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Contextos Clínicos, 2(2):113-123, julho-dezembro 2009

© 2009 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2009.22.06

Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young:


revisão da literatura1

Jeffrey Young’s parenting styles clinical theory:


Literature review

Felipe Valentini
Universidade de Brasília (UnB). EQN 406/407, Bloco A, apto. 136, Asa Norte, 70847-400,
Brasília, DF, Brasil. valentini.felipe@gmail.com

João Carlos Alchieri


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Departamento de Psicologia.
Campus Lagoa Nova, 93022-000, Natal, RN, Brasil. jcalchieri@gmail.com

Resumo. Os estudos focados na família e sua influência no desenvolvimento


social, emocional e cognitivo da criança e do adolescente receberam desta-
que nas últimas décadas. Pesquisadores têm ressaltado a importância dos
estilos parentais, os quais se referem às características globais de interações
entre pais e filhos. Tais características foram discutidas por autores como
Baumrind, Maccoby e Martin e Steinberg, dentre outros, que ampliaram a
compreensão do tema e respaldaram, ainda, as investigações das relações
entre os estilos parentais, as psicopatologias e os aspectos positivos do de-
senvolvimento. Entretanto, um modelo clínico foi proposto somente na dé-
cada de 1990, por Jeffrey Young, associado à Terapia Focada em Esquemas.
Para ele, os estilos parentais estão associados aos esquemas mentais desa-
daptados e recebem os mesmos nomes desses últimos. O autor propõe, com
isso, a existência de dezoito estilos, distribuídos em cinco domínios: Desco-
nexão e Rejeição; Autonomia e Desempenho Prejudicados; Limites Prejudi-
cados; Orientação para o Outro; Hipervigilância e Inibição. Alguns modelos
teóricos de estilos parentais, assim como o de Young, são apresentados neste
texto. Também são discutidas algumas implicações práticas para a clínica e
para a Avaliação Psicológica.

Palavras-chave: Estilos Parentais, revisão teórica, Terapia Focada nos Esque-


mas.

Abstract. The family studies and its influence on social, emotional and cogniti-
ve development of children and adolescents have received a"ention in recent
years. Researchers have stressed the importance of parenting styles, which
to overall characteristics of interactions between parents and children. These
characteristics have been discussed by Baumrind, Maccoby and Martin, and

1
Essa pesquisa foi desenvolvida durante o curso de mestrado do primeiro autor, sob orientação do segundo autor, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com o apoio do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq.
Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura

Steinberg, which expanded the understanding of the subject. Based on these


authors, some studies aimed to investigate the association between parenting
styles, psychopathology and positive aspects of development. However, a
clinical model was proposed just in the nineties by Jeffrey Young, based on
Schema Therapy. According to Young, the parenting styles are linked with the
maladaptive mental schemas and are appointed as the same schemas names.
The author proposes eighteen styles, grouped into five domains: Disconnec-
tion and Rejection, Impaired Autonomy and Performance, Impaired Limits,
Other-Directedness, Overvigilance and Inhibition. Therefore, the current re-
view presents some parenting styles models as well as Young’s theory. Some
clinical and psychological assessment concerns also are discussed.

Key words: Parenting Styles, literature review, Schema Therapy.

Introdução práticas e dos estilos parentais para a com-


preensão da família, principalmente no que
Nas últimas décadas, observa-se o aumen- diz respeito ao desenvolvimento da crian-
to de estudos sobre a família e sua influência ça e do adolescente (Baumrind, 1966, 1971,
no desenvolvimento normal e patológico da 1997; Darling e Steinberg, 1993; Glasgow et
criança e do adolescente (Cecconello et al., al., 1997; Hoffman, 1960, 1975, 1979; Lam-
2003; Salvo et al., 2005; Spera, 2005). Bene"i e born et al., 1991; Steinberg, 2001; Steinberg
Balbino"i (2003) salientam que essas pesqui- et al., 1994). Esses e outros estudos permitem
sas têm focado as dimensões de estilos paren- identificar duas dimensões de interação en-
tais, práticas parentais e abuso e a relação das tre pais e filhos: os estilos parentais e as prá-
práticas parentais com a psicopatologia infan- ticas parentais. Darling e Steinberg (1993)
til, dentre outros temas. Outros trabalhos tam- ressaltam a importância de manter essa di-
bém procuraram estabelecer associações entre ferenciação nas pesquisas da família, apesar
os estilos, as psicopatologias (Choquet et al., de alguns autores não darem a devida im-
2008; Haslam et al., 2008; Yu et al., 2007) e os portância a tais conceitos.
aspectos positivos do desenvolvimento (Boon, As práticas parentais referem-se aos com-
2007; Cuarati-Burgio, 2001; Nijhof e Engels, portamentos dos pais, de conteúdos especí-
2007). Entretanto, até o final do século passa- ficos, que objetivam a socialização da criança
do, as discussões sobre a família e sua relação e do adolescente. O uso de palmadas como
com a clínica psicológica restringiam-se àque- método punitivo e o auxílio aos deveres es-
las propostas pelas teorias psicodinâmicas colares podem ser citados como exemplos de
e comportamentais. O modelo proposto por práticas parentais. De maneira mais ampla,
Young (Young et al., 2003), a partir da clínica os estilos parentais referem-se às caracterís-
cognitiva – Terapia Focada nos Esquemas –, ticas globais de interações entre pais e filhos,
pôde suprimir, em parte, tal deficiência. as quais geram um clima emocional. Partin-
A necessidade de estabelecerem-se estudos do deste, os comportamentos parentais são
sobre as práticas parentais e os estilos relacio- expressos. Os estilos parentais englobam,
nados ao contexto brasileiro, principalmente portanto, as práticas parentais e outros as-
na verificação de novos modelos teóricos em pectos da interação pais-filhos, tais como
nossa realidade, fundamentou o presente es- tom de voz, linguagem corporal e atenção
tudo. Apresenta-se, assim, uma revisão das (Darling e Steinberg, 1993). Os estilos auto-
principais teorias, suas características e aspec- ritário, autoritativo e permissivo, propostos
tos metodológicos, objetivando a sistematiza- por Baumrind (1966, 1971), podem ser cita-
ção de tais resultados. Além disso, é discuti- dos como exemplos.
do o recente modelo clínico de compreensão Destaca-se que, neste trabalho, as discus-
dos estilos parentais de Jeffrey Young (Young, sões que se apoiam na literatura em foco,
2003; Young et al., 2003). restringem-se ao tema dos estilos parentais.
Ressalta-se, contudo, a importância das pes-
Estilos parentais quisas sobre as práticas para a compreensão
da família brasileira. Em razão disso, na se-
A partir da década de 1950, diversas quência deste artigo, alguns modelos de esti-
pesquisas têm ressaltado a importância das los parentais são discutidos.

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Os estudos sobre os estilos parentais reali- indutiva, com a participação da criança e do


zados pela psicologia iniciaram ainda no sécu- adolescente. Assim, métodos punitivos ra-
lo XX, e Baumrind (1966) foi um dos primeiros ramente são utilizados quando as regras são
autores a propor uma teoria tipológica, razo- violadas. Esses pais são afetuosos e oferecem
avelmente independente das correntes psi- amplo suporte às necessidades dos filhos; so-
canalíticas e comportamentalistas. Baumrind licitam suas opiniões, encorajando-os à auto-
(1966, 1971, 1997) incorporou os aspectos emo- nomia e proporcionam oportunidades para o
cionais e comportamentais do processo de so- desenvolvimento de suas habilidades (Baum-
cialização a um sistema de estilos parentais, rind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et al., 2003;
ancorado nas crenças dos pais. O papel dos Glasgow et al., 1997).
pais centra-se na tarefa de socializar a criança, Pais permissivos exercem pouca autorida-
conforme demandas alheias, e, ao mesmo tem- de, são excessivamente tolerantes e tendem
po, manter nela o senso de integridade pes- a satisfazer qualquer demanda que a criança
soal. Esse processo é mediado pelos padrões apresente. Estabelecem poucas regras e limites
de autoridade desempenhados pelos pais. De aos filhos, não estimulando o desenvolvimen-
fato, as pesquisas de Baurmrind enfatizaram a to da maturidade e da responsabilidade. Con-
autoridade parental sobre o desenvolvimento sequentemente, a criança necessita monitorar
infantil, ampliando e reformulando a antiga sozinha seu próprio comportamento (Baum-
visão de controle, definida pela rigidez e pela rind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et al., 2003;
punição física. Para essa autora, o controle Glasgow et al., 1997).
parental refere-se às tentativas de integrar a Baumrind entendia a socialização como um
criança na família e na sociedade, por meio de processo dinâmico: os estilos parentais, além
expectativas de maturidade, confrontação di- da capacidade de modificar os comportamen-
reta, supervisão e disciplina consistente e con- tos infantis, também influenciavam a abertura
tingente (Baumrind, 1997). da criança às tentativas dos pais em socializá-
Baurmrind propôs uma tipologia basea- las; ou seja, as modificações das características
da apenas em uma função parental ampla: o da criança propiciadas pelas intervenções dos
controle. A variação nos níveis de controle, pais, poderiam, por sua vez, aumentar as ha-
associados ao afeto e à comunicação entre bilidades socializadoras parentais (Baumrind,
pais e filhos, define os três tipos de estilos 1967, 1971).
parentais: autoritário, autoritativo e per- No início da década de 1980, a tipologia
missivo (Baumrind, 1966, 1971, 1997). Pais de Baumrind estava bem estabelecida e res-
autoritários são rígidos e autocráticos. Eles paldou a maior parte das discussões sobre
tendem a enfatizar a obediência e o respeito a influência parental no desenvolvimen-
pela autoridade e pela ordem, como também to da criança e do adolescente. Entretanto,
impõem altos níveis de exigência e são rígi- nesse mesmo período, surgiu a necessidade
dos no estabelecimento e no cumprimento de ampliar as investigações às populações
das regras impostas sem qualquer partici- distintas daquelas estudadas por Baumrind
pação da criança: não estimulam, sequer (Darling e Steinberg, 1993). As propostas de
valorizam a autonomia, rejeitam qualquer Maccoby e Martin (1983) supriram, em par-
questionamento ou opinião da criança e do te, tal lacuna.
adolescente, esperando que as regras sejam Maccoby e Martin (1983) propuseram um
seguidas sem explicações adicionais. Por modelo que limitou o número de dimen-
fim, eles utilizam frequentemente a puni- sões parentais e facilitou a mensuração e a
ção física como método educativo-punitivo pesquisa. Para eles, os estilos parentais po-
(Baumrind, 1966, 1991, 1997; Cecconello et diam ser compreendidos a partir da varia-
al., 2003; Glasgow et al., 1997). ção de duas dimensões lineares: exigência
Pais autoritativos também estabelecem re- e responsividade. A exigência refere-se aos
gras e padrões de comportamento e os refor- comportamentos parentais de supervisão e
çam consistentemente, monitoram a conduta disciplina, tais como controle e demandas
infantil, corrigindo as negativas e gratificando de maturidade. A responsividade abrange
as positivas. Além disso, responsabilidade e comportamentos de apoio e aquiescência,
maturidade são esperadas e reforçadas. To- que favorecem a individualidade e a auto-
davia, a comunicação entre os pais e os filhos afirmação da criança. Pais responsivos são
é ampla e baseia-se no respeito mútuo, o que descritos como afetuosos, atenciosos, en-
respalda a imposição da disciplina de forma volvidos e acolhedores. Em outras palavras,

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Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura

a dimensão exigência representa os compor- As discussões propostas por Baumrind


tamentos parentais de socialização, enquan- (1967, 1971, 1991), Maccoby e Martin (1983)
to a responsividade, os de reconhecimento influenciaram e modificaram a compreensão
da individualidade da criança. das relações entre pais e filhos. Todavia, na
As variações e associações possíveis en- década de 1990, a literatura ainda carecia de
tre as dimensões exigência e responsividade um entendimento mais profundo das diferen-
definem os quatro tipos de estilos parentais ças entre os conceitos de práticas e de estilos
propostos por Maccoby e Martin (1983): auto- parentais. Darling e Steinberg (1993) propicia-
ritativo, autoritário, indulgente e negligente. ram um avanço nos estudos desses aspectos ao
Pais autoritativos apresentam altos níveis de proporem um modelo integrativo.
exigência e de responsividade; pais autoritá- Segundo Darling e Steinberg (1993), a
rios são caracterizados pela baixa responsi- distinção entre estilos e práticas parentais é
vidade e alta exigência. O estilo indulgente, necessária para um entendimento mais pro-
ao contrário, resulta da combinação entre alta fundo dos processos pelos quais os pais in-
responsividade e baixa exigência. O estilo fluenciam o desenvolvimento de seus filhos.
negligente, por sua vez, é caracterizado pela Essa separação também é fundamental para
baixa responsividade e exigência (Cecconello a compreensão do modelo proposto por elas.
et al., 2003; Glasgow et al., 1997; Maccoby As práticas, como afirmado anteriormente,
e Martin, 1983). referem-se aos comportamentos parentais
voltados especificamente aos objetivos de
Pais indulgentes são excessivamente tole-
socialização da criança e do adolescente; os
rantes, exercem pouca autoridade e quase não
estilos referem-se às características globais de
estabelecem regras e limites à criança. Eles são
interações entre pais e filhos, que geram um
afetivos e comunicativos e tendem a satisfazer
clima emocional.
qualquer demanda apresentada pela criança.
Apesar de manterem clara a distinção en-
Os pais negligentes não são exigentes nem
tre práticas e estilos, Darling e Steinberg (1993)
afetivos, envolvem-se pouco na tarefa de so-
propõem que ambas sejam definidas, em par-
cialização da criança e não se preocupam em
te, pelos valores e objetivos de socialização
monitorar o comportamento dos filhos. Neste
sustentados pelos pais. Estes objetivos englo-
estilo parental, os pais respondem somente
bam tanto os comportamentos e as habilida-
às necessidades básicas da criança, tendendo
des específicas (sociais e escolares), quanto as
a mantê-la distante. Em outras palavras, en-
qualidades mais globais (por exemplo, pensa-
quanto pais indulgentes encontram-se foca-
mento crítico e independência).
dos nas demandas de seus filhos, pais negli-
Os valores e objetivos parentais influen-
gentes centram-se em seus próprios interesses
ciam o desenvolvimento da criança por in-
(Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997;
termédio de diferentes processos (Figura 1).
Maccoby e Martin, 1983).
Por um lado, as práticas parentais exercem
As características dos estilos autoritativo e um efeito direto no desenvolvimento de
autoritário, propostos por Maccoby e Martin, comportamentos e características específicas
são semelhantes àquelas propostas pelo mo- na criança. Ou seja, as práticas são os meca-
delo de Baumrind. Entretanto, pequenas di- nismos por meio dos quais os pais auxiliam,
vergências podem ser encontradas na impor- diretamente, a criança no processo de socia-
tância atribuída ao controle e à comunicação lização. Por outro lado, todo esse processo
na diferenciação desses dois estilos: Baumrind é influenciado, indiretamente, pelos estilos
parece dar mais importância a ambos os con- parentais. Os estilos modificam e potencia-
ceitos (Baumrind, 1967, 1971; Darling e Stein- lizam a eficácia das práticas pela realização
berg, 1993; Maccoby e Martin, 1983). de dois processos: transformando a intera-
A maior diferença entre o modelo de Mac- ção entre pais e filhos e modulando, conse-
coby e Martin e o proposto por Baumrind, re- quentemente, o uso de práticas específicas;
fere-se à separação do estilo permissivo em in- e influenciando a personalidade infantil,
dulgente e negligente. Tal distinção respaldou principalmente sua abertura às intervenções
avaliações mais precisas acerca das variações parentais de socialização. Esta abertura da
no nível de responsividade parental das famí- criança pode influenciar a associação en-
lias pouco exigentes (Baumrind, 1967, 1971; tre as práticas e os comportamentos infan-
Cecconello et al., 2003; Glasgow et al., 1997; tis (Darling e Steinberg, 1993). Tal processo
Maccoby e Martin, 1983). pode ser visualizado na Figura 1.

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Felipe Valentini, João Carlos Alchieri

Figura 1. Modelo Integrativo de Darling e Steinberg.


Figure 1. Darling and Steinberg’s Integrative Model.
Fonte: Adaptada de Darling e Steinberg (1993).

Os estilos parentais, conforme visualização investigações têm associado, por um lado, os


da Figura 1, exercem uma influência apenas estilos parentais a diversas características psi-
indireta no desenvolvimento e na socialização copatológicos, tais como transtornos alimen-
da criança. De fato, Darling e Steinberg (1993) tares e sobrepeso (Haslam et al., 2008; Rhee et
entendem os estilos como uma variável con- al., 2006), uso de drogas (Castrucci e Gerlach,
textual capaz de modular a relação entre as 2006; Choquet et al., 2008; Tucker et al., 2008),
práticas específicas e as consequências no de- ansiedade e depressão (Choquet et al., 2008;
senvolvimento e no comportamento da criança Dwairy, 2004; Silva et al., 2007) e traços de
e do adolescente. Em resumo, a manifestação personalidade desadaptados (Yu et al., 2007).
de características comportamentais e psicoló- Por outro lado, há estudos que apontam para
gicas na criança varia em função da associação relações entre os estilos e aspectos positivos
entre as práticas e as consequências no desen- do desenvolvimento, como resiliência e co-
volvimento e na socialização e da eficácia da ping (Cuarati-Burgio, 2001; Nijhof e Engels,
influência dos estilos parentais. Isso explica, 2007), qualidade de vida (Zimmermann et
hipoteticamente, por que o uso de práticas al., 2008), alimentação saudável (Arredondo
idênticas, por famílias de estilos distintos, gera et al., 2006) e desempenho acadêmico (Boon,
diferentes resultados nos comportamentos da 2007; Spera, 2006).
criança e do adolescente (Darling e Steinberg, As pesquisas das relações entre os estilos
1993). Apesar de pesquisas confirmarem a parentais e aspectos psicossociais propiciaram
relação entre os estilos, práticas e os compor- um avanço teórico, principalmente a partir da
tamentos na infância e na adolescência (veja, segunda metade do século passado. Neste con-
por exemplo, Cuarati-Burgio, 2001; Silva et al., texto, as psicopatologias, as medidas preventi-
2007), não foi encontrado nenhum estudo em- vas e suas correlações com a família têm rece-
pírico, nos bancos PsycINFO e Web of Science bido destaque na literatura científica. Todavia,
– até o ano de 2009 –, que confirme a dinâmica nenhum modelo clínico de compreensão dos
apresentada por Darling e Steinberg (1993). estilos parentais foi proposto até a década de
Não obstante, os modelos de Darling e 1990. Sua construção pode ampliar ainda mais
Steinberg (1993), Maccoby e Martin (1983) e a discussão da temática, justamente ao abarcar
Baumrind (1967, 1997) embasaram diversas os aspectos relacionados ao desenvolvimento
pesquisas empíricas, auxiliando o estudo de das psicopatologias. O modelo de estilos pa-
distintos aspectos do comportamento adul- rentais de Young (Young, 2003; Young et al.,
to, bem como a compreensão das origens e 2003) pôde suprir em parte essa lacuna. Essa
desenvolvimento de psicopatologias. Essas teoria será discutida a seguir.

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Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura

Modelo clínico de estilos parentais modelo surgiu no intuito de solucionar alguns


de Jeffrey Young problemas que a terapia cognitivo-comporta-
mental tradicional vinha enfrentando no tra-
Grande parte das teorias psicológicas pro- tamento dos transtornos de personalidade,
cura relacionar o desenvolvimento humano como, por exemplo, a rigidez nas crenças e
com os estilos de cuidados parentais recebi- pensamentos dos pacientes e a desconexão en-
dos na infância e na adolescência. A Terapia tre a patologia e os ambientes parentais (Mc-
Cognitiva Focada nos Esquemas, ao enfatizar Ginn e Young, 2004).
aspectos estruturais da personalidade – o que Young (2003) propõe a existência de dezoi-
não ocorria com o modelo tradicional –, abre to esquemas – denominados Esquemas Ini-
espaço para a discussão dos estilos parentais ciais Desadaptativos (EID) – distribuídos em
e sua relação com o desenvolvimento destas cinco domínios descritos na Tabela 1. Estudos
estruturas (Young et al., 2003). empíricos têm sido conduzidos e, apesar de
Os estilos parentais propostos por Young não confirmarem definitivamente esse número
(2003) encontram-se dentro do escopo da Te- de esquemas, apoiam, razoavelmente, os cinco
rapia Cognitiva Focada nos Esquemas. Esse domínios (Lee et al., 1999; Schmidt et al., 1995).

Tabela 1. Domínios, suas características e Esquemas Iniciais Desadaptativos.


Table 1. Domains, their characteristics and Early Maladaptive Schemas.

Domínio Principais características Esquemas

Abandono e instabilidade
Expectativa de que as necessida-
Desconfiança/abuso
Desconexão e des de segurança, carinho, esta-
Privação emocional
Rejeição bilidade, aceitação e respeito não
Defectividade/vergonha
serão atendidas.
Isolamento social/alienação

Dependência/incompetência
Autonomia e Dificuldade em perceber que,
Vulnerabilidade à doença
Desempenho diante de separações, conseguirá
Emaranhamento/self subdesenvolvido
Prejudicados sobreviver.
Fracasso

Deficiência nos limites internos, Merecimento/grandiosidade


Limites Prejudi-
responsabilidade e objetivos a Autocontrole/autodisciplina
cados
longo prazo. insuficiente

Subjugação
Foco excessivo nos desejos e res-
Orientação Autosacrifício
postas ao outro, a fim de obter
para o Outro Busca de Aprovação/
amor e aprovação.
reconhecimento

Negatividade/pessimismo
Supressão de sentimentos e esco-
Hipervigilância e Inibição emocional
lhas pessoais ou criação de regras
Inibição Padrões inflexíveis/crítica exagerada
rígidas.
Caráter punitivo

Fonte: Adaptada de Wainer et al. (2003) e Young et al. (2003).

O desenvolvimento dos EIDs é normal- possuem certa correlação com os estilos pa-
mente precoce, ocorrendo principalmente na rentais (Young et al., 2003). Os resultados do
infância e na adolescência e dentro do núcleo estudo de Sheffield et al. (2005) corroboram
familiar. Dessa forma, acredita-se que os EIDs tal associação.

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Felipe Valentini, João Carlos Alchieri

Young et al. (2003) postulam a existência Algumas das abstrações seletivas tornam-se
de quatro tipos de ambientes capazes de nu- esquemas, e outras, estilos de coping.
trir a aquisição dos esquemas. O primeiro é Além dos ambientes, Young (2003) propôs a
denominado de frustração/privação de neces- existência de dezoito estilos parentais. Os esti-
sidades, cujo ambiente da criança é deficiente los estão, teoricamente, relacionados aos EIDs
em estabilidade, compreensão ou amor. Es- e recebem os mesmos nomes destes últimos.
quemas como privação emocional e abandono Um padrão parental que falha, por exemplo,
tendem a ter sua origem em ambientes como em prover suficiente apoio emocional à crian-
ça recebe o mesmo nome de seu EID corres-
esse. O segundo ambiente é denominado trau-
pondente: privação emocional. Um ambiente
mático ou abusador e refere-se às práticas de
que não estimule a independência de seus
vitimização da criança, podendo respaldar o membros associa-se ao EID de dependência/
desenvolvimento dos esquemas de abuso, de- incompetência, e assim sucessivamente. Os es-
fectividade e vulnerabilidade ao dano. O ter- tilos parentais também estão distribuídos em
ceiro ambiente provê à criança coisas boas em cinco domínios. Na Tabela 2, são apresenta-
demasia. Nesse caso, limites reais e autonomia das essas cinco dimensões e a família típica de
não são estimulados, tendendo a reforçar os origem, bem como alguns exemplos de itens
esquemas de dependência, incompetência e do Inventário de Estilos Parentais de Young
merecimento. No último ambiente, a criança (Young Parenting Inventory – YPI) (Young,
abstrai seletivamente os pensamentos, senti- 1999), construído com o objetivo de avaliar os
mentos e comportamentos de seus cuidadores. estilos parentais de Young.

Tabela 2. Domínios dos EIDs e família típica de origem.


Table 2. EMD domains and typical family of origin.

Domínio Família típica de origem Exemplos de itens do YPI

‘Fria’, abusadora, explosiva, Passava horas comigo e me


Desconexão e Rejeição solitária, distante e imprevisí- dava atenção.
vel. Era imprevisível.
Superprotetora, dificuldade
Esperava que eu fracassasse.
Autonomia e Desempenho em sustentar a competência e
Tudo tinha que ser feito à ma-
Prejudicados a confiança da criança fora da
neira dele/dela.
família.
Permissiva, falta de orientação Estabelecia poucas regras para
Limites Prejudicados segura, dificuldade em estabe- mim.
lecer limites e disciplina. Era uma pessoa indisciplinada.
A criança é estimulada a não
dar importância às próprias
Se preocupava com o status
necessidades e aos desejos
social e a aparência.
Orientação a fim de receber carinho,
Dava mais importância a fazer
para o Outro aprovação e atenção; status
as coisas bem do que a se di-
e aceitação social são mais
vertir ou relaxar.
importantes do que os senti-
mentos da criança.
Severa, exigente e punitiva;
mais preocupada em evitar Ficava furioso ou me criticava
erros do que estimular aspec- duramente se eu fizesse algo
Hipervigilância e Inibição tos prazerosos; crença de que errado.
as coisas não darão certo, caso Era reservado, raramente dis-
a vigilância não seja contínua cutia os sentimentos dele/dela.
e meticulosa.
Fonte: Adaptada de Vlierberghe et al. (2007). EID – Esquemas Iniciais Desadaptativos.

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Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura

O YPI (Young, 1999) foi desenvolvido no patologias. As análises de regressão aponta-


intuito de avaliar os dezoito estilos parentais ram para a importância dos estilos parentais
(materno e paterno). O instrumento é com- punitivo, pessimista e controlador na predição
posto de 72 itens. A cada item, a pessoa é soli- de quadros de somatização, explicando 30,6%
citada a avaliar o quanto aquela sentença des- da variância dos sintomas. As participantes
creve seu pai e sua mãe durante a sua infância que descreveram seus pais como pessimistas,
e adolescência. Esta tarefa é realizada por in- controladores, emocionalmente inibidos, su-
termédio de uma escala do tipo Likert de seis perprotetores, condicionais, perfeccionistas e
pontos. Por fim, os escores para cada uma das punitivos também apresentaram maior ocor-
dezoito dimensões são gerados separadamen- rência de comportamentos impulsivos (over-
te para os estilos paternos e os estilos mater- dose, tentativas de suicídio e comportamento
nos. Apesar da literatura a respeito do modelo sexual de risco). Em suma, o YPI foi capaz de
não ser vasta, foram encontrados alguns estu- predizer quadros sintomáticos, assim como
dos de validação do instrumento (Sheffield et distinguir as pacientes que apresentavam
al., 2006; Sheffield et al., 2005; Valentini, 2009) comportamentos impulsivos daquelas em que
e associações entre estilos parentais e psicopa- tais sintomas não foram observados. Estes re-
tologia (Hinrichsen et al., 2007; Sheffield et al., sultados, de maneira geral, apontam para uma
2006; Vlierberghe et al., 2007). validade de critério consistente.
Sheffield et al. (2005) realizaram uma pes- No Brasil, Valentini (2009) buscou adap-
quisa de validação preliminar do YPI e da tar e validar o YPI. O autor utilizou o método
relação entre estilos parentais e esquemas de tradução reversa (Backtranslation), contan-
mentais. Para tanto, uma amostra não clínica do com a participação de quatro tradutores,
de 422 universitários (com idades entre 24,5 dez juízes e um comitê. Para a realização do
anos) foi estudada. Os resultados apontaram estudo empírico, 920 estudantes (543 do sexo
para uma solução de nove fatores – estilos feminino) do Ensino Médio e Superior, das
parentais – dos dezoito teoricamente pro- cidades de Natal, Petrolina, Brasília e região
postos. Os estilos foram assim denominados: metropolitana de Porto Alegre responderam
privação emocional (pais que privam a criança aos inventários. As análises fatoriais (explo-
de afeto); superprotetivo (pais que protegem ratórias e confirmatórias) corroboraram, em
a criança em demasia); depreciativo (pais que parte, com os fatores de segunda ordem pro-
fazem a criança sentir-se cheia de defeitos); postos por Young. Os cinco fatores extraídos
perfeccionista (pais que esperam que a criança explicaram 45,12% da variância da escala
demonstre perfeição em tudo); pessimista/me- materna e 47,59% da escala paterna. Assim,
droso (pais normalmente ansiosos, medrosos a versão final do instrumento foi compos-
e com uma visão negativa da vida); controla- ta pelos seguintes fatores: (i) Desconexão
dor (pais excessivamente controladores e que e Rejeição (α=0,89 e 0,90); (ii) Afetividade e
não estimulam a independência da criança); Estabilidade Emocional (α=0,85 e 0,88); (iii)
emocionalmente inibido (pais com dificuldades Hipervigilância e Orientação para o Outro
em expressar e compartilhar emoções com a (α=0,83 e 0,85); (iv) Superproteção e Autono-
criança); punitivo (pais que punem a criança, mia Prejudicada (α=0,78 e 0,79); e 5) Limites
normalmente de forma coerciva, quando ela Prejudicados (α=0,66 e 0,71). Valentini (2009)
comete qualquer erro); e condicional/narcisis- ainda encontrou correlações moderadas en-
ta (pais que condicionam a expressão de seu tre os fatores do YPI e as dimensões do Tes-
amor/afeto/consideração ao sucesso da crian- te Familiograma. Embora alguns ajustes te-
ça). Os pesquisadores também estudaram e nham sido realizados, o autor conclui que o
encontraram associações significativas entre YPI apresenta parâmetros psicométricos ade-
os estilos parentais e esquemas e concluíram quados, podendo ser utilizado em pesquisas
que, após a realização de ajustes, o instrumen- futuras nesta área.
to apresenta níveis psicométricos aceitáveis. Além dos estudos de validação e adapta-
Em outro estudo, Sheffield et al. (2006) es- ção do YPI, o modelo de Young tem orientado
tudaram a validação de critério da versão re- pesquisas na área clínica e na área psicopa-
duzida do YPI. Os autores investigaram as tológica. Hinrichsen et al. (2007) apresenta-
associações entre os estilos parentais e as co- ram os resultados de um estudo correlacio-
morbidades psicológicas em pacientes com nal entre estilos parentais, ansiedade social
transtornos alimentares. A amostra foi consti- e agorafobia. Setenta mulheres (com idades
tuída de 124 mulheres diagnosticadas com tais entre 17 e 56 anos), atendidas por um ser-

Contextos Clínicos, vol. 2, n. 2, julho-dezembro 2009 120


Felipe Valentini, João Carlos Alchieri

viço para transtornos alimentares, participa- nos programas de pós-graduação, levando,


ram da pesquisa (todas apresentavam algum por vezes, décadas para serem conhecidos e
transtorno alimentar como diagnóstico prin- ensinados nos cursos de graduação e utiliza-
cipal). Os autores previam, hipoteticamente, dos na clínica psicológica.
a associação entre o estilo parental punitivo Neste artigo buscou-se diminuir o hiato
e a ansiedade social (comórbida), bem como entre o conhecimento teórico atualizado e
entre o estilo pessimista e a agorafobia. Não sua empregabilidade, quanto ao modelo dos
obstante, os resultados das regressões múl- estilos parentais de Young, ofertando ao lei-
tiplas apontaram para correlações entre o tor uma pequena expressão das ideias prin-
estilo paterno emocionalmente inibido e a cipais relacionadas à clínica. Nesse contexto,
ansiedade social, e entre o estilo materno diversos autores também têm ressaltado a
pessimista/medroso e a agorafobia (ainda importância dos estilos parentais, como as
que a explicação da variância tenha sido bai- características globais das interações entre
xa: 8,9% e 15,1%, respectivamente), ou seja, pais e filhos para a compreensão da família,
somente a segunda hipótese pode ser respal- principalmente no que se refere ao desen-
dada pelos dados empíricos. Dessa forma, os volvimento social, cognitivo e emocional da
autores concluíram que pais (do sexo mascu- criança e do adolescente (Cecconello et al.,
lino) com dificuldades em expressar e com- 2003; Salvo et al., 2005; Sheffield et al., 2006;
partilhar seus sentimentos podem contribuir Sheffield et al., 2005; Spera, 2005; Young,
para o desenvolvimento de ansiedade social 2003; Young et al., 2003).
em seus filhos. Além disso, mães com uma Desde as discussões de Baumrind (1966),
visão pessimista da vida podem contribuir é possível perceber a evolução do conceito
para o desenvolvimento da agorafobia (Hin- de estilos parentais. As propostas de Mac-
richsen et al., 2007). coby e Martin (1983) e Darling e Steinberg
Vlierberghe et al. (2007) estudaram as re- (1993) ampliaram a compreensão do tema e
lações entre os estilos familiares, depressão facilitaram as pesquisas na área. Da mesma
e comportamento antissocial em crianças e maneira, diversas pesquisas ressaltaram as
adolescentes, ambos propostos por Young. 82 relações entre os estilos parentais e as psico-
crianças e adolescentes (com idades entre oito patologias (Castrucci e Gerlach, 2006; Cho-
e 18 anos) participaram da pesquisa. Os auto- quet et al., 2008; Haslam et al., 2008; Yu et al.,
res concluíram que os participantes do estudo 2007). Entretanto, nenhum modelo clínico de
com sintomas depressivos e comportamento compreensão dos estilos parentais havia sido
antissocial percebiam seus pais mais frios, não proposto até a década de 1990. As discussões
confiáveis e imprevisíveis (ligados a esque- elaboradas por Young (Young, 2003; Young et
mas de desconexão e rejeição), se comparados al., 2003) supriram, em parte, essa deficiência
àqueles sem sintomas depressivos. teórica e ampliaram a compreensão da temá-
tica, justamente ao abarcar os aspectos rela-
Considerações finais cionados ao desenvolvimento das psicopato-
logias. A teoria, contudo, é bastante recente
Como se pode verificar, os estudos preco- e necessita de mais estudos empíricos. Além
nizam alterações e adaptações dos modelos disso, a temática ainda não foi explorada no
empregados devido ao desenvolvimento e às Brasil, o que respalda a necessidade de pes-
vicissitudes da sociedade e da cultura, as quais quisas para esse contexto cultural.
acarretam mudanças no meio familiar, alteran- Este estudo apresentou um modelo teórico-
do os papéis e esquemas aprendidos anterior- clínico de estilos parentais, a fim de embasar
mente. Instrumentos para uso na prática clíni- pesquisas ulteriores sobre a temática, além de
ca no Brasil ainda são escassos e extremamente subsidiar novos contextos na clínica cognitiva.
necessários, devido às características dos di- Além disso, uma compreensão mais aprofun-
versos procedimentos técnicos empregados dada dos estilos parentais pode estar associa-
nos esquemas terapêuticos. A possibilidade da à qualidade dos instrumentos de pesquisa
do uso responsável de instrumentos, testes e disponíveis. Neste sentido os estudos de vali-
técnicas psicológicas está intimamente relacio- dade e uso do Inventário de Estilos Parentais
nada ao conhecimento dos processos teóricos de Young, no Brasil, estão sendo realizados
empregados em sua elaboração. Novos mode- pelos autores desse artigo com vistas ao seu
los teóricos acabam restringindo suas discus- emprego no contexto brasileiro e, em breve,
sões aos centros universitários, especialmente estarão disponíveis para avaliação.

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Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão da literatura

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