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Artigo original

Apoio social, eventos estressantes e


depressão em casos de tentativa de suicídio:
um estudo de caso-controle realizado em um
hospital de emergência do Rio de Janeiro
Social support, stressful life events and depression in suicide attempts:
a case-control study developed in an emergency hospital in
Rio de Janeiro, Brazil
Diego de Lima Fonseca1, Lúcia Abelha2, Giovanni Marcos Lovisi3, Letícia Fortes Legay4

Resumo
O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de eventos estressantes, suporte social e depressão e verificar a associa-
ção entre essas variáveis e as tentativas de suicídio atendidas em um hospital de emergência na cidade do Rio de Janeiro,
durante o período de 2006 a 2007. Trata-se de um estudo de caso-controle (caso: n=59) (controle: n=118). Os instrumentos
utilizados foram: questionário sociodemográfico, International Development Interview (CIDI), versão 2.1, para avaliação de
depressão, Escala de Avaliação de Reajustamento Social e a Escala de Apoio Social (Medical Outcomes Study). Foi obser-
vada diferença estatisticamente significante entre casos e controles na prevalência de eventos estressantes, escassez de
apoio social e depressão. Os casos e controles foram nível baixo de escolaridade (50,8 e 61,9%, respectivamente) e não
- participação no mercado formal de trabalho (52,6 e 55,0%, respectivamente). Nossos achados sugerem que a prevenção
das tentativas de suicídio precisa ser multissetorial, incluindo políticas e ações dirigidas a educação e emprego, além das
medidas de intervenção e tratamento direcionadas aos transtornos mentais, como também suporte social.
Palavras-chave: Tentativa de suicídio, eventos estressantes, apoio social

Abstract
The goal of this study was to estimate the prevalence of stressful life events, social support and depression, and to evalu-
ate the association among these variables and suicide attempts seen in an emergency hospital in Rio de Janeiro, Brazil,
between 2006 and 2007. This was a case-control study (case: n=59) (control: n=118) using the following instruments: a socio-
demographic questionnaire, the International Development Interview (CIDI), version 2.1, for assessing depression; the Scale
for Assessment of Social Readjustment, and the Social Support Scale (Medical Outcomes Study). There was a significant
difference between cases and controls in the prevalence of stressful life events, absence of social support and depression.
Cases and controls were low literacy proportions (50.8 and 61.9%, respectively) and informal workers (52.6 and 55.0%,
respectively). Our findings suggest that suicide attempts prevention must be multidisciplinary. This includes educational and
employment policies and actions, along with interventions on mental health care, as well as social support.
Key words: Suicide attempted, stressful events, social support

1
Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). End: Rua Thompson Flores, 28,
casa 4, apto 201 – Méier – Rio de Janeiro, RJ – CEP: 20710-030 – Email: diegofonseca@iesc.ufrj.br
2
Doutora em Saúde Pública. Professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
3
Doutor em Saúde Pública. Professor Adjunto do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
4
Doutora em Saúde Pública. Professora Associada do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.

Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28 217


Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay

Introdução conceituação do que exatamente seriam apoio social e eventos


No ano 2000, a Organização Mundial de Saúde relatou que, estressantes, pré-requisito para estudar o quer que seja. Vá-
aproximadamente, 1 milhão de pessoas morreu por suicídio, rios conceitos de apoio social têm sido utilizados por diversos
com uma taxa global de 16 por 100 mil habitantes. Isso repre- autores (Bowling, 1997; Cohen e Wills, 1985; Minkler, 1985;
senta 1 morte a cada 40 segundos (WHO, 2007). O suicídio é Cobb, 1976). Utilizaremos o conceito de Nutbeam (1986),
um fenômeno encontrado em diversos países, desenvolvidos que definiu apoio social associado aos eventos estressantes.
e em desenvolvimento, sendo a quarta causa de óbito entre a Ele o define como a ajuda oferecida aos indivíduos pela co-
população de 15 a 44 anos (WHO, 2002). munidade para apoiá-lo em situações estressantes. Essa ajuda
No que se refere às tentativas de suicídio, o número pode compreende a ajuda material, o apoio afetivo, o oferecimento
ser ainda mais preocupante. Estima-se que o número de de informações ou aconselhamentos.
tentativas supere o de suicídios em 40 vezes, dependendo da A compreensão sobre como o apoio social estaria associa-
localidade (Schmidtke et al., 1996). Aproximadamente um do aos agravos à saúde e estresse é baseada em dois modelos
quarto dos casos de tentativas acaba tentando novamente o distintos. Um deles é o modelo do efeito direto que considera
suicídio no ano seguinte. Estudos de seguimento mostram que recursos sociais têm um efeito benéfico à saúde, indepen-
que 10% das pessoas que tentam suicídio acabam se matando, dentemente de a pessoa estar vivenciando eventos estressantes
ou seja, o risco de suicídio na população que tenta praticá-lo ou não; já o modelo do efeito indireto (buffer-amortecimento)
é 100 vezes maior do que na população em geral (Kreitmann propõe que o apoio social é associado ao bem-estar somente,
e Casey, 1988; Diekstra e Gulbinat, 1993). Segundo a Organi- ou primariamente, para pessoas sob eventos estressantes (Co-
zação Mundial de Saúde (WHO, 2002), apenas 25% dos casos hen e Wills, 1985).
de tentativa de suicídio procuram atendimento em hospitais É muito plausível que, no evento estressante presente e
públicos. apoio social ausente, um exerça ação potencializadora sobre o
Entre os fatores de risco para as tentativas de suicídio outro e, assim, forme-se um bloco causal de agravos à saúde,
sobressaem-se variáveis sociodemográficas e clínico-epide- como as tentativas de suicídio. Isso pode explicar o resultado
miológicas, a história de tentativa de suicídio anterior e os de estudos que encontraram associação seja de ausência de
transtornos mentais, principalmente a depressão (de 13 a apoio social, seja de presença de eventos estressantes com
53,8%) (WHO, 2002; Brasil, 2006). As variáveis sociodemo- agravos à saúde. Se nesses estudos não se controla o outro
gráficas e clínicas mais frequentemente observadas nas tenta- fator (apoio ausente ou estresse presente) e o mesmo esteja
tivas são: sexo feminino, jovem, desempregado(a), solteiro(a), operando, vai-se encontrar provavelmente uma associação
com baixo nível educacional, uso de álcool ou drogas durante espúria entre os fatores envolvidos no estudo (Lovisi et al.,
a tentativa e tratamento psiquiátrico anterior. A ingestão 1996). Esse modelo de interação: eventos estressantes __ apoio
de medicamentos é o método mais utilizado (Schmidtke et social __ agravos à saúde é ainda incipiente para o estudo das
al.,1996; Fleischmann et al., 2005; Suomien et al., 2004; Borges tentativas de suicídio.
et al., 2000; Feijó et al., 1996). Estudos apontam a importância No Brasil, há poucos estudos realizados sobre fatores
da história de tentativa de suicídio anterior como um impor- sociodemográficos e transtornos mentais nas tentativas de
tante preditor de novas tentativas e do suicídio (Schmidtke et suicídio. Nesses estudos predominaram mulheres e adoles-
al.,1996; Skogman et al., 2004; Suokas et al., 2001; Hawton et centes, estudantes, com histórias anteriores de tentativas e
al., 1998). de transtornos mentais, sendo a depressão o mais frequente
Os eventos estressantes podem estar relacionados com a (Feijó et al., 1996; Rapeli e Botega, 2005; Marcondes Filho et
ausência de apoio social. Estudos têm demonstrado os efeitos al, 2002; Rapeli e Botega, 1998; Botega et al., 1995). O método
deletérios da ausência do suporte social em situações estres- mais utilizado por elas foi o de intoxicação por medicamentos
santes, como a morte de pessoas íntimas, separação conjugal, psicoativos. Nos homens predominaram os adolescentes e de-
desemprego ou qualquer mudança nociva no meio ambiente. sempregados, e o método mais frequente foi o de intoxicação
Todas essas situações podem propiciar transtornos mentais, por pesticida (Feijó et al., 1996; Marcondes Filho et al., 2002;
principalmente a depressão, ou agravar os já existentes naque- Werneck et al., 2006).
les indivíduos que não contam com um apoio social adequado Atualmente, têm aumentado as pesquisas nacionais (Cas-
(Brown e Rundell, 1990). sorla, 1984; Feijó et al., 1999; Prieto, 2002; Gaspari e Botega,
Embora a pesquisa de eventos estressantes e apoio social 2002) que apontam os eventos estressantes e a ausência de
seja de grande importância, o trabalho nessa área está sujeito a apoio social como fatores de risco para as tentativas de suicí-
várias limitações metodológicas. Uma delas é a dificuldade de dio. Estas foram realizadas principalmente em adolescentes e

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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro

jovens e são convergentes em apontar uma elevada incidência posta, na média, por apenas um indivíduo, enquanto o grupo
de experiências adversas (Pietro e Tavares, 2005). controle contava, em média, com três indivíduos. A satisfação
No estudo conduzido por Cassorla (1984), que comparou dos indivíduos com a própria rede de apoio social foi signifi-
jovens sem história de tentativa de suicídio anterior com jo- cantemente menor entre os casos (p<0,01). O pior desempe-
vens que tentaram suicídio, foi observada maior frequência nho do grupo de casos também foi significante (p<0,01) na
de desemprego, de migrações e de problemas na escola no escala GAS e GARF (relacionamento social e relacionamento
grupo que tentou o suicídio. Prieto (2002) realizou estudos familiar, respectivamente).
de casos clínicos de adolescentes com história de tentativa de Apesar da importância dos estudos nacionais, chama a
suicídio recente e detectou a elevada importância dos eventos atenção o fato de terem focado em adolescentes (Cassorla,
estressantes na história de desenvolvimento desses indivídu- 1984; Prieto, 2002), o pequeno tamanho da amostra (Gaspari e
os. Caracterizavam-se por uma infância marcada pela presen- Botega, 2002), além da não-avaliação dos eventos estressantes
ça de indicadores de negligência emocional, violência física, e apoio social no mesmo estudo (Cassorla, 1984; Prieto, 2002;
violência verbal e violência sexual intrafamiliar. Os eventos Gaspari e Botega, 2002). Considerando-se a escassez de dados
que assumiram a função de precipitantes das tentativas foram acerca de tentativas de suicídio no Brasil, este artigo buscou am-
conflitos relacionais graves e separações recentes. Alguns es- pliar o conhecimento científico sobre o tema, colaborando para
tudos focalizaram a relação do apoio social com as tentativas o entendimento da relação eventos estressantes/apoio social nas
de suicídio. Heikkinen et al. (1995) observaram que as redes tentativas de suicídio. O objetivo do nosso estudo foi identificar
sociais e o suporte social eram deteriorados entre os indiví- as variáveis de eventos estressantes e apoio social associadas aos
duos com comportamento suicida quando comparados com casos de tentativa de suicídio atendidos no período de abril de
sujeitos sem história de comportamento suicida. 2006 a março de 2007 em um hospital de emergência da cidade
Somente um estudo nacional avaliou a relação entre do Rio de Janeiro. O objetivo secundário foi avaliar a presença
apoio social e tentativas de suicídio (Gaspari e Botega, de transtorno depressivo nesta amostra.
2002). Realizou-se um estudo de caso (tentativa de suicídio)
e controle (sem tentativa de suicídio) com 14 homens e 15
mulheres em cada grupo (n=29), pareados também por idade Material e método
(diferença máxima de 5 anos). Os grupos foram recrutados Local do estudo
no pronto-socorro do Hospital das Clínicas da Universidade O local estudado foi o Hospital Municipal Souza Aguiar
Estadual de Campinas (Unicamp), durante o período de um (HMSA), um grande hospital público de emergência, situado
ano. O Grupo Controle foi recrutado entre acompanhantes no centro da cidade do Rio de Janeiro, sendo considerado o
de pacientes atendidos. Utilizou-se o Questionário de Rede maior hospital de emergência da América Latina, realizando
de Apoio Social (SSQ, do inglês Social Support Questionnai- cerca de 30 mil atendimentos por mês na sua unidade de
re – Sarason et al., 1983), a Escala de Avaliação Global do emergência. O hospital conta com uma equipe especializada
Funcionamento Psicossocial – Adulto (GAS, do inglês Global em cirurgia de traumas, atendendo às vítimas de violência
Assessment Scale – Endicott et al., 1976), a Escala de Avaliação (Brasil, 2006), abrangendo mais de 25 especialidades médicas;
Global do Relacionamento Social e Familiar (GARF, do inglês porém, não possui Psiquiatra no seu corpo médico. O custeio
Global Assessment of Relational Functioning – DSM IV, 1995) ocorre por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo
e a Escala de Apoio Social/BILLE-BRAHE (EAS/BB – Bille- a maior parte de seus pacientes de nível social muito baixo.
Brahe et al., 1993). Contudo, é possível encontrar pacientes de classe média.
Os principais achados do estudo foram: idade média dos
casos de 37,4 anos; quanto à situação conjugal, 58,6% dos Desenho e população do estudo
casos não possuíam companheiros, enquanto apenas 31,1% Trata-se de um estudo de caso-controle. Os casos foram de-
dos controles estavam na mesma situação (p=0,03). O grupo finidos como todas as tentativas de suicídio atendidas no setor
de casos tinha maior proporção de baixa escolaridade, ou seja, de emergência do HMSA no período de abril de 2006 a março
até o 1º grau completo (79,4 versus 55,1%, p=0,05). Quanto de 2007. Para cada caso identificado, foram selecionados dois
ao método, 38% utilizaram ingestão de medicamentos, 35% controles para aumentar o poder do estudo. Os controles foram
ingestão de venenos e o restante (27%), objetos cortantes. Os selecionados entre pacientes internados por outros motivos.
casos estavam mais frequentemente sob acompanhamento Eles foram pareados pelas seguintes variáveis: sexo, faixa etária
psiquiátrico (41,4 versus 17,2%) e em uso de psicofármacos (diferença máxima de dois anos), mesma localização de entra-
(55,2 versus 13,8%). A rede de apoio social dos casos era com- da (serviço de emergência) e intervalo de entrada no hospital

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de, no máximo, dez dias. Todos os controles foram recrutados Instrumentos utilizados no estudo
no setor de emergência do hospital. Os controles foram sele- Questionário sociodemográfico
cionados segundo os critérios supra, excluindo-se os menores Foi utilizada a seção A do Composite International Deve-
de 18 anos, assim como a repetição de patologias idênticas lopment Interview (CIDI), versão 2.1, para a identificação das
que motivaram sua entrada no hospital. Por meio da escolha seguintes variáveis sociodemográficas: sexo, idade, escolari-
de controles com uma diversidade de patologias, procurou-se dade, ocupação. A variável idade foi categorizada utilizando-
evitar possíveis confusões, variáveis associadas às exposições se os seguintes intervalos: até 19 anos, 20 a 39 anos, 40 a 59
investigadas e ao desfecho, embora fosse inevitável a presença anos e 60 anos ou mais. A escolaridade foi obtida em anos de
de transtornos psicológicos leves como comorbidades relacio- estudo. Quanto à ocupação, foram utilizadas as seguintes cate-
nadas à própria situação de hospitalização, as quais variavam gorias: estudante, desempregado, emprego formal e emprego
conforme a gravidade do caso que motivou a internação. informal e aposentado. Somente para os casos de tentativas
Como o hospital estudado não possui um sistema de refe- foi perguntado o método utilizado.
rência geográfica fechado, atendendo pessoas de todo o muni-
cípio ou mesmo do estado, não é possível selecionar controles Eventos estressantes
provenientes da população que gerou os casos. Nessa situa- Foi utilizada a Escala de Avaliação de Reajustamento So-
ção, a escolha de controles do mesmo hospital aproxima-se do cial de Holmes e Rahe (1967), por ser um dos instrumentos
pressuposto de que aquele controle poderia ser um caso em mais utilizados mundialmente (Savoia, 1999) para medir
potencial se tentasse o suicídio, encaminhando-se provavel- eventos estressantes. Foi realizada a adaptação transcultural e
mente para o mesmo hospital. validação desse instrumento no Brasil por Savoia (1999). Essa
Estudos recentes trazem uma discussão sobre a impor- escala baseia-se na proposição de que o esforço exigido para
tância de se avaliar a intencionalidade no comportamento que o indivíduo se reajuste à sociedade, depois de mudanças
suicida, visando a uma melhor definição do termo “tentati- significativas em sua vida, cria um desgaste que pode levar a
va de suicídio” como proposta para redução dos problemas doenças sérias. Os autores desenvolveram uma lista de aconte-
metodológicos. Para o presente estudo, utilizou-se a definição cimentos considerados eventos significativos, como divórcio,
adotada pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2002): nascimento de criança na família, morte na família, mudanças
Ato com resultados não fatais no qual um indivíduo inten- no trabalho e outros. Essa lista com 43 itens é apresentada aos
cionalmente inicia um comportamento não habitual, sem indivíduos, perguntando-lhes se vivenciaram no último ano
a intenção de outros, causando autolesão ou ingerindo qualquer um dos acontecimentos apontados. Esses aconteci-
intencionalmente excesso de medicamentos (em relação à mentos recebem escores diferenciados de acordo com a sua
dosagem prescrita ou aceita como normal), com a finalidade magnitude; por exemplo, o escore da morte de um cônjuge é
de provocar mudanças em decorrência das consequências de 100 pontos, enquanto o escore do recebimento de multas é
físicas ocorridas ou esperadas. de 11 pontos. Ao se somarem os escores dos itens apontados
pelos participantes, os indivíduos que apresentam até 150
Os critérios de exclusão foram: pontos constituem-se como grupo padrão. Os que recebem
1. morte como desfecho para o caso; entre 150 e 199 pontos têm 37% mais chances de adoecerem;
2. reincidência no mesmo estudo, evitando-se que o mesmo na faixa de 200 a 299 essa chance é 51% maior, e os que ultra-
indivíduo fosse entrevistado mais de uma vez; passam os 300 pontos têm uma chance 79% maior. Verifica-se
3. paciente incapacitado, por qualquer motivo, de responder que quanto maior a pontuação, maior a probabilidade de os
aos questionários tanto para os casos como para os con- indivíduos terem problemas de saúde (Quadro 1).
troles.
Apoio social
Tamanho da amostra Foi utilizada a versão brasileira da subescala de apoio so-
Durante o período do estudo, foram admitidos 118 casos cial do Medical Outcome Studies (Sherbourne e Stewart, 1991),
de tentativas de suicídio no setor de emergência do HMSA, traduzida e adaptada no Brasil por Chor et al. (2001) e valida-
sendo 2 reincidências e 37 casos impossibilitados de responde- da no Brasil por Griep et al. (2005). A versão brasileira desse
rem aos questionários. As perdas, no total de 10 ocorrências, instrumento apresentou boa confiabilidade e alta validade de
foram casos liberados rapidamente ou que saíram à revelia e construto com kappa entre 0,62 e 1 (Griep et al., 2005). Esse
no horário da madrugada, o que resultou em 59 entrevistas instrumento, em sua versão brasileira, avalia três categorias
completas dos questionários do presente estudo. de apoio social: interação social e suporte afetivo; suporte

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emocional e de informação e o suporte material, consistindo Quadro 1 - Probabilidade de ter problemas de saúde segundo o
escore obtido na Escala de Avaliação de Reajustamento Social
em 19 perguntas respondidas como “nunca”, “raramente”, “às
Escore obtido Probabilidade de ter
vezes”, “quase sempre” e “sempre”. problemas de saúde (%)
Os dados resultantes foram dicotomizados segundo a Moderada (150-199) 37
seguinte regra: Média (200-299) 51
- “nunca”, “raramente” e “às vezes” foram codificados como Severa (de 300 a mais) 79
“raramente”;
- “quase sempre” e “sempre” foram codificados como “fre-
quentemente”. Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo apresentado
Além desse instrumento, foram utilizadas duas perguntas à direção do HMSA, que oficializou a realização do estudo
acerca de rede social e três de funcionalidade social obtidas dentro do hospital.
também do Medical Outcome Studies (Sherbourne e Stewart,
1991). As perguntas sobre rede social mediam o número de Análise dos dados
familiares e amigos que integram essa rede, e as perguntas de Para a análise univariada utilizaram-se as técnicas estatís-
funcionalidade forneciam dados categóricos do tipo sim/não. ticas descritivas tais como: frequência, média e desvio padrão.
Todos esses questionários são estruturados para autopreen- Para a análise bivariada, calculou-se a Odds Ratio e o intervalo
chimento do entrevistado. de confiança de 95%, aplicou-se o teste do qui-quadrado cor-
respondente a cada variável, os testes de Fisher e de Pearson
Depressão para medir associações entre variáveis categóricas e o teste t
O Composite International Development Interview (CIDI), para variáveis contínuas, após análise do teste de Levene para
versão 2.1, foi desenvolvido pela OMS (Robins et al., 1988) e diferença entre variâncias amostrais. Os resultados foram
escolhido para avaliar os transtornos mentais. Trata-se de um considerados estatisticamente significantes quando o valor de
instrumento totalmente estruturado e padronizado, permi- p foi igual ou menor que 0,05. As variáveis associadas signifi-
tindo que não-clínicos o administrem após treinamento. As cantemente foram submetidas à análise bivariada estratificada
pesquisadoras do presente estudo foram treinadas pelo Centro por sexo, levando-se em conta os pareamentos realizados.
de Treinamento do CIDI da Escola Paulista de Medicina da Os itens de cada instrumento que obtiveram p<0,10 foram
Universidade Federal de São Paulo (40 horas/treinamento), submetidos a regressão logística binária condicional pelo método
seguindo as normas estabelecidas pela OMS. Esse instrumento backward stepwise. Ao final, foi realizada a mesma regressão com
foi traduzido e validado em vários países; no Brasil, a validação as variáveis de apoio social e de eventos estressantes que manti-
foi realizada por Quintana et al. (2007). O presente estudo ava- veram a significância nas análises multivariadas anteriores, além
liou somente o episódio depressivo durante o último ano. da variável de episódio depressivo. Para a digitação dos dados foi
utilizado o programa EpiInfo, versão 6.04, e para a análise dos
Coleta de dados dados foram utilizados os programas Statistical Package for Social
Quatro psicólogas treinadas previamente em todos os Sciences (SPSS), versão 10.1 e o EpiInfo, versão 3.4.
instrumentos conduziram as entrevistas. As pesquisadoras
realizaram busca ativa para identificar e recrutar os casos e
inseri-los no estudo. As entrevistas foram conduzidas indivi- Resultados
dualmente, depois de estabilizado o quadro clínico, durante Características sociodemográficas
as quais os casos foram confirmados pelos próprios pacientes e clínico-epidemiológicas
ou pelos familiares/acompanhantes. Essas entrevistas tiveram Houve predominância do sexo feminino (59,3 versus
uma duração média de uma hora. 40,7%, p=0,02) e de adultos jovens, 20-39 anos, 67,8% nos
dois grupos (Tabela 1). As análises estatísticas mostraram que
Aspectos éticos o pareamento para essas variáveis foi bem sucedido.
Todos os participantes da pesquisa assinaram o termo As variáveis socio demográficas apresentadas na Tabela
de consentimento informado antes de serem entrevistados; 1 apresentam uma predominância tanto entre os casos como
quando impedidos devido à condição clínica, essa observação entre os controles de: baixo nível educacional, até 8 anos de
era anotada no termo na presença de familiares/amigos ou estudo (50,8 versus 61,9%); solteiros (59,3 versus 46,6%); tra-
membro da equipe. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de balho formal e informal (52,5 versus 55,1%). Ressalta-se a alta

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Tabela 1 - Características sociodemográficas e clínicas de casos proporção na faixa de maior risco foi de casos (>300 pontos;
de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de
emergência do Rio de Janeiro 52,5 versus 40,7%), e a maior proporção na faixa de risco médio
Casos Controle Valor foi de controles (entre 200 e 299 pontos; 20,3 versus 33,9%).
(n=59) (n=118) de p Quando observados os eventos isoladamente (Tabela 2),
Gênero*     foi encontrada diferença estatística com maior frequência
Masculino 40,7 40,7   entre os casos nos seguintes eventos: reconciliação com o
Feminino 59,3 59,3   cônjuge (23,7 versus 7,6%, OR=3,77, p<0,01), dificuldades
Faixa etária* (em anos)    
sexuais (22 versus 10,2%, OR=2,50, p=0,04), mudança na fre-
até 19 8,5 10,2  
quência de brigas com o cônjuge (42,4 versus 22%, OR=2,60,
20-39 67,8 67,8  
40-59 20,3 16,9  
p<0,01), dificuldade com a polícia (13,6 versus 4,2%, OR=3,55,
60 ou mais 3,4 5,1   p<0,01), começo ou abandono dos estudos (40,7 versus
Escolaridade (em anos)     0,31 24,6%, OR=2,10, p=0,04), mudança de escola (10,2 versus
0a8 50,8 61,9   0,8%, OR=13,25, p<0,01). Embora sem diferença significante,
8 a 11 45,8 33,9   a variável mudança de condição financeira chama a atenção
12 ou mais 3,4 4,2   pela frequência relativa elevada, tanto nos casos como nos
Estado civil     0,23 controle (64,4 versus 50,85%).
Solteiro 59,3 46,6 Foi encontrada diferença estatística com maior frequência
Casado 28,8 29,7  
entre os controles apenas para: acidentes ou doenças (58,5
Separado 10,2 15,3
versus 28,8%, OR=0,29, p<0,01). Esse dado era esperado em
Viúvo 1,7 2,5  
Divorciado 0,0 5,9  
se tratando de controles avaliados em enfermarias após entra-
Situação econômica     0,95 da em uma emergência hospitalar.
Emprego formal 37,3 34,7   Após a regressão logística binária (Tabela 3), encontrou-
Desempregado/Emprego informal 52,6 55,0   se significância estatística para as seguintes variáveis, com
Estudante 8,5 8,5   maior proporção entre os casos: reconciliação com o cônjuge
Aposentado 1,7 1,7   (OR=4,88, p<0,01), dificuldades sexuais (OR=4,49, p=0,03),
Depressão       mudança de escola (OR=3,03, p<0,01). Entre as variáveis
Sim 52,5 12,7 0,01 com maior proporção entre os controles, foram encontrados:
Não 47,5 82,3
acidente ou doença (OR=0,13, p<0,01), acréscimo ou dimi-
Método Casos 0,01
nuição de moradores na residência (OR=0,01, p<0,01).
Medicamentos 33,9
Pesticida 39
Métodos violentos 22 Avaliação de apoio social
Outros 5,1 Quanto ao tamanho da rede de apoio, os controles apre-
* Pareados para essas variáveis. sentavam maior número em média de parentes (3,6 versus
1,3%; p<0,01) e de amigos (2,8 versus 1,3%; p=0,03) (Tabela
proporção de desempregados nos dois grupos (37,3 versus 4). Quanto à participação em atividades sociais, os controles
34,7%). Os casos de tentativa relataram cerca de 3 vezes mais apresentavam uma maior participação em atividades despor-
episódios depressivos (45,8 versus 12,7%, p<0,01). Os métodos tivas/artísticas (39 versus 23,7%, OR=4,15, p=0,05) e em reu-
utilizados (Tabela 1) foram distribuídos significativamente, niões de sindicatos/associações (22,9 versus 8,5%, OR=8,81,
com maior proporção de ingestão de pesticidas (39%), segui- p=0,02), sendo que todos esses resultados exibiram associação
da de intoxicação por medicamentos (33,9%). A utilização de significativa.
outros métodos violentos – tais como a utilização de meios A escala de apoio social apontou diferença significante na
cortantes, precipitação de grandes alturas e atropelamento média da pontuação obtida, com menor apoio social entre os
provocado – correspondeu a 22%. casos de tentativa de suicídio, em 18 dos 19 itens da escala
(Tabela 4). O único item que não apresentou significância
Avaliação de eventos estressantes estatística foi: “alguém com que você conta que lhe ajude se
Os dados referentes à avaliação de eventos estressantes são você ficar de cama” (22 versus 15,3, p=0,26).
apresentados na Tabela 2, verificando-se que o escore final da Após a regressão logística binária, apontou-se significância
escala de eventos estressantes, a distribuição foi significante- estatística para as seguintes variáveis (Tabela 3), com menor
mente diferente (p=0,02) entre os grupos, sendo que a maior apoio social entre os casos em comparação aos controles:

222 Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28


Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro

Tabela 2 - Avaliação de eventos estressantes no último ano em casos de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de
emergência do Rio de Janeiro
Eventos estressantes Casos (n=59) Controle (n=118) OR IC95%
Morte do cônjuge 1,69 0,00
Divórcio 10,17 3,39 3,23 0,87-11,92
Separação do casal 33,90 21,19 1,91 0,95-3,83
Prisão 5,08 1,69 3,11 0,50-19,13
Morte de alguém da família 40,68 38,14 1,11 0,59-2,11
Acidentes ou doenças 28,81 58,47 0,29* 0,15-0,56
Casamento 3,39 9,32 0,34 0,07-1,59
Perda do emprego 22,03 27,12 0,76 0,36-1,59
Reconciliação com o cônjuge 23,73 7,63 3,77* 1,52-9,33
Aposentadoria 0,00 0,85
Doença de alguém da família 37,29 37,29 1,00 0,52-1,91
Gravidez 20,34 20,34 1,00 0,46-2,17
Dificuldades sexuais 22,03 10,17 2,50* 1,06-5,88
Nascimento de criança na família 33,90 33,90 1,00 0,52-1,94
Mudança no trabalho 20,34 23,73 1,42 1,76-0,82
Mudança na sua condição financeira 64,41 50,85 1,75 0,92-3,33
Morte de um amigo íntimo 28,81 25,42 1,19 0,59-2,39
Mudança na linha de trabalho 23,73 16,95 1,52 0,71-3,29
Mudança na frequência de brigas com o cônjuge 42,37 22,03 2,60* 1,32-5,11
Compra de casa de valor alto 3,39 3,39 1,00 0,18-5,62
Término de pagamento de empréstimo 6,78 11,86 0,54 0,17-1,72
Mudança de responsabilidade no trabalho 23,73 19,49 1,29 0,61-2,73
Saída de filho(a) de casa 3,39 5,08 0,65 0,13-3,35
Dificuldade com a polícia 13,56 4,24 3,55* 1,11-11,37
Reconhecimento de feito profissional de realce 10,17 19,49 0,47 0,18-1,22
Cônjuge começou ou parou de trabalhar 15,25 20,34 0,71 0,30-1,63
Começo ou abandono dos estudos 40,68 24,58 2,10* 1,08-4,10
Acréscimo ou diminuição de pessoas morando na casa 25,42 38,98 0,53 0,27-1,07
Mudança de hábitos pessoais 49,15 44,07 1,23 0,66-2,30
Dificuldade com o chefe 13,56 8,47 1,69 0,63-4,55
Mudança no horário de trabalho 18,64 16,95 1,12 0,50-2,53
Mudança de residência 37,29 25,42 1,74 0,89-3,41
Mudança de escola 10,17 0,85 13,25* 1,56-112,77
Mudança de atividades recreativas 22,03 22,88 0,95 0,45-2,02
Mudanças de atividades religiosas 35,59 26,27 1,55 0,79-3,04
Mudanças de atividades sociais 35,59 23,73 1,78 0,90-3,51
Compra a crédito de valor médio 13,56 22,03 0,56 0,23-1,32
Mudança nos hábitos de dormir 55,93 44,92 1,56 0,83-2,92
Mudança na frequência de reuniões familiares 44,07 36,44 1,37 0,73-2,60
Mudança nos hábitos de alimentação 55,93 47,46 1,41 0,75-2,63
Férias 13,56 11,02 1,27 0,49-3,25
Natal 59,32 63,56 0,84 0,44-1,59
Recebimento de multas ao cometer pequenas infrações 6,78 6,78 1,00 0,29-3,47
Probabilidades
0 11,86 18,64*
37 15,25 6,78
51 20,34 33,90
79 52,54 40,68
OR: odds ratio; IC95%: intervalo de confiança de 95%.
* p<0,05

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Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay

Tabela 3 - Modelos de regressão grande maioria das pesquisas internacionais (Skogman et al.,
Valor 2004; Bernal et al., 2007; Blackmore et al., 2008) e nacionais
Variáveis OR IC95%
de p
(Rapeli e Botega, 2005; Marcondes Filho et al., 2002). A forte
Eventos estressantes
associação encontrada (OR=4,97) é compatível com os estu-
Acidentes ou doenças 0,13* 0,05 - 0,32 0,01
Reconciliação com o cônjuge 4,88 1,54 - 15,45 0,01 dos que apontam o episódio depressivo como um dos mais
Dificuldades sexuais 4,49 1,10 - 18,32 0,03 importantes fatores de risco para as tentativas de suicídio
Mudança de escola 3,03 7,14 - 1,26 0,01 (Bernal et al., 2007; Nock e Kessler, 2006; Haw et al., 2001;
Acréscimo ou diminuição de Beautrais et al., 1996).
0,01* 0,00 - 0,12 0,01
pessoas morando na casa
Os casos de tentativas de suicídio apresentaram um
Apoio social
número substancialmente maior de eventos estressantes
Com quem distrair a cabeça 4,81 1,82 - 12,72 0,01
Com quem fazer coisas (Cassorla, 1984; Gould et al., 1996; Feijó et al., 1999; Prieto,
4,00 1,28 - 12,48 0,02
agradáveis 2002). Dentre esses eventos, aqueles que apresentaram maior
Que você ame e que faça você associação com as tentativas de suicídio foram mudança de
3,03 1,10 - 8,371 0,03
se sentir querido
escola e reconciliação com o cônjuge.
Modelo final
A mudança de escola pode estar associada tanto aos sin-
Acidentes ou doenças 0,22* 0,09 - 0,54 0,01
Reconciliação com o cônjuge 7,63 2,26 - 25,64 0,01 tomas depressivos como ao comportamento suicida. Ela pode
Mudança de escola 15,38 1,47 - 166,67 0,02 ser verificada em situações tais como: problemas escolares
Acréscimo ou diminuição de (expulsão da escola, reprovação), mudança de residência e
0,33* 0,12 - 0,89 0,03
pessoas morando na casa separação dos pais. Resultado semelhante foi encontrado em
Com quem distrair a cabeça 4,90 1,43 - 16,79 0,01
um estudo de caso-controle realizado em adolescentes grávi-
Com quem fazer coisas
agradáveis
6,55 1,69 - 25,32 0,01 das e não-grávidas, buscando comparar o perfil psicossocial
Depressão 4,97 1,89 - 12,99 0,01 e o comportamento suicida entre os dois grupos. Os autores
* Fatores de proteção no grupo estudado. encontraram o fato de “não estar estudando por seis meses”
OR: odds ratio; IC95%: intervalo de confiança de 95%.
associado ao comportamento suicida (Freitas e Botega,
alguém com quem distrair a cabeça (OR=4,81, p<0,01); com 2001).
quem fazer coisas agradáveis (OR=4,00, p=0,02); alguém que Na escala de eventos estressantes utilizada em nosso
você ame e que faça você se sentir querido (OR=3,03, p=0,03). estudo, os eventos com maior escore são morte do cônjuge,
divórcio e separação (100, 73 e 65 pontos, respectivamente).
Regressão logística binária final A reconciliação com o cônjuge está fortemente relacionada a
Após a regressão logística binária final, permaneceram brigas/separações anteriores, podendo ser esta uma explica-
integrantes do modelo preditivo de tentativas de suicídio as ção para a sua significância em nosso modelo de regressão fi-
seguintes variáveis (Tabela 3): nal. Outro aspecto importante é que a reconciliação gera uma
1. variáveis de eventos estressantes: acidentes ou doenças, carga de estresse em um indivíduo que já está sob efeito de
reconciliação com o cônjuge, mudança de escola; uma briga/separação anterior. A escala baseia-se justamente
2. variáveis de apoio social: com que frequência você conta nessa sobrecarga de eventos em curto período de tempo (um
com alguém com quem distrair a cabeça e com que frequ- ano) para apontar indivíduos com maiores chances de terem
ência você conta com quem fazer coisas agradáveis; problemas de saúde.
3. variável clínica: depressão. Chama a atenção a grande frequência de divórcio e sepa-
ração nos casos, principalmente no sexo feminino (44,1%).
Como abordado por Corney (1987) e Goerin et al. (1992), a
Discussão desarmonia conjugal pode predispor, principalmente nas mu-
O principal achado do estudo foi um modelo preditivo lheres, a transtornos depressivos. Correlações entre tentativa
simplificado, obtido por meio de técnica de regressão logísti- de suicídio, divórcio e/ou separação têm sido encontradas por
ca, composto de apenas três variáveis de eventos estressantes; diferentes estudos, os quais apontam esses eventos como um
duas variáveis de apoio social e por episódio de depressão no importante fator precipitante para o comportamento suicida
último ano. (Meneghel et al., 2004; Werneck et al., 2006; Gaspari e Botega,
A maior prevalência de episódios depressivos entre os ca- 2002).
sos de tentativa de suicídio em comparação com os controles A pior percepção de apoio afetivo apresentou-se associada,
(52,5 versus 12,7%) (Tabela 1) está em consonância com a no nosso estudo, aos casos de tentativa de suicídio. No mode-

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Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tentativa de suicídio: um estudo de caso-controle realizado em um hospital de emergência do Rio de Janeiro

Tabela 4 - Avaliação do apoio social em casos de tentativa de suicídio e controles atendidos em um hospital de emergência do Rio de Janeiro
Casos Controle
OR IC95%
(n=59) (n=118)
Que o ajude, se ficar de cama 22,0 15,3 1,44 0,76 - 2,74
Para lhe ouvir, se você precisar 35,6* 17,8 2,00 1,19 - 3,35
Para lhe dar bons conselhos em uma situação de crise 44,1* 21,2 2,08 1,32 - 3,26
Para levá-lo ao médico 40,7* 14,4 2,82 1,65 - 4,83
Que demonstre amor e afeto por você 25,4* 8,5 3,00 1,44 - 6,26
Para se divertir junto 47,5* 11,0 4,31 2,41 - 7,68
Para lhe dar informação que o ajude a compreender melhor uma situação 44,1* 19,5 2,26 1,42 - 3,60
Em quem confiar ou para falar com você ou sobre os seus problemas 40,7* 40,7 2,53 1,51 - 4,22
Que lhe dê um abraço 39,0* 10,2 3,83 2,05 - 7,15
Com quem relaxar 45,8* 11,9 3,86 2,19 - 6,78
Para preparar suas refeições, se você não puder prepará-las 35,6* 14,4 2,47 1,41 - 4,31
De quem você realmente quer conselhos 39,0* 19,5 2,00 1,23 - 3,25
Para ajudá-lo nas horas tarefas diárias, se você ficar doente 47,5* 7,6 6,22 3,14 - 12,31
Com quem distrair a cabeça 25,4* 11,0 2,31 1,18 - 4,52
Para compartilhar suas preocupações e medos mais íntimos 49,2* 20,3 2,42 1,55 - 3,75
Para dar sugestões sobre como lidar com um problema pessoal 39,0* 14,4 2,71 1,57 - 4,65
Com quem fazer coisas agradáveis 39,0* 5,1 7,67 3,30 - 17,80
Que compreenda seus problemas 50,8* 18,6 2,72 1,73 - 4,28
Que você ame e que faça você se sentir querido 37,3* 7,6 4,89 2,40 - 9,94
Participa de atividades desportivas e/ou artísticas 38,98* 23,73 2,05 4,15 - 1,01
Participa de reuniões de associações/sindicatos 22,88* 8,47 3,20 8,81 - 1,16
Participa de trabalhos voluntários? 21,19* 22,03 0,95 2,03 - 0,45
Controle 3,63 -3,46
Com quantos parentes você se sente à vontade para falar sobre quase tudo -2,36
Caso 1,27 -1,25
Controle 2,80 -2,81
Com quantos amigos você se sente à vontade para falar sobre quase tudo -1,46
Caso 1,34 -0,11
OR: odds ratio; IC95%: Intervalo de confiança de 95%.
p<0,05

lo indireto (buffer) de apoio social, o qual é o mais adequado indicando como vantagem o fato de ter sido realizado 13
quando lidamos com eventos estressantes, como o caso de anos após o de Veiel, o que lhe garantiria vantagens, como
reconciliação/brigas, o papel do apoio social seria o de reme- melhor definição dos conceitos e instrumentos padronizados.
diar os efeitos causados por esse estresse. Com apoio social, Cerca de 20 anos após o primeiro estudo, as dificuldades de
tenta-se assegurar o controle emocional do indivíduo a partir se estudar esse tema continuam presentes. A conceitualização
de um suprimento externo, principalmente por meio de fami- de apoio social continua imprecisa, apesar dos avanços e,
liares e amigos íntimos. Isso é de suma importância para os embora existam hoje alguns instrumentos específicos, a falta
indivíduos que estão diante de uma situação estressante e não de padronização dificulta a comparabilidade entre os vários
encontram o apoio social adequado para enfrentar tal proble- estudos. Nesse sentido, é difícil uma comparação direta entre
ma. Um dos apoios sociais mais importantes no enfrentamen- os dados do presente estudo e os obtidos por Gaspari, o que
to desses eventos estressantes é o afetivo. Na ausência desse não impede a afirmação de que ambos os resultados apontam
apoio e presença de problemas de relacionamentos afetivos, para a associação entre a ausência de apoio social e a tentativa
aumenta o risco de transtorno mental, como a depressão e, de suicídio.
consequentemente, o comportamento suicida. Outra dificuldade é o fato de se trabalhar simultaneamente
Veiel et al. (1988) encontraram uma associação entre au- com os conceitos de apoio social e de transtornos mentais. O
sência de apoio social e tentativa de suicídio, mas ressaltou indivíduo com a presença desses transtornos pode dificultar a
a necessidade de novos estudos em função das divergências ajuda, por sua atitude negativista de recusa e isolamento. É fato
encontradas na conceitualização do termo e na falta de ins- já constatado na Psiquiatria que essas características inibem
trumentos específicos para a avaliação do apoio social. O a ajuda dos familiares e amigos íntimos para com o paciente.
estudo de Gaspari (2002) apresentou essa mesma associação, Por exemplo, o paciente deprimido avalia negativamente a sua

Cad. Saúde Colet., 2010, Rio de Janeiro, 18 (2): 217-28 225


Diego de Lima Fonseca, Lúcia Abelha, Giovanni Marcos Lovisi, Letícia Fortes Legay

condição e seu ambiente. Um dos problemas a que se deve estar pesticidas constitui a terceira maior causa de intoxicação agu-
atento é a possibilidade, por exemplo, de um paciente ter uma da no Brasil. Um recente estudo sobre intoxicação realizado
visão pessimista do mundo, consequente de sua doença, e isso no Ceará indicou que 84,2% de todos os casos de intoxicação
influir na sua visão acerca dos seus relacionamentos sociais, isto por pesticida eram relacionados à tentativa de suicídio (Mar-
é, ele provaria ���������������������������������������������
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sua interação com o mundo, che- ques, 2005). Todos esses estudos, incluindo nossa investiga-
gando a atribuir ausência de suporte social em circunstâncias ção, sugerem a necessidade de se desenvolverem estratégias
que caracterizariam um suporte satisfatório quando fora da de- que restrinjam o acesso a esse método. É necessário e urgente
pressão. Isso poderia explicar a significativa menor percepção ampliar o controle da aquisição do “chumbinho”, uma vez
de apoio social em quase todos os itens em nosso estudo. que, apesar de a venda ser proibida, o acesso é fácil e barato.
As características sociodemográficas predominantes Quanto à medicação psicoativa, além da fiscalização para o
foram: adulto jovem, sexo feminino, solteiro, baixo nível edu- cumprimento da exigência da apresentação da prescrição
cacional e fora do mercado formal de trabalho. Esses aspectos médica para o seu acesso, faz-se também necessária maior
foram compatíveis com os estudos nacionais e internacionais conscientização da comunidade médica quanto à dispensação
sobre tentativas de suicídio (Schmidtke et al., 1996; Rapeli e desses medicamentos.
Botega, 1998, Gaspari e Botega, 2002). Em razão da grande variedade regional, as taxas de suicídio
Embora a literatura aponte que o desemprego e baixo variam de 2 a 16 mortes por 100 mil habitantes no Brasil. Exis-
nível socioeconômico são mais frequentes nos indivíduos te a necessidade de se pesquisar sobre os transtornos mentais.
que tentam o suicídio (Platt, 1984; Blackmore et al., 2008; Encontramos uma alta prevalência de eventos estressantes,
Qin et al., 2003; Nunes, 1988), não encontramos diferenças escassez de apoio social e depressão, além da predominância
significantes com o grupo controle. Isso, contudo, pode ser de baixo nível educacional e trabalhadores fora do mercado
explicado pelo fato de o Grupo Controle ser constituído por formal de trabalho. Nossos achados sugerem que a prevenção
pacientes atendidos em um hospital público, em sua maioria das tentativas de suicídio precisa ser multissetorial, incluindo
da camada populacional menos favorecida. ações e políticas para educação e empregos, além das medidas
Os métodos mais utilizados pelas mulheres foram ingestão de intervenção e tratamento dos transtornos mentais.
de medicamentos psicoativos e ingestão de pesticidas (37,1%
para ambas). Esse resultado foi corroborado por estudos Limitações
nacionais e internacionais (Werneck et al., 2006; Botega et Neste estudo, por não se garantir a temporalidade, não foi
al., 1995; Kachava e Escobar, 2005; Nunes, 1988; Marcondes possível estabelecer uma relação causal entre os fatores estu-
Filho et al., 2002). O uso abusivo de medicamentos psicoa- dados. Outro fato é o de que os casos de tentativas de suicídio
tivos é um problema de Saúde Pública no Brasil. Segundo a não são representativos de todos os casos ocorridos no Rio de
OMS, em 1990, consumiram-se 500 milhões de doses diárias Janeiro, e sim dos casos de tentativas que buscaram atendi-
de tranquilizantes no Brasil. Essa quantia foi três vezes mais mento médico emergencial. Dessa forma, estes representam
alta do que a esperada (WHO, 1990). os casos mais graves e com maior probabilidade de apresenta-
A ingestão de pesticida foi o método utilizado por quase rem depressão. Tentou-se diminuir o viés de informação (ou
metade dos homens (41,7%). Esse resultado é consistente com viés de memória), ocasionado pela tendência dos casos a se
os de outros estudos nacionais (Werneck et al., 2006; Botega lembrarem melhor dos eventos passados do que os controles
et al., 1995; Kachava e Escobar, 2005; Nunes, 1988). Em nossa com a adoção das seguintes medidas: realização de entrevis-
investigação, os 23 indivíduos que tentaram o uso de pesticida tas estruturadas; treinamento rigoroso das entrevistadoras; e
utilizaram a fórmula denominada “chumbinho”. O uso desse pesquisa dos eventos no último ano de vida. Questões sobre
pesticida também foi identificado como principal método esquizofrenia devem ser consideradas em estudos que ava-
utilizado nas tentativas em outros estudos realizados no Rio liam a depressão, devido ao chamado “quadro de depressão
de Janeiro (Werneck et al., 2006; Moraes, 1999). A ingestão de pós-psicótica”.

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