Vous êtes sur la page 1sur 36

SOS

DISCIPLINA POSITIVA
NOVAS IDEIAS PARA ANTIGOS DESAFIOS
NA EDUCAÇÃO DOS SEUS FILHOS

JULIANA CIDADE CARDOSO


Introdução - p. 3

Conceitos - p. 4
Sumário

Ferramentas - p. 11

Crianças Pequenas - p. 23

As Temidas Birras - p. 29

Vamos Conversar? - p. 35

Autora e Referência - p. 36

2
     Olá! Seja muito bem­vindo a um mundo
em que é possível educar as crianças com
amor e empatia (sem palmadas, cantinho
do pensamento e outros castigos), no qual
tanto adultos quanto crianças só saem
ganhando.
Introdução

     Não é fórmula mágica, não é milagre e
também não é nem um pouco fácil. Mas é
sim possível educar com base no respeito e
na cooperação mútua. Tenho visto, na
minha prática profissional, lindos caminhos
para pais e filhos baseados na Disciplina
Positiva e garanto que é possível para você
também. Acredite!

     Nesse guia você vai conhecer alguns
dos conceitos que embasam a Disciplina
Positiva e também algumas de suas
principais ferramentas. Vem comigo que
vou te mostrar, nas próximas páginas, um
pouco desse mundo desafiador e
fantástico!

3
    Para começar, vamos entender um
pouco o que é a Disciplina Positiva. Pode
ser que você já conheça muito sobre ela,
pode ser que conheça só um pouco ou que
nunca tenha ouvido falar. Veja aqui alguns
conceitos básicos:
Conceitos

NEM AUTORITÁRIA, NEM
PERMISSIVA

GENTILEZA E FIRMEZA AO
MESMO TEMPO

ORDEM COM LIBERDADE

FOCO NA SOLUÇÃO DOS
PROBLEMAS

FOCO NO LONGO PRAZO

4
NEM AUTORITÁRIA, NEM
PERMISSIVA

     A proposta da Disciplina Positiva é ser um caminho do
meio na educação das crianças: nem uma educação rígida,
autoritária e punitiva, nem uma educação permissiva, na
qual a criança faz o que quer na hora que quer.

Filha, vamos criar juntos um A partir de hoje quero que
quadro de rotinas com as você vá para a cama às
atividades do seu dia para que 20h, entendido?
as coisas fluam melhor e mais
organizadas aqui em casa? Bom,
vamos colocar aqui que 20h é
hora de ir para a cama, certo?
Não? Você acha cedo? Bom,
21h eu acho muito tarde. Vamos
definir então 20h30, ok?

5
FIRMEZA E GENTILEZA AO
MESMO TEMPO

     Ser gentil e firme ao mesmo tempo significa que seremos
firmes estabelecendo os limites importantes e necessários,
de acordo com os nossos valores, mas faremos isso sempre
de maneira gentil.

Filho, eu sei que você Menino impossível, mimado,
gostaria muito de levar essas quer tudo que vê pela frente!
panelinhas para casa, mas Para de chorar agora se não
eu não tenho como comprar quiser levar uma palmada!
um presente para você hoje,
ok? Entendo que você esteja
muito bravo e chateado, eu
também sinto isso às vezes
quando quero muito uma
coisa, mas infelizmente hoje
não dá.
6
ORDEM COM LIBERDADE

     Entre deixar a criança fazer tudo o que ela quer e impor
de maneira rígida a ordem que desejamos, precisamos
buscar um caminho do meio. Mas como fazer isso?
Oferecendo escolhas limitadas, ou seja, definindo
previamente opções viáveis para que a criança faça a sua
escolha, dentro dos limites que demonstrem respeito por
todos.

Filha, você prefere jantar Vá fazer o dever de casa.
primeiro e depois fazer o Só vou colocar seu jantar
dever de casa ou vai fazer depois que o dever tiver
logo o dever e jantar depois? sido feito.

[Nota: Não fazer o dever de
casa não é uma escolha
nesse caso.]

7
FOCO NA SOLUÇÃO DOS
PROBLEMAS

     É claro que haverá problemas e grandes desafios nas
nossas jornadas como pais e mães. As crianças vão mexer
onde não devem, vão fazer birras, vão se opor aos nossos
pedidos, enfim, a gente sabe bem como a coisa funciona. A
ideia da Disciplina Positiva é pensar criativamente em
soluções para os problemas enfrentados em vez de punir a
criança.

Filho, já é a terceira vez que Já é a terceira vez que
você perde seu casaco do você perde seu casaco do
uniforme. Ele custa muito uniforme. Basta! Você
caro! Você tem alguma ideia ficará de castigo nas
do que podemos fazer para férias, não vamos mais
que isso não aconteça mais? fazer aquele passeio que
Talvez possamos deixar um você queria.
bilhete dentro do seu estojo
para que você se lembre de
guardá­lo na mochila antes
de sair da escola.
8
FOCO NO LONGO PRAZO

    A criança não nasce com as áreas racionais do cérebro
totalmente desenvolvidas, esse desenvolvimento vai
acontecendo ao longo da infância e da adolescência. É
possível “adestrar” uma criança com algumas ferramentas
de controle de comportamento, tais como palmadas e
castigos, mas essa criança não terá aprendido
verdadeiramente através de uma mensagem positiva, ela
apenas fará o que os pais desejam por medo de ser punida.

Filha, podemos pisar nesses Filha, já falei mais de mil
brinquedos espalhados e vezes, guarde seus
quebrá­los. Venha, vamos brinquedos agora. Não vai
guardar juntas essas peças guardar? Ok, já para o
de lego. Quantas será que cantinho do pensamento e
têm aqui? Vamos contando só saia daí quando eu
enquanto guardamos? mandar.

9
Quer s
aber m
sobre c ais
omo a
Discipl
ina
Positiv
a
funcio
Acesse na?
o link a
baixo.

https://www.youtube.com/watch?v=gEZZawZlJGQ

Disciplina Positiva: Entenda como


Funciona

10
    Que tal conhecer agora algumas
ferramentas práticas da Disciplina Positiva
que você pode começar a utilizar hoje
mesmo com os seus filhos? Experimente!
O resultado pode ser uma linda surpresa
Ferramentas

para você...

QUATRO PASSOS PARA
CONSEGUIR COLABORAÇÃO

TEMPO ESPECIAL

QUADROS DE ROTINA

11
REUNIÕES DE FAMÍLIA
Ferramentas

TRÊS "ERRES" PARA A
RECUPERAÇÃO DE ERROS

OUÇA MAIS E FALE MENOS

TEMPO POSITIVO

DECIDA O QUE VOCÊ VAI FAZER

12
QUATRO PASSOS PARA
CONSEGUIR COLABORAÇÃO

    1 – Ouça verdadeiramente a criança e a compreenda.
Mostre a ela que você compreendeu.

2 – Demonstre empatia. Isso não significa que você
concorda com as atitudes dela, mas sim que você consegue
se colocar em seu lugar e compreender seus sentimentos.

3 – Compartilhe seus sentimentos e percepções sobre
aquela situação específica.

4 – Convide a criança a pensar em uma solução para o
problema. Se ela não souber, ofereça soluções até que
vocês cheguem a um consenso.

13
TEMPO ESPECIAL

      Atualmente, a rotina das pessoas costuma ser bastante
corrida, são muitas tarefas para dar conta e o dia parece
muito curto. Nem sempre a gente tem tempo para dar aquela
atenção que nossos filhos desejam (e precisam). Aí entra o
tempo especial, que é uma ferramenta linda e muito curativa.
Você vai falar para o seu filho que você tem sim muitas
coisas para fazer, mas que gosta muito de brincar com ele e,
portanto, vai reservar um tempo especial só para vocês dois.
     O tempo você vai definir de acordo com as suas
possibilidades, pode ser meia hora por dia todos os dias ou
vinte minutos duas vezes por semana, enfim, o que
realmente couber na sua rotina e no seu coração. Quando o
tempo especial chegar, esqueça casa, trabalho, redes
sociais e entregue­se completamente ao seu filho. É ele
quem deve decidir a brincadeira, deixe que ele dê asas à
imaginação, você vai conhecer muito sobre seu filho dessa
forma lúdica.
     O tempo especial é curativo porque a criança entende
que é muito amada, apreciada e tem seu espaço garantido
na vida daquele adulto que é uma referência importante para
ela. Comece a fazer isso e você vai ver o vínculo entre vocês
se fortalecer, o que também ajuda muito a diminuir os
problemas de comportamento. 14
QUADROS DE ROTINA

      Crie quadros de rotina para a criança junto com ela. É
muito importante que as crianças entendam que elas
precisam fazer algumas atividades no dia a dia para que
tudo corra bem.
     Certamente você já tem uma rotina com seu filho, mas
colocar isso no papel junto com ele ajuda a entender os
pontos de conflito e se é possível melhorar de alguma forma.
Depois de criada a rotina, cole o papel na porta do quarto
dele ou em outro lugar de fácil acesso e deixe que a rotina
guie as atividades do dia.
     Caso ele relute em fazer alguma tarefa, você pode
gentilmente mostrar a rotina que vocês construíram juntos.

15
REUNIÕES DE FAMÍLIA

      As reuniões de família podem ser uma excelente forma
de aumentar a cooperação e a proximidade entre seus
membros. Uma vez por semana, em horário previamente
combinado, a família se reúne para falar sobre divisão de
tarefas, planejamento de atividades, planejamento dos
momentos de lazer e para conversar sobre questões
importantes para todos ou para qualquer um.
     As decisões sobre essas questões devem ser tomadas
em conjunto, a ideia é fazer um grande exercício de
encontrar soluções respeitosas para todos, até mesmo em
relação a assuntos polêmicos. A reunião de família deve
terminar com alguma atividade divertida, algo que todos
gostem de fazer e que possam fazer juntos, como jogar,
assistir a um filme ou tomar sorvete.

16
TRÊS "ERRES" PARA A
RECUPERAÇÃO DE ERROS

      Ensine ao seu filho sobre os 3 Rs da recuperação de
erros. Os erros fazem parte das nossas vidas. Eu erro, você
erra, nossos filhos erram.
     O erro pode ser visto como motivo para culpa e vergonha
ou como uma grande oportunidade de aprendizagem. A
Disciplina Positiva sugere trabalharmos com nossos filhos os
3 Rs da recuperação de erros. Quando erramos, o que
devemos fazer?

1. Reconhecer – entender que erramos e admitir o erro.

2. Reconciliar – pedir desculpas para buscar uma
reconciliação.

3. Resolver – trabalhar juntos em uma solução.

17
OUÇA MAIS E FALE MENOS

     Converse com seu filho ouvindo mais e falando menos.
Às vezes ficamos bravos com atitudes dos nossos filhos e
“damos sermão” ou fazemos perguntas desrespeitosas, tais
como: “Onde é que você estava com a cabeça para fazer
essa besteira?”. Bom... normalmente isso não resolve
nada.     
     A Disciplina Positiva sugere que a gente faça perguntas à
criança que a ajudem a explorar as consequências de suas
escolhas, como por exemplo: “O que você estava tentando
fazer?”, “Como você se sente sobre o que aconteceu”, “Você
tem ideia de como evitar esse tipo de situação no futuro?”.

?
18
TEMPO POSITIVO

     Ensine seu filho a dar um tempo positivo. Essa
ferramenta serve para que você possa ensinar a seu filho
uma habilidade que será importantíssima, principalmente no
futuro, em sua vida adulta: a capacidade de se acalmar
primeiro para depois tentar resolver um conflito. Brigas,
gritos e intolerância não costumam solucionar nada e muitas
vezes arruínam relacionamentos. Por que isso acontece?
Porque as palavras duras ferem, deixam cicatrizes e pioram
as coisas, ao contrário de resolver o problema.
     Então, você pode propor ao seu filho que ele crie para ele
um pequeno espaço prazeroso (você pode ajudá­lo, se ele
quiser) no qual ele possa se acalmar quando a coisa estiver
esquentando entre vocês ou que ele pense em atividades
que podem acalmá­lo, talvez um banho ou ouvir música.

19
    Você também pode dar um tempo positivo a si próprio.
Quando estiver muito estressado ou nervoso com a criança,
comunique a ela que você precisa se acalmar para que
possam depois conversar em busca de uma solução
respeitosa para todos e saia.
     Mas atenção: não é castigo, a lógica não é impositiva, a
ideia não é obrigar a criança a ir para um determinado local
ou fazer uma determinada atividade, isso seria uma punição.
A ideia é ensinar a criança a perceber seus sentimentos e
encontrar maneiras positivas de se acalmar para retornar a
um estado em que seja possível dialogar.
     Essa ferramenta é muito boa para ser utilizada com
pré­adolescentes.

20
DECIDA O QUE VOCÊ VAI FAZER

      Decida o que você vai fazer em vez de tentar obrigar a
criança a fazer o que você quer. Precisamos refletir sobre
alguns pontos aqui antes de avançar. É muito importante
entendermos que não podemos obrigar ninguém a nada,
nem mesmos os nossos filhos, a não ser através de
processos coercitivos.
     A ideia da Disciplina Positiva é criar um ambiente
positivo, baseado em compreensão e cooperação mútua.
Não tem como manter um ambiente assim se a gente força a
criança a fazer o que a gente quer, certo? O desafio é
conseguir a cooperação deles e o segredo para isso é
conexão, respeito e diálogo. 
     Vamos imaginar que você e sua filha decidiram juntas,
quando montaram o quadro da rotina, que você serviria o
café da manhã até às 8h30, pois você explicou que depois
disso precisa estar liberada para outras tarefas. Mas sua
filha não está cumprindo o combinado. Acorda tarde, demora
para se arrumar e você fica estressada chamando,
lembrando a ela o combinado, mostrando o quadro da rotina.
Caso você continue nesse processo pode acabar realmente
perdendo a paciência, gritando, ameaçando.

21
    A Disciplina Positiva sugere que você decida o que você
vai fazer quando esse tipo de situação voltar a acontecer.
Por exemplo: você pode decidir que vai cumprir firmemente o
combinado e não vai servir o café após às 8h30. Primeiro,
comunique isso claramente à sua filha, explique os motivos.
A partir do dia seguinte, aguente firme. Talvez ela acorde às
9h e venha pedir para que você prepare o café, mas você
não o fará, pois fazer isso seria desrespeitoso com você
mesma, certo?
     Em seu livro “Disciplina Positiva”, Jane Nelsen conta
sobre um dia em que deixou realmente um de seus filhos
sem café da manhã e sem comer nada até o almoço em uma
situação bem parecida com essa que relatei acima. Eu,
pessoalmente, acho que não deixaria um dos meus filhos
totalmente em jejum, mas poderia deixar de preparar o café
sim, deixando que ele pegasse somente uma fruta, por
exemplo (e já informando isso a ele previamente). Por isso,
não existe uma regra única de como se deve agir. O
importante é você decidir como você vai agir quando seu
filho deixar de cumprir um combinado ou regra
repetidamente, e você julgar que isso está sendo
desrespeitoso com você ou com outros membros da família.

22
Socorro!!
Meu filho é
pequeno, essas
ferramentas
não funcionam
com ele!

23
    Muitas das ferramentas da Disciplina Positiva exigem um
certo grau de amadurecimento por parte das crianças e por
isso funcionam melhor com as maiores, a partir dos quatro
anos aproximadamente.
     Mas e os pequeninos? O que fazemos com eles?
    Para crianças pequenas (até três ou quatro anos) existe
um esquema básico que costuma funcionar bem: supervisão,
distração e redirecionamento. Vamos analisar cada uma
dessas valiosas ferramentas:

SUPERVISÃO

DISTRAÇÃO

REDIRECIONAMENTO

24
SUPERVISÃO

      Crianças pequenas precisam de supervisão bem de
perto o tempo inteiro. Elas não entendem ainda a lógica
racional do nosso mundo adulto e querem/precisam explorar
o mundo a partir de seus próprios corpos e de suas
percepções.
     Normalmente elas não têm muita noção do perigo,
simplesmente estão ávidas para entender como funciona o
ambiente em que estão e as leis naturais do mundo. Então,
é preciso ter sempre um adulto por perto que possa evitar as
situações de perigo, situações de risco para elas próprias ou
para outras crianças que estejam no mesmo ambiente.

25
DISTRAÇÃO

      Acontece quando chamamos a criança pelo nome,
falamos algo, fazemos algum gesto ou a distraímos com
qualquer outra coisa para interromper uma ação perigosa ou
inadequada.
     Se estamos supervisionando de perto, podemos
conseguir evitar muitas situações ruins, como por exemplo
que ela morda, suba em uma mesa, abra um vidro de
remédios ou puxe o rabo de um gato.

26
REDIRECIONAMENTO

      Quando a criança pequena está tendo um
comportamento considerado inadequado, podemos
redirecioná­la para alguma outra atividade, que seja
permitida e divertida.
     Para uma criança pequena que encontrou um lápis e está
tentando rabiscar a parede, pode ser extremamente
frustrante sentir o lápis sendo arrancado de suas mãozinhas
enquanto uma voz ríspida diz: “Larga esse lápis, para de
aprontar e fica um pouco quieta”. É quase certo que a
explosão emocional virá em seguida.
     Mas se o cuidador está disponível e se envolve, pode
conduzir a criança a outras possibilidades de explorar o
contexto. “Venha, vamos pegar um papel ou uma cartolina
para fazer um lindo desenho com esse lápis que você
encontrou. Tenho outros lápis coloridos para te mostrar, veja
como existem lindas cores.”.

27
    Sim, é preciso ter paciência e uma boa dose de
disponibilidade. Educar não é fácil. Vale ressaltar que a
parceria entre os principais cuidadores das crianças, assim
como uma rede de apoio ajudam demais! Todos nós temos
dias em que estamos mais cansados ou chateados e,
naturalmente, menos disponíveis.
     E é muito bom quando nosso parceiro de vida percebe
isso e assume as crianças nesses momentos ou quando
temos outras pessoas da família ou amigos que possam
fazer isso. Ficar o tempo todo na linha de frente pode ser
realmente exaustivo. Até porque, não existe ferramenta no
mundo capaz de acabar de vez com as famigeradas birras
ou explosões de comportamento. Você pode até criar um
ambiente mais amigável para a criança e isso pode fazer
com que elas aconteçam com menor intensidade e menor
frequência, mas, sinceramente, sugiro que você desconfie de
promessas tais como “acabe com as birras em seis passos
simples”.
     Eu sei que isso pode parecer totalmente desanimador e
acho difícil escrever um e­book sobre educação de crianças
sem falar sobre birras. Então, vem comigo refletir um pouco
sobre as temidas explosões emocionais.

28
AS TEMIDAS BIRRAS

    Será que existe algum adulto no mundo que goste de
enfrentar uma birra de criança ou que se sinta confortável
com isso? Acho difícil que exista. Mas quando não sabemos
muito bem como lidar com elas a coisa fica muito mais
complicada, tanto para as crianças quanto para nós.
     Primeiro, é importante entender que as birras são
normais e fazem parte do processo de desenvolvimento da
criança. Muitas mães me procuram perguntando o que
podem fazer para eliminar as birras e eu sempre proponho
uma outra dinâmica: que a gente parta do princípio de que as
birras vão continuar acontecendo por um tempo e então
vamos trabalhar para fortalecer aquela mãe para lidar com
isso. Estou falando de mães, pois trabalho atendendo
principalmente mães aconselhando com base na Disciplina
Positiva, mas o mesmo serve para os pais, professores ou
qualquer outro cuidador.
     Mas por que conduzo a situação dessa maneira? Porque
existe uma necessidade por trás de todo comportamento. Se
uma criança está fazendo muitas birras, existe algo por trás
desse processo que não podemos ignorar.

29
    Quando o cuidador se fortalece e consegue lidar melhor
com esses momentos, a tendência é que as birras se tornem
menos intensas e menos frequentes, mas isso é uma
consequência e não uma imposição do adulto, do tipo: “Para
com esse escândalo senão eu te dou uma palmada”.
     Cada caso é um caso, cada pessoa é única e cada
família tem suas particularidades. Eu sempre tento entender
o contexto, o que está acontecendo no entorno dessa
criança que possa estar contribuindo para que as explosões
emocionais estejam assim tão fora de controle. Mas aqui vou
dar algumas dicas, em linhas gerais, de como podemos lidar
com o descontrole emocional de uma criança. Vou deixar um
passo a passo para plantar uma sementinha no seu coração,
mas sei perfeitamente (e é importante que você entenda isso
também) que cada caso é um caso e você precisa avaliar a
sua situação, testar e verificar o que faz sentido para você. É
a sua atuação que fará com que essa sementinha floresça.
    

30
    Vamos investigar um pouco por que as birras acontecem.
Pense nas suas experiências. Normalmente, a birra
acontece quando a criança é confrontada com um limite,
certo? A criança vê um chocolate, quer comer o chocolate, o
cuidador não deixa, ela se joga no chão e começa a berrar.
A criança quer um brinquedo, o cuidador não compra, ela
começa a berrar, chutar e bater. A criança quer ficar no
parquinho, o cuidador não deixa, ela começa a berrar e se
segura em algum brinquedo. Às vezes fazem escândalos tão
grandes em público que ficamos verdadeiramente
envergonhados, não é? Mas não precisamos nos sentir
assim. Afinal, nossos filhos só estão sendo o que são...
crianças.

     Vamos ver o que podemos fazer no momento das birras:

     1. Defina primeiro o que é possível flexibilizar e o que não
é possível. Mais dez minutos no parquinho pode? Comer
chocolate antes de uma refeição pode? Dormir mais tarde
eventualmente pode? Pense sobre como você quer educar
seu pequeno, pense no que é possível para você flexibilizar
e aquilo que não é, baseado nos seus valores e nos valores
da sua família.
 
    

31
    2. Combine antes com a sua criança os limites.
Comunique claramente.

     3. Quando for preciso colocar um limite, coloque tranquila
e gentilmente. Entenda que pode ser que seu filho se sinta
muito frustrado e exploda emocionalmente, mas isso é algo
normal, natural, não tenha medo de colocar os limites
necessários.

     4. Então, seu filho ficou muito frustrado e começou com
uma birra danada depois que você colocou aquele limite.
Está tudo bem. Você precisa confiar no processo, confiar
que está tudo bem, você é o adulto, você tem a maturidade
necessária para ensinar seu filho a lidar com seus
sentimentos da maneira mais positiva possível. Respire.

     5. Valide os sentimentos dele e, ao mesmo tempo,
mantenha o limite. Tente manter o seu equilíbrio.
 
    

32
     Exemplo de uma situação de explosão emocional:

     “Estou vendo que você ficou muito bravo, você queria
muito ficar mais no parquinho, você está chateado e com
raiva. Mas agora, realmente, precisamos ir embora.” Ele
bate, morde, chuta, você contém fisicamente, segura seu
filho. “Não, eu sei que você está muito bravo agora, mas
você não pode machucar as pessoas. Isso não está certo.
Eu não vou deixar você me machucar e nem machucar
ninguém.” Você oferece a ele alternativas de se expressar e
liberar a raiva. “Você não pode bater nas pessoas, mas pode
pular, correr, gastar energia, pode bater aqui nessa
almofada, pode jogar longe essas pecinhas de plástico,
depois eu te ajudo a guardar.”
     Esse processo vai durar um tempo. Pode ser que nada
do que você fale adiante; nesse caso permaneça em
silêncio, mas tentando manter a serenidade. Fique presente
para garantir a segurança física e emocional do seu filho
nesse momento. Tenha consciência de que o seu estado
emocional vai depender muito mais de como você encara a
situação do que com a situação em si. Você pode entrar em
desespero, deixar crescer a raiva ou você pode repetir
mentalmente “ok, lá vamos nós de novo. Ele precisa passar
por isso, é meu papel dar suporte e ser firme nesse
momento. Vai passar”. Controle a sua mente.

     33
    Acredite: essa fase vai passar e se você conseguir lidar
com as birras de uma maneira razoavelmente tranquila, seu
filho vai conseguir se estabilizar emocionalmente e o vínculo
entre vocês será fortalecido. Confie! Você pode e vai fazer
um bom trabalho!

     Muito importante: Seja empático com a criança, mas não
se esqueça de ser empático com você mesmo também!
Educar uma criança, seja com base em qualquer filosofia ou
metodologia, é um imenso desafio. Nem sempre estamos
bem, sem sempre conseguimos um super autocontrole, nem
sempre nos orgulhamos da forma como conduzimos uma
situação. Todos nós, adultos e crianças, estamos em
constante processo de construção. Reflita, aprenda com os
erros e recomece. Está tudo bem! 

     Confie no processo! Confie na sua capacidade de
amadurecer verdadeiramente a cada dia! Confie que você
pode e vai conduzir seus filhos de uma maneira respeitosa e
linda! Você é capaz!!

    

34
    Agora que você já conheceu um pouco mais sobre a
Disciplina Positiva, vamos conversar? Você pode me enviar
um e­mail para julianacidadecardoso@gmail.com me
contando o que você achou deste e­book. Esse conteúdo fez
sentido para você? Existe algum assunto sobre o qual você
gostaria de saber e que não abordei aqui?

     Eu tenho convicção de que minha missão de vida, meu
propósito no mundo é estudar, divulgar e trabalhar
produzindo conteúdo sobre educação sem violência, formas
positivas e inspiradoras de conduzir a educação de uma
criança.

     Se você se identifica com isso e deseja criar seu filho de
forma afetuosa, respeitosa, permitindo que ele tenha voz,
que ele se expresse e ensinando a ele as coisas mais
valiosas da vida (respeito, amizade, amor, não­violência...),
vem comigo! Vou adorar receber seu feedback! E desejo boa
sorte a você na sua jornada, na sua caminhada em direção à
maternidade/paternidade consciente. Juntos somos mais
fortes!!

     Com amor, Juliana.

    

35
     Juliana Cidade Cardoso é mãe de
dois meninos, psicopedagoga e
educadora parental certificada em
Disciplina Positiva pela Positive
Discipline Association. Trabalha com
aconselhamento parental, atendendo
pela internet mães, pais e outros
cuidadores. Ministra palestras e
workshops sobre Disciplina Positiva.

http://www.universodascriancas.com.br/

https://www.facebook.com/UniversoDasCriancas/

https://www.youtube.com/user/jucidade1

Referências Bibliográficas:

NELSEN, Jane. Disciplina positiva. 3. ed. Barueri,
SP: Manole, 2015.
Direitos Autorais reservados à Juliana Anhel Cidade Cardoso, autora da
publicação.
Diagramação: www.canva.com
2016
36

Vous aimerez peut-être aussi