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FUNDACAO EDITORA DA UNESP -resdante do Conelho Curodor Hermon Jacobus Carel Voorwald Diet Presidente Joe Cost Marques Nolo Eiilr Eccuvo Jet Hema Bort Gulia CConssho Editorial Acodico ‘Nero Tavyoshi edo Cia Aporeed Feria Toleting Edo Mara Gées Elsbeth Cricvolo Urbino ldeberto Mun de Arerda oir Gonzoge Marchezan Nilson Ghredalo Paulo Clxor Conta Borges Strgi Veena Mote Vion Peer Ecihoros Assist Henrique Znorei Jorge erica Filho i Mu ore Moree 03 Ao 2 or Jack Goody Renascimentos um ou muitos? al 203 es Tradugao de Magda Lopes g editora unesp A ideia de um renascimento Iniciando com as *primeiras luzes” (primi lumi) do século X1Y, 0 Rena mento italiano é visto com frequencia come v snuiiento decisivo no desen- vvolvimento da “mode-nidade”, em relago no apenas as artes ¢ as ciéncias, ‘mas também, do ponto de vista do desenvolvimento econdmico, em relagao ‘a0 advento do capitalismo. Nao hé diivida de que esse foi um momento importante na histéria mundial. Mas quo singular ele foi em geral? Existe aqui tanto um problema histérico especifico quanto um problema sociolgico {geral. Todas as sociediades estagnadas requerem algum tipo de renascimento para voltarem a se mover, ¢ isso pode implicar um olhar retrospectivo s0- bre épocas anteriores (a Antiguidade, no caso da Europa) ou outro tipo de florescéncia, Esse & 0 meu polémico pano de fundo, No vejo o Renascimento italiano ‘como a chave para a modernidadle e para o capitalismo. Isso me parece uma afirmagio de europeus com tendéncias teleologicas. Em minha opiniso, as origens da modernidade e do capitalismo sfo mais amplas e encontram-se no apenas no conhecimento érabe, mas também nos influentes empréstimos dda india e da China, © que chamamos de capitalismo tem suas raizes numa ‘cultura letrada eurasiana mais ampla, que se desenvolveu rapidamence desde fa Idade do Bronze, com troca cle produtos e informagées. © conhecimento da leitura e da escrita foi importante porque permitiu o crescimento tanto Jock Goody do conhecimento quanto da economia, que depois proporcionariaatroca de produtos. Ao contrério da comunicagdo puramente oral, o conhecimento da leiturae da escrita tornow a linguagem visivel,transformou-a em objeto ‘material, que podia ser repassado entre culturas e existia da mesma forma no carrer do tempo. Consequentemente, todas as culturas escritas poderiam as vezes olhar para tris e reviver o conhecimento passado, como foi 0 caso dlos humanistas europeus,e possivelmence levar a uma florescéncia cultu- ral, isto 6, a uma nitida explosio de progresso. Especialmente nas quest6es religiosas, essa evocagio do passado pode ter um cariter mais conservador ddo que libertador para as artes ou as ciéncias. Ou pode acontecer,é claro, de 2 libertagio cultural no envolver evocacio alguma. Mas, num niimero sig- nificativo de casos, isso esta ligado e sio esses eventos paralelos em outras culturas letradas que quero investiga, ndo para negar a singularidade das realizag6es ocidentais, mas para contextualizé-as ¢explic-ls. uais foram as principas caracterstcas do Renascimento italiano de um pponto de vista comparativo? Em primeiro lugar, houve uma reviviticagio do conhecimento clissico, como na obra dos humanistas, que durante muito tempo foi desprezado por uma rligiéo hegeménica. A nogdo de um renasci: mento transmiia uma sensagao semelhante aquela de um revenant algo que retomava do mundo das mortos, como disse Toynbee. Foi isso que aconteceu no Renascimento italiano, que foi una ressurregio, uma revivificagio de uma literatura que estava “morta” (os cssicos) e foi “tazida de volta a vida", © nfo um retorno do mundo dos mortos (da Idade das Trevas) Em sua obra de muitos volumes Um estudo da hstria, Toynbee conside- rava um renaseimento como “uma ocorréncia particular de um fenémeno recorrente”.? A caracteristica principal desse género era “a evocagio de uma cultura morta pela representagio viva de uma civilizagio que ainda desperta interesse”.? Nao estamos preocupados aqui apenas com em olhar para tras, ras também com uma explosio de progresso, com o florecimento. Toynbee declara que houve renascimentos em outras partes do mundo, especialmen- te na China. No entanto, a ideia de uma explosio de progresso permanece implicit e ele nao vincula o evento ao conhecimento da letura e da escrita 1 Bmbora o nome que se deu a0 periodo(Renascimento) ndo se © nome orginal, desde os tempos de Reraca ented se ue haviaoconrido um romipimentocom a que fo cone ‘como Kade Média 2 Toynbee, A Stay of Mistry, pA 3 bi, Aisi do um enoscimanto nem a secularizagao do conhecimentot Nessa obra extraordinaria ele faz uma abordagem mais comparativa do Renascimento, porém mais fragmen- ‘ada, na medida em que trata separadamente os “renascimentos das ideias, politicas, dos ideais e das instituigGes”, os “renascimentos dos sistemas le- gais’, os “renascimentos das filosofias”, os “renascimentos da linguagem e da literatura” e os “renascimentos das artes visuais". Meu préprio estudo admite a amplitude da abordagem de Toynbee, mas tenta tratar do problema ‘de maneira mais holistica ‘Toynbee vé 0 Renascimento no cristianismo e no periodo Song como sendo cristdo e budista sob uma “mascara” helenistica e confuciana, res- pectivamente.* £ verdade que alguns aspectos dessas tradigdes foram incor- porados, mas outros, sobretudo as conclamagées hegeménicas da verdade, foram necessariamente rejeitados. Isso ndo significa que esses movimentos recuperaram doutrinas anteriores: eles inventaram uma abordagem que no representava nem uma nem outra, mas um novo florescimento. Toynbee, com sua persistente metifora do revenant, nfo aprecia devidamente a impor- tincia teérica de um novo nascimento, de um florescimento, intrinseco A ‘deta de renascimento. © problema de Toynbee, assim como de Spengler ou Collingwood; tem a ver com o “espirito”, com as ideias, e no com os outros aspectos do perfodo, como, por exemplo, a atividade comercial. Ele concebe esse espirito em termos do “génio nativo", seja lé 0 que isso signifique, © defende a posigdo de Bury, que fala em extinguir “a ingenuidade e a supers- tigdo medievais, assuminco uma aticude mais livre em relagio & autoridade teolégica”, e invoca “o espirito do Mundo Antigo para exorcizar os fantasmas da Idade das Trevas".’ Pouco a pouco, o mundo antigo foi substituido pelo “modernismo” ao longo do Iluminismos ‘Em segundo lugar, houve uma secularizacdo parcial, uma restrigio do es- copo intelectual da religido, imposta pela evocacio de um passado pré-cristio. “£0 uso que fgo da metifora do revount, que atravess toda obra de Toynbee, é totalmente indepensente, © uso mais extreme dessa metioraantasmagérica poe er encontrado 0 volume 8, 128-9, em que praticamente sal fora de controle Toynbee, op. it, 166 Toynbee, op. cit p6, Bury, the des of Pragres,p48; Toynbee, op. ci, p67 Vera discussio de Toynbee (ep. ct, .68-9) respeito dos antigos¢ dos modernos em Fontenelle, Une digression sur les ancients eles meen. I: Pe psoas, aera rat sar lane elu et ne dsion sures aientse les maderes Wotton, Refletin pon Anion and Modern Lerning: Swit, A Tale af «Tb: itn forthe Uniram of Mankind Bayle Disionuae historique ote (um antecessor da nolo, de Die. Jock Goody [No tanto, diga-se ce passagem, um abandono da vida religosa, mas uma reconsiderago da apropriagao de longo prazo da religio abraamicaafim de controlar a cincia eas artes” Houve revolusio nas duas éreas envolvidas 1a iniciativa lorentina e na revolugiocientfca.” Essa revolugiosignificou deixar de lado as estrigdes tligiosas anteriores as artes e ao conhecimento “cienttico” sobre o mundo, de certo modo desmisificando conhecimento ea vida em geral Em tercelro lugar, houve, a partir da lia, uma transformagdo econdmicae social da Europa que foi fundamental para as realizages do Renascimento” e, segundo Marx e Weber, conduziu sociedade “moderna” Na Europa, os atores achavam essa mudanga importante, mas ainda no se referiam a ela como Renascimento, Os humanistasestabeleceram uma era dourada evocando a Antiguidade. Fvidentemente, nem tudo mudou. © gtco persistia,apesar do advento tardio de um novo estilo, inspirado na arquitetura romana. Na politica, prossegui alta entre os principe, algeja e-aplebe, A economia cescia. AS artes e a ciéncias se renovaram, Segundo Fontenelle, 2 “leitura dos antigos iluminou a jgnorancia e a barbirie dos skeulos precedentes.. De repente tivemos iia da Verdade e da Beleza que ddemoramos tanto para alcangar.! # lmprovavel que encontremos todas essas caracteristicas juntas em al sum lugar, mas cada caraceristica pode ter paralelos em outras partes do ‘mundo, Os historiadores falam de outras renascengas na Europa, como a dos carolingios no final do século XVII eno século XIX ea que abr caminho paras escolisticos no século XI. Alguns veem “Renascimento” na obra de Beda de Jarrow (673-735 d.C.) e de Alcuino de York (735-804 4.C.), mas am- bos fzeram parte do Renascimento carolingio (0 inglés Alcuino era amigo de Carlos Magno). Mesmo antes, Bolgar escreve sobre a restauragao dos estudos éléssicos nos antigos mosteiros irlandeses (a partir de 458 d.C.), mas o que houve fi essencialmente uma recuperagio do ensino do latim para falas {9 A respi d cominuiade até mesmo da expansto de otras reas da tvidade eigiosa ver Crousee Pavan, Renasanes italien, para lise Rublick, Reformation Fuape, para | Reforma 10 A primera foi objeto de esto de historadores da art, como Berenson, Haan Paes the Rens: 4 segunda dehistsiadores da ciénia como Needham, Sen and Chitin in China. 1 Jane, Wolly Gane A Now History ofthe Renae. 12 Fonenell, Une digression su les ancient et les modems. Piss utr, ee ai sara nate de ogee ane dirsion sr execs ees aden 147. 4 A idle da um renarcimesto cio comida era eis. Como dst so egos bsp Ds

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