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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
DISCIPLINA: HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO 02
DOCENTE: EDJA TRIGUEIRO
DISCENTE: CARLA ELIZABETH GODEIRO DE ARAÚJO

MACQUAIRE, E. Impressões de viagem de Elizabeth Macquaire. In: MACQUAIRE, E.;


KINDERSLEY, J.; FREYCINET, R. Mulheres viajantes no Brasil (1764 – 1820). Organização e
tradução de Jean Marcel Carvalho França. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2007. p. 56-67.

ZWEIG, S.; MORES, R. (ed). GALLOTTI, O. (trad). O Rio de Janeiro. In: ______. Brasil, país do
futuro. p. 240-306.

O Brasil do século XIX e início do século XX contém particularidades representadas principalmente


por sua então capital, o Rio de Janeiro. Nessa cidade a população cresceu aproximadamente doze
vezes entre os anos de 1800 e 1900. Seu nascimento se deu na beira-mar, e é especificamente por
esse portal que Elizabeth Macquaire, importante personalidade para a fundação da colônia de Nova
Gales do Sul, adentra os seus relatos sobre viagem feita ao país em 1809. Curiosamente da mesma
forma o faz Stefan Zweig, escritor austríaco que passa a residir no Brasil a partir de 1940, quando
passa a se dedicar à sua obra chamada “Brasil, país do futuro”. Contextos diferentes são marcados,
por exemplo, pelo meio de transporte. Enquanto Macquaire chega ao Rio de Janeiro de navio, Zweig
aterrissa de avião na cidade.

Utilizando-se de uma visão extremamente romantizada, ambos os autores exaltam as belezas


naturais do Rio de Janeiro, assim como ressaltam a identificação da influência europeia em seu
estilo urbano e arquitetônico (neoclássico). Apesar disso, suas percepções individuais são
suficientemente consistentes para que absorvamos as reais diferenças entre os cotidianos
vivenciados. Macquaire exibe um perfil inocentemente irônico – porém comum à época devido aos
seus costumes –, sendo este um comportamento percebido nas descrições dos acontecimentos.
Refiro-me ao episódio relatado em que ela despreza as atitudes exaltadas do “preto com aparência
de macaco” que carregava sua carroça (p. 62). Nos dias de hoje a classificaríamos como
preconceituosa, mas naquela realidade era muito frequente a divisão racial e dos espaços,
visualizada, por exemplo, quando os brancos só saíam de seus aposentos a cavalo ou em suas
cadeiras, e os rocios públicos eram repletos de negros.

Enquanto isso, é indispensável perceber que Zweig valoriza imensamente o fato de a cidade ter
subido o morro como consequência do desenvolvimento da sociedade. Considerar que as favelas não
devem ser removidas do Rio de Janeiro pois a cidade só se torna mais interessante quando apresenta
contrastes, é uma atitude louvável do ponto de vista urbano e social. No entanto, mesmo realçando a
importância dessas ocupações informais, a sua busca inicial é por Petrópolis, a cidade vienense
brasileira, onde ele pretende vivenciar um exílio criativo, e não de abandono. Ou seja, mesmo
admirando a naturalidade que o brasileiro possui para conviver com as diversidades – aspecto já
evoluído desde a época de Macquaire – sua preferência é por suas raízes, o que provavelmente
esboça seu desejo de permanecer numa atmosfera profundamente relacionada à sua identidade, e que
ele sabia que não sofreria as consequências de um ataque nazista. Não é à toa que ele afirmou ser a
força do Brasil o multiculturalismo, e que com valores europeus esse país construiria um novo
mundo, evidenciando, assim, a grandiosidade de sua visão exterior.

Inevitável e curiosamente, os aspectos de cada autor anteriormente tratados vêm a se encontrar no


momento em que, no início do século XX surge, na música popular brasileira, o samba. Este irá
narrar muito bem a realidade daqueles que vivem no morro, e de certa forma criticar a diversidade
por muitos condenada. Acredita-se que, tão importante quanto a exposição de argumentos por meio
da música é a influência e contribuição do olhar externo para essas críticas. Usa-se como exemplo a
Carmen Miranda, de nacionalidade luso-brasileira e que pôde trazer à tona personalidades típicas do
Brasil, como a baiana, esta que ia de encontro ao elogio da miscigenação, especialmente entre a
negra e a branca que nela se fundem. Valoriza-se assim a veia multicultural admirada por Zweig e
tece-se um elo entre Macquaire e o “preto com aparência de macaco” que puxava sua carruagem.

A cidade é, portanto, e mais uma vez plataforma para a evolução social. O Rio de Janeiro vem
comprovar que comparações entre realidades urbanas e culturais podem ser feitas, mas que não
deixará de ser o símbolo da modernidade e da nacionalidade enquanto capital do Brasil, apagando
tudo que representava o atraso no Império, mantendo o que significa moderno, nacional e essencial.

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