Cristo vive. Esta é a primeira afirmação da Exortação Apostólica Pós-sinodal de
Papa Francisco, Christus Vivit. No documento é evidenciado logo no início o modelo maior para todos os jovens: o Cristo sempre jovem. Em seguida é apresentado também um exemplo no seguimento de Jesus, o da Virgem Santíssima, a jovem que disse sim a Deus mesmo sem saber o que iria acontecer como consequência de seu sim. Ela acreditou e pronto. A partir destes dois exemplos maiores, Papa Francisco comenta que não faltaram também ao longo dos séculos muitos outros jovens que também disseram sim a Deus. Cada qual segundo sua época e circunstância. Este documento dedicado aos jovens, mas também “para todo o povo de Deus”, como já evidencia o subtítulo, nos faz refletir sobre a grande riqueza que são os nossos jovens. Sim, os jovens são a maior riqueza da Igreja. Eles são o presente mas sobretudo a continuidade do ideal cristão. Sem eles a Igreja se tornará velha e sucumbirá. Os desafios são grandes no que se refere às questões ligadas à juventude, mas a Bíblia está repleta de situações desafiadoras que foram equacionadas a partir da sensibilidade da juventude. Para exemplificar, pode ser citado o jovem filho de Jessé, David, que foi colocado em segundo plano por todos, mas não por Deus que o escolheu para ser rei de Israel (cf. 1Sm 16,6-13). Mesmo Samuel, que por ser muito jovem não conseguia nem mesmo distinguir o chamado de Deus e, entretanto, foi designado juiz e profeta do povo de Deus. E o que dizer de Jacó, o grande patriarca, que mesmo sendo o mais moço foi colocado a frente de seu irmão e se tornou o tronco de uma grande árvore genealógica. Sim, Deus usa o que julgamos menos capaz para nos ensinar a lição da humildade, fato expresso de maneira brilhante pelo Apóstolo Paulo: “Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (1Cor 1,27). É verdade que enfrentamos situações novas, sobretudo, numa velocidade muito maior do que em épocas passadas. Contudo, os verdadeiros valores do Evangelho continuam encantando multidões de jovens em todo o mundo. Mesmo que para a mentalidade jovem, tais valores não necessariamente estejam vinculados à Igreja, mas os jovens os reconhecem quando os encontram, inclusive dentro da Igreja. Sim nossos jovens são tão bons quantos os jovens de todos os tempos. Querem apenas o que todo ser humano deseja, um sentido autêntico pra vida, mesmo sem saber direito como fazer isto, aí entra a missão da Igreja, como guia e guardiã da mensagem do Evangelho. Cabe neste ponto dizer como São Paulo, “ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16), e passar esta afirmação do apóstolo para o plural de nossas vidas dizendo em coro: “ai de nós se não evangelizarmos”. Sim, a mensagem do Evangelho continua atual, sua força salvadora continua atuante, basta não ofuscar seu brilho com nossos discursos ensaiados mas esvaziados pelo contratestemunho. O nosso testemunho cristão é condição essencial para que nossos jovens sintam o bom odor do Cristo e queiram fazer as escolhas que darão sentido para suas vidas. Afinal, o testemunho nem necessita de palavras, pois todos sabem o valor do ouro, mesmo se não for propagado. Este ouro é Cristo, que “a traça nem a ferrugem consomem, e que os ladrões não roubam” (Mt 6,20), pois Cristo Vive.