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←Os princípios assumem forma de norma que tem o seu papel, deixando de ser meras
recomendações, pois deles extraem-se consequências jurídicas. Ressalte-se que princípios não
restringem-se a matéria constitucional, pois os mesmos estão em qualquer extrato do ordenamento
jurídico. No mesmo sentido, elencamos que a constituição não se restringe a tão somente os
princípios constitucionais, pois detém regras constitucionais. Nem sempre os princípios
sobrepunham-se sobre a regra, pois havendo conflito entre normas de mesma esfera e os princípios
daquela esfera, em sentido amplo a regra prevalece quanto aos princípios.
Ex. Prazo de 15 dias para contestação conflita com o princípio do contraditório e com o princípio
da ampla defesa
Nota: Ver artigo “Teoria da Katchanga” que trata de erros e abusos na interpretação jurídica que
vem deturpando a aplicação dos princípios junto força normativa, utilizando-se de argumentos
pífios (fora de contexto).
Ver “Teoria dos Princípios de Humberto Ávila, ed Malheiros”
Nota: ler o artigo de Judith Martins Costa denominados “O Código Civil Como Sistema Aberto”
Revista Informação Legislativa do Senado.
2.Hermenêutica
→ Dimensão Objetiva – normas que impõe um padrão ético mínimo ao Direito. As normas
infraconstitucionais devem observar a hierárquica jurídica, não podendo conflitar com a
Constituição.
→ Dimensão Subjetiva – além de serem vistos como normas, passam a serem observados
como direitos de fato, bem como tem a sua pessoalidade reconhecida e aplicada .O Processo
deve preparar para uma boa proteção ao direito fundamental de cada pessoa.
O direito Processual tem de estar em conformidade com as normas fundamentais, bem como o
processo deve estar adequado, permitindo a aplicação dos direitos fundamentais
←Neoconstitucionalismo Ou Neopositivismo
←(Pós-positivismo)
Atual Fase da ciência jurídica que se notabiliza por diversas transformações do pensamento
jurídico, dentre as quais as elencadas anteriormente (itens A,B,C).
11/02/10 TEMA 02
O texto constitucional afirma que ninguém deverá ser condenado sem o devido processo legal. Tal
expressão é a tradução para o português do consagrado termo inglês : Due Process of Law
Onde “Law” melhor expressaria Direito. Neste sentido, parte da doutrina adota a terminologia
devido processo constitucional, visando adequar-se a errônea tradução.
A expressão “Due” pode ser interpretada como justo ou equitativo, adotando vertente da doutrina a
terminologia Justo Processo Legal, ou Justo Processo Constitucional.
“Process” é o processo, e o processo é qualquer método de produção de norma jurídica.
Embora a existência da terminologia existir há mais de 800 anos, seu significado teve diversas
alterações. Conforme o contexto histórico o conceito foi modificando-se de forma a melhor atender
os requisitos de cada época.
Mesmo hoje vemos a modificação do contexto histórico do devido processo legal, com a inclusão
na CF 88 de diversas cláusulas e princípios derivados do conceito. Ressalte-se que não houve a
exclusão dos elementos consagrados historicamente (ex: imparcialidade do juiz, contraditório, etc.),
mas sim sua consagração ( tal instituto não se esgota).
Entende a doutrina que o Devido Processo Legal é Cláusula Geral (aberta a interpretações) que
gerou princípios constitucionais explícitos, sem o seu esgotamento, permitindo também a
possibilidade de extração de princípios processuais implícitos.
Princípios constitucionais explícitos: destacamos como ex.a publicidade dos atos processuais, o
contraditório, a duração razoável;
Princípios processuais implícitos: destacamos como ex. a efetividade, a adequação e a boa fé;
A CF 88, confere a tal instituto eficácia horizontal, podendo ser aplicado nas relações entre
particulares, e nos demais ramos do Direito. Exemplificamos tal conduta, com a existência do
devido processo legal administrativo na esfera do direito público, assim como a existência
necessidade do processo de expulsão de membros de associações (art 52 NCC).
O devido processo legal nasceu com o propósito de combate a tirania medieval. Trilhando esse
caminho até os dias atuais, o devido processo legal é importante ferramenta constitucional de
prevalecimento do Estado Democrático de Direito.
Ao longo da história, foram compreendidas duas dimensões para o devido processo legal: dimensão
formal/processual e dimensão substancial/material, onde:
• o devido processo legal formal/processual é um conjunto de garantias processuais;
• o devido processo substancial/material tem aspecto peculiar no Direito Brasileiro. Entende o
STF que garante a proporcionalidade e razoabilidade dos atos normativos, confundindo-se
com as exigências de tais princípios;
•
Humberto Ávila - "O que é o Devido Processo Legal" (Humberto Ávila) critica a construção
brasileira (STF) como inútil e desnecessária, uma vez que proporcionabilidade e razoabilidade
podem ser extraídas de outras normas constitucionais, como a igualdade. Afirma que conceito
deveria retornar as origens americanas, que visava a garantia de direitos e preceitos fundamentais
implícitos, afastando-se do conceito brasileiro.
Princípios Explícitos:
A) CONTRADITÓRIO
Apesar de previsto explicitamente em 2004 por Emenda Constitucional, não significa que inexistia
anteriormente, pois era extraído do Contraditório.
Observar que tal princípio também era previsto em tratados internacionais ratificados pelo Brasil
anterior a 2004 (previsão explícita do princípio).
O devido processo legal, por meio de suas garantias, é moroso. A razoável duração versa sobre a
sua mínima demora, pretendendo regular seu andamento de maneira devida.
Não confundir como garantia constitucional a celeridade processual, mas sim a duração razoável.
O controle razoável do processo pode ser observado mediante a observância dos conseguintes
critérios:
1. Complexidade da Causa;
2. Comportamento das Partes;
3. Comportamento do Juiz;
4. Estrutura do Órgão Jurisdicional;
5.
A demora irrazoável, pode ser punida com a responsabilização do estado (se houver dano), o órgão
jurisdicional pode deixar de ascender por merecimento na carreira, perda da competência para
julgar a causa (art 198 CPC).
A prevenção da duração irrazoável é um mecanismo complexo. Passa pela criação do CNJ,
estruturação das corregedorias, melhoria da estrutura estado.
C) PUBLICIDADE
O devido processo, é processo público. Este direito fundamental possui duas funções: a proteção
das partes contra julgamentos secretos e arbitrários; permitir o controle público das decisões
(permite ao “povo” o conhecimento das decisões).
A CF 88 permite restrições a este princípio. Ressalte-se que tais restrições dão-se somente a
Publicidade Externa (nos casos em que houver interesse público e quanto da preservação da
intimidade).
A transmissão dos julgamentos pelo STF é expressão deste princípio. Há uma crítica quanto a tal
mecanismo, uma vez que a transmissão televisiva. iva transformaria o julgamento do processo em
um espetáculo, podendo dar vazão as vaidades pessoais.
Ver texto de Virgílio Afonso da Silva e Conrado Hubner – “O STF e o Populismo Judicial”.
Publicado na Folha de São Paulo
Ver texto de Gustavo Binenbojm - “A justiça na TV” - Publicado na Folha de São Paulo
“Considerar que a transmissão dissemina o julgamento constitucional, possibilitando o melhor
controle por parte da doutrina”. (Fredie Didier Jr)
Princípio Implícitos:
A) EFETIVIDADE
B) ADEQUAÇÃO
Processo devido é processo adequado. A adequação deve pautar-se pelos conseguintes critério:
Adequação Objetiva: o processo deve adequar-se ao seu objeto, àquilo que será
tutelado.
A execução de alimentos não deve ser igual a de um título de crédito. Deste
pensamento, originam-se os procedimentos especiais, visando adequar objetivamento
o objeto tutelado;
Adequação Subjetiva: o processo deve ser adequado aos sujeitos que vão se valer
do processo.
O processo para um idoso deve ter regras que lhe permitam prioridade em relação
aos demais. Neste mesmo sentido, os prazos diferenciados para a fazenda pública.
Deve-se sempre considerar as suas dificuldades e os interesses das partes, afim de
equilibrar as relações. Em suma, é fazer valer o princípio da igualdade (igualdade
para os iguais, e desigualdade para os desiguais).
Adequação Teleológica: o processo deve adequar-se aos seus fins.
Os juizados (que visam a informalidade e a celeridade dos processos) e o
procedimento de Execução (exigência de direito líquido e certo) devem ser diferentes
do processo ordinário. Estes não devem permitir muitos recursos para não ocasionar
a mitigação do direito requerido.
A doutrina brasileira, começa a reconhecer a o que o código Civil Português o traz explicitamente a
adequação jurisdicional do processo.
Fato: Acreditar que esta agindo licitamente. Boa-fé Subjetiva. Fato juridicamente
relevante em diversas situações (D. Civil);
Norma:Norma que impõe comportamentos eticamente desejados (Conduta). Aplica-
se independentemente do fato. Boa-fé Objetiva.
PRECLUSÃO
Conceito
É a perda de um poder jurídico processual. Existe preclusão para as partes , assim como para o juiz.
A preclusão aqui tratada é a preclusão para o juiz. É preciso que haja preclusão, porque sem ela, em
modo geral, haveria o “emperramento” do processo interrompendo a “marcha para frente”.
É uma técnica que faz valer os princípios da segurança jurídica, duração razoável do processo e
boa-fé objetiva.
Nota: preclusão pro iudicato é a preclusão que reputa decida uma questão, mesmo que ela não
tenha sido decidida.
Enquanto o processo estiver pendente, não há preclusão para o exame das questões de ordem
pública.
Aqui há polêmica, haja visto que a omissão do CPC. A maior parte da doutrina entende que o juiz
pode reexaminar a qualquer tempo.
Existe ainda uma concepção minoritária (Barbosa Moreira, Fredie Didier Jr), que relata que o
reexame causaria insegurança jurídica, uma vez que no primeiro exame, tal questionamento
ocasionaria impedimento (já fora apreciado).
15/02/10
JURISDIÇÃO
Características
São as formas não jurisdicionais de solução do conflito . Embora não sejam jurisdição, fazem as
vezes de. Existem quatro equivalentes jurisdicionais.
A) Autotutela
É a solução egoísta dos conflitos. Um dos conflitantes submete o outro, impondo a solução do
problema. Modo de solução excepcional dos conflitos. É a justiça de mão própria. Como regra é
proibida.
No entanto há exemplos de autotutela lícita, como a legítima defesa, direito de greve, a guerra, o
desforço incontinente (reação ao esbulho), poder de fazer valer as decisões da administração pública
(rebocar o carro parado em local proibido);
B) Autocomposição
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou
pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a
título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do
devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Tal medida transforma a autocomposição em título executivo judicial. É sinônimo de conciliação.
Pode se dar com uma parte abrindo mão de seus interesses, ou as partes transigem (fazem
concessões recíprocas), termo de acordo celebrado no ministério público. A solução é negocial;
C) Mediação
Na mediação um terceiro (mediador), é um sujeito que serve para facilitar o diálogo e permitir que
as partes cheguem a uma solução por autocomposição. O mediador não vai decidir, mas sim auxiliar
a chegar a solução negocial (papel de interlocutor);
ARBITRAGEM
Um terceiro, escolhido entre as partes, é chamado para resolver (decidir) o conflito. O árbitro é juiz
de fato e de direito, podendo incidir nos tipos penais.
Escolha
Do Árbitro
Podem ser decididos por árbitro, os conflitos relacionados a direitos disponíveis. A arbitragem é
uma forma de concretizar o direito de auto regular-se. Qualquer pessoa capaz pode ser árbitro,
desde que seja legalmente constituído.
Em modo geral é constituída uma junta arbitral, sendo composta por três árbitros. Sendo um
constituído por uma partes, o outro pela outra parte, e o terceiro é indicado pelas duas partes. O
árbitro é juiz somente daquela causa específica.
Nessa modalidade há a confiança no processo, bem como no árbitro. É um processo privado
moldado conforme solicitação das partes. Pode o processo arbitral conter esferas de recurso. Na
arbitragem o processo tem data certa para concluir.
Sentença Arbitral
Não cabe recurso contra decisão proferida (Sentença Arbitral), que tem força de coisa julgada.
Admite-se, no entanto, embargos declaratórios contra a sentença arbitral.
O árbitro não pode executar a sentença arbitral, pois a mesma é título executivo judicial por
força de lei, cabendo somente ao poder judiciário tal papel. Se tivesse determinado poder,
equivaleria a concessão de jurisdição estatal ao particular, configurando ofensa à CF88.
Como regra geral, não pode o judiciário rever a decisão arbitral porque ela tem os efeitos do
trânsito em julgado. Cabe ressaltar que o juiz estatal pode anular a sentença arbitral em caso
defeito.
Entende-se por anulação o cancelamento quando houve vício (ex: falta do contradito). Há de se
esclarecer que o judiciário estatal não pode rever o mérito, mas tão somente cancelar (anular) a
decisão arbitral por vício formal (arts. 32 e 33 da Lei 9307/96).
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da nulidade da
sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento comum, previsto no
Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa dias após o recebimento da notificação da
sentença arbitral ou de seu aditamento.
§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido:
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses.
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação de embargos do
devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial.
Tal anulação deve ser realizada no prazo de 90 dias, por meio da Ação Rescisória da Sentença
Arbitral, sob pena de inexpugnação da sentença.
Não há homologação judicial de sentença arbitral.
No entanto, tais argumentos são refutados por parte da doutrina que esclarece que o controle estatal
somente pode se dar dentro dos 90 e por vício.
1 Por Cláusula Compromissória: é uma convenção de arbitragem em que as partes decidem que
os casos futuros decorrentes daquele negócio serão resolvidos por árbitro. Cláusula Prévia ( trata do
conflito futuro) e Abstrata (não se refere a algum problema concreto). É Muito utilizada em
contratos comerciais.
Pode ser dar de duas formas:
- cheia: completa, relacionando todos dos dados, como por exemplo os árbitros, a corte, o
tipo do processo, enfim todas as diretrizes;
- vazia: não traz maiores detalhes ou informações;
Após a adesão a convenção de arbitragem, se uma das partes refutar a arbitragem e procurar o
judiciário, a parte convencionante demandada pelo judiciário, deve alegar a convenção de
arbitragem.
Não havendo tal alegação, haverá a revogação tácita da convenção de arbitragem. Pode haver
desistência de ambas as partes de maneira expressa.
Caso uma das partes recusar-se a submeter as regras (em momento diferente da execução), cabe
Ação ao judiciário por Descumprimento de Obrigação de Fazer, de forma a obrigar a parte
recusante, a submeter-se a convenção de arbitragem.
Vocabulário Complementar
a priori → Aquilo que é dito, pensado sem qualquer experiência (Preconceito). Ex: A priori a lei
em primeira análise é constitucional.
a posteriori → Juízo realizado após a e Experiência. Ex: Após melhor análise, verifica-se a
posteriori a inconstitucionalidade.
ad hoc → para um propósito específico
ex post facto → após o fato
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
1- Investidura
Pressupõe investidura na função jurisdicional. A jurisdição somente pode ser exercida por que tenha
sido investido na função jurisdicional.
2 -Inevitabilidade da Jurisdição
A jurisdição é inevitável, inescapável.
3-Indelegabilidade
A jurisdição é indelegável. Somente o poder decisório do Magistrado é indelegável;
Poderes Ordenatórios → poder para praticar atos de condução do processo. Pode ser
delegado a servidores (art. 93 CF 88). Ex expedição de Mandados
Poderes Instrutórios → poder de produzir provas. Os tribunais podem delegar o poder
instrutório ao juiz de primeira instância. Ex: oitiva de testemunhas
Poderes Decisórios → Poder de proferir a decisão (indelegável)
Poderes Excecutivos → poder de cumprir (executar) as decisões. Os tribunais podem
permitir ao juízes de primeira instância que executem suas decisões
21/03/10
4-Territorialidade
Em regra geral não permite transgressão entre as comarcas ou seções judiciarias. O juiz deve julgar
e exercer os seus atos dentro de sua jurisdição.
Estadual:
- Comarca: * uma cidade
*várias cidades
-Distritos;
Federal:
-Seção judiciária;
-Subseção Judiciária;
O artigo 230 CPC - oficial de justiça de uma comarca pode dirigir-se a outra, para realizar citações e
intimações, desde que a comarca seja fronteiriça (contígua), ou desde que esteja na mesma reunião
metropolitana (ainda que em estados diferentes). Não possibilita penhora.
Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o
oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de
1993)
O artigo 107 CPC - imóveis situados em mais de uma comarca, pode-se ajuizar ação em qualquer
uma das comarcas. O juiz estabelecerá sua jurisdição sobre a parte da outra comarca (todo o
imóvel).
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção,
estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.
5-Inafastabilidade da Jurisdição
Consagrado no inciso XXXV, artigo 5 º da CF 88, garante o direito de acesso à justiça. A lei não
pode excluir o direito de postulação junto ao poder judiciário de qualquer questão que nos seja
conveniente. Admite-se a tutela preventiva (Contra a ameça). Não há restrição quanto ao Direito
postulado.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
O mérito de atos administrativos discricionários, também pode ser controlado pelo poder
judiciário (devido processo legal substancial), quando houver ilegalidade.
Ressalte-se que a legalidade pode ser revista sob o aspecto formal e material e que princípio
também é norma. Portanto, sempre que o ato administrativo lesa o Direito e/ou princípio do
Direito, pode ser revisto.
A constituição de 1964 estabelecia a condição de postulação judiciário ao questionamento
administrativo da controvérsia. Tal instituto foi suprimido da CF 88. Ressalte-se que existem
legislações anteriores a CF 88 e posteriores a tal instituto, que preveem o requisito. Pois entende-se
ser abuso do princípio da inafastabilidade da jurisdição, a postulação judicial sem o devido
esgotamento da esfera administrativa da controvérsia.
Portanto não é inconstitucional a restrição estabelecida. Se no caso concreto ficar demonstrada a
necessidade de ir ao judiciário, esgota-se a exigência de condicionamento.
É uma atividade de integração da vontade. O juiz integra a vontade dos sujeitos tornando-a esta
vontade apta à produção dos efeitos jurídicos desejados.
A simples vontade do sujeito não é o bastante para os efeitos jurídicos que ele quer. O sujeito vai ao
Poder Judiciário para tornar a vontade dele íntegra. Serve para completar / integrar a vontade dos
sujeitos.
É também uma atividade de fiscalização, isto é, o juiz irá fiscalizar se o ato que a parte pratica é um
ato que está regular e caso esteja o juiz integrará a vontade.
• Segue um modelo de processo inquisitivo. Permite ao juiz dar o seu início de ofício
Ex: arts. 1129, 1142, 1160 CPC;
•
• Há o contraditório. Os interessados naquela situação levada a apreciação do juiz
tem de ser ouvidos em 10 dias;
•
• Decide-se por sentença, que é apelável;
•
• Existência de um procedimento comum para as causas de jurisdição voluntária,
regulado nos artigos 1103 a 1112. Mas há casos de procedimento especial, como por
exemplo a interdição;
•
•
• Presença do Ministério Público. Não é suficiente o argumento que somente por
tratar-se de jurisdição voluntária para haver intervenção do MP. Deve também
aglutinar uma causa tem de ser de interesse indisponível (art. 1105 CPC);
•
• O juiz não precisa observar critérios de legalidade estrita. Permite a decisão com
base em critérios de conveniência e oportunidade. Pode o juiz, nestes casos, decidir por
equidade. (art. 1109 CPC – clausula geral de adequação);
•
• Podem haver honorários advocatícios;
É certo que temos os procedimentos comum e especial, contudo há uma polêmica acerca da
NATUREZA JURÍDICA DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. Temos duas correntes.
COMPETÊNCIA
Conceito
Em sentido geral, é parcela de poder atribuído a um determinado ente. Pode ser inerente a qualquer
esfera do Executivo, Legislativo e Judiciário.Em matéria processual jurisdicional, competência é a
medida da jurisdição. Portanto, é forma de limitação do poder do Estado. Estado de Direito é o
Estado em que a atuação de poder está em acordo com o que a legislação permite.
Princípios da Competência
No Brasil, a competência é regida por três princípios:
Se o juiz julga causa sem competência constitucional, este juiz e um “não juiz” e a decisão é
inexistente. É entendimento de Ada Pelegrini. Não é o pensamento majoritário. Outra parte da
doutrina, afirma que a decisão é nula. Prevalece este entendimento.
Perpetuação da jurisdição
A competência do juízo se perpetua, a causa ficará no juízo pouco importando o que acontecerá
depois. É uma regra que tem por objetivo estabilizar o processo. É pressuposto da perpetuação que a
causa seja remetida para o juízo competente.
Há 2 fatos que “quebram” a perpetuação da jurisdição, que se acontecerem a causa sai de um juízo e
vai para outro:
Art. 87 - Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.
Competência originária
Competência derivada
Competência para conhecer a causa em um segundo momento, num grau de recurso. Normalmente
cabe aos tribunais julgar as causas em grau de recurso.
Há casos em que juiz monocrático tem competência derivada, todavia é raro. Embargos
infringentes de alçada, previsto na lei de execução fiscal que será julgado pelo próprio juiz da causa.
Competência absoluta
Uma regra de competência absoluta, é uma regra criada para atender uma especial finalidade
pública, por conta disso, é uma regra que não pode ser alterada pela vontade das partes. É uma regra
cujo desrespeito pode ser conhecida de ofício pelo juiz, qualquer das partes pode alegar a
incompetência absoluta, enquanto o processo estiver pendente, podendo ser feita em qualquer
momento do processo, por qualquer forma, até o processo acabar. Encerrado o processo a
incompetência absoluta dá ensejo a ação rescisória.
No novo projeto do CPC, por conta da estabilidade do processo não poderá ser alterada a
competência absoluta por rescisória.
Competência relativa
É uma regra criada para proteger a parte, sendo assim regra de competência relativa pode ser
alterada pela vontade das partes. Juiz não pode de ofício reconhecer sua incompetência relativa,
súmula 33 STJ. Só o réu pode alegar incompetência relativa,ainda, no primeiro momento que lhe
couber falar nos autos, sob pena de preclusão. A alegação de incompetência relativa feita pelo réu
num primeiro momento, deve ser feita por uma forma especial. A incompetência relativa deve ser
feita por petição autônoma, avulsa, distinta da contestação, chamada de exceção de incompetência.
A jurisprudência aceita que a incompetência relativa seja alegada dentro da contestação, ou seja, a
jurisprudência faz “vista grossa” a esta exigência da lei.
Reconhecida a incompetência (absoluta ou relativa), a causa deve ser remetida ao juízo competente.
A incompetência por mais grave que seja não gera a extinção do processo. No entanto, há dois casos
excepcionais em que a incompetência gera a extinção do processo:
→ a incompetência internacional;
Ex: O MP pode alegar incompetência Absoluta para réu incapaz; O autor não tem como alegar a
incompetência relativa, (afinal, o autor propôs a ação);O Réu pode alegar incompetência relativa
antes de contestar;A incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer momento até o processo
acabar.
Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art.
112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela
Lei nº 11.280, de 2006)
CPC
Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes;
mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão
propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.
o
§ 1 O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a
determinado negócio jurídico.
o
§ 2 O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
Note que, contrato de adesão pode ter cláusula de foro de eleição e esta é abusiva;
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo
juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.
Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou
o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer
exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a
suspeição.
Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de
domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação. (Incluído pela Lei
nº 11.280, de 2006)
Caso o juiz decline de ofício antes da manifestação do réu, pois se o réu não se manifesta a respeito,
ocorrerá a preclusão. Note que o juiz não pode fazer a qualquer tempo, pois se o réu não se
manifesta ocorre a preclusão consumativa.
Exame dos
Competência Objetiva
Aquela q é determinada de acordo com a demanda (partes, pedido e causa de pedir), que é o fator
relevante para saber qual é o juízo competente.
Pergunta de prova : Relacione competência objetivo e elementos da demanda. Três são os critérios
objetivos como acima exposto.
Competência Funcional
A doutrina divide:
• Competência vertical:
Competência Territorial
Determinada onde a causa deve ser processada. A competência territorial é, em regra, uma
competência relativa, ou seja, há casos de competência territorial absoluta. Alguns autores quando
estão diante de uma regra de competência territorial absoluta, dizem ser caso de competência
funcional. Prestar atenção!!!!
Ex.: Lei de ação civil pública, as ações previstas nesta lei serão propostas no local em que ocorrer o
dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa, trata-se neste caso de
competência absoluta.
O estatuto do idoso no art. 80 diz que, as ações previstas neste capítulo serão propostas no foro de
domicílio do idoso. Numa ação individual do idoso este poderá ajuizar no seu domicílio.
Art. 94 – as ações pessoais devem ser ajuizadas no domicílio do réu. Ação pessoal é um ação q versa sobre direito
pessoal. As ações mobiliárias devem ser propostas no domicílio do réu.
Art. 95 – ações reais imobiliárias, a competência é a do Foro da situação do imóvel. Pode o autor optar pelo foro de
domicílio ou de eleição. Fórum rei sitae.
Exceções: propriedade, posse, servidão, direitos de vizinhança e nunciação de obra nova, divisão de
terras e demarcação de terras. Envolvendo uma destas ações a competência é absoluta.
Em razão da Pessoa
Primeira Hipótese Inciso I CF 88, artigo 109 que estabelece a competência ao juízes federais
processar e julgar as causas em que façam parte, União, entidade Autárquica ou Empresas Públicas
Federais.
Não se incluem no rol das empresas públicas, as sociedades de economia mista, onde a competência
é estadual. Entidade autárquica é designação genérica, abrangendo as autarquias, os conselhos de
fiscalização profissional, fundações autárquicas, assim como as agências reguladoras federais.
Não se inclui no Rol o MPU, onde a presença do referido órgão por si só, não ocasiona alteração da
competência para justiça federal (Fredie Didier Jr.). O ministro Teori Zavaski, assim como o STJ,
entendem contrariamente.
Exceções
A causa não será da justiça federal, mesmo que os entes relacionados no inciso I do art 109 da
CF88, nas situações abaixo:
1. Causas de Falência. A ação de falência tramita na justiça Estadual, mesmo que dela faça parte
um ente federal. Inclui-se também a Recuperação Empresarial;
4. Causas relativas a acidente do trabalho. Também são causas que não tramitam na justiça do
federal. A Ação Acidentária Trabalhista Indenizatória tramitará na justiça do trabalho. Embora a
Ação Previdenciária Acidentária Trabalhista seja movida em desfavor do INSS, tramitará na
JUSTIÇA ESTADUAL por força de disposição da CF 88;
Segunda Hipótese inciso II, art. 109 CF88 : Estado Estrangeiro, ou Organismo Internacional,
estiverem em juízo litigando contra pessoa residente no Brasil, ou Município;
Observa-se que inexiste ente federal envolvido. A peculiaridade desta causa, é que o tribunal de
segunda instância é o STJ. Apesar de tramitar na esfera federal, os recursos proferidos contra
decisões do juiz federal, são para o STJ. Não há participação do TRF.
Terceira Hipótese, inciso VIII, art. 109 CF 88 : julgar mandado de segurança, habeas data
contra ato de autoridade federal.
A autoridade federal neste sentido, compreende tanto a autoridade que pertence ao quadro funcional
federal (Ex: delegado da Receita Federal), como quanto a autoridade privada no exercício de função
pública federal (Ex: Autoridades das Instituições Privadas de Ensino Superior são autoridades
federais por delegação). Súmula 15 do TFR – Tribunal Federal de Recursos.
Primeira Hipótese do artigo 109 da CF 88 inciso III – Julgar as causas fundadas em tratado
internacional ou contrato da União com Estado Estrangeiro ou Organismo Internacional.
Ou seja, toda matéria regulamentada por tratado. Atualmente, quase todos os assuntos quem
compreendem cooperação com entidades estrangeiras, é realizado por intermédio de tratado. (Ex:
alimentos internacionais – caso raro de competência justiça federal em causa de família)
Diante disso, para restringir a aplicação do inciso III, a jurisprudência passou a entender que o
inciso III somente pode ser aplicado se o tratado for a única fonte de regulamentação. Havendo
Direito Interno que regula o caso, não se aplica o disposto no inciso III.
Segunda Hipótese Artigo 109, inciso V a) – Havendo grave violação a Direitos Humanos, pode o
PGR solicitar ao STJ que promova a alteração de competência, federalizando o processo.
Assim, passou-se a entender que para a aplicação do dispositivo, há de ser haver como requisito a
ineficiência das autoridades estaduais. A proposta de alteração chamar-se-á de IDC.
Editorial 105
20/08/2010
Incidente de deslocamento de competência (art. 109, § 5º, CF/88). Intervenção de amicus curiae.
Recente decisão do STJ.
A Min. Laurita Vaz autorizou a intervenção de amicus curiae no Incidente de Deslocamento de
Competência n. 02, que tramita no STJ, em que se objetiva a remessa para a Justiça Federal dos
processos que cuidam da atuação de grupos de pistoleiros na Paraíba e em Pernambuco (chamado
de caso “Manoel Mattos”. A Min. autorizou o ingresso das organizações não governamentais
(ONG) Justiça Global e Dignitatis – Assessoria Jurídica Popular.
a) Admite-se a intervenção de amicus curiae sem previsão legal, reconhecendo a importante função
que esse sujeito processual exerce. Segue-se, assim, o posicionamento por mim defendido há muitos
anos, no sentido de ser possível intervenção atípica de amicus curiae.
b) Ainda que implicitamente, fica reconhecida a existência de alta carga de interesse público no
objeto litigioso deste incidente de deslocamento de competência, previsto no § 5º do art. 109 da
CF/88, importante instrumento de proteção aos direitos humanos. A federalização da causa somente
será possível se ficarem constatadas a a probabilidade de grave violação de direitos humanos e a
ineficiência das autoridades estaduais para conduzir o assunto. Há, como se vê, interesse público na
investigação dos pressupostos que autorizam o deslocamento de competência, fato que justifica a
intervenção do amicus curiae.
Terceira Hipótese Artigo 109, inciso X Compete ao juízes federais, processar e julgar, as ações de
naturalização e opção de nacionalidade;
Quarta Hipótese Artigo 109, inciso XI – Processar e Julgar a disputa sobre direitos indígenas.
Pressupõe direito da coletividade Indígena. O interesse pessoal não se inclui. Ex: demarcação de
terras indígenas.
Súmula 140 STJ – embora seja uma súmula em matéria criminal, demonstra bem o espírito do
entendimento.
Em determinados casos, que apesar de raros, permitem ao juiz estadual processar e julgar
determinadas matérias federais, nos termos do § 3º do artigo 109 da CF 88.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e
julgadas pela justiça estadual.
Já existe previsão nesse sentido para causas contra o INSS (autorização expressa da CF). Ressalte-
se a competência ainda é da justiça federal, mas que na falta desta, permite-se a discussão no âmbito
estadual. Não se trata aqui do mesmo dispositivo que regulamenta as ações Previdenciária
Acidentária Trabalhista, onde a competência é sempre da justiça Estadual. Mas sim de casos onde o
“braço” da justiça federal não alcança, impedindo o exercício da cidadania. Assim, a CF excepciona
o seu regramento, investindo o juiz estadual de competência federal.
O recurso contra as decisão nestes casos, será sempre interposto ao TRF. Além da autorização
constitucional, é permitido a legislação infraconstitucional ampliar o rol, como por exemplo o
Usucapião Especial Rural, a Execução Fiscal Federal, Cumprimento de Cartas Precatórias Federais,
que são institutos que tramitam na justiça estadual, quando não há justiça federal.
Obs.: Se sobrevier a criação de uma vara federal na comarca, a causa deverá obrigatoriamente ser
redistribuída a esta vara/seção judiciária.
A Ação Civil Pública NÃO É UM EXEMPLO de causa que pode tramitar na justiça estadual com
recurso para o TRF. Terá a Ação Civil Pública, que tramitar sempre junto a justiça federal.
Súmula 216 do TFR (Tribunal Federal de Recursos) – continua sendo aplicada, apesar de extinto
tribunal. Dispõe que o Mandado de Segurança contra atividade previdenciária, deverá ser interposto
junto a justiça federal, ainda que a comarca se situe em interior e não dispunha de vara federal.
Competência do TRF
Competência Derivada
Artigo 108 da CF 88, inciso II : Compete ao TRF processar e julgar recursos contra a decisão de
juiz federal e contra decisão de juiz estadual investido de jurisdição federal.
Competência Originária
Artigo 108 da CF 88, inciso I, alínea e): Processar e julgar os conflitos de competência entre juiz
federais vinculados ao mesmo tribunal;
O STJ, através da Súmula 3, ampliou a competência do TRF, onde o mesmos passou a dirimir
conflito de competência de jurisdição entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição
federal (na mesma região). A Súmula 428 do STJ, dispôs que compete ao TRF resolver os
conflitos de competência entre Juizado Especial Federal e Juiz Federal.
Artigo 108 da CF 88, inciso I, alínea b) → Ações Rescisórias de julgados seus ou de juízes
federais de sua jurisdição.
O mesmo entendimento referente a alínea “E”, ampliando o rol de competência, para incluir o
julgamento de ação Rescisória de Juiz Estadual investido de jurisdição Federal.
Artigo 108 da CF 88, inciso I, alínea c) → Os Mandados de Segurança e os Habias Datas contra
ato do próprio Tribunal ou de Juiz Federal;
Súmula 3 do STJ, por analogia, ampliou a competência para julgar os Mandados de Segurança e
os Habias Data contra juiz estadual investido de jurisdição federal (na mesma região).
Ação Rescisória e Mandado de Segurança contra julgado de tribunal, sempre será o mesmo tribunal
que irá apreciar o caso.
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
São fatos que geram a modificação legal da competência. São causas diversas, pendentes, ligadas
entre si denomina-se conexão e continência. E o nome que se dá a relação de semelhança entre
causas distintas.
A palavra litispendência, pode significar tão somente a existência do processo (período entre o
nascimento e a extinção do processo), como duas causas pendentes e idênticas.
Tal medida visa a economia processual, assim como evitar uma desarmonia entre as decisões, uma
vez que as causas são semelhantes. Assim, é conveniente que elas sejam reunidas em um único
juízo, para que processe e julgue-as.
Efeitos
A Conexão é a existência de causas conexas. Enquanto que seu principal efeito é reunião dos
processos que poderá não ocorrer se houver alteração da competência absoluta.
Ressalte-se que pode haver conexão sem a devida reunião dos processos, pois uma conexão não
pode alterar competência absoluta. Ex: uma causa em vara de família e a outra em vara cível.
Neste caso, quando as causas são conexas, mas não podem ser reunidas em um único processo em
razão de ocasionar incompetência absoluta, uma das causas deverá ser suspensa até o julgamento do
mérito do outro processo.
Súmula 235 STJ → a conexão não determina a reunião dos processos se um deles já foi julgado.
Um dos juízos perderá a competência (relativa) para julgamento entre as causas, enquanto o outro
ganhará a competência (absoluta) para apreciar outra causa. Por conta disso, o juiz pode ofício
conhecer da conexão.
É facultado a qualquer das partes suscitar a conexão, que não é o mesmo de de alegar
incompetência relativa. Ambos tem regime diversos. Alegar a conexão é afirmar que um juízo
perdeu a competência, e que outro ganhou a competência absoluta.
Editorial 101
02/07/2010
Eis a redação do art. 40 do NCPC: “Art. 40. Consideram-se conexas duas ou mais ações, quando,
decididas separadamente, gerarem risco de decisões contraditórias. Parágrafo único.
Para que fiquem mais claras as minhas observações à proposta, é preciso confrontar o novo texto
com a redação do art. 103 do CPC: “Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando
lhes for comum o objeto ou a causa de pedir”.
Parece-me que a proposta traz uma boa contribuição: esclarece a possibilidade de haver conexão
entre uma ação de conhecimento e outra de execução, quando houver identidade de relação jurídica
material litigiosa entre elas. Consagra-se posicionamento doutrinário e jurisprudencial já bem
consolidado.
Muito mais adequada, desta forma, a proposta do contida no Código Modelo de Processos Coletivos
para a Ibero-América, que deveria ser seguida: “Art. 29. Conexão - Se houver conexão entre as
causas coletivas, ficará prevento o juízo que conheceu da primeira ação, podendo ao juiz, de ofício
ou a requerimento da parte, determinar a reunião de todos os processos, mesmo que nestes não
atuem integralmente os mesmos sujeitos processuais”.
A proposta do Código Modelo está, ainda, em sintonia com a metodologia adotada no projeto de
NCPC, que confere ao órgão jurisdicional o poder geral de adequação da norma processual às
peculiaridades do caso concreto (art. 107, V, NCPC). Deveria ser adotada, portanto.
b) Não bastasse o equívoco de estabelecer um conceito legal de conexão, enrijecendo o sistema que
se propõe flexível, erra-se também na escolha do conceito a ser adotado.
A conexão é definida como uma relação de semelhança entre causas pendentes, cujo processamento
separado gera o risco de decisões contraditórias. Essa é a definição que extraí do texto proposto,
Juízo Prevento
O réu alegará a conexão na Contestação, enquanto que o autor deverá alegar na Petição Inicial.
As causas deverão ser reunidas no juízo prevento. Existem duas regras para identificarmos o juízo
prevento (art. 106 e art. 219 do CPC).
2. Se as causas estiverem tramitando em comarcas diversas, prevento será o juízo onde primeiro
ocorreu a citação;
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada
por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
o
§ 1 A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. (Redação dada pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)
o
§ 2 Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subsequentes ao despacho que a ordenar, não
ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
o
§3 Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. (Redação dada
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
o
§ 4 Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não
interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
o
§ 5 O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
o
§ 6 Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado
do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se
prevento aquele que despachou em primeiro lugar.
Art. 103 CPC – Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a
causa de pedir;
O que torna a causa conexa é a identidade parcial das ações.
Art. 104 CPC - Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
O que torna a causa conexa não é somente a identidade parcial das ações, mas um pedido mais
abrangente.
Ex: Pedido de anulação de um contrato inteiro em uma ação. Existência de outra ação solicitando a
anulação de uma cláusula. O pedido de anulação de todo o contrato abrange
Obs.: Pelo CPC toda continência é uma conexão, assim endente-se a mesma como desnecessária.
Portanto, o artigo 104 CPC quase não é aplicado.
Obs2 : O conceito de conexão do artigo 103 é um conceito mínimo. Os casos previstos no artigo
103 são casos de conexão, mas não exaurem o conceito. Há exemplo de outros casos não
abrangidos pelo artigo 103. São casos de conexão atípica. Sempre que a decisão de uma causa
interferir na solução da outra, sempre há conexão – conexão por prejudicialidade.
Ex1: Investigação de Paternidade e Alimentos. Apesar de não possuírem a mesma causa de pedir,
nem o pedido, são casos indiscutivelmente conexas, pois a solução de uma causa depende da outra.
Ex2 : Ação de Despejo por falta de pagamento e Consignação dos pagamentos dos aluguéis.
Obs3: Causas Repetitivas nunca forma consideradas conexas entre si, embora sejam muito
semelhantes, as vezes até repetitivas, e embora por vezes a aplicação da sentença sejam
semelhantes. Ressalte-se que o resultado de uma independe da outra.
Causas Repetitivas: são as causas de massa, onde milhares de pessoa em situações de pessoa vão
ao judiciário (Ex: correção do FGTS, correção da poupança, causas previdenciárias) onde seguem
um modelo de causa tipo.
Sucede que há no ordenamento jurídico brasileiro, a ideia de criação de um modelo de conexão para
as causas repetitivas de forma reuni-las – denominado por alguns autores Modelo de Conexão por
Afinidade - A reunião se dará de outro modo e em tribunais superiores. São escolhidas algumas
causas para apreciação modelo, e suspendem-se as outras até a decisão paradigma da decisão
modelo. Por enquanto o referido modelo somente se aplica no STJ e STF no julgamento dos
recursos extraordinários e repetitivos.
Conflito de Competência
Há conflito de competência sempre que mais de um órgão discute sobre a competência para julgar
uma causa ou causas conexas.
Podem ser entre juízes singulares, entre tribunais e entre juízes e tribunal. Quando ambos julgam-se
competente será o conflito positivo. Se ambos julgarem-se incompetentes para apreciação será
negativo.
É um Incidente processual sempre julgado por tribunal. Os próprios juízos conflitantes podem
suscitar, as partes também o podem, assim como o Ministério Público. Este último, se não
suscitante, deverá intervir obrigatoriamente no conflito.
É preciso lembrar que inexistente conflito se entre os órgãos houver diferença hierárquica.
Cabe ao STF decidir questões sempre que houver conflito de competências entre Tribunais
Superiores. Entre juízes Federais e Estaduais Investidos com poderes Federais são julgados pelos
TRF. É preciso que os juízes estejam dentro da área de atuação aquele tribunal. Cabe ao TJ decidir
incidente de competência entre juízes estaduais vinculados aquele tribunal. Ao STJ, competirá todos
os outros conflitos.
TRF 1 – BA, PI, MA, MG, GO, TO, DF, MT, RO, RR, AC, PA, AP, AM
TRF 2 – RJ, ES
TRF 3 – SP, MS
TRF 4 – RS, PR, SC
TRF 5 – SE, AL, PE, PB, RN, CE
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer
exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a
suspeição.
Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de
domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação. (Incluído pela Lei nº
11.280, de 2006)
Editorial 25
Muitos alunos pediram-me que fizesse uma distinção entre a alegação de modificação de
competência relativa (conexão ou continência) e a alegação de incompetência relativa.
TEORIA DA AÇÃO
Direito de Ação
É um direito:
Conceito
Ação em sentido amplo: É o direito de ingresso junto a justiça. Pressupõe-se tal qual a jurisdição,
ou seja inafastável. É um direito onde não pode haver supressão ao devido processo legal.
Ação em sentido material:É o direito que se afirma deter contra alguém. Forma de se designar o
direito que se tem contra alguém. Acepção mais antiga, muito ligada ao direito material.
Ação em sentido processual: Ação como ato. Acepção processual da palavra ação. Denomina-se
como DEMANDA. Provocação da atividade jurisdicional.
A demanda introduz ao processo a questão a ser decidida, portanto nunca é abstrata, uma vez que
refere-se sempre a uma situação concreta. Exercício do direito de ir a juízo levando a afirmação de
um direito material em face de alguém. Res in iudicium deducta.
A partir daí, traça-se um paralelo com o NCC Elementos da Ação, Condições da Ação, Elementos
da Ação e Competência, contém as seguintes partes
Elementos da Ação
Pedido
Partes
Parte Principal e Parte Auxiliar. As partes principais são autor e réu. A parte auxiliar é o assistente.
Este não pede assim não tem contra si um pedido, mas auxilia as partes principais. Demanda e
conflito são instituições distintas. Normalmente as partes equivalem-se na Demanda e no Conflito,
no entanto pode não haver a coincidência.
As partes ainda podem ser legítimas ou ilegítimas, mas de todo jeito ainda são partes. Pode a parte
ser inerente a apenas um incidente processual. Exemplo: No incidente de arguição de suspeição, o
magistrado é parte.
Causa de Pedir
Observações:
Causa de Pedir é o fato jurídico somado a relação jurídica ( Fato Jurídico + Relação Jurídica). Não
é o fundamento legal. Pode-se subdividir a em causa de pedir próxima e remota. Para que a causa de
pedir seja igual, os fatores 3 e 4 obrigatoriamente devem ser iguais.
Fato Jurídico é equivalente ao fato, após a incidência da norma. É a causa de pedir remota. Pode-
se subdividir em:
- causa de pedir remota ativa: Causa de pedir remota ativa é o fato gerador do
Direito.
- causa de pedir remota passiva: Causa de pedir remota passiva é o fato que
impulsiona a ida ao judiciário.
Se um fato (1) da vida ocorre e sobre ele incide uma hipótese normativa (2), ele se torna um fato
jurídico (3) o qual gera a relação jurídica (4), em cujo bojo estão os direitos e os deveres.
Assim, a causa de pedir são os fatos jurídicos (3) somados ao fundamento jurídico do pedido
(relação jurídica (4). O fundamento jurídico do pedido não é a hipótese normativa (2), mas sim a
relação jurídica (4). A hipótese normativa é o fundamento legal. Enquanto que a relação jurídica é o
direito que se afirma ter.
Ex: acidente de trânsito – indenização. 3 é o acidente danoso e culposo de trânsito. 4 é o direito de
ser indenizado. E 6 é o pedido de indenização;
Ex: ação para anular contrato por dolo/erro. 3 é o contrato celebrado com dolo. 4 é o direito de
anular este contrato. E 6 é o pedido de anulação;
Ex.: ação rescisória de sentença por incompetência absoluta. 3. sentença transitada em julgado
proferida por juiz absolutamente incompetente. 4. direito de rescindir esta sentença. 6. a rescisão.
Ex: ADI afirmando que uma lei é inconstitucional. 3 é a inconstitucionalidade da lei. 4 é o direito de
retirar aquela lei do sistema. E 6 é o pedido de decretação da inconstitucionalidade,
Ex: cidadão não cumpriu o contrato. 3 é o inadimplemento do contrato. 4 é o direito ao crédito. E 6
é o direito da cobrança.
Ex.: ação possessória devido esbulho. 3. o fato de esbulho. 4. direito a proteção possessória. 6.
reintegração de posse.
Causa de pedir = causa de pedir remota + causa de pedir próxima (CP= CPR + CPP)
CP = Fato Jurídico + Relação Jurídica. Causa de pedir remota é o fato jurídico, ou seja, o n° 03.
A causa de pedir próxima é o direito que se afirma ter, ou seja, o n° 04 (Relação Jurídica).
O Brasil adotou a Teoria da Substanciação da causa de pedir. A causa de pedir é a soma do fato
jurídico e do fundamento jurídico (art. 282, III).
Teoria da Individualização da causa de Pedido. Afirma que a causa de pedir é somente o Direito
Afirmado. Não se considera o fato jurídico.
18/03/11
Real e Pessoal
É a classificação de acordo com a causa de pedir próxima. Tem como objeto a natureza do direito
afirmado
Ação pela qual se busca uma coisa. Pode ser sobre direito real ou pessoal.
Ex: Ação de Despejo é ação pessoal e reipersecutória.
Não confundir com a ação reipersecutória, que é aquela que persegue a coisa (ex: ação com pedido
de entrega da coisa). Esta é reipersecutória a partir do pedido, podendo ser uma ação fundada em
direito real ou pessoal.
Pode-se perseguir a coisa, em virtude de um direito real que a parte tem sobre a coisa (ex:
proprietário) ou em virtude de um direito pessoal (ex: locador que pede o despejo).
Mobiliárias e Imobiliárias
Classificação pelo objeto do pedido. Se é móvel ou imóvel, podendo ser real ou pessoal.
A tendência é pensar que as ações imobiliárias são reais. Porém, pode a ação imobiliária ser uma ação
pessoal, fundada em um direito pessoal (ex: ação de despejo), como também uma ação mobiliária ser uma
ação real.
Necessárias
A ação necessária é aquela em cuja causa de pedir próxima há a afirmação de um direito que
somente pode ser exercitar em juízo.
Há determinados direitos que somente podem ser exercitados se for mediante provocação do
judiciário. Neste caso, denomina-se a ação que objetiva o exercício desse direito, denomina-se
necessária. Todas são constitutivas. Perfazem muitos casos de jurisdição voluntária.
EX: Ação de Anulação de Contrato, Ação de Falência, Ação Rescisória de Sentença, Ação de
Interdição.
Ação Dúplice
Sentido processual:A primeira acepção refere-se a qualquer processo em que réu possa formular
pedido contra o autor no bojo da contestação. Nesse sentido, a ação dúplice é sinônimo de Pedido
Contraposto.
Ex: juizados especiais, procedimento sumário e ações possessórias, são casos em se admite que o
réu formule pedido contra autor no bojo da contestação.
Nélson Nery diz que as ações que tramitam nos Juizados Especiais são ações dúplices (sentido processual).
Não é o sentido mais correto.
Contesto material: Ação dúplice em sentido material é um tipo de direito que se afirma em juízo,
que faz com que o réu, ao se defender esteja ao mesmo tempo contra-atacando o autor. Basta que
réu se defenda, que a defesa é um contra-ataque. ”Cabo de guerra, onde puxar a corda tem dois
sentidos: defender e atacar”
Obs.: A Ação possessória é duplamente Dúplice. No sentido material, a própria defesa do réu na
ação possessória é ao mesmo tempo a afirmação do seu direito. No sentido processual, possibilita o
réu a solicitar indenização na própria contestação. É sinônimo de pedido contraposto.
Ver livro leituras complementares de processo civil do professor Fredie Didier Jr.
a) conhecimento: levar a cognição ao juiz. quando se quer que se certifique ou reconheça direitos;
b) execução: inexiste cognição. quando se quer que se efetive direitos;
i. cautelar: quando se quer que se proteja direitos.
ci.
Esta classificação está em crise, porque as demandas, atualmente, não servem apenas a um destes
propósitos. Hoje os tipos de tutela se misturam nas ações, que não são mais monotemáticas, mas
sim são chamadas de ações sincréticas (mistura), pois servem para mais de um tipo de tutela. Esta é
a tendência (sincretismo processual).
OBS.: ações sincréticas são as não puras. Hoje o processo sincrético é uma realidade. Dificilmente,
hoje, um processo tem somente um propósito. Tem uma mistura (daí falar em sincretismo).
Sincréticas
Ações que servem há mais de um propósito. Servem há mais de um tipo de tutela jurisdicional. Os
tipos de tutela misturam-se. O sincretismo é uma característica do ordenamento jurídico brasileiro.
a) condenatórias;
b) mandamentais;
c) executivas lato sensu (sentido amplo);
d) constitutivas; e
e) declaratórias.
□□fazer,
□□não fazer,
□□dar dinheiro ou
□□dar coisa que não seja dinheiro.
São basicamente os direitos obrigacionais. Tanto é verdade que no livro de obrigações do NCC faz a
mesma divisão citada. Contudo, há outros direitos de prestação que não são obrigacionais, como o
caso dos dir. reais (também podem ser prestacionais).
Os únicos direitos que podem ser lesados ou inadimplidos são tão-somente os dir. de prestação. Só
posso falar em inadimplemento se tiver relação com uma prestação. Somente estes se sujeitam à
prescrição, isto é, é um fenômeno exclusivo do dir. a uma prestação. Vejamos o art. 189 do NCC:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem
os arts. 205 e 206.
Enfim, são institutos correlatos. Um pressupõe o outro. Tais direitos a uma prestação exigem uma
realização material, isto é, estes direitos somente se efetivam se a conduta devida for cumprida. É
preciso que a conduta devida se realize. Se a conduta devida não se realizar estes direitos não se
efetivam. E conduta existe no mundo físico. Eu preciso que a coisa seja entregue, por exemplo.
A conduta é sempre algo material, do mundo físico. Tal dir. só se efetiva se realizado no mundo da
vida. Tal dir. precisa de uma realização material.
Ex.: casamento é uma situação jurídica (invisível), que só existe no mundo jurídico.
O relacionamento entre duas pessoas é a situação fática. O vínculo jurídico entre as pessoas não se
extingue faticamente. As situações jurídicas nascem e morrem no mundo jurídico.
Ex.: retirar a aliança (situação fática) não extingue o vínculo jurídico do casamento (situação
jurídica).
Direitos a Uma Prestação Direitos Potestativos
Direito de Exigir de Outem uma prestação. AÉ o direito de criar, alterar ou extinguir situações
prestação é uma conduta, que pode ser de fazer,jurídicas;
não fazer ou dar (dinheiro ou coisa diversa);
Ex: direito de anular um contrato,
O poder de exigir, denomina-se PRETENSÃO. Adireito de rescindir uma sentença,
conduta devida é a PRESTAÇÃO; direito de resolver o negócio,
direito de casar.
Inadimplemento ou lesão é o não cumprimento de
uma prestação; Não há conduta do sujeito passivo;
Ação Condenatória
É o direito potestativo que vai criar e extinguir relações no mundo jurídico. Já o direito a uma
prestação exige uma conduta. Os direitos potestativos não se relacionam a nenhuma conduta, só
interferindo no mundo jurídico. Não há prestação devida, não há conduta devida. Não se pode falar
em execução quanto aos direitos potestativos, porque execução só se aplica aos direitos a uma
prestação. Não existe inadimplemento em relação aos direitos potestativos. Não há falar também em
prescrição. Fala-se em decadência. Exemplos de direitos potestativos:
• Direito ao divórcio;
• Direito de rescisão;
• Direito de interditar;
• Direito de resolver o contrato; e
• Direito de anular o contrato.
Ao ingressar em juízo para exercer um direito potestativo, a ação será constitutiva. Ação
constitutiva é a ação em que se afirma um direito potestativo, é aquela pela qual se pretende a
criação, alteração ou extinção de situações jurídicas.
Os prazos decadenciais são os prazos das ações constitutivas, porque a decadência se relaciona aos
direitos potestativos. Do mesmo modo, a prescrição está relacionada às ações condenatórias.
Costuma-se dizer que as ações constitutivas não têm eficácia retroativa, só tem efeitos para
frente. Contudo, o correto é dizer que a regra é a de que a ação constitutiva não produz efeitos
retroativos, mas há exceções, como a ação de anulação de ato jurídico (art. 182, CC).
Execução
Nada mais é, senão o cumprimento da prestação, a qual pode ser voluntária ou forçada.
A execução está intimamente ligada a uma prestação. Tudo o que tem a ver com execução diz
respeito a uma prestação. Executar é fazer cumprir uma prestação devida. Tanto é assim que se
pegar o Livro do CPC que cuida da execução – este fenômeno se divide em fazer, não fazer, de dar
dinheiro e de dar coisa que não é dinheiro. Não é por acaso que o CPC diz no art. 580 que só se
pode executar se houver inadimplemento.
Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,
consubstanciada em título executivo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Parágrafo único. (Revogado pela
Lei nº 11.382, de 2006)
Não é por acaso também que o CPC no art. 617 também fala da prescrição na execução.
Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição, mas a citação do devedor deve ser
feita com observância do disposto no art. 219.
Por óbvio, que no Processo Civil interessa somente a execução forçada. Referida execução poderá
ter como fundamento um título judicial ou título extrajudicial, assim, pode ser processada ora como
fase do processo de conhecimento (como fase de um processo sincrético □□um processo criado para
que se peça o reconhecimento e a execução), ora como processo autônomo.
Em ambas as hipóteses há processo de execução: contudo, no autônomo é somente para executar,
mas no que é fase de um processo sincrético ele tem outro fim além da execução.
Outra divisão importante é a divisão da execução em direta e indireta. A execução direta ou
violenta (o Estado faz com que a prestação/obrigação seja cumprida pelo devedor, dispensado a
participação deste para satisfação do direito de crédito, como por exemplo, realiza a venda de um
bem em hasta pública a fim de ver a prestação cumprida).
O Estado substitui o devedor. Há quem chame esta primeira divisão de execução por subrogação,
pois o Estado age no lugar no devedor. Trata-se da execução ostensiva. Você vê o sujeito sendo
executado, sofrendo a violência do Estado.
Já na execução indireta (o Estado força o devedor a cumprir a prestação; exerce uma pressão
psicológica em face do devedor. Ela é invisível, a princípio, pois se opera na mente, a mente fica
pressionada. É uma pressão por medo/ameaça (Ex: astreintes) ou estímulo (Ex: REFIS).
Quando a execução indireta se dá pela recompensa e não pela punição fala-se que há sanção premial
(pague sob pena de prisão civil – alimentos). A execução indireta, em regra, é mais cara. E tudo isso
se dá por meio das chamadas AÇÕES DE PRESTAÇÃO: as ações mandamentais, executivas e
condenatórias eram ações de prestação. Ação de prestação: é uma ação que veicula a afirmação de
um direito a uma prestação. Agora se faz necessário abordar o seguinte ponto:
Nessa época as ações de prestação não eram em regra sincréticas. Ao ganhar uma ação, a sentença
seria meramente declaratória, isto é sem autoexecutoriedade. Para efetivar o efeito da sentença,
seria necessário novo ingresso junto ao poder judiciário para execução da sentença. A essas ações
não sincréticas, denominava-se Ação Condenatória. Ação condenatória tinha por consequência tão
somente um título judicial.
No entanto, àquela época, o Mandado de Segurança, assim como as Ações Possessórias, apesar de
ações de prestação, configuravam exceção à época. Tinham efeito imediato, ou seja, eram
sincréticas. A doutrina, face o seu caráter peculiar, com a presença do sincretismo, denomina-se de
outra forma: Ação Mandamental e Ação Executiva em sentido amplo.
A Ação Mandamental é uma ação de prestação sincrética, que se efetiva por execução indireta, por
meio do poder coercitivo do estado. Já ação executiva em sentido amplo é uma ação de prestação
sincrética, que se dá por meio direto.
Obs.: Havia quem dissesse equivocadamente que todas eram ações condenatórias
Em 1994, após a primeira reforma, o legislador tornou sincréticas todas ações de prestação de
obrigação de fazer ou não fazer. O que era excepcional tornou-se banal. Por conta de tal mudança,
originou o pensamento de que não existiria mais a ação condenatória de fazer ou não fazer.
Em 2002, a segunda etapa da reforma tornou sincréticas todas as etapas das ações para entrega de
coisa diversa de dinheiro, passou a ser sincrética. Novamente a regra vira exceção.
Equivocadamente parte da doutrina afirmava que não havia ação sincrética para entrega de coisa.
Em 2005, o legislador tornou sincréticas todas as ações de prestação de quantia passaram a ser
ações sincréticas. Novamente, parte da doutrina afirma que não haveria mais ação condenatória.
Hoje, existem três correntes:
Ação Constitutiva
Ex1: Ação de interdição, por exemplo é constitutiva pois determina a interdição, face a
incapacidade declarada pelo médico.
Ex2: Ação de falência, também é constitutiva, uma vez que sujeito ainda não é insolvente. Visa
recuperar a empresa/empresário.
Ex: ADI – Ação Direita de Inconstitucionalidade. É uma ação constitutiva, pois visa desfazer uma
lei defeituosa. Pelo fato de ser defeituosa (falta de algo que não foi feito) é de natureza constitutiva.
Pontes de Miranda, que adota a teoria quinária, afirmava que todas as ações tem um pouco das
características das outras ações. Numa escala de um a cinco, possuem três características, formando
uma constante de quinze.
Ex: ação condenatória, tem 1/3 de características de mandamentais, e assim por diante.
Civilistas □
Constitutiva □ anulação
Declaratória □ nulidade
Para o professor a diferença mesmo consiste no prazo (a anulação tem prazo e nulidade não);
entendem que em ambos os casos são constitutivas, pois desfazem algo.
2. AÇÃO DE INTERDIÇÃO:
É claramente uma ação constitutiva; ação para retirar a capacidade alguém; tira a situação jurídica
dele (a capacidade); só que os livros de dir. civil, os civilistas (inclusive Cristiano Chaves). Assim,
não se pergunta ao juiz se o fulano é demente, mas sim ao médico. Caso contrário, a sim
poderíamos falar em ação declaratória.
É uma ação constitutiva que visa tirar a capacidade do empresário de administração do negócio. Em
alguns livros, é afirmado que a falência é a ação declaratória. Quem pede a falência pede ao juiz a
retirada do sujeito da administração de seu negócio para que ocorra a arrecadação dos bens para
pagamento dos credores.
O professor entende que também é uma ação constitutiva, para invalidar a lei, tirar a lei do sistema,
mas a maioria da doutrina, a maior parte dos constitucionalistas prega que se trata de ação
declaratória.
A mais polêmica de todas as ações citadas. Para o Fredie é ação constitutiva, porque é uma ação
para atribuir paternidade. Tornar o sujeito pai. Mas ele já não era pai antes? O professor diz que é de
suma importância diferenciar o genitor (biológico) da figura do pai (jurídico). E o professor ainda
usa como argumento que no caso de recuso do DNA, o réu será presumidamente pai e ponto.
STJ Súmula nº 181 - 05/02/1997 - DJ 17.02.1997 É admissível ação declaratória, visando a obter
certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual.
Tendo em vista a sua natureza declaratória da relação jurídica, é imprescritível. A qualquer tempo
pode-se ingressar com a mesma. O que prescreve é o direito, e não a relação.
Ex: ADC, Ação de Usucapião, Inexistência da relação tributária, Ação Declaratória de União
Estável.
Só existe um caso de ação meramente declaratória de um fato, a Ação para declarar a autenticidade
ou a falsidade de um documento.
Súmula 242 STJ → cabe ação para que se reconheça o direito para o tempo de serviço.
CPC, Parágrafo Único do Art. 4º → autoriza a entrar com uma ação meramente declaratória,
quando já poderia entrar com uma ação condenatória.
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
Ex: Caso Vladimir Herzog - Foi notoriamente assassinado. Não foi aceita a tese de suicídio
divulgado pelo governo. A esposa da vítima, ainda durante a ditadura, adentrou com ação
declaratória para responsabilizar a União pelo homicídio, abstendo-se de pleitear qualquer
indenização.
Quem tem uma sentença declaratória proferida quando já se seria possível proferir uma sentença
condenatória, para receber a prestação decorrente do título judicial deve:
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer,
entregar coisa ou pagar quantia;
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;
IV – a sentença arbitral;
VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a
título singular ou universal.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do
devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.
CPC art. 475 N , Inciso I → A sentença proferida no processo civil, que reconheça a existência de
fazer, não fazer, entregar coisa ou paga quantia é título executivo.
Para os que admitiam o entendimento antes da alteração, não houve inconstitucionalidade, haja
visto que não houve alteração da norma, mas sim de texto.
Diz que houve uma celeuma quanto ao inciso I, acima destacado. Argumentaram que era
clandestino. E outro que haveria uma inconstitucionalidade, porque foi feita uma alteração só no
Senado e não retornou para votação na Câmara e daí haveria uma inconstitucionalidade formal.
Ainda, cita outro caso, o cidadão ingressou com ação para que fosse declarado que ele não devia. O
juiz julgou improcedente a ação, o que significa dizer que o autor é devedor. O réu, credor, assim,
partiu para executar a sentença. O autor afirmou, então, que não é título executivo, porque a
sentença foi meramente declaratória. OTJSP afirmou que sentença meramente declaratória que
certifica o direito a uma prestação é título executivo.
Outro ponto que merece destaque é o seguinte: as sentenças meramente declaratórias são
imprescritíveis, mas as condenatórias são prescritíveis. Então, como fica a execução da meramente
declaratória? A pessoa poderia entrar com a meramente declaratória e depois executar?
Não! Porque com a ação meramente declaratória ter-se-á a declaração de um direito prescrito.
Enfim, não interrompe a prescrição, não revelou postura de cobrança. Se pode cobrar ou declarar e
não cobra – isso não pode interromper a prescrição. É o risco que a pessoa corre ao fazer isso. Ação
declaratória do parágrafo único do art. 4º □ ok ser executada, mas se tiver prescrita, já era.
Condições da Ação
Introdução as Condições da Ação
Teoria Eclética (posicionamento misto): o direito de ação é o direito a uma decisão de mérito. Não
se fala em decisão favorável ou qualquer decisão, podendo ser improcedente. Para essa concepção,
condições da ação são condições para uma decisão de mérito.A carência de ação, que é uma decisão
em que se reconhece a falta de condições da ação, é uma decisão sem exame do mérito e portanto,
não faz coisa julgada material. Não se confunde com a improcedência da ação, que é decisão de
mérito .Desenvolvida por Liebman (processualista italiano de origem judaica radicado no Brasil)
professor da USP, que teve forte influência sobre o código processual civil brasileiro de 1973.
Crítica Doutrinária
No processo só há dois tipos de questões a serem examinada pelo juiz: questão processual ou
questão de mérito. Não há uma terceira opção. Para Liebman, porém, as condições da ação seriam
esta 3° opção. Porém, tal não deixa de ser questão processual (que deveria aqui ser englobada, junto
com os pressupostos). Dificuldade quando em se separar condições da ação e mérito da ação
Desnecessário incluir o Interesse de agir como condição da Ação, mas sim pressuposto da
Ação
21/03/11
Teoria da Asserção
Para Liebman, a análise das condições da ação é imprescindível, permitindo que a análise possa ser
realizada a qualquer tempo, admitindo todos os meios de prova.
Na prática, ocasiona uma série de problemas, como a morosidade em um processo, que corre há 10
anos, que virá a ser extinto sem julgamento de mérito. Em função disto, a doutrina criou a Teoria da
Asserção, que visa dirimir tais problemas.
Para a Teoria da Asserção, a análise das condições da ação, deve ser feita apenas de acordo com o
que foi afirmado na demanda. A base para afirmar se as condições da Ação estão presentes, é o
afirmado, sendo desnecessária a produção de prova. Basta uma simples leitura da inicial. Parte-se
da boa-fé.
Ex: sujeito A entra com ação de alimentos contra seu pai B. Se descobrir depois que A não é filho de
B a ação será julgada improcedente. Se A promover ação de alimentos contra sua amiga B. Ele não
preenche os requisitos, a ação já deve ser extinta sem resolução do mérito.
Assim, se a leitura da inicial for tomada como “verdade”, o juiz seguirá com o processo, e se
porventura descobrir-se que o afirmado nos autos era uma inverdade, extingue-se o processo por
improcedência. É a Teoria mais difundida na doutrina brasileira. Seu maior crítico é Dinamarco.
Fredie Didier Jr, afirma que em caso de demandas absurdas, o julgamento de mérito deve-se realizar
em razão da improcedência óbvia, e não da carência de ação, como p. Ex, o disposto no art.269 do
CPC.
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1973)
É a aptidão do pedido para ser acolhido. Se o que se pede, em tese é permitido, o pedido
juridicamente é possível.
Ex: cobrança de dívida de jogo (o que é impossível é a causa de pedir, que é ilícita).
Existe uma expressão oposta por Dinamarco, que denomina a possibilidade jurídica do pedido, de
possibilidade jurídica da demanda. Justifica o mestre: para ele esta condição deve ser estender a
todos os demais elementos da ação, isto é, todos os elementos da ação devem ser juridicamente
possíveis (demanda, interesse, legitimidade, etc). Daí porque ele opta por utilizar possibilidade
jurídica da demanda.
Contemplado as correntes doutrinárias mais modernas, esse requisito foi suprimido do projeto do
novo código de processo civil.
Interesse de Agir
Deveria ser enquadrada como pressuposto processual, mas segue-se a classificação de Liebman que
o qualifica como condição da ação. É preciso que a demanda seja útil e necessária. A demanda deve
propiciar alguma utilidade. Caso o contrário não haveria objeto da demanda. Assim, se a demanda
perde ou não tem o objeto determinado ou determinável, perde-se o interesse de agir.
A Demanda necessária é quando a utilidade somente pode ser alcançada por meio judicial. É
necessário demonstrar a motivação (necessária) de se ir a juízo, a sob pena de abuso do interesse de
agir (abuso de direito).Assim, se tudo o que o autor quiser for acolhido existe interesse de agir.
De outro modo tem-se ainda a Necessidade. Isto é, o processo deve ser necessário para a obtenção
desta utilidade. Se não há resistência do réu a pretensão do autor, não há necessidade de ir ao juízo.
Na USP, há o entendimento de o interesse de agir detém uma terceira dimensão. Além da utilidade e
necessidade, deve-se analisar a adequação da demanda. Adequação da Demanda é quando o
procedimento deve ser adequado ao resultado que se pleiteia.
Exemplo: Mandado de segurança pleiteando algo que somente pode ser esclarecido por meio de
perícia, faltaria interesse e adequação. É a inadequação da Via Eleita, pois o Mandado de Segurança
não admite prova pericial. O MS é para proteção de direito líquido e certo, algo incompatível com a
produção de prova pericial (Se já prova produzida, não se trata de incompatibilidade).
O problema é que adequação como interesse de agir, é muito controverso. Qualifica-se mais como
pensamento localizado na escola da USP.
Legitimidade Ad causam
É a aptidão para conduzir validamente um processo em qualquer dos polos, em que se discute uma
determinada relação jurídica.
A legitimidade não é uma capacidade de se conduzir qualquer processo. Não se trata de capacidade
em sentido abstrato. Mas sim a capacidade para atuar em processo que se discute relação jurídica
determinada ou determinável. Para saber se a parte é legitima ou não, deve analisar a relação
jurídica discutida. NÃO EXISTE LEGITIMIDADE EM TESE.
Primeira Classificação
Legitimidade exclusiva
É aquela atribuída a apenas um sujeito. Somente aquele determinado sujeito pode discutir a relação
jurídica em determinado processo. É a regra geral. Somente o titular do direito pode discuti-lo em
juízo.
Legitimidade concorrente
Há casos em que o legislador atribui a mais de um sujeito a legitimidade para discutir determinado
direito em juízo.
Ex: qualquer dos credores solidários podem cobrar o crédito, ADIn pode ser proposta por vários
sujeitos, o mesmo ocorre com uma Ação Civil Pública
Segunda Classificação
Legitimidade Ordinária
Na legitimação ordinária o sujeito vem a juízo em nome próprio, defendendo o próprio interesse.
Existe uma coincidência entre o legitimado e o titular do Direito Discutido.
Legitimidade Extraordinária
Autorização para que alguém esteja em juízo em nome próprio defendendo interesse de outrem.
Sempre que alguém estiver em juízo nessas condições, é um legitimado extraordinário. Trata-se de
caso excepcional e depende de expressa previsão legal.
art. 6º, CPC - Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. );
Sua fonte é o Direito Legislado. Não existe legitimação extraordinária por vontade das partes –
negócio jurídico.
Ex: Cobrança de alimentos à terceiros pelo MP
Ao tempo em defende algo que é seu patrimônio (legitimado ordinário), assim como o bem de
outras pessoas – demais condôminos (legitimado extraordinário).Em qualquer caso, o legitimado
extraordinário é parte. Embora não o seja parte na relação discutida, o mesmo é parte processual.
1. Legitimação autônoma
O legitimado extraordinário sozinho pode defender o interesse de terceiro. É a regra
2. Legitimação Subordinada
Legitimado extraordinário fica vinculado a atuação dos interesses de outrem.
Ex: Assistente
Para Nélson Nery, no que se refere a legitimação coletiva, não é extraordinária e nem ordinária. A
legitimação extraordinária, para o doutrinador, só existe para defender o interesse de outrem. A
coletividade não se enquadraria no conceito de outrem, portanto seria a legitimidade para defender
interesse da coletividade → Legitimação Autônoma para condução do processo.
Há contradição nos argumentos do mestre, em face do Princípio do Terceiro Excluído.
A lógica o contradiz. Ou há interesse coletivo, ou do particular, nunca uma terceira opção. Não há
incompatibilidade das ideias do professor Nery com a legitimidade extraordinária.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (Requisitos)
Capacidade em ser parte: É genérica, prévia. Personalidade processual, judiciária. No Direito Civil,
equivale-se a personalidade.
Ex: MP tem capacidade jurídica para ser parte. No entanto só tem legitimidade quando a lei prevê
OBS: Enunciado da Jornada de Direito Civil : o natimorto tem direito a um nome a uma sepultura
(ver material do Cristiano Chaves). Ora, se morto tem direito, morto tem capacidade de ser parte,
mas como incapaz devendo ser representado. Cuidado, porque com a morte perde-se a
personalidade, mas quem admite esta ultratividade, tem que se admitir morto como parte.
OBS: Liebman defende os aminais não são sujeitos de direito. No entanto, há correntes, como o
Abolicionismo Animal, que reputam os animais são sujeitos de direitos incapazes. Essa corrente,
explica que devido a proximidade genética dos grandes primatas (chimpanzé, gorila, bonobos e
orangotango), deveriam ser considerados humanoides.
Importante porque tramita no STJ esta discussão, sobre os direitos dos grandes primatas
(chimpanzé, gorila, bom obus e orangotango) Lembrando que na Bahia teve HC em favor de uma
gorila, cuja liminar foi indeferida, mas como ela morreu, ocorreu a perda do objeto.
2. Provoque = Demanda
3. É preciso que haja fato provocador.
Personalidade: aptidão para ser sujeito de direito = capacidade jurídica é diferente da capacidade de
exercício.
Somente pode-se discutir quando a validade do processo, após verificada sua existência. Portanto, a
discussão sobre validade processual, somente se dá após verificada a sua existência.
O exame dos pressupostos de valide devem seguir as regras do sistema da invalidade do CPC. Não
haverá nulidade sem prejuízo. Não haverá invalidade pela falta de um pressuposto de validade, sem
a falta de um prejuízo.
Ex: Em alguns processos a intervenção do MP é obrigatória sob pena de nulidade.
Mesmo a inobservância de pressuposto de validade processual, pode ser ignorada se não houve
prejuízo.
Ex: A não citação do réu, quando julgado o pedido da inicial improcedente.
Essa visão, cuja a falta dos pressupostos só ocasionem invalidade se não houver prejuízo, é a mais
atual e amplamente defendida, inclusive sendo expressamente adotada no projeto do novo código,
denomina-se INSTRUMENTALIDADE SUBSTÂNCIAL DO PROCESSO. Estrai-se a sua essência
do § 2 º do artigo 249 do atual CPC.
30/03/11
Objetivos 1- Intrínsecos
2- Extrínsecos
Capacidade postulatória
2 - Juiz Imparcialidade
Competência
a) Objetivos:
• Intrínsecos: para que o processo seja válido é preciso que se respeite o procedimento
(petição inicial apta, citação, etc.).
OBS.: há doutrinadores, como Barbosa Moreira, que entendem que os pressupostos extrínsecos
devem ser considerados como condições da ação, e não como pressupostos processuais. Vozes
minoritárias.
b) Pressupostos Subjetivos:
CAPACIDADE PROCESSUAL
(CAPACIDADE PARA ESTAR EM JUÍZO, LEGITIMAÇÃO AD PROCESSUM)
Ex1: Menor com 16 anos ou mais , inscrito como eleitor, não tem capacidade civil, mas possui
capacidade processual para entrar com Ação Popular.
Ex2: Pessoas casadas, tem capacidade civil, mas em alguns casos não detém capacidade processual
Consequências para falta de Capacidade Processualista
O juiz determinará a correção da falha. Caso o defeito não venha a ser corrigida (art. 13 CPC):
1. Se o autor for o incapaz processual, extinguirá o juiz o processo sem o julgamento do mérito;
2. Se o réu for o incapaz processual, o processo seguirá a sua revelia;
3. Se um terceiro for incapaz processual, este será excluído do processo;,
Frederico Marques, afirma que PJ, por atuar por meio de seus representantes, é porque é incapaz.
Questiona-se se a pessoas jurídicas seriam mesmo representadas. Tal ideia equivocadamente sugere
incapacidade.
De forma a clarificar e evitar equívocos como do doutrinador, denomina-se o ato de se fazer
presente nos autos de PRESENTAÇÃO. Não devemos confundir com o preposto, que é um
representante em sentido estrito, cuja representação foi delegada pelo presentante (órgão da PJ que
age por ela /administrador da empresa).
PRESENTAÇÃO não há dois sujeitos, mas sim, um único sujeito, numa relação orgânica, em que
o órgão torna presente, corporifica a pessoa jurídica, os órgãos da pessoa jurídica a tornam presente.
É a relação orgânica que se estabelece entre órgão e pessoa jurídica.
A regra é de uma pessoa casada seja plenamente capaz. Se a pessoa é casada em regime que não
seja o da separação de bens, para que ela proponha uma ação rela imobiliária, necessita de
autorização do cônjuge.
Não há necessidade de litisconsórcio entre eles (ambos não necessitam ser autores), basta o simples
consentimento (outorga uxória) Art.10 CPC e art. 147, II NCC.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que
a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Este consentimento pode ser feito por escrito em peça a parte, ou por vistas na inicial, ou por meio
de procuração constituinte de advogado. Caso o consentimento não possa ser dado, ou for negado
por injusta razão, nestes dois casos o cônjuge deve solicitar o suprimento do consentimento ao juízo
de família, em um procedimento de jurisdição voluntária.
No que se refere a união estável, não há jurisprudência sobre o assunto, mas entende o professor de
que se houver nos autos, prova quanto a existência da união estável, haverá a necessidade de
consentimento (analogia).
Pode o juiz de ofício conhecer da falta do consentimento?
Neste caso não se admite a decisão de ofício. Há uma regra que diz que cabe ao cônjuge preterido
solicitar a anulação do ato (Art. 1649 NCC).
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado,
podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,
autenticado.
O problema é que muitas vezes o cônjuge desconhece a ação. O juiz deve mandar intimar o outro
cônjuge para que este tome ciência e posicione-se.
Em alguns casos, o legislador exige que os cônjuges sejam litisconsortes necessários passivos - §1º
do art. 10 do CPC.
Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais
imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
o
§ 1 Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Renumerado do Parágrafo único
pela Lei nº 8.952, de 1994)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1973)
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o
produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de
ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
o
§ 2 Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de
composse ou de ato por ambos praticados. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)
Por meio da análise do dispositivo, serão réus em litisconsórcio necessário em ações reais
imobiliárias, mesmo se o imóvel for anterior ao casamento, e em dois casos de obrigação solidária
entre os cônjuges: obrigação decorrente de ato ilícito praticado por ambos; e obrigação decorrente
de despesas para economia doméstica (art. 1643 NCC).
No caso de composse e no caso de atos por ambos praticados, exige consentimento quando aplicado
ao polo ativo. No polo passivo de uma ação possessória quando se tratar de ato praticado por
ambos.
CURADOR ESPECIAL
o
Art. 9 O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a
função de curador especial.
A curatela especial por excelência é uma atribuição atípica da Defensoria Pública, uma vez que não
se relaciona com pessoas, necessariamente, carentes. Na ausência de Defensoria Pública na
Comarca ou na impossibilidade de sua nomeação, poderá ser nomeado como curador qualquer
pessoa capaz (na prática, o juiz procura designar um advogado Ad hoc).
O curador não é a parte do processo, mas apenas um representante desta, que é o curatelado (o
curatelado que é a parte do processo), assim, não poderá dispor do direito discutido. O curador
especial tem a função de defender os interesses do curatelado. Ele pode praticar todos os atos de
defesa do curatelado (contestar, apresentar defesa, etc). No entanto, não poderá reconvir.
Pode se ainda, embargar a execução (isso pode, porque isso é defesa, consoante súmula 196 do STJ:
Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador
especial, com legitimidade para apresentação de embargos);Pode impetrar MS contra ato judicial; e
propor cautelar incidental. Enfim, trata-se de munus público.
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Regra um tanto obsoleta para o réu preso. A LEP, que é posterior ao CPC, já previu uma série de
prerrogativas ao réu preso. Citação por edital ou com hora certa são situações fictas. Por terem esse
caráter “duvidoso” nomeia-se o curador.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a
função de curador especial.
←OBS.: não se pode esquecer que são requisitos para a nomeação do curador especial do inciso II,
2ª parte, art. 9º, do CPC, ser o réu: revel e citado por edital ou hora certa. E quanto ao inciso II, 1ª
parte, do referido dispositivo, não tem muita utilidade na prática quando o mesmo não seja revel, eis
que geralmente terá advogado nos autos, não havendo necessidade da nomeação.
CAPACIDADE POSTULATÓRIA
(Jus Postulandi)
É a capacidade para prática dos atos postulatórios. Especial capacidade processual (específica,
técnica). No Brasil, como regra, é atributo de apenas algumas pessoas. São estas: Advogados,
Membros do Ministério Público e Defensores Públicos. O advogado supre a incapacidade
postulatória da parte.
Há casos em que o leigo tem capacidade postulatória, como por exemplo nos juizados especiais em
primeira instância e até 20 salários mínimos; na justiça do trabalho; no Habeas Corpus; o
governador do Estado em ADIn; na Lei Maria da Penha onde a mulher vítima de violência
doméstica pode requisitar a proteção judicial (mas não pode seguir com o processo após esse
momento); na ação de alimentos o alimentando pode pedir alimentos sem advogado, mas não
poderá dar sequencia no processo sem advogado; etc.
Obs.: Nos juizados existe capacidade postulatória do leigo, dispensando o advogado, e não a
inexistência da capacidade postulatória.
Da Procuração
O estatuto da OAB, em seu artigo 4º, expressamente afirma que ato praticado por quem não é
advogado é ato nulo, motivo pelo qual se exige a capacidade postulatória.
A procuração é prova de que o leigo constituiu aquela pessoa como procurador. O Advogado que
demanda sem procuração tem capacidade postulatória pelo simples fato de estar inscrito na OAB.
A ausência da procuração ocasiona somente a prova de que não esta em interesse daquela pessoa,
mas não retira a capacidade postulatória. Não havendo a juntada da procuração, o ato praticado por
advogado sem procuração é ato anulável, pois pode ser ratificado (Fredie Didier Jr). O mesmo
artigo permite ratificar o ato, portanto não pode um ato ratificável ser nulo, assim permanecendo o
entendimento das linhas anteriores (ato válido, porém ineficaz/ anulável).
Ressalte-se que boa parte da doutrina (PUC SP), equivocadamente confunde a ausência da
procuração com falta de capacidade postulatória, creditando como ato nulos, por força do artigo art.
37 Parágrafo Único do CPC, os atos praticados por advogado sem procuração. No mesmo sentido
da PUC-SP a súmula 115 do STJ, entende que a falta da procuração acata nulidade dos atos
praticados pelo advogado.
Novamente chamamos a atenção para o pensamento de Fredie Didier Jr que entende como revogado
o parágrafo único do artigo 37 do CPC, por força do artigo 662 do NCC (lei posterior), estando
prejudicado o pensamento do STJ.
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome
da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos
reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de
mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação
àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato.
Considerações gerais:
• Muitos autores, notadamente os ligados à USP, o Marinoni e o Fredie, defendem a ideia de que o
sistema das nulidades processuais se aplique à verificação dos pressupostos processuais de
validade. Os pressupostos processuais de validade devem se submeter a tal teoria, tendo como
consequência, a possibilidade de desconsiderar que a falta de um pressuposto processual de
validade se isso não causar prejuízo. Ex: pessoa propõe ação, o juiz vê que este tem razão, mas
não tem advogado. Houve a falha, mas não houve prejuízo. Muita gente já defende isso. Não há
motivo para anular tal pedido se não houve prejuízo. Anula o ato quando incide algum prejuízo à
parte. Mesmo que a nulidade de decorra de um pressuposto processual de validade;
• É preciso aplicar o art. 249 do CPC, parágrafo segundo, do CPC. Art. 249. O juiz, ao
pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências
necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados. ... § 2o Quando puder
decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a
pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta. A essa aplicação do sistema
de nulidades à análise dos pressupostos processuais de validade deu-se o nome de
INSTRUMENTALIDADE SUBSTANCIAL DO PROCESSO.
←LITISCONSÓRCIO
A classificação do litisconsórcio:
Simples (ou comum): a decisão de mérito pode ser distinta para os litisconsortes. O simples fato da
decisão de mérito poder ser diferente já torna o litisconsórcio simples.
Unitário: aqui a decisão de mérito tem de ser idêntica a todos os litisconsortes, tendo em vista que
há apenas uma relação jurídica, a qual é indivisível. Os litisconsortes unitários recebem tratamento
uniforme. Apenas haverá litisconsórcio unitário, se houver legitimação concorrente, ou seja, se
ambos os litisconsortes tenham legitimidade para a causa.
←Quando houver mais de uma relação jurídica a ser discutida, o litisconsórcio é simples. Havendo
apenas uma, se esta for divisível, será o litisconsórcio simples.
←Exemplos:
←Ex 1: Dois condôminos vão a juízo para defender o seu condomínio de uma invasão
Dando proteção a um protege o outro? Sim. Relação unitária.
Sempre que estivermos diante de um litisconsórcio unitário, nos estaremos diante de co-
legitimados. Há entre elas legitimação concorrente. A legitimação concorrente é indispensável
ao litisconsórcio unitário.
OBS.: a divisibilidade ou não da obrigação solidária estabelecerá se o litisconsórcio formado
será simples ou unitário.
Ex.5: Credores solidários vão a juízo cobrar a obrigação solidária. Há uma relação solidária. A
obrigação solidária pode ser divisível e indivisível. Como por exemplo a obrigação de entregar
dinheiro é divisível, enquanto a obrigação de entregar coisa é divisível.
Obs.: A solidariedade só gera litisconsórcio unitário, se se tratar de obrigação solidária
indivisível
Ex6: MP entra com uma ação para anular casamento. O litisconsórcio será composto por marido e
mulher.
Obs.: se houver um litisconsórcio em uma ação constitutiva, provavelmente será unitário
Na época do código de 39, o litisconsórcio por afinidade ativo poderia ser recusado pelo réu sem
justificativa. Por isso esse litisconsórcio era chamado de litisconsórcio facultativo impróprio. O
código de 73 extingui essa possibilidade de recusa.
O Brasil, pós 73 até a década de 90, passou por profundas transformações ocorridas no (o maior
acesso a justiça, a melhoria da educação no Brasil, bem como a universalização dos direitos),
passou a existir um fenômeno processual, onde uma multidão passou a vigorar como polo ativo de
alguns processos.
Em 1994, o litisconsórcio recusado, após todas a mudanças ocorridas, foi reavivado em outros
termos.
→ Primeiro, a recusa passou a ser obrigatoriamente motivada: devendo ser por dificuldade
de defesa ou por comprometimento a duração razoável do processo;
→ O juiz, de ofício, passou a poder desmembrar o litisconsórcio;
→ Também é digno de nota, o fato de que o pedido de desmembramento feito pelo réu,
interrompe o prazo de defesa (Parágrafo Único do art. 46);
LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO
É a intervenção de terceiro no processo por determinação do juiz, para que ele passe a fazer parte do
processo. No CPC de 1939, havia disposição expressa deste instituto. O juiz poderia trazer o
terceiro que ele entendesse dever fazer parte do processo, de uma forma ampla. O CPC de 1973
eliminou a previsão da intervenção iussu judicis.
Há quem afirme que a intervenção iussu judicis teria sido redimensionada, nos termos do art. 47,
parágrafo único, do CPC □ O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os
litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo. Ou
seja, a intervenção iussu judicis estaria limitada ao litisconsorte necessário não citado.
←Ocorre que, a prática forense passou a revelar uma necessidade de autorizar o juiz a trazer outros
sujeitos ao processo, além dos litisconsortes necessários não citados, como nos casos do
litisconsórcio unitário.
←O juiz, para proteger interesses, intimará o litisconsórcio unitário da existência de ação, para que
não alegue posteriormente o desconhecimento da demanda (ex: entre cônjuges).
←A intervenção iussu judicis revigorada pela jurisprudência, acaba sendo uma ferramenta para
resolver eventual problema de um litisconsórcio facultativo unitário ativo, quando não formado
(juiz apenas manda citar o litisconsorte unitário).
←Ex: causas repetitivas VS tributo VS João - diz que não quer pagar tal tributo e juiz concorda.
José que está numa situação semelhante e entra neste processo e pede a liminar. O que ele faz? Pede
para ser litisconsórcio ativo, ulterior, simples (relações distintas embora afins) e facultativo.
←Isso é NÃO lícito pois burla o PRINCÍPIO juiz natural. Em regra, essa segunda acepção, sempre
ocorre após a concessão da liminar, razão pela qual não é lícita e não se admite, uma vez que
desrespeita o princípio do juiz natural. Contudo, há quem admita essa intervenção como
homenagem à economia processual e à igualdade, como é o caso de Cassio Scarpinella Bueno,
Leonardo Greco, Luís Paulo da Silva Araújo. Isso é reflexo das causas repetitivas.
←Por fim, ressalta que a lei do MS, parágrafo 2º, art. 10 reabre a discussão em tela. Vejamos:
←Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança
ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. ...
←§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.
←
←INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
←Fundamentos da Intervenção de Terceiros
←É uma técnica para garantir a economia processual e o contraditório, ao permitir que algumas
pessoas, que se relacionem ao processo, participem deste, evitando o surgimento de novas
demandas.
←Conceitos Fundamentais
←Parte: é aquele que participa do processo como sujeito parcial.
←Terceiro: é um conceito por exclusão, é aquele que não é parte.
←Toda intervenção de terceiro é um incidente do processo. Caso seja processo incidente não será
intervenção de terceiro.
←Ex.: ação cautelar incidental; embargos à Execução; embargos de terceiro, mandado de segurança
contra ato judicial.
Primeiramente, trata-se de uma questão de economia processual, uma vez que se permite a pessoas
que detenham vínculo com a causa, ingressar na demanda, evitando assim a formação de novo
processo.
O segundo argumento é o Contraditório, pois admite-se que terceiro que vai sofrer consequências
da decisão, questione-as enquanto tomadas.
Como regra, as intervenções de terceiro costumam exigir vínculo jurídico do terceiro com a causa.
No entanto, há um caso no Brasil, de intervenção fundada em interesse econômico.
Toda intervenção de terceiro passa pelo controle do juiz, que examinará se o terceiro pode ou não
adentrar ao processo, ainda que todas as partes concordem com o ingresso do terceiro.
É facultado ao juiz permitir o ingresso. Não basta a vontade do sujeito em intervir no processo. É
necessário que o juiz permita.
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer das
partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem
autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.
Nos Juizados Especiais não se admite intervenção de terceiros por proibição expressa da lei, apesar
de haverem alguns tipos de intervenção que não podem ser proibidos.
Na ADIn, ADC e ADPF também há proibição legal expressa de intervenção de terceiros. Como se
tratam de processos objetivos, não há razão para intervenção de um particular como assistente para
estas causas (STF). Merece duas ponderações: Não se pode Proibir o ingresso de um legitimado a
estas ações; Nestes processos, admite-se expressamente a intervenção do Amicus Curiae.
AMICUS CURIAE
É o amigo da corte (tribunal). Alguém que intervém para auxiliar o órgão jurisdicional na solução
do conflito. Pretende fornecer elementos que permitam a corte decidir da melhor maneira,
qualificando a decisão. É um fator de aprimoramento da decisão. Diferente do perito, o amicus
curiae não tem papel investigatório, mas sim soluções jurídicas ao problema.
Para Fredie Didier Jr, o amicus curiae não é Intervenção de Terceiros, mas sim de auxílio ao órgão
jurisdicional (posicionamento polêmico). No entanto, para maior parte da doutrina, configura-se
como intervenção de terceiro típica de ADC, ADIn e ADPF.
Surgiu no Direito Brasileiro na década de 70, na lei 6385/76 (lei de criação da CVM – Comissão de
Valores Mobiliários). A referida lei dispõe que em qualquer processo no Brasil, em que se discuta
questões relativas ao mercado de valores mobiliários, a CVM tem que intervir como amicus curiae .
Foi o primeiro caso de amicus curiae obrigatório.
A lei 8884/94 (Lei que criou o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica obrigou a
intervenção do CADE nas questões relativas a defesa econômica (concorrência) nos mesmos
moldes da lei da CVM.
Para as leis 9882/99 e 9868/99 (ADIn e ADPF) – A intervenção do amicus curiae passou a ser
opcional, podendo ser espontânea ou provocada pelo STF. As leis em questão não relacionam quem
pode funcionar como amicus curiae nas ações constitucionais, apenas exige que o ente tenha
representatividade.
Inicialmente entendeu-se que não caberia manifestação oral, mas atualmente tal posicionamento é
previsto no regimento interno do STF. Para sustentação oral, faz-se necessário ser advogado, exceto
nos memoriais. Não faz jus a honorários.
Todo amicus curiae tem interesse na causa. Inexiste desinteressado. Pode recusar-se a funcionar nos
casos facultativos. Não pode recorrer
ASSISTÊNCIA
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja
favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição;
mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer das
partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem
autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos
mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.
Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação ou
transija sobre direitos controvertidos; casos em que, terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na
relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e
julgamento do incidente, o disposto no art. 51.
Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir
provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
Situação Hipotética:
1) Quando o interesse jurídico é forte, “C” solicita ao juiz a autorização para funcionar como
assistência de “A”, pois é colegitimado a discutir “X”.
2) Também há interesse forte quando “C” solicita autorização para Assistência de “A”, pois o
direito também lhe pertence.
Ex1: Ação de alimentos proposta pelo MP, o guri também pode intervir.
Ex2: Condômino
Em ambas as
situações temos a
assistência litisconsorcial, onde o assistente torna-se litisconsorte do assistido. Podemos afirmar que
a assistência litisconsorcial é um litisconsórcio facultativo unitário ulterior. Ocorrerá quase sempre
no polo ativo. O assistente litisconsorcial é parte em pé de igualdade com o assistido.
3) Em outra
situação
hipotética, “C” pede para discutir “X” com “A”, porque mantém com “B” uma relação “Y” conexa
a que se discute.
É o chamado interesse fraco, mediato, reflexo na causa. Pois mantém outra relação jurídica conexa.
O problema jurídico não pertence a “C”.
Ex1: Servidor Público que pede para ser assistente da União, em processo movido por terceiro face
a atitude desse servidor no exercício de seu cargo, pois caso a União perca, poderá a União acionar
o servidor por perdas e danos.
Ex2: Pedido de assistência do Sublocatário, ao locatário, em desfavor do locador (proprietário do
imóvel).
A assistência que surge do interesse reflexo é a chamada assistência simples. Neste caso, o
assistente é um auxiliar do assistido (ajudante).
Vide Art. 53 CPC – O assistente simples fica vinculado a vontade do assistido. Se de algum modo o
assistido quiser abdicado ao seu direito, o assistente simples nada pode fazer. É portanto, uma
atuação subordinada. O assistente simples age em nome próprio defendendo interesse alheio, assim
entendemos que o assistente simples é um legitimado extraordinário subordinado.
Art. 52 Parágrafo Único, afirma que o assistente pode defender os interesses do assistido, caso o
mesmo seja revel. Supre-se a revelia (O assistente supre a falta do assistido).
Para Fredie Didier Jr, se o assistente recorrer, e o assistido não recorrer, o tribunal deverá conhecer
do recurso. A simples omissão não é suficiente. No entanto, em caso de renúncia expressa, não
poderá fazê-lo. Incidem os mesmos prazos processuais. Já o STJ entende de maneira diferente, pois
entende que haveria uma renúncia tácita do direito.
Ex3: Promotor está sendo processado por ato praticado no exercício da função. O MP pediria
intervenção como assistente do promotor para defender as prerrogativas de função.
Uma vez demonstrado o interesse institucional, se justificaria a assistência simples. O mesmo
ocorre com a OAB que funcione como assistente para advogado, para defender as prerrogativas da
função de advogado.
assistente simples não se submete a coisa jugada, mas sim a outra eficácia ( de natureza
preclusiva): a eficácia da intervenção ou eficácia preclusiva da intervenção, ou submissão à
justiça da decisão. A eficácia da intervenção é a um só tempo mais e menos rigorosa que a coisa
julgada.
A parte mais rigorosa: A eficácia da intervenção recaí sobre os fundamentos da decisão, diferente da
coisa julgada que não recai. Significa que o assistente simples não poderá discutir em outro
processo os fundamentos daquela decisão. Daí o nome justiça da decisão.
A parte menos rigorosa: O assistente pode escapar a eficácia da intervenção, com mais facilidade do
que escaparia se fosse coisa julgada. O afastamento da eficácia, se dá por meio hipóteses do art. 55
do CPC :
•Se interveio em momento que não pôde produzir provas.
•Se demonstrar que o assistido conduziu mal o processo. É a chamada má gestão
processual ou exceptio male gestis processus ;
INTERVENÇÕES ESPECIAIS DOS ENTES PÚBLICOS
Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas,
sociedades de economia mista e empresas públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda
que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para
esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e,
se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.
1. Prevista no Caput
2. Intervenção exclusiva da União. É espontânea, dá-se em qualquer fase processual, e em
qualquer dos pólos processuais, e não acrescentar pedido novo. Pressupõe presunção
absoluta de interesse jurídico.
3. Distingue-se da assistência pois não há necessidade de demonstrar interesse jurídico; e
só pode acontecer em causas de que façam parte: autarquias, empresas públicas,
fundações e sociedades de economia mista (todos entes federais).
4. Prevista no Parágrafo Único
5. Permitida à todas as pessoas jurídicas de Direito Público. É espontânea, dá-se em qualquer
faze processual, e em qualquer dos polos processuais, e não acrescentar pedido novo.
6. Distingue-se das demais hipóteses, pois exige interesse econômico, bem como permite
que o sujeito intervenha para juntar documentos, esclarecer questões, podendo ocorrer
em qualquer processo.
7. Para boa parte da doutrina, essa intervenção é uma modalidade de amicus curiae.
É possível a alienação de coisa ou direito litigioso, já que se assim não fosse, as empresas em
dificuldade não poderiam se recuperar, por exemplo. No caso dessa alienação, aquele que adquire o
bem ou direito, será o adquirente ou cessionário; aquele que aliena o bem será o alienante ou
cedente; já a outro demandante será o adversário comum daqueles dois.
. O alienante não perde a legitimidade ad causam, ou seja, continua sendo parte legítima para
figurar no processo. O adquirente, por sua vez, poderá interferir no processo, já que a coisa julgada
lhe atingirá diretamente, podendo requerer seu ingresso na lide no lugar do alienante (sucessão).
Para tanto, a anuência do adversário comum será imprescindível.
- Se o adversário comum concorda com a sucessão, o alienante poderá deixar o feito, ou nele
permanecer a título de assistência simples para auxiliar o adquirente a obter uma sentença
favorável, o que, reflexamente, afasta a evicção.
- Se o adversário comum não concordar com a troca, o adquirente pode intervir como assistente
litisconsorcial do alienante, já que intervirá para defender direito próprio, nesse caso ocorre um
fenômeno interessante: o alienante permanece no processo defendendo interesse do adquirente,
logo, permanece no feito atuando como um legitimado extraordinário superveniente.
Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das
partes.
§ 1o O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o
consinta a parte contrária.
§ 2o O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente.
§ 3o A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário.
Quanto ao terceiro de boa-fé, sendo a coisa litigiosa um imóvel, caberá ao autor da ação averbar na
matrícula a pendência da ação.
OPOSIÇÃO
“A” e “B” estão
brigando por “X”. “X” é uma coisa ou um direito. “C” comparece ao processo, para afirmar que
“X” lhe pertence.
Portanto, oposição nada mais do que “se meter” no processo para disputar seu bem ou direito que é
pleiteado por outros. Difere-se dos Embargos de Terceiros, face a inexistência de disputa nos
Embargos de Terceiros.
Com a oposição, o processo passa a ter nova demanda. “C” contra “A” e “B”. A oposição também
gera um litisconsórcio passivo, necessário, ulterior, e simples. Nada impede que “A” reconheça que
“C” detenha razão.
A oposição detém algumas peculiaridades:
→ São citados por intermédio de seus advogados, sendo o prazo comum as partes de
15 dias;
→ O juiz julgará as duas ações na mesma sentença;
→ A oposição será primeiramente apreciada, ou seja a demanda de “C” contra “B -
A” (oposição); e posteriormente de “B” contra “A” (processo original);
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser
proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
Art. 57. O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para a propositura da ação (arts. 282
e 283). Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos advogados,
para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado na forma estabelecida no Título V,
Capítulo IV, Seção III, deste Livro.
Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o opoente.
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente
com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem
prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90
(noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar.
25/04/11
CHAMAMENTO AO PROCESSO
É uma forma de intervenção provocada sempre será feita pelo réu. É sempre facultativa. É típico de
ações de conhecimento (não cabe em execução. Aliás, pergunta clássica de concurso).
Nos casos em que o chamado é devedor solidário do chamante (o réu demandando chama ao
processo outrem que responde solidariamente com ele). O chamamento ao processo pressupõe
solidariedade entre chamante e chamado. O chamante e o chamado são devedores solidários em
face do autor. Assim:
O chamamento ao processo revela certa incompatibilidade entre o direito material e o direito
formal, pois faculta ao credor escolher o demandado consoante o dir. material. Já no direito
processual permite-se ao escolhido trazer os demais devedores solidários à demanda.
Por outro lado, há um lado positivo em face do chamamento, a sentença valerá contra todos os
devedores que participaram do processo, podendo o autor executar qualquer deles, sendo que aquele
que vier a pagar (chamante ou chamado) poderá, imediatamente, pegar a sentença (na própria
execução) para cobrar do outro o seu respectivo quinhão (não precisa ajuizar uma ação regressiva).
Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores, valerá como título executivo, em favor do
que satisfizer a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na
proporção que Ihes tocar.
1ª O fiador (chamante) pode chamar o devedor (chamado), mas o devedor demandado não pode
chamar o fiador;
OBS.: O devedor demandado não poderá chamar à lide o fiador, já que não tem ação de regresso
contra este, salvo se o fiador seja com ele solidário por ter renunciado ao benefício de ordem.
O art. 101, II, CDC prevê uma quarta hipótese de chamamento ao processo, a saber: o fornecedor
(chamante) demandado pelo consumidor pode chamar a seguradora (chamada). O CDC prevê a
Seguradora como devedora solidária. É sui generis, pois é feito em favor do autor, uma vez que as
seguradoras costuma deter maior patrimônio.
Este dispositivo do CDC, acaba servindo como modelo para qualquer caso em que as Seguradoras
respondam diretamente à vítima. Ex: Seguro de Responsabilidade Obrigatório (DPVAT).
Há ainda uma 5ª hipótese de chamamento ao processo, também prevista na legislação extravagante,
prevista no NCC, artigo 1698. Trata-se de assunto controverso. Fredie Didier entende não ser essa,
verdadeira hipótese de chamamento ao processo. É a denominada intervenção de terceiros na Ação
de Alimentos.
Tomemos como exemplo um avô acionado na ação de alimentos. Consideremos que, via de regra, a
ação de alimentos não é obrigação solidária. O devedor paga aquilo que puder pagar dentro de suas
proporções. No entanto, o estatuto do Idoso, prevê que a obrigação de alimentos tem natureza
solidária. Voltemos a situação hipotética.
Fredie Didier entende que o dispositivo 1698 do NCC, permite que o autor da ação da alimentos,
pode demandar os demais avós. Seria um caso de intervenção de terceiros provocada pelo autor da
ação.
O STJ, recentemente interpretou o dispositivo (Março de 2011), como hipótese de chamamento ao
processo sem solidariedade.
Ver editorial do professor Fredie Didier Jr.
NOMEAÇÃO A AUTORIA
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o
proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo
titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou
em cumprimento de instruções de terceiro.
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá
o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo
continuará contra o nomeante.
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á ao
nomeante novo prazo para contestar.
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se:
I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, Ihe competia manifestar-se;
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
É a hipótese
mais rara de
Crítica
O código civil, nos artigos 932 inciso III, e 942 Parágrafo Único, dizem que preposto e preponente
respondem solidariamente perante a vítima. O correto nestes casos não seria a nomeação a autoria,
mas sim o chamamento ao processo, pois não há o que se corrigir no polo passivo.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do
dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela
reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas
designadas no art. 932.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 70. A
denunciação
da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na
ação em que terceiro
reivindica a coisa, cujo
domínio foi
transferido à parte, a
fim de que esta possa
exercer o direito que
da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do
usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa
demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que
perder a demanda.
Art. 71. A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, no
prazo para contestar, se o denunciante for o réu.
Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.
o
§ 1 - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á:
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.
o
§2 Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante.
Art. 73. Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o
proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenização e, assim, sucessivamente, observando-se, quanto
aos prazos, o disposto no artigo antecedente.
Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do
denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro,
como litisconsortes, o denunciante e o denunciado;
II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que Ihe foi atribuída, cumprirá ao
denunciante prosseguir na defesa até final;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa.
Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a
responsabilidade por perdas e danos, valendo como título executivo.
Características:
É uma intervenção que pode ser provocada por qualquer das partes, sendo que quando provocada
pelo autor, será feita na inicial, e quando pelo réu, na contestação. Pode-se dizer que a denunciação
feita pelo autor não é, propriamente, uma intervenção de terceiro, uma vez que a lide já nasce com o
terceiro.
A denunciação da lide é uma demanda, isto é, o terceiro vem ao processo na condição de réu, sendo
demandado pelo denunciante.
Com a denunciação, o processo passa a ter uma nova demanda, o que significa dizer que a
denunciação amplia objetivamente o processo. Essa nova demanda será regressiva, já que o
denunciante demanda contra o terceiro em busca de ressarcimento dos prejuízos decorrentes do
processo. Esse regresso ou reembolso, é a marca da denunciação da lide. Deve-se observar que a
denunciação da lide gera pedido novo, e não processo novo, já que, como intervenção de terceiro
que é, era apenas um incidente do processo.
A denunciação da lide é uma demanda regressiva eventual, uma vez que a ação é proposta à
hipótese de um denunciante vir a perder a ação principal, assim, a denunciação da lide somente será
examinada se o denunciante perder a ação processual. O exame da denunciação da lide pressupõe
que o denunciante tenha perdido na ação principal (sendo, rigorosamente, uma demanda sob
condição).
Prova de sentença:
.Demanda original – 1ª a ser julgada;
.Demanda derivada – só será analisada se a primeira restar frustrada.
A primeira demanda a ser julgada é a original, uma vez que no caso de êxito do denunciante em
face do autor, o juiz sequer examinará a demanda regressiva, que restará prejudicada.
A→ B
|
C
Aqui o “C” não tem relação com o “A”.
Ex: da denunciação da lide feita pelo réu. Pois se feita pelo autor, “C” não tem relação com “B”. O
denunciado não tem relação com o adversário do denunciante. Para cada intervenção de terceiro há
uma resposta diversa quanto à relação jurídica entre as partes. Cada intervenção de terceiro tem uma
relação de dir. material diversa.
Pergunta de aluno: se o autor perde a ação, a denunciação da lide não será a apreciada. Se o autor
recorre ao TJ e julga a denunciação da lide procedente. Quem vai apreciar a denunciação da lide?
Para responder corretamente se faz necessário lembrar que com a denunciação da lide temos duas
demandas, quais sejam:
1ª A → B
2ª B → C
Depende. Na derivada é réu, mas na original a posição dele é polêmica. Legitimado extraordinário
(o denunciado é legitimado extraordinário na demanda derivada). O CPC diz que o denunciado e o
denunciante na ação principal são litisconsortes.
Na denunciação da lide, o denunciado não guarda relação com o adversário do denunciante, mas
apenas com este. Assim, feita denunciação da lide, o processo passa a estruturar-se da seguinte
forma:
Originariamente: A x B
Após a denunciação: A x B e C (demanda 01) / B x C (demanda 02)
a) o art. 74, do CPC trata o denunciado como litisconsorte facultativo, ulterior e unitário do
denunciante, uma vez que, em relação à demanda originária, será legitimado extraordinário (em
nome próprio, defende interesse do denunciante). O litisconsórcio entre legitimado ordinário e
extraordinário sempre será unitário. A natureza jurídica existente entre denunciante e denunciado:
é o litisconsórcio unitário – são litisconsortes. Note-se que a decisão poderá ser distinta em cada
demanda, originária e regressiva, mas não na demanda originária. (* prevalece)
Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do
denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
c) para Nelson Nery, o denunciado é assistente simples do denunciante. A crítica que se faz é que
o CPC afirma que o denunciado tem poderes de litisconsorte.
A - deve pagar - B
| |
B - deve paga - C
Do ponto de vista do direito material, não seria possível, eis que o denunciado não guarda relação
com o adversário do denunciante, sendo esse ainda, o entendimento da doutrina.
C deve p/ B;
B deve p/ A.
Logo, C não deve nada para A, contudo o STJ passou a admitir a condenação direta da seguradora.
Pense no:
Autor - vítima
Réu – segurado
Terceiro – seguradora
Ocorre que na prática (entendimento jurisprudencial), quando o denunciante (réu) não tinha
condições financeiras de arcar com a condenação, a vítima (autor) amargava o prejuízo. Em razão
disso, o STJ, no caso específico de contrato de seguro, partindo do pressuposto de que a seguradora
(terceiro) era litisconsorte do segurado, condenava aquela diretamente a indenizar o prejuízo sofrido
pelo adversário deste.
O CDC, antecipando, a jurisprudência, já adotou tal pensamento (no art. 101). Ademais, a partir do
NCC, o art. 788 trouxe/prevê expressamente um caso em que a seguradora responde diretamente à
vítima (também dentro desse contexto).
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto
nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a
integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o
pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o
síndico será intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de
Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.
Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador
diretamente ao terceiro prejudicado.
Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato
não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para integrar o contraditório.
Tal dispositivo estabeleceu uma solidariedade da seguradora perante a vítima nos casos de seguro
de responsabilidade obrigatório (como o DPVAT). O STJ generalizou.
Distinção entre Denunciação da Lide e o Chamamento à Autoria
O chamamento a autoria era uma espécie de chamamento de terceiro até 1973, data da entrada em
vigor do CPC. O CPC acabou com esta intervenção, e criou a denunciação da lide. A denunciação
não é o chamamento com outra denominação. O chamamento à autoria é o antepassado próximo a
denunciação da lide. São coisas diferentes, embora um seja antecedente do outro.
Muitos passaram a entender que houve uma mudança de nomenclatura, mas isso não é verdade, são
institutos diversos.
Antes de adentrarmos no assunto em si, vejamos o que é evicção. Evicção é a perda de uma coisa
que fora adquirida onerosamente a partir de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que
lhe atribuiu a um terceiro.
Ex: Fredie compra de João um imóvel. José entre na Justiça reivindicando o imóvel de Fredie e
ganha. Fredie, portanto, sofreu evicção. Logo, Fredie é um evicto e José um evictor. Assim, o
alienante (João) tem de ressarcir os prejuízos do adquirente (Fredie).
O evicto perde algo que ele comprou, para uma terceira pessoa, em virtude de uma decisão judicial.
A evicção gera o dever de indenizar do alienante que vendeu a coisa evicta. O chamamento era
previsto para os casos de evicção. O adquirente da coisa, demandado por um terceiro, informava ao
juiz que, se ele viesse a perder o bem, proporia uma ação de regresso contra o alienante.
Hoje, cabe denunciação da lide em caso de evicção. Fredie demandando pode denunciar a lide ao
João. Contudo, antes de 73 o evicto era protegido por meio do chamamento à autoria (era instituto
relacionado somente à evicção).
Portanto, o chamamento à autoria era um simples AVISO (Fredie avisava João dizendo que se
perdesse a ação ajuizada José iria processá-lo). Já a denunciação da lide não é um simples aviso,
mas sim uma DEMANDA.
A denunciação da lide, assim como o chamamento a autoria, também é prevista para o caso de
evicção. A denunciação da lide serve para os casos de evicção e para qualquer caso de ação
regressiva. Naquela época, os autores simplesmente alteraram a denominação chamamento a autoria
para denunciação da lide, gerando vários problemas.
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa
exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário,
do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a
demanda.
I – evicção
II – posse direta / indireta
III - regra geral (qualquer caso de regresso)
Até 1973, o CPC previa outra forma de intervenção de terceiro específica para o caso de evicção,
denominada “chamamento à autoria”, em que o chamado poderia se recusar a ingressar na lide ou
substituir o chamante no processo.
O CCB/16, ao cuidar da evicção, no art. 1116, previa que o chamamento à autoria era obrigatório,
sob pena de perda do direito de regresso referente aos direitos que da evicção resultavam. Esta
forma de intervenção foi substituída pela denunciação da lide.
Logo que o CPC saiu, tanto a doutrina quanto a jurisprudência entenderam que a obrigatoriedade de
que trata o art. 70, do CPC apenas se referia ao caso de evicção prevista em seu inciso I, em razão
da regra do CCB/16, que impunha a denunciação.
Com o passar do tempo, percebe-se que até mesmo nos casos de evicção a denunciação da lide
poderia não ser obrigatória em duas situações, a saber:
.2ª Quando a denunciação da lide for impossível: não é caso de proibição, mas sim
de impossibilidade. Ela é inconcebível no caso de evicção em razão de um ato
administrativo; caso de perda de direito decorrente de processo administrativo (só é
possível a denunciação da lide em processo judicial).
Em tais casos,
admite- se ação
A princípio, nos casos evicção, a denunciação é obrigatória, entretanto, quando a denunciação for
impossível, não será obrigatória, não gerando a perda do direito de regresso. Segundo o STJ, a
denunciação da lide, apenas geraria a perda da pretensão indenizatória, mas nunca, do preço da
coisa.
O art. 456, do NCC, praticamente reproduz o texto do antigo CCB, o que o torna obsoleto. A base
normativa dessa obrigatoriedade deixou de ser aplicável pela transformação do direito processual.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato,
ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o
adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Assim, o art. 456 não pode mais ser aplicado, não sendo mais obrigatória a denunciação em
hipótese alguma, o que geraria o absurdo do enriquecimento ilícito do denunciado, e da
inobservância da boa-fé objetiva e da função social do contrato.
O inciso do III, do art. 70, do CPC, é a regra de cabimento de denunciação, prevendo ser possível
esta sempre que houver possibilidade de ação regressiva.
Vicente Greco, logo que o CPC entrou em vigor, publicou uma obra entendendo que este inciso
deveria ser interpretado restritivamente, só tendo cabimento nos casos de “garantia própria” (é a
garantia dos contratos em que há transmissão de direitos). Para esse autor, sequer nos casos de
contrato de seguro caberia denunciação da lide, afirmando ainda que a denunciação do inciso III
não poderia agregar fundamento jurídico novo, sob pena de tumultuar o processo. Nelson Nery e
Cássio aderem ao pensamento de Vicente Greco.
Um ano após, Dinamarco escreve uma obra dizendo que o art. 70, III é genérico, sendo admissível a
denunciação da lide em qualquer caso em possa haver ação de regresso, inclusive nos casos de
seguro. Barbosa Moreira concorda com Dinamarco.
Pode a pessoa jurídica de direito público denunciar à lide a seu servidor com base no inciso
III, considerando que terá ação de regresso contra o mesmo?
O tema é bastante complexo, sendo que sua origem é a divergência criada por Vicente Greco, e
polemizada por Dinamarco. Assim:
O argumento para proibir a denunciação, é o fato de que o ingresso do servidor geraria tumulto
processo, tendo em vista que a responsabilidade do ente público é objetiva e a do servidor é
subjetiva. Quem adota esta corrente compartilha o pensamento de Vicente Greco.
O argumento para admitir se fundamenta no art. 70, III, do CPC, não havendo proibição em tese,
baseando-se na corrente defendida por Dinamarco.
Na prática, quando o magistrado analisa o caso, adota posição positiva ou negativa de acordo com a
complexidade do caso concreto (a ponderação da utilidade da Denunciação da Lide).
Enfim :Se este for complexo, não será admitido; e Se for simples, será admitido.
Ver STJ - REsp 975.799 – Ministro Castro Meira. Adotou a tese supramencionada. Ora admite, ora
não, conforme a utilidade
PETIÇÃO INICIAL
A petição inicial é o instrumento da demanda (composta pelos três elementos da demanda: partes,
causa de pedir e pedido), é a forma como a demanda se apresenta, assim como a procuração é um
instrumento da representação voluntária.
1º. Forma: em regra, a petição inicial tem a forma escrita. Há, no entanto, possibilidade de
demandas orais, como nos casos: .dos JECs; .da Justiça do Trabalho; .da Ação de Alimentos; .da
demanda da mulher que se afirma vítima de violência doméstica (previsão na LMP) pode pleitear
medidas protetivas oralmente perante um delegado de polícia (óbvio que em seguida a demanda
será reduzida a termo). Há, ainda, a postulação eletrônica, como por exemplo, nos Juizados Virtuais,
onde eles existem.
a) Autor: pessoa física. Aqui deve colocar tudo. Afinal, se tem em mãos todos os
dados do indivíduo, tais como: nome completo, endereço, profissão, estado civil,
CPF (consoante CNJF – em casos de homonímia).
OBS.: união estável não é estado civil – tradicionalmente não se coloca (mas
atualmente não se justifica ignorar que a união estável é uma situação de fato que
altera o regime patrimonial do sujeito – estatuto patrimonial é diferente de um sujeito
solteiro). Doutrina diz que é o chamado “estado de convivente”.
b) Réu: admite-se plenamente que se proponha ação contra o réu ainda que não sua
qualificação não seja totalmente conhecida, desde que o mesmo seja identificado de
alguma forma. O fim aqui é identificá-lo.
Logo, pode escrever que o nome civil é ignorado, mas que é conhecido pelo apelido
x,y,z. Contudo, caso o endereço seja ignorado, será necessária a citação por meio de
edital, assim, deve-se ao final da petição requerer a citação por edital.
Às vezes, a pessoa não sabe quem é o réu (logo, nem sabe onde está). Assim, citação
por meio de edital. Quando o réu for desconhecido, deve-se usar a expressão “réu
incerto, credor da dívida tal”.
5º. Causa de Pedir: fatos e fundamentos jurídicos do pedido (v. aula sobre causa de pedir).
OBS.: caso o autor não escolha o modo de citação que ele deseja, a citação será postal (pela regra).
Convém lembrar que não cabe citação postal nas hipóteses abaixo:
Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº
8.710, de 1993)
a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)
b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)
c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)
d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; (Incluído pela Lei nº
8.710, de 1993)
f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 1993)
OBS.: no Mandado de Segurança só cabe prova documental, logo, não cometer o erro de numa
petição de MS pedir todo tipo de “produção de prova”;
9º. Toda petição deve conter todos os documentos indispensáveis à propositura da ação. Temos
dois tipos de documentos indispensáveis à propositura da ação:
Pode ser legal, previsto no art. 259, do CPC; ou por arbitramento do autor, nos casos do art. 258, do
CPC (nos casos que não se encaixam no art. 259, CPC). Vejamos:
Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.
Arbitramento do autor
Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: legal
I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico,
o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.
O valor da causa é extremamente relevante, tendo em vista possuir várias finalidades, como a
determinação da competência; do rito; a base de cálculo para multas processuais; a base do valor
das custas; de base para o depósito na ação rescisória.
Enfim, tem múltiplas funções, assim, jamais colocar “para fins meramente fiscais” nem
indeterminar o autor ao estabelecer o valor da causa, como p.ex.: “dá-se à causa”, mas sim: “dá à
causa”, “dão à causa”, “atribui à causa”, “atribuem à causa”.
O valor da causa pode ser controlado quando desrespeitar as regras do art. 259, CPC ou quando for
abusivo (desproporcional) nos casos em que cabe ao autor arbitrar o valor da causa. Sofre controle
judicial, ex officio, ou a requerimento do réu, por meio da instauração, no prazo da defesa, de um
incidente processual denominado “impugnação ao valor da causa” (petição avulsa apresentada pelo
réu; autuada separadamente; que será resolvida por meio de decisão interlocutória; e impugnável
por agravo de instrumento).
Emenda: é a correção da demanda inicial, o que se dá por determinação do juiz à luz do art. 284,
com fundamento do princípio da cooperação. O prazo para emenda é de 10 dias, sendo que a
desobediência à determinação judicial poderá acarretar a extinção do processo sem resolução de
mérito. É dir. do autor.
Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou
a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
Alteração: é a alteração ou troca de algum dos elementos da inicial.
Poderá ser:
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu,
mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do
processo.
Aditamento: é a ampliação (acréscimo) do pedido, previsto no art. 294, do CPC. Apenas será
possível até a citação. Esse regramento também é bastante criticado.
Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão
dessa iniciativa.
Redução: é a redução do objeto, não havendo no CPC, um artigo que regule o tema; pode ocorrer
de várias formas (pode haver p.ex. uma renúncia parcial, uma desistência parcial, um acordo
parcial).
Indeferimento da Inicial
É uma decisão proferida antes de ouvir o réu pela qual o juiz rejeita a petição inicial; um juízo
negativo sobre a petição inicial, em razão de algum vício formal que impede seu prosseguimento
regular.
O indeferimento da inicial será sempre uma decisão proferida antes da citação do réu, já tendo
ocorrido esta não se tratará mais de indeferimento da inicial, mas sim, de sentença extintiva sem
resolução de mérito.
Tal distinção é relevante, já que no caso de indeferimento liminar, não haverá fixação de honorários
advocatícios; e da sentença caberá apelação com as peculiaridades do art. 296 (juízo de retratação
— caso raro. Caso o juiz não se retrate, o recurso subirá sem contrarrazões, já que o réu sequer foi
citado). Caso a apelação seja aceita, o réu será citado.
Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
reformar sua decisão.
Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente.
O indeferimento da inicial poderá ser total ou parcial, sendo que neste último caso, o processo
mantém seu curso normal em relação à parte válida, razão pela qual, contra a decisão de
indeferimento parcial caberá recurso de Agravo de Instrumento (todo agravo permite retratação; na
apelação que é diferente).
Se a causa for de competência originária de Tribunal, como uma ação rescisória, o indeferimento
parcial poderá se dar por acórdão ou por decisão monocrática proferida por relator, sendo que neste
último caso caberá Agravo Interno ou Regimental. Se a decisão decorrer de acórdão, caberá RO,
RE, REX, conforme o caso (menos apelação).
O indeferimento poderá ser uma decisão com ou sem exame de mérito, apesar da regra ser de que
ele se dê sem resolução de mérito. O juiz poderá julgar improcedente o pedido do autor antes da
citação do réu. Deve-se atentar para o fato que essa decisão com resolução de mérito antes da
citação do réu nunca poderá ser de procedência do pedido. Esse fenômeno, de indeferimento liminar
da inicial com julgamento de mérito é denominada por Fredie Didier de “improcedência prima
facie”; apta a coisa julgada material.
A improcedência liminar da inicial com julgamento do mérito poderá ocorrer nos seguintes casos
(os quais são raros):
Recordando que a decadência convencional não se opera de ofício, o juiz não pode
reconhecer de ofício.
Historicamente, a prescrição era matéria alegada pelo réu, não podendo ser
conhecida de ofício. O CCB/16 permitiu o reconhecimento de ofício da prescrição
de direitos não patrimoniais, ocorre que direitos não patrimoniais ou não prescrevem
ou se submetem a decadência, logo a regra era inócua. O CPC de 1973 repete o texto
do CCB/16.
O NCC, por sua vez, previu que a prescrição poderia ser conhecida de ofício se
favorecesse a absolutamente incapaz. Em 2006, a Lei 11.280, revogou o art. 194 do
NCC que trata do assunto, e passou a prever que o juiz poderia conhecer de ofício
qualquer prescrição. Em uma interpretação literal, atualmente, cabe improcedência
prima facie por qualquer prescrição, aplicando-se o §5º, do art. 219, do CPC, que
prevê essa possibilidade em sua redação.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda
quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) ...
§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
Essa novidade apresentada pelo CPC tem sido bastante criticada, não se aplicando,
por exemplo, na Justiça do Trabalho, já que a decisão seria desfavorável ou
trabalhador. Alexandre Câmara chega a dizer que a regra é inconstitucional por
violar a autonomia privada, já que em sendo o direito disponível, o réu poderia
renunciar à prescrição e pagar seu débito. Para Fredie Didier, caberia essa prescrição
de ofício apenas em relação a direitos indisponíveis.
Para Pablo Stolze, o juiz somente pode julgar a prescrição de ofício, se ouvir o réu,
pois este pode dispor de seu direito de arguir a prescrição.
Analisando o artigo pelo ponto de vista processual, de acordo com o texto literal da
lei, sempre caberá improcedência prima facie em razão de qualquer prescrição. De
acordo com o §6º, do art. 219, caberá ao escrivão a expedição de carta para o réu a
fim de que este tome conhecimento da coisa julgada a ele favorável, o que é
indispensável, tendo em vista que o pedido foi julgado com resolução do mérito, sem
a sua citação. Essa regra só está expressamente prevista para os casos de prescrição e
decadência, entretanto, se aplica a qualquer caso de improcedência prima facie.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda
quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. ...
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará
ao réu o resultado do julgamento.
OBS.: o art. 267, I, do CPC, prevê que o indeferimento da inicial é decisão sem
resolução de mérito, seguindo a regra geral. Ocorre que o art. 295, IV, prevê o
indeferimento da inicial por prescrição ou decadência, o que de acordo com o art.
269, IV, enseja a extinção do feito com resolução de mérito.
Art. 267. Extingue-se o Art. 295. A petição inicial Art. 269. Haverá resolução
processo, sem resolução será indeferida: ... de mérito: ...
de mérito: ... I - quando IV - quando o juiz verificar, IV - quando o juiz
o juiz indeferir a petição desde logo, a decadência ou a pronunciar a decadência ou
inicial; prescrição (art. 219, § 5o); a prescrição;
Dá-se quando se tratar de causas repetitivas (em que se sustente tese idêntica e se
dispense dilação probatória – vide ações em massa, como o expurgo inflacionário das
cadernetas de poupança), já concluídas improcedentes pelo juiz, e sendo
desnecessária a produção de novas provas, e quando não há motivo para citar o réu.
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido
proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e
proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e
determinar o prosseguimento da ação.
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso.
Para Marinoni, o juiz só pode aplicar o art. 285-A se seu pensamento estiver em
conformidade com aquele do Tribunal, isto é, se houver uma homogeneidade de
pensamento entre eles.
A) Inépcia
K
I - na própria instituição financeira credora, oficial ou não; ou
II - em instituição financeira indicada pelo credor, oficial ou não, desde que estes tenham pactuado nesse sentido.
o o
§ 4 O juiz poderá dispensar o depósito de que trata o § 2 em caso de relevante razão de direito e risco de dano
irreparável ao autor, por decisão fundamentada na qual serão detalhadas as razões jurídicas e fáticas da ilegitimidade da
cobrança no caso concreto.
o
§ 5 É vedada a suspensão liminar da exigibilidade da obrigação principal sob a alegação de compensação com
valores pagos a maior, sem o depósito do valor integral desta.
Trata-se de hipótese emblemática, que nos leva a concluir que sempre que se vai a juízo discutir
uma dívida, é preciso se afirmar quanto se deve. É a confirmação do princípio da Boa-fé, de forma a
possibilitar ao réu se defender dos argumentos. A inépcia é uma forma de proteger o réu de petições
cuja defesa seria prejudicada, por coloca-se mal posta.
B) Indeferimento em razão de ilegitimidade ad causam (Carência de Ação)
Já vimos a impossibilidade jurídica do pedido, sendo que a falta de interesse de agir e ilegitimidade
também levam ao indeferimento. São os outros 2 casos de carência de ação.
Art. 295. A petição inicial será indeferida: II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer
de interesse processual;
É o indeferimento em razão da não emenda da petição inicial. Se você não emendou a inicial, uma
vez determinada pelo juiz, ele a indeferirá. É o indeferimento que decorre do não cumprimento da
decisão que determinou a emenda da petição inicial, o descumprimento do art. 284, do CPC.
Art. 295. A petição inicial será indeferida: Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,
primeira parte, e 284.
Art. 295. A petição inicial será indeferida: V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder
à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de
procedimento legal;
Se o juiz puder adaptar o procedimento, não haverá indeferimento. Por mais grave que tenha
sido o erro na escolha do procedimento, o juiz sempre poderá corrigi-lo.
No juizados, há uma diferença, pois a própria lei 9099, determina a extinção nestes casos. Tal item
aplica-se inclusive ao Mandado de Segurança.
PEDIDO
É o núcleo da petição inicial. Delimita a atuação jurisdicional. Costuma-se dividir o pedido em duas
dimensões:
• Pedido imediato: Pedido de decisão judicial. É o pedido para que o juiz julgue a causa.
• Pedido mediato: É o bem da vida que se busca alcançar com o processo.
◦ Pedido de condenar o réu fornecer dinheiro
Requisitos
1. Certo: A certeza do pedido deve sempre vir acompanhada pela determinação (pedido certo
e determinado). Pedido certo é o pedido expresso. Deve obrigatoriamente constar na petição
inicial. O seu contrário, pedido implícito, em regra, não se admite no Brasil. O artigo 293
diz que os pedido hão de ser interpretados restritivamente.
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros
legais.
No entanto, alguns casos de pedidos implícitos são admitidos, como por exemplo juros legais;
correção monetária, condenação as verbas de sucumbência e custas processuais, honorários
advocatícios, pedido de alimentos provisórios na ação de alimentos; pedido relativo a obrigação de
prestações periódicas (as parcelas vincendas reputam-se incluídas no pedido, mesmo sem menção
expressa – art. 290 CPC – vide ação de cobrança de aluguéis).
Nestes casos, o juiz poderá decidir sobre pedido que apesar de não estarem formulados, presumem-
se estar vinculados a inicial, mas também ficará vinculado a causa de pedir.;
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato
ilícito; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
→ Nas chamadas Ações Universais (Tem por objeto uma universalidade – um rebanho,
uma herança, um patrimônio, etc). Admite-se o pedido genérico, quando não for
possível identificar todos os bens que compõe a universalidade;
Cumulação de Pedidos
Há cumulação de pedidos quando em um processo, mais de um pedido for formulado.
• Cumulação Inicial: é aquela cujo processo já nasce com vários pedidos formulados;
• Cumulação Ulterior: é a cumulação que surge com o processo já em andamento, ou seja ao
longo do processo. Ex: A denunciação da lide feita pela réu, A reconvenção, etc
Outra forma de
classificação:
• Cumulação Homogênea: é aquela feita pela mesma parte. A mesma parte é quem formula
os pedido cumulados;
• Cumulação Heterogênea: é aquela resultante de pedidos formulados por partes diversas.
Ex: Reconvenção, há um pedido formulado pelo autor e outro formulado pelo réu;
• Cumulação Própria: É regida pela partícula “e”. Formulam-se vários pedidos para que
todos eles sejam acolhidos.
• Se subdivide em duas espécies:
•
• 1) Cumulação própria simples: é aquela em que o acolhimento de
um pedido, não depende do acolhimento do outro. Ou seja, ambos os
pedidos podem ser acolhidos ou rejeitados independentemente do
resultado da apreciação do outro.
• Ex: Dano Moral e Dano Material.
•
• 2) Cumulação própria sucessiva: O acolhimento de um pedido
depende do acolhimento do outro. Ou seja, um pedido só pode ser
acolhido se o outro for também acolhido.
• Ex: Investigação de Paternidade e Alimentos. Os alimentos só serão
concedidos, se a paternidade for positiva.
• (“B” só se “A”)
•
•
• Cumulação Imprópria: É regida pela partícula “ou”. Há vários pedidos cumulados, mas só
um será acolhido. Ou seja, apresenta-se vários pedidos, mas só um poderá ser acolhido.
•
1) Cumulação Imprópria Eventual ou Subsidiária: Art. 289 CPC
Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz
conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.
A obrigação alternativa, é um obrigação que pode ser cumprida por mais de uma prestação. O
devedor se desincumbe da obrigação com mais de uma prestação.
Ex: dar um carro ou dinheiro.
B) Litisconsórcio Sucessivo
É ao mesmo tempo cumulação sucessiva, pois a mãe só ganha, se o guri ganhar. É ao mesmo tempo
litisconsórcio simples.
C) Litisconsórcio Eventual
Há um litisconsórcio passivo, assim como uma cumulação eventual de pedidos. Cada pedido é
dirigido a um litisconsorte. O segundo pedido só será examinado se o primeiro for rejeitado. É ao
mesmo tempo litisconsórcio simples.
D) Litisconsórcio Alternativos
3. É preciso que os pedidos sejam compatíveis entre si. No entanto, se a cumulação for
imprópria, não se exige este item.;
RESPOSTA DO RÉU
Considerações Iniciais
A resposta do réu no processo civil é muito mais que a contestação. O reconhecimento da
procedência do pedido do autor; a impugnação ao valor da causa; a réplica, o chamamento de
terceiros; a revelia; a reconvenção; a oposição de exceções instrumentais; o pedido de
cancelamento de justiça gratuita do autor; enfim, são alguns exemplos de defesa.
A contestação está para a defesa assim como a inicial está para a demanda. A contestação é um
instrumento da defesa. Todas as defesas são exercitadas na contestação, podendo ser cumuladas.
Trata-se de um assunto de direito material (direito civil). Contudo, os civilistas em regra não
aprofundam tal matéria. Talvez em razão do termo, da expressão, da palavra. Daí o porquê de
estudarmos a matéria aqui em Dir. Processual Civil. Vejamos:
E a compensação?
Pontes de Miranda entende que não é (o que mais tratou do assunto – tem um trato sobre o assunto),
mas para Moreira Alves é exceção substancial. Assim, evitar tal exemplo em prova.
E a decadência?
A consequência disso é que toda exceção substancial em âmbito judicial se torna uma defesa.
OBS.: para aprofundar o tema: prescritibilidade das exceções – Humberto Theodor Jr. –
Comentários ao Código Civil – art. 190.
Defesas de mérito: é toda aquela que tem por objetivo impedir o acolhimento do pedido. O
réu tem o objetivo de impedir não o exame, mas sim tem o fim de impedir o acolhimento do
pedido (ex.: alegação do pagamento; todas as exceções substanciais; decadência).
Defesa direta: é aquela que não traz ao processo fato novo. Só existem duas espécies de
defesa direta, quais sejam:
Tendo em vista que não se alega fato novo, o ônus da prova será exclusivo do autor, e não
haverá réplica (manifestação do autor acerca da contestação). Toda defesa direta é de mérito,
entretanto, nem toda defesa de mérito é direta, como no caso das exceções substanciais, que
são de mérito e indireta.
Defesa indireta: o réu agrega fato novo, assumindo o ônus de demonstrá-los. Toda exceção
substancial é uma defesa indireta, assim como toda defesa de admissibilidade também o é.
No caso de existência de defesa indireta, o autor será intimado para replicar, será um direito
do autor.
Ocorre o que se denomina de confissão complexa quando o réu aceita os fatos do autor, mas
traz fatos novos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor.
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como prova, aceitá-la
no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe
aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
Exceções em sentido estrito: são as defesas que o juiz não pode conhecer de ofício
Ex.: decadência convencional; incompetência relativa; compromisso arbitral; as exceções
substanciais, ressalvada a prescrição.
Defesa dilatória: tem por objetivo retardar a eficácia do que o autor pretende (o exame ou o
acolhimento do pedido).
Ex.: incompetência; conexão; exceção de contrato não cumprido – assim, existe defesa
dilatória de mérito, como no caso ainda, do direito de retenção.
Obs.: O prazo para a Fazenda Pública é quádruplo, ou seja, 60 dias – mesmo que em litisconsórcio;
Obs2: Litisconsórcio passivo com advogados diferentes o prazo é de 30 dias;
Obs3.: Réu patrocinado por defensor público também terá o prazo em dobro (30 dias).
Toda a defesa do réu deve ser deduzida na contestação. O réu tem de formular todas
as defesas para a eventualidade do que passar pela mente do juiz.
Ex: não conheço o cara nem a dívida; caso entende que devo a dívida, esta está
prescrita. Este princípio/regra sofre duas mitigações.
Exceções:
- existem defesas que por expressa previsão legal a devem ser feitas fora da
contestação, como no caso da incompetência relativa, do impedimento, da
suspeição, da impugnação ao valor da causa e da revogação da justiça gratuita
concedida ao autor.
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo. (ex.:
decadência convencional).
Este pilar também se submete a duas mitigações previstas no art. 302, do CPC.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na
petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei
considerar da substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos,
não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do
direito a que se referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos
limites em que este pode vincular o representado.
Revelia
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.
Conceito
a) Presunção de veracidade das afirmações de fato feitas pelo autor (confissão ficta).
É o denominado efeito material da revelia. O mais drástico efeito da revelia. Revelia é causa
que gera consequência;
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1973)
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver
necessidade de produzir prova em audiência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
1) Havendo pluralidade de réus, se algum dos réus contestar a ação (art 320, I): Contestar é
uma conduta uma conduta alternativa, dessa forma, se um dos litisconsortes unitários contestar, a
defesa aproveita aos demais litisconsortes. Por outro lado, em se tratando de litisconsórcio simples,
o inciso I do art. 320 apenas se aplica aos fatos comuns.
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
2) Revelia não significa procedência do pedido, sendo que o máximo efeito por ela produzido é a
consideração dos fatos como verdadeiros, podendo acontecer de apesar dos fatos serem tidos como
verdadeiros, os fatos alegados pelo autor podem não ensejar ganho de causa. Isso porque, os fatos
verdadeiros podem não resultar em direito ao autor. Não há confissão ficta se o contrário resultar da
prova dos autos.
3) Se o litígio versar sobre direitos indisponíveis (art 320, II): Não se aplica a confissão ficta
sobre fatos relacionados a direitos indisponíveis.
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
4) Se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere
indispensável à prova do ato (art. 320, III ): Se o fato apenas se prova por instrumento, e este
não foi juntado, a revelia não supre a prova do instrumento.
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova
do ato.
5) A confissão ficta não é efeito necessário da revelia (pode haver revelia sem confissão ficta,
como no caso do fato alegado na inicial ser inverossímil). Revelia gera a confissão ficta se o
contrário não resultar da prova dos autos. A lei 9.099/95 prevê expressamente esse preceito.
6) O réu revel poderá intervir no processo a qualquer tempo: a partir do momento em que ele
intervier, deverá ser intimado dos atos e prazos processuais. O réu revel, não tendo se dado a
preclusão, poderá produzir provas.
7) Se o réu for revel, mas representado por advogado no autos, terá o direito a ser intimado.
8) Se o autor quiser alterar o pedido ou a causa de pedir, sendo o réu, revel, deverá requerer e
providenciar nova citação (art. 321, do CPC).
Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar declaração
incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15
(quinze) dias.
9) A querela nullitatis : é também uma forma de proteção do réu revel que não tenha sido citado, ou
o tenha sido invalidamente, podendo anular a sentença a qualquer tempo, mesmo após o prazo da
ação rescisória.
Querela Nullitatis ou ação declaratória de nulidade é a utilizada para sanar vício oriundo da falta ou defeito
da citação. Sem a citação, o processo, vale falar, a relação jurídica processual não se constitui nem
validamente se desenvolve. Nem, por outro lado, a sentença transita em julgado, podendo, a qualquer
tempo, ser declarada nula.
A citação tem o cunho e a marca da indeclinabilidade, sendo insanável a nulidade resultante de sua
inobservância ou infringência, e tão importante e essencial é a citação, que sua falta ou nulidade não
convalesce nem a coisa julgada e pode invalidar, por isso, o título executivo constituído por sentença
condenatória. Assim, ou sua falta acarreta o não-surgimento da relação jurídica processual com relação à
parte não-citada, ensejando a propositura da ação declaratória de nulidade - querela nullitatis -
independentemente do prazo para a propositura da ação rescisória, que, em rigor, não é cabível para essa
hipótese. Daí porque a nulidade pode e deve ser proclamada mesmo sem a demonstração ou a prova de
prejuízo.
10) A existência de matérias que podem ser alegadas após a contestação também mitiga a
revelia (art. 303).
11) Réu revel citado por edital ou com hora certa, tem direito a curador especial. O que
significa dizer que a revelia nesses casos não produz qualquer efeito.
12) O assistente simples pode fazer a defesa do revel assistido (art. 52, parágrafo único).
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos
mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios.
Exceções Instrumentais
Art. 1 12. A
rgui- se,
por meio
de
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público,
ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o
terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
o
Parágrafo único. No caso do n IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o
patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
Conceito
São defesas ou alegações feitas em peça própria, separada da contestação, que serão autuadas
separadamente, gerando incidentes processuais. O CPC, ao tratar do tema, prevê três espécies de
exceções instrumentais:
Considerações gerais:
Na verdade, esse prazo não se aplica ao impedimento, já que se trata de objeção, portanto,
poderá ser alegada a qualquer tempo.
A preclusão da arguição de suspeição é para a parte, e não para o juiz, que pode se considerar
suspeito a qualquer tempo.
O juiz pode, ao longo do processo, se tornar impedido ou suspeito, o que não ocorre em relação à
incompetência relativa, que será sempre originária. Tem fundamento no Princípio da
perpetuação (regra da perpetuação da jurisdição).
Alegado exceção contra promotor, perito ou auxiliar da justiça, o próprio juiz da causa é
quem a julgará. Contra esta decisão interlocutória, caberá o agravo de instrumento. Na exceção de
suspeição ou impedimento contra o juiz, será a competência do Tribunal de Justiça. Contra este
acórdão, será cabível RE e Resp.
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu
arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu
substituto legal.
OBS.: a regra de convocação está no regimento interno do STF (consta ainda o TFR, mas ler como
STJ).
Pode, pois a arguição de suspeição demanda tão-somente poder geral (não precisa da autorização do
cliente). Discuti-se na jurisprudência, se a exceção de suspeição poderia ser arguida
independentemente de poderes especiais para tanto. No âmbito do processo civil prevalece o
entendimento de inexistir essa exigência, ao contrário do que ocorre no processo penal.
A decisão de suspeição ou impedimento se projeta para fora do processo (ou seja, a decisão se
aplica a outros processos envolvendo a mesma parte e o mesmo suspeito)?
A decisão de suspeição ou impedimento faz coisa julgada, assim, sempre que envolver a mesma
parte e o mesmo juiz, não mais necessitará ser arguida.
Houve uma alteração recente do CPC, visando a facilitar o acesso à justiça, que permitiu que a
incompetência relativa fosse alegada no domicílio do réu, e não no Juízo da causa.
RECONVENÇÃO
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de
outrem. (§ 1º renumerado pela Lei nº 9.245, de 1995)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.245, de 1995)
Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-
la no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da
reconvenção.
Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
Conceito
A reconvenção é uma ação do réu contra o autor no mesmo processo em que esteja sendo
demandado. É um contra-ataque, é demanda, e não uma defesa, assim, na demanda reconvencional,
o réu se torna autor, recebendo o nome de réu-reconvinte, ao passo em que autor da demanda
originária se torna o autor-reconvindo.
A reconvenção e a ação principal são autônomas. Contudo, se ambas houverem de ser julgadas
haverão de sê-lo na mesma sentença. Apresentada a reconvenção o autor será intimado por meio da
pessoa do seu advogado. Este terá 15 dias para apresentar defesa, isto é, contestar a reconvenção. O
réu que reconvir é denominado reconvinte. Já o autor que sofreu a reconvenção é chamado de autor
reconvindo.
Efeitos
A reconvenção não gera processo novo, mas sim uma demanda nova num processo velho. A
reconvenção amplia, objetivamente, o processo, sendo um incidente seu, tanto que caso o juiz
indefira sua inicial, referida decisão será impugnável por Agravo de Instrumento.
Cumulação de pedidos
O autor que vai contestar a reconvenção pode reconvir? Cabe reconvenção da reconvenção?
Pode, porque o autor vai apresentar a sua resposta (que inclui contestação e também a
reconvenção). Frisa-se que o autor poderá ser revel, mas a revelia será atípica, tendo em vista que é
um revel que já está nos autos (não se trata de um sujeito sumido, que nem veio aos autos).
Ademais, como já está nos autos ele terá direito de ser intimado. Ainda, tal sujeito já se manifestou
nos autos (por meio da petição inicial), razão pela qual só gera confissão ficta naquilo que não for
contraditório com o que já foi aclarado na petição inicial.
Prazo
Formalidade
OBS.: tal conexão não tem nada a ver com a conexão abordada em competência. A conexão aqui é
qualquer espécie de vínculo, liame, é singela. Assim, a reconvenção será admitida quando houver
algum vínculo.
Terceiros e a reconvenção
Pode ampliar subjetivamente, desde que ela seja proposta contra o autor e um terceiro em
litisconsortes necessário. . Sendo o autor substituto processual, isto é, legitimado extraordinário,
caberá a reconvenção desde que o pedido seja dirigido ao substituído e o legitimado extraordinário
seja o réu, ou seja, possa substituir o autor na defesa da demanda reconvencional – art. 315,
parágrafo único, do CPC (ex.: se uma administradora de consórcio propõe ação de cobrança contra
um dos consorciados, este não poderá reconvir pedindo algo contra a administradora do consórcio,
mas tão somente em face dos consorciados).
Não cabe nos JECs (proibição expressa) e também não cabe no procedimento sumário (por
entendimento majoritário). Embora não se admita reconvenção em tais procedimentos admitem
pedido contraposto.
Ambos os institutos são demanda do réu contra o autor; e .o pedido contraposto é uma reconvenção
simplifica, tendo em vista que:
Interesse de agir
“Não se admite reconvenção pela qual se peça algo que poderia ser obtido com a contestação”.
Exemplos:
1º Suponha que o autor ingresse com ação declaratória positiva, para obter a declaração da
existência de uma relação jurídica. Nesta situação hipotética, não caberá reconvenção para pedir
a declaração de inexistência da relação jurídica, que poderá ser obtida com a simples
contestação, tendo em vista se tratar de ação dúplice. Destaca-se que, cabe reconvenção em ação
declaratória, salvo quando para pedir a declaração contrária (Súmula 258 do STF = É admissível
reconvenção em ação declaratória). Nesta ação declaratória, o réu poderá reconvir para pedir uma
condenação, por exemplo.
2º Não cabe reconvenção para exercer exceção substancial (defesa indireta de mérito), devendo
o réu se utilizar da contestação, tendo em vista que se trata de matéria de defesa. Ex: não caberá
reconvenção para retenção, para exceção do contrato não cumprido.
FASE ORDINATÓRIA
(Saneamento do processo)
Providências Preliminares
Após a resposta do réu dá-se inicio a uma nova fase do processo chamada fase de saneamento ou
fase de ordenamento do processo. Fase que começa a partir da resposta do réu. A partir da resposta
do réu caberá ao juiz tomar uma séria de providências que tornem o processo apto para que nele
seja proferida uma decisão. O processo será corrigido em suas imperfeições.
Observa-se que o saneamento pode ser feito em todo momento do processo, desde o início do
processo. Agora, é a partir desse momento que o saneamento se concentra. A atividade de
saneamento fica concentrada. As providências que o juiz toma a partir da resposta do réu são as
chamadas providências preliminares.
São inúmeras providências que o juiz poderá adotar, tais como: - se o juiz recebe a resposta do réu
com uma reconvenção, terá de intimar o autor; se réu traz uma defesa indireta, o juiz deverá intimar
o autor para apresentar a réplica; - se o réu for revel, será necessário verificar se houve a produção
dos efeitos da revelia; - se o réu alega um defeito no processo, o juiz terá que determinar a correção
deste; - designação de curador especial; e - o réu denunciou a lide, o juiz deverá mandar citar o
denunciado. Enfim, são inúmeras as providências que poderão ser adotas.
Ressalta-se que há uma providência preliminar que merece destaque, qual seja: a ação declaratória
incidental. Vejamos:
1. Decisão
Fundamentação: aqui o juiz decide as questões incidentes que são aquelas que o juiz precisa
enfrentar antes de decidir a questão principal - incidenter tantum. A solução das questões incidentes
não faz coisa julgada.
Obs.: Uma mesma questão (inconstitucionalidade, p.ex.) pode chegar num processo ora como
incidental, ora como principal num processo. Depende de como ela é posta.
Na questão preliminar, a depender da solução a que se der, a preliminar a questão seguinte sequer
será examinada. Assim, o juiz examinou “A” não examinará “B”. Aqui não avança.
Já na questão prejudicial a outra, esta outra sempre será examinada. O exame de “A” determinará
a solução “B”. A prejudicial aponta qual a solução da questão seguinte. Aqui avança.
Ex: paternidade e alimentos. Se não é pai então não deve alimentos.
Enfim, uma questão prejudicial pode ser incidental ou principal, depende de como ela está no
processo, de como ela foi posta no processo (como simples fundamento ou como questão principal).
Não necessariamente a questão prejudicial será incidental, também poderá ser a questão principal.
Como uma questão prejudicial pode ser tornar uma questão principal no processo?
1.) o autor já na petição inicial coloca a questão prejudicial como objeto do pedido.
Ex: paternidade - alimentos. O primeiro é prejudicial do segundo;
2).a questão prejudicial foi trazida pelo autor como simples fundamento.
Ex: alimentos. O autor traz a questão da paternidade como simples fundamento, contudo réu nega a
questão prejudicial (não é pai) colocada como simples fundamento. Nesse caso, o autor tem o
direito de propor uma ação declaratória incidental em 10 dias, que é uma demanda nova, pela qual o
autor pede a declaração da prejudicial. Assim, o autor transforma a prejudicial em questão principal.
Ele faz agora o que poderia ter feito desde o início. A ação declaratória incidental transforma a
análise da questão prejudicial (uma questão incidental torna-se uma principal). A utilidade disso é a
produção da coisa julgada. Assim, a análise da prejudicial fará coisa julgada.
Observa-se que ação declaratória incidental vem expressa somente para o autor (CPC, art. 325),
mas não impede o réu de pedir uma declaração incidental (que se dá por meio da reconvenção).
Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez)
dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito
o
depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5 ).
o
Art. 5 Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o
julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1973)
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for
competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.
Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento
conforme o estado do processo, observando o que dispõe o capítulo seguinte.
Após ultrapassar as providências preliminares poderá o juiz entender se tratar de julgamento sem exame
do mérito. A extinção do processo sem resolução do mérito pode ser divida em três grupos:
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
1) Inadmissibilidade -
O que é a perempção?
CPC, Art. 268, Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo
fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Não é apenas a morte do autor que gera a extinção. O que gera a extinção é a morte
do autor e a intransmissibilidade do direito.
1.Revogação
O CPC diz que a extinção do processo sem exame do mérito não impede a repropositura da
demanda, pois se o mérito não foi julgado, nada impede a repropositura da ação para que ele seja
julgado. O CPC, no entanto, ressalva uma hipótese, em que não se permite a repropositura da ação
extinta sem julgamento do mérito. Esta ressalva está prevista no inciso V, isto é, quando o juiz
acolher a alegação de perempção, litispendência ou coisa julgada.
Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de
novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado.
Da decisão com fundamento no inciso V é cabível ação rescisória, tendo em vista o efeito
semelhante ao da coisa julgada, que é o de impedir a repropositura da ação. O problema é que o
STJ passou a entender que em outros incisos do art. 267 também se impede a repropositura da ação,
sendo a ressalva trazida pelo art. 268 - meramente exemplificativa. Tanto é verdade que, pela morte
do autor, não poderá ser reproposta a ação. Ainda, se o juiz extingue por falta de pressuposto
processual, não poderá ser reproposta a ação, salvo se concertado o defeito.
Desse modo, conclui-se que, somente se extinto por revogação é que a ação pode ser reproposta,
pois, no caso de invalidade, deverá a parte corrigir o defeito apontado para poder repropor a
demanda. Portanto, segundo o STJ, somente as extinções decorrentes de revogação poderão ser
propostas, salvo se as ações extintas por invalidade forem corrigidas. No mais, repita-se, as ações
decorrentes de perempção, coisa julgada e litispendência, não poderão ser repropostas em nenhum
caso.
Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de
novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado.
Da decisão com fundamento no inciso V é cabível ação rescisória, tendo em vista o efeito
semelhante ao da coisa julgada, que é o de impedir a re-propositura da ação. O problema é que o
STJ passou a entender que em outros incisos do art. 267 também se impede a re-propositura
da ação, sendo a ressalva trazida pelo art. 268 - meramente exemplificativa.
Falou que o inc. V é uma das hipóteses de extinção por inadmissibilidade (certo que a extinção pode
se dá por .inadmissibilidade, . morte e . revogação. Tanto é verdade que, pela morte do autor, não
poderá ser re-proposta a ação. Ainda, se o juiz extingue por falta de pressuposto processual, não
poderá ser re-proposta a ação, salvo se corrigir o defeito que gerou a extinção do processo (poderá
voltar a juízo, mas terá de corrigir o defeito; repropositura não haverá; haverá uma propositura de
ação com o defeito sanado). Somente se extinto por revogação é que a ação pode ser re-proposta.
Em suma:
Inciso II – quando o processo ficar parado por mais de um ano por negligência das partes
Antes de extinguir o processo com base neste dispositivo, o juiz terá de intimar pessoalmente (não o
advogado) ambas as partes, para em 48 horas tomarem uma providência. Se o caso de extinção for
baseado no inciso II, só pode ocorrer se o processo ficar paralisado por motivação das partes.
Havendo outro que obste o andamento, não poderá ser extinto. Pouca expressão, difícil mencionar
exemplo.
Ocorre quando o processo fica paralisado por mais de 30 dias, em razão da omissão de
comportamento do autor. Também aqui, haverá a intimação pessoa. Só é caso de extinção com base
no inciso III, se o ato que deixou de ser praticado for indispensável ao andamento do processo.
Ex: não pagar as custas, não indicar o endereço do réu. O não recolhimento dos honorários do perito
não pode ser causa, pois é indispensável ao perito, mas não é essencial ao andamento do processo.
Nesse sentido, ver Súmula STJ 240 – Se o réu já apresentou defesa, o juiz só poderá encerrar o
processo sem o julgamento de mérito com base no inciso III, se o réu solicitar por escrito.
O pedido do autor não é de desistência, mas sim de homologação da desistência, que foi
comunicada. Expressão correta “ desistir e pedir a homologação”. A desistência é do processo, e não
do Direito Material discutido. Nada impede que o autor desista de parte da demanda. A desistência é
um ato que depende de homologação pelo juiz (art 158 Parágrafo Único). O advogado necessita de
poder especial para desistir da ação (deve constar na procuração). A desistência só pode ocorrer até
a prolação da sentença. Se o réu já apresentou resposta, deve necessariamente consentir com a
desistência (art. 267 §4º). Se o réu ainda não se manifestou, extingue-se. O Art. 3º da lei 9469/97
relata que se a fazenda pública for ré, ela só pode aceitar a desistência do autor, se o autor além de
desistir, renunciar ao Direito. Não cabe desistência em ADIn, ADC e ADPF. Nas ações coletivas, a
desistência não gera extinção do processo, mas sim uma sucessão processual. Sai o desistente, e
adentra outro legitimado.
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
O juiz homologa esses negócios jurídicos, e extingue o processo com o exame do mérito. Portanto,
é uma decisão de mérito, apta a coisa julgada material. Pode-se dar a qualquer momento do
processo, mesmo nos tribunais superiores. O advogado deve deter poderes especiais para tal fim.
Esses negócios não precisam ser homologados pelo juiz. O acordo por si só, já produz efeitos. A
exceção, são os casos onde houver cláusula estipulando a obrigatoriedade da homologação.
Ressalte-se que para que o juiz possa homologar a autocomposição, é preciso que o direito possa ser
resolvido por autocomposição, ou seja o direito precisa ser transigível, renunciável. O juiz deve
obrigatoriamente exercer o controle sobre a renunciabilidade do direito.
Ex: alimentos, não podem ser renunciados, mas podem ser transigidos.
A autocomposição pode ser parcial. Na autocomposição, as partes podem incluir outra lide, ou seja,
um acordo sobre outro litígio que não está sendo discutido (artigo 475 -N, inciso III do CPC).
Inciso I – quando for questão unicamente de direito, ou de direito e de fato desde que batem tão somente as provas
documentais.
Inciso II – quando ocorrer o efeito da presunção de veracidade que advém da revelia. A revelia deve produzir confissão
ficta.
Não podendo aplicar nenhuma das quatro hipóteses anteriores, segue-se por meio das opções
abaixo:
Audiência Preliminar
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que
admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as
partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para
transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
o
§ 1 Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
o
§ 2 Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as
questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e
julgamento, se necessário. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
o
§ 3 Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável
sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do §
o
2 . (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Se o caso admitir a conciliação. Na audiência preliminar, o juiz tentará que as partes busquem a
autocomposição. Inexistindo autocomposição, o juiz fixará os pontos controvertidos da causa, e em
seguida, delimitará (organizará) a atividade instrutória (determinará a audiência de instrução, se vai
ter depoimento pessoal, se vai ter perícia)
A audiência preliminar aqui não é a audiência do rito dos juizados especiais, pois aqui o
comparecimento da parte não é obrigatório. Não produz revelia. Não cabendo audiência preliminar,
passaremos a instrução
Audiência de Instrução
Somente ocorrerá:
Despacho Saneador: é uma decisão escrita do juiz, em que o mesmo vai alegar que não é caso de
nenhuma das outras hipóteses de julgamento conforme o estado do processo. Em razão disso, o
magistrado vai fixar os pontos controvertidos e organizar a atividade instrutória. Possui aspecto
declaratório e aspecto constitutivo. O aspecto declaratório é quando o juiz reconhece que não cabe
nenhuma das outras hipóteses de julgamento conforme o estado do processo. Aspecto prospectivo
(constitutivo) é quando o juiz fixar os pontos controversos e organizar a atividade instrutória. Não
se trata de um despacho propriamente dito, pois tem caráter decisório. Também não é saneador, mas
sim declaratório, pois quem saneou foram as atividades instrutórias;
Atualmente, prepondera com alguma tranquilidade a aceitação das decisões parciais. O problema
não está na constatação em razão a tais decisões, mas sim na terminologia utilizada. Fredie Didier Jr
e a maioria dos doutrinadores, defende que a decisão parcial é uma decisão interlocutória, pois não
extingue o processo. Ressalte-se que está pode ser de mérito e portanto definitiva, perfazendo coisa
julgada material, admitindo ação rescisória e execução definitiva. Para essa corrente, admite-se o
Agravo de Instrumento. O projeto do novo código consagra tal medida. Para outra parte da doutrina,
essa decisões parciais, seriam tidas como “sentenças parciais”. Para esse corrente há dúvidas quanto
ao recurso utilizado, como Agravo de Instrumento, Apelação por instrumento. Portanto, deve-se
aplicar o princípio da fungibilidade dos recursos.
Esta pergunta se refere ao exemplo das decisões parciais. Sendo decisões interlocutórias de mérito,
serão definitivas, cabendo, neste caso, ação rescisória de decisão interlocutória.
Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter
início a produção da prova. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
No direito processual civil brasileiro, o juiz pode determinar a produção de qualquer meio de prova,
mesmo de ofício (Artigo 130 do CPC). O poder instrutório do juiz é paralelo ao das partes Tal meio,
não é encarado no direito processual civil brasileiro não é ofensa a imparcialidade, inclusive prova
emprestada. O poder instrutório pode ser exercido mesmo que o direito for disponível.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo,
indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
Prova e Verdade
Não havendo mecanismos para racionalizar a busca pela verdade, haverá prevalecência das
alegações da parte mais forte.
Assim, é indiscutível que o processo é uma técnica civilizada de busca pela verdade. A questão é
saber se a verdade almejada é a verdade meramente processual ou a verdade real (como aconteceu).
A reprodução da verdade real, nos parece um tanto quanto utópica, uma vez que seria impossível a
sua fiel reprodução. A verdade meramente processual, por outro lado, pode não resolver o anseio
das partes. Assim, a verdade que devemos almejar é a verdade possível.
A verdade possível é aquela que pode ser reconstruída em acordo com os limites do devido
processo legal.
01/06/11
Exatamente pelo fato de que a prova é muito subjetiva, sendo sua necessidade variável, com maior
necessidade para uns, e menor para outros, há a necessidade de valoração do instrumento
probatório. Tal medida visa equilibrar as necessidades das provas com a sua importância, de forma a
produzir os efeitos necessários ante o livre convencimento. Por mais clara, específica que seja a
prova, estará sempre sujeita ao convencimento humano, variando conforme o entendimento pessoal
(inclusive para prova eletrônica).
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda
que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o
convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973
Máxima da experiência é uma regra construída a partir da observação daquilo que normalmente
acontece.
Ex: em água parada dá mosquito; lei da gravidade; soma da cor amarela com azul dá verde;
gravidez dura 9 meses.
Algumas leis, foram constituídas como regra da experiência, como a proibição de pai depor em
favor de filho. A principal função da máxima da experiência é limitar o livre convencimento do juiz.
Mas esta não é a sua única função. Existem diversas outras aplicações para estas regras.
Estas máximas, auxiliam na valoração das provas por parte do juiz, quando por exemplo, o juiz
fornece mais valor a uma prova testemunhal que não se contradisse, do que um testemunho que
demonstrou insegurança. É o caso da justiça do trabalho que credita menor valor ao depoimento do
empregado que favoreça o patrão.
Também auxiliam ao juiz no preenchimento dos conceitos indeterminados.
Ex: A arrematação de um imóvel não pode ser por preço vil. Preço vil é um conceito indeterminado.
A máxima da experiência auxiliam preenchimento do conceito de preço vil.
Por fim, auxiliam o juiz a elaborar as presunções judiciais. Presumir é reputar como ocorrido, sem a
prova desse fato. Em suma, a presunção judicial é a conclusão de um raciocínio que o juiz faz a
partir das máximas da experiência e dos indícios.
Ex: Presume-se que uma chuva possa danificar ainda mais casa com defeito no telhado; Perda de
um filho, presume-se sofrimento dos pais; Dano moral, por sua vez não produz prova, mas sim
indícios, assim podemos afirmar de que da situação decorreu dano moral.
Indícios
É um fato que uma vez provado leva a presunção da ocorrência de um outro fato. É a um só tempo
objeto da prova, assim como meio de prova. Por isso é que se afirma que o indício é prova indireta.
A presunção, diferente do indício, não é meio de prova.
Objeto da Prova
São as afirmações de fato feitas pelas partes. Costuma se utilizar a expressão “ factum probandum”
para designar o objeto da prova, assim como a expressão “thema probandum”.
Podem ser objetos da prova fatos jurídicos ou não jurídicos, como por exemplo a cor de uma
camisa, que pode contradizer uma testemunha (se esta afirma que era de cor diferente).
Um fato, para ser objeto de prova necessita de tais atributos:
1. Fato controvertido: a sua existência tem que ser controversa, caso contrário não
poderá ser objeto de prova.
2. Fato relevante para causa: o fato deve ser relevante ao processo e a causa em
questão;
3. Fato determinado: o fato deve ser determinado no tempo e espaço (determinar se
ocorreu ou quando ocorreu).
4. *Existência do Direito Positivo: Às vezes pode ser objeto de prova a existência de
uma lei ou não. A prova aqui, não é da interpretação da lei, mas sim de sua existência. A
situação pode-se apresentar nos casos de direito municipal, estadual, estrangeiro, ou
costumeiro. Se o juiz desconhecer o teor e a vigência destes direitos, o mesmo pode
determinar a prova.
5. *Fato negativo: é o fato não ocorrido. Deve-se sempre que possível que provar o fato
negativo quando este for determinado.
6. Ex: certidão negativa para concurseiro.
7. *dependendo da situação podem estar presentes. Condicionado ao caso concreto.
8.
9. Às vezes a prova do fato (positiva ou negativa) é impossível ou excessivamente
difícil. Sempre que a prova do fato for impossível ou excessivamente difícil
(excessivamente onerosa) surgirá aquilo que se chama de “prova diabólica”.
10. Análise do artigo 334 CPC
11.
12. Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
I – notórios;
Fato notório não é regra da experiência. Fato notório é um fato, e que portanto já existiu e é do
conhecimento de todos, enquanto a regra da experiência é uma previsão para o que pode vir a
acontecer.
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
Fato confessado se torna incontroverso, dispensando a prova em contrário. É um ato em sentido
estrito, dá-se de modo expresso. Exige poder especial para o advogado.
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
Cuida da admissão. Admissão é tida como incontroversa, não sendo suscetível a prova. É um ato-
fato, dá-se de maneira tácita. Admissão é não impugnação, não contestação. Não admite poder
especial
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
Presunção legal dispensa a prova legal. Difere da presunção judicial, uma vez que esta tem a ver
com o conhecimento do juiz, enquanto a presunção legal é uma regra jurídica que impõe ao juiz que
leve em consideração determinado fato. As presunções legais mitigam o convencimento.
Portanto, quando o juiz aplica a presunção legal está dispensando a prova, e não a valorando.
As presunções legais se dividem em absolutas ou relativa:
•Presunção legal absoluta: é aquele que não admite prova em sentido contrário. O
legislador simplesmente torna irrelevante qualquer discussão sobre a existência
daquele fato. As presunções absolutas são raras.
•Ex: presunção absoluta de conhecimento da penhora, para aquele
compra imóvel penhorado em cuja matrícula conste averbada a
penhora.
•Ex2: quem casa, presume-se ter autorizado o cônjuge a contrair
dívidas para economia doméstica.
•É a chamada Presunção jure et jure.
•Presunção Relativa: é aquele que o legislador admite prova em contrário,
dispensando o sujeito que se vale da presunção de provar o que afirma, mas permite
que o outro sujeito prove em sentido contrário.
•Ex: presunção de veracidade da declaração de pobreza (Presume-se
verdadeira, mas admite-se prova em contrário).
•Ex2: presunção legal de filiação nos casos de recusa a realizar exame
de DNA. (Esta presunção de paternidade só existe no Brasil a partir de
2009, com a mudança da lei de investigação de paternidade. Antes era
presunção judicial).
•Ex3: presunção de domínio que recorre do registro de imóvel.
Ônus da Prova
É uma regra que atribui responsabilidade pela falta de prova de determinado fato. Quem tem o ônus
da prova arca com as consequência se não houver prova daquele fato. Podemos afirmar que o ônus
da prova é assumir o risco da falta de prova.
Ter o ônus da prova não é a obrigação de provar o fato, mas sim arcar com as consequências de não
provar. A prova pode ser produzida pela outra parte, mas os efeitos desta incidirão sobre quem tem
o ônus. Na realidade torna-se irrelevante a discussão sobre quem produziu a prova, mas sim se esta
foi produzida e sobre quem incidirá os seus efeitos. A grosso modo, é a penalidade face a não
produção de prova.
O ônus da prova acarreta na parte que o detém, um comportamento no sentido de que se produza
essa prova quando possível, de forma a evitar essa penalidade. No entanto, essa regra só se aplica ao
momento da decisão (ao julgar), e de maneira subsidiária. As regras do ônus da prova só se aplicam
em caso de não haver prova e de não haver como se produzir prova do fato, pois se for possível a
produção da prova, o juiz deve determinar de ofício a produção. É facultado às partes, o
convencionamento sobre as regras de ônus da prova, desde que os fatos não digam a direitos
indisponíveis e não haja excessiva onerosidade.
No CPC o art. 333 consagra uma regra geral e estática de distribuição do ônus da prova
O problema que essa regra geral, se mostra injusta em diversas situações, porque há casos em que
há prova diabólica. Nesses casos, a aplicação desta regra ocasiona latente injustiça. Por exemplo
para um sujeito usucapir um imóvel rural em condições especiais, terá de provar de que não é
proprietário de nenhum outro imóvel. Não há como juntar certidões de todos os cartórios do Brasil e
do estrangeiro.
No mesmo sentido, dificuldade de provar a não existência de doença preexistente ao tempo da
assinatura de contrato de adesão ao plano de saúde. Face essas dificuldades, a doutrina e a
jurisprudência, criaram uma teoria pautada pela força do princípio da igualdade e da adequação
(direitos fundamentais – aplicação direta dos princípios e direitos constitucionais), onde o juiz
poderia no caso concreto redistribuir o ônus da prova, de modo que o ônus fique com aquele puder
se desincumbir do ônus. É a chamada Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova ou
Teoria da Carga Probatória Dinâmica.
Apesar de não haver expressa previsão legal a esta teoria, ela já está bastante disseminada tanto na
doutrina, quanto na jurisprudência. A teoria deve ser aplicada durante o saneamento. Não pode ser
realizada em outro momento sobre pena de violação do contraditório.
Ressalte-se que há 21 anos, o CDC permite a redistribuição do ônus da prova nas causas de
consumo, analisando o caso concreto. Para tanto, o dispositivo deve ser aplicado a favor do
consumidor, desde que considerando as alegações do mesmo sejam verossímeis, e que estes sejam
hipossuficientes técnicos. Mas devido a estas exigências específicas, não pode ser aplicada a
qualquer situação.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
Assim, a teoria da distribuição dinâmica mostra-se mais abrangente, podendo ser aplicada a
qualquer processo, mediante análise do caso concreto, e desde que não acarrete na produção
diabólica a outra parte.
O artigo 38 do CDC afirma que o ônus da prova de que a propaganda é do fornecedor, bastando
para tanto o consumidor alegar que a mesma é enganosa e reputar-se-á como verdadeira a alegação.
É a presunção de veracidade das alegações do consumidor, não configurando inversão do ônus da
prova.
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as
patrocina.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
1) Depoimento Pessoal:
Previsão legal: Art. 342 a 347 do CPC.
O objetivo do depoimento pessoal é obter a confissão.
Existem 2 espécies de medidas previstas neste capítulo que trata do depoimento pessoal:
1. Interrogatório da Parte (Art. 340, inciso I e Art. 342 do CPC);
Art. 340. Além dos deveres enumerados no art. 14, compete à parte:
I - comparecer em juízo, respondendo ao que Ihe for interrogado;
Do Depoimento Pessoal
Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento
pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.
2. Depoimento Pessoal, propriamente dito (Art. 343 e §1°).
Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o depoimento
pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento.
§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os
fatos contra ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor.
§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a
pena de confissão.
Diferenças
Interrogatório da Parte Depoimento Pessoal, propriamente dito
É ato privativo do juiz Sempre é provocado ou pela parte contrária ou
pelo MP
Realizado de ofício
A qualquer tempo
Não gera a confissão Sempre gera a confissão como sanção pela sua
não prestação.
Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for
perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de
prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se de
escritos adrede preparados; o juiz Ihe permitirá, todavia, a consulta a notas breves, desde que
objetivem completar esclarecimentos.
Hipóteses legais de recusa ao depoimento (são hipóteses em que a parte tem direito ao silêncio
e a autopreservação):
Estão previstas no Art. 347 do CPC. Mas o CC-2002 tem as chamadas normas heterotópicas
(normas que estão, em tese, no lugar errado) que tratam de situações processuais. Logo o rol do Art.
347 do CPC foi ampliado pelo Art. 229 do CC.
CPC
Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:
I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite e de anulação de
casamento.
CC
Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:
I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; (preserva-se o valor
confiança)
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou
amigo íntimo;
III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou
de dano patrimonial imediato.
Jurisprudencialmente tem-se entendido que a limitação do Art. 229, inciso I, do CC cede à luz do
princípio da proporcionalidade.
Tem-se entendido também que o interessado na proteção pelo sigilo pode dispensar o depoente de
observá-lo.
Falso Depoimento
No Brasil há o direito a autopreservação, não há crime pelo fato do falso depoimento, não há sanção
penal, mas a parte que mente no seu depoimento pode ser condenada às penas de litigância de má-
fé.
CPC
Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do
processo: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001)
.........................................................................................................................................
II - proceder com lealdade e boa-fé;
2) Confissão:
Previsão legal: Art. 348 a 354 do CPC.
O conceito de confissão é o reconhecimento de um fato prejudicial ao seu próprio interesse (Art.
348 do CPC).
Condições para a Realização da Confissão:
• O fato a ser confessado tem que ser um fato pessoal e próprio (eu só posso confessar um fato
que seja meu, seja próprio).
• A confissão só é admitida quando se tratar de direito disponível (Art. 213 do CC e Art. 351
do CPC)
CC
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este
pode vincular o representado.
CPC
Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
Espécies de Confissão:
• Judicial ou Extrajudicial:
• Judicial: aquela realizada no juízo;
• Extrajudial: aquela realizada fora do juízo.
Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a
mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será
livremente apreciada pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não
exija prova literal.
• Espontânea ou Provocada:
• Espontânea: é aquela voluntária
• Provocada: é a dvinda do depoimento pessoal não ou mal prestado nos termos do Art. 349
do CPC. A confissão provocada só pode ser feita judicialmente.
Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão espontânea, tanto
que requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos autos; a confissão provocada constará do
depoimento pessoal prestado pela parte.
Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por mandatário com
poderes especiais.
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com
a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem
beneficiarão os outros.
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a
confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.
No litisconsórcio unitário os efeitos da decisão tem que ser iguais para todos os legitimados.
Tratando-se de litisconsórcio unitário, a confissão só é válida se for praticada por todos.
Ex. O devedor confessa que deve mas afirma que já pagou. Trata-se da chamada confissão
complexa em que o confitente, além de confessar, agrega fato novo ao processo capaz de ensejar
defesa de direito material ou a propositura de reconvenção.
Neste caso não se pode cindir a confissão. So poderá haver a cisão da confissão quando os fatos
confessados forem independentes entre si ( Ex. a parte confessa que quebrou o vidro do carro mas
alega que não houve dano moral por este fato).
Da Confissão
Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e
favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.
Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão espontânea, tanto
que requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos autos; a confissão provocada constará do
depoimento pessoal prestado pela parte.
Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por mandatário com
poderes especiais.
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a
confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.
Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.
Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:
I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único
fundamento.
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata este artigo;
mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.
Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a mesma
eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será livremente apreciada
pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não
exija prova literal.
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como
prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á,
todavia, quando o confitente Ihe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa
de direito material ou de reconvenção.
CARACTERÍSTICAS
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
CONTRA A PARTE DO PROCESSO CONTRA TERCEIRO
(Art. 355 a Art. 359 do CPC) (Art. 360 a Art. 362 do CPC);
É feita como um incidente processual sem É feita como um processo incidente com
autonomia com requerimento na petição inicial ou autonomia procedimental (tem rito próprio – é
na contestação. processado em apenso aos autos principais) com
requerimento em petição em separado.
A parte contra quem se pede a exibição vai ser O réu vai ser citado para, nos termos do Art.
intimada para em 5 dias exibir a coisa ou explicar 360 do CPC, apresentar resposta no prazo de 10
porque não vai exibi-la (Art. 357 do CPC) dias.
Após o prazo de 5 dias o juiz vai prolatar uma O juiz vai proferir uma sentença (o recurso cabível
decisão interlocutória (passível de agravo) que será o de apelação).
poderá considerar a recusa como sendo justa ou
injusta.
Não cumprido o ônus de exibir o documento ou È um dever, não um ônus. Não se pode presumir
coisa incide a regra do Art. 359 do CPC como verdadeiro o fato se o terceiro descumprir
(presunção de veracidade dos fatos alegados) este dever. Neste caso, de descumprimento,
Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá incidirá os artigos 362 e Art. 461 do CPC (artigos
como verdadeiros os fatos que, por meio doque indicam que caso não haja a exibição por
documento ou da coisa, a parte pretendia provar: terceiro o juiz determine mandado de apreensão.
I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer Neste caso pode-se aplicar a multa do Art. 461.
qualquer declaração no prazo do art. 357; Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir,
II - se a recusa for havida por ilegítima ou a posse do documento ou da coisa, o juiz
designará audiência especial, tomando-lhe o
depoimento, bem como o das partes e, se
necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a
sentença.
Distinção entre a Exibição de Documento ou Coisa e a Ação Exibitória do Art. 844 do CPC:
DIFERENÇAS
Exibição de Documento ou Coisa Ação Exibitória do Art. 844 do CPC
É incidente dentro da ação principal (é Como regra ela é ação preparatória (eu não sei se
meio de prova incidental). o documento diz o que eu quero, então entro com a
cautelar, se me agradar o que eu vi eu entro com a
ação principal).
Quando a parte não apresenta a coisa a sanção é o O juiz declara o não cumprimento da obrigação e
Art. 359 (presumem-se verdadeiros os fatos que se quem aplica a sanção de presumir verdadeiros os
pretendiam provar com aquele documento ou fatos é o juiz da ação principal. Logo o juiz que
coisa). O juiz que manda exibir e quem aplica a manda exibir não é quem aplica a sanção.
sanção.
Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intimação. Se
afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por
qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do
documento ou da coisa, a parte pretendia provar:
I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;
II - se a recusa for havida por ilegítima.
Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo para
responder no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz
designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário,
de testemunhas; em seguida proferirá a sentença.
Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que
proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias,
impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o
juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo
da responsabilidade por crime de desobediência.
O conceito de prova documental é muito simples, mas exige alguns cuidados porque a gente
tem hábito de ligar prova documental ao papel. De achar que prova documental é aquela que está só
no documento no papel. Errado. O conceito de prova documental é o seguinte:
Portanto, para fins de CPC, não cometa esse erro grave (certamente, quando você estudou
teoria geral da prova com o Fredie deve ter falado isso com você). Vídeo é prova documental
porque se enquadra em representação fática em suporte material. No caso, o suporte material é fita
plástica. O email é um documento eletrônico. É uma série de bytes em suporte material, ou seja, em
suporte informático. Pinturas rupestres são prova documental. E tudo o mais que tiver representação
gráfica em um suporte material.
Isso quer dizer que prova documental não se resume a prova escrita. A escrita é a principal prova
documental, mas não só isso. Pinturas, marcas, tudo isso pode ser revelado por prova documental.
Algumas classificações não têm utilidade prática. Aqui, sim. Há várias classificações de
prova documental, mas a que interessa aqui é uma só, a que é usada pelo CPC que classifica os
documentos em:
Estejam atentos à minha informação: qual a diferença entre um documento ser público e ser
privado? Documento público é qualquer documento emitido por autoridade pública. Não é só
escritura pública. Um documento da polícia é público, do Judiciário é público. Mas qual a diferença
entre o documento público é o privado? É o valor probante. Você vai analisar esses dois artigos em
casa, com calma, e vai verificar que o documento público tem um valor superior ao documento
particular. Por quê? Presta atenção que a diferença é tênue.
“Se o documento for público, o documento prova a declaração bem como o fato ocorrido na
presença da autoridade.”
“Se o documento for particular, só prova a declaração, mas não a ocorrência do fato.”
Ele só prova que as partes disseram aquilo, mas não prova a ocorrência do fato. O
documento público prova, portanto, em grau superior ao particular porque um prova, não só a
declaração como também o fato presenciado pela autoridade. O outro prova apenas a declaração e
não o fato em si mesmo.
Conteúdo do documento
Mas qual é a utilidade dessa diferenciação? Está no art. 368, do CPC que diz que quando se
tratar de documento declarativo, tudo o que está lá em relação ao signatário, presume-se verdadeiro.
A presunção, nesse caso, é de que houve, efetivamente, a declaração de vontade e que seu conteúdo
é exatamente aquele.
Se eu fiz um contrato com você e assinei, o conteúdo desse contrato presume-se verdadeiro
porque nós dois subscrevemos. Agora, o parágrafo único não foi feito para o documento
declarativo, mas para o documento testemunhal ou narrativo:
Parágrafo único - Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o
documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em
sua veracidade o ônus de provar o fato.
Lembra que eu disse que documento público tem valor maior, porque prova o conteúdo
daquilo que foi declarado? Pois atenção! Às vezes do documento público é feito sem as
formalidades legais e isso não quer dizer que ele se torne inválido. Significa apenas que o valor dele
vai ser equivalente ao do documento particular.
Art. 367 - O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a observância das
formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento
particular.
A regra deste artigo é interessante e que eu já vi cair muito em prova objetiva. Estejam
atentos que o documento público sem formalidades equivale ao documento particular.
Quando você estuda os Sistemas de Valoração da Prova (na Teoria Geral da Prova), você
verifica que há vários sistemas e o Brasil adota o sistema do livre convencimento motivado (art.
131, do CPC). Ou seja, no Brasil as provas não têm valor tarifado. O juiz é livre para interpretar a
prova do jeito que ele bem entender. Não existe, portanto, uma rainha das provas e nem uma
prostituta das provas. Todavia, o nosso sistema deixou um resquício da prova legal, do sistema da
prova tarifada no Brasil, que é o art. 366. Ele estabelece o seguinte:
Art. 366 - Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra
prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
Quando a lei exigir como essencial ao ato a escritura pública, nenhum documento que mais especial
que seja, poderá lhe suprir a falta. Eu tenho na hipótese do art. 366, uma verdadeira limitação ao
livre convencimento do juiz. E por que eu tenho essa limitação? Simplesmente pelo fato de que o
juiz não pode entender provado um fato em que a lei exige como da substância o instrumento
publico. Se o juiz, eventualmente, entender por provado o fato sem que haja o instrumento público,
ele estará violando o art. 366 e, certamente, a sentença dele vai ser cassada, anulada, inclusive cabe
até rescisória por violação a esse art. 366. Então, eu vou ter que buscar na lei as hipóteses em que o
juiz não pode julgar livremente. Só pode julgar num determinado sentido, se tiver a prova legal.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios
jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Eu só provo propriedade de bem imóvel através de um único jeito: escritura pública. “Ah,
Gajardoni, mas eu já vi o juiz dar proteção possessória a quem tinha contrato verbal.” Querido,
proteção possessória são outros quinhentos. Eu estou falando que você só prova propriedade através
de escritura pública. Pode provar propriedade de imóvel de mais de 30 salários por testemunha?
Nem a pau Juvenal porque há uma limitação legal expressa nesse sentido. Certamente alguém vai
questionar: “eu fiz escritura pública, mas perdi a escritura pública.” O que o juiz vai falar? Pede
cópia para o cartório. Tem como obter? Tem. Acabou o problema. Aí eu vou lá no cartório para
obter a cópia da minha escritura pública, que é a única que prova que sou proprietário e recebo a
triste notícia que o cartório pegou fogo na década de 70 e eu não tenho como obter essa cópia. E
nesse caso? Não muda. Não muda porque o que a lei exige é que haja a escritura pública e havia.
Foi feita. Nesse caso, posso provar por testemunha? Posso. Mas vou provar a escritura por meio de
testemunha. No caso do fogo no cartório, não há problema com a aplicação do art. 108, do Código
Civil porque o que se exige é que a escritura pública tenha sido feita, que tenha havido a
formalidade essencial do ato. Se foi feita e você não consegue obter uma cópia dela, aí se admite a
prova por testemunha, principalmente enfocando que havia uma escritura pública nesse sentido.
E você não sabe o tanto de cartório que já pegou fogo. O cara diz que quer se separar, que é
casado. O juiz, considerando que é da essência do ato do casamento você ter um assento do registro
público. Casamento só é casamento se estiver registrado no cartório. Ótimo. Aí você quer separar e
não tem a cópia da certidão e não tem como obter porque o cartório de Piriri da Serra, onde você
casou, na década de 70 pegou fogo. O juiz toca o processo porque houve a escritura, a
documentação pública. Consequentemente, se houve a documentação pública, não há espaço para
falar que não se pode decretar a separação do cara. Não dá para condenar o cara que não teve culpa
porque o cartório pegou fogo a ficar casado para sempre.
A arguição tem previsão nos arts. 372, 387 até 395, do CPC. O regime da arguição de
falsidade documental no CPC pode se dar de três maneiras distintas. Há três formas para se arguir a
falsidade documental:
1. Questão incidental
Há um processo em curso e, no meio dele, eu aduzo que o documento é falso. Essa questão
incidental, exatamente por sua natureza, a natureza da decisão aqui proferida não é coberta pelo
manto da coisa julgada. Eu discuto a falsidade documental sem necessidade de que sobre essa
decisão recaia o manto da imutabilidade. Essa é a primeira forma de arguir a falsidade documental
no processo civil brasileiro.
A arguição de falsidade via processo incidental, nada mais é do que uma ação declaratória
incidental. Neste caso, haverá formação de coisa julgada, fruto da ação incidental de arguição de
falsidade, com previsão no art. 5º, no art. 325 e também nos arts. 390 a 395, do CPC. A decisão aqui
proferida tem força de coisa julgada, de forma que o documento aqui declarado falso, será falso
para este e para todo e qualquer processo que eventualmente sejam discutidos fatos relacionados.
5. Ação autônoma
Neste caso, haverá também coisa julgada. O fundamento da ação autônoma de arguição de
falsidade tem previsão no art. 4º, II, do CPC, que é aquele que fala que o interesse do autor poderá
se dar exclusivamente no sentido de ver declarada a autenticidade ou falsidade de um documento.
Eu precisei fazer essa breve introdução para dizer que você pode alegar que o documento é
falso no Brasil em três vias e quem escolhe a via é você. Se você tiver um processo andando e
quiser arguir como questão incidental, vai fundo. Não faz coisa julgada, mas no processo vai valer
aquela decisão. Agora, se você quer fazer isso no curso do processo, mas pretende que aquela
arguição de falsidade, caso acolhida, também faça coisa julgada e impeça a rediscussão daquela
falsidade em qualquer outro processo, você faz no bojo dos próprios autos, através de uma ação ou
de um processo incidental com fundamento nos arts. 5º e 325, do CPC. Agora, se você quiser
antever, precaver, se antecipar ao problema, nada impede que antes de ser demandado, você entre
com uma ação autônoma para declara a falsidade do documento, conforme garante o art. 4º. Quem
decide isso é você, conforme as particularidades do caso concreto.
O meu objetivo aqui, para encerrar a prova documental é trabalhar exclusivamente a ação ou
processo incidental (item “b”), aquilo que a partir de agora eu deixo de chamar de arguição de
falsidade (porque arguição de falsidade pode ser pelos três meios citados) e passo a chamar de,
simplesmente, ação declaratória incidental de falsidade documental. É ela que me interessa nesse
momento.
Ação Declaratória Incidental de Falsidade Documental – Arts. 372, 387 A 395, Do CPC
Sobre essa ação, eu tenho algumas considerações a fazer. Lembrando a você que, essa aula é
só sobre as questões mais problemáticas, porque quase tudo está na lei. Apenas naquilo que a lei
não é clara, como no caso da divisão do item anterior, é que eu tenho que trabalhar com você aqui,
lembrando que agora estou falando exclusivamente da arguição de falsidade feita como ação
declaratória incidental. Não se trata nem da questão incidental e nem da ação autônoma.
• Cabimento
O STJ, em reiterados julgados, como por exemplo no REsp 19920/PR, tem admitido em
caráter excepcional a arguição de falsidade ideológica de documento narrativo ou testemunhal.
Eu falei, quando tratei da classificação, que o documento pode ser negocial ou testemunhal.
O documento negocial é aquele que espelhava o negócio jurídico (contrato, por exemplo) e o
testemunhal é aquele que simplesmente comprova a ocorrência de um fato. É mera declaração de
ciência (recibo, B.O. espelham apenas a comunicação de um fato). Pois bem, o STJ está dizendo e
disse reiteradamente, que quando se tratar de documento narrativo ou testemunhal, que é o caso do
recibo, que é o caso do B.O., admite-se a arguição de falsidade ideológica, via ação declaratória
incidental. Ou seja, eu posso ter interesse em declarar falso um recibo quanto ao conteúdo dele. E
eu posso ter interesse de que isso seja declarado falso com efeito de coisa julgada para que ninguém
nunca mais diga que eu paguei. Eu venho no processo e digo que fui coagido a assinar e que quero
provar isso através de uma arguição de falsidade ideológica pela via da ação declaratória incidental.
Então, muita cautela, porque se for para arguir falsidade é só a material. Apenas
excepcionalmente admite-se a arguição de falsidade ideológica, mas não é para qualquer
documento. É apenas para os narrativos ou testemunhais porque os documentos negociais,
dispositivos, não dá para arguir via falsidade ideológica. Foi uma posição do STJ com a qual eu não
concordo. Para mim, só material, mas é o STJ que manda.
O art. 390, do CPC, não é muito claro. Por isso, estou trabalhando ele com você. Ele
diz o seguinte:
Art. 390 - O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à
parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10 (dez)
dias, contados da intimação da sua juntada aos autos.
Ele fala do incidente de falsidade que é esse, com força de declaratória incidental. Você tem
que perceber que esse documento traz dois prazos distintos:
Se quem for arguir a falsidade for o réu e o documento já veio com a inicial, a arguição de
falsidade é feita no prazo da contestação. No capítulo próprio da contestação (não é em petição
autônoma, porque é ação incidental), eu faço a arguição de falsidade documental. Portanto o prazo é
o da contestação.
Se quem juntou o documento falso foi o réu, ou o autor, em qualquer outro momento do
processo que não seja o da petição inicial, o prazo é de 10 dias a contar da juntada aos autos.
Se for juntado em qualquer outro momento, inclusive pelo autor, o prazo para arguir é de 10
dias a partir da leitura que se deve fazer do art. 390, do CPC.
Isso, basicamente, era o que tinha que falar sobre arguição de falsidade. Mas agora, eu tenho
uma última observação a fazer, com base no art. 395, do CPC. O art. 395 traz um
problema grave para o operador do direito porque estabelece que:
Graças a esse dispositivo, surge na doutrina uma verdadeira batata-quente. Qual batata-
quente? É que se o art. 395 diz que é sentença, qual o recurso cabível? Apelação. Esse art. 395 não
faz a distinção que eu fiz entre julgar nos próprios autos, junto com a sentença, ou julgar em autos
apartados. Dá a impressão, quando você lê o art. 395 de que em qualquer caso o recurso cabível
será apelação. Como resolver esse impasse? A resposta da melhor posição eu já dei:
apelação na primeira hipótese, agravo na segunda. Mas, na dúvida, tem que admitir a aplicação do
princípio da fungibilidade. Na jurisprudência, aliás, foi um dos poucos casos que dizem que sobrou
para aplicar a fungibilidade é esse aqui porque o art. 395 fala que a sentença, apesar de na segunda
hipótese, é decisão interlocutória. Então, você tem que admitir que estamos diante de um típico caso
para aplicação do princípio da fungibilidade.
Com isso, encerro o tópico sobre prova documental e, sem maiores delongas, vamos ao
tópico seguinte.
Da mesma maneira que a confissão no passado foi chamada de rainha das provas, a prova
testemunhal era a prostituta das provas, exatamente porque é facilmente manipulável. O que temos
de importante de importante, além da leitura desses artigos?
Isso tem que saber de cor por causa de prova objetiva. São duas as hipóteses em que o juiz
pode indeferir a produção da prova testemunhal, vez que a própria legislação autoriza:
Art. 400 - A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz
indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
Para quê ouvir a testemunha se o documento já prova aquilo que eu quero ouvir. Eu julgo
muita matéria previdenciária por conta de delegação constitucional. Eu não entendo. Vem a perícia
e fala que o cara não é doente, que não é incapaz. O que o advogado sempre quer? Ouvir
testemunhas para provar a incapacidade. Mas não adianta! Como é que eu provo incapacidade por
testemunha, sendo que só a prova pericial é capaz de provar isso? Entendem o que eu quero dizer?
Então, nessas duas hipóteses o juiz pode vedar a prova testemunhal, até porque o art. 400 é bastante
claro nesse sentido.
O legislador deixa provar por testemunhas, mas coloca alguns limites. E o principal limite é
o que está nos arts. 401 a 403, CPC, que têm um irmão gêmeo no CC (art. 227, diz exatamente a
mesma coisa). Para melhor entender esses artigos, como diz Arruda Alvim, é melhor você fazer uma
reflexão ampla.
Art. 401 - A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não
exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados.
Art. 402 - Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte
contra quem se pretende utilizar o documento como prova;
II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da
obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.
Art. 403 - As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao pagamento e
à remissão da dívida.
Esses dispositivos estabelecem que se eventualmente houve um contrato que exceda o valor de 10
salários, você não pode querer provar o contrato exclusivamente por prova testemunhal. Eu falei
“exclusivamente”. Assim, quer dizer que se eu tiver um início de prova documental, mudou o
quadro. Então, a prova testemunhal pode provar contrato com mais de dez salários? Pode, mas
desde que eu tenha um início de prova documental. Do contrário, não posso querer provar o
contrato só com prova testemunhal.
É graças à interpretação que a jurisprudência faz desses artigos (art.s 401 a 403, CPC), que o
STJ editou uma súmula bastante cabível para quem trabalha na área previdenciária, Súmula 149, do
STJ:
O velhinho não pode provar que trabalhou na roça só por testemunha, mas se provar por
testemunha e mais um início de prova documental, que pode ser um início simples, como uma
certidão de casamento onde conste que ele era lavrador, já é o bastante. Entenderam o raciocínio do
art. 401? E o importante sobre ele é o que o Arruda Alvim diz (e só ele fala isso na doutrina): o que
eu não posso provar por prova exclusivamente testemunhal é o contrato e não a relação jurídica.
Provar o contrato é provar os termos dele. Agora, provar a existência de uma relação jurídica não
depende, necessariamente, de algo escrito. Qual é a consequência desse raciocínio que merece a sua
total atenção? É que se eu fiz um contrato com você e prometi entregar um carro sob pena de multa
de 1 milhão de reais, se eu não tenho nada escrito, eu não posso provar o contrato e, portanto, você
não pode cobrar a multa de 1 milhão de reais. Mas posso, só por testemunha, te obrigar a devolver o
dinheiro do carro? Posso, porque aí eu estou provando a obrigação. Isso evita o tal do
enriquecimento sem causa. Eu posso, só por testemunha, provar o descumprimento da obrigação,
mas não posso, com base só em testemunha, provar que tinha lá uma cláusula penal que estabelecia
que você ia me indenizar em 1 milhão de reais, caso não entregasse o carro no prazo. E isso é
fundamental! Por isso, você tem que estar atento à luz desses ensinamentos do professor Arruda
Alvim.
Art. 405 - Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas.
O que mais me interessa aqui é que você conheça a classificação. Quem pode depor no
sistema brasileiro em princípio? Qualquer pessoa capaz pode prestar depoimento. Nós temos,
entretanto, algumas limitações e o código divide entre os que não podem prestar depoimento em:
Na sua casa, você vai dar uma olhada nesses dispositivos, mas eu queria que você soubesse
duas coisas, antes para passar para minha última observação sobre prova testemunhal.
Aqui, o mais importante é o seguinte: em que momento eu tenho que virar para o juiz e falar
que a testemunha é impedida, incapaz ou suspeita? Até o inicio do depoimento. O juiz qualifica a
parte. Se você deixar ele qualificar e após a qualificação, o juiz começa o depoimento, dançou,
porque a contradita deve ser arguida até a abertura dos trabalhos, não argüiu, precluiu. O que
acontece muito é que a testemunha, na metade do depoimento diz que o é seu primo. Aí vem o
advogado: “Peraí, você é primo dele? Excelência, eu gostaria de arguir a suspeição.” Dançou.
Ocorreu a preclusão. “Ah, Gajardoni, mas como é que eu ia saber que ele era primo? Pessoal,
então por que você arrola testemunha antes da audiência? Não é só para poder dar tempo de intimar,
mas para que a outra parte faça a verificação da idoneidade da testemunha. É para isso que você tem
que arrolar a testemunha, dizer nome, endereço, etc.
Não existe um procedimento muito seguro para a contradita. Cada juiz faz de um jeito. Mas
o fato é que o melhor procedimento, pelo menos para a maioria é o seguinte: você faz a abertura, e o
juiz qualifica a testemunha, a parte apresenta a contradita e, logo depois, o juiz pergunta para a
própria testemunha se ela é incapaz, impedida ou suspeita. Se ela, eventualmente, disser que é, o
juiz dispensa. Mas e se ela disser que não é? Qual é a consequência? É que o juiz vai virar para
quem apresentou a contradita e perguntar: “o senhor tem prova de que ele é impedido, suspeito,
incapaz?” nesse momento, abre-se a oportunidade para a parte que contraditou fazer prova da
incapacidade. Em onze anos de magistratura, eu nunca vi ninguém virar para mim numa audiência,
depois que eu perguntar se a pessoa tinha prova da suspeição, ele responder que tem e que trouxe
três testemunhas. Não existe isso. Isso é conto da carochinha. Pode acontecer, mas é raro. O mais
certo é ele dizer que não tem prova de que são primos e o juiz acaba tocando o processo mesmo
assim. Mas tecnicamente pode provar e aí fica uma situação bizarra porque você está colhendo o
depoimento do processo, e dentro do depoimento, você abre uma pastinha para colher os
depoimentos sobre a idoneidade da testemunha. Entende? Fica confuso porque há duas provas
testemunhais, uma para a questão principal e outra para a questão secundária.
2ª Observação: Oitiva sem compromisso. É a hipótese daquilo que o pessoa diz como
sendo a oitiva de testemunha como informante do juízo. Isso tem previsão no art. 405, § 4º, do CPC
e também no art. 227, parágrafo único do Código Civil.
Com isso, encerro as principais questões que envolvem prova testemunhal. Depois você lê
os demais artigos em casa.
Eu começo lembrando que a prova pericial tem previsão nos arts. 420 a 439, do CPC.
O juiz não tendo conhecimentos técnicos sobre determinados fatos, e é óbvio que o
conhecimento técnico aqui é o não jurídico, porque o jurídico ele tem. Mas havendo necessidade de
conhecimento técnico não jurídico para a elucidação da questão, o juiz pode nomear um perito para
ajudá-lo. E é preciso que você tenha em mente o art. 436, do CPC:
Art. 436 - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos.
Por que o art. 436 é tão importante? Porque deixa bastante claro que a perícia é um meio de
prova, de modo que o juiz não está adstrito ao laudo pericial. A perícia não é vinculativa. É mais um
elemento de prova. Hoje o valor da prova pericial, contudo, tem sido quase que absoluto. O juiz
olha o que o perito disse e faz o quê? Segue, até mesmo porque não tem conhecimento técnico para
dizer se aquilo é verdade ou mentira.
As hipóteses de não cabimento estão no art. 420, § único e art. 427, do CPC. São três as
hipóteses em que não cabe a perícia:
Eu não preciso nomear um perito para dizer que se você brecar na chuva a 150km/h, muito
provavelmente seu carro vai derrapar. Por outro lado, há prova documental que já é suficiente para
provar a ocorrência do fato A ou B. A perícia é cara. Melhor deixá-la de lado porque, no caso, há
outras provas suficientes para o julgamento da causa. E o que significa dizer que a perícia é
impraticável? Você quer fazer uma perícia para saber os motivos pelos quais a casa vai cair. O
problema é que na hora que você vai fazer a perícia, a casa já caiu. Não adianta mais querer fazer a
perícia. Tem perícia que, pela mudança de estado dos fatos, se torna impraticável. Acidente de
trânsito. Não há como fazer uma perícia no chão, para saber se há marcas de pneu porque um ano
depois as marcas já se apagaram. Então, o art. 420, § único, dá três razões pelas quais a perícia é
desnecessária. Mas tem mais uma:
Art. 427 - O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
considerar suficientes.
É evidente que se as partes já trazem esses elementos técnicos para a formação da convicção
judicial, não me parece que será necessária absolutamente nenhuma prova pericial.
Art. 409 - Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este:
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam influir na decisão; caso em
que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir de seu depoimento;
A regra, para definir o custo da perícia, apesar de não está no capítulo da prova pericial,
compõe o tema da aula. Está no art. 33, do CPC, que é bastante claro:
Art. 33 - Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; a do
perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por
ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.
O fato, portanto, é: quem paga perícia é quem requer. Se os dois requerem ou o juiz
determina a produção da prova pericial de ofício, em vista dos seus poderes instrutórios, o autor
paga. O que tem de problemático aqui? São duas as questões problemáticas:
Consequência do não pagamento dos honorários do perito: - para responder isso, é preciso
distinguir entre perícia ainda não realizada (o juiz mandou a parte pagar e a parte não pagou), a
consequência é a preclusão. Se você queria fazer perícia, o juiz mandou pagar e eu não paguei,
preclusão e a ausência da prova será interpretada em meu desfavor. Mas isso apenas se a perícia não
foi realizada. Mas, se a perícia já está realizada, o juiz aprecia a prova pericial e, portanto, a parte
pode até ser beneficiada por essa prova e o juiz determina a expedição de honorários em favor do
perito. Olhando o art. 585, CPC, você vai ver que uma das hipóteses do título extrajudicial é,
exatamente, a decisão judicial que houver fixado os honorários do perito:
Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as
custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Alterado pela L-
011.382-2006)
Então, antes da perícia, preclusão. Depois da perícia, o juiz aprecia a prova, mas manda
expedir uma certidão para o perito que executará o responsável pelos honorários.
Há autores e decisões de 2º grau a sustentar que se houver inversão do ônus da prova, isso
implicaria, automaticamente na inversão do custo da prova. Se você tem uma relação de consumo e
o juiz diz: “inverto o ônus da prova e determino que o fornecedor prove.” Se o juiz entende que o
réu tem que provar, automaticamente, para alguns autores, a inversão do ônus da prova também
acarretaria a inversão do custo da prova. Consequentemente, se o autor pede uma perícia sobre as
contas bancárias, o que o juiz faria? Apesar de o autor ter requerido, como eu inverti o ônus da
prova, quem paga a perícia nesse caso será o réu.
Esse entendimento, de que a inversão do ônus da prova implica inversão do ônus da perícia
é absolutamente rechaçado pelo STJ que tem milhões de precedentes dizendo que a inversão do
ônus da prova não implica em inversão do custo da perícia. E por que o STJ diz isso? Por um
raciocínio extremamente simples e facílimo de acompanhar: se o autor tem que provar, mas eu
inverti o ônus da prova, para e pensa: quem vai ter interesse em fazer a perícia? O réu, porque o
ônus da prova é dele. Se o réu vai ter interesse de fazer a perícia, quem vai requerer a prova
pericial? O próprio réu e se é ele que requer a prova pericial, quem vai pagar o custo da perícia? É
quem requereu, ou seja, o réu. “Ah, Garjardoni, mas o réu não requereu. Eu vou ficar sem fazer a
perícia?” Você não vai precisar da perícia, sabe por quê? O juiz não falou que o ônus da prova é
dele? Se você quer produzir a prova pericial que não é mais o seu ônus e o réu se omite porque ele
deveria produzir e não requer a produção da prova pericial, o que você pode fazer? Larga a mão da
perícia. Se ele tinha que provar e não provou, você vai ganhar a ação. Portanto, repito: quando você
inverte o ônus da prova, eu ponho todos os atributos de produzir a prova para o réu. Se ele quer
produzir a prova, ele que pague por ela. E se ele não produzir, o azar é dele. O que não se admite é
que eu fale “réu prove” e aí vem o autor e requer uma perícia que é desnecessária porque o ônus é
de lá e aí o juiz fala: “réu, ele requereu, você não requereu, paga a dele.” Não, não tem nada a ver. E
o STJ usa exatamente esse raciocínio: quem requer a produção da prova, paga. E se você inverter o
ônus da prova, quem foi o prejudicado por essa decisão que requeira e que pague, sob pena de arcar
com as consequências da sua desídia.
Inspeção judicial - “Ah, Gajardoni, sobre inspeção judicial, você não falou nada.” Sobre inspeção
judicial, não há nada para falar, a não ser o que consta na lei.
TEORIA DA DECISÃO
Conceito de Sentença
O que é sentença?
1ª C – decisão de um juiz que encerra uma fase do procedimento (Fredie). Para esta corrente
decisão que o juiz toma e que não encerra uma fase do processo é decisão interlocutória. Esta
corrente é a majoritária.
2ª C – para esta corrente, sentença é a decisão do juiz que tenha qualquer dos conteúdos do art. 267
ou 269, CPC. Se o juiz decide com base em um destes artigos é sentença. É irrelevante se encerra
ou não o procedimento para ser caracterizada como sentença. O relevante é saber o conteúdo dela,
mesmo que não encerre.
Outro exemplo: as decisões parciais mencionadas na aula passada são decisões interlocutórias para
a corrente adotada pelo professor e sentença para a 2ª corrente.
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o
interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
o
§ 1 O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte,
intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
o o o
§ 2 No caso do parágrafo anterior, quanto ao n II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao n III, o
autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).
o
§ 3 O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito,
da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar
nos autos, responderá pelas custas de retardamento.
o
§ 4 Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Prevalece o entendimento da primeira corrente. Para concurso, sentença é gênero de decisão judicial
Para a segunda corrente, decisão parcial é sentença.
Decisão de mérito: analisa a postulação da parte. Sempre que a postulação da parte for analisada,
para ser acolhida ou rejeita, será proferida uma decisão de mérito.
Decisão de admissibilidade: é aquela em que o juiz afirma não poder analisar a validade da
alegação. É uma decisão de conteúdo processual. Costumam serem denominadas de decisões
terminativas.
06/06/11
Motivação
Precedente
Essa norma geral construída através do caso concreto, é também denominada como
PRECEDENTE. É a interpretação da lei, dando a ela um sentido.
Se tal precedente é reiteradamente aplicado, e se consolida como entendimento de um referido
tribunal, este torna-se JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE.
A SÚMULA, é o texto da norma geral reiteradamente aplicada. A súmula não é norma, mas sim o
texto da norma. É transcrição da norma geral do caso concreto constituída jurisdicionalmente
A lei é texto, a súmula também é texto. A súmula é um texto da norma, interpretada pelo julgador. A
ideia é de que a súmula simplifique o texto legislativo.
A interpretação da súmula não pode se dar como a interpretação do texto da lei, mas sim pressupõe
a interpretação dos casos que a geraram. Do contrário, cairemos em erro ao tentarmos aplicá-la.
A interpretação de um precedente exige a análise do caso concreto onde o precedente surgiu. Deve-
se verificar se a situação fática de onde o precedente surgiu, analisando o caso concreto originário,
distinguindo-o de seu caso concreto para os casos de não aplicação, ou demonstrando semelhanças,
por meio de analogia, de forma a se permitir a aplicação do procedente ao seu caso. É técnica de
interpretação do precedente relatada acima, é chamada de “Distinguishing”.
Necessário se faz o esclarecimento de que A coisa julgada não recaí sobre o precedente, mas sim a
eficácia jurídica do precedente, que não é coisa julgada. Essa eficácia é erga ominis. Todos podem
aproveitar-se da eficácia do procedente, não atingindo somente as partes, mas sim a coletividade.
Diferente da coisa julgada, que via de regra, atinge somente as partes.
Existem três níveis de eficácia do procedente:
• É a eficácia persuasiva: é a eficácia mais simples que o precedente pode ter. Todo
procedente pode ser utilizado como um argumento. É claro que o mesmo pode ter maior ou
menor força persuasiva, dependendo origem e da qualidade do mesmo;
• Eficácia impeditiva de meio de impugnação de decisão: Há precedentes que uma vez
acolhidos pelo juiz, impedem recurso contra a decisão que os acolheu. Há precedentes que
detém tanta força, que uma vez acolhidos pelo juiz, impedem o questionamento de quem o
acolheu. Ex: precedentes consagrados em Súmulas do STJ ou STF;
• Eficácia Vinculante ou Vinculativa: há determinados procedentes que devem ser observados,
devem ser perseguidos. São os chamados precedentes vinculantes. Não cabe escolha do
magistrado, mas sim obrigatoriedade de segui-los. Estes, são os precedentes consagrados em
súmula vinculante (para todos), assim como os precedentes consagrados em qualquer
súmula (vinculam os respectivos tribunais). Para Fredie Didier Jr, as decisões do STJ e STF
em julgamento de recursos repetitivos, tem eficácia vinculante. No entanto, o
posicionamento do professor é controverso na doutrina.
• A Teoria da Transcendência dos Motivos Determinantes, nada mais é do que
reconhecimento da força vinculante dos motivos oriundos do STF.
Para Freddie Didier Jr, qualquer precedente oriundo do plenário do STF é vinculante. (controvérsia
na doutrina).
É possível mudar o precedente? É possível transcender o precedente? Melhor, dizendo como
controlar os efeitos da eficácia do precedente?
Toda jurisprudência pode ser superada pelas mais variadas razões. Uma nova interpretação do
Direito, o surgimento de um direito novo, etc. A jurisprudência muda, porque o direito muda. A
jurisprudência é uma norma muito mais flexível do que a lei.
A superação ou revogação de um precedente é denominada “Overruling”. Esse mecanismo tem
origem no próprio sistema de precedentes.
O overruling se divide em duas espécies:
• Overruling prospectivo;
• Overruling retrospectivo.
O prospectivo é a superação do precedente dali para frente. As novas situações serão regidas de
acordo com o novo precedente. Não atinge as situações anteriores, como forma de proteger a
confiança. Esse é a regra. Se o precedente é recente, ainda não esta consolidado, é possível falar em
overruling retrospectivo, ou seja, uma superação que produzem efeitos retroativos. Ele só se
justifica se o precedente a ser superado, for precedente recente.
Signaling: às vezes os Tribunais não fazem o overruling, mas apontam signaling, ou seja, dá sinais de
que a jurisprudência será alterada ou seguirá uma determinada orientação. É uma dica de que os
tribunais mudaram seu entendimento.
Ex.: propuseram uma Adi para discutir casamento homoafetivo. Celso de Melo indeferiu essa
Adi, mas disse que achava que cabia Adpf. No outro dia entraram com a Adpf.
“Stare decisis”é nome da teoria que justificou a teoria da força vinculante dos procedentes.
Ratio decidendi é a norma geral da qual se extraí a solução caso concreto. Ela sustenta a decisão.
Podemos afirmar então que a Súmula é o texto da Ratio decidendi. A Ratio Decidendi é o núcleo do
precedente.
Obter dictum (no plural= obter dicta): é tudo quanto estiver na fundamentação e não for ratio
decidendi. Ou seja, são comentários laterais, observações doutrinárias do juiz, etc. Não é
precedente. Pode ser retirado da fundamentação sem maiores problemas, sendo portanto,
desnecessário. Apesar de desnecessário, é grande valia, pois pode revelar uma opinião a qual o
tribunal pode vir a ter.
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo
de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do
credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.
§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e
237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer
impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.
§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de
imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.
§ 3o O exequente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.
§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o
restante.
§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu
desarquivamento a pedido da parte.
Em 2007, o STJ deu uma sentença dizendo que o prazo contava-se do trânsito em julgado. Ademais,
disse que o não aviso do prazo à parte seria a multa a cargo do advogado (isso é um obter dictum; o
mérito era acerca da contagem do prazo).
OBS.: O STJ JÁ MUDOU SEU POSICIONAMENTO ACERCA DA CONTAGEM DO PRAZO.
Dispositivo
É o núcleo da decisão, onde juiz fixa a norma jurídica individualizada. Decisão sem
dispositivo, é decisão que não existe. Sobre ele, recaí coisa julgada.
O dispositivo, às vezes, pode conter mais de uma norma individualizada. Como por
exemplo, se o sujeito peticionar três pedidos, haverá três normas individualizadas
(decisões). Portanto, o dispositivo conterá mais de uma decisão, sendo um feixe de
decisões.
Cada uma dessas decisões contidas denomina-se Capítulo de Sentença. O capítulo de
sentença é a unidade decisória da sentença.
Portanto, a sentença pode ser formalmente uma só, mas substancialmente ser mais de
uma decisão. Pode-se recorrer contra somente um capítulo de decisão, o não recorrido,
transita em julgado. Pode acontecer de que o juiz não tenha competência quanto a um
capítulo, ou não tenha efetuado, sem o prejuízo da correta decisão proferida para os
demais.
Obs. na contestação, inicial, para cada capítulo de sentença, deve-se utilizar um
parágrafo diferente, de forma a clarificar o entendimento.
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir
no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no
momento de proferir a sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
São os atributos, as qualidades que a decisão tem que ter para que a seja válida. Se a
decisão tiver todas as qualidade, é denominada congruente. Congruência aqui em
sentido amplo.
A congruência pode ser externa ou interna.
A sentença é congruente externamente quando esta em acordo com a postulação das
partes. É a congruência em sentido estrito.
Quando a sentença não está em acordo com as partes fala-se que a mesma pode ser :
• Decisão extra petita: é aquela que resolve o que não foi pedido. O juiz
extrapola, inventa, fornecendo o que não se pediu. É uma decisão
inválida naquilo que ela deu o que se pediu.
• Decisão ultra petita: é aquela em que o juiz exagera, fornecendo algo
além do que se pediu. A decisão também é invalida quanto aquilo que
extrapolou o limite.
• Decisão citra petita: é a decisão omissa. É quando o juiz esquece.,
O juiz analisará as questões incidentes e a questão principal ao decidir. Se o juiz deixa de
examinar uma questão incidente relevante para a causa, há flagrante omissão na
fundamentação. Portanto, a decisão é nula por vício na motivação.
O problema é quando o juiz deixa de examinar uma questão principal.
Deixar de examinar o pedido, por exemplo, é uma decisão inexistente, pois não há
dispositivo. Ante isso, não podemos falar em coisa julgada, pois não houve julgamento
quanto ao mérito do pedido, nada impedindo a nova postulação do pedido.
Ver súmula 453 STJ – Crítica, pois há entendimento equivocado, pois dela se extrai o
entendimento de que se mérito dos honorários não foi analisado, pressupõe-se o
indeferimento, perfazendo coisa julgada. É a coisa julgada de coisa não analisada.
1. Certa: sentença certa é aquela que define de maneira expressa qual é o seu
preceito. Certifica a existência ou inexistência de um direito.
2. Exemplo de sentença INCERTA: Julgo procedente o pedido para condenar o réu
para ressarcir os prejuízos que serão apurados.
3. Analise: o juiz que condena com base em prejuízo incerto comete equívoco, pois a
decisão não resolve. Ninguém deve ser condenado por algo não apurado.
4.
5. Clara: A clareza refere-se ao modo de utilização do idioma, quanto a forma. Visa
permitir inteligibilidade da questão.
6. Coerente: é preciso que a exposição da sentença seja coerente, trazendo uma
argumentação lógica. A fundamentação deve estar em acordo com a
argumentação.
7. Líquida: é aquela que define de modo completo os elementos da norma jurídica
individualizada.
8.
9. O juiz quando julgar, deverá e sua sentença observar cinco perguntas:
10. Se há dívida? - respeitando, teremos decisão certa.
11. Quem deve? - respeitando, teremos a sentença líquida
12. A quem se deve? - respeitando, teremos a sentença líquida
13. O que se deve? - respeitando, teremos a sentença líquida
14. Quanto se deve?- respeitando, teremos a sentença líquida
A sentença é líquida quando se responde cumulativamente os quatro últimos
questionamentos. É a sentença ideal, que deve ser buscada. Ocorre nos juizados e no
procedimento sumário nos casos que envolvem acidentes de trânsito.
Há casos em que o legislador autoriza que o juiz profira sentenças não líquidas (ilíquidas)
Se o pedido do autor for ilíquido, a sentença pode ser ilíquida. É uma iliquidez em relação
ao quanto.
Se o pedido for líquido, a sentença tem que ser líquida. Se por acaso a sentença não for
líquida, portanto o juiz viola a regra de congruência, somente o autor pode impugná-la.
Ver Súmula 318 do STJ.
Nas ações coletivas, relativas a direitos individuais homogêneos, a sentença será ilíquida.
Essa iliquidez será majorada em relação aos demais casos, pois nas ações coletivas para
direitos individuais homogêneos, o juiz não sabe o quanto da condenação, como
tampouco os credores (quem).
A iliquidez de uma sentença não se resume em iliquidez em relação ao quanto. Essa é a
relação mais simples.
Quando a sentença é ilíquida, deverá passar pela liquidação.
Liquidar a sentença, é completar o que falta. É terminar a compreensão da norma. É
responder as perguntas que faltavam.
Terminologia
É o relatório ou a descrição daquilo que de importante ocorreu no processo, isto é, o resumo do pedido,
da defesa, a notícia dos principais incidentes do processo.
No Juizado Especial, o relatório é dispensável, sendo que nos demais procedimentos, apesar de sua
imprescindibilidade ser prevista no CPC, sua ausência não tem gerado a invalidação da sentença.
2. FUNDAMENTAÇÃO: seu objeto são as questões incidentes, devendo constar na fundamentação todas
as questões relevantes para a solução do litígio. É uma imposição constitucional (art. 93, IX, CF).
É uma consequência da publicidade, bem como do contraditório. Contudo, mesmo que se não houvesse
texto expresso, a fundamentação seria consequência da publicidade e do contraditório. Sem
fundamentação? Decisão NULA.
Frisa-se nos que o autor italiano TARUFFO que decisão sem fundamentação é decisão inexistente, porém
não é a tese que vinga no Brasil. No Brasil é decisão que existe, mas é viciada. Na fundamentação que
está racio decidente; é o precedente que produz uma séria de efeitos (já examinados). OBS.: a coisa
julgada não recai sobre a fundamentação.
• Endoprocessual: serve para que as partes possam elaborar seus recursos e também serve para
que o tribunal possa manter ou reformar a decisão; e
• Extraprocessual: serve para dar publicidade ao exercício da função jurisdicional e para permitir o
controle político das decisões.
Contudo, pode acontecer de o dispositivo de uma sentença conter várias decisões; quando isso acontece
a sentença é o seguinte: embora formalmente seja única a sentença, ela é várias decisões
(substancialmente).
Formalmente vejo uma decisão, mas na verdade há mais de uma decisão, há mais de uma sentença. E
quando isso ocorre, fala-se que ela é um sentença OBJETIVAMENTE COMPLEXA. Embora uma só, contém
várias decisões. Cada uma dessas decisões contidas em uma sentença se chama CAPÍTULO DE
SENTENÇA, isto é, é a unidade decisória da sentença.
Em suma, para cada pedido. Abrir um parágrafo na sentença. Isso é mais técnico e mais seguro. Diante
disso, conclui-se que deve fazer uma fundamentação para cada capítulo. Muitas vezes o fundamento de
um capítulo é comum a de outro; aí não é necessário reproduzir.
Assim, o professor sugere que a fundamentação seja dividida em capítulos. Embora, ninguém faça isso
na prática, deveria ter uma fundamentação para a fixação dos honorários, porque a medida que você faz
isso sua sentença torna-se inteligível e a pessoa não esquece de fundamentar nenhum pedido. Quando a
fundamentação for idêntica dizer “remeto a fundamentação do pedido x, y, z”.
Os requisitos são atributos que uma sentença deve ter para ser valida. Todos os requisitos da sentença se resumem em uma palavra,
que é a congruência (perfeição da sentença). A congruência da sentença pode ser interna ou externa.
Sentença ultra petita: a sentença ultra petita é aquela em que o juiz ultrapassa o que se pede (ex: parte
pede R$ 110 e ele dá R$ 150). Neste caso, a sentença só é nula em relação ao excesso (ex: nula em
relação aos RS 40).
Sentença extra petita: a sentença extra petita é aquele em que o juiz dá o que não se pediu, inventando
um pedido (ex: parte pede a anulação do contrato e o juiz dá uma resolução ao contrato).
Aqui decisão não há, logo, não há o que se falar em coisa julgada. Como falar em coisa de julgada de
coisa que não foi julgada? Então, como é que se faz? Renova-se o pedido. O processo acabou? Não.
Renova-se o pedido. O ideal é que em embargos de declaração o juiz já se manifeste e resolva o
problema. Caso contrário, renova-se o pedido. Não há preclusão.
Não confundir a omissão em relação a uma decisão com a omissão em relação a um pedido, tendo em
vista que os efeitos são muito distintos.
CONGRUÊNCIA INTERNA DA SENTENÇA: a congruência interna significa que a sentença deve ser:
certa, clara, coerente e líquida.
.Certa: significa que a sentença não pode trazer dúvidas (ex: somente poderá se condenar alguém se
houver prova do dano. Pode não saber o tamanho do dano, porém, deverá saber se houve ou não o
dano).
.Clara/inteligível/clareza: significa dizer que a sentença deve ser inteligível, bem escrita (compreendida);
não basta ter uma linguagem escorreita. É preciso, por exemplo, que a sentença não esteja borrada,
amassada. Caso seja uma sentença manuscrita que seja com letra legível. Outro caso: caso cite língua
estrangeira que traduza também. Enfim, para o homem comum entender. A clareza é inclusive uma
imposição do Princípio da Cooperação.
.Líquida: é aquele que define de forma completa os elementos da norma jurídica individualizada. A
sentença é líquida se ela responde a cinco perguntas, quais sejam:
• 1. A dívida existe?
• 2. Quem deve?
• 3. A quem se deve?
• 4. O que se deve?
• 5. Quanto se deve?
Portanto, nem toda iliquidez se resume ao quantum da sentença. Há situações em que se permite uma
decisão ilíquida, quando o pedido do autor é ilíquido. Exemplo: no caso de um pedido genérico (art. 286
do CPC) □ admite-se sentença ilíquida.
Tal iliquidez é em relação ao quantum. Transfere-se a definição do quantum para outro momento.
Liquidar a sentença? Completar a norma individualizada. Isso é a liquidação da sentença. Essa iliquidez
mencionada é a iliquidez básica.
Há, porém casos de iliquidez maior (mais ampla) a iliquidez é ainda mais ilíquida. Exemplo: sentença em
ação coletiva. A sentença em ação coletiva condena o réu a ressarcir “as vítimas”. Quem são as vítimas?
Quem são os credores? Você não sabe. A liquidação dessa sentença coletiva haverá necessidade de
abranger não só o quantum se deve, mas também a quem se deve.
OBS1.: se o pedido for líquido a sentença tem de ser. O autor e somente ele poderá impugnar isso.
Dizendo que o juiz errou a proferir uma sentença ilíquida. Pois isso é algo que só interesse a ele (ele fez
pedido líquido □ só cabe ele pedir sentença liquida), consoante a súmula abaixo:
Súmula 318 do STJ. Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em
arguir o vício da sentença ilíquida.
OBS2.: nos juizados especiais, a sentença sempre tem de ser líquida, sem qualquer exceção. Já no
procedimento sumário, a sentença tem de ser líquida nos casos que dizem respeito à indenização ou
cobrança de segurado de acidente de trânsito. Não há opção, a sentença tem que ser líquida. Por fim,
ressalta-se que mesmo que o legislador venha estabelecer outros casos que sentença ilíquida, deve-se
sempre responder a questão “a dívida existe?”, caso contrário seria uma sentença incerta.
.Ao julgar a demanda, poderá o juiz levar em consideração os fatos ocorridos após sua propositura, ou deverá julgar de
acordo com a realidade da época da propositura?
O juiz deve proferir uma sentença justa, no dia em que decidir, conforme o contexto do dia em que for proferida, isto é, todos os fatos
que acontecerem após a propositura da ação e que tenham relevância para o julgamento da causa.
Deve-se fazer a justiça na data da decisão, ou seja, esta deve ser justa quando proferida, logo, levará em conta os fatos
supervenientes.
Todo fato superveniente à propositura da demanda, relevante para o julgamento da causa deve ser levado em consideração pelo juiz
até mesmo ex officio (art. 462, do CPC).
“Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito
influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da
parte, no momento de proferir a sentença.”
Exemplo: se foi paga a dívida discutida.
OBS.: é possível tanto que o interesse de agir passe a existir quanto a inexistir no curso do processo.
SENTENÇA DETERMINATIVA
Aparece na doutrina basicamente em dois sentidos, sendo certo que o mais apropriado é o que entende como sentenças em que há
maior discricionariedade judicial (o poder criativo do juiz se revela mais amplamente, como no caso das sentenças em que o juiz
aplica o princípio da boa-fé, pois a lei não determina os requisitos da boa-fé, por exemplo).
Enfim, sentença em que o juiz exerce um poder criativo. Existe certa discricionariedade. Cria uma solução não predeterminada pelo
legislador. Exemplo: sentenças que aplicam uma cláusula geral.
Em outro sentido, defende ser sentença determinativa aquela em que o juiz decide relações continuativas, que se prolongam no tempo
(ex.: sentença em ações de alimentos ou guarda de filhos menores).
EFEITOS DA SENTENÇA
1. Efeitos principais: são aqueles que decorrem diretamente do conteúdo da sentença para atingir a relação jurídica controvertida. O
efeito principal decorre da norma individualizada criada pelo juiz. Portanto, decorre da vontade do juiz. É aquilo que o juiz do
determinou. Isso é o efeito principal da sentença. Mas não basta isso, é preciso que atinja a relação discutida. Isso sim é o efeito
principal.
Efeito principal Permitir a execução da A criação da situação jurídica nova A certeza acerca da existência
prestação devida. tendo em vista a efetivação de um ou não da relação jurídica.
direito potestativo.
2. Efeitos reflexos: são aqueles que decorrem do conteúdo da sentença para atingir relação jurídica conexa àquela discutida. É a
possibilidade de efeito reflexo que autoriza a assistência simples, isto é, admite-se a assistência simples, quando a sentença puder ter
esse efeito reflexo. Assim, se o efeito principal atinge terceiro, autoriza-se a assistência litisconsorcial.
Ex1: o despejo do locatário atinge reflexamente o sublocatário. A repercussão do despejo no sublocatário é um efeito reflexo da
sentença.
3. Efeitos anexos: são efeitos do fato-sentença. Aqui a sentença é vista como um fato, e não como um ato. São os efeitos automáticos
da sentença, decorrendo da lei, independentemente do conteúdo da decisão; independem de manifestação judicial. O juiz não decide
acerca dos efeitos anexos, que tampouco são requeridos pelas partes (independe do pedido da parte). A lei nesse caso trata a sentença
como um FATO e não como um ATO.
Ex1: a terceira sentença por abandono gera por efeito anexo a perempção.
Ex2: a sentença que condena o réu a pagar quantia ou entregar coisa é apta a servir como título de uma hipoteca imóvel do réu. É
uma hipoteca judiciária e não contratual, cujo título é uma sentença. O juiz não tem que autorizar uma hipoteca judiciária. Nem a
parte tem que pedir tal hipoteca. É um efeito anexo tal hipoteca. Independe de pedido (não precisa ter perigo, etc.). Cita o artigo
abaixo:
CPC, Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro
ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz
na forma prescrita na Lei de Registros Públicos.
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: I - embora a condenação seja
genérica; II - pendente arresto de bens do devedor; III - ainda quando o credor possa promover a
execução provisória da sentença.
4. Efeitos probatórios: a sentença é um documento público, logo, prova fatos, como por exemplo, sua própria existência ou a
ocorrência de fatos nela descritos.
Ex2: a sentença prova tudo aquilo que o juiz diz que presenciou (ex: se o juiz falar que colheu o testemunho do João no dia 10 de
março □ a sentença é prova de que João foi testemunha naquele dia, naquela hora). Isso tem importância na seara penal; no caso de
desaparecimento dos autos.
OBS.: a sentença não prova o fato que o juiz reputou provado. Isto é, em outro processo, outro juiz poderá ter outra impressão
daquele fato. Então, a sentença prova o quê? A sentença prova que o juiz reputou que aquele fato aconteceu.
COISA JULGADA
Conceito: É a indiscutibilidade do conteúdo de determinadas decisões judiciais, é a estabilidade adquirida pela norma jurídica
individualizada contida na sentença. Essa indiscutibilidade se opera tanto dentro quanto fora do processo em que a norma foi criada.
Alguns autores se referem a este instituto como “coisa julgada material”, que se contrapõe à chamada “coisa julgada formal”. Esta
última, para a maioria da doutrina, é a preclusão da decisão, isto é, a decisão se torna indiscutível dentro do processo em que foi
proferida.
OBS.: para Luís Eduardo Mourão a coisa julgada material é a coisa julgada das decisões de mérito. Já a coisa julgada formal é a
coisa julgada das questões processuais; aquelas com base no art. 267 do CPC. A preclusão para ele seria puramente endoprocessual.
Frisa-se que esta não é a visão majoritária. Trata-se de tese interessantíssima, mas não é majoritária.
◊que se trate de decisão de cognição exauriente, exaustiva, que não sejam decisões provisórias como as liminares, que não se fundem
em cognição sumária ou verossimilhança;
◊que haja coisa julgada formal, ou seja, para que decisão se torne indiscutível em qualquer lugar é preciso primeiro que ela se torne
indiscutível no processo.
. Efeitos da coisa julgada
a) Efeito negativo: impede nova decisão sobre aquilo que já haja sido decidido.
b) Efeito positivo: ocorre quando a propositura de uma demanda for baseada, fundamentada na coisa julgada, que será utilizada como
causa de pedir de outra demanda. O juiz da segunda demanda deverá levar em conta a coisa julgada. Ex.: ação de alimentos
fundamentada na coisa julgada produzida em ação investigatória de paternidade.
c) Efeito preclusivo ou eficácia preclusiva: a coisa julgada torna preclusa a possibilidade de se alegar qualquer coisa que poderia ter
sido alegada para o acolhimento ou rejeição do pedido, mas não o foi (“o que era possível deduzir e não foi deduzido considera-se deduzido
e repelido”).
CPC, Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as
alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.
Frisa-se que se o autor tiver outra causa de pedir ele poderá voltar a juízo, pois se trata de nova demanda. A eficácia preclusiva da
coisa julgada não abrange outras causas de pedir. Este é o pensamento majoritário. OBS.: no caso de uma incompetência absoluta, pode
alega qualquer tempo, contudo desde que seja até o trânsito em julgado.
Ademais, a eficácia preclusiva abrange tudo aquilo que a parte poderia ter suscitado. Assim, a eficácia preclusiva NÃO abarca fatos
posteriores à coisa julgada. Qualquer coisa julgada pode ser afetada por fatos que lhe são posteriores.
São relações jurídicas continuativas aquelas que se prolongam no tempo, como as relações de família, locatícias, tributárias e
previdenciárias. A sentença que envolva esse tipo de relação faz coisa julgada normalmente, sendo erro crasso defender o contrário
com o fundamento de que a decisão poderá ser revista em caso de mudança dos fatos.
Com a alteração dos fatos, é gerada uma nova situação, se impondo uma nova decisão que por sua vez produzirá nova coisa julgada.
Tanto há coisa julgada que, não se demonstrado a nova situação, a sentença não será revista.
A coisa julgada nestas relações recebe a denominação de “coisa julgada rebus sic stantibus”. Ex.: ação de alimentos, ação de guarda.
Em tal sentido temos a súmula 239 do STF: “Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz
coisa julgada em relação aos posteriores”.
É o que se torna indiscutível pela coisa julgada. É o dispositivo, o comando jurídico, o conteúdo da norma jurídica individualizada.
Assim, aquilo que foi decidido na fundamentação não fica indiscutível pela coisa julgada. Logo, não faz coisa julgada:
• a questão prejudicial decida incidentalmente também não faz coisa julgada (neste último caso – salvo se houver pedido de
declaração da prejudicial);
• a “ratio decidendi” que também está na fundamentação também não se torna indiscutível pela coisa julgada.
OBS.: rever a eficácia do precedente; a eficácia da intervenção do assistente simples (art. 55, CPC); e o problema da coisa julgada em questões
prejudiciais.
É o que responde quem são os sujeitos que se submetem a coisa julgada. Há três modelos de limitação subjetiva da coisa julgada. A
coisa julgada vai operar de uma entre três maneiras. Vejamos:
• 1. Inter partes (regra do nosso sistema - art. 472, do CPC), ou seja, apenas vincula aqueles que participaram do processo,
não prejudicando ou beneficiando terceiros.
CPC,Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem
prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo,
em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a
terceiros.
• Pro et contra, ou seja, poderá acontecer qualquer que seja o resultado da causa (favorável ou desfavorável ao autor). Trata-
se da regra adotada no nosso sistema;
• Secundum eventum litis, depende do julgamento, ao contrário da anterior. Só ocorre segundo um determinado resultado. Vai
depende do resultado. No processo civil praticamente inexiste (o professor desconhece um exemplo, mas sim no processo
penal, como, no caso da coisa julgada penal condenatória, que poderá ser revista a qualquer tempo). Obs.: no caso do art. 103,
CDC – só se estende se for procedente, porém não se trata de exemplo de produção da coisa julgada secundum eventum litis. A coisa
julgada aqui existe, mas só poderá ser utiliza se for procedente. O segundo eventum litis não se refere à coisa julgada, mas sim a extensão
da coisa coletiva ao plano individual; e
• Secundum eventum probationis, isto é, se a decisão for de improcedência por falta de provas não haverá coisa julgada, ou
seja, apenas haverá coisa julgada se houver exaurimento da prova. Este último regime é hoje muito prestigiado, como se
verifica nas ações coletivas (Ação Popular) e na lei do Mandado de Segurança (se o juiz concluir que não foi provado o
alegado será possível interposição da ação ordinária). Indaga-se: pode haver coisa julgada na improcedência do MS? Sim, desde que
o pedido seja julgado improcedente em razão da inexistência do direito. Outro exemplo é o da coisa julgada na ação coletiva que
verse sobre direitos difusos e coletivos.
a) Ação rescisória (art. 485, do CPC): se caracteriza por se tratar de uma ação que permite a revisão da coisa julgada num prazo de 02
anos por razões formais e substanciais (de justiça). Assim, apesar do exíguo prazo para sua propositura, seu conteúdo é bastante
amplo.
b) Querela Nullitatis (art. 475-L, I e art. 741, I): se caracteriza por não se sujeitar a prazo e por apenas poder ser proposta por
questões formais (em geral vícios na citação – ex: sentença proferida em face de pessoa não citada).
c) Correção de erro material (art. 463): pode se dar a qualquer tempo, e até mesmo ex officio (erro de cálculo, erro gráfico, erro
ortográfico, etc.).
d) Revisão de decisão fundada em lei, ato normativo ou interpretação tida pelo STF como inconstitucionais: esta hipótese é uma
forma de revisão da coisa julgada na execução prevista no CPC, nos arts. 475, l, §1º e 741, parágrafo único. OBS: isso é matéria do
intensivo II. Trata-se de espécie de defesa do executado. OBS2: cita que tal instituto foi manifestação do STF (Celso de Melo entendeu que é
inconstitucional) – ACOMPANHAR SITE STF.
Teoria que prega a insuficiência dos meios supracitados para rever a coisa, para tal teoria é necessário relativizar ainda mais a coisa
julgada. Frisa que a denominação correta seria Teoria da relativização atípica (pois a coisa julgada já relativizada por meios típicos).
O movimento doutrinário de relativização da coisa julgada pretende a revisão atípica da coisa julgada, ou seja, que ela seja revista
por outros instrumentos além daqueles acima estudados, tendo em vista que a injustiça manifesta não pode prevalecer, devendo ser
passível de revisão a qualquer tempo, bem como nos casos de manifesta inconstitucionalidade, manifesta irrazoabilidade.
Esse posicionamento tem justificado, por exemplo, a renovação da discussão acerca da paternidade; a diminuição de valores
astronômicos fixados em desapropriações; etc. Esta teoria tende a aniquilar a coisa julgada, além de não garantir que a segunda
decisão proferida também seja injusta.
• São expoentes de um contra movimento: Nelson Nery, Olvídio Baptista, Marinone, Barbosa Moreira. □
Assim, na doutrina prevalece o entendimento de que a coisa julgada apenas poderia ser revista por meios típicos, entretanto, o STJ
possui inúmeras decisões relativizando atipicamente a coisa julgada (como nos casos da ação de paternidade – quando exame de DNA
demonstrar o contrário do que o juiz dissera).
Aliás, tal teoria não só repercutiu no STJ, mas também na seara legislativa, pois aquele quarto instrumento de revisão ( que é
instrumento típico de revisão da coisa julgada) já é produto do momento a favor de se relativizar ainda mais a coisa julgada.
Bernardo Pimentel Souza – introdução aos Recursos Cíveis e à Ação Rescisória – Saraiva
Fredie Didier Jr. Vol. III
←Ação Rescisória
Panorama dos instrumentos de revisão da coisa Julgada
A coisa julgada pode ser controlada por vários instrumentos, sendo que a rescisória é a forma mais
tradicional e cujas principais características são: prazo de dois anos para ser ajuizada, competência
de tribunal, é um instrumento de controle da coisa julgada por razões formais ou de injustiça – um o
que se mostra uma grande amplitude.
A rescisória não se fundamenta necessarimente em um problema formal, ela abrange um rol de
hipótese muito eclético.
Outro meio de se controlar a coisa julgada é a querela nulitatis (prevista no art. 475-L, I e 741; não
possui prazo para ser ajuizada e só pode ser ajuizada com fundamento em questões formais relativas
à falta ou nulidade de citação).
O terceiro instrumento é a correção de erros matérias (pode se dar a qualquer tempo; pode se dar de
ofício pelo juiz)
O quarto meio é a correção de sentenças fundadas em lei, ato normativo ou interpretação tidos pelo
STF como inconstitucionais (art. 475-L §1º e 741, §ú; é uma forma de controle da coisa julgada por
questões de justiça; não possui prazo previsto em lei para se valer dela). Celso de melo já opinou
pela inconstitucionalidade desse instituto em discussão
Conceito
Ação autônoma de impugnação cujo objetivo é o de desconstituir decisão judicial transitada em
julgado e, eventualmente, promover o rejulgamento da causa. Logo pode-se fazer dois pedidos na
rescisória, a desconstituição do julgado e já que ele foi desfeito, o novo julgamento. Sempre haverá
pedido desconstituição, mas pode ser que o caso não permita o novo julgamento.
Ao invés dos termos desconstituir e rejulgar, usa-se para desconstituir juízo rescidente e para
rejulgar juízo rescisório.
desconstituir = juízo rescindente = iudicium rescindens
rejulgar = juízo rescisório = iudicium rescissorium
Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de
novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento
previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo
objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Em um julgado, o STJ disse qeu a referencia que o 268 faz ao inc V é exemplificativa,
logo, haveria outras sentenças terminativas que impediriam a repropositura, quais sejam:
todas as sentenças terminativas que se baseassem em defeitos do processo. Sentença
terminativa faz coisa julgada formal
←2 - Prazo
O prazo para o ajuizamento da rescisória édecadencial de 2 anos, contados do transito em
julgado. O art. 8º-C, da Lei 6739/79 estabelece o prazo de 8 anos para o ajuizamento de
rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de terras públicas rurais
Art. 8oC É de oito anos, contados do trânsito em julgado da decisão, o prazo para ajuizamento de
ação rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de terras públicas rurais.
Há dois aspectos importantes para concurso:
12. prazo da rescisória no caso pluralidade de coisas julgadas no processo:
ex.: uma sentença que tem 3 capitulos, recore-se dos 1 e 2, logo o 3 faz coisa julgada;
depois impetra-se REsp relativo ao capítulo 1, portanto o2 faz coisa julgada. Dessa
forma pode haver o qeu se chama de coisa julgada progressiva – coisas julgadas de um
processo que acontecem em momentos distintos. Para a doutrina , em uma situação
como essa, cada coisa julgada dá início à contagem do prazo de sua respectiva rescisória.
O STJ, porém, pensa de maneira diversa. Ele pensa que o prazo de rescisória tem que ser
único e contaria a partir da última decisão. Além disso o STJ diz isso em um súmula de
péssima redação e sem respaldo doutrinário.
Súmula: 401 STJ
O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do
último pronunciamento judicial.
O TST, por sua vez, entende de forma diversa, como se vê na Súmula 100, II
Súmula 100 TST
SUM-100 AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs
13, 16, 79, 102, 104, 122 e 145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
13. A outra grande questão sobre o prazo é acerca da contagem do prazo para recisória, se a
última decisão não conheceu do recurso.
Há três correntes sobre o assunto:
1- Corrente de Barbosa Moreira □ a decisão que não conhece do recurso é declaratória
com efeitos retroativos, portanto o prazo teria começado a contar desde 2006
2- Posição intermediária □ conta-se o prazo da última decisão, salvo em duas hipóteses:
nos casos de intempestividade e manifesto incabimento. Também é a dicção da Súmula
100, inc. III do TST
III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de
recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela
Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)
3- Não retroage nunca, é sempre a última decisão, por razão de segurança, pois a decisão
que não conhece do recurso seria desconstitutiva. Essa é a teoria minoritária, mas o STJ
tem um julgado adotando essa possível.
Inc. I □ terceiros que vieram a integrar a lide se tornaram parte, logo podem propor
Inc. II □ aqui vale o raciocício do recurso de terceiro interessado (LEMBRAR DE ESTUDAR
EFICÁCIA REFLEXA DA DECISÃO, VISTO NA AULA DE SENTENÇA).
Inc. III □ MP aqui na função de custus legis, pois se ele foi parte já estava no inc. I.
Se o MP não tiver sido parte, ele te terá que ser obrigatoriamente ouvido. Caso de intervenção
obrigatória do MP.
Súmula 407 TST
AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE "AD CAUSAM" PREVISTA NO ART.
487, III, "A" E "B", DO CPC. AS HIPÓTESES SÃO MERAMENTE EXEMPLIFICATIVAS
A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha
sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b"
do inciso III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas.
O prazo para o MP propor a rescisória no caso de colusão só começa a fluir para o MP não que
interveio no processo a partir do momento que o MP teve conhecimento da fraude Súmula 100,
inc. VI. Assim há uma modulação do prazo para se propor a rescisória.
Legitimidade Passiva
Cita-se na rescisória aquele que se beneficiou da decisão que se busca rescindir, não precisando o
pólo passivo de ser necessariamente idêntico ao da ação que se busca rescindir.
SUM-406 AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E
FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO
I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo passivo da demanda,
porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os
litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o litisconsórcio é
facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela necessidade
decorrente da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito individual de
um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para retomar a lide.
←4 – Hipótese de rescindibildade
A causa de pedir da rescisória não é livre, em que se encaixar a causa de pedir da rescisória às
hipóteses típicas de rescindibilidade. A rescisória é uma ação típica, pois ela não pode ser impetrada
com qualquer fundamento, sua fundamentação é vinculada às formas expressamente previstas em
lei, que hora dizem respeito a questões de invalidade, ora de injustiça. O Rol dessas hipóteses é
taxativo e está previsto nos arts. 485 (que é o geral) e no 1030 (rescisória de sentença em
inventário). Aqui se examinará as hipótes do art. 485 do CPC
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre
as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar literal disposição de lei;
Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja
provada na própria ação rescisória;
;
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou
a sentença;
;
§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente
um fato efetivamente ocorrido.
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.
Apesar de ser uma súmula antiga e aceita, a 1ª revisão dela foi feita pelo STF ao afirmar que ela não
se aplica em matéria constitucional se o STF tiver pacificado o entendimento. EX.: havia
divergência e o STF sanou essa divergência, cabe rescisória para que se faça prevalecer o
pensamento do STf como forma de dar efetividade à interpretação da constituição do STF.
Com o REsp 1026234, julgado em maio de 2008, o STJ passou a adotar o seguinte entedimento:
essa súmula também não se aplica nos casos de interpretação à lei se o STJ já tiver pacificado a
interpretação. Esse julgamento é marcante, mas depois foi revisto pelo próprio STJ em EmbDiv,
onde não se reviu o entendimento aqui explicitado – a revisão se deu por outra razão. Assim, como
a parte revista é outra, ela ainda serve como um signaling. Ver o editorial 69 do site do Fredie
Didier.
Há uma tendência da doutrina e dos tribunais a dar tratamento ao inc. V igual ao dado do RE
Súmula-410 TST AÇÃO RESCISÓRIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 109 da SBDI-2)
A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de fatos e provas do processo que
originou a decisão rescindenda.
Isso apesar de não ter motivo, acontece.
Súmula 298 TST Ação rescisória. Violência à lei. Prequestionamento
A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de lei pressupõe pronunciamento explícito, na
sentença rescindenda, sobre a matéria veiculada.
O STJ não exige prequestionamento.
←Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal
ou seja provada na própria ação rescisória
Rescisória por prova falsa (qualquer tipo de prova e qualquer tipo de falsidade, ideológica ou
material). A falsidade pode ser apurada no bojo da ação rescisória.
É mister que a prova falsa tenha servido de base para a decisão. Se há outros fundamentos que
sustentem a decisão, não há como propor a decisão.
Este artigo se aplica por analogia a todos os outros atos. O art. 352 dois erros corrigidos em azul
←Reclamação
Esse é um dos assuntos que mais sofreu modificações nos últimos anos.
A reclamação é uma ação autônoma de impugnição de decisao judicial, prevista na CF e com
fundamentação vinculadas (hipóteses previamente definidas pelo constituinte). A CF só prevê
reclamação para o STF e STJ. O TST previu reclamação em seu regimento interno, porém o STF
entendeu que essa previsão era inconstitucional.
Durante muitos anos o STF entendia que não cabia reclamação perante TJ, por falta de previsão
legal. Acontece que em 2003 o STF mudou a sua orientação para admitir reclamação perante TJ, se
houver previsão na Constituição do Estado.
Órgão
onde
tramita a causa
Conceito
É um meio de impugnação1 voluntário2 (depende de provocação - não há recurso de ofício, recordando que o reexame necessário não é recurso – exatamente
pelo motivo da voluntariedade), previsto em lei3 federal (não há recurso por costume ou norma estadual) para, no mesmo processo4 em que foi
proferida, impugnar a decisão (recurso prolonga a vida de um processo – por isso a ação rescisória não é recurso - ), a fim de5 reformá-la, invalidá-la,
esclarecê-la ou integrá-la.
OBS.: o Agravo Regimental tem previsão legal, sendo apenas regulamentado pelos regimentos dos Tribunais. Não fere a previsão
legal, o regimento apenas detalha a lei.
O recurso é um ato postulatório (não se confunde com petição – o recurso é uma outra demanda), e como tal, apresenta um pedido, ao qual
antecede uma causa de pedir:
Reforma (pretende a correção da mesma decisão) – Não Error in judicando – é a má aplicação ou interpretação da
se discute a forma da decisão, mas sim seu conteúdo. lei ou sua não aplicação; ou má valoração das provas.
Invalidação (pretende uma nova decisão) – Não se discute Error in procedendo – é erro que gera a nulidade da
o conteúdo da decisão, mas sim seus aspectos formais, sua sentença □por não possuir um de seus elementos (relatório,
validade. Pretende desfazer a sentença em razão de um fundamentação ou dispositivo); □por ser ultra, extra ou citra
defeito; quando a decisão é defeituosa. petita; ou □pelo processo não ter transcorrido de acordo com
as regras de procedimento.
OBS.: É possível o pedido cumulativo e mesmo subsidiário no recurso. Lembre-se que há a cumulação própria (quer todos os
pedidos) e a cumulação imprópria (apenas um dos pedidos). Estas duas são cabíveis no âmbito recursal.
a) Recursos;
b) Ações autônomas de impugnação de decisão judicial (Ex.: ação rescisória; “querela nullitatis”; mandado de segurança contra ato
judicial; embargos de terceiro; reclamação);
c) Sucedâneos recursais, que é tudo aquilo que não for recurso nem ação autônoma. É tudo aquilo que serve para impugnar uma
decisão judicial. (Ex.: reexame necessário, correição parcial e pedido de suspensão da segurança). OBS.: alguns autores dividem só
em recursos e sucedâneos. Optam por uma divisão binária, colocando as ações autônomas como exemplos de sucedâneos recursais.
O professor opta pela divisão trinaria, pois entende que é conveniente destacá-las como outro tipo de meio de impugnação. Mas isso
não muda a natureza das coisa; é tão-somente um meio mais didático.
. Atos sujeitos a recurso: apenas as decisões são sujeitas a recurso (os despachos não admitem recurso).
Interlocutórias (x cabe Agravo de instrumento do art. 524 do CPC ou Agravo Retido – art. 522 do CPC).
Decisões em Tribunal
Monocráticas: aquelas proferidas por um membro, quais sejam: □ do relator; e □ do Presidente ou Vice-Presidente do
Tribunal.
1ª Decisões parciais que são agraváveis (e para outros são sentenças parciais apeláveis). Ainda, há quem diz que são sentenças
parciais agraváveis. Por fim, há vozes dizem que é um mix (híbrido).
2ª Existem sentenças agraváveis. Ex: sentença que decreta a falência e sentenças que julgam liquidação de sentença (que é
agravável – art. 475 – H, CPC).
3ª A Lei 6.830/80 (art. 34) prevê que as sentenças que extinguem a execução fiscal de até 50 ORTN (em torno de 100 e 500 reais) não
são apeláveis, são impugnadas pelo Recurso de Embargos Infringentes de Alçada (“embarguinhos”), julgados pelo próprio juiz
que proferir a sentença (não se confunde com os Embargos Infringentes previstos no CPC).
4ª Nos juizados especiais as decisões interlocutórias são irrecorríveis e a sentença impugnável por um recurso distinto da apelação
(recurso inominado). Ocorre que nos juizados estaduais as interlocutórias não são agraváveis, contudo nos juizados federais as
decisões que envolvem tutela de urgência são agraváveis.
5ª A Lei de assistência judiciária (1.060/50) no seu art. 17 se refere à possibilidade de apelação em face de decisões que a aplicarem.
Ocorre que referidas decisões não são sentenças, mas sim, meras decisões interlocutórias. A doutrina diz o seguinte: existem decisões
proferidas com base nessa lei que são proferidas em autos apartados ( pedido superveniente de justiça gratuita e pedido de revogação da
justiça gratuita), sendo que apenas nesses casos se justificaria a apelação e quando a decisão for proferida nos próprios autos será
cabível agravável.
6ª O processualista paraibano Delosmar Mendonça Junior □participa de inúmeros concursos defende a tese de que são três as
decisões do juiz singular, acrescentando às interlocutórias e às sentenças, a decisão que não admite apelação. De acordo com o jurista
não seria caso de interlocutória porque encerra o processo, nem tampouco sentença por ser proferida após esta (ex.: decisão que não
admite recurso). Enfim, para esse tipo de decisão cabe agravo.
1ª
Contra as decisões dos relatores caberá, em regra, Agravo Regimental (leva a decisão do relator para que o colegiado decida novamente -
revise), também denominado Agravo Interno (art. 39, da lei 8.038/90).
Frisa-se que há uma tendência de se criar um obstáculo contra a decisão de relator que não tenha extinguido o processo. Ex: art. 527,
parágrafo único, CPC.
Até em 2009 valia uma súmula do STF (n. 622) que dizia que não cabia agravo regimental contra decisão de relator em liminar de
MS. Esta não seria impugnável por agravo regimental. Contudo, tal súmula está superada. Cuidado! A lei nova do MS previu o
oposto
Caso:
Um relator julgou monocraticamente uma apelação e contra esta decisão interpuseram agravo regimental.
Tal agravo regimental vai para a turma e ao examiná-lo de duas a uma: ou a turma mantém a decisão do relator ou a turma revê a
decisão do relator.
Observe que de um jeito ou de outro, ou mantida a decisão do relator ou revista a decisão do relator. Nota-se que é a apelação que
terá sido julgada.
O julgamento do agravo regimental contra a decisão de relator que julgou monocraticamente um recurso (apelação, RE, REsp, etc.)
tem a natureza do julgamento do recurso que fora decidido monocraticamente.
Existe um recurso chamado Embargos de Divergência, o qual cabe contra acórdão de (recurso especial ou extraordinário). Veio um
concurso e indagou o seguinte: cabem embargos de divergência contra acórdão de agravo regimental? Pergunta perigosa: lendo a lei
nada fala sobre embargos de divergência contra acórdão de agravo regimental. Contudo, vimos que um acórdão de um agravo
regimental pode ter natureza de um acórdão de um acórdão (de recurso especial ou extraordinária). Logo, é cabível o Embargos de
Divergência (em razão da natureza). Temos até uma súmula do STJ sobre o assunto: Súmula: 316: Cabem embargos de divergência
contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso especial.
Outro ponto que merece destaque é: EMBARGOS INFRINGENTES (que cabem em face de acórdão de
apelação). Aí vem um concurso e questionam: cabe embargos infringentes contra acórdão de agravo
regimental? Pegadinha, pois lendo a lei não encontramos referência sobre embargos infringentes contra
acórdão de agravo regimental, mas aplica-se o mesmo raciocínio acima, se tiver o agravo regimental
tiver natureza de acórdão de apelação, cabe sim.
Existe uma regra geral para este caso: cabe agravo interno, consoante o art. 39, Lei 8.038/90. Contudo,
há também regras específicas acerca de recursos contra a decisão proferida por decisão monocrática de
presidente ou vice de tribunal.
Cabe agravo de instrumento contra decisão que não admite recurso especial ou extraordinário. E essa
decisão de não admitir o recurso especial ou extraordinário é uma decisão de presidente ou vice-
presidente de tribunal. Caso não admita? Cabe agravo de instrumento (frisa-se que este não é o agravo
de instrumento do art. 524, CPC).
Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no
prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça,
conforme o caso.
§ 1o O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas partes, devendo constar
obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdão recorrido, da certidão da respectiva
intimação, da petição de interposição do recurso denegado, das contrarrazões, da decisão agravada, da
certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado. As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob
sua responsabilidade pessoal.
OBS.: regra geral e final □ contra qualquer decisão cabem embargos de declaração.
. Conceito
. Expressões
Caso o tribunal entenda que estão preenchidos os requisitos de admissibilidade fala-se em o conhecer e/ou admitir; se o tribunal
entender que não estão preenchidos os requisitos de admissibilidade fala-se em não conhecer e/ou não admitir (atenção para os
verbos – tanto para escrever quanto para analisar as questões dos concursos). Enfim, são expressões relacionadas com esse juízo de
admissibilidade.
Uma vez conhecido o Recurso, será analisado seu mérito e a partir desta análise, poderá a ele ser dado ou negado provimento. O
recurso pode ser provido ou improvido. Logo, não falar em “não conhecer e negar provimento” muito menos “não conhecer e dar
provimento”.
Frisa-se que existe um livro clássico de Barbosa Moreira que tem o seguinte nome: “O que significa conhecer o recurso”.
. Competência
O juízo de admissibilidade do recurso se submete a um duplo controle. No Brasil a regra é de que o recurso seja interposto perante o
juízo a quo. Assim, cabe a ele formular o primeiro juízo de admissibilidade.
A competência para o exercício do juízo de admissibilidade é dupla, certo que o primeiro é realizado pelo órgão a quo (juízo de
origem) que poderá conhecer o recurso e remetê-lo ao Tribunal (órgão ad quem – a quem se destina o recurso) que poderá fazer um
segundo juízo de admissibilidade. Ou também poderá não conhecer o recurso. Desta decisão caberá recurso (contra esta decisão do a
quo que não recebeu o recurso).
OBS1.: o ao Agravo de Instrumento (art. 524, CPC) é o único recurso interposto diretamente no órgão ad quem. E por conta disso,
não passa por esse duplo juízo de admissibilidade.
Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através
de petição com os seguintes requisitos:
OBS2.: alguns recursos permitem que o juízo a quo se retrate; dão ensejo a possibilidade de retração pelo juízo a quo. E quando isso
acontece é como se a quo aceitasse as razões do recurso. Esse efeito que alguns recursos têm, chama-se EFEITO REGRESSIVO ou
EFEITO DE RETRATAÇÃO. Exemplos: .a apelação contra decisão que indefere a petição inicial; .os agravos de modo geral
permitem retratação também; e .a apelação nas causa do ECA.
O juízo de admissibilidade positivo ele é uma decisão declaratória. Já o juízo de admissibilidade negativa o assunto não é pacífico, há
três correntes para explicar a natureza do juízo de admissibilidade negativo. Vejamos cada uma delas:
1ª corrente: Barbosa Moreira, para quem o juízo de admissibilidade negativo é declaratório com eficácia retroativa (ex tunc). Enfim,
entende que o juízo de admissibilidade negativo seria declaratório com eficácia retroativa, o que pode gerar séria insegurança jurídica
em razão da impossibilidade de interposição de ação rescisória caso haja decorrido mais de dois anos do prazo de 15 dias da
publicação da decisão recorrida.
Ex: em 2004 recorrem, em 2008 o tribunal não conhece, diz Barbosa Moreira que tal decisão é declaratória com efeitos retroativos,
isso quer dizer que esse recurso não produziu nenhum efeito, é como se o tribunal não tivesse conhecido desde 2004. Tal tipo de
recurso é inadmissível desde sempre. De modo que recurso inadmissível não produz efeitos para o autor citado. Importância disso: no
exemplo dado passaram-se quatro anos. Diz que a coisa julgada existe desde 2004 e ele não sabia. E como desde 2004 havia coisa
julgada nem rescisória cabe mais! Enfim, a pessoa é surpreendida.
III- A interposição de recurso intempestivo ou incabível não protrai o termo inicial do prazo
decadencial, MAS SE houver dúvida razoável a interposição de recurso intempestivo ou
incabível protrai o termo inicial do prazo decadencial
IV – O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada c/ a ação
rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à
antecipação ou postergação do dies a quo do prazo decadencial.
V – O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831
da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial.
VII – Não ofende o p. duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a
decadência em sede de RO, aprecia desde logo a lide (ação rescisória), se a causa versar
questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
VIII – A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o
recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim,
postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória.
X – Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto p/
interposição do REX, APENAS quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.
3ª corrente: entende que referida decisão é desconstitutiva e, portanto, sem eficácia retroativa, pois o juízo de inadmissibilidade é um
juízo de invalidade (um juízo de invalidação); entende que esta posição resguarda melhor a segurança jurídica (concepção de Fredie
Didie).
. Requisitos de admissibilidade
Requisitos intrínsecos:
1. Cabimento
2. Legitimidade
3. Interesse recursal
• Quanto a este último, há doutrinadores que o classifica como requisito intrínseco e outros como extrínseco.
Requisitos extrínsecos:
5. Tempestividade
6. Preparo
7. Regularidade formal
1. CABIMENTO
Saber se a decisão é recorrível e se o recurso interposto é o adequado para a impugnação da decisão (cabimento + adequação). Este
requisito se relaciona a seguintes regras: .Da taxatividade dos recursos: o rol de recursos é taxativo, só existindo aqueles previstos em
lei; e .Da singularidade ou unirrecorribilidade: cada decisão apenas poderá ser impugnada por um recurso de cada vez – não prevista
expressamente, mas se extrai do sistema – exceção: um acórdão pode ser impugnado, simultaneamente, pelo RE e pelo REsp.
OBS.: alguns autores chamam estas regras de princípio, mas rigorosamente são regras.
Ainda sobre o cabimento é preciso examinar o chamado PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE, o qual permite o aproveitamento de
um recurso indevido como sendo o recurso adequado. Tal princípio decorre da instrumentalidade das formas.
Este princípio tinha previsão expressa no CPC/39, que era um código bastante confuso em relação à regulamentação dos recursos,
razão pelo qual, o próprio previa a possibilidade de conhecimento de um recurso pelo outro. Esse CPC previa que este princípio
poderia ser aplicado desde que fosse respeitado o prazo do recurso adequado e não houvesse erro grosseiro (quando decorre de uma
dúvida objetivamente aferível – aquilo que tem lastro doutrinário ou jurisprudencial).
Já o CPC/73 organizou o sistema recursal de tal maneira que seu autor entendeu que não mais havia dúvidas acerca da adequação do
recurso, razão pela qual excluiu a previsão expressa deste princípio.
Atualmente, vigora o entendimento de que o princípio da fungibilidade continua sendo aplicado como consequência do princípio da
instrumentalidade das formas previsto no art. 244 do CPC, sendo que tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que os
requisitos do CPC/39 (tempestividade e erro não grosseiro) ainda se aplicam.
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará
válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
2. INTERESSE
O recurso deve ser útil e necessário ao recorrente, que deverá demonstrar que poderá alcançar algum proveito com o recurso, e que
este proveito depende de sua interposição.
OBS.:
.Interesse recursal não se confunde com sucumbência, sendo perfeito o entendimento de que aquele que sucumbe sempre terá
interesse recursal, entretanto, pode haver interesse recursal daquele que não sucumbe, como por exemplo, no caso do terceiro e
do réu no caso de uma sentença terminativa (pois é mais útil para ela improcedência que a extinção sem análise de mérito). Assim, a
ideia de interesse não está ligada à sucumbência, mas sim à de proveito. Recorre para discutir a troca da fundamentação (a
manutenção do dispositivo) e aí obter a coisa julgada.
.Hoje se fala em recurso em face da racio decidendi, qual a extensão correta, já que aquilo pode repercutir o em casos semelhantes.
.Quando o dispositivo do acórdão tiver um fundamento legal e outro constitucional, e qualquer deles for capaz de, por si só, sustentá-
lo, deve-se impugnar ambos os fundamentos, sob pena do recurso ser inócuo ou inútil (RE e REsp). Este entendimento se encontra na
súmula 126 do STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional,
qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
3. LEGITIMIDADE
• Parte (inclui os terceiros que intervieram e inclui também aqueles que são partes de só alguns incidentes, como é o caso do
juiz – ex: incidente de suspeição – e neste incidente ele poderá recorrer).
• MP como fiscal da lei (mesmo que as partes não recorram – tal legitimidade do MP é autônoma – há duas súmulas do STJ
que ratificam isso: n. 99 e n. 226).
Súmula 99: o MP tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que
não haja recurso da parte.
Súmula 266: o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na
inscrição para o concurso público.
• Terceiro prejudicado (considera-se terceiro prejudicado todo aquele que poderia ter intervindo no processo e até então não
o fez, inclusive o litisconsorte necessário não citado). Apenas não poderá recorrer como terceiro aquele que poderia ter sido
opoente e não o foi, tendo em vista que se não houvesse essa vedação, este estaria suprimindo uma instância. O prazo do
recurso de terceiro é aquele do recurso para as partes.
É um requisito negativo. A doutrina costuma identificar três fatos (exemplos) que não podem ocorrer, quais sejam:
. Renúncia ao recurso: não pode ter havido renúncia ao recurso para que este seja admitido, lembrando que a renúncia antecede a
interposição do recurso e independe da anuência da outra parte.
. Aceitação da decisão: se a parte aceitou a decisão, cumprindo-a espontaneamente (e não de uma decisão que determine certa
conduta sob pena de multa!) não poderá posteriormente recorrer até porque haveria preclusão lógica.
. Desistência: desistir de um recurso corresponde à sua revogação, tendo em vista já ter sido o mesmo interposto (logo, pressupõe-se
que o recurso já foi interposto. Só há desistência de recurso que já foi interposto). A desistência do recurso independe de
homologação judicial, bem como da anuência da parte contrária, podendo se dar até o início da votação. O recurso de outro recurso
do qual já se havia desistido acarreta em sua inadmissibilidade.
5. TEMPESTIVIDADE
O MP, os entes públicos, e aqueles acompanhados por Defensor Público têm prazo em dobro para recorrer; por outro lado, MP e
Fazenda pública não possuem prazo em dobro para contrarrazoar o recurso, diferentemente do Defensor Público, que sempre terá
prazo em dobro para falar nos autos, consoante previsão na Lei de Assistência Judiciária (de 1950). Obs.: o STJ não tem admitido o
prazo em dobro para aqueles que prestam assistência por meio de universidades.
Litisconsortes com advogados diferentes terão prazo em dobro (art. 191). Por outro lado, a súmula 641 do STF prevê que não se
conta em dobro o prazo para recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.
CPC, Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro
os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
SÚMULA, STF, 641. Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja
sucumbido.
Relevante ainda a leitura do art. 507 do CPC: “Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento
da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em
proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação.”
OBS.:
.O MP sempre terá prazo em dobro, independente de atuar como agente ou fiscal da lei.
.O recurso precoce ou prematuro é aquele interposto antes mesmo do início do prazo recursal. Para o STF esse recurso será
intempestivo, entendimento do qual discorda o STJ, sob o fundamento de que, se o prazo se conta da intimação, e o recorrente
recorre antes da publicação no diário, ele estar-se-ia dando por intimado. Este entendimento é o mais adequado. Por outro lado, a
súmula de n. 216 do STJ é absurda, a seguir transcrita: “A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de
Justiça é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não
pela data da entrega na agência do correio”. Enfim, se a pessoa não mora perto do STJ, assume o risco de postar por meio dos Correios.
Este é o tribunal da cidadania!
.Protocolos descentralizados (criado para pessoas que morem fora da sede dos tribunais – fora das
capitais), contudo vem o tribunal da cidadania (STJ) e edita a súmula 256: “O sistema de ‘protocolo
integrado’ não se aplica aos recursos dirigidos ao superior tribunal de justiça”. (*)
Cita esta súmula, pois pode ser cobrada como se esta não estivesse cancelada.
6. PREPARO
É o pagamento das despesas relacionadas ao processamento do recurso; certo que o montante do preparo equivale à soma das custas
com as despesas postais (porte de remessa e retorno).
O preparo deve ser feito anteriormente à interposição do recurso, tendo em vista que quando for interpor o recurso dever-se-á
comprovar o preparo. OBS.: há duas situações excepcionais que permitem a comprovação do preparo após a interposição do
recurso, quais sejam: Juizados Especiais (permitem a comprovação até 48h após a comprovação do recurso) e Justiça Federal
(permite a comprovação do preparo nos recursos contra sentença em até 05 dias, nos termos do art. 14, II, da Lei 9.289/96).
Frisa, ainda, que o preparo insuficiente, ou seja, menor que o devido, não gera, automaticamente, inadmissibilidade, devendo o
recorrente ser intimado a completar o preparo pelo órgão judiciário. Existe um direito a complementação, conforme art. 511, CPC:
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos
Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-
lo no prazo de cinco dias.
A doutrina costuma utilizar o substantivo “deserção” para referir-se à inadmissibilidade pela ausência do preparo.
Há situações em que é possível se relevar a deserção, desde que haja justo motivo para que não se tenha procedido ao preparo
(calamidade pública, greve bancária, etc.), situação em que o juiz deverá conceder novo prazo para tanto (art. 519, do CPC).
CPC, Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe
prazo para efetuar o preparo.
Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a
legitimidade.
OBS.:
.Não exige preparo os seguintes recursos: Agravo Regimental; Embargos de Declaração; Agravo Retido; Recursos do ECA; e Agravo
do art. 544 (não conhecimento de RE ou REsp).
.São dispensados do preparo: Defensoria Pública; MP; Fazenda Pública; e os beneficiários da Justiça Gratuita. Frisa-se que este
benefício poderá ser requerido no próprio recurso, mas não sendo concedido, deverá o tribunal fixar o prazo para o respectivo
depósito.
.Por fim, ressalta: STJ, súmula: 178 - o INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e
de benefícios, propostas na justiça estadual.
7. REGULARIDADE FORMAL
O recurso, como todo ato processual, possui suas formalidades, por exemplo, deverá, em regra, ser escrito (□Embargos de declaração
nos juizados pedem ser realizados de forma oral; □ Agravo retido também pode ser feito de forma oral); ser assinado por advogado;
ter pedido para não ser inepto; ser fundamentado, tendo em vista que vigora em relação aos recursos, o princípio da dialeticidade.
Impede o trânsito em julgado, prolongando a litispendência: para Barbosa Moreira o recurso inadmissível não produz efeito. E para a
doutrina majoritária o recurso intempestivo ou incabível não impede o trânsito em julgado.
Efeito regressivo: alguns recursos permitem juízo de retratação (ex.: todos os agravos, a apelação contra sentença que indefere a
petição inicial liminarmente; a apelação nas causas do ECA).
Efeito expansivo subjetivo: A regra é de que o recurso só produz efeitos para aqueles que recorrem, mas, há casos em que o recurso
produz efeitos em relação a outros sujeitos além do recorrente, trata-se do efeito expansivo subjetivo (ex.: recurso de litisconsorte
unitário beneficia o outro litisconsorte; recurso de devedor solidário em que alega defesa comum a todos os codevedores – art. 509).
Suspensivo: efeito de prolongar, e não suspender, a ineficácia da decisão. Diz-se prolongar, e não suspender a ineficácia, tendo em
vista que o que provoca a suspensão da eficácia da decisão não é o recurso, mas sim, a recorribilidade, o fato de a decisão ser
recorrível.
Em regra, o recurso terá efeito suspensivo por força de lei, entretanto, os recursos que não tem efeito suspensivo por força de lei (ope
legis), poderão tê-lo por determinação judicial (ope iudicis).
Efeito substitutivo: o julgamento do recurso substituiu a decisão recorrida. Esse efeito apenas se produz se o recurso for julgado, ou
seja, admitido. Recurso não conhecido não produz efeito substitutivo. A relevância do efeito repercute diretamente na ação rescisória,
que deverá ser interposta em face da decisão que substituiu, e não da substituída.
Existe um caso em que a decisão do recurso não substitui a decisão recorrida, o que se dá quando se tratar de recurso para invalidar e
ele for acolhido. É a única hipótese de julgamento de mérito de recurso que não possui o efeito substitutivo. Nesta hipótese a decisão
recorrida será anulada, sendo que outra deverá ser produzida, em regra, pelo juízo a quo. Ainda que o recurso seja improvido haverá
substituição.
OBS.: a decisão que nega provimento substitui a decisão recorrida. Não mudou nada, então, como substitui? O tribunal gostou da
decisão e vai encampá-la; é como se o tribunal estivesse decidindo da mesma maneira. E ao fazer isso ele substitui.
Devolutivo: o efeito devolutivo tem duas dimensões, a saber: .Horizontal (extensão do efeito devolutivo); e .Vertical (profundidade
do efeito devolutivo).
Na primeira, na horizontal (extensão do efeito devolutivo), é aquilo que o órgão ad quem irá decidir. O que o tribunal terá de
reexaminar. O objeto do recurso. Delimita a questão principal e o mérito do recurso. É o recorrente que delimita o que será
examinado pelo tribunal; quem define qual a extensão do efeito devolutivo é o recorrente.
Segue um modelo de processo dispositivo (modelo de processo que depende de provocação da parte). Caso o tribunal não respeite a
delimitação será caso de decisão extra petita. Tal efeito pode ser entendido com a leitura do art. 515, caput, CPC: “A apelação
devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada” (...) □ cuida da extensão – capítulo impugnado.
Por outro lado, numa segunda dimensão, na vertical (profundidade do efeito devolução): corresponde à profundidade do efeito
devolutivo. Exemplificando, tem dois capítulos a sentença. Só recorre do capítulo 2 (danos morais). O tribunal ao julgar tal recurso,
reconhece questão de ordem pública? Esta decisão do tribunal que reconheceu uma incompetência absoluta (atinge o capitulo dos
danos materiais – capítulo que não foi objeto do recurso).
Atinge o capítulo dos danos matérias? Não, pois o capítulo dos danos materiais não foi devolvido, então, o tribunal não pode decidi-
lo. Não interesse que é de ordem pública, o tribunal só poderá reconhecer em relação ao capítulo impugnado (dano moral). Tal
indagação é um clássico dos concursos. Enfim, pergunta-se: A decisão que, por exemplo, em um recurso parcial, anula o processo
por incompetência, atinge o capítulo não impugnado? Não!!! Tendo em vista que quanto à parte não recorrida já haverá coisa julgada,
mesmo em relação às questões de ordem pública, contra ela cabendo apenas ação rescisória.
Segundo Fredie “A extensão do efeito devolutivo bitola a sua profundidade”. OBS.: efeito translativo é o outro nome que se dá ao
efeito devolutivo no que tange a sua dimensão vertical (profundidade). O efeito translativo transfere ao Tribunal a apreciação de tudo
relacionado ao que haja sido impugnado. A matéria não recorrida transita em julgado.
Assim, leia-se:
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (cuida da extensão –
capítulo impugnado)
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.(cuida da profundidade
em relação ao que foi impugnado, este § deve ser interpretado amarrado ao caput)
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.(profundidade)
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar
desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de
imediato julgamento.
RECURSOS EM ESPÉCIE
. Embargos de Declaração
. É um recurso peculiar por ser de fundamentação vinculada (cabível apenas em hipóteses típicas); com cabimento em face de
qualquer decisão; dispensa preparo; e será julgado pelo próprio órgão a quo, ou seja, pelo órgão que proferiu a decisão embargada. O
prazo de Embargos é de 05 dias.
. A decisão dos Embargos tem a natureza da decisão embargada. Assim, a decisão acerca dos Embargos interpostos em face de uma
sentença terá, igualmente, natureza de sentença. Dessa forma, cabem Embargos Infringentes x acórdão que julgou Embargos de
Declaração. Da mesma forma cabem Embargos de Divergência em face de decisão que julgou Embargos de Declaração, desde que
essa tenha natureza de acórdão.
. Hipóteses de cabimento dos Embargos de Declaração: pelo CPC, os Embargos de Declaração cabem em três situações: obscuridade,
contradição e omissão (art. 535).
Na lei 9.099/95, existe a previsão de Embargos de Declaração quando houver “dúvida”. A expressão deve ser desconsiderada, tendo
em vista estar de acordo com a redação original do CPC alterada em 1994, quando a lei dos juizados especiais já estava pronta.
Referida expressão é mal empregada tendo em vista que uma decisão não pode ter dúvida, já que quem tem dúvida são as pessoas e
não as coisas. Enfim, esta hipótese não existe na prática.
O art. 897-A, da CLT prevê outra hipótese de Embargos de Declaração, nos casos em que houver manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos de admissibilidade do recurso (que são três: preparo, tempestividade e regularidade formal).
CLT, Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco
dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua
apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de
omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos
extrínsecos do recurso.
A jurisprudência e a doutrina têm alargado as hipóteses de cabimento dos Embargos, de forma que se tem admitido Embargos de
Declaração:
. Efeitos
.Modificativo ou Infringente: o julgamento dos Embargos pode alterar a decisão impugnada, notadamente quando tratar-se
fundamentados VS omissão da decisão. Não há no CPC previsão de contrarrazões para os Embargos de Declaração, entretanto, a
doutrina e a jurisprudência entendem que se os Embargos puderem gerar modificação da decisão, as contrarrazões se impõem.
.A parte que já havia recorrido poderá complementar seu recurso se a decisão recorrida for alterada pelo julgamento dos
Embargos de Declaração? Tendo em vista que a decisão dos Embargos de Declaração tem a natureza da decisão embargada, é
possível a complementação do recurso. Essa possibilidade se fundamenta no “PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE”. Terá 15
dias pra complementar o recurso.
OBS.: caso não mude nada com ED, deve-se ratificar a apelação, sob pena de cair o recurso, conforme a súmula 418 do STJ: É
inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.
OBS.:
.Essa interrupção vale para ambas as partes (o que é mais um caso de efeito expansivo subjetivo).
.Nos Juizados Especiais os Embargos de Declaração opostos contra sentença suspendem, e não interrompem o prazo para a
interposição de outros recursos. Contudo, nos Juizados Especiais, Embargos de Declaração opostos contra acórdão de turma
recursal interrompem o prazo para recurso.
Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por
qualquer das partes.
Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que
o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre
o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento),
ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.
.Embargos de declaração com intuito te pré-questionamento não tem caráter protelatório (Súmula 98, do STJ - embargos de
declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório).
Contrarrazões: não há previsão legal para contrarrazões nos ED, contudo a jurisprudência passou a exigir estas com base na doutrina,
quanto aos casos de ED que possam ter efeitos modificativos. Enfim, caso tenha poder de modificar, terá de intimar a outra parte
para apresentar as contrarrazões.
Competência para julgamento: julgados pelo órgão que proferiu a decisão embargada.
Relator? Quem julga? É o próprio relator;
Juiz □ juiz; e
Colegiado □ colegiado.
Há uma fusão: do julgamento embargado + julgamento dos ED = que juntos formam uma sentença só.
.Cabem embargos infringentes contra acórdão de embargos de declaração? Cabem embargos infringentes contra apelação,
logo, só caberá este se o acórdão de embargos de declaração tiver a natureza de acórdão de apelação.
. Apelação
Boa parte do assunto de apelação já foi visto em teoria dos recursos, pois a apelação sempre foi tida como o recurso modelo. De
modo que o seu regramento serve como um modelo geral de regramento. Isso sempre costuma acontecer quando se tem uma lacuna
no regramento de recursos, busca-se a resposta na Apelação.
Já vimos:
> o cabimento da apelação;
> os casos que a apelação tem efeito regressivo;
> os casos que a apelação tem efeitos devolutivo e translativo, cujas regras se encontram na apelação; e
> o justo motivo para o juiz não considerar o recurso deserto pela falta de preparo.
Agora analisaremos peculiaridades que não foram analisadas da parte de Teoria de Recursos:
Efeito suspensivo da apelação: no Brasil a regra é de que apelação tem efeito suspensivo. Impede a execução provisória da sentença.
Isso é a regra, mas há casos em que a apelação não tem efeito suspensivo automático. Nesses casos caberá execução provisória da
sentença.
Enfim, em regra, a apelação terá efeito suspensivo por força de lei, entretanto, há situações, em que também por força de lei, a
apelação será recebida tão- somente no efeito devolutivo, sendo que essas situações estão previstas no art. 520, do CPC.
Nestas situações, será possível ao recorrente requerer o recebimento do recurso também no efeito suspensivo, que assim será possível
graças a uma decisão judicial. A aplicação deste efeito poderá ser requerida em ação cautelar.
Examinemos os casos em que a apelação não tem efeito suspensivo automático, consoante o artigo abaixo:
CPC, Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto,
recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:
I- homologar a divisão ou a demarcação;
Inc. IV □ Uma sentença pode ter mais de um capítulo. E pode acontecer de apelação ter relação ao capítulo tal ter efeito suspensivo e
quanto ao outro capítulo não ter efeito suspensivo.
Nesse caso do processo cautelar, é um caso fácil de visualizar isso, pois os juízes costumam julgar na mesma sentença o processo
principal e o processo cautelar – isso é frequente. Se isso acontece a apelação contra a sentença que julgou ao p. principal e ao p.
cautelar em será recebida no efeito suspensivo e outros não. Trata-se de mais uma aplicação prática da TEORIA DOS CAPÍTULOS
DE SENTENÇA.
Em suma: pode ser que a apelação tenha vários capítulos (teoria dos capítulos de sentença), e dessa forma, poderá ter efeito
suspensivo apenas em relação a alguns deles, como no caso em que o juiz julgar numa mesma sentença o pedido cautelar e o
principal.
Inc. V □ Diz que a apelação não tem efeito suspensivo contra sentença que não acolhe embargos à execução. Tal hipótese é um pouco
complicada, tendo em vista os “n” nãos.
Atualmente, os embargos à execução apenas tem cabimento, em regra, na execução de título extrajudicial, e toda execução de título
extrajudicial é definitiva (não existe execução provisória de título extrajudicial).
Neste sentido é a súmula 317 do STJ: “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença
que julgue improcedentes os embargos”.
Ocorre que o art. 587 do CPC trouxe uma confusão: CPC, Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é
provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito
suspensivo (art. 739).
Esse artigo diz o contrário do que a súmula do STJ prevê. Tal dispositivo não tem sentido. A execução era definitiva (foi congelada),
aí veio uma sentença que confirmou isso (por meio da sentença de ED), mas esta última agora transforma a sentença definitiva em
provisória. Ora, então é melhor que julguem os embargos improcedentes, não confirme o efeito da execução. Enfim, um artigo
inexplicável.
2ª - caso o juiz revogue a tutela antecipada na sentença; faz o oposto. Indaga-se: a apelação suspende a revogação? Caso a apelação
suspenda (temos uma antecipação de tutela produzindo efeitos - mesmo que a sentença seja julgada improcedente). A apelação contra
sentença que revoga a tutela antecipação ela NÃO SUSPENDE a revogação. Logo, a antecipação de tutela cai. Isso não está expresso
do inciso, mas é uma norma que se extrai do inciso VII.
Ressalta-se que há outros casos em que a apelação NÃO POSSUI EFEITOS SUSPENSIVOS AUTOMÁTICOS fora do artigo
supramencionado, como se dá com a sentença que:
Decreta a interdição;
De despejo;
Concede Mandado de Segurança;
Concede Habeas Data;
Sentença com base no ECA, proferidas com base no ECA (arts.199-A e 199-B);
Sentença em ação civil pública, entre outras.
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (...) § 3o Nos casos
de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se
a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
Tradicionalmente, o tribunal não poderia avanças no caso de extinção sem julgamento do mérito, contudo vem o parágrafo terceiro e
traz um avanço, pois permitiu que o tribunal ao julgar a apelação pudesse avançar ao julgar esta apelação para decidir o mérito que
não foi decidido – analisado pelo juiz (decidido em 1ª instância).
Contudo para que o tribunal faça isso, é preciso que se preencham alguns pressupostos:
• Apelação fundamentada em error in iudicando O JUIZ TEM QUE TER ERRADO NA ANÁLISE/EXAMINOU MAL (já
que a apelação for por error in procedendo, a sentença será anulada devendo ser substituída por outra);
• A causa deve estar madura (apta para ser julgada imediatamente). Quando a causa versar sobre questão exclusivamente de
direito e estiver em condições de imediato julgamento (isso traduz: a causa madura – “Teoria da Causa Madura”);
• Para Fredie Didier este dispositivo apenas poderá ser aplicado mediante pedido expresso do apelante, entretanto a
doutrina não é unânime quanto a esta questão sendo que Barbosa Moreira, por exemplo, entende que o dispositivo pode
ser aplicado de ofício.
CPC, Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.(...) §4o
Constatando a ocorrência de nulidade (LEIA-SE: DEFEITO) sanável, o tribunal poderá determinar a
realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que
possível prosseguirá o julgamento da apelação.
O Tribunal deverá aplicar este parágrafo sempre que se deparar com defeitos sanáveis; o dispositivo tem uma função pedagógica;
desnecessário, pois nosso sistema das invalidades processuais já exigia isso do juiz. Mas o legislador resolver um novo alerta.
Lembra novamente o tribunal que ele tem de tomar providencias a fim de aproveitar o processo e não invalidá-lo.
Outra análise:
CPC, Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação,
se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
.Na apelação é possível suscitar novas questões de fato? Sim, em dois casos, a saber: >se se trata de fato novo; e
>se se trata de fato velho (que já tinha acontecido) só que agora a parte pretende suscitá-lo (somente se houver justo motivo para não
ter sido suscitado anteriormente).
A apelação deve ser apresentada no juízo a quo, o qual faz o primeiro juízo de admissibilidade da apelação. Caso o juízo a quo
entenda que a apelação é admissível, ele ouvirá o apelado em suas contrarrazões.
Na volta das contrarrazões, após estas, o juízo poderá fazer um novo juízo de admissibilidade. Logo, o juízo pode fazer dois juízos de
admissibilidade da apelação. Isso é uma característica da apelas.
§1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula
do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.
OBS.: qualquer súmula de tribunal superior é impeditiva de recurso. Vale ressaltar que toda súmula vinculante é também impeditiva
de recurso.
Caso uma sentença se funde em súmula de STJ ou STF, contra ela não caberá apelação, que se proposta, sequer será recebida.
Estamos diante da eficácia impeditiva do precedente. O precedente uma vez seguido impede recurso que o discuta.
Contudo, há casos que a apelação terá de subir, mesmo se a sentença se baseie em súmulas, quais sejam:
• Quando alegada a nulidade da decisão, já que nesse caso não se discute o conteúdo da decisão;
• Se na apelação o apelante fizer um distinguishing (ou seja, quando o recorrente demonstrar que a súmula não se aplica ao
caso sub judice); e
• Se na apelação o apelante trouxer argumentos suficientes para um overruling, isto é, para a superação do precedente. Ex:
argumentos novos que não foram examinados pelo tribunal.
.Embargos Infringentes
CPC, Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença
de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da
divergência.
.Objetivo: fazer prevalecer o voto divergente; fazer com que o voto vencido prevaleça.
□ Cabe EI no julgamento do reexame necessário? Não cabem. Vejamos: Súmula n. 390, STJ: nas decisões por maioria, em reexame
necessário, não se admitem embargos infringentes.
□ Cabem Embargos Infringentes em Mandado de Segurança? Não. A nova lei de MS consagra a proibição de EI em MS.
□ Cabem Embargos Infringentes em falência (súmula 88 do STJ □ são admissíveis embargos infringentes em processo falimentar).
□ A jurisprudência admite embargos infringentes em julgamento de Agravo, desde que seu julgamento
seja de mérito (não há polêmica). Súmula 255 do STJ - cabem embargos infringentes contra acórdão,
proferido por maioria, em agravo retido, quando se tratar de matéria de mérito. OBS.: pode caber EI
contra acórdão de agravo regimental.
□ Cabem embargos Infringentes da decisão do Tribunal que aplica o §3º do art. 515 do CPC? Rigorosamente não caberiam, já
que não houve sentença de mérito reformada. Entretanto, atualmente tem-se admitido Embargos Infringentes nesse caso com o
fundamento de que esse recurso será admitido se o acórdão for de mérito e por maioria.
□ Cabe EI em face de voto médio (divergência do tribunal em aspecto quantitativo), o acórdão foi lavrado por “voto médio”. Cabem
EI? Cabem em face dos outros votos (ambos vencidos). O problema está quando o aspecto for qualitativo; aí tenho que criar
mecanismos a fim de resolver tal divergência; e Cabem EI sim, mas para uma decisão ou outra (e não contra ambas como no caso de
divergência em aspecto quantitativo).
Os Embargos Infringentes são o último instrumento de controle das decisões em Instâncias Ordinárias
Os Embargos Infringentes são o último instrumento de controle das decisões em Instâncias Ordinárias (art. 498, CPC).
CPC, Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e
julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso
extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado
até a intimação da decisão nos embargos.
Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à
parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a
decisão por maioria de votos.
Existe uma regra segundo a qual os recursos extraordinários somente podem ser interpostos após o esgotamento ou exaurimento dos
recursos nas instâncias ordinárias.
Súmula 207, do STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no Tribunal
de origem.
Partindo desse pressuposto, havendo uma decisão com dois capítulos, e sendo um julgado de forma unânime e outro de forma não
unânime serão, possíveis três recursos contra essa decisão:
• RE;
• REsp x o capítulo unânime; e
• Embargos Infringentes x o capítulo não unânime.
Nada impedindo que oportunamente seja interposto RE e REsp contra o acórdão dos Embargos Infringentes. Logo, temos a
possibilidade de 5 recursos!
A fim de racionalizar essa situação o legislador, no art. 498, do CPC, determinou que nesse caso inicialmente esgotam-se os recursos
em face do capítulo não unânime restando interrompidos os prazos referentes à parte unânime da decisão, sendo que apenas após o
julgamento de eventuais Embargos Infringentes ou da respectiva preclusão temporal é que terá início o prazo para a interposição dos
RE’s ou REsp’s cabíveis.
Deve-se atentar para o fato de que a não interposição de Embargos Infringentes em face da parte não unânime do acórdão em 15 dias
impossibilita a interposição de recursos extraordinários em face dessa decisão (haverá coisa julgada do capítulo não unânime).
Ressalta-se, que agora a parte tem 15 dias para entrar com RE ou REsp quanto ao capítulo unânime.
.Agravos
Contra as decisões interlocutórias cabe agravo retido ou de instrumento; certo que inexiste opção para o agravante (pois ou caso é de
agravo retido ou o caso é de agravo de instrumento).
.O que é o Agravo Retido? É um recurso que não tem preparo; interposto diretamente no órgão a quo; e com o fim de impedir a
preclusão, mas o recurso não será processado imediatamente (ficará retido). Ou seja, é interposto, mas não é processado. Ele só será
processado se o agravante confirmá-lo no futuro. Confirmado quando? Por ocasião da interposição da apelação ou das contrarrazões
da apelação. A não confirmação do agravo retido acarreta seu não conhecimento (ele cai), e consequentemente a preclusão da matéria
nele abordada.
OBS.:
□ Em caso de urgência(regra geral), o agravo será de instrumento (risco de dano irreparável ou de difícil reparação). Assim,
sempre que se falar em tutela antecipada, este será o agravo adequado. Interposto AI, não havendo urgência, o relator
convertê-lo-a em Agravo Retido.
Dessa decisão do relator não caberá recurso, consoante CPC, Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído
incontinenti, o relator: (...) Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo,
somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.
□ Cabe quando houver previsão legal específica de Agravo de Instrumento (nesses casos não se aplica a regra da urgência, não há
o que se falar em conversão em Agravo Retido, pois o cabimento do agravo de instrumento é uma opção legislativa). São os casos de
decisão que:
.decisão que recebe a apelação em efeitos diversos dos adequados ao caso concreto;
□ Caberá agravo de instrumento nos casos em que o agravo retido for incompatível com a situação.
Ex1: decisão interlocutória em execução, tendo em vista que esta não é encerrada por sentença. Não existe recurso retido em
execução. Se é execução é caso de agravo de instrumento.
Ex2: decisões parciais de méritos, as quais têm de ser impugnadas por agravo de instrumento e não retido; se aquilo já foi resolvido
não há razão para esperar o futuro para poder consertar.
.Oral e imediato, em mesa (interposto contra decisões proferidas em qualquer audiência de forma oral, desde que não seja caso de
AI – e não apenas em AIJ); e
.Escrito (contra decisão escrita – terá prazo de 10 dias). A conversão do AI em AR apenas se admite quando era caso de AR
escrito, mas não se era caso de AR oral, tendo em vista a preclusão temporal, uma vez que o recurso deveria ter sido interposto
imediatamente.
Agravo de instrumento
A formação do instrumento cabe ao Agravante, sendo que seu advogado poderá reputar autênticas as cópias acostadas, sob sua
responsabilidade.
O instrumento do agravo é formado por quatro documentos obrigatórios (art. 525, I, do CPC).
Caso a parte agravada não tenha advogado nos autos, deverá ser acostada certidão que declare essa situação (dispensável quando o
procurador for membro da DP).
A jurisprudência é forte no sentido de que o instrumento do agravo deve ser ainda composto por todos os documentos
indispensáveis à compreensão da controvérsia. Logo, o ideal é reproduzir integralmente os autos, além de se juntar a certidão de
intimação da decisão agravada.
Cabe ao agravante, em 3 dias após a interposição do Agravo, juntar no juízo de origem (a quo) a cópia do agravo de instrumento, a
relação de documentos e o protocolo de interposição, sob pena de, caso o agravado alegue no 1o momento que lhe couber falar
nos autos e comprove a falta, não ser conhecido o agravo de instrumento.
CPC, Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia
da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos
documentos que instruíram o recurso.
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo.
.O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático (logo, a decisão agravada possui efeitos imediatamente). O agravante
poderá, no entanto, pedir ao relator que atribua efeito suspensivo ao seu agravo. Suspende a decisão agravada. A decisão do relator
que der esse efeito suspensivo não é impugnável por agravo regimental. Vejamos:
CPC, Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator : II -
converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de
causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos
relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; III –
poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou
parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; Parágrafo único. A decisão liminar,
proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento
do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.
.O que é suspender uma decisão que não deu o que se pediu? É possível pedir efeitos suspensivos contra uma decisão que se
negou o que se pediu? Vai se suspender o que não se concedeu?
A doutrina e a jurisprudência criaram um nome para isso, a saber: EFEITO SUSPENSIVO ATIVO, pois vai suspender a negação,
logo, é conceder (ativar). Também chamado de ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL, consoante o artigo:
CPC, Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (...)
III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total
ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
OBS.: cabe agravo de instrumento contra decisão liminar em MS.
Temos um agravo de instrumento pendente e aí sobreveio uma sentença □ isso derruba o AI? Não necessariamente, depende.
Caso o agravo discuta questão que afete a validade da sentença (como, p.ex. AI que discuta a competência do juízo) o agravo
permanece – aí continua em vigor. Se o provimento do agravo puder afetar a validade da sentença ele permanece em vigor.
Recursos extraordinários:
Tal assunto envolve o recurso especial para o STJ, bem como o recuso extraordinário para o STF. O título (Recursos Extraordinários)
é uma designação genérica que abrange ambos os recursos. Frisa-se que o Recurso de Revista, no âmbito da JT, é também recurso
extraordinário. Enfim, são espécies de um mesmo gênero. Veremos primeiramente as semelhanças e posteriormente as
peculiaridades de cada um.
Histórico:
Até 1988 não havia STJ; logo, não havia recurso especial. Então, só havia Rec. Extraordinário para o STF; a época o recurso servia a
dois propósitos: como instrumento de controle tanto da aplicação da Lei Federal como da Constituição. Em 1988, a atual
Constituição da República criou o STJ e lhe atribuiu uma parcela das competências do STF relativa ao controle de aplicação das leis
federais. Dessa forma, tendo em vista a origem comum e o fato desses dois recursos se distinguirem tão-somente em relação às
hipóteses de cabimento, é possível seu estudo conjunto.
Características comuns:
1. Prazo de 15 dias;
2. Permitem execução provisória, pois são recursos não têm efeito suspensivo automático;
3. Os recursos extraordinários são interpostos nos tribunais a quo. Passaram, portanto, pelo primeiro juízo de admissibilidade
feito pelo Presidente ou Vice-Presidente do tribunal a quo (conforme o RI);
4. Contra a decisão do presidente ou vice do tribunal a quo que não admite o recurso extraordinário, caberá agravo de
instrumento (art. 544, CPC), tal agravo não é o que estudamos acima (trata-se de outro recurso que não tem preparo e
outras peculiaridades);
OBS.: a quem o recorrente se dirige para pedir efeito suspensivo ao seu recurso extraordinário? O STF decidiu o tema editando duas
súmulas, a saber:
STF, 634. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito
suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem.
STF, 635. Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso
extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.
Enquanto o extraordinário não tiver passado pelo juízo de admissibilidade de origem, cabe ao presidente conceder o efeito
suspensivo. Todavia, superada a admissibilidade na origem, caberá ao tribunal superior examinar o pedido de efeito suspensivo ao
recurso extraordinário. OBS.: súmulas que o STJ também aplica.
5. Os recursos extraordinários pressupõem o esgotamento das instâncias ordinárias; só cabe recurso extraordinário se não
couber recurso ordinário. Não cabe recurso extraordinário “PER SALTUM”;
6. São recursos de fundamentação vinculada, ou seja, eles não cabem em qualquer situação. Só cabem em hipóteses
tipicamente previstas pela CF;
7. Efeito devolutivo restrito, ou seja, só posso entrar com recurso extraordinário para discutir questões de direito. Não serve
para revisão de fatos. Contudo tal característica tem alguns desdobramentos, a saber:
Por conta disso se diz que não cabem recursos excepcionais para reexame de:
□ Provas (súmula 07 do STJ), contudo nada impede que as regras probatórias sejam discutidas (verifica-se que as normas de direito
probatório foram obedecidas ou não). É possível Recursos excepcionais para se discutir questões acerca do direito probatório, de suas
regras (ex.: proibição de prova ilícita). O que não tem cabimento é o pedido de reexame da prova.
STJ - súmula: 7 - a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.
□ Interpretação de cláusula contratual (súmula 05 do STJ). Todavia, às vezes a interpretação de uma cláusula contratual é
indispensável para saber qual o direito que se aplica ao caso concreto (ex.: para saber se se trata de compra e venda parcelada ou
leasing). Assim, quando isso ocorrer caberá recurso excepcional (REsp) – tiveram que discutir. Vide súmula 293 do STJ.
STJ- súmula 5 - a simples interpretação de clausula contratual não enseja recurso especial.
STJ - súmula 293 - a cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o
contrato de arrendamento mercantil.
.Continuação RE
PREQUESTIONAMENTO
Tal instituto foi criado pela jurisprudência do STF e é um requisito a ser preenchido no exame do
cabimento de um recurso extraordinário, assim, caso não haja prequestionamento o recurso não será
admitido.
2ª Concepção: é um fato que se compõe de duas partes. O prequestionamento exige, além da prévia
provocação pela parte, que o tribunal recorrido tenha enfrentado a questão. Para que haja
prequestionamento: 1º a parte tenha suscitado a questão; e 2º o tribunal recorrido tenha se manifestado
sobre ela. Sem a junção de ambos os questionamentos, não teria havido prequestionamento. É uma
concepção bastante rigorosa de prequestionamento; e
Pouco importa a corrente que seja adotada, a segunda concepção é indiscutivelmente um caso de
prequestionamento. Se ela ocorrer, não há discussão que seja prequestionamento.
O problema é quando o sujeito suscita e o tribunal não se manifesta ou o tribunal se manifestou sem o
sujeito ter suscitado. Caso a terceira situação ocorra, ou seja, o tribunal se manifeste sem que se tenha
suscitado, se aceita o prequestionamento no caso.
.A situação mais complicada é a seguinte: o sujeito suscita e o tribunal não se manifesta sobre
o tema. Há ou não o prequestionamento? Caso se suscite uma questão e o tribunal se cale, deve-se
entrar com embargos de declaração por omissão, para forçar a manifestação pelo tribunal. Esses
embargos são chamados EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PREQUESTIONADORES.
Caso o tribunal supra a omissão, está resolvido o problema. Aí cai na segunda hipótese. O problema é se
o tribunal se mantiver omisso; caso o tribunal se mantenha omisso, para o STF há prequestionamento,
chamado de PREQUESTIONAMENTO FICTO. O STF admite – súmula 356, STF.
Súmula 356 do STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios,
não pode ser objeto de Recurso Extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
Súmula 211 do STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
Essa súmula é cínica. Sujeito embargou e o tribunal não analisou, chora! E, nesse caso, o sujeito fica
prejudicado? O STJ diz que: suscitou, o tribunal se calou, embargou, o tribunal também não se
manifestou, não pode entrar com recurso extraordinário. Caso queira, pode entrar com REsp para pedir a
anulação da decisão que não supriu a omissão. O STJ anula, volta para o tribunal se manifestar, e só
depois dessa manifestação e que vai poder entrar com o recurso extraordinário. Isso leva anos.
Pergunta-se: quem será o recorrente? O sujeito ou seu espólio? Por isso que o prequestionamento ficto é
uma fixação. É uma solução boa.
.O que é prequestionamento implícito? O prequestionamento implícito é o exame da questão sem
referência a texto de lei. A questão é examinada sem menção ao artigo da lei. Isso acontece muito.
A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do prequestionamento.
Essa súmula também é aplica também ao STJ; é uma súmula antiga de suma importância, que inclusive
foi incorporada aos regimentos internos do STF e STJ. Enfim, para que um recurso extraordinário seja
admitido há uma série de obstáculos a servem superados e a existência desses obstáculos é que torna
esse recurso extraordinário. Superado os obstáculos, o recurso será conhecido.
Uma vez conhecido os recursos extraordinários, a partir dali não existe mais nenhuma diferença em
relação aos outros recursos. Caso o STF ou STJ conheça o recurso, eles não têm que rejulgar a causa;
caso o recurso tenha superado todos os obstáculos; o tribunal vai ter de rejulgar a causa e para isso terá
que reexaminar tudo, inclusive questões de fato e prova.
Não pode pedir no recurso extraordinário para que a prova seja reexaminada, mas se entrar para discutir
matéria de direito (sendo o recurso conhecido) terá que julgar toda a causa, inclusive as questões de fato
e as provas; o tribunal vai ter que rejulgar, consoante o que diz a supramencionada. Por isso que
existem decisões do STJ que ora aumentam, ora diminuem o valor de indenização por dano moral, que é
questão de fato.
QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA: as questões de ordem pública podem ser suscitadas a qualquer
tempo.
.Pode entrar com recurso extraordinário suscitando questão de ordem pública pela primeira
vez?
Não, porque não houve prequestionamento. Não pode suscitar uma questão pela primeira vez sem
manifestação do tribunal.
Todos os livros dizem isso, e não dizem mais nada, contudo tem mais coisa para saber sobre o tema,
qual seja, não pode alegar pela primeira vez devido ao problema do prequestionamento.
Mas se entrar com recurso extraordinário com outra questão que foi prequestionada, o recurso será
conhecido e, assim, a jurisdição se abre. Então vai poder suscitar uma questão de ordem pública pela
primeira vez? Não, no recurso extraordinário não pode suscitar pela primeira vez uma questão de ordem
pública.
Todavia, agora, na instância extraordinária (e não no recurso) pode ser alegada pela primeira vez, desde
que o recurso extraordinário seja conhecido; caso o tribunal superior conheça o recurso, a jurisdição se
abriu e ele poderá julgar a questão de ordem pública.
É indispensável ler as ementas para sentir a aplicação dessa súmula. Os livros de processo ignoram a
súmula 456. Eles falam do obstáculo e ignoram o restante. VER SÚMULA: REsp. 1.080.808
.Qual o instrumento para pedir efeito suspensivo no recurso? Para o STJ precisa de uma cautelar;
já para STF basta uma petição simples.
RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS RETIDOS
Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista,
para apresentar contrarrazões. (...)
É aqui que surgem os recursos extraordinários retidos; não se processam imediatamente; ficam a
espera de uma confirmação posterior. Essa é a situação básica.
8. Isso não se aplica em processo de execução; no processo de execução, o recurso não fica retido;
enfim, não existe recurso retido em execução.
10. Qual é o instrumento processual para pedir o destravamento dos recursos? No STJ se aceita, com
tranquilidade, a cautelar que é o instrumento mais utilizado. Já tem decisão do STF admitindo
reclamação para o STF para destravar o recurso. O instrumento mais utilizado e aceito é a
cautelar. O recurso ficou retido e fica acoplado ao processo que continua andando. Aparece uma
sentença e contra sentença cabe apelação. A apelação é julgada. Contra o acórdão da apelação
pode caber embargos infringentes. Depois teremos o acórdão dos embargos infringentes. Contra
este já não cabe mais nenhum recurso ordinário. Consequentemente tudo o que poderia ser feito
no tribunal já foi feito. Quando essa situação ocorre (quando a última decisão na instância
ordinária é proferida), é chegado o momento de confirmar os recursos extraordinários que foram
interpostos e ficaram retidos. Essa confirmação pode se dar de duas maneiras: □ Por uma petição
simples avulsa; e /ou □ no próprio recurso extraordinário que interpor contra essa última decisão.
Fica represado embaixo e quando subir; subirá tudo de uma vez. Isso está no § 3º do art. 542 do
CPC.
Art. 542. (...) § 3º. O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão
interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e
somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão
final, ou para as contrarrazões.
O REsp só contra acórdão de TJ ou TRF e não cabe REsp no âmbito dos juizados especiais.
Não cabe recurso especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão de
segundo grau dos juizados especiais.
Quais são as hipóteses de cabimento do REsp?
Art. 105 da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: ... III - julgar, em recurso especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
CONTRARIAR TRATADO OU LEI FEDERAL, OU NEGAR-LHES VIGÊNCIA: cabe REsp para o STJ
quando a decisão contrariar ou negar vigência a tratado ou lei federal.
Por isso, o verbo contrariar engloba a expressão e verbo “o negar vigência”. É verbo muito amplo.
Ademais, lei federal também tem sentido amplo e abrange LO, MP, DL, LC, etc. Hoje em dia existem
tratados que possuem naturezas diversas. Assim, se o tratado violado for um tratado com norma de
status constitucional, caberá RE para o Supremo e não REsp.
JULGAR VÁLIDO ATO DE GOVERNO LOCAL CONTESTADO EM FACE DE LEI FEDERAL: cabe REsp
quando o acórdão julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (essa 2ª hipótese
foi reescrita pela EC 45/04). Não existe hierarquia entre lei estadual e federal. O que há é competência
diferente. E a competência legislativa está na CF.
Saber se a lei local ou estadual que prevalece é um problema constitucional. Isso agora é uma hipótese
de RE.
Tiraram parte da letra b e colocaram no inciso III, ‘d’ do art. 102 da CF (RE). Não ampliaram a
competência do STF. Já era competência dele. Só foi esclarecida.
DER A LEI FEDERAL INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE DA QUE LHE HAJA ATRIBUÍDO OUTRO
TRIBUNAL: cabe RE quando a lei der interpretação divergente na jurisprudência.
Caso demonstre que o acórdão interpretou de maneira diferente de outro tribunal, cabe RE para
harmonizar a interpretação da lei federal. É necessário comprovar essa divergência. Tem que ser
divergência com outro tribunal. Essa comprovação hoje pode ser eletrônica. Ou seja, cita julgado que
está na página do tribunal.
Só consegue compreender essa letra “c” lembrando de:
• Ratio decidendi: cabe RE quando a ratio decidendi for diferente da ratio decidendi do paradigma.
Divergência na jurisprudência é divergência na ratio decidendi.
• Distinguishing: é preciso fazer o confronto entre o acórdão recorrido e o paradigma. Se não fizer
o distinguishing, o recurso não será conhecido. O confronto é entre as ratio decidendi.
Serve para uniformizar jurisprudência de tribunais diversos. Isso é diferente de uniformização interna dos
sujeitos. Para o STJ, se o poder público não apelou, não poderá depois entrar com REsp da decisão que
julga o reexame necessário.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Previsão legal: art. 102, III, CF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
O RE pode vir de qualquer processo. O REsp é próprio do processo civil, exceto nos juizados.
Cabe RE contra decisão de juiz que julga embargos infringentes de alçada, porque não cabe nenhum
outro recurso.
O RE sempre cabe contra qualquer decisão, desde que seja a última, consoante a súmula 640 do STF.
É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada,
ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Súmula 733 do STF: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de
precatórios. □ Entende que essa decisão é administrativa, não tendo como caber RE.
Súmula 735 do STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
O RE cabe por violação a CF, contudo o STF criou um entendimento de que só cabe RE por violação direta
a CF, logo, não se admite RE por violação indireta ou oblíqua ou reflexa.
Caso a ofensa seja indireta não se admite RE. Só cabe RE por violação direta.
O difícil é saber se a violação é direta ou indireta. Na jurisprudência do STF não diz o que é violação
direta e indireta.
Para explicar isso o STF disse o seguinte: sempre que tiver que examinar lei para saber se a CF for
violada isso é violação indireta.
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua
verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.
Há uma tendência muito grande do direito brasileiro de atribuir aos precedentes judiciais uma eficácia
vinculativa. Cada vez mais os precedentes judiciais ganham força vinculativa. E o precedente é a ratio
decidendi do julgado.
Os precedentes vindos do STF têm sido compreendidos como precedentes vinculativos. Isso é uma
transformação porque tal vinculação era apenas em controle concentrado. Mas isso vem mudando. As
decisões do STF em controle difuso também vêm adquirindo força vinculativa.
Essa transformação é que explica o instituto da repercussão geral do RE e o julgamento dos recursos
repetitivos.
Só é possível entender esses dois assuntos se lembrar que a decisão que o STF der vai servir para outras
decisões.
Com a EC 45/04 o constituinte instituiu a repercussão geral. É uma exigência para que o RE seja
conhecido. Para admitir o RE tem que demonstrar que aquilo que se discute pode ir além das partes. A
questão transborda.
Se a decisão no RE serve como parâmetro para outras decisões, então deve ser uma questão que
envolva a outros sujeitos. Se for só do recorrente não vai ser conhecido. Se não fosse, não tem porque
exigir a repercussão geral.
O STF tem 11 ministros. A CF diz que o RE só não tem repercussão geral se 8 ministros disserem que
não tem.
Há nitidamente uma presunção de que todo RE tem repercussão geral. Presunção essa que pode ser
afastada com o voto de 8 ministros. Se 7 ministros disserem que não há repercussão geral, há
repercussão geral.
É como se o constituinte tivesse começado com 4 votos a favor da repercussão geral. Para que não haja,
é preciso que 8 digam que não tem.
Como o STF é dividido em 2 turmas de 5 e mais o presidente, o RE vai para lá. Se a turma composta por
5, onde 4 dos 5 disserem que há repercussão geral, há repercussão geral mesmo que os outros
entendam que não há.
O Ministro tem 20 dias para se manifestar a respeito da repercussão geral. Se ele não se manifestar,
entende-se que há a repercussão geral.
CPC, Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos
deste artigo.
§ 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do
ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.
Art. 543-A. (...) § 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação
exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.
O recorrente tem que abrir um item sobre repercussão geral. O recorrente deve alegar e demonstrar
preliminarmente a repercussão geral. Só quem pode dizer se há ou não repercussão geral é o STF. É
competência exclusiva. Porém, se não for alegada pelo recorrente, o presidente do tribunal originário
pode impedir o conhecimento do recurso extraordinário.
Pode acontecer de vários RE discutirem a mesma coisa. O STF examinará a repercussão geral de alguns
REs, os mais representativos, escolhidos pelo tribunal de origem. A decisão que o STF der em um valerá
para todos. Um julgamento serve para todos. É o julgamento por amostragem.
.O RE só repercute para o recorrente? Não. Repercute contra todos. O julgamento por amostragem
está no art. 543-B.
Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a
análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal, observado o disposto neste artigo.
Não basta o Tribunal falar que vai manter a decisão, mesmo contrariando o processo repetitivo, terá que
fundamentar, porque irá manter tal decisão. Uma vez instaurado o procedimento para o julgamento da
causa repetitiva, não caberá mais desistência pelo recorrente. A tese deve ser fixada. Para o prof., o STJ
deveria admitir a desistência, mas fixar a tese mesmo assim.
O art. 543-C foi acrescentado de maio de 2008: Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos
com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste
artigo.
Art. 543-A. (...) § 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
Isso é intervenção de amicus curiae. No julgamento por amostragem pode ter a manifestação de amicus
curiae. Essa regra vale para qualquer processo. O STF quer fazer valer as suas decisões. Haverá
presunção absoluta de repercussão geral.
□Ver julgado do STF: não se presume a ausência de repercussão geral quando o recurso impugnar
decisão que esteja de acordo com a jurisprudência do STF – RE 563.965.
3. Introdução;
4. Exame do art. 273 do CPC;
5. Antecipação da tutela antecipada contra o poder público; e
6. Art. 273, § 6º do CPC.
INTRODUÇÃO
Diferença entre tutela definitiva e tutela provisória: tutela definitiva é a tutela que se funda em
cognição exauriente, exaustiva. E por isso é uma tutela que tende a ser indiscutível, tende a durar no
tempo, tende a se estabilizar. Já a tutela provisória é aquela que necessita de uma substituição, de uma
confirmação futura. É essencialmente precária, porque a tutela provisória se funda em cognição sumária.
E devido a isto, não há coisa julgada em decisões provisórias.
7. Tutela cautelar – para pedir uma providência que proteja a tutela de conhecimento ou de
execução.
A tutela cautelar também é definitiva; serve para garantir um resultado útil do processo, seja do
processo de conhecimento ou de execução. Assim, a tutela cautelar não é provisória, não será substituída
por outra. A tutela cautelar é na verdade temporária.
11. O temporário é definitivo enquanto dura. Assim como a tutela cautelar que é definitiva enquanto
for útil para o processo.
Tutela antecipada é uma técnica processual que permite a antecipação provisória dos efeitos da tutela
definitiva. O legislador permite que o magistrado conceda logo efeitos de uma futura tutela definitiva
provisoriamente – precisa confirmar depois - concede agora os efeitos que só obteria no final do
processo. Por fim, pressupõe urgência e evidência (perigo + demonstração da probabilidade).
OBS.: nada impede que o legislador preveja uma tutela antecipada tendo apenas um dos elementos: □
só urgência ou □ só evidência. Ex.: ação monitoria autoriza que o juiz expeça logo uma ordem de
pagamento apenas com base em evidência, não há que se provar urgência.
1973 – CPC
Na leitura do CPC só via como regra uma previsão de tutela antecipada que era a tutela cautelar – art.
804, CPC.
Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir
o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar
que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a
sofrer.
O juiz poderia conceder de logo o que já acontecia. Havia exemplos de tutela antecipada satisfativa nos
procedimentos especiais: ação de alimentos permite alimentos provisórios, MS, ações possessórias.
Tutela antecipada geral só para a cautelar. Nessa época não se falava em tutela antecipada, só em
liminares.
Nesse ambiente, os advogados perceberam que em algumas situações havia a necessidade de uma tutela
satisfativa já que a cautelar não era suficiente. Precisa, por exemplo, retirar o protesto de um título, que
um leilão fosse realizado. Porém, o sistema legal não permitia.
Diante dessa omissão legislativa, os advogados pediam essas providências (satisfativas), mas com o
nome errado de providências cautelares, pois não havia previsão no CPC das satisfativas, apenas das
cautelares. O advogado só usava o art. 804 e a jurisprudência começou a conceder e preencher a lacuna
do direito.
A jurisprudência passou a distorcer a tutela antecipada cautelar, e na prática surgiu a tutela cautelar
satisfativa. Trata-se de uma deformidade da tutela antecipada cautelar. O advogado pedia a antecipação
e depois entrava com a ação principal. Era uma ação igual a primeira, só que para cumprir a formalidade
de existir uma ação principal. Assim, um só problema gerava 2 processos exatamente iguais. Em 1994,
dois artigos foram criados no CPC: art. 273 e o § 3º do art. 461. Vejamos:
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu
convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a
tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A
medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Eles estabeleceram a permissão da tutela antecipada satisfativa genérica. Agora para qualquer situação.
Passou a ter uma tutela antecipada cautelar que já existia no art. 804, CPC e para as providências não
cautelares. Vimos que a tutela cautelar também pode ser antecipada. O que o art. 273 fez foi criar uma
tutela antecipada genérica.
A doutrina da época começou a fazer um contraponto entre tutela antecipada de um lado e tutela
cautelar do outro (a tutela antecipada pode ser cautelar). Uma comparação que gerou muitos problemas.
Não era para comparar dessa forma. Era para comparar a tutela antecipada satisfativa com a tutela
antecipada cautelar. A tutela antecipada não foi criada em 1994, mas foi generalizada nesse ano.
Com reforma legislativa, perdeu sentido as cautelares satisfativas. Não havia mais a justificativa. A
omissão legislativa que justificou o surgimento das cautelares satisfativas deixou de existir porque o
legislador preencheu.
.A tutela antecipada é criação da reforma de 1994? Não. A reforma de 1994 generalizou a tutela
antecipada satisfativa, mas ela já existia como hipótese excepcional em alguns procedimentos especiais e
no procedimento cautelar.
O resto:
Obrigações pecuniárias;
Dar coisa distinta de dinheiro;
Ações constitutivas;
Obrigação de fazer;
Ações declaratórias.
Obrigação de não fazer.
.Essas duas regras formam um sistema que devem ser interpretadas conjuntamente. Sistema que
autoriza antecipação de tutela satisfativa para todos os casos;
.Dentro deste sistema existe um microssistema que é o da tutela antecipada satisfativa contra o poder
público que tem regras próprias reguladas pela L. 9.494/97; CTN – art. 151, V e 170-A; L. 8.437/92;
Súmula 729, STF; e
.Antecipação da tutela em ação declaratória e constitutiva cabe para antecipar efeitos da declaração,
efeitos da constituição. Não se pode pedir que se antecipe a declaração ou a constituição, mas sim pedir
apenas os efeitos delas.
DISTINÇÕES: tutela antecipada em liminar é um problema. Liminar é um adjetivo. Significa aquilo que
está no início, no limiar. Então uma decisão é liminar quando ela é dada no início do processo. O
indeferimento da petição inicial é uma liminar. Só que a palavra liminar embora seja um adjetivo foi
substantivada, se transformou num substantivo. Liminar passou a ser a tutela antecipada liminar, aquela
decisão dada no início em que o juiz dá uma tutela antecipada. A tutela antecipada pode ser obtida em
qualquer momento do processo e não só no início. Então, existe tutela antecipada liminar (dada no início
do processo) e não liminar (dada durante o processo).
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas
previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou
parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Entrava com uma ação pedindo uma tutela satisfativa e o juiz entendia que era a velha ação cautelar. Ele
negava o recebimento. Foi uma confusão. Se pedisse a mesma coisa só que com o outro nome o juiz
concedia.
Por isso que em 2002 houve uma nova reforma. Essa reforma foi chamada de segunda etapa da reforma.
Ela tentou corrigir isso.
O § 7º do art. 273 do CPC diz que se o juiz entender que é tutela cautelar ele pode conceder ali mesmo,
sem necessidade de outro processo para isso. Ou seja, esse § 7º permitiu a concessão de uma tutela
cautelar dentro de um processo não cautelar e isso é uma novidade para a época. Não precisava mais de
dois processos. Houve uma simplificação. Tornou o processo ainda mais sincrético. Alguns autores dizem
que este §7º consagra o princípio da fungibilidade. Surgiram logo na doutrina alguns problemas:
• O juiz só pode fazer isso em situações duvidosas, em situações limítrofes onde não se sabe se é
cautelar ou se não é. Nas situações em que a dúvida quanto a natureza da medida é que se
aplica isso. O texto não fala isso. Então é em qualquer situação, duvidosa ou não. Não há
exigência de ser em situação duvidosa; e
• Saber se o contrário também é possível. Todo mundo fala que esse § criou uma fungibilidade – se
pedir como tutela antecipada o juiz pode dar uma cautelar. A dúvida é se o contrário também
pode – se entrar com ação cautelar e pedir providência satisfativa.
. Poderá o juiz conceder a medida satisfativa no lugar da cautelar? Essa fungibilidade é de mão
dupla? O posicionamento mais correto é da possibilidade de interpretação de mão dupla, desde que o
juiz na cautelar converta a cautelar para um processo de conhecimento para dar mais prazo para o réu.
Se não fizer isso o réu terá prazo de defesa de apenas 5 dias e não 15 dias (cautelar tem prazo de 5 e
conhecimento de 15).
Quais são os efeitos antecipáveis? O art. 273 se constitui numa previsão genérica de antecipação da
tutela.
Em qualquer ação de conhecimento pode-se antecipar o conhecimento da tutela. Mesmo sendo ações
constitutivas e declaratórias é possível antecipar os efeitos da tutela.
Ex2: exemplo de antecipação da tutela em ação constitutiva: ação para anular ato administrativo. Pode
pedir como tutela antecipada a suspensão dos efeitos deste ato. Já impede que esses atos produzam
efeitos. Todos os poderes dos §§3º e 4º, art. 461 se aplicam ao 273. A tutela antecipada segue as
regras da execução provisória.
LEGITIMIDADE: quem é que tem legitimidade para pedir tutela antecipada? Não cabe tutela
antecipada satisfativa ex officio.
Juiz não pode dar tutela antecipada ex officio. Precisa de requerimento da parte – o autor obviamente
pode pedir tutela antecipada.
O réu também pode; se o réu reconvier ele é demandante e pode pedir tutela antecipada na
reconvenção. Se a ação for dúplice ele pode pedir uma tutela antecipada a favor dele.
• Lembre-se que a ação dúplice pode ser processual (pedido contraposto) e material (a discussão
pode ser ajuizada tanto pelo autor, como pelo réu).
Claro que quando há pedido contraposto o réu pode pedir tutela antecipada. Agora imagine que o réu só
apresentou contestação.
. Pode o réu pedir tutela antecipada da improcedência do pedido do autor? Pode. Preenchidos os
pressupostos ele pode pedir a antecipação dos efeitos de uma improcedência. Às vezes só a existência do
processo já é um peso do réu e impede que ele participe de uma licitação, por exemplo. Ele pede a
antecipação dos efeitos da sentença final que lhe for favorável para participar da licitação.
. O MP pode pedir tutela antecipada? Se o MP for autor, for parte, é claro que ele pode pedir. Entra
na mesma regra da parte. A dúvida é se o MP custus legis pode pedir tutela antecipada. Tem duas
correntes:
1ª □ custus legis não tem como pedir tutela antecipada. Ele é só fiscal e não é parte; e
2ª □ quando o MP é custus legis em causas que envolvam incapazes, ele pode pedir a tutela antecipada
em favor do incapaz. Nos casos de incapazes, o MP não é custus legis, mas assistente do incapaz. Por
isso que ele pode pedir tutela antecipada.
A posição majoritária entende que o MP é custus legis e cabe pedido de tutela antecipada – quem escreve
sobre isso é membro do MP!
EFETIVAÇÃO DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Como a tutela antecipada será executada? Se efetiva no mesmo processo em que é proferida; Não
há necessidade de um novo processo. O poder geral de efetivação (§ 5º do art. 461) serve a tutela
antecipada; O juiz pode executar a tutela antecipada se valendo das medidas executivas deste parágrafo.
O regramento da execução provisória (art. 475-O) estabelece regras para a execução provisória e essas
regras da execução provisória se aplicam a execução da tutela antecipada. A execução da tutela
antecipada é regida pelas regras que regulam a execução provisória. O art. 273, § 3º do CPC cita o art.
588 que não existe mais. Onde se lê 588 leia-se 475-O. Regras da execução provisória – art. 475-O.
Responsabilidade objetiva do requerente: quem se beneficia da tutela antecipada tem que saber que se
depois vier a perder a causa os prejuízos causados a outra parte haverão de ser ressarcidos em
responsabilidade objetiva.
A tutela antecipada pode ir até o final como a execução provisória também. Para levantar dinheiro ou
vender bem, tem que ter caução. Não vai só até a penhora. Mas tem que ter caução idônea. A caução
não é para executar a tutela antecipada, mas apenas para levantar dinheiro, vender coisas ou praticar
atos que importem
a alienação. Essa caução é dispensada em créditos alimentares até 60 salários mínimos.
A segunda hipótese de dispensa é muito complexa. O agravo de instrumento do art. 544 é aquele para
subir RE ou REsp. Se estiver pendente o agravo de instrumento, durante essa execução provisória se
dispensa caução. Não dispensa se causar grave dano. Se o legislador diz que ele dispensa a caução salvo
se causar grave dano, e causar grave dano é uma hipótese de caução, então ele não dispensa. É um
círculo, não sai do lugar.
MOMENTO: a tutela antecipada satisfativa pode ser concedida em qual momento do processo?
Em qualquer momento, desde que preenchidos os pressuposto. Pode inclusive na sentença. O juiz
sentencia e antecipa a tutela no mesmo momento, o seu objetivo é permitir que a sentença produza
efeitos imediatamente.
Nesse caso a antecipação de tutela vai ser concedida em cognição exauriente, pois o juiz já decidiu que o
fulano tem razão. Não se trata de cognição sumária.
• Prova inequívoca das alegações; um lastro probatório produzido regularmente daquilo que foi
afirmado; não basta mera afirmação; deve ter um valor probatório.
• Verossimilhança das alegações; é preciso que o juiz se convença das verossimilhanças das
alegações. Trata-se de elemento subjetivo do juiz.
• Reversibilidade dos efeitos da decisão (pressuposto negativo); está no § 2º do art. 273 que é um
pressuposto negativo; se as consequências forem irreversíveis, não é possível conceder a tutela
antecipada. É o pressuposto mais polêmico, muito criticado pela doutrina. Às vezes, a não
concessão da medida é muito prejudicial. Deve ser feito um juízo de ponderação por parte do
juiz.
Quanto aos pressupostos alternativos, basta o preenchimento de um dos incisos do art. 273 (não é
cumulativo). Perigo; e Abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório. Fundada em
urgência (perigo) ou evidência (prova inequívoca e verossimilhança). Só no caso do art. 273, I do CPC
que pode ser dado liminarmente (sem ouvir o réu). Aqui temos o abuso de direito (o ilícito processual) só
para protelar. Assim, temos a tutela antecipada punitiva, e não tem por pressuposto a urgência. Ela se
baseia em três elementos: □ Prova inequívoca; □ Verossimilhança; e □ Conduta abusiva. Não tem
urgência.
.Toda tutela antecipada é exemplo de tutela de urgência? Não, pois a tutela antecipada pode se
fundar em perigo (cautelar) ou não (não tem urgência). A tutela antecipada do art. 273, II do CPC não
pode ser dada liminarmente (sem ouvir a parte contrária). OBS.: Estamos examinando a tutela
antecipada genérica, mas tem outras especiais. Ex. MS, ações possessórias, ação de alimentos. Assim, o
que estamos estudando não é a única previsão de tutela antecipada.
O § 6º DO ART. 273: imagine que no processo parte da causa esteja incontroversa. Ex.: pede 100 e o
réu reconhece que deve 70. Numa situação como essa o juiz pode dar tutela antecipada. Mas se
parcela da causa está incontroversa, o caso é de uma decisão provisória? Não. Isso é uma
decisão definitiva. É uma decisão parcial de mérito definitiva (sentença parcial ou decisão interlocutória).
O § 6º do art. 273 está no lugar errado do código. Tem coisa julgada, execução definitiva. Não é
antecipação de tutela. Dinamarco não pensa assim. Ele diz que isso é tutela antecipada que só tem como
pressuposto a incontrovérsia. Esse pensamento de Dinamarco nem repercutiu. É uma decisão parcial de
mérito definitiva que pode fazer coisa julgada, execução definitiva. Só tem a peculiaridade de ser sobre a
parte.
Teoria da Execução
I – Formas executivas
1. – Introdução
Sistemas
Sincretismo
Sincretismo processual
Obs: “ações sincréticas”: trata-se de um processo com duas fases
procedimentais sucessivas. Uma primeira fase de conhecimento e,
depois da sentença, uma fase de execução (que o código, no art. 475-I,
chama de cumprimento de sentença).
Antes de 1990
Regra: Processo autônomo de execução. Para execução do titulo
executivo extrajudicial, ficaria com o processo de execução para
sempre. Isso foi antes de 1990, é hoje, e será amanha. Também havia
título executivo judicial.
Atentar que a ação sincrética sempre existiu, mas que hoje elas foram
elevadas à regra.
Depois de 1990
O art. 84 do Código de Defesa do Consumidor trouxe como sincréticas
todas ações que tinham obrigação de fazer ou não fazer. Assim, qualquer
processo que tinha obrigação de fazer ou não fazer, era executado no
próprio processo.
Esse art. 84 é parte integrante da tutela coletiva. Dessa forma, não se
aplicou aos processos individuais.
Em 1994
Neste ano, o art. 84 do CDC foi repetido no art. 461 do Código de
Processo Civil. Dessa forma, tornou sincréticos os processos de
obrigação de fazer, ou não fazer, no âmbito dos processos individuais.
Hoje o art. 461, CPC, está mais atualizado que o art. 84, CDC, já que ele
foi reformado inúmeras vezes.
Em 1994, também, foi criado um importante instrumento que é a
antecipação de tutela (art. 273, CPC). Trata-se de uma execução no
curso do conhecimento. Quebra um pouco da idéia de ação sincrética,
porque as ações são simultâneas; enquanto que no processo sincrético
há uma sucessividade de procedimentos.
O art. 273, CPC trouxe a palavra efetivação para não utilizar a palavra
execução, já que a idéia de processo autônomo era muito arraigada no
meio jurídico.
Em 1995
Ano que foi publicada a lei 9.099/95. No âmbito dos juizados especiais
não existe processo de execução de título judicial.
Qualquer obrigação (fazer, não fazer, entregar, pagar quantia certa...)
reconhecida em um título executivo judicial será executada por mera
fase procedimental.
A novidade é a não associação da fase executiva com o tipo de
obrigação.
Em 2002
Passou-se a contar com o artigo 461-A, CPC. Este artigo torna sincrética
a ação que tenha como objeto a obrigação de entregar coisa. Aplica-se
tanto à tutela coletiva quando à individual.
Em 2005
A Lei 11.232 (ficou conhecida como a lei de cumprimento de sentença)
tornou sincréticas as ações que tenham obrigação de pagar quantia
certa.
Houve uma inversão. O que era regra virou exceção; o que era exceção
virou regra.
OBS 1: a doutrina, em sua maioria, diz que essa lei 11.232/05 modificou
o processo comum de execução. Ou outras palavras, antes de 2005,
sempre que havia uma execução de sentença por procedimento comum,
passou a ser cumprimento de sentença.
O problema é que o CPC prevê 3 espécies de execuções especiais. A
nova lei não menciona alterações nas execuções especiais. Para maioria
da doutrina, elas não foram alteradas pela nova lei. Dessa forma, essas
execuções especiais continuam da mesma forma, em processo de
execução autônomo.
- Execução contra a Fazenda Pública - pacífico
- Execução contra Devedor Insolvente (pacificado - Informativo 435, STJ
– Resp. 1.138.109/MG)
- Execução de Alimentos.
Quanto a esta, existe muita discussão na doutrina. Existem 3 correntes:
1ª Corrente: Humberto Teodoro, Nelson Nery. Trazem o entendimento
majoritário de que a lei não alterou os procedimentos especiais.
2ª Corrente: Alexandre Câmara, Marcelo Abelha. Entendem que a
execução de alimentos será, quando decorrentes de título judicial, por
meio de fase procedimental. Baseiam na idéia de que o credor de
alimentos tem seu crédito fundado em crédito mais nobre. Trata-se de
credor que mais precisa de proteção. Por isso, ele teria que ter o
sistema mais favorável, qual seja o cumprimento de sentença.
3ª Corrente: Costa Machado, Berenice Dias. Entendem que depende.
Dizem a execução de alimentos segue 2 procedimentos distintos. Esses
procedimentos ficam à escolha do exeqüente. Ele pode se valer do
procedimento do art. 732, CPC ou 733, CPC. O primeiro faz uma remissão
expressa ao procedimento comum de execução. Com isso o processo de
execução alimentar pode seguir o processo de execução comum. A única
especialidade que esse procedimento comum teria (o que não seria
suficiente para desvirtuá-lo) seria a possibilidade de descontar o valor
na folha de pagamento, disposto no art. 734, CPC. Por outro lado, se o
exeqüente optar pela execução do art. 733, CPC, estar-se-á diante de um
procedimento especial. Isso em razão da possibilidade da prisão civil.
Neste caso, estar-se-ia frente a um processo autônomo de execução.
Importante: Informativo 438, STJ – Resp 660.731/SP. Na última frase do
julgado, diz o julgado que o credor poderia se valer da multa do art. 475-
J, CPC, ou pode se valer da prisão civil do art. 733, CPC. Disso,
depreende-se que pode continuar tendo hoje o a execução de alimentos
como processo autônomo, ou mesmo como fase de cumprimento de
sentença. Esse julgado não versava sobre essa discussão, mas o
julgador mencionou o assunto.
- a
Durante muito tempo, essa execução por sub-rogação foi a única que
existiu. Em alguns países, até hoje, é a única que existe.
Espécies de Obrigação
1 – Pagar Quantia
Exceção: Indireta
- Prisão civil (trata-se de execução indireta, já que pressiona o devedor a
pagar sem penhorar seu patrimônio). De acordo com Informativo do STJ,
Resp. 1.117.639/MG, pode ser aplicada tanto ao título executivo judicial
quanto extrajudicial.
- art. 652-A, parágrafo único, CPC – só serve no processo autônomo de
execução. Neste, o executado é citado para pagar em 3 dias. Se ele
pagar no prazo, terá desconto de 50% no valor dos honorários
advocatícios. Perceba que é uma execução indireta, em que se oferece
uma melhora.
OBS 1: art. 475-J, caput, CPC, prevê uma multa de 10% do valor da
execução na hipótese do não pagamento em 15 dias. Essa multa pelo
não pagamento em 15 dias é uma execução indireta?
Na doutrina, Tereza Arruda Alvim Wambier, Gusmão Carneiro, defendem a
natureza de execução indireta desta multa de 10%, entendendo como
uma pressão psicológica ao devedor. Trata-se das astreintes. Lembra-se
que para ser astreintes não precisa ser periódica. As astreintes não
precisam ter periodicidade diária. Ela pode ter outra periodicidade:
semanal, mensal, por hora, por ato (cada veiculação de comercial). E
mais, elas não precisam ter periodicidade alguma. Podem ser
instantânea, pode ser aplicada uma única vez.
Outra corrente doutrinária, capitaneada por Marinoni, adotada pelo STJ
(informativo 429, Resp. 1.009.293-SP) entende que esta multa tem
natureza de sanção processual e, não pressão psicológica.
Esta discussão tem relevância prática, porque ao admitir-se como uma
sanção processual e, não sanção psicológica, esta multa passa a ser
cabível, independentemente, da situação financeira do executado.
Mesmo que a pessoa não tenha patrimônio para fazer frente à dívida, irá
se aplicar automaticamente a multa, conforme entende o STJ.
Ademais, o valor da multa é fixo em 10% do valor do crédito. O juiz não
pode alterar o valor. Se fosse realmente um fator de pressão psicológica,
deveria poder o juiz alterar esse valor no caso concreto, para que essa
multa realmente tivesse efetividade.
2. – Entregar Coisa
Indireta: Astreintes
Indireta – astreintes.
- Obrigações infungíveis: só o devedor pode cumprir a obrigação. São as
obrigações personalíssimas. O devedor tem uma característica própria
que outra pessoa não pode supri-la.
Ex: pintar um quadro. Se o devedor não pintar o quadro, outro não poderá
fazê-lo.
II – Princípios da Execução
- Impenhorabilidades
Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas
executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as
custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído pela Lei nº
8.953, de 13.12.1994)
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu,
desistir da ação.
Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo
modo menos gravoso para o devedor.
§ 2o Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006).
[existe corrente doutrinária, liderada por Araken de Assim, que diz que a expressão
“frauda a execução” foi utilizada em seu sentido jurídico. Isso significa que são aqueles
atos previstos como fraude à execução previsto no art. 593. É um entendimento mais
restritivo. O Dinamarco, por sua vez, defende que o termo fraude à execução foi
utilizado em seu sentido leigo, não no seu sentido jurídico. Significa que qualquer ato
que crie injustificadamente obstáculos, já seria suficiente para ser atentatório à
dignidade da justiça.]
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à
penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Sanção (art. 601, CPC) – multa de até 20%. O que vai ajudar a medir a
porcentagem aplicada é o resultado e a intensidade da conduta.
Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante
não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras
sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na
própria execução.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar qualquer
dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal,
juros, despesas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de
ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de
atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de
2002)
Art. 834, CC –
EX: O credor executa o devedor, e deixa o fiador de fora. O fiador
percebe que o credor está sendo desidioso no andamento do processo. O
fiador pensa: o credor está desidioso, vai que quando ele resolver dar
andamento, o devedor não mais tiver patrimônio. Aí a execução vai
sobrar para o fiador.
Neste caso o fiador tem interesse jurídico? Sim, neste caso, o Código
Civil admite que o fiador entre no processo como assistente para
auxiliar o credor.
Art. 834. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra o devedor, poderá o fiador
promover-lhe o andamento
21. Adjudicação do bem penhorado – pode ser feita por uma quantidade
significativa de terceiros. Ex: o cônjuge do devedor pode adjudicar
o bem, os ascendentes, os descendentes. Eles serão considerados
terceiros intervenientes. Nas formas típicas não consegue explicar
esta intervenção.
22. Arrematação – terceiros podem arrematar o bem. Pode arrematar a
prazo, prestar garantia. Outros terceiros podem impugnar.
23. Concurso de Credores – tem natureza de incidente processual.
Quando se tem uma execução em trâmite, e aquele devedor tem
outros credores. Esses outros credores, que não o exeqüente,
serão admitidos na execução alheia. Este caso não dá para tipificar
em nenhuma intervenção de terceiros típica.
2. – Legitimidade Ativa
[regra: o sujeito que figurar no título executivo como credor terá legitimidade para
executar este título.
Exceção: a lei pode indicar como credor sujeito que não consta no título. Assim, não é
condição sine qua non está no título.
Ex1: art. 23, Lei 8.906/94:
Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado,
tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório,
quando necessário, seja expedido em seu favor.
Tanto na tutela coletiva, como na tutela individual do pobre, o MP estará atuando com
legitimação extraordinária, já que estará em nome próprio, buscando direito alheio.
Aula 3 – 27/08/10
Art. 567
I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for
transmitido o direito resultante do título executivo;
- Causa Mortis
- antes da execução – são os legitimados que dão início à
execução, e fazem uma prova documental de sua legitimidade.
- durante a execução – vai ocorrer a sucessão processual (sai o
exeqüente, que morreu, entra um dos legitimados). Essa sucessão
processual, segundo o CPC exige uma ação incidental, que é uma ação
de habilitação incidente (art. 1.055 a 1.062, CPC).
II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;
Haverá um novo credor, mas este é criado por sub-rogação. Esta sub-
rogação pode ser tanta legal (art. 346, CC – ex: fiador que paga a dívida),
quanto convencional (art. 347, CC – ex: contrato de sub-rogação).
3. – Legitimação Passiva
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 299, CC
A justificativa da regra é uma questão de responsabilidade patrimonial, por isso que depende da anuência
do credor.
Se houver uma cessão de débito sem anuência do credor, a legitimação originária é mantida.
Com a anuência do credor, estaremos diante de uma legitimação ordinária superveniente, por ato inter
vivos.
Fiador judicial é um terceiro (não é parte no processo) que presta uma garantia em favor de uma das partes.
O fiador judicial não perde a qualidade de terceiro para virar parte. Ele permanece terceiro.
Neste processo em que a garantia foi prestada será formado um título executivo judicial, que obviamente é
executável. Neste título irá constar o autor e o réu, as partes. Um deles constará como credor, e o outro
como devedor. Um desses sujeitos (autor ou réu) figurando como devedor neste título ele vai ter
legitimidade passiva na execução desse título (art. 568, I, CPC). Se este autor ou réu for beneficiário da
garantia prestada por um terceiro, haverá também uma legitimação passiva desse terceiro, em razão do art.
568, IV, CPC. Assim, neste caso haverá uma dupla legitimidade. Se não existisse este dispositivo não daria
para executar o fiador judicial, já que no título ele não figurará, pois não é parte.
OBS: É exigida uma interpretação literal deste dispositivo. Isso quer dizer que não se aplica o art. 568, IV,
ao fiador convencional. O fiador convencional vai ter legitimidade passiva nos termos do art. 568, I, CPC. Ou
seja, só se pode executar um fiador convencional se tiver um título contra ele.
Assim, se tiver um título executivo extrajudicial contra fiador convencional, aplica-se o art. 585, III, CPC; se
quiser executar um título executivo judicial contra o fiador, ele deverá constar do título, para tanto ele deverá
figurar como réu na fase de conhecimento.
V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
4. – Competência
Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
A atuação jurisdicional dos tribunais se dá de 2 formas: no âmbito recursal ou nas ações de competência
originária.
A competência executiva dos tribunais está limitada às ações de competência originária. Proferida qualquer
decisão nestas ações, a competência para executá-las é o próprio do tribunal.
OBS 1: essa regra tem uma exceção. Título executivo judicial de homologação de sentença estrangeira. É o
STJ que forma este título em sua competência originária, mas quem executa é o juiz federal de 1° grau (art.
109, X, CF).
OBS 2: art. 102, I, “m”, CF. Esta regra se direciona ao STF, mas é aplicável a todos os tribunais. Isso em
função da ratio (razão de ser da norma). O tribunal, mesmo competente, pode delegar a atividade executiva
para o juízo de 1° grau. Isso por meio de uma carta de ordem. Porque que os tribunais não fazem avaliação
de bem, não fazem hasta publica? Isso porque os tribunais não estão organizados para a atividade
executiva. Não há estrutura funcional para execução nos tribunais.
Essa delegação da execução pode ser considerada uma delegação parcial. A atividade executiva vai inteira.
Serão delegados todos os atos materiais de execução
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Antigamente a previsão era “o juízo que decidiu a causa em primeiro grau” era o competente para executar.
Agora ficou o juízo que “processou”. Na absoluta maioria dos casos esta mudança não gera conseqüências
práticas, trata-se de uma mudança meramente semântica. Isso porque em regra, o mesmo juízo que
processa é o que decide a causa. Essa regra decorre do art. 87 do CPC que estabelece o princípio da
“perpetuatio jurisdicionis” que diz: competência é fixada na propositura, de modo que alterações
supervenientes, de fato ou de direito, não afetam aquela competência. Se no dia da propositura da ação ou
réu muda seu domicílio, a ação não mudará a competência. Assim, a regra é: aonde é proposta a demanda,
ela é processada e decidida. Esse princípio da perpetuatio juridicionis tem 2 exceções, ou seja, juízos
diferentes na atividade de processamento e decisão da ação.
1 – mudança de competência absoluta: seja decorrente de fato ou de direito, esta mudança irá gerar,
imediatamente, conseqüências. Ex: sai uma lei hoje, alterando a competência do processo para a justiça
federal. Nesse caso, o processo deverá ser imediatamente encaminhado para a justiça federal para julgá-lo.
2 – extinção do órgão jurisdicional: Ex: uma comarca tem 2 varas. O TJ entende que nessa comarca só
precisa de 1 vara. Todos os processos da 2ª vara serão encaminhados para a 1ª vara, que irá julgá-los.
O problema aqui é entender que este inciso trata de competência territorial. Não dá para aplicar, neste caso,
o art. 457-P, II. Isso porque os que formam o título não têm como executar.
Sempre que for executar uma sentença penal ou arbitral na esfera cível, você vai ser chamado a fazer um
juízo de abstração. Deve ser feito uma ficção. Tem que pensar que não existe título executivo naquele caso.
Como hipoteticamente não tem o título, para formá-lo, precisa de um processo de conhecimento. Se não
tivesse a sentença penal, arbitral, teria que entrar com o processo de conhecimento. Este não existirá,
obviamente, por falta de interesse. Mas este juízo que deveria conhecer este processo será o que vai ser o
competente para a execução. Basta a aplicação do art. 100, parágrafo único do CPC.
OBS 1: E uma coisa muito importante: é plenamente possível você pegar uma sentença penal da justiça
federal e executar na justiça estadual na esfera cível. E mais, mas a regra vale vice-versa (mas é raro), ou
seja, se você tiver uma sentença da justiça estadual, será possível executar na federal. É bem mais raro,
porque as competências cíveis da justiça federal não vão dar muito espaço para isso. O que eu quero
mostrar é que competência da justiça federal e estadual na área penal é uma coisa, na área cível é outra.
Não se misturam.
OBS 2: na convenção de arbitragem, se tiver uma cláusula de eleição de foro, não haverá problema, porque
a competência será essa.
Para execução de homologação de sentença estrangeira utiliza-se as mesmas regras para execução de
sentença nacional da mesma natureza. Causa de 1° grau – art. 475-P, II, CPC – parágrafo único. Pode-se
escolher entre o local de bens do executado ou do domicílio do executado.
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do
local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em
que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na
conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.
OBS 1: Min. Zavascki diz que o protesto dos títulos não afeta a
competência para a execução. O protesto é um ato meramente
administrativo, não tem nada a ver com o aspecto jurisdicional.
Art. 591. O devedor [o responsável patrimonial] responde, para o cumprimento de suas obrigações, com
todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Pode-se ter também uma sucessão causa mortis. Neste caso não dá
para falar em fraude à execução. Ocorre que quando da morte da pessoa,
há tanto a sucessão na relação de direito material, quanto a de direito
processual. Do ponto de vista do direito material, os herdeiros se tornam
responsáveis pelo cumprimento da obrigação. Eles irão se tornar
obrigados pela satisfação. Dessa forma, não será responsabilidade
patrimonial secundária, mas será responsabilidade primária.
Existe uma corrente liderada pelo Dinamarco, que diz que se aplica o art.
592, I, se o ato de sucessão se der antes de iniciada a execução. E,
aplica-se o art. 592, V, depois de iniciada a execução. Essa seria
interpretação para salva o dispositivo. Todavia, há 2 problemas no
entendimento de Dinamarco: 1. afronta a literalidade da norma, já que o
art. 592, I, diz que é sucessão a título singular, tratando-se de uma
execução fundada... Assim, já tem que haver execução, e não mera
obrigação. 2. fraude à execução ocorre também antes de iniciada da
execução. Não é necessária uma execução para haver fraude à
execução. Assim, essa solução de Dinamarco encontra alguns
problemas.
Existe uma corrente trazida por Zavascki. Diz que se aplica o art. 592, I,
no caso da sucessão causa mortis, que não terá fraude. E aplica-se o art.
592, V, porque aí teria fraude. Para o Prof., o Zavascki teria cometido um
erro, que é que a sucessão causa mortis gera ao sucessor a
responsabilidade primária. E se a responsabilidade é primária, nada tem
a ver com o art. 592, CPC.
II - do sócio, nos termos da lei;
b) a confusão patrimonial;
Quais são as reações do sócio? Já que ele só vai ser informado depois
de efetivada a desconsideração.
IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem
pela dívida;
A primeira coisa que tem que fazer é descartar o cônjuge como devedor.
Porque se ambos os cônjuges são responsáveis pelo inadimplemento da
obrigação, os dois são devedores. Nesse caso, ambos tem
responsabilidade patrimonial primária.
O cônjuge para ser não devedor, basta não ser ele responsável pela crise
de inadimplemento. E ele não será coobrigado quando a dívida não se
referir à economia doméstica.
Esse cônjuge que não é devedor nem coobrigado, nos termos do art. 655,
§2°, será obrigatoriamente intimado da penhora de imóvel na execução
em trâmite perante o outro cônjuge. Quando este cônjuge for intimado,
surge a primeira discussão. Para uma doutrina minoritária, liderada pelo
Dinamarco, o legislador teria acertado em dizer que o cônjuge é
meramente intimado. Isso porque o cônjuge não devedor continua a ser
um terceiro nessa execução. Ou seja, para o Dinamarco ele não se torna
parte na execução. Todavia, a doutrina majoritária, (Araken de Assis, Luiz
Fux) trata-se de litisconsórcio passivo ulterior. Dessa forma trata-se de
uma verdadeira citação. A par dessa discussão é importante verificar
qual a reação desse cônjuge? Súmula 134, STJ – e julgado Resp.
740.331/RS. Esse cônjuge pode reagir:
OBS 2: Quando ele entra para alegar estas matérias ele não esta
defendo seu direito, mas o direito do devedor, que é o outro cônjuge.
Assim, aqui, ele atua com uma legitimação extraordinária.
• – Fraudes do Devedor
O código civil, no art. 158, prevê que o ato praticado em fraude contra
credores é um ato anulável. Existe doutrina que concorda (Nery,
Marinoni).
Proposta a ação pauliana, também chamada revocatória, terá como
dispositivo a desconstituição do negócio jurídico. No momento em que
se desconstituir o negócio jurídico, o bem que foi alienado em fraude,
retorna ao patrimônio do devedor.
Vem uma corrente doutrinária, com Dinamarco, HTJ, que dizem estar o
Código Civil errado. Dizem que o ato praticado em fraude contra
credores é válido, porém é ineficaz perante o credor. Para eles, a ação
pauliana não desconstitui o negócio jurídico. Ela simplesmente declara a
ineficácia e permite a penhora. Dinamarco defende que a sentença
nesse caso é constitutiva. Ele diz que a sentença da pauliana, neste
caso, vai criar uma nova situação jurídica, que é de penhorabilidade. HTJ
diz que esta sentença é meramente declaratória, já que ela só declara a
ineficácia, sendo a penhorabilidade a conseqüência natural da sua
ineficácia. Mas o principal é que eles concordam com a questão da
ineficácia.
Essa súmula deve ser entendida que o registro da penhora gera uma
presunção absoluta de ciência “erga omnes” da situação do bem. Ou
seja, qualquer sujeito que venha adquirir o bem sabia que o bem estava
penhorado. Trata-se de presunção absoluta. Afasta-se a boa-fé.
A ausência de registro pode ser por ser materialmente impossível de
registrar ou porque a fraude a execução foi feita antes da penhora.
Se não tiver o registro, o credor tem o múnus de provar a má-fé do
terceiro.
Luiz Fux diz que a prática do ato de fraude à execução pode ser anterior
à execução. Todavia, o reconhecimento da fraude é exclusivo na
execução. Não existe reconhecer uma fraude à execução antes da
execução. Não vale de nada esse reconhecimento fora da execução, já
que só nesta fase que ocorre os atos de constrição. O nome fraude à
execução tem lógica. Porque ela só vai ser reconhecido na execução.
OBS: Informativo 420, STJ, Resp. 799.440/DF. O STJ lembra que o que
interessa para fraude à execução é a ciência do devedor da existência
de ação judicial.
Art. 615-A, §3°, CPC – a alienação de bem que foi averbado, tem a
presunção de fraude à execução.
Averbação gera:
• presunção absoluta de ciência “erga omnes”.
• presunção relativa de fraude à execução.
Aula 01 21/04/2010
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
1) Conceito de iliquidez:
É um estado de indeterminação do valor da obrigação, que para ser apurado
depende de elementos externos objetos de posterior cognição judicial.
Se se tem um título executivo e houver capacidade de se vislumbrar o valor da
obrigação, esta será líquida. Mas se não se puder dizer o quanto vale a
obrigação, está será ilíquida. Sendo ilíquida, só capaz de um elemento externo,
é que se poderá chegar ao valor da obrigação.
A sentença que é liquidada é aquela que impõe uma obrigação. Mas há dois
casos que permitem a liquidação de sentenças que não condenatórias:
- sentenças declaratórias que reconheçam uma obrigação:
Art. 475-N, I:
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de
obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)
1) Princípios:
a) nulla executio sine titulo:
É previsto no art. 618, I e art. 586 do CPC:
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 618. É nula a execução:
I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível (art. 586); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Esse artigo diz que o devedor comete ato atentatório quando ofende algumas
dessas hipóteses. De acordo com essa sistemática, o devedor deve indicar os
bens penhoráveis e não sendo localizados, o credor pode requerer que o
devedor os indique.
d) contraditório rarefeito:
Existe contraditório no processo de execução, mas recai apenas no tocante
aos atos executivos, a saber: penhora, avaliação, alienação.
O que não se admite na execução é a discussão quanto à existência ou não da
obrigação, algo que fica reservado para um procedimento incidental
(impugnação) ou ação autônoma (embargos do devedor).
Mas há uma exceção, que é o caso da exceção de pré-executividade, ou seja,
pode-se discutir na execução a existência ou não da obrigação. O exemplo
clássico é uma exceção de pré-executividade onde o devedor junta os recibos
de pagamento.
O nome desses credores não está em princípio no título, razão pela qual é essa
legitimidade chamada de derivada. Toda vez que a legitimidade for derivada, o
credor recebe o crédito com as mesmas características do original.
c) legitimidade ativa extraordinária:
Art. 566. Podem promover a execução forçada:
II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Exs: art. 98 do CDC, art. 68 do CPP (ação civil ex delicto). O MP age em nome
próprio na defesa de direito alheio.
b) derivada ou superveniente:
Também serão réus no processo de execução aqueles que recebem de segunda
mão a dívida.
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação
resultante do título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
c) responsável tributário:
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Uma coisa é o sujeito poder ser parte no processo de execução; outra, é saber
se ele é o responsável pela dívida. A regra é que o próprio executado seja o
responsável pela dívida, mas em alguns casos a lei cinge essas figuras. De um
lado, fica a parte na execução e de outro fica alguém que não é parte no
processo de execução, mas seu patrimônio responde pela dívida.
A responsabilidade tributária tem previsão no art. 135 do CTN. Assim, quem
responde pela dívida não é quem consta no título executivo.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes
ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de
direito privado.
O legislador não poderia ter feito constar o responsável tributário como parte,
porque não consta do título. O professor entende que o legislador confundiu as
figuras tendo em vista que o responsável tributário não é parte, mas sim o
responsável pela dívida.
2.3 Litisconsórcio:
Pode haver, sendo seguidas as regras do CPC.
Mas não se deve esquecer que diante de credores e devedores solidários o
litisconsórcio é facultativo. Art. 46, I do CPC:
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à
lide;
3) Competência:
As regras sobre competência estão previstas nos arts. 576 a 578 do CPC, sendo
regras de competência territorial e, portanto, seguem as normas referentes à
competência relativa:
Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante
o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos
II e III.
Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.
Art. 578. A execução fiscal (art. 585, Vl) será proposta no foro do domicílio do
réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro
de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de
qualquer dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do
lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida,
embora nele não mais resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens,
quando a dívida deles se originar.
Na grande maioria dos casos, deve ser seguida a regra do art. 100, IV, “d” do
CPC:
Art. 100. É competente o foro:
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
Nada impede que as partes elejam foro de eleição, como nos contratos, por
exemplo.
Às vezes, no contrato consta determinada comarca. Ocorre quem em muitos
casos o protesto ocorre em outra praça. Assim, o protesto do título em praça
diversa implica renúncia ao foro de eleição?
O STJ entendeu que não implica em renúncia em foro de eleição.
a) inadimplemento:
Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a
obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo.
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Significa que uma parte não é obrigada a cumprir a sua parte no contrato sem
que a outra cumpra a sua. Enquanto o credor não cumprir a sua parte no
contrato, o devedor não pode ser considerado inadimplente.
Tanto é assim que se se olhar o art. 615, IV do CPC, verificar-se-á que o credor,
ao ajuizar a execução, deve provar que adimpliu a sua contraprestação.
Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
IV - provar que adimpliu a contraprestação, que lhe corresponde, ou que lhe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua
prestação senão mediante a contraprestação do credor.
O que deve ser líquido, certo e exigível é a obrigação e não o título. Houve
alteração com a lei 11.382/06, tendo em vista que anteriormente o CPC afirma
que o título é que deveria ser líquido, certo e exigível.
a) certeza:
A doutrina entende que a certeza nada mais é senão a indicação do an
debeatur. É a definição dos seguintes elementos da obrigação:
- quem são as partes (credor e devedor); quem deve e recebe?
- qual é a prestação (dinheiro, fazer, não fazer etc); o que deve?
- qual o modo de cumprimento (à vista, parcelado); como deve?
b) liquidez:
É a determinação da extensão do quantum debeatur. A liquidez é o estado de
determinação do valor da obrigação que independe da busca de elementos
externos ao processo sujeitos à cognição judicial.
De acordo com a maioria da doutrina, a liquidez só é exigida nas obrigações por
quantia. Isso porque as obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa não
podem ser ilíquidas, ou seja, não precisam ser quantificadas. A liquidez é
exclusiva, pois, das obrigações por quantia.
Tanto é assim que no art. 475-A o legislador disse que a liquidez só ocorre nas
obrigações de pagar:
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua
liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Há doutrinadores que afirmam que há liquidez nas obrigações de entrega de
coisa. Medina e Abelha Rodrigues insistem que pode haver obrigação de
entrega ilíquida. Ex: entregar saca de café de marca A e a parte entre a marca
B.
O professor discorda, dizendo que não é caso de iliquidez, mas sim de falta
determinação do objeto da obrigação.
c) exigibilidade:
Tem a ver com a atualidade da obrigação. O título só é exigível se se conseguir
responder à seguinte pergunta? O título já venceu? Se a resposta for positiva,
está-se diante da exigibilidade, que nada mais é senão a atualidade da dívida.
Esses títulos são eleitos por critérios variados. O que faz o legislador eleger um
documento como título executivo não é um único critério. Geralmente, os dois
principais critérios utilizados pelo legislador são a certeza da obrigação e a
natureza do crédito.
Ex: o contrato se tornou título executivo por conta da segurança que ele
representa.
Se o título extrajudicial for ilíquido (cheque sem valor, v.g), deixa de ser título,
não cabendo liquidação desse título como regra.
O art. 587 tornou parcialmente prejudicada a súmula 317 do STJ. A súmula dizia
que a execução era sempre definitiva. Hoje, depende dos efeitos em que for
recebida a apelação dos embargos.
Aula 02 08/05/2009
O art. 889, § 3.º do NCC permite que a emissão dos títulos de crédito não
necessariamente necessita ser de papel. Mas apenas os títulos que têm
previsão legal podem ser emitidos por meio eletrônico.
Mas como ocorre o protesto desse título emitido por meio eletrônico? De
acordo com os arts. 8.º e 22 da Lei 9.492/97, esses títulos de crédito são
protestados também por meio eletrônico, por arquivo digital.
O STJ tem entendido que a execução dos títulos emitidos por meio eletrônico
pode ser feita apenas com o instrumento de protesto.
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953,
de 13.12.1994)
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem
como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382,
de 2006).
V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,
bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,
quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão
judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos
inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela
Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para
serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país
estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos
de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil
como o lugar de cumprimento da obrigação. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)
letra de câmbio:
Tem previsão na Lei Uniforme de Genebra.
O credor que a emite a saca e manda para o devedor efetuar o pagamento. De
acordo com o STJ< se o devedor não aceitar a letra de câmbio, ela perde a
eficácia executiva e não há nada que possa o credor fazer. Por essa razão a
letra de câmbio, na prática, quase não existe.
Nota promissória:
Também tem previsão na Lei Uniforme de Genebra. Diferentemente da letra de
câmbio, não é documento emitido pelo credor, mas sim pelo devedor. “eu,
fulano de tal, pagarei a beltrano o valor X no dia Y”.
De acordo com o art. 54, § 2.º da Lei Uniforme, caso na conste a data na nota
promissória seu pagamento deve ser à vista.
A nota promissória é uma promessa de pagamento, mas muitas vezes é emitida
como sendo uma garantia, ou seja, ela é emitida em muitos casos vinculada a
um contrato. Por isso, o STJ tem entendido que a promissória perde a natureza
executiva quando emitida como garantia de cumprimento de contrato.
A súmula 258 do STJ trata do assunto.
Súmula: 258
A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Duplicata mercantil:
Tem previsão na Lei 5.474/68. Só pode ser emitida em relações comerciais
razão porque se chama de duplicata mercantil. Assim, só pode ser emitida em
caso de compra e venda e prestação de serviços. A duplicata é emitida pelo
próprio credor.
Deve-se atentar para a regra do § 2.º do at. 15 da Lei 5.474/68. O credor emite a
duplicata e a manda para o devedor. Este, por sua vez, pode fazer três coisas:
- aceitar e devolver para o credor, o qual a executará se não houver o
pagamento. Assim a duplicata aceita e devolvida é título executivo.
- o devedor não aceita e a devolve:
Nesse caso, se a recusa for sem motivo e houver a devolução, o § 2.º do art. 15
estabelece que o credor tem que protestar e comprovar a entrega da
mercadoria ou a prestação do serviço. Se o credor protestar o título e
comprovar a entrega da mercadoria ou a prestação do serviço, a duplicata é
título executivo.
- o devedor não aceita e não devolve a duplicata: o credor deve protestar o
título por falta de devolução e junta o comprovante da entrega da mercadoria
ou da prestação do serviço. Caso assim haja, há o título executivo, mesmo que
o devedor tenha a duplicata consigo. Esse é o procedimento previsto em Lei.
Mas a jurisprudência entende que caso o devedor não devolva a duplicata, o
credor pode emitir uma triplicata, encaminhando-a para protesto juntamente
com o comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação do serviço. Caso
assim o faça, a triplicata será título executivo. Mas tecnicamente isso não
seria válido porque a triplicata só pode ser emitida em caso de perda ou
extravio da duplicata.
Cheque:
É pacífico na jurisprudência que, mesmo que caso de conta conjunta, só pode
ser executado contra o emitente.
na conta conjunta existe solidariedade entre os correntes, a qual se opera
única e exclusivamente com relação ao banco. Isso dá margem a muitas
fraudes, porque se colocam laranjas para emitir um cheque e a execução se dá
apenas contra ele.
Por fim, deve-se atentar para o artigo 61 da Lei 7.357/85. Esse dispositivo
afirma que nos seis meses iniciais o cheque é título executivo. Até dois anos
após a prescrição, o cheque não é mais título executivo. Apesar de não ser
mais título executivo, mantém a natureza cambial. O art. 61 estabelece que
cabe contra o devedor uma ação cognitiva contra o devedor por
enriquecimento ilícito.
Após os dois anos, o cheque já não mais é título executivo e, além disso, não
mais mantém a natureza cambial, só podendo ser cobrado mediante ação de
conhecimento.
Se o cheque mantém a natureza cambial, por ser um título não causal, não é
necessário que se diga a origem do crédito, porque este é devidamente
representado pelo título de crédito.
Mas quando o cheque perde a natureza cambial, deve-se provar a natureza do
crédito.
Documento público:
É merecedor de fé, por isso são considerados como título executivo.
Assim, esse contrato não é título de crédito, mas instrumento hábil para o
ajuizamento da ação monitória.
Isso muito ocorre quando os correntistas são obrigados a confessar uma dívida
para obterem mais crédito junto aos bancos.
Esses dois institutos são vinculados à enfiteuse, que existia até o advento de
NCC. Continua sendo título executivo porque as enfiteuses antigas continuam
existindo.
Foro é a prestação anual, que o enfiteuta paga todo ano ao senhorio.
O laudêmio é o pagamento que se faz pela transação do imóvel, cujo
pagamento é feito ao senhorio.
Esses títulos não são judiciais porque os interessados não são partes na
demanda, em que pese serem esses valores fixados judicialmente.
Tem-se entendido que é ilegal o desentranhamento da perícia pelo não
pagamento dos honorários periciais exatamente porque o juiz pode emitir em
favor do perito um título extrajudicial.
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
a) Petição Inicial:
A primeira etapa de todo o procedimento é a petição inicial, cuja previsão é a
do art. 614 do CPC:
Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor
e instruir a petição inicial:
I - com o título executivo extrajudicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de
2006).
II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da
ação, quando se tratar de execução por quantia certa; (Redação dada pela Lei
nº 8.953, de 13.12.1994)
III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572).
(Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
A inicial deve conter o título, o cálculo e a prova da condição ou termo.
Há ainda algumas execuções que precisam da prova de outros requisitos, os
quais constam do art. 615 do CPC.
Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo
pode ser efetuada;
II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou
usufrutuário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor,
hipoteca, anticrese ou usufruto;
III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;
IV - provar que adimpliu a contraprestação, que Ihe corresponde, ou que Ihe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua
prestação senão mediante a contraprestação do credor.
Nos termos do novo art. 652, § 2.º do CPC, o credor tem a faculdade de na
petição inicial indicar os bens penhoráveis.
§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados
(art. 655). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
De acordo com o novel art. 615-A do CPC, o credor, lodo depois de distribuída a
inicial, pode obter uma certidão comprovando a existência da execução e, nos
registros públicos de bens, averbar a certidão no sentido de que há uma
execução tramitando.
Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão
comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e
valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de
veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto. (Incluído pela
Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o O exeqüente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no
prazo de 10 (dez) dias de sua concretização. (Incluído pela Lei nº 11.382, de
2006).
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida,
será determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo
relativas àqueles que não tenham sido penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382,
de 2006).
§ 3o Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens
efetuada após a averbação (art. 593). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 4o O exeqüente que promover averbação manifestamente indevida indenizará
a parte contrária, nos termos do § 2o do art. 18 desta Lei, processando-se o
incidente em autos apartados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 5o Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
b) admissibilidade:
O juiz tem três opções:
b.1) verificar que não é caso de execução, ou seja, pode proceder ao
indeferimento da inicial.
b.2) o juiz vislumbra que é possível corrigir defeitos da petição inicial. Art. 616
do CPC:
Art. 616. Verificando o juiz que a petição inicial está incompleta, ou não se
acha acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução,
determinará que o credor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser
indeferida.
c) Citação:
Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o
pagamento da dívida. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
O réu será citado para efetuar o pagamento da dívida por três dias.
O art. 652, § 1.º preceitua que não sendo feito o pagamento, o oficial procede à
penhora dos bens.
§ 1o Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial
de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação,
lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma
oportunidade, o executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
d) Reações do executado:
O executado pode ter três reações no processo:
d.1) pagamento integral do débito:
Havendo o pagamento integral, o processo deve ser extinto nos termos do art.
794, I. Mas para incentivar o pagamento integral do débito, estabeleceu-se a
sanção premial, prevista no parágrafo único do art. 652 do CPC.
Parágrafo único. No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a
verba honorária será reduzida pela metade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de
2006).
e) penhora e avaliação:
Isso ocorre sem prejuízo da defesa. Há, nesse caso, duas possibilidades:
e.1) Oficial de justiça não encontra bens:
Nesse caso, o oficial de justiça comunica ao juízo para eventual aplicação do
art. 652, § 3.º, c/c art. 600, IV do CPC:
§ 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a
qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de
penhora. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
Hoje, a regra do sistema é que nos bens móveis, sendo dinheiro, o depositário é
o banco; noutros bens, será o depositário judicial ou o credor. Este ficando com
o bem, deve-se proceder à remoção do bem.
A única exceção é a do § 1.º acima transcrito.
O sistema processual inverteu a ordem do depósito por dois motivos: quando se
tira o bem do devedor, este mais se interessa pelo pagamento da dívida, ou
seja, para facilitar a auto-composição; o segundo motivo foi por conta da
evidente tendência de não mais ser aceita a prisão do depositário infiel. De
fato, o sistema previu decisão que já foi tomada pelo STF.
Pelo art. 659, § 5.º, quando se tratarem de bens imóveis, o devedor fica como
depositário.
§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de
penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do
executado (art. 652, § 4o), providenciar, para presunção absoluta de
conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário,
mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato,
independentemente de mandado judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de
2006).
§ 5o Nos casos do § 4o, quando apresentada certidão da respectiva matrícula,
a penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada
por termo nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na
pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário. (Incluído pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Essa intimação da penhora, nos termos do art. 652, § 5.º pode se tornar
dispensável, caso não seja o devedor localizado.
§ 5o Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial
certificará detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá
dispensar a intimação ou determinará novas diligências. (Incluído pela Lei nº
11.382, de 2006).
Também deve ser intimado da penhora o garantidor. Isso nos termos do art.
655, § 5.º do CPC:
§ 1o Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou
anticrética, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em
garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado
da penhora. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Ainda, deve ser intimado o cônjuge do devedor, nos termos do art. 655, 6 2.º:
§ 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do
executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Mas ressalte-se que essa intimação recai apenas sobre bens imóveis.
De acordo com o art. 1.647 do NCC, isso não se aplica se o casamento for em
regime de separação absoluta, total de bens.
O cônjuge deve ser intimado para defender a sua meação do bem.
Por fim, também será intimado da penhora e da avaliação outros credores
titulares de direito real sobre o bem penhorado. (arts. 615, II, 619 e 698).
Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou
usufrutuário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor,
hipoteca, anticrese ou usufruto;
Art. 619. A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca,
anticrese ou usufruto será ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor
pignoratício, hipotecário, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido
intimado.
Art. 698. Não se efetuará a adjudicação ou alienação de bem do executado sem
que da execução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo
menos 10 (dez) dias de antecedência, o senhorio direto, o credor com garantia
real ou com penhora anteriormente averbada, que não seja de qualquer modo
parte na execução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Intima-se o credor hipotecário para evitar que tenha prejuízo, pois tem
preferência sobre o crédito.
g) Atos de expropriação:
Começam a ser disciplinados no art. 647 do CPC. Hoje, a primeira opção
sempre é a adjudicação (arts. 685-A e 685-B):
Essa alienação pode ser feita por correto ou pelo próprio credor.
Essas três hipóteses acima transcritas tem ordem a ser seguida. Mas no art.
716, o CPC deu uma nova opção, não obedecendo a ordem acima vista. Trata-se
do usufruto de móvel e imóvel.
Art. 716. O juiz pode conceder ao exeqüente o usufruto de móvel ou imóvel,
quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento
do crédito. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
i) Fase satisfativa:
Expressão utilizada por Araken de Assis. Consiste em duas etapas:
i.1) pagamento ao credor:
Art. 708. O pagamento ao credor far-se-á:
I - pela entrega do dinheiro;
II - pela adjudicação dos bens penhorados;
III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.
Aula 03 09/05/2009
2) Cautelares satisfativas:
a jurisprudência criou essa figura que basicamente seria uma cautelar que não
necessitaria de processo principal.
Ex: busca e apreensão de menor (art. 839 do CPC). É tida pelo sistema como
cautelar satisfativa. Na verdade, é uma execução de sentença, se analisada
tecnicamente. Mas o procedimento usado é o da cautelar, por ser mais célere.
Ex: transfusão de sangue de Testemunha de Jeová.
Seja no processo de execução, seja no processo cautelar, caso não haja regras
específicas, aplicam-se as regras gerais previstas no Livro I do CPC.
Ex: o art. 810 trata da coisa julgada:
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação,
nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar,
acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.
Como há regra da coisa julgada no Livro III no se aplicam as regras do Livro I.
Mas, por exemplo, como não há regras sobre a citação no Livro III, deverão ser
aplicadas as constantes nos arts. 222 e ss do CPC.
Essa autônima foi sensivelmente abalada com o advento do art. 273, § 7.º.
Muitos sustentam que quando a cautelar for incidental não mais será
autônoma.
b) Acessoriedade:
A prova de que o processo cautelar é acessória reside no fato de que sempre é
dependente do processo principal.
Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do
processo principal e deste é sempre dependente.
c) Dupla instrumentalidade:
Foi desenvolvida por Calamandrei. É uma teoria adotada majoritariamente pelo
Brasil. Mas há quem adote a teoria do constitucionalismo.
O processo é instrumento por meio do qual o Estado exerce a jurisdição, o
autor o direito de ação e o réu o direito de defesa.
O processo cautelar é um instrumento que protege o processo principal. Daí a
dupla instrumentalidade, porque é um instrumento para proteger os
instrumentos.
d) Sumariedade da cognição:
Kazuo Watanabe, na obra “Da cognição no processo civil”, afirma que a
cognição são as matérias e as questões que são levadas à apreciação do juiz.
Watanabe fez a cognição por meio de dois planos:
- plano horizontal: a cognição tem um corte horizontal.
Serão analisadas a extensão e a amplitude da matéria e das questões
processuais. Pergunta-se o seguinte: “o que pode ser alegado”?
Pode ser uma cognição limitada ou ainda plena ou ilimitada. Se podem ser
alegadas todas as matérias a cognição será plena. Caso contrário, será
limitada. Isso ocorre quando há restrições às matérias alegáveis.
Ex: o art. 896 do CPC é um exemplo de cognição limitada.
Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: (Redação dada pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu
indicar o montante que entende devido. (Incluído pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
- plano vertical:
O que importa é se verificar a profundidade com que o juiz investiga a matéria
e as questões.
Quando o juiz analisa a questão com pequena profundidade, a cognição é
sumária ou superficial.
Quando a cognição é profunda, é exauriente.
No processo, quando se tem uma cognição sumária, ela se contenta com a
probabilidade. Já quando se tem uma cognição exauriente, os fatos podem ser
afirmados com certeza.
Na cognição sumária, ganha-se na celeridade, mas perde-se na certeza; na
cognição exauriente dá-se o inverso.
Assim, a característica principal do processo cautelar é que a cognição é
sumária, sendo feito um juízo de probabilidade. Necessita-se, pois, do fumus
boni iuris.
e) inexistências de coisa julgada material, como regra:
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação,
nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar,
acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.
A razão é de economia processual. Ex: entra-se com arresto bom base em título
executivo. Se o juiz de ofício reconhecer a prescrição do título, há coisa julgada
material. Essa alegação deve ser definitiva, pois caso contrário o autor, ao
invés da cautelar, poderia interpor uma executiva com base no mesmo título.
f) provisoriedade ou precariedade:
A previsão é a do art. 807, primeira parte do CPC:
Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo
antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer
tempo, ser revogadas ou modificadas.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar
conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.
g) revogabilidade e mutabilidade:
Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo
antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer
tempo, ser revogadas ou modificadas.
A cautelar pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. A modificação
da cautelar pode ser tanto quantitativa quanto qualitativa.
h) fungibilidade:
Possibilidade de ser receber um pedido por outro. O sistema adota a
fungibilidade nos recursos, no caso da tutela antecipada, nas possessórias etc.
O Professor sustenta que a fungibilidade é um princípio geral do processo, não
podendo ser aplicada a apenas alguns institutos.
Existe a fungibilidade porque o juiz protege o seu próprio instrumento de
trabalho, que é o processo principal.
i) tutela de urgência:
Todas as verdadeiras cautelares são fundadas no periculum in mora.
Tutela antecipada sempre é de urgência? Não. A tutela antecipada, na hipótese
do art. 273, II, não é tutela de urgência. É a tutela antecipada sanção. Essa
denominação é dada porque na verdade é um castigo para o réu que protela
sem necessidade o processo.
- obtenção de efeito suspensivo para recursos que não o têm por via de
cautelar inominada:
O STJ tem admitido a possibilidade de o juiz, por meio do poder geral de
cautela, dar efeito suspensivo para aquele que não o tem.
Os recursos que não são dotados de efeito suspensivo são a apelação nos
casos do art. 520 do CPC, MS e RE ou RESP.
Na apelação, o art. 558, parágrafo único do CPC estabelece que em caráter
excepcional poderá o juiz atribuir efeito suspensivo à apelação.
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão
civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução
idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil
reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da
decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada
pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520.
(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Pode-se, pois, interpor medida cautelar para dotar esses recursos de efeito
suspensivo. Mas devem ser observadas as súmulas 634 e 635 do STF:
Súmula nº 634
NÃO COMPETE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONCEDER MEDIDA
CAUTELAR PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE
AINDA NÃO FOI OBJETO DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM.
Súmula nº 635
CABE AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE ORIGEM DECIDIR O PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO AINDA PENDENTE DO SEU
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
Merece destacar que esse rol é exemplificativo. Pode o juiz dar efeito
suspensivo a recurso, o que não está previsto no art. 799, assim como pode
determinar a remoção de coisas ou pessoas etc.
O devedor pode até interpor uma ação para discutir a validade do título
executivo, mas essa ação não impede a propositura da execução. Vários
devedores interpõem a ação de nulidade e requerem liminarmente para o juiz
proibir que o credor execute. O juiz não pode conceder essa cautelar porque o §
1.º do art. 585 autoriza o credor a promover a execução.
Periculum in mora:
Representa a simples possibilidade de dano grave ou iminente. Nada mais é
senão uma aferição de risco que é feita pelo juiz, ou seja, há risco de o autor
sofrer prejuízos com a denegação da medida?
Mas deve-se ressaltar que há dois tipos de periculum in mora no processo, a
saber:
- periculum in mora do autor:
- periculum in mora inverso:
É o periculum in mora do réu. O juiz deve sopesar quais os perigos que o réu
pode sofrer quando da concessão da medida, ou seja, o réu pode ser
inviabilizado de tal forma que a sua própria atividade fique comprometida? O
juiz, assim, deve verificar se a cautelar pode ser revertida oportunamente.
O periculum in mora inverso não deve ser aplicado às tutelas de urgências
autônomas, ou seja, às cautelares satisfativas.
PROCEDIMENTO CAUTELAR
b) administrativas ou voluntárias:
São aquelas em que não há conflito ou ele é autônomo em relação à medida
eleita.
No CPC, está prevista entre as medidas cautelares a notificação. Não há lide.
Eventual conflito será paralelo e autônomo a essa medida. Na notificação nem
há contestação.
Outro exemplo é o da justificação (art. 861), que nada mais é senão a
documentação da prova oral.
Art. 861. Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação
jurídica, seja para simples documento e sem caráter contencioso, seja para
servir de prova em processo regular, exporá, em petição circunstanciada, a sua
intenção.
O prazo de trinta dias foi criado justamente para evitar que a parte se utilize da
medidas cautelar de forma indefinida, já que as cautelares possuem natureza
provisória.
Logo, o art. 806 só se aplica às cautelares constritivas.
a) incidentais:
São as ajuizadas no curso da ação principal. Não mais tem sentido de ser
cautelar autônoma, por conta do § 7.º do art. 273. Podem ser feitos pedidos
incidentais no bojo do próprio processo, podendo o juiz deferi-las
incidentalmente no bojo do processo principal.
O art. 806 não é aplicável as cautelares incidentais, justamente porque já foi
ajuizada a ação principal.
b) antecedentes ou preparatórias:
São ajuizada antes da ação principal.
b) atípicas ou inominadas:
São as cautelares fundadas no poder geral de cautela.
b) especiais:
São aplicáveis nas cautelares nominadas, que estão previstas nos arts. 813 a
887. Ex: arresto, sequestro, busca e apreensão etc.
O art. 812 do CPC fala que se não houver previsão nas normas das cautelares
específicas, aplicam-se as disposições gerais das cautelares comuns.
Art. 812. Aos procedimentos cautelares específicos, regulados no Capítulo
seguinte, aplicam-se as disposições gerais deste Capítulo.
OBS: o art. 888 do CPC, a grande maioria das medidas nele contempladas, não
são cautelares propriamente ditas. São tutelas de urgência satisfativas
autônomas.
3) Competência:
Ainda que a cautelar seja extinta sem apreciação do mérito, o juízo estará
prevento para a ação principal. Ex: a parte interpõe a cautelar e o juiz indefere
a inicial por falta de condição da ação. Como tomou conhecimento inicial dos
fato, há a prevenção. Logo, a principal será de competência desse mesmo juízo
que já conhece os fatos.
Cautelares em espécie:
É a única das três que é É uma tutela de urgência É uma TUSA, sendo
cautelar. É fundada no satisfativa autônoma. É procedimento de jurisdição
periculum in mora. A uma ação de voluntária. Não há lide. Não há
prova é produzida toda conhecimento de periculun in mora. Só cabe
vez que houver risco de a obrigacao de fazer quanto à prova oral. Essa ação
prova perecer. Cabe na (mostrar os documentos). documentaliza a prova oral.
prova oral ou pericial. Não sendo cautelar, não
há periculum in mora.a
ação é de documento ou
coisa.
Após a prova ter sido Após a prova ter sido Como documentaliza a prova,
produzida, mantém a produzida, mantém a muda a natureza, passando a ser
natureza da prova. natureza da prova. prova documental.
Aula 04 22/05/2009
Alimentos necessários. Não Podem ser alimentos Nos termos do art. 6.º,
há possibilidade dos civis ou côngruos. parágrafo único, os
alimentos côngruos, que gravídicos se
servem para manter o convertem em pensão
padrão de vida da pessoa. alimentícios com o
nascimento com vida.
- a segunda exceção é a do art. 880, parágrafo único do CPC, que trata da ação
de atentado:
Art. 880. A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao
procedimento, o disposto nos arts. 802 e 803.
Parágrafo único. A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que
conheceu originariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no
tribunal.
Ação de atentado:
Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:
I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;
II - prossegue em obra embargada;
III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.
Art. 880. A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao
procedimento, o disposto nos arts. 802 e 803.
Parágrafo único. A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que
conheceu originariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no
tribunal.
Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o
restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a
proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.
Parágrafo único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada
as perdas e danos que sofreu em conseqüência do atentado.
Atentado nada mais é senão um ato praticado pela parte com a finalidade de
promover a alteração do status quo ante.
O atentado tem natureza mista: de cautelar, porque tutela uma situação de
urgência; de conhecimento, porque permite que o juiz fixe indenização e
imponha sanção para quem comete atentado, nos termos do art. 881, parágrafo
único.
A Lei Maria da Penha não definiu muito bem as regras de competências. Ex: a
separação de corpos é pedida na vara cível, de violência doméstica ou na vara
criminal.
O art. 33 da Lei Maria da Penha o seguinte:
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível
e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV
desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais,
para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.
Se a medida cautelar protetiva for conexa com crime em persecução (que
tenha IPL ou ação penal em andamento), a competência é dos juizados de
competência domestica e familiar contra a mulher, caso haja, ou da vara
criminal. O juiz da vara criminal é competente para a medida de urgência, mas
não para a ação principal.
Mas também pode ocorrer da medida cautelar ou protetiva não ser conexa com
a violência ou não haver persecução. Nesses dois casos, a competência é das
varas de família, se existirem e, não existindo, das varas cíveis, que também
será a vara competente para a ação principal.
Ex: mulher apanha do marido e entra com uma separação de corpus por
traição. Nesse caso, a medida não é conexa com a violência.
Ainda, a mulher pode retratar ou não representar o marido. Nesse caso, não há
persecução penal, logo essa medida protetiva não será da competência
criminal.
O professor entende que esse dispositivo deve ser complementado pelos arts.
282 e 283 do CPC, uma vez que repleto de lacunas.
O inciso III estabelece que há a necessidade da indicação da lide e seu
fundamento. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o inciso III significa
que deve ser indicada a ação principal que será ajuizada.
A indicação da ação principal vincula o seu ajuizamento. Assim, se na cautelar
foi indicada como lide uma reparação de danos, somente esta poderá ser
interposta.
Mas o inciso III não se aplica às cautelares incidentais, uma vez que a principal
já foi ajuizada, bem como nas cautelares satisfativas (tutelas de urgências
satisfativas autônomas).
Além dos requisitos do art. 801, há dois outros que devem ser obedecidos,
como o pedido. Nesse tocante, é possível a cumulação de pedidos, cujos
requisitos são idênticos aos do processo de conhecimento. Ex: cautelar de
separação de corpos c/c alimentos provisionais.
Nos casos em que a cautelar tiver valor inestimável, o valor da causa será
aleatório, para efeitos meramente fiscais. Ex: produção antecipada de provas,
justificação, notificação etc.
No entanto, outras cautelares possuem valor estimável, devendo o valor da
causa ser fixado conforme o conteúdo econômico da pretensão cautelar, que
pode ser diferente da pretensão principal. Ex: no arresto pode-se arrestar bem
em valor menor do que o da dívida. Outros exemplos são o sequestro e o
arrolamento.
5) Intervenção do MP:
Segue a regra do art. 82 do CPC.
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela,
curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de
última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas
demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide
ou qualidade da parte. (Redação dada pela Lei nº 9.415, de 1996)
6) Intervenção de terceiros:
No processo de cautelar a tutela é de garantia. Por isso, a maioria da doutrina
só admite a assistência como forma de intervenção de terceiro em sede de
processo cautelar.
Mas há alguns poucos autores que também admitem o cabimento da nomeação
à autoria, prevista no art. 62 do CPC.
Exemplo de assistência: a seguradora ou o empregado assistindo o segurado
ou o patrão na cautelar de produção antecipada de provas.
A doutrina entende que nessas hipóteses ocorre assistência provocada. Isso
porque se a seguradora não assistir o segurado na produção antecipada de
provas, a prova colhida na produção antecipada não valerá contra os supostos
chamados/denunciados não participantes da ação cautelar.
Exemplo de nomeação à autoria: nomeação pelo detentor do proprietário ou
possuidor na busca e apreensão de bens falsificados.
De acordo com o próprio art. 804, a liminar pode ser concedida inaudita altera
pars. Essa liminar é excepcional. Assim, o sistema processual só autoriza a
concessão dessa medida quando a ciência do requerido puder comprometer a
eficácia da medida. Do contrário, essa liminar não deve ser concedida.
Não cabe liminar em alguns procedimentos não cautelares do Livro III do CPC,
como no caso da justificação, por exemplo.
O indeferimento da liminar não extingue o processo cautelar. Durante o curso
do processo pode muito bem ficar comprovada a existência dos requisitos que
autorizam a concessão da medida.
Essa regra, no entanto, possui uma exceção. O STJ e o STF tem apontado um
caso que o indeferimento da liminar leva à própria extinção do processo
cautelar. É o caso das medidas cautelares para dar efeito suspensivo ao RE ou
RESP.
A jurisprudência admite, com base nas súmulas 634 e 635 do STF, que se possa
interpor uma cautelar para dotar esses recursos de efeito suspensivo.
Súmula nº 634
NÃO COMPETE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONCEDER MEDIDA
CAUTELAR PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE
AINDA NÃO FOI OBJETO DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM.
Súmula nº 635
CABE AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE ORIGEM DECIDIR O PEDIDO DE
MEDIDA CAUTELAR EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO AINDA PENDENTE DO SEU
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
Nos termos do art. 804, o juiz pode exigir caução para o deferimento da medida
liminar. O art. 811 do CPC preceitua as responsabilidades do requerente se
causar prejuízo ao requerido quando do requerimento da medida.
Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento
cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da
medida:
I - se a sentença no processo principal lhe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não
promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos
previstos no art. 808, deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou
de prescrição do direito do autor (art. 810).
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento
cautelar.
8) Citação:
Segue todas as regras do Livro I do CPC.
O despacho inicial que defere a citação na cautelar preparatória, nos termos
do art. 202, I do NCC, interrompe a prescrição para a ação principal.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação,
Há alguns procedimentos não cautelares do Livro III do CPC em que não há
citação. Ex: justificação.
Essas duas hipóteses trazem casos de autotutela, pois a parte está exercendo
a sua cobrança sem a intervenção do Estado.
O penhor legal, no entanto, é uma autotutela condicionada. Isso porque deve o
penhor legal ser homologado judicialmente.
Aula 05 12/06/2009
O art. 807 fala que os efeitos da cautelar perduram enquanto pendente a ação
principal, ou seja, até o seu trânsito em julgado.
O grande problema surge quando o juiz julga improcedente a ação principal. Por
óbvio, julgará improcedente a cautelar, cuja sentença cassa eventual liminar
concedida anteriormente, ainda que sem manifestação expressa na sentença
da ação principal.
No caso de julgamento de cautelar juntamente com a ação principal, deve-se
atentar para uma particularidade. Dessa decisão que julga o processo cautelar
caberá apelação. Mas os efeitos da apelação serão cindidos. Isso quer dizer
que, quanto ao processo principal, os efeitos serão devolutivo e suspensivo; já
no que concerne aos efeitos da cautelar, os efeitos serão meramente
devolutivos.
Portanto, quando há julgamento conjunto, os efeitos serão devolutivo e
suspensivo quanto a ação principal e apenas devolutivo quanto à ação cautelar.
O prazo do art. 806 se aplica a todas as cautelares? por óbvio, não. Para que
esse prazo seja aplicado, a cautelar deve ter três características, a saber:
- preparatória;
- constritiva:
É a cautelar que causa embaraço a bens e direitos, ou seja, uma vez concedida
a parte requerida vai sofrer alguma privação, ou de um bem ou de um direito.
Ex: arresto, onde a execução deve ser interposta em 30 dias; sequestro;
alimentos provisionais; separação de corpos.
Isso ocorre porque a parte contrária sofre prejuízo com a liminar concedida e a
ação principal terá que ser ajuizada para que seja definida a situação
controvertida.
Logo, conclui-se que o prazo de 30 dias para a interposição da ação principal
não se aplica às cautelares conservativas. Ex: cautelar de produção antecipada
de provas.
- não satisfativa:
Não pode ser a cautelar uma Tutela de urgência satisfativa autônoma. Ora, não
há que se falar em ação principal nessas “medidas cautelares”. Ex: exibição,
prevista no art. 844 do CPC.
Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha
interesse em conhecer;
II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio,
condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua
guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador de
bens alheios;
III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo,
nos casos expressos em lei.
Nesse caso, o prazo começará a fluir após o vencimento da dívida, ou seja, tão
logo se torne a dívida exigível.
Para alguns autores, não existe uma teoria geral dos procedimentos especiais
(Calmon de Passos). Afirma esse autor que os procedimentos especiais são uns
diferentes dos outros, logo não há que se falar em teoria geral.
3) regras de compatibilização:
a) art. 271 do CPC:
Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição
em contrário deste Código ou de lei especial.
1) Generalidades:
1.1 o dever de prestar contas:
De acordo com o direito material, o dever de prestar contas pode ter duas
origens:
- legal:
É aquele cuja origem está na lei. Ex: arts. 1.755 do NCC:
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos
tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração.
Ex: art. 991, VII do CPC:
Art. 991. Incumbe ao inventariante:
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe
determinar;
Ex: art. 23 da Lei de Falências:
Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido,
suas contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado
pessoalmente a fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência.
- contratual:
Surge com base na convenção da partes. Ex: art. 668 do NCC:
Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante,
transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que
seja.
Ex: art. 627 do NCC e súmula 259 do STJ:
Súmula: 259
A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente
bancária.
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para
guardar, até que o depositante o reclame.
Tratam do contrato de depósito:
2.1 Legitimidade:
A legitimidade ativa é do administrado, o qual exige a prestação do
administrador.
O STJ pacificou entendimento que o correntista tem direito às contas ainda que
receba mensalmente os extratos ou tenha acesso ao home banking.
2.2 Procedimento:
É um dos poucos do CPC que é bifásico.
Art. 915. Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a
citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a
ação.
§ 1o Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas;
havendo necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de
instrução e julgamento; em caso contrário, proferirá desde logo a sentença.
§ 2o Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar
contas, observar-se-á o disposto no art. 330; a sentença, que julgar procedente
a ação, condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, sob pena de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 3o Se o réu apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo
anterior, seguir-se-á o procedimento do § 1o deste artigo; em caso contrário,
apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas
segundo o prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a
realização do exame pericial contábil.
1.ª Fase:
a) Petição inicial
b) Resposta do réu em cinco dias.
c) O réu pode prestar as contas. Caso o faça, haverá a segunda fase.
d) Pode o réu ser revel ou pode contestar o dever de prestar contas. Caso
ocorra uma dessas hipóteses, haverá instrução e, posteriormente, sentença.
O juiz pode sentenciar pela improcedência da ação. Mas se julgá-la procedente,
determina a prestação da contas em 48 horas.
A sentença que julga as contas é atacável por apelação, que obedece o art.
520 do CPC, possuindo o duplo efeito, ou seja, o réu não tem o dever de prestar
de logo as contas.
2.ª Fase:
É a fase das contas propriamente dita. Faz-se a análise das contas.
a) o réu presta as contas em 48 horas. Caso o faça, ha instrução e julgamento.
O juiz verifica se as contas estão certas ou erradas e passa ao julgamento.
b) o réu não presta as contas:
Caso o réu não preste as contas, o autor as presta e o réu não pode impugná-
las.
c) nos dois casos anteriores, há o julgamento das contas e a fixação do saldo
do art. 918 do CPC:
Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em
execução forçada.
Aula 06 01/07/2009
Outros exemplos são os dos arts. 1.756 e 1.757, parágrafo único do NCC:
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz
o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do
inventário.
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando,
por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar
conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da
audiência dos interessados, recolhendo o tutor imediatamente a
estabelecimento bancário oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou
títulos, obrigações ou letras, na forma do § 1o do art. 1.753.
Em geral, a ação pode ser feita extrajudicialmente, mas em certos casos deve
ser feita, obrigatoriamente, judicialmente. É, pois, uma ação necessária, que é
aquela cujo objeto só pode ser tutelado pela via judicial. Era o caso da
separação e do divórcio. Hoje, ainda, a adoção é uma ação necessária, assim
como o usucapião etc.
3.1 Legitimidade:
O legitimado ativo é o administrador de bens ou direitos alheios e a passiva é
do administrado.
3.2 Procedimento:
A previsão é a do art. 916 do CPC:
Art. 916. Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do
réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.
§ 1o Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas
oferecidas, serão estas julgadas dentro de 10 (dez) dias.
§ 2o Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade
de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Aqui, não se deve verificar se há ou não o dever de prestar contas. É, pois, uma
ação monofásica, diferentemente da ação de exigir contas.
a) A petição inicial segue o disposto no art. 282 do CPC. Mas atente-se para o
fato de que, juntamente com a petição inicial, devem ser anexadas as contas.
Por essa razão, deve ser observado o disposto no art. 917 do CPC, ou seja, as
contas devem ser prestadas na forma mercantil, vejamos:
Art. 917. As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma
mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como
o respectivo saldo; e serão instruídas com os documentos justificativos.
AÇÕES POSSESSÓRIAS:
Ainda, podemos citar como exemplo a ação publiciana. É a ação daquele que
não mais tem a posse, mas preencheu no passado os requisitos da usucapião.
Nelson Nery afirma que é uma ação real imobiliária, pela qual alguém que se
afirma proprietário da coisa a pede de volta. Não seria uma ação
reivindicatória? Parece, mas há uma diferença. A ação publiciana cabe ao
proprietário sem título, v.g, o que usucapiu mas ainda não registrou o imóvel. É
também conhecida como ação reivindicatória sem título.
b) posse:
A previsão é a do art. 1.196 do NCC:
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Proteção da posse:
É feita por duas vias:
b.1) ação de direito material (art. 1.210, § 1.º do NCC):
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver
justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por
sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço,
não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
c) detenção:
A doutrina afirma que a detenção é o fâmulo da posse. Tem previsão no art.
1.198 do NCC:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve
este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que
prove o contrário.
c) interdito proibitório:
Ocorre nas hipóteses de ameaça.
b) atos permanentes:
São o esbulho e a turbação que se protraem no tempo. O termo inicial é o ato
inicial, ou seja, o dia da invasão.
c) atos repetidos:
O termo inicial conta do último ato.
d) comodato sem prazo convencional:
A previsão é a do art. 581 do NCC:
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o
necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo
necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e
gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se
determine pelo uso outorgado.
OBS: No interdito proibitório, não se conta o prazo de ano e dia, uma vez que a
ameaça é constante. Sempre, pois, a ação será de força nova.
2.5 Competência:
Segue-se a regra do art. 95 do CPC:PARA BENS IMÓVEIS
Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro
da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou
de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança,
servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
Apesar se haver discussão acerca de ser a posse direito real ou não, o art. 95
estabelece que a posse é um direito real, logo, a regra é que a competência é a
do foro da situação da coisa.
Essa regra do art. 95 trata das ações possessórias de bens imóveis. No caso de
ser o bem móvel, a regra é a do regime geral do CPC, ou seja, foro de eleição ou
domicílio do réu,
Ainda, deve-se atentar para o fato de que essa regra do art. 95, apesar de ser
uma regra territorial, é absoluta. Quer-se dizer que essa regra de competência
segue o regime do art. 113 do CPC, ou seja, se o juiz incompetente julgar a
causa, esse julgamento será passível de anulação por meio de ação rescisória.
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser
alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de
exceção.
§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira
oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá
integralmente pelas custas.
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.
2.6 Legitimidade:
2.6.1 Legitimidade ativa:
Podem propor ação possessória:
a) possuidor direito (aquele que está com poder de fato sobre a coisa)Pode ser
um proprietário ou não. Há proprietários que são possuidores e outros não. Não
é porque é proprietário que só pode usar a reivindicatória;
b) possuidor indireto (geralmente é o proprietário não possuidor), salvo contra o
possuidor direto (porque se não a posse vira algo inútil, desprezível. Isto é,
porque eu sou dono, você locatário, acho que você não deve mais ficar aqui.
Entro com a reintegração de posse. A sua posse prevalece sobre a minha
porque você é possuidor direto e eu sou possuidora indireta)– art. 1.197, CC;
c) sucessor daquele que foi turbado ou esbulhado. Possuidor de má-fé contra
terceiros invasores. Nunca contra o possuidor de ma-fé que foi esbulhado ou
turbado:
Posse de má-fé é fundada da violência. Enquanto você que foi expulso da terra
e prepara a ação reinvindicatória, um terceiro pode vir com a ação para tirar
aquele que tem a posse de má-fé. “Ladrão que rouba ladrão”.
e) poder público.
2.6.2 Legitimidade passiva:
Podem ser réu na ação possessória:
a) terceiro que pratica o esbulho, a turbação ou a ameaça;
b) cônjuge – hipóteses de composse por atos por ambos praticados,
necessariamente haverá Litisconsórcio Necessário.Para ser autor, não precisa
do cônjuge. Mas para ser réu, precisa.
De acordo com o artigo 10, § 1.º do CPC, existem algumas ações que o cônjuge
necessariamente deve ser citado, dentre elas as ações possessórias.
Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor
ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº
8.952, de 1994)
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações:
(Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 8.952, de 1994)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº
8.952, de 1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos
praticados por eles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja
execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus
bens reservados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de
ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1973)
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos
praticados. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)
Dentro da petição inicial, a parte tem permissão legislativa para fazer uma
cumulação de pedidos. Quando tal ocorre, deve-se lembrar, como regra, do que
reza o art. 292, § 2.º do CPC, ou seja, devem ser obedecidas as condições
impostas por esse dispositivos.
Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu,
de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento,
admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
2.7.2 Liminar:
Nos termos do art. 928 do CPC, poderá o juiz deferir a liminar sem a oitiva do
réu:
Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente
o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será
deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos
respectivos representantes judiciais.
A liminar pode ser concedida inaudita altera pars. Mas há uma exceção. É o
caso do parágrafo único do art. 918 do CPC, ou seja, quando o réu for pessoa
jurídica de direito público, a liminar só pode ser concedida após a oitiva do
representante judicial do poder público.
Logo, não há proibição de se alegar posse durante uma ação possessória, não
havendo vedação para se discutir usucapião em sede de possessória.
2.7.5
A sentença da possessória ocorre sem intervalo, ou seja, não há necessidade
de execução própria.
A sentença da possessória tem natureza executiva e/ou mandamental.
A sentença executiva se cumpre por atos de sub-rogação. Já a sentença
mandamental é cumprida por atos de coerção.
Geralmente, a reintegração de posse é executiva. No caso da manutenção e o
interdito, normalmente, são mandamentais.
USUCAPIÃO
A usucapião também pode recair sobre servidões. Vide súmula 415 do STF:
Súmula 415
Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente, sobretudo pela
natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a
proteção possessória.
Ainda, pode haver usucapião de usufruto. Ex: pai deixa bem para cinco irmãos
exercerem usufruto do bem, mas apenas um o fez. Poderá usucapir o direito ao
usufruto do bem.
1.2 Objeto da ação de usucapião:
Podem ser objeto bens móveis e imóveis. Mas há uma exceção. É o caso dos
bens públicos, os quais não podem ser usucapidos. É o que reza a súmula 340
do STF, bem como artigos 183, § 3.º e 191 da CF, bem como art. 102 do NCC:
Súmula 340
Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens
públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Art. 183 (...)
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona
rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
c) usucapião especial:
É dividido em dois:
c.1) urbano (art. 183 da CF, art. 1.240 do NCC e art. 9.º do Estatuto das Cidades
(Lei 10.257/01):
É o caso dos imóveis de até 250m2
c.2) rural:
O usucapião especial rural tem previsão no art. 191 da CF e art. 1.239 do NCC.
2.2 Finalidade:
Promover a transmudação da posse em propriedade e conferir título dominial
ao possuidor. Pelo art. 945, obtém-se um título para passar o registro de posse
à propriedade.
Mas atente para o regime de separação total de bens, quando não será
observado do art. 10 do CPC.
Aula 07 03/07/2009
2.5 Legitimidade:
2.5.1 Legitimidade ativa:
Existem dois grandes grupos, a saber:
a) possuidor atual:
Pode ser tanto uma pessoa física como uma jurídica.
Esse possuidor atual pode ser o originário, mas também pode ser o possuidor
derivado.
O possuidor originário é aquele que, individualmente, preencheu todos os
requisitos para a usucapião.
Todavia, além do possuidor, originário, o derivado também é parte legítima.
Trata-se do sujeito referido no art. 1.243 do NCC:
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207),
contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com
justo título e de boa-fé.
Nada impede que o possuidor atual agregue à sua posse o tempo daquele que
lha cedeu.
No direito civil, o nome a que se dá a essa figura jurídica é acssio possessionis.
Trata-se de uma hipótese anômala, em que a ação não é proposta nem pelo
possuidor atual nem pelo possuidor que já possuiu o bem no passado. É um
típico caso de substituição processual, onde se litiga em nome próprio
defendendo direito alheio.
Mas atente que no usucapião de rito especial, apenas os dois primeiros grupos
é que podem seguir esse rito.
No caso de usucapião coletivo o rito é o sumário, de acordo com o art. 14 do
Estatuto das Cidades.
b) réus incertos:
São todos os eventuais interessados na área.
c) Fazendas Públicas:
Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na
causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
2.7 Procedimento:
2.7.1 Petição inicial:
Além do art. 282 do CPC, deve-se observar o art. 942 do NCC, especialmente o
fato de que a inicial deve ter um memorial descritivo da área, uma planta do
imóvel, ou seja, um croquis da descrição perimetral da área. Isso porque só
conseguindo identificar o imóvel em todas as suas características se pode
identificar quem são os confinantes, bem como se pode abrir uma nova
matrícula.
Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando
planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado
o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em
lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o
disposto no inciso IV do art. 232. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
2.7.2 Citação:
A citação deve ser feita da seguinte forma:
- no caso dos réus certos, a citação deve ser pessoal, ou seja, por carta ou
oficial de justiça. Vide súmula 391 do STF:
Súmula 391
O confinante certo deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.
Caso os réus certos não sejam localizados, promove-se a citação por edital.
Caso permaneçam revéis, deve ser nomeado o curador especial previsto no art.
9.º, II do CPC:
Art. 9o O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste
colidirem com os daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de
incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.
Ressalte-se que essa nomeação do curador não se aplica aos réus incertos,
mesmo sendo eles citados por edital.
Ainda, cumpre observar que as Fazendas Públicas serão intimadas por carta.
o art. 945 tem redação idêntica ao art. 1.241, parágrafo único do NCC,
estabelecem que a natureza jurídica da sentença na ação de usucapião é
declaratória, sendo título hábil para o registro do usucapiente na matrícula do
imóvel.
EMBARGOS DE TERCEIRO
1) Generalidades:
1.1 Conceito:
Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na
posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de
penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação,
arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou
restituídos por meio de embargos.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas
possuidor.
§ 2o Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende
bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não
podem ser atingidos pela apreensão judicial.
§ 3o Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens
dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
- em sede executiva:
Na grande maioria das vezes, os embargos de terceiro objetivam exatamente
livrar um bem que foi apreendido em processo de execução.
E mais, o grande cabimento dos embargos de terceiro recai sobre a penhora do
bem.
1.2) Cabimento:
São cabíveis em qualquer ação cível, inclusive trabalhista, de conhecimento,
execução ou cautelar, pouco importando o procedimento adotado.
São cabíveis, ainda, no processo penal. Trata-se do art. 130, II do CPP:
Art. 130. O seqüestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com
os proventos da infração;
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso,
sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
Quem julga esses embargos de terceiro do CPP, por óbvio, é o juiz criminal.
Súmula: 46
Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo
deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora,
avaliação ou alienação dos bens.
Essas duas súmulas tratam da execução por carta. Ex: juiz de uma comarca
manda precatória para outra e o juiz deprecado manda fazer a constrição de
um bem. Nesse caso, quem julgaria os embargos de terceiro?
Se o juízo deprecante tiver especificado qual era o bem de terceiro que foi
constrito, a ele compete julgar os embargos de terceiro.
Entretanto, caso tenha sido a ordem de constrição feita de forma genérica, e a
eleição do bem constrito de terceiro tenha sido feito pelo juízo deprecado, a ele
compete o julgamento, comunicando-se ao juízo deprecante.
3) Hipóteses de cabimento:
Há três hipóteses previstas no CPC:
a) art. 1.046 do CPC, ou seja, constrição judicial de bens alheios.
Mas nossa legislação ainda prevê duas hipóteses anômalas de cabimento de
embargos de terceiro.
b) art. 1.047, I do CPC, que é o caso de defesa da posse nos casos em que o
agrimensor, na ação divisória/demarcatória, não observa, ao cumprir a
sentença, os seus limites.
Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for
o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da
fixação de rumos;
II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da
hipoteca, penhor ou anticrese.
Seria muito mais lógico a interposição de uma simples petição nos autos da
execução e não embargos de tecreiro.
c) Art. 1.047, II, que é o caso do credor com garantia real para evitar a praça
para a qual não foi intimado.
4) Legitimidade:
4.1 Legitimidade ativa:
existem três grupos de legitimados a propor os embargos de terceiro:
a) Art. 1.046, § 1.º do CPC, ou seja, o terceiro possuidor ou proprietário do bem:
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas
possuidor.
O art. 655, § 2.º do CPC afirma que quando a penhora recair sobre bem imóvel,
além do devedor, deve ser intimado o cônjuge, para que possa proteger a sua
meação.
Se o cônjuge for co-executado, por óbvio, é parte no processo. Por isso, se
defende por meio de embargos à execução. Isso ocorre justamente por sua
qualidade de parte no processo. Poderá, nesses embargos à execução, alegar
as matérias de defesa previstas no art. 745 do CPC, bem como alegar aquelas
previstas para a proteção do bem.
Mas o cônjuge, muitas vezes, não é co-executado. Assim, sendo a penhora de
bem imóvel, o art. 655, § 2.º, determina que o cônjuge seja intimado.
No caso do cônjuge que não é co-executado, é que incide a súmula 134 do STJ,
ou seja, poderá interpor embargos do devedor com relação às matérias do art.
745 do CPC, bem como embargos de terceiro, caso queira proteger o bem.
5) Prazo:
A previsão é a do art. 1.048 do CPC:
Art. 1.048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo
de execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou
remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
6) Procedimento:
6.1 Petição Inicial:
Além do art. 282, deve observar o que dispõe o art. 1.050 do CPC:
Art. 1.050. O embargante, em petição elaborada com observância do disposto
no art. 282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro,
oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1o É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2o O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.
O valor da causa nos embargos de terceiros será o valor do bem ou direito que
se pretende liberar.
Isso ocorre porque o embargante pode provar sumariamente que o bem é dele,
podendo o juiz liberar o bem penhorado para que o embargante dele continue
usufruindo.
Poderá o juiz, inclusive, exigir do beneficiário da liminar caução.
7) Questões processuais:
7.1 Natureza jurídica da sentença :
A finalidade é a de liberar o bem constrito. A natureza jurídica é, pois,
constitutiva negativa, desconstitutiva.
O terceiro não foi parte no processo de execução, logo não é atingido pela
coisa julgada, ou seja, nada impede que nos embargos possa discutir
novamente a fraude à execução.
Essa súmula culminou com o cancelamento da súmula 621 do STF. Súmula 621
Não enseja embargos de terceiro à penhora a promessa de compra e venda não
inscrita no registro de imóveis.
Assim, o embargante consegue liberar o bem que comprou mas não registrou,
mas responde pela sucumbência.
FALTA 1 AULA
3. Câmara – as hipóteses previstas no art. 275, II, “d” e “e”, CPC, são dois
casos de procedimento sumário. Se você esta no procedimento sumário
e não consegue proferir uma sentença líquida é porque está diante de
uma causa complexa (no aspecto fático). Exatamente essa
complexidade da causa que impede o juiz de proferir uma sentença
líquida. Complexidade da causa é um dos motivos de conversão do
procedimento sumário em procedimento ordinário. Ou a causa é
complexa, e o juiz converte em procedimento ordinário, e não se aplica
mais o art. 273, §3°, CPC. Convertido em ordinário, o juiz está liberado a
proferir a sentença ilíquida, já que agora não se aplica mais o art. 273,
§3°.
OBS 2: Qual a razão do art. 475-H, CPC? Porque que existe uma previsão
de que contra decisão que julga liquidação cabe agravo de instrumento?
O legislador achou que seria demais uma nova apelação. Levaria os
autos para o tribunal e ainda teria o efeito suspensivo. Iria criar um
embaraço processual. Uma apelação nesse momento seria prejudicial ao
cumprimento de sentença.
O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo e os autos não
teriam que ir para o segundo grau. Assim, facilitaria-se o cumprimento
de sentença.
Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou. (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005)
Existem alguns indícios no CPC de que não seria mais uma ação, mas
mera fase:
- art. 475-A, §1° - diz que a liquidação de sentença começa por meio de
um requerimento, e não de uma petição inicial.
- Diz ainda que o réu será intimado (se fosse uma ação teria que falar em
citação). Se não precisa citar o réu é porque ele já integra o processo.
- o art. 475-H, CPC ao prevê agravo de instrumento para combater a
decisão, subentende que não se trata mais de ação, mas de fase
procedimental. Antes de 2005, a liquidação era recorrida por apelação.
8.9 – Legitimidade
A liquidação de sentença tem uma natureza dúplice, porque interessa
tanto ao credor quanto ao devedor.
A legitimação ativa pertence tanto ao credor (que tem o direito de
receber) quanto ao devedor (que tem o direito de pagar).
8.10 – Competência
De um lado há a doutrina do Nery, que manda aplicar subsidiariamente o
art. 475-P, CPC. Para ele, o liquidante poderia escolher entre o juízo que
proferiu a sentença ilíquida, o foro do local dos bens do executado ou o
foro do domicílio do executado. Assim, Nery defende os foros
concorrentes. Trata-se de hipótese de competência relativa.
Há uma outra corrente, capitaneada pelo Didier, que diz haver uma
competência funcional do juízo que profere a sentença ilíquida.
O art. 475-B, §2° pensa no pior, ou seja, na hipótese de não exibição dos
dados. O sujeito foi condenado a exibir e não exibiu. Aí, o legislador faz
uma distinção com relação às conseqüências que adviriam dessa
situação verificando quem foi o responsável por não exibir. Se o
responsável for o executado, haverá uma presunção de correção dos
cálculos apresentados.
Surge uma divergência doutrinária.
Para parcela da doutrina (Nery e Câmara), essa presunção de correção
dos cálculos apresentados é uma presunção absoluta. Isso quer dizer
que o executado não poderá discutir o valor de indicado pelo exeqüente.
O prof. diz que seria ganhar um bilhete premiado da loteria!!
Para outra corrente (Araken de Assis, Marinoni), entendem que há uma
presunção relativa da correção dos cálculos apresentados. Isso significa
dizer que na defesa o executado pode alegar excesso de execução.
Existem 2 exceções:
1. Exeqüente beneficiário da assistência judiciária gratuita. Aqui, no
entanto, tem que se entender que o encaminhamento ao contador
judicial é para beneficiar o exeqüente. A simples remessa ao contador já
é ruim para o exeqüente. O fato de ter que mandar para o contador já é
causa de atraso ao processo. O fato de mandar o processo para o
contador só deve ocorrer quando o exeqüente não elaborar o cálculo.
O contador poderá:
- chegar ao valor igual ao da execução. Com isso a execução segue
normalmente. É bastante raro.
- encontrar um valor superior ao da execução. O contador descobre que
o valor cobrado está sendo menor. Neste caso realiza-se a intimação do
exeqüente, e aí ele terá que resolver. Ou ele mantém o valor original, ou
ele emenda a petição inicial requerendo o novo valor.
- encontrar valor inferior ao da execução. Normalmente é isso que
acontece. Realiza a notificação do exeqüente. Ele poderá concordar com
o valor do contador, e emendar a inicial. Aí a execução prossegue
normalmente. Se o exeqüente quiser, ele poderá manter o valor
originário. Quando isso acontece, o valor adotado para a penhora será o
do contador, e o valor para a execução será o da petição inicial.
OBS1: Durante todo esse trâmite procedimental, o juiz não fala nada
sobre o valor. A idéia é que, com relação ao valor, cada um tem o seu
momento para falar. O exeqüente fala sobre o valor na petição inicial. O
contador vai sempre falar no início do procedimento. Assim, que
começar a execução, o juiz desconfia e manda para o contador. O
executado, deverá falar sobre o valor quando apresentar a sua defesa
(seja na impugnação, seja no cumprimento de sentença). O juiz deverá
falar sobre o valor quando da decisão sobre a defesa.
Surge o problema. Se o executado não apresentar defesa. Se ele não o
fizer, não terá como o juiz falar sobre a defesa. Se o executado não se
defender, poderá o juiz alterar o valor de ofício adequando esse valor
àquele apresentado pelo contador?
Perceba-se que tem corrente doutrinária (Zavascki, Humberto Teodoro
Jr.) que entende que o juiz poderia sim proceder a essa diminuição. Até
porque quem executa a mais, está executando uma quantidade sem
título.
A outra corrente (Araken de Assis e Marinoni) entende que o juiz não
pode fazer essa correção. Isso em razão do princípio do dispositivo.
Cabe ao executado se defender. Se ele não o fez, problema é dele.
8.11.2 – Arbitramento
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Inciso I:
- convenção da partes
- determinado na sentença.
Súmula: 344
A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não
ofende a coisa julgada.
Inciso II
- quando o exigir a natureza do objeto da liquidação.
É o dispositivo incompreensível.
Traduzindo. A liquidação por arbitramento será necessária quando
houver necessidade de uma perícia. trata-se de uma prova pericial.
Assim, o procedimento de uma liquidação por arbitramento é o
procedimento da prova pericial.
Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver
necessidade de alegar e provar fato novo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
O art. 475-E, CPC determina que será feita a liquidação por artigos
quando for necessária a alegação e prova de fato novo.
Fato novo é o fato que ainda não foi apreciado pelo poder judiciário. Fato
novo não se confunde com fato superveniente. Ou seja, esse fato novo
pode ser anterior ou posterior à formação do título executivo. A novidade
não é uma questão temporal. É novo porque o judiciário nunca falou
sobre ele.
Se perguntarem qual á o procedimento dessa liquidação por artigos, o
art. 475-F diz que é o procedimento comum, que para o CPC é tanto o
sumário quanto o ordinário.
09/12/10
Cumprimento de Sentença
1. Multa
a. Termo Inicial
Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes,
aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.(Redação dada pela Lei nº
8.710, de 24.9.1993)
g. Procedimento
O início do cumprimento de sentença de pagar quantia depende de
provocação da parte. O legislador expressamente consagrou o princípio
da demanda, o princípio da inércia da jurisdição. O juiz não pode iniciar
de ofício o cumprimento de sentença.
É curioso, porque como estamos em um processo sincrético, estamos
numa nova fase.
O art. 475-J, §5° (em 6 meses do trânsito em julgado) diz que se o autor
não requerer o cumprimento de sentença, ele será arquivado.
§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem
prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem
o processo de execução de título extrajudicial. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução
por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
1. Petição Inicial
Essa petição inicial vai seguir o art. 282, CPC no que couber (e cabe
quase tudo, só fica de fora um artigo).
I – endereçamento
II – qualificação das partes
III – causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos) – a causa de pedir é o
título executivo.
IV – pedido (satisfação da obrigação – pagamento do valor)
V – valor da causa (é o valor da obrigação exeqüenda)
VI – o pedido de produção de provas (NÃO CABE AQUI!!! PROCESSO DE
EXECUÇÃO NÃO ADMITE A PRODUÇÃO PROBATÓRIA)
VII – pedido de citação do executado
Quando se fala em petição inicial, além de se falar do art. 282, CPC, tem-
se que falar do art. 283, CPC, que versa sobre os documentos
indispensáveis à propositura da demanda.
Na execução de quantia certa tem pelo menos 2 documentos
indispensáveis: o título executivo e o demonstrativo de cálculos (art.
614, CPC).
2. Citação
O juiz quando determina a citação do executado, nos termos do art. 222,
“d”, CPC, que deverá ser por meio de oficial de justiça, ele já deverá fixar
os honorários advocatícios (Art. 20, §§2° e 4°, CPC).
OBS1: esse arresto executivo nada tem haver com o arresto cautelar.
Para o arresto cautelar tem que ter fumus boni iuris e periculum.
OBS3: citaram o executado por edital. A súmula 196 do STJ diz que será
para esse executado, curador especial, no caso de ausência de defesa,
com legitimidade para embargar a execução.
Súmula: 196
AO EXECUTADO QUE, CITADO POR EDITAL OU POR HORA CERTA, PERMANECER
REVEL, SERA NOMEADO CURADOR ESPECIAL, COM LEGITIMIDADE PARA
APRESENTAÇÃO DE EMBARGOS.
Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. (Redação
dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
O oficial devolve a primeira via assim que for realizada a citação. Mas
ele fica com a segunda via para retornar ao local no terceiro dia. Se o
exeqüente não efetuar o pagamento nesse caso, o oficial realizará a
penhora dos bens necessários. Caso ele tenha pago, o oficial faz uma
certidão atestando o pagamento.
4. Penhora
Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de
2006).
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VII - percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; (Redação dada
pela Lei nº 11.382, de 2006).
X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Dia 10/01/01
5 – Formas de Expropriação
5.1 – Adjudicação
É a forma preferencial de expropriação. Isso porque é a que dá menos
trabalho e que dá menos problema.
Havendo penhora do bem, e não havendo nenhuma forma de suspensão
da execução, a primeira forma de expropriação admitida é a
adjudicação.
Não há, quanto à adjudicação, preclusão temporal. Ela pode acontecer,
por exemplo, depois de uma hasta pública frustrada. A única preclusão
que ocorre na adjudicação é a adjudicação lógica (se alguém já tiver
arrematado o bem, não tem como adjudicá-lo). Assim, ela é permitida a
qualquer momento, desde que não tenha ocorrido outra forma de
adjudicação.
Requisitos
- Bem penhorado
- Execução em trâmite (a execução não pode estar suspensa/ não há
causa de suspensão da execução)
- Art. 685-A, caput, CPC – o valor mínimo da adjudicação é o valor da
avaliação. Isso porque a adjudicação não tem publicidade (a publicidade
é mínima). Então estabelece-se o valor mínimo para dar segurança.
STJ, 3ª Turma, REsp 435.120/SP – neste julgado, admitiu-se a adjudicação
por valor inferior ao da avaliação. Isso ocorreu após 8 hastas públicas
frustradas.
- Legitimação – Ela aparece no 685-A, §§2° e 4°.
No §2° - é legitimado para qualquer espécie de bem. Não há intimação
específica.
No §4° - é legitimado para bem específico. Há intimação específica deste
legitimado. É o caso de sócio não devedor, quando a penhora recai sobre
cotas sociais do sócio devedor. Isso com o objetivo de manutenção da
“affectio societatis”.
E se tiver mais de um interessado na adjudicação do bem?
Primeira regra é: quem oferecer mais leva. É a regra da melhor oferta.
E se houver uma igualdade de condição de oferta com relação ao valor?
Aí tem que se estabelecer uma ordem entre os legitimados.
6. Sócio
7. Cônjuge do devedor
8. Descendentes do devedor
9. Ascendentes do devedor
Se tiver mais de um ascendente ou mais de um descendente deve-se
analisar a proximidade da relação de parentesco com o devedor.
Se a relação de parentesco for a mesma (ex: dois filhos), e eles
oferecem o mesmo valor, a única solução é através do sorteio.
10. Credor com garantia real
11. Exeqüente
O particular neste caso não aliena. Essa alienação é tão judicial quanto
aquela realizada em hasta pública. Quem aliena é o juiz. Essa alienação
é judicial. Bem diferente de algumas alienações que são efetivamente
feitas por particular. No caso da alienação fiduciária, quem vende o bem
é o banco. Ele utiliza-se do judiciário apenas para recuperar o bem.
Qual é, então, a participação do particular?
Ele é mero intermediário entre interessados na compra do bem e o juízo.
A lei habilita 2 sujeitos a funcionarem como esse intermediário:
- o Exeqüente
- um Corretor – para que o corretor atue, a lei criou 2 exigências formais.
1) Experiência mínima de 5 anos
2) Credenciamento perante o Poder Judiciário (os tribunais
tem que providenciar essa regulamentação, mas a maioria
dos tribunais não a tem).
A Comissão de corretagem será paga pelo exeqüente.
Requisitos
- Pedido do exeqüente (a alienação por iniciativa particular só pode
ocorrer se requisitado pelo exeqüente);
- No deferimento, o juiz deve estabelecer as condições do negócio:
13. O juiz vai determinar o prazo fixo (para pressionar o
exeqüente ou corretor a trabalhar);
14. Publicidade da alienação (é o juiz contribuir para que mais
pessoas saibam da alienação).
15. Preço Mínimo (valor da avaliação)
16. Forma de Pagamento
17.Garantia (venda à prazo)
18. Comissão de corretagem
8. – Arrematação
Hoje o sistema é programado para evitar a arrematação. Ela é a mais
demorada, a mais cara e a mais complexa.
Hasta pública:
- Praça – é a hasta pública que tem como objeto os bens imóveis. Ela é
realizada pelo serventuário da justiça no átrio do fórum.
- Leilão – é a hasta pública dos bens móveis. O responsável pelo leilão é
o leiloeiro. É realizado no local indicado pelo juiz.
Publicidade
A hasta pública deve contar com a idéia de publicidade. Ela tem que ser
pública. Tem que dar ciência e possíveis interessados da ocorrência da
hasta pública.
Para tanto deverá ser elaborado um edital. Esse edital é um ato
processual solene. Ele deve preencher requisitos formais (art. 686/687,
CPC).
STJ, REsp 520.039/RS, já mandou aplicar ao edital o princípio da
instrumentalidade das formas. Só haverá nulidade da hasta pública se o
vício do edital gerar concreto prejuízo. Sem prejuízo não haverá nulidade.
Edital
- será fixado na sede do juízo
- publicação no jornal local de grande circulação (a idéia é que essa
circulação dê uma ciência erga omnes sobre o edital).
• Essa publicação tem que ser realizada com antecedência mínima
de 5 dias da realização da hasta pública.
• O art. 687, §1°, estabelece que o beneficiário da assistência
judiciária gratuita publicará no Diário Oficial.
• É possível que o juiz modifique a forma e a periodicidade dessa
publicação. Tudo irá depender de 2 elementos: o valor dos bens e
as condições do foro. Acontece, por exemplo, em cidades do
interior, de o juiz mandar publicar no rádio.
• Existe uma hipótese de dispensa de publicação em jornal. A única
publicidade será fixar a publicidade da sede do juízo. Isso ocorrerá
quando o valor da avaliação for menor do que 60 salários mínimos.
A idéia da publicidade acaba da alguma forma afrontada. Mas
neste caso, o valor mínimo de arrematação é o da avaliação. Assim,
como dispensou a publicação dos editais em jornais, aqui só se
pode aceitar o valor da avaliação, nunca valor inferior.
• Existe a possibilidade de fazer publicidade por via eletrônica.
Depende de regulamentação.
OBS: existem alguns sujeitos que devem ser intimados da
realização de hasta pública. Para eles não basta a publicidade
erga omnes. Essa intimação deve ocorrer com antecedência
mínima de 10 dias antes da hasta pública. O art. 687, §5°, CPC
admite que essa intimação se dê na pessoa do advogado.
Só é intimado da hasta pública o executado que tenha seu bem
penhorado. Além do executado, o credor com garantia real
também obrigatoriamente será intimado com antecedência de
10 dias antes. O senhorio direto (quando existir) também deverá
ser intimado, bem como qualquer outro exeqüente que tiver
penhora averbada (aqui entra a questão do direito de
preferência).
Defesas do Executado
• – Introdução
É a defesa típica do executado no processo autônomo de execução. Em
regra, falar em processo autônomo de execução é falar de execução de
título executivo extrajudicial. Deve-se lembrar que ainda que como
exceção é possível a existência de processo autônomo de execução de
título executivo judicial. É o exemplo clássico da execução contra a
Fazenda Pública. O que não existe é embargos fora do processo de
execução. Quando se trabalha com a regra, que o título extrajudicial, o
embargo à execução é regido, em termos de matérias que podem ser
alegadas (art. 745, CPC): no inciso V, o CPC diz: “qualquer matéria que
seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento”. Em
outras palavras, o executado pode alegar tudo o que quiser.
Art. 745. Nos embargos, poderá o executado alegar: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art.
621); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. (Incluído pela
Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: (Redação dada
pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
II - inexigibilidade do título;
B) Garantia do Juízo
- Sentença: será recorrida por apelação. Essa apelação não terá efeito
suspensivo (art. 520, V, CPC).
2) Impugnação
2.1 – Introdução
É a defesa típica do executado no cumprimento de sentença.
Só existe cumprimento de sentença de título executivo judicial.
Não é a toa que o art. 475-L, CPC praticamente repete o art. 741, CPC.
Visa a limitar as matérias alegadas em sede de defesa pelo executado.
- A partir daí, aplica-se o art. 740, CPC. Se lá nos embargos fala-se que
vai citar o embargado, aqui não tem sentido citar o impugnado. Aqui,
basta a intimação do impugnado, na pessoa de seu advogado. É cabível o
julgamento antecipado da lide, e a produção de provas.
Daí para frente tudo ocorre da mesma forma que acontece nos
embargos.
Apenas no final do procedimento é que há diferença.
3) Exceção/Objeção de Pré-executividade
Essa espécie de defesa é uma defesa atípica. É uma defesa que nasceu
na marra, na prática forense. E assim ela foi mantida até hoje.
É atípica porque não há qualquer tipo de regulamentação legal.
Apesar de não ser levado muito a sério pelo STJ, quando se fala em
matérias de defesa, existe uma distinção clássica na doutrina entre as
chamadas exceções e as objeções. O que são as exceções? São as
matérias de defesa que dependem da alegação da parte para serem
conhecidas pelo juiz. Ou seja, o juiz não pode conhecer se não houver a
manifestação da parte.
Já as objeções o juiz deve conhecer de ofício. Ainda que a parte não
alegue, o juiz deve ir e conhecer de ofício.
Ocorre que tanto a lei quando o STJ não diferencia a exceção da
objeção.
2)o juiz pode inadmitir. Ele pode dizer para o executado que isso não
existe mais.
- ele pode receber a defesa como uma defesa típica, em razão do
princípio da fungibilidade. Mas nesse momento ocorrerá a preclusão
consumativa para o executado.
- o juiz pode receber como embargos, e indeferir a petição inicial, já que
a petição não preenche os requisitos dos embargos (art. 739, II,CPC).
Essa seria muito radical e errada, já que a emenda da petição inicial é
um direito do autor. O juiz teria que dar o prazo de 10 dias para emendar
a inicial (art. 284, CPC).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – RODRIGO CUNHA
REGULAR II – 2009.1
1 – Tutelas Jurisdicionais:
São três tipos: conhecimento, cautelar executiva. Há a tendência de
desaparecer a separação dos processos. Indicação disso é o sincretismo
processual.
Tutela condenatória:
A sentença condenatória reconhece e impõe uma obrigação (dar –
dar qualquer coisa e dar dinheiro/obrigação de pagar -, fazer e não fazer).
A sentença condenatória transforma o dever ser do direito em ser, que é
dependente da conduta do devedor. Assim, a sentença condenatória fala
que à obrigação vem acoplada uma sanção. Esse castigo denomina-se
EXECUÇÃO.
A execução, nos sistemas em geral, pode se dar de duas maneiras:
a) execução AUTÔNOMA (a sanção virá por meio de nova relação
jurídica processual).
b) execução NÃO AUTÔNOMA (se dá por meio de processo
sincrético; funde-se no mesmo processo várias fases).
O nosso sistema autoriza ou pode autorizar, no processo de
execução, o emprego de duas técnicas, que objetivam cumprir a
obrigação.
Conclusão:
Se for tutela condenatória – art. 475-J
Se for tutela mandamental – art. 461
Se for tutela executiva latu sensu – art. 461-A
3. Execução e autonomia:
As execuções fundadas em título judiciais são, de regra, não
autônomas.
Exceção 1: Sentenças paraestatais – expressão do direito português
(sentença estrangeira, sentença penal condenatória e sentença arbitral).
Vide artigo 475-N, parágrafo único.
Artigo 475-R.
Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da
sentença, no que couber, as normas que regem o processo de
execução de título extrajudicial.
7.1. Conceito:
Título executivo é a representação documental típica de um crédito
certo, líquido e exigível. Típico porque tem que está previsto em lei.
Certeza, liquidez e exigibilidade são características da obrigação/crédito
e não do título executivo (arts. 580 e 586).
8. Liquidação de sentença:
Muitas vezes o crédito que consta na sentença não é líquida. A
expressão “liquidação de sentença” não é a mais apropriada, pois a
liquidação não é da sentença, mas sim da obrigação contida na
sentença.
Obs.:
Arts. 63,§único e 387, IV do CPP alterados pela lei 11.719/2008:
Problemas:
a) E se os dados necessários para elaboração do cálculo estiverem no
poder do devedor ou de terceiros?
R: Art. 745-B, §1º determina:
Uma questão se põe aqui, desde logo, é que: o rol do art. 475-N é
taxativo ou exemplificativo? Tem se entendido que esse rol é apenas
exemplificativo, pois há títulos judiciais que não estão aqui inseridos, ex:
título judicial da ação monitória. Aliás, qual é o título judicial da
monitória?
Relembrando....
Ação Monitória: é uma ação de que dispõe um credor munido de um
documento escrito sem eficácia de título executivo (ex.: cheque
prescrito). Com base nisso o credor pede uma quantia em dinheiro ou um
bem móvel fungível. O credor promove a ação monitória e já pede ao juiz
que este determine que o réu pague ou entregue a coisa. O juiz
verificando que está tudo correto manda expedir o mandado monitório.
Abre-se um prazo de 15 dias para o réu: a) pagar ou entregar a coisa
(nesse caso ele fica dispensado das custas e honorários); b) embargar
(nesse caso o procedimento vira ordinário); c) omitir (nesse caso o
procedimento se torna execução de título judicial).
Então, qual é o título? É o mandado monitório ou a decisão do juiz que
determinou a expedição do mandado monitório (decreto injuntivo).
Atentar que, embora não haja regra semelhante quando a CRFB trata dos
demais Tribunais, é entendimento pacífico de que tal norma é aplicável a
todos os outros Tribunais (cada Tribunal, seja qual for, tem competência
para processar a execução de seus próprios julgados).
O Tribunal pode delegar a prática de atos processuais. Não é possível a
delegação de atos decisórios, sob pena de usurpação da competência do
Tribunal.
Entretanto, a 3ª Seção (5ª e 6ª Turmas) do STJ tem precedente em que
delegou a juízo de 1ª instância a prática de todos os atos do processo,
inclusive o julgamento. O professor critica, sob o argumento de que o
excesso de atividade não justifica a delegação. Fere o princípio do juiz
natural. Vide Agravo Regimental na Rescisória 974.
Questões importantes:
1. Particular e União são réus em um processo que tramitam na Justiça
Federal. Só o particular é condenado. Pergunta-se: De quem é a
competência para a execução?
R: Prevalece o entendimento de que a execução se dará na Justiça
Estadual. Essa é uma situação esdrúxula de uma sentença proferida por
um juiz federal e executada por um juiz estadual. Isso se deve porque o
art. 109 da CF, que prevê a competência da Justiça Federal, não prevê a
competência da Justiça Federal para executar sentença contra
particular. Ademais, o art. 475-P, I não pode prevalecer em detrimento da
CF.
Tal vale para qualquer sentença estrangeira, seja arbitral, seja estatal.
Vide §3º do artigo 109 da CRFB.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA
1. Impropriedade na terminologia:
É incorreta a expressão “execução provisória”, uma vez que a execução
não é provisória, mas sim a decisão.
2. Natureza jurídica:
Antigamente se dizia que a execução provisória tinha natureza cautelar,
já que parava na penhora. Hoje, isso não faz mais sentido, pois a
execução provisória não pára na penhora.
Assim, a natureza jurídica da execução provisória é de uma tutela
antecipada, ou seja, “precipita no tempo o que normal e usualmente
ocorreria” (Arruda Alvim).
OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO
Há quatro espécies de defesa do executado. São elas:
A) NOÇÕES GERAIS:
A impugnação é a defesa do executado na execução de sentença. É
a defesa típica do executado.
O CPC a prevê expressamente para a execução de sentença para
pagar quantia (por quantia). Acontece que ela também se aplica por
analogia à execução de sentença de fazer, não fazer ou dar. Isso
simplesmente porque deve haver defesa nessas últimas três espécies de
execução. A defesa será a impugnação, naquilo que for compatível.
A impugnação também serve à execução de sentença arbitral,
estrangeira e penal condenatória.
A impugnação não se aplica somente na execução de sentença
contra a Fazenda Pública, já que nela a defesa da Fazenda dar-se-á por
embargos à execução.
B) NATUREZA JURÍDICA:
Há várias correntes doutrinárias a respeito da natureza jurídica da
impugnação.
12. AÇÃO: Arruda Alvim, Arakem de Assis, João Batista Lopes, Paulo
Lucon.
Os autores afirmam que a impugnação tem natureza jurídica de
AÇÃO, de demanda do executado contra o exeqüente. Com isso, querem
transportar para a impugnação tudo quanto foi construído para os
embargos à execução.
OBS.: É praticamente unânime que os embargos têm natureza de
ação. O problema que é muito difícil entender porque os embargos têm
natureza de ação e não de defesa. Eles têm tudo o que a defesa tem.
Nelson Nery chega a dizer que os embargos têm forma de ação e
conteúdo de defesa.
1. Processamento:
F) MATÉRIA DA IMPUGNAÇÃO:
O conteúdo da impugnação está previsto no artigo 475-L. Há
algumas matérias de impugnação que não estão nesse rol. São três.
1 – Alegação de incompetência absoluta.
2 – Impugnação de segunda fase. O CPC prevê dois embargos ao
executado. Pode embargar no início da execução; e pode embargar
contra a arrematação ou adjudicação do bem.
3 – Na execução de sentença arbitral, o conteúdo da impugnação
não é o do artigo 475-L, mas o do artigo 32 da Lei de Arbitragem (Lei
9.307/96).
II – inexigibilidade do título;
O inciso II disse menos do que deveria dizer, pois não é só falta de
exigibilidade, mais sim, falta de certeza, liquidez ou exigibilidade.
Significa falta de título. É possível alegar que não há título. Significa
inexequibilidade do título. Exemplo: sentença contra a qual foi interposto
recurso de apelação, recebido no efeito suspensivo - não caberá
execução provisória.
Esse inciso se conecta com o §1º do artigo 475-L:
V – excesso de execução;
É conceito indeterminado. O artigo 743 do CPC diz o que é excesso de
execução.
Art. 743. Há excesso de execução:
I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título;
Na impugnação, o executado pode dizer que o valor está muito alto.
Quando a impugnação é com base nesse dispositivo, é impugnação
parcial – está discutindo o “quantum”. Quanto a uma parcela, o
executado está de acordo. Como se trata de impugnação parcial, a
execução dever prosseguir quanto à parcela não impugnada.
Além disso, o CPC exige que o executado que alega o inciso I do artigo
743 diga qual o valor correto. Essa exigência é feita tanto para a
impugnação quanto para os embargos à execução.
Curiosidade: não foi prevista para a execução contra a Fazenda Pública.
A Fazenda não teria essa exigência ao embargar. O professor entende
que deveria exigir também, em nome da lealdade processual, a despeito
do silêncio da lei.
O nome dessa exigência é “EXCEPTIO DECLINATORIA QANTI”. (??). Vide
artigo 475-L, §2º.
Há um precedente desse dispositivo no artigo 50 da Lei 10.931/04, que
expressamente fala que se o devedor de contrato bancário imobiliário
quiser discutir o valor da dívida, deverá dizer o quanto deve, sob pena de
a petição ser inepta.
Esse dispositivo só é aplicável se o que se discutir for o cálculo.
H) HÁ RÉPLICA NA IMPUGNAÇÃO:
Apresentada a impugnação, o exeqüente deve ser ouvido para
replicar? O CPC silencia-se.
Há quem diga que o prazo é de 5 dias (já que o CPC não fala nada);
há quem diga que o prazo é de 10 dias (analogia à réplica do CPC –
posição do Fredie); e há quem diga que é de 15 dias – se tem 15 para
impugnar, deve-se ter o mesmo prazo para se defender.
3. EMBARGOS À EXECUÇÃO
A) CONCEITO:
É o modelo de defesa típico da execução fundada em título
extrajudicial, salvo na execução contra a Fazenda Pública (ainda
impugnável por embargos).
B) NATUREZA JURÍDICA:
É praticamente unânime na doutrina dizer que os embargos à
execução têm natureza jurídica de AÇÃO DE CONHECIMENTO,
CONSTITUTIVA OU DECLARATÓRIA, que gera processo incidente,
prejudicial à execução.
Cuida-se de expediente que visa a discutir o titulo, a dívida ou a
própria execução.
Haroldo Pabst, entretanto, defende uma tese irrespondível. Afirma
que os embargos são defesa do executado.
Nelson Nery diz: os embargos à execução têm natureza mista – têm
forma de ação e conteúdo de defesa.
Didier, por fim, filia-se à tese de Haroldo Pabst.
Boa parte do que estudamos para a impugnação serve para os
embargos. Prévia penhora, direito ao parcelamento da dívida, questão do
efeito suspensivo da execução (não é automático), necessidade de
indicar o valor correto quando a defesa for por excesso de execução,
possibilidade de aditamento em razão da penhora superveniente.
A impugnação pode ter duas fases: a de primeira fase (impugnação à
execução) e a de segunda fase (impugnação à adjudicação e à
arrematação).
Essa sistemática é copiada dos embargos. Portanto, é outro ponto
em que o tratamento é igual.
Há uma distinção dos embargos que discutem o mérito da execução
(ou seja, discutem a dívida) e embargos que discutem aspectos
processuais da execução.
Vide artigo 569 do CPC.
C) DESNECESSIDADE DE PENHORA:
Em 2006, o legislador reformula os embargos, de modo que os
embargos podem ser opostos sem prévia penhora, bem como não
suspende automaticamente. A penhora só é necessária para obter o
efeito suspensivo.
Caso haja algum vício posterior na penhora o executado pode
oferecer um aditamento aos embargos – art. 462, in verbis:
E) EFEITO SUSPENSIVO:
Como regra, os embargos não têm efeitos suspensivo, mas o juiz
pode conceder esse efeito, desde que o devedor atenda aos seguintes
requisitos:
1. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES, significa que o juiz não
pode conceder efeito suspensivo automaticamente, devendo observar se
a impugnação é minimamente razoável;
2. PERIGO DE QUE O PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO CAUSE
PREJUÍZO AO EXECUTADO.
3. PRÉVIA PENHORA ou DEPÓSITO ou CAUÇÃO;
4. REQUERIMENTO DO EXECUTADO
H) DEFESA DO EXEQUENTE:
O exeqüente será intimado para se defender no prazo de 15 dias.
ART. 740.
Parágrafo único. No caso de embargos manifestamente
protelatórios, o juiz imporá, em favor do exeqüente, multa ao
embargante em valor não superior a 20% (vinte por cento) do
valor em execução.
M) RECURSO
A natureza da decisão é de sentença, destarte caberá APELAÇÃO.
Nos casos de rejeição liminar ou improcedência dos embargos a
apelação não terá efeito suspensivo (artigo 520, V, CPC).
O) CASOS ESPECIAIS:
* NA EXECUÇÃO FISCAL AINDA SE EXIGE PRÉVIA GARANTIA DO
JUÍZO; E O PRAZO PARA EMBARGAR É DE 30 DIAS.
O professor entende que a prévia garantia do juízo para embargar
tende a ser superado pela jurisprudência.
Previsão legal:
Vide artigo 65 da Lei 8.884/94, que cuida da execução das decisões
do CADE (cuja decisão é título extrajudicial).
Daí, algumas pessoas, com razão, dizem que para essa ação
autônoma suspender a execução, é necessária garantia do juízo.
Segundo Fredie, é razoável que a defesa heterotópica possa
suspender a execução, desde que haja garantia. Isso porque essa defesa
heterotópica é um pré-embargos.
1. Conceito:
Meio impugnação judicial de decisões contra o poder público que tenha
riso de lesão à determinados bens jurídicos, especialmente protegidos
pelo legislador: ordem, segurança, saúde e economia pública.
Esse instrumento caracteriza-se pela causa de pedir e por seu pedido.
PEDE-SE a sustação da eficácia de uma decisão proferida contra o poder
público (trava os efeitos da decisão). Não se pede reforma nem anulação
da decisão. Por isso não é recurso. Qualquer decisão, seja interlocutória,
liminar, sentença, acórdão, pode ser submetida ao pedido da suspensão.
OBS. 1: A idéia é a de impedir que uma decisão que produza efeitos
antes do trânsito em julgado, contra o Poder Público, seja executada.
OBS. 2: Essa sustação de eficácia durará até o final do processo (vide
parágrafo 9 do artigo 4 da Lei 8437/92; súmula 626 do STF).
A CAUSA DE PEDIR fundamenta-se (só cabe PSS) na possibilidade de a
decisão causar GRAVE LESÃO ao interesse público primário (não é da
Administração), podendo comprometer a ORDEM PÚBLICA, SAÚDE, PAZ
SOCIAL, FINANÇAS PÚBLICAS. Destacar que a violação deve ser de
grandes proporcionais (exemplo do remédio).
Por conta desses conceitos abertos, há quem afirme que a suspensão de
segurança é um controle político das decisões proferidas contra o Poder
Público.
Não tem natureza de recurso, as finalidades são diferentes, enquanto no
recurso a finalidade é reformar uma decisão judicial, na suspensão a
finalidade é subtrair a eficácia de uma decisão judicial que está apta a
produzir efeitos. A decisão permanece incólume, não é anulada,
reformada.
* É admitida a concomitância entre recurso e suspensão.
4. Legitimidade ativa:
1. Pessoa jurídica de direito público.
2. Pessoa jurídica de direito privado (SEM e EP) que componham a
Administração indireta, desde que para proteger o interesse público
primário.
3. Pessoa jurídica de direito privado concessionária de serviço público,
desde que seja em prol da execução desse serviço público.
4. MP
5. Prefeitos (ação de improbidade administrativa)
6. Legitimados a propositura da ACP (para a doutrina mais moderna).
5. Requisitos:
1. A existência de uma ação em curso.
2. Que a ação seja movida contra o Poder Público.
3. A ação tem que ser de conhecimento.
4. Que esta decisão esteja produzindo efeitos e que não haja o trânsito
em
julgado da sentença.
Obs.: tem que ser requerido, não há forma legal, mas não pode ser
deferido de ofício pelo juiz.
6. Competência:
* Se a decisão desafiada for preferida por um juiz singular a
competência será do Presidente do Tribunal ao qual cabia o julgamento
de recurso.
O Poder Público pode cumular recurso e PSS, sem que haja preclusão
consumativa entre um e outro.
Podendo haver uma renovação do pedido de Suspensão para STJ e STF,
desde que haja agravo interno.
* Se a decisão desafiada for preferida por um desembargador a
competência será do STF (matéria constitucional ou const. + infraconst.
Informat. 499 do STF) ou STJ (matéria infraconstitucional).
* 1.8. Efeito Multiplicador contrário de decisões contrárias ao Poder
Público:
O Poder Público pode numa só SS suspender a eficácia de várias
decisões e ainda, as que vierem com um simples pedido de reiteração do
pedido original.
Art. 4 ͦ § 8ºda lei 8.437/92: As liminares cujo objeto seja idêntico poderão
ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal
estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante
simples aditamento do pedido original.
7. Prazo:
NÃO HÁ PRAZO PARA PEDIR SUSPENSÃO DE SEGURANÇA.
8. Procedimento:
O Presidente do Tribunal, ao receber o PSS, pode:
a) mandar emendar o PSS;
b) negar “prima facie”;
c) receber e mandar ouvir o autor e o MP no prazo de 72h;
d) receber e já suspender os efeitos da decisão, como uma espécie de
tutela antecipada (só depois ouve as partes). As duas últimas hipóteses
estão previstas no parágrafo 2 e no parágrafo 7 do artigo 4 da lei
8437/92.
Art. 4º
§2º O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério
Público, em setenta e duas horas.
§ 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da
medida.
INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE
03/12/10
Mandado de Segurança
2.3. Contra ato ilegal e abusivo praticado por autoridade pública ou afim
Eu gostaria, aqui, algumas considerações preliminares. É óbvio que o que você vai atacar
pela via do MS é uma conduta, um ato. Essa conduta poder ser:
Para te explicar o cabimento do ato, queria fazer uma sugestão didática. Que tipos de ato
você conhece?
• Ato administrativo
• Ato legislativo
• Ato judicial
• Ato político ou interna corporis.
a) Ato administrativo
Acontece que aqui, mais importante do que você saber a regra, é você saber a exceção e
tem uma exceção no cabimento do mandado de segurança contra ato administrativo. Quer dizer,
existe uma hipótese que não cabe. E que hipótese é essa? É a hipótese que vamos analisar em
um minuto: art. 5.º, I, da nova Lei de Mandado de Segurança.
Não caberá mandado de segurança contra ato administrativo com duas condições: com
efeito suspensivo e sem caução. Está tudo na lei. Não cabe mandado de segurança contra o ato
administrativo em recurso administrativo com efeito suspensivo e sem caução. Quer dizer, sem
que se tenha que pagar nada para recorrer. Qual a lógica por traz da norma, ao dizer que não
cabe mandado de segurança contra ato administrativo que tem efeito com efeito suspensivo e que
eu não tenho que pagar nada para entrar com o recurso? A lógica é muito simples: não existe
exeqüibilidade do ato. Sim, porque com o recurso administrativo, eu consigo fazer o quê?
Suspender os efeitos da decisão e, consequentemente, aquele ato que eu pretendo atacar, não
vai me causar gravame. Nesse caso que o ato processual não vai me causar gravame, porque
tem efeito suspensivo e eu não preciso pagar nada para entrar com o recurso, se eu entrar com o
mandado de segurança, estaremos diante de uma típica hipótese de falta de interesse de agir
necessidade porque eu não preciso da medida judicial.
Se tiver que pagar para entrar com recurso (e isso acontece muito em direito ambiental,
em que você só pode recorrer se recolher valor de multa e o STF entendeu que é absolutamente
inconstitucional essa exigência), mas de qualquer maneira, se tiver que prestar caução para
recorrer, o que acontece? Pode entrar com mandado de segurança. Se tiver que pagar para
recorrer, é caso de mandado de segurança porque fica claro que deve ser independentemente de
caução.
Agora quero fazer uma pergunta que merece cautela: é possível a desistência do recurso
administrativo com essas características para permitir o cabimento do mandado de segurança? É
plenamente possível. Desde que a parte renuncie à defesa administrativa, ela pode impetrar
mandado de segurança. Ela pode entrar com uma petição dizendo que renuncia ao prazo para o
recurso administrativo ou, simplesmente, deixa exaurir o prazo para o recurso administrativo.
Automaticamente, quando acaba o prazo, o ato se torna exequível, aí ela entra com mandado de
segurança.
Eu fecho esse assunto, discutindo com você a Súmula 429, do STF, porque essa súmula
trata do mandado de segurança contra ato omissivo. E essa súmula diz que a existência de
recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso de mandado de segurança contra
a omissão da autoridade. Por que nossa jurisprudência teve que editar uma súmula dizendo que o
recuso administrativo contra o ato omissivo não impede o cabimento do mandado de segurança?
Acompanhe: eu entrei com um pedido administrativo de licença. Se o Estado me falar, “não”, o
que eu faço? Mandado de segurança, se o recurso administrativo não tiver efeito suspensivo. Mas
pode acontecer de o Estado não falar nada ante o pedido de licença. Aí eu vou recorrer. Entrei
com recurso administrativo para ele falar e o recurso administrativo, em tese, tem efeito
suspensivo. Mas o que é a suspensão do nada? É nada! Então esse ato é exequível!
Consequentemente, a Súmula 429 diz que se o ato atacado for ato omissivo, ainda que exista
recurso administrativo com efeito suspensivo, eu posso impetrar mandado de segurança. É esse o
raciocínio da Súmula 429, do STF.
Eu poderia dizer que isso é uma exceção da exceção. Qual é a regra de cabimento do
mandado de segurança contra ato administrativo? Cabe, salvo, quando tiver recurso com efeito
suspensivo e sem caução. Mas mesmo que tenha recurso administrativo com efeito suspensivo e
sem caução, vai caber o mandado de segurança se o ato for omissivo. Daí ser certo dizer que
essa Súmula 429 é a exceção da exceção.
Cuidado com provas de verdadeiro/falso porque ele coloca assim: “contra qualquer ato
contra o qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo e sem caução não cabe
mandado de segurança.” Errado porque se o ato for omissivo, cabe mandado de segurança.
Só mais um comentário que não tem relevância prática nenhuma, a não ser pelo
conhecimento geral. Houve na nova Lei de Mandado de Segurança, uma tentativa do art.5º, de se
criar um parágrafo único que falava que quando o ato fosse omissivo você precisava notificar
extrajudicialmente a autoridade para que ela se manifestasse em 30 dias para, só depois entrar
com mandado de segurança. O Lula, com toda razão, vetou essa palhaçada. Não tem sentido
você condicionar o mandado de segurança contra ato omissivo à notificação extrajudicial da
autoridade.
b) Ato Legislativo
Como regra geral não cabe MS contra ato legislativo. Verificar Súmula 266, STF:
SÚMULA Nº 266
NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE.
• Leis de efeitos concretos: são aquelas que por si só atingem a esfera jurídica da
parte. Não dependem de um ato administrativo posterior para fazer valê-las. Trata-
se de um verdadeiro ato administrativo com roupagem de lei. Ex: todas as leis
proibitivas são de efeitos concretos.
c) Ato Judicial
SÚMULA Nº 267
NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL PASSÍVEL DE
RECURSO OU CORREIÇÃO.
SÚMULA Nº 268
17. Decisão contra a qual não caiba recurso com efeito suspensivo – (art. 5°, II).
Na legislação anterior não tinha “com efeito suspensivo”. O problema se dá quando
do recurso de acórdão. Porque apesar de caber recurso extraordinário ou especial,
não há efeito suspensivo. Ocorre que não se pode conceber o MS contra recurso
de acórdão porque não tem efeito suspensivo. Então esse trecho novo que foi
acrescentado (com efeito suspensivo) deve ser ignorado.
Ex:
Tem-se entendido que cabe MS contra decisão do art. 527, parágrafo único, CPC.
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (Redação dada
pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é
passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.
(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
Alguns autores entendem que no âmbito do Juizado Especial Civil não cabe
agravo. Assim, cabe MS.
O STF, no julgamento do RE 576.857/BA, entendeu que no Juizado não cabe nem
agravo, nem MS.
Tem-se entendido que contra decisão proferida colegiadamente pelo STF não cabe
MS (AgRg 27569-3). Trata-se de uma exceção da exceção. Isso porque em regra,
de se não há recurso, cabe MS. A único caso em que não há recurso previsto mas
não cabe MS é contra decisão colegiada do STF.
Nesse primeira exceção tem que observar o trânsito em julgado. Após o trânsito,
não há que se falar em MS.
Ex:
Despejo decretado pela não juntada da contestação (ocorre na verdade um erro da
secretaria, que juntou a contestação no processo errado).
Regra geral, esses atos não podem ser atacados por MS.
Exceção:
O ato pode ser atacado pelo MS se eventualmente o ato desborda dos limites
constitucionais.
3 – Legitimidade
j. o MS é uma ação personalíssima. É uma ação que não passa da pessoa que a
ajuizou. É uma ação intransmissível. Não há sucessão. Se o impetrante morrer, o
MS é extinto sem resolução de mérito. Se estava sendo cobrado alguma coisa,
poderá ser feito pelas vias ordinárias.
k. Não confundir litisconsórcio em MS individual (pluralidade de direitos individuais)
com MS coletivo.
l. Existe um dispositivo da Lei, art. 1°, §3°, que é bastante claro de que é possível a
ocorrência de litisconsórcio inicial ativo facultativo. Antes dessa nova lei de MS,
ocorria uma coisa bizarra na Justiça Federal. Uma empresa entrava com uma ação
e o juiz indeferia uma liminar. As outras empresas do mesmo ramo entravam com
processo, e caía na outra vara em que o juiz deferia a liminar. Nesse caso, muitas
empresas estavam formando litisconsórcio ativo naquele processo que deferiu a
liminar. Para coibir isso, o art. 10, §2° proíbe o litisconsórcio após o despacho da
inicial. Isso para evitar que se fira o princípio do juiz natural.
m. A idéia do art. 3° é que: eu tenho um direito e você tem o seu. Mas o seu direito só
existe se o meu existe. Ou seja, o seu direito decorre do meu. Assim, para você
exercitar o seu, eu tenho que exercitar o meu.
Ex: eu passei em 1 colocado no concurso. Você passou em segundo. Mas o
administrador nomeou o 3 colocado. Eu tenho direito de entrar com MS. Mas você
pode entrar com MS para garantir meu direito. Isso porque poderá afetar o seu.
Trata-se de típica hipótese de legitimação extraordinária, em que a lei garante ao
titular do direito decorrente legitimidade para impetrar MS em favor do titular do
direito principal. Ex: 2 colocado em concurso impetrando MS em favor do 1
colocado, contra nomeação do terceiro colocado.
A lei faz uma ressalva. Só se pode fazer isso, se o titular do direito ( o 1 colocado)
não fizer nada em 30 dias, após notificado.
13. A autoridade coatora (pessoa física). Assim, o MS seria contra o prefeito e, não,
contra a prefeitura.
A lei veio para resolver o problema. O art. 6°, §3°, da Lei 12.016/09 acabou com a
discussão (para alguns).
§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a
ordem para a sua prática.
Assim, pode-se impetrar o MS tanto contra quem pratica o ato, quanto contra quem
ordena. A opção é de que impetra.
- Ato coator praticado em áreas distintas: ex: tenho uma empresa de varejo que atua no
Estado de SP todo. Cada um dos delegados da receita federal e autua uma das unidades
da empresa. Aí eu quero impetrar o MS, quais são as opções? Existem 2 opções: pode-se
impetrar 4 MS, uma contra cada autoridade. Se quiser, também, pode-se impetrar um
único MS contra o superior hierárquico dos 4 coatores.
- Ato praticado por órgão colegiado ou ato colegiado. O MS vai ser impetrado contra o
presidente do órgão.
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos
administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço
público.
Quando o ato atacado tiver um beneficiário, ele necessariamente deverá figurar no pólo
passivo, ao lado da autoridade impetrada.
4 – Competência
Tem previsão nos artigos 102, I, “d”, CF; art. 105, I, “b”, CF; art. 108, I, “c”, CF.
SÚMULA Nº 330
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA CONHECER DE
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS
ESTADOS.
SÚMULA Nº 433
É COMPETENTE O TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO PARA JULGAR MANDADO
DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE SEU PRESIDENTE EM EXECUÇÃO DE SENTENÇA
TRABALHISTA.
Para saber que julgará o MS é só lembrar da regra: top julga top. O primeiro escalão julga
o primeiro escalão (mesa da camara e senado, presidente, é julgado pelo STF). O
segundo escalão julga segundo escalão (ministro de estado é o STJ).
Quem julga MS contra ato do TJ é o próprio TJ. Ele é o top do judiciário estadual.
2 exceções:
1ª Exceção – Não funciona a regra do top julga top quando a impetração é contra
juiz de primeiro grau. Ele é o piso da carreira. Se o cara é pião, tem que ser julgado por
pião. Se, eventualmente, um MS é impetrado contra mim, quem deveria julgá-lo seria
outro juiz. Mas nosso sistema diz que contra juiz de primeiro grau é sempre o órgão
superior
Súmula 376, STJ
Súmula: 376
Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança
contra ato de juizado especial.
Cuidado, o STF no RE 576.847/BA entendeu que não cabe MS contra ato de juiz do
Juizado Especial Cível.
A competência trabalhista está prevista no art. 114, IV, CF. Ex: MS contra ato dos
delegados regionais.
Não cabe MS em juizado. Está no art. 3°, §1°, I da lei 10.259/2001, e no art. 2° da lei
12.153/09 (juizado especial da fazenda pública).
AÇÃO MONITÓRIA
Imagine um credor que tenha titulo executivo, que pode partir para executar o
devedor. E o credor que não possui prova nenhuma do que afirma? Este credor
terá que propor uma ordinária para que seu direito seja reconhecido. Ou se
tinha o título e executava ou se interpunha uma ordinária. Mas entre esses
extremos, pode haver o sujeito que não tem título executivo, mas tem prova
escrita do crédito. Para esse credor que temprova escrita em eficácia de título
executivo, é que foi pensada a ação monitória.
A monitória cabe àquele que se afirma credor e tenha prova escrita que não
seja título executivo.
Deve ser credor de dinheiro, coisa fungível, ou determinado bem móvel.
Art. 1.102.A - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro,
entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.
A primeira discussão que se tem é sobre o conceito de prova escrita para fins
de monitória.
É qualquer prova que, não sendo titulo executivo, gere a verossimilhança da
existência do crédito.
Vide súmulas 247 e 299
Súmula 247: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente,
acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o
ajuizamento da ação monitória.
Instaurada a monitória, a petição vai para o juiz. Este pode entender que a
prova escrita juntada é insuficiente para a monitória. Caso assim entenda
manda o autor emendar a inicial. Se não for emendada, o juiz deve receber
como ação ordinária e mandar citar o réu.
Se o juiz entende que a prova escrita é suficiente, já profere uma interlocutória,
mandando o réu pagar a dívida, em 15 dias. Há quem diga que é uma sentença
sob condição de o réu não embargar. Isso porque se o réu for revel, a decisão
vira definitiva.
O juiz manda o réu cumprir a obrigação em 15 dias, sem que haja, no entanto,
qualquer punição, coerção ao réu.
Essa decisão do juiz é uma simples admoestação. É irrecorrível, porque não há
interesse recursal. Não há qualquer razão para o réu recorrer dela. O réu, caso
não concorde com a decisão, basta se defender na monitória, que ataca essa
decisão do juiz.
A citação na monitória pode ser por edital. Vide súmula 282 do STJ acerca do
tema:
Súmula 282: Cabe a citação por edital em ação monitória.