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A CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE AO COMPANHEIRO(A)


SOBREVIVENTE DE RELAÇÃO HOMOAFETIVA

CONCESSION OF PENSION BY DEATH TO THE COMPANION (A) SURVIVOR OF


RELATIONSHIP HOMOAFETIVA

Débora Salvalagio.
Pós Graduanda no Curso de Direito Previdenciário
da rede de ensino LFG/Anhanguera.
Contato: deborasalvalagio@hotmail.com

RESUMO

O presente artigo versa sobre as constantes mudanças acerca do reconhecimento da


concessão do benefício de pensão por morte ao companheiro(a) sobreviviente de relação
homoafetiva, quando preenchido e comprovados os requisitos legais exigidos para a
concessão de pensão por exigidos pelo INSS e previstos na Lei nº 8.213/91. Assim sendo, o
companheiro sobrevivente de relação homoafetiva será considerado como dependente na
classe I do artigo 16 da Lei nº 8.213/91.

Palavras-Chave: Pensão por morte. Relação homoafetiva. Companheiro sobrevivente.

ABSTRACT

This article deals with the constant changes regarding the recognition of the granting of the
death benefit to the surviving companion of homoaffective relation, when filled and proved
the legal requirements required for the granting of the pension by demanded by the INSS
and foreseen in the Law No. 8,213 / 91. Thus, the surviving companion of homoaffective
relationship will be considered as dependent in class I of article 16 of Law nº 8.213 / 91.

Keywords: Pension by death. Homoaffective relation. Write a review.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho terá por finalidade demostrar a possibilidade da


concessão de benefício de pensão por morte ao companheiro(a) sobrevivente que
vivia em união estável homoafetiva.
Entretanto, a jurisprudência vem reconhecendo a relação homoafetiva como
vinculo de união estável. Esta união passou a ter seus diretos assegurados,
destacando-se o direito ao recebimento do benefício de pensão por morte ao
2

companheiro(a) sobrevivente desde que preencha os requisitos do artigo 16 e


seguintes da Lei nº Lei 8.213/91.
Para alcançar o desiderato científico proposto, será utilizada a metodologia
bibliográfica.
Assim sendo, o presente artigo será dividido em 3 capítulos. No primeiro
capítulo observará um breve relato sobre o conceito de pensão por morte.
O segundo cápitulo, uma análise acerca dos requisitos para a concessão da
pensão por morte ao companheiro(a) de relação homoafetiva.
E por fim, demostrar a possibilidade do direito ao benefício de pensão por
morte ao companheiro(a) sobrevivente de relação homoafetiva, sente este o objeto
deste trabalho científico.
O presente Trabalho se encerra com as considerações finais, nas quais
serão apresentados pontos essenciais destacados dos estudos e entendimentos
jurisprudênciais acerca do reconhecimento da relação homoafetiva, bem como do
direito a concessão ao recebimento do benefício de pensão por morte ao
companheiro(a) sobrevivente.

O CONCEITO DE PENSÃO POR MORTE

A pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do segurado,


homem ou mulher, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão expressa do
art. 201, V, da CRFB/88, regulamentada pelo artigo 74 da Lei n. 8.213/91. Trata-se
de prestação de pagamento continuado, substituidora da remuneração do segurado
falecido.1
Entretanto, este benefício previdenciário é concedido a todos os
dependentes, que a previdência assim considerar. Para que o indivíduo que contribui
tenha direito a esse benefício não é necessário ter nenhum número mínimo de
contribuição. E sim que a morte tenha ocorrido no período que o contibuinte matinha
a qualidade de segurado, caso contrário os dependentes poderiam perder o direito a
receber o benefício.
Para que haja o direito a pensão por morte, o falecido deve ter mantido a
qualidade de segurado na data do óbito. A qualidade de segurado do de cujus na
data referida deve ser comprovada. Portanto, se nessa ocasião, ocorreu a perda da

1 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 13. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. p.658
3

qualidade de segurado, não é devida a pensão por morte ao dependente, exceto se


o falecido havia implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria, ou se
por meio de parecer médico-pericial ficar reconhecida a existência de incapacidade
permanente do falecido, dentro do período de graça. 2
A Lei nº 8213/91 em seu artigo 16 estabelece a lista de dependentes que
fazem jus ao recebimento do benefício da pensão por morte, vejamos:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral da Previdência Social, na


condição de dependentes do segurado:
I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou
inválido;
II – os pais;
III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte
e um anos ou inválido.

A evolução na Previdência Social, ocorrida no ano de 2000, onde ficou


reconhecido o direito dos companheiros do mesmo sexo de união estável a
concessão de benefício de pensão por morte, frente a liminar concedida em Ação
Civil Pública na Justiça Federal no Rio Grande do Sul. Para tanto foi instituita a o
Portaria nº 513/2010, que assim considerou:

PORTARIA Nº 513, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2010


O MINISTRO DE ESTADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, no uso das
atribuições constantes do art. 87, parágrafo único, inciso II, da
Constituição, tendo em vista o PARECER nº
038/2009/DENOR/CGU/AGU, de 26 de abril de 2009, aprovado pelo
Despacho do Consultor-Geral da União nº 843/2010, de 12 de maio
de 2010, e pelo DESPACHO do Advogado-Geral da União, de 1º de
junho de 2010, nos autos do processo nº 00407.006409/2009-11,
resolve:
Art. 1º Estabelecer que, no âmbito do Regime Geral de Previdência
Social - RGPS, os dispositivos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
1991, que tratam de dependentes para fins previdenciários devem
ser interpretados de forma a abranger a união estável entre pessoas
do mesmo sexo.
Art. 2º O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS adotará as
providências necessárias ao cumprimento do disposto nesta portaria.
(grifei) 3

2 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 13. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. p.659
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>.Acesso em 21 de janeiro de
2019.
3 OLIVEIRA. Jaqueline R.dos Santos de. A união homoafetiva no direito previdenciário. Disponível
em:<https://www.lex.com.br/doutrina_27625247_a_uniao_homoafetiva_no_direito_previdenciario.asp
x. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
4

Nesse sentido, o benefício será concedido ao companheiro que sobreviver,


quando comprovada a união está vel, conforme disposto no artigo 25 da Instrução
Normativa INSS/ PR nº 45 de 2010, in verbis:

Art. 25 - Por força da decisão judicial proferida na Ação Civil Pública


nº 2000.71.00.009347-0, o companheiro ou a companheira do
mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS integra o rol dos
dependentes e, desde que comprovada à vida em comum, concorre,
para fins de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os
dependentes preferenciais de que trata o inciso I do art. 16 da Lei nº
8.213, de 1991, para óbito ou reclusão ocorridos a partir de 5 de abril
de 1991, conforme o disposto no art. 145 do mesmo diploma legal,
revogado pela MP nº 2.187-13, de 2001. (grifei) 4

DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA PENSÃO POR MORTE


AO COMPANHEIRO(A) DE RELAÇÃO HOMOAFETIVA

A pensão por morte é um direito garantido pela Constituição da Republica


Federativa do Brasil de 1988, ao companheiro ou companheira e seus dependentes,
vejamos:

Art. 201- CRFB/88-A previdência social será organizada sob a forma


de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
e atenderá, nos termos da lei, a:
[...]
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.5

E ainda, sobre o tema, o artigo 74 da Lei nº 8.213/91, ressaltando que a


pensão de morte é devida aos dependentes, a contar da data de:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer aposentado ou não, a contar
da data:
I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste;
I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no
inciso anterior;

4MARTINS. Cosma. C.B. A concessão da pensão por morte ao companheiro de relação


homoafetiva: a evolução no direito brasileiro. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/62051/a-
concessao-da-pensao-por-morte-ao-companheiro-de-relacao-homoafetiva-a-evolucao-no-direito-
brasileiro>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
5MARTINS. Cosma. C.B. A concessão da pensão por morte ao companheiro de relação
homoafetiva: a evolução no direito brasileiro. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/62051/a-
concessao-da-pensao-por-morte-ao-companheiro-de-relacao-homoafetiva-a-evolucao-no-direito-
brasileiro>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
5

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.6

A Previdência Social reconhece para fins de concessão de benefício


pensão por morte, as uniões reconhecidas e as não reconhecidas pelo Código
Civil Brasileiro. Neste sentido o dependente que provar ‘‘dependência
econômica’’ em relação aos seus companheiros, terá direito a pensão por
morte.

Sendo assim, apenas será necessário comprovar pra Previdência Social os


documentos para a inclusão do companheiro ou companheira como dependentes.
Para ter direito ao benefício da pensão por morte, basta comprovar a união
estável homoafetiva e preencher os requisitos dos artigos 1.723 e 1.724 do Código
Civil, a saber:
Art. 1723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família. 7
Art. 1724 - As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos
deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos
filhos.8
Ressalta-se que não pode ocorrer a perda da qualidade de segurado na
data do falecimento do companheiro, nos termos do artigo 102 da lei 8.213/91,
vejamos:

Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade


dos direitos inerentes a essa qualidade.
§ 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito
à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchida todos
os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes
requisitos foram atendidos.
§ 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do
segurado que falecer após a perda desta qualidade, nos termos do
art. 15 desta Lei, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção
da aposentadoria na forma do parágrafo anterior.9

6 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>.Acesso em 21 de janeiro de
2019.
7 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>.Acesso em 21 de janeiro de 2019.
8 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>.Acesso em 21 de janeiro de 2019.
9 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>.Acesso em 21 de janeiro de
2019.
6

Para tanto, para que seja concedido o benefício de pensão por morte ao
companheiro sobrevivente de relação homoafetiva é necessarios que preencham e
comrprovem os mesmos requisitos legais exigidos para a concessão de pensão por
exigidos pelo INSS e previstos na Lei nº 8.213/91.
É de suma importãncia, que seja comprovada a relação de companheirismo,
de forma estável e que tenham com objetivo principal de formar uma família, ou seja,
após cumprindo todos os requisitos previstos em lei, é concedido ao companheiro
sobrevivente o beneficio previdenciario.
Assim sendo, o companheiro sobrevivente de relação homoafetiva será
considerado como dependente na classe I do artigo 16 da Lei nº 8.213/91.
Já que perante a nossa CRFB/88 prevê a união estável entre sexos
diferentes e conforme amparados na Instrução Normativa INSS/ PR nº 25 de 2007,
que lhês assegura o direito de obter pensão por morte do companheiro participante
do Regime Geral da Previdência Social do Instituto Nacional do Seguro Social INSS,
conforme decisão proferida nos autos da Ação Civil nº 2000.71.00.009347-0, da 3ª
Vara Federal Previdenciária de Porto Alegre- RS. 10

O DIREITO AO BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE AO


COMPANHEIRO(A) SOBREVIVENTE DE RELAÇÃO HOMOAFETIVA

O art. 201, da CRFB/88, dispõe sobre a organização da previdência social,


sob a forma de regime geral e, em seu inciso V, estabelece que ela atenderá, nos
termos da lei a: “pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. 11
Em que pese a redação desse dispositivo, ter-se referido a “cônjuge ou
companheiro e dependentes”, tem-se que também se consideram dependentes,
perante a legislação de benefícios, aqueles que contraíram matrimônio ou vivem em
união estável com segurado ou segurada, de sexos opostos e, segundo
interpretação jurisprudencial, acolhida por norma interna do INSS, até com pessoa
do mesmo sexo. São os chamados dependentes presumidos. 12

10 MARTINS. Cosma. C.B. A concessão da pensão por morte ao companheiro de relação


homoafetiva: a evolução no direito brasileiro. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/62051/a-
concessao-da-pensao-por-morte-ao-companheiro-de-relacao-homoafetiva-a-evolucao-no-direito-
brasileiro>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
11 PINTO, Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Lívia.
Vade mecum. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p.63.
12 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário.
13. ed. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. p.212
7

Ademais, no ano de 2000 através da Instrução Normativa nº 25,


estabelece por força de decisão judicial da Juíza Simone Barbissan Fortes, da 3ª
Vara Previdenciária de Porto Alegre/RS, procedimentos a serem adotados para
a concessão de pensão por morte de companheiro ou companheira
homossexual.13
Esta Instrução nº 25, determina quais são os documentos
necessários para a comprovação da união estável e dependência
econômica de companheiro ou companheira homossexual:

- declaração de Imposto de Renda do segurado, em que conste o


interessado como seu dependente;
- disposições testamentárias; - declaração especial feita perante
tabelião (escritura pública declaratória de dependência
econômica);
- prova de mesmo domicílio; - prova de encargos domésticos
evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da
vida civil; - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
conta bancária conjunta; - registro em associação de classe, onde
conste o interessado como dependente do segurado;
- anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
- apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do
seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária;
- ficha de tratamento em instituição de assistência médica da qual
conste o segurado como responsável;
- escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome
do dependente;
- quaisquer outros documentos que possam levar à convicção do
fato a comprovar. 14
-
A Instrução Normativa 25/2000 foi substituída pela Instrução Normativa
50/2000, que por sua vez, foi revogada pela Instrução Normativa 57/2000, a qual
mantém os direitos já mencionados. 15
A pensão por morte ao companheiro de relacionamento homoafetivo, bem
como o direito de ser enquadrado no rol dos dependentes preferenciais do
segurado, no regime geral, e dos participantes, no regime complementar de
previdência, em igualdade de condições com todos os demais beneficiários em
situações análogas também já foi concedido em decisão do STJ. 16

13 AZEVEDO. Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato. 3.ed. São Paulo. Atlhas,2011. p. 489.
14 AZEVEDO. Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato. 3.ed. São Paulo. Atlhas,2011. p. 489.
15 CF DUBAL, Raquelli de Freitas. União Civil entre pessoas do mesmo sexo. 2004. 53 fls.
Monografia – Curso de Graduação em Direito da Universidade do Vale do Itajaí, São José
16 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. p.206.
8

Em acórdão proferido pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça


têm-se o reconhecimento dos relacionamentos homoafetivos:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO


POR MORTE. RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO.
POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
MINISTÉRIO PÚBLICO. PARTE LEGÍTIMA. (...) 3 - A pensão
por morte é : "o benefício previdenciário devido ao conjunto dos
dependentes do segurado falecido - a chamada família
previdenciária - no exercício de sua atividade ou não ( neste caso,
desde que mantida a qualidade de segurado), ou, ainda, quando
ele já se encontrava em percepção de aposentadoria. O benefício
é uma prestação previdenciária continuada, de caráter
substitutivo, destinado a suprir, ou pelo menos, a minimizar a falta
daqueles que proviam as necessidades econômicas dos
dependentes. " (Rocha, Daniel Machado da, Comentários à lei de
benefícios da previdência social/Daniel Machado da Rocha,
JoséPaulo Baltazar Júnior. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora: Esmafe, 2004. p.251). 4 - Em que pesem as
alegações do recorrente quanto à violação do art. 226, §3º, da
Constituição Federal, convém mencionar que a ofensa a artigo da
Constituição Federal não pode ser analisada por este Sodalício,
na medida em que tal mister é atribuição exclusiva do Pretório
Excelso. Somente por amor ao debate, porém, de tal preceito não
depende, obrigatoriamente, o desate da lide, eis que não diz
respeito ao âmbito previdenciário, inserindo-se no capítulo ‘Da
Família’. Face a essa visualização, a aplicação do direito à
espécie se fará à luz de diversos preceitos constitucionais, não
apenas do art. 226, §3º da Constituição Federal, levando a que,
em seguida, se possa aplicar o direito ao caso em análise. 5 -
Diante do § 3º do art. 16 da Lei n. 8.213/91, verifica-se que o que
o legislador pretendeu foi, em verdade, ali gizar o conceito de
entidade familiar, a partir do modelo da união estável, com vista
ao direito previdenciário, sem exclusão, porém, da relação
homoafetiva. 6- Por ser a pensão por morte um benefício
previdenciário, que visa suprir as necessidades básicas dos
dependentes do segurado, no sentido de lhes assegurar a
subsistência, há que interpretar os respectivos preceitos partindo
da própria Carta Política de 1988 que, assim estabeleceu, em
comando específico: " Art. 201- Os planos de previdência social,
mediante contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: [...] V -
pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 2 º. " 7 -
Não houve, pois, de parte do constituinte, exclusão dos
relacionamentos homoafetivos, com vista à produção de efeitos
no campo do direito previdenciário, configurando-se mera lacuna,
que deverá ser preenchida a partir de outras fontes do direito.
8 - Outrossim, o próprio INSS, tratando da matéria, regulou,
através da Instrução Normativa n. 25 de 07/06/2000, os
procedimentos com vista à concessão de benefício ao
companheiro ou companheira homossexual, para atender a
determinação judicial expedida pela juíza Simone Barbasin
Fortes, da Terceira Vara Previdenciária de Porto Alegre, ao deferir
medida liminar na Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0,
com eficácia erga omnes. Mais do que razoável, pois, estender-
9

se tal orientação, para alcançar situações idênticas, merecedoras


do mesmo tratamento 9 - Recurso Especial não provido. 17

Ademais, com a proteção amparada pela nossa carta magna e o


reconhecimento a concessão de benefício Previdenciário, é importante considerar o
princípio da igualdade e da dignidade humana, impondo tratamento igualitário entre
as famílias de casais homoafetivos e o convívio sob a sociedade, assegurando
assistências e garantia de seus direitos fundamentais, para que o companheiro ou
companheira sobrevivente que se dedicou toda uma vida de afeto, companheirismo,
superação da discriminação durante a união estável, possa ao final ficar
amparado(a) pelo Estado.
A respeito do tema, discorre o entendimento do TRF 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL.


DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. COMPROVAÇÃO.
UNIÃO HOMOAFETIVA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
CONFIRMADA. Demonstrada a existência de união estável entre
o de cujus e seu companheiro, presume-se a condição de
dependência, ex vi do artigo 16, I e § 4º, da Lei 8.213/91.
Preenchidos os requisitos contidos no art. 74 da Lei 8.213/91, é
de ser concedido o benefício de pensão por morte. O termo inicial
do benefício é estabelecido pela legislação vigente à data do óbito,
de modo que, tendo este ocorrido antes da vigência da Lei 9.528/97,
deve ser aplicada a Lei dos Benefícios em sua redação original, com
a ressalva das prestações atingidas pela prescrição qüinqüenal.
Preenchidos os requisitos contidos no artigo 273 do Código de
Processo Civil, é de ser confirmada a antecipação dos efeitos da
tutela jurisdicional. (TRF-4 - AC: 29 RS 2007.71.10.000029-0,
Relator: Revisor, Data de Julgamento: 25/03/2009, SEXTA TURMA).
(grifei)18

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE COMPANHEIRO.


UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA. HOMOAFETIVA.
POSSIBILIDADE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA.
QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. TRABALHADOR RURAL.
COMPROVAÇÃO. CONSECTÁRIOS LEGAIS. IMPLANTAÇÃO DO
BENEFÍCIO. HONORÁRIOS. MAJORAÇÃO. 1. A concessão do
benefício de pensão por morte depende da ocorrência do evento
morte, da demonstração da qualidade de segurado do de cujus e da
condição de dependente de quem objetiva a pensão. 2.
Comprovada a união estável, presume-se a dependência
econômica (artigo 16, § 4º, da Lei 8.213/91). 3. Em nada obsta o
reconhecimento da existência de união estável o fato de ser
homoafetiva. Entendimento sedimentado nesta Corte. 4. A qualidade

17 REsp 395904 / RS – Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa – DJ 06.02.2006. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&processo=395904&b=ACO
R>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
18 TRF-4 - AC: 29 RS 2007.71.10.000029-0, Relator: Revisor, Data de Julgamento:
25/03/2009.Disponivel em<https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6894326/apelacao-civel-ac-29-
rs-20077110000029-0-trf4>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
10

de segurado especial deve ser comprovada por início de prova


material, corroborada por prova testemunhal idônea (art. 55, § 3º, da
Lei n.º 8.213/91 e Súmula n.º 149 do STJ), inclusive quando se trata
de trabalhador volante ou boia-fria, consoante decidiu a Primeira
Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento, em
10/10/2012, do Resp nº 1.321.493/PR, representativo de
controvérsia. 5. Devem ser consideradas as dificuldades probatórias
do segurado especial, sendo prescindível a apresentação de prova
documental de todo o período, desde que o início de prova material
seja consubstanciado por robusta prova testemunhal. 6.
Demonstrado que o de cujus continuava a exercer a atividade rural
ao tempo do óbito, tem os dependentes o direito ao recebimento do
benefício de pensão por morte. 7. O termo inicial do benefício de
pensão por morte deve ser fixado de acordo com as leis vigentes por
ocasião do óbito. A partir do advento da Lei 9.528/97, a pensão por
morte passou a ser devida: a) a contar do óbito, quando requerida
até trinta dias depois deste; b) do requerimento, quando requerida
após o prazo mencionado. 8. Em consonância com o entendimento
fixado pelo Plenário do STF no Tema 810, oriundo do RE 870947, a
correção monetária incidirá a contar do vencimento de cada
prestação e será calculada pelos índices oficiais e aceitos na
jurisprudência, quais sejam: a) INPC (de 04-2006 a 29-06-2009,
conforme o art. 31 da Lei n.º 10.741/03, combinado com a Lei n.º
11.430/06, precedida da MP n.º 316, de 11-08-2006, que acrescentou
o art. 41-A à Lei n.º 8.213/91); b) IPCA-E (a partir de 30-06-2009,
conforme RE 870.947, j. 20-09-2017). Já os juros de mora serão de
1% (um por cento) ao mês, aplicados a contar da citação (Súmula
204 do STJ), até 29-06- 2009. A partir de 30-06-2009, segundo os
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, conforme art. 5º da Lei 11.960/09, que deu nova
redação ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. 9. O cumprimento imediato
da tutela específica independe de requerimento expresso do
segurado ou beneficiário, e o seu deferimento sustenta-se na eficácia
mandamental dos provimentos fundados no art. 461 do CPC/1973,
bem como nos artigos 497, 536 e parágrafos e 537 do CPC/2015. A
determinação não configura violação dos artigos 128 e 475-O, I, do
CPC/1973 e 37 da CF/1988. 10. Nos termos do art. 85, § 11, do
CPC, "O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em
grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a
6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de
conhecimento". (TRF-4 - APL: 50336143920174049999 5033614-
39.2017.4.04.9999, Relator: OSNI CARDOSO FILHO. Data de
Julgamento: 17/07/2018, QUINTA TURMA). (grifei)19

Por fim, conclui-se que vem sendo constantes as mudanças, visto os


entendimentos jurisprudenciais reconhecendo a união entre homossexuais como
família e assegurando direitos aos benefícios da Previdência Social como todos os

19 TRF-4 - APL: 50336143920174049999 5033614-39.2017.4.04.9999, Relator: OSNI CARDOSO


FILHO. Data de Julgamento: 17/07/2018. Disponível em: < https://trf-
4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/602721024/apelacao-remessa-necessaria-apl-
50336143920174049999-5033614-3920174049999>. Acesso em 21 de janeiro de 2019.
11

direitos a adquiridos que a família de heterossexuais vem a ter, sempre


estabelecendo os valores e princípios na relação familiar, conduzindo com o Estado
Democrático de Direito, sem preconceito e discriminação de qualquer natureza e,
com uma margem de liberdade dando importância as famílias compostas pelo afeto,
carinho e com o vinculo afetivo reconhecido e todos seus direitos regulamentados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, diante do estudo realizado para elaboração do presente artigo, foi


possível constatar que é admissivel o reconhecimento da concessão do benefício de
pensão por morte ao companheiro(a) sobrevivente de relação homoafetiva, desde
que seja comprovada a união estável homoafetiva e sejam preenchidos e
comprovados os requisitos legais exigidos e previstos no artigo 16 e seguintes na
Lei nº 8.213/91, assim sendo, o companheiro sobrevivente de relação homoafetiva
será considerado como dependente na classe I do artigo 16 da Lei nº 8.213/91.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em 21 de
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TRF-4 - APL: 50336143920174049999 5033614-39.2017.4.04.9999, Relator: OSNI


CARDOSO FILHO. Data de Julgamento: 17/07/2018. Disponível em: < https://trf-
4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/602721024/apelacao-remessa-necessaria-apl-
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2019.

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