Vous êtes sur la page 1sur 3

Unidade Acadêmica de História

Disciplina: Brasil IV
Docente: Benjamin
Discente: Lucas dos Santos Barros

Resenha Descritiva - I Unidade

O texto “O carnaval da tristeza: os motins urbanos de 24 de agosto”, de Jorge Luis


Ferreira procura resgatar os episódios de manifestação de tristeza e revolta popular
diante da notícia do suicídio do presidente Getúlio Vargas, confrontando a tesa, já
bastante difundida, de que a ação de Vargas em 24 de agosto de 1954 teria
paralisado em dez anos o golpe. Ao confrontar essa leitura, Jorge Luis não a nega,
mas a considera uma forma limitada de interpretação dos acontecimentos, uma vez
que a entrada do povo no cenário político nacional, com suas manifestações e motins
pelo país, teria sido determinante para o recuo dos grupos golpistas.

Para abordar esse comportamento social durante o episódio da morte de


Vargas Ferreira utiliza muito as concepções historiográficas de E. P. Thompson e Eric
Robsbawn, historiadores sociais que trabalham na perspectiva da história vista de
baixo, a partir do ponto de vista das pessoas consideradas comuns, mas que, tanto
quanto as figuras notáveis, são igualmente sujeitos do processo histórico.

Seguindo essa abordagem, Jorge Luis Ferreira vem apontar as várias formas
de protesto ocorridas no dia 24 de agosto como reveladoras, para além da tristeza e
revolta popular que teria dado forma a um verdadeiro carnaval de tristeza, de muitas
das ideias, crenças, expectativas e o modo como os homens comuns do Brasil na
década de 1950 organizavam a sua realidade social e política.
O autor denuncia justamente, na escassa literatura sobre a temática, a forma
subestimada que a indignação popular que tomou o país é retratada. Os
trabalhadores e as pessoas comuns, para além de ter surgido com um pouco mais de
destaque após o fim da crise, ainda teriam sido retratados como a causa de ainda
maior conturbação.

Ferreira apresenta durante o seu texto, uma importância maior que Vargas teria
representado, por meio da sua política do trabalhismo, para a classe trabalhadora do
país, ao defender o seu papel decisivo na formação da consciência coletiva da classe
trabalhadora nacional, que resultou na recusa e resistência ao projeto conservador
apresentado pela UDN.

No próximo tópico de seu texto vem para tratar justamente da conjuntura


política de crise que, criada pelos grupos oposicionistas do governo, acarretou na
atitude drástica, que se mostrou indesejada por esses mesmos grupos golpista, de
Getúlio em tirar a sua própria vida.

Utilizando de conceitos de Roger Chatier, com o da representação, Jorge Luis


Ferreira vem busca explicar como a oposição varguista logrou êxito em despedaçar
a imagem de um líder estatal que antes, no seu primeiro mandato, possuía níveis de
aprovação popular altíssimos, que firmavam a sua legitimidade no exercício do poder
político. Apresenta que:

“Se em seu primeiro governo, particularmente entre 1937 e 1942, Vargas, à


frente do Estado, praticamente monopolizou a produção de bens simbólicos
com fins de legitimação política, em seu segundo mandato seus adversários
conseguiram, com grande sucesso, propagar simbologias que, de alguma
maneira, paralisaram a capacidade do poder estatal de apresentar-se como
legítimo.” (FERREIRA, Jorge Luis, 2005, p. 65)

Esse trabalho de desconstrução da legitimidade do governo pela oposição se


deu pela realização de ataques e acusações constantes contra a sua imagem por
meio da imprensa, tentando o desqualificar e indignar contra ele a população. Criando
assim um ambiente inóspito que visava retirar a legitimidade do líder político a
transferindo para outra figura a ser exaltada, enquanto esses grupos golpistas
trabalham na elaboração e difusão de uma série de símbolos que apontam para uma
grave crise política e de costumes, criando com isso uma representação que
explicava a realidade social.

O grande exemplo de representação desenvolvida por grupos liderados pela


UDN contra Getúlio foi a exploração do episódio, e a imagem martirizada, do atentado
da rua Toneleros, que feriu de morte o Major Rubens Vaz que acompanhava Carlos
Lacerda, uma das figuras políticas de maior proeminência na oposição à Vargas.
Toda essa simbologia conseguida com esse trágico episódio foi habilmente
transferida, pela UDN, para a figura do exército com o objetivo de promover a sua
imagem como legítima ao poder:

“A partir do episódio da rua Toneleros, não bastava esperar as eleições que


se realizariam em breve, era necessário a intervenção saneadora, profilática e
providencial de outro autor que também seria representado e descrito por meio
de mitos e versões: as forças armadas.” (FERREIRA, Jorge Luis, 2005, p. 68)

É a partir dessa situação em que se encontra, acuado pelas acusações da


imprensa de que seria o mandante do crime, que Getúlio Vargas recorre para uma
ação desesperada, sua última estratégia política na luta contra o avanço dos seus
inimigos, dando um tiro no próprio peito. Uma atitude tão extremista que acabou
mudando o destino golpista que se dirigia o país, devolvendo, através da mágoa
popular perante a perda, a legitimidade política do governo, agora sem a figura física
do líder, mas com toda uma carga simbólica da sua imagem que fora suficiente para
evitar a tomada de poder pela via militar.

Uma vez que a morte de Vargas levou uma massa raivosa a se levantar contra
todos aqueles que a consciência popular julgava responsável direto por levar Getúlio
a essa atitude extrema. Diz Ferreira que: “Se o suicídio de Vargas freou as ações
golpistas, os motins e manifestações populares as fizeram recuar.”

Referência

FERREIRA, Jorge. O carnaval da tristeza: os motins urbanos do 24 de agosto. In: O


Imaginário Trabalhista. São Paulo, Civilização Brasileira, 2005, p. 61-96.

Vous aimerez peut-être aussi