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FOZ DO IGUAÇU, 27 DE SETEMBRO DE 2019

FILOSOFIA DA MATEMÁTICA – PROF. GUSTAVO BARBOSA


RESENHA – PLATÃO E ARISTÓTELES

É certo que a Grécia Antiga foi o berço da civilização ocidental no que diz respeito
a tradição do pensamento matemático e filosófico. Dois dos principais frutos dessa época
são os ilustres filósofos Platão e seu discípulo Aristóteles, que moldaram as duas
principais vertentes que debatem acerca da existência das entidades matemáticas, e pelo
qual se desdobram as demais teorias.
Começando pela via cronológica, apresentamos Platão. Autor de inestimáveis
obras filosóficas, este filósofo fez sua fama expondo suas finas argumentações através de
diálogos muito bem elaborados, pelo qual aplicava diversos conceitos, principalmente a
dialética, considerada por ele a ciência primeira para alcançar as ideias¸ formas perfeitas,
eternas e imutáveis que fundamentam toda a realidade como tal. Essa noção defende que
a realidade está dividida, em uma parte corruptível e temporal que percebemos pelos
nossos sentidos, e um mundo onde habitam essas ideias, incorruptíveis e atemporais, que
só podem ser acessadas pelo entendimento. As entidades matemáticas, portanto, são parte
deste mundo perfeito, são entidades que tem uma existência autossuficiente,
independentemente de qualquer construção humana, e fundamenta todo exercício
matemático.
Uma das principais controvérsias ao platonismo é a questão do acesso ao mundo
das ideias, pois, uma vez que todos aparatos cognitivos são materiais, e portanto,
corruptíveis e imperfeitos, como pode haver uma relação entre forma e matéria? Platão
vai assumir a existência da alma como forma do corpo. Esta alma é imortal, uma vez que
é perfeita e já esteve em contato com todas as ideias existentes, entretanto essa alma, ao
vir para a Terra passa pelo rio do esquecimento (Lethe) e se esquece de sua vivência.
Assim, quando conhecemos uma coisa, diz Platão que nossa alma relembra determinada
forma, e vislumbra de novo a verdade (Alethéia).
Entretanto, Aristóteles, seu discípulo, não compartilhava muito de suas ideias.
Concordava com a existência da forma e matéria, mas, além de nomeá-la como
substância, entende que estão intrinsecamente unidas, e não estão em mundos diferentes.
A substância aristotélica é proveniente da abstração da realidade, como um aspecto mais
geral daquele objeto, que pode ser usado como conhecimento para deduzir outros aspectos
semelhantes da realidade que compartilhem as mesmas características. Os entes
matemáticos em Aristóteles vão adquirir existência indissociável com o mundo real
sensível, e poderão ser acessados pelo pensamento através de operações que o abstraem.
Essa noção aristotélica é interessante na medida em que ela prescinde da
explicação mística platônica acerca do acesso a outro mundo, pois a realidade
fundamental para Aristóteles é a sensível, o que pode ser entendido como uma semente
para o posterior empirismo. Entretanto essa noção encontra dificuldades, como podemos
extrair uma substância perfeita de um objeto real imperfeito? Como podemos determinar
um ponto, ou uma reta sem que de fato tenhamos alguma relação objetiva com objetos
desse tipo na realidade? Aristóteles vai argumentar que sim, existem na realidade objetos
perfeitos pelos quais podemos abstrair esse tipo de informações, principalmente no campo
supra-lunar. Ele acreditava que os corpos celestes eram formas perfeitas e permitiam que
os nossos sentidos entrassem em contato com a perfeição.
Por fim, a discordância entre estes dois gregos é fundamental. Platão não poderia
aceitar os sentidos como fonte principal para o conhecimento, entendia que estes por
serem materiais poderiam facilmente ser enganados, iludidos, e não constituíam uma base
confiável para fundamentar a ciência, mas somente auxiliar, Aristóteles em outra via não
aceitava uma realidade externa ao mundo atual, uma vez que tal assunção levaria a
diversos problemas filosóficos. Entretanto, ambos concordavam com um determinado
realismo epistemológico, uma realidade dissociada da sensibilidade que fundamentava o
a existência das entidades matemáticas e permitiam o discorrimento natural daquela
ciência.

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