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A UTILIZAÇÃO INDISCRIMINADA DO LODO DA

INDUSTRIAS DE CURTUME NO SOLO PARA PLANTIO


INTRODUÇÃO

Conforme os princípios e diretrizes globais do desenvolvimento sustentável,


com o objetivo de atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio, torna-se
necessária uma mudança substancial nos padrões de produção e consumo da
sociedade.
Neste contexto, faz-se necessário observar que a adoção consciente de
destinação dos resíduos produzidos nas diversas atividades desenvolvidas em
indústrias e afins pode vir a beneficiar outras áreas do meio ambiente, ao invés de
prejudicá-las.
Tendo em vista que o lodo advindo das indústrias de curtume traz consigo uma
grande quantidade de compostos que prejudicam de modo irreversível o meio
ambiente como um todo, o que, consequentemente vem a prejudicar a saúde humana.
É importante compreender que a Indústria de Couro tem restrições cada vez
rigorosas no que se refere à destinação final dos resíduos gerados. Uma vez que
estes são classificados como resíduos perigosos de Classe I, em função da presença
de cromo, substância carcinogênica e de efeitos prejudiciais à saúde humana.
O cromo pode estar presente no lodo das estações de tratamento, podendo
contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Sob este aspecto,
compreende-se a forte necessidade da definição de políticas ambientais mais
avançadas.
Nesse sentido, o presente documento visa apresentar uma análise a respeito
do descarte indiscriminado do lodo das industrias de curtume no meio ambiente.
O LODO E SUAS POSSÍVEIS UTILIZAÇÕES

Os resíduos da Industria de Curtume apresentam elevadas cargas orgânicas e


inorgânicas e de cromo, o qual é utilizado no processo de curtimento (SOUZA, 2009).
Conforme Konrad e Castilhos (2002), uma pele produz em média 15 kg de
resíduos sólidos e, destes, 7,5 kg decantam no fundo da lagoa de tratamento primário
na forma de lodo proveniente de três principais etapas: conservação das peles,
operação de ribeira e curtimento.
O uso do lodo proveniente de ETE e de estações de tratamento de efluentes
industriais como fertilizante tem se mostrado uma solução adequada em termos
técnico, econômico e ambiental, isto desde que precauções sejam tomadas quanto à
qualidade do resíduo, bem como quanto ao tipo e manejo de culturas agrícolas
(LOURENÇO, 1999).
Com o intuito de estudar a viabilidade do uso do lodo de curtume primário, como
fertilizante orgânico, Silva et al. (2005) avaliaram o efeito de diferentes doses de
resíduos misturados com esterco bovino na fase inicial do crescimento do plantio. Este
evidenciou efeitos agronômicos negativos no desenvolvimento inicial do plantio. Os
autores relataram hipermetropia gradativa nas plantas, conforme o aumento de
percentual de lodo de curtume adicionado aos tratamentos (20 a 40%), bem como
colmos finos com coloração roxa, folhas com margens e nervura principal com
coloração roxa e amarelada e estrias esbranquiçadas.
É importante observar tanto os prós quanto os contras da utilização desse
insumo no solo, assim, tem-se que o solo constitui o melhor e mais seguro meio para
a disposição de poluentes, em relação à hidrosfera ou à atmosfera. Os solos são
capazes de melhor oxidar, sendo o estado oxidável geralmente a forma química
menos tóxica, precipitar os poluentes e removê-los da cadeia alimentar, de modo mais
seguro que o ar ou a água (CASTILHOS et al., 1998).
Nesse sentido, ao se questionar a utilização indiscriminada do lodo proveniente
da Industria de Curtume no solo, questiona-se se há estudos preliminares a respeito
do solo, se este é capaz de neutralizar as substâncias existentes no lodo, a ponto de
não prejudicar o meio ambiente e a saúde humana.
A esse respeito, é importante observar o que Macedo (1994, p. 26) enfatiza. “É
necessário efetuar a conservação e a reabilitação de seus recursos naturais e
transformados, considerando alguns valores éticos já consagrados universalmente”.
Ou seja, toda atividade desenvolvida com a finalidade de proporcionar ganhos
econômicos para a empresa ou organização, deverá proteger o meio ambiente,
seguindo a legislação de proteção ambiental, cuidado da fauna e flora e preservando
os mananciais e nascentes de água, tratando todos os resíduos devolvidos para a
natureza, seguindo o plano de gestão ambiental proposto pela empresa ou
organização.

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Para minimizar os impactos ambientais, a legislação brasileira define padrões


de qualidade ambiental, levando em conta a quantidade e grau de toxicidade do
resíduo gerado.
Em seu artigo 13, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), define
resíduos industriais como “aqueles gerados nos processos produtivos e instalações
industriais”. Entre os resíduos industriais, inclui-se também grande quantidade de
material perigoso, que necessita de tratamento especial devido ao seu alto potencial
de impacto ambiental e à saúde (BRASIL, 2011).
A definição oficial de resíduos industriais segundo a norma regulamentadora
(NR 25, 2011, p.1):

Entende-se como resíduos industriais aqueles provenientes dos processos


industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas, e que
por suas características físicas, químicas ou microbiológicas não se
assemelham aos resíduos domésticos, como cinzas, lodos, óleos, materiais
alcalinos ou ácidos, escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como demais efluentes líquidos e emissões gasosas contaminantes
atmosféricos. (NR 25, 2011, p.1)

Ou seja, por resíduos industriais entende-se todo descarte gerado durante o


processo produtivo de fabricação de bens de consumo, seja de matéria prima ou outro
qualquer, desde que relacionado à produção.
Ainda de acordo com a norma NR 25 (2011, p.1):
A periculosidade de um resíduo é definida como a característica apresentada
por um resíduo que, em função de suas propriedades físico-químicas ou
infectocontagiosa, pode apresentar: riscos à saúde pública, provocando ou
acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade ou incidência
de doenças e/ou; riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado
ou destinado de forma inadequada. (NR 25, 2011, p.1).

Os resíduos industriais podem causar graves danos ao meio ambiente, caso


seu descarte não seja apropriado, ou não ocorra tratamento necessário.
Conforme relata Freire, Pelegrini e Kubota (2000, p.505): “o grande
desenvolvimento da microbiologia tem propiciado muitas alternativas que viabilizam o
tratamento biológico de efluentes industriais”. Segundo os autores, efluentes são
materiais orgânicos que podem ser tratadas de maneira sustentável e podem ser
reutilizados em processos diversos, os resíduos industriais podem gerar sérios
problemas, caso seu descarte não for tratado corretamente, podendo contaminar o
meio ambiente e também afetar comunidades próximas.
Segundo a Constituição Federal Brasileira, norma básica e superior,
estruturadora do Estado, em seu artigo 225:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
futuras gerações.

Ou seja, a Constituição Federal vigente impõe ao Poder Público e a coletividade


a obrigação de proteger o meio ambiente e preservá-lo, cabendo ao Poder Público
controlar a produção, distribuição, comercialização e destinação de produtos e
substâncias que podem comprometer ou oferecer risco a vida, a qualidade de vida e
ao meio ambiente.
Anterior a constituição Federal a primeira lei específica sobre meio ambiente
surgiu em 1981, a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente. Até então, o máximo que era exigido dos empreendedores era a
indenização dos donos de terras que seriam afetadas pelas obras de engenharia.
Política Nacional do Meio Ambiente é o primeiro grande marco em termos de
norma de proteção ambiental no Brasil. Essa legislação definiu de forma avançada e
inovadora os conceitos, princípios, objetivos e instrumentos para a defesa do meio
ambiente, reconhecendo a importância deste para a vida, e para a qualidade de vida.
As legislações estão na sociedade para defender o meio ambiente e as
populações, quanto aos seus direitos de obtenção de uma vida digna e sem poluição,
este compromisso é repassado às grandes organizações, que tem o dever de cumprir
suas obrigações, garantindo à sociedade a qualidade do meio ambiente onde estão
inseridas.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, observa-se que o conhecimento dos efeitos destes resíduos


no solo é essencial quando se considera, por exemplo, a conservação da qualidade
do mesmo. Sendo assim, é de suma importância que se aprofundem pesquisas a
respeito de licenças e outros aspectos documentais inerentes à utilização de tais
resíduos no solo.
Nesse sentido, sugere-se que tais pesquisas comecem pelos órgãos
competentes, como, Ibama/Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura dentre
outros, em busca de licença para o uso do Lodo, ou seja, que se realize uma
minuciosa busca a respeito de como procede a autorização para o uso do Lodo da
indústria de Curtume no solo de plantio.
No que se refere ao uso do lodo na agricultura, devem ser considerados outros
aspectos envolvidos, como a quantidade de metais pesados, presença de compostos
orgânicos tóxicos e/ou persistentes e de patógenos; ou ainda seu potencial de
salinização ou de acidificação do solo. Tais fatores podem superar largamente as
possíveis vantagens como fertilizante, colocando em risco a qualidade do solo.
Deste modo, acredita-se na necessidade de se executar um estudo detalhado
do solo, a fim de observar os impactos causados pela utilização do lodo proveniente
da Indústria de Curtume.
Destaque-se que os curtumes são importantes para a economia, entretanto,
um melhor relacionamento com a população é imprescindível, ter responsabilidade
social, para tanto, precisa encarar os desafios para trilhar um caminho com uma
melhor adequação ambiental, e encarar essa readequação como oportunidade e
vantagem competitiva.

REFERENCIAS

BRASIL. Lei nº 6.938 de 02 de setembro de 1981. Dispõe sobre Política Nacional de


Meio Ambiente.

BRASIL. Constituição Federal. Artigo 225 de 1988.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 25 - Resíduos Industriais. Brasília:


Ministério do Trabalho e Emprego.

COSTA, C. N.; CASTILHOS, D. D.; CASTILHOS, R. M. V.; KONRAD, E. E.;


PASSIANOTO, C. C.; RODRIGUES, C. G. Efeito de adição de lodo de curtume
sobre as alterações químicas do solo, rendimento de matéria seca e absorção
de nutrientes em soja.

FREIRE, R. S.; PELEGRINI, R.; KUBOTA, L. T.; DURAN, N.; ZAMORA, P.P. Novas
tendências para o tratamento de resíduos industriais contendo espécies
organocloradas. Química Nova, 23, 504-511, 2000.

KONRAD, E.E.; CASTILHOS, D.D. Alterações químicas do solo e crescimento do


milho decorrente da adição do lodo de curtume. Rev Bras Ciên Solo, v.26, p.257-
265, 2002.

LOURENÇO, R.S. Efeito da aplicação do lodo de esgoto nos teores solúveis e totais
de elementos do solo sob o sistema de produção de Bracatinga (Mimosa scabrella
Benth.). Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 38, p. 39-65, jan./jun. 1999.

PINTO, G. M. Reaproveitamento de lodo de curtume e uso de água residuária de


origem doméstica na cultura do milho (Zea mays L.). 2015. Tese (Doutorado em
Agronomia: Solo e Água) –Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás,
Goiânia, 2015.

SILVA, C. J. C.; LIMA, M. G. S.; CARVALHO, C. M.; ELOI, W. M.; PEDROZA, M. M.;
DA-SILVA, C. J. C. Efeito do lodo de estação de tratamento de despejos de curtume
na fase inicial do crescimento do milho. Revista de Biologia e Ciências da Terra,
João Pessoa, v. 5, n. 2, p. 1-10, dez. 2005.

SOUZA, M.R.F. Uso do lodo de curtume como fonte de nutrientes em plantas


forrageiras. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009.

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