidor. Trata-se de crime omissivo,
em que é necessário o dolo do fornecedor em deixar de entregar tal documento
ao consumidor.
Nossa aula de hoje versou sobre assuntos que demandam uma grande
atenção do candidato.
Como sugestão, recomendo que seja dada mais atenção à parte inicial,
que trata do regime legal dos contratos de consumo, tema constantemente
cobrado em provas.
Vamos aos exercícios.
7) Exercícios
a) apreensão do produto;
c) contrapropaganda;
e) intervenção administrativa.
a) multa;
b) cassação de licença;
d) apreensão do produto;
e) inutilização do produto.
10. (Antonio Nóbrega/Ponto dos Concursos - 2012) Qual das práticas abaixo
não constitui um ilícito criminal previsto no CDC:
a) Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição
usados, sem autorização do consumidor;
Gabarito
Questão 1 – A
Questão 2 - D
Questão 3 - D
Questão 4 - B
Questão 5 - D
Questão 6 - B
Questão 7 – C
Questão 8 - B
Questão 9 - E
Questão 10 – C
Comentários
Questão 1
A opção correta é a letra “a”, já que apresenta duas características dos
contratos de adesão, nos termos do art. 54 do Código de Defesa do consumidor.
As alternativas “b”e “c” estão incorretas, tendo em vista que a inserção de
cláusula não desfigura a natureza de contrato de adesão.
A opção “d” conflita com o parágrafo terceiro do art. 54, enquanto a
assertiva “e” está incorreta, considerando que as cláusulas limitadoras do direito
do consumidor são toleradas no ordenamento jurídico desde que sejam
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão (§4º).
Questão 2
A opção “d” não está de acordo com as regras do CDC. De fato, as
cláusulas abusivas são nulas de pleno direito, independentemente da extensão
de sua abusividade.
Questão 3
A assertiva “d” está incorreta, tendo em vista que a utilização da
arbitragem só é vedada se for imposta ao consumidor, conforme o inciso VII do
art. 51.
As opções “a”, “b”, “c” e “e” apresentam cláusulas abusivas, nos termos,
respectivamente, dos incisos III, IX, II e XVI, todos do art. 51 do CDC.
Questão 4
Como vimos, a nulidade de uma cláusula não necessariamente invalidade
todo o contrato (§2º do art. 51), o que indica a inexatidão da opção “b”.
A opção “a” está correta, tendo em vista que a regra da interpretação
mais favorável ao consumidor independe do contrato ser ou não de adesão,
conforme o art. 47 do CDC.
As alternativas “c”, “d” e “e” estão em harmonia, respectivamente, com o
arts. 50, 49 e parágrafo segundo do art. 52.
Questão 5
A opção “d” é a única alternativa correta, considerando o conteúdo
normativo do parágrafo terceiro do art. 53 do CDC.
A alternativa “a” está incorreta. De fato, nos contratos de adesão não há
participação do consumidor, conforme definição do art. 54.
A opção “b” está equivocada, pois menciona que a fonte não deve ser
superior a corpo doze, o que é conflitante com o parágrafo terceiro do art. 54.
As assertivas “c” e “e” apresentam texto contrário, respectivamente, aos
parágrafo segundo do art. 53 e ao caput daquele dispositivo.
Questão 6
A prisão administrativa do responsável (opção “b”) é a única sanção que
não está prevista no rol elencado no art. 56 da Lei nº 8.078/90.
Questão 7
O item I está errado, tendo em vista que não se harmoniza com a redação
do parágrafo único do art. 56 da Lei nº 8.078/90.
O item II está de acordo com o art. 58. Da mesma forma, o item III tem
redação idêntica ao parágrafo segundo do art. 59.
O item IV não é correto. O parágrafo terceiro do art. 59 exige o trânsito
em julgado da sentença para que a autoridade administrativa considere que há
reincidência.
Por fim, o item V apresenta a mesma redação que o parágrafo primeiro do
art. 59.
Questão 8
Dentre as penas previstas acima, somente a pena de cassação de licença
(alternativa “ b”) encontra-se prevista no caput do art. 59 do Código de Defesa
do Consumidor.
Questão 9
As alternativas “a” e “b” encontram-se previstas, respectivamente, na
alínea a, do inciso IV e no inciso I, todos do art. 74 do CDC. Do mesmo modo,
as assertivas “c” e “d” encontram-se positivadas no inciso II daquele mesmo
dispositivo.
A opção “e” é a única que não se encontra elencada no rol de
circunstâncias agravantes no art. 74 da Lei nº 8.078/90.
Questão 10
As práticas criminais previstas nas opções “a”, “b”, “d” e “e” estão
estatuídas, respectivamente, nos arts. 70, 67, 65 e 66.
Apesar de constituir uma prática não tolerada pelo ordenamento
consumerista, a inserção de cláusula abusiva em contrato de adesão,
aproveitando-se da vulnerabilidade do consumidor (assertiva “c”), não é
considerada uma prática criminal, de acordo com a Lei nº 8.078/90.
Bibliografia
ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 4 ed. ver. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2003.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10 ed. rev. e atual., São
Paulo: Saraiva, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 2º vol.: teoria geral das
obrigações. 18 ed. rev. e atual. de acordo com o novo Código Civil, São Paulo:
Saraiva, 2003.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, 27 ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2010.