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Philos
A intimidade da imagem
Os registros da transição na Galícia são fragmentários, incompletos e obscurecidos. Não havia uma televisão galega, os espanhóis estavam a serviço de
uma ditadura desintegradora e alguns fotógrafos de imprensa – apegados às condições de trabalho e às dependências políticas da mídia-, estavam
fazendo o que podiam. E é por isso que o trabalho da fotojornalista, Anna Turbau (Barcelona, 1949), é tão esclarecedor sobre esse período.
Na comemoração do número 40 da Revista Philos, apresentamos a mostra fotográfica “A intimidade da imagem”, de Anna Turbau. A seleção fotográfica
peneira o arquivo que Anna realizou entre 1975 e 1979 para representar uma Galícia distinta a do discurso habitual. Turbau é pioneira na escolha das
temáticas, em narrar-se no ato de narrar, na independência como atitude pessoal e como linguagem, para construir uma obra que retrata a realidade.
Talvez por isso possamos aplicá–las ao contexto em que ela fotografou a Galícia dos anos setenta, nos fazendo lembrar de Umberto Eco quando diz que
“as vicissitudes do nosso século [dos curtos anos setenta] são resumidas por poucas fotografias exemplares que reparam o tempo”. Ao registrar as
articulações dos povos do campo, Anna deu visibilidade a uma série de questões e demandas populares, desde as mobilizações contra a ações de
construtoras, até manifestações sobre a situação das empresas navais, debates sobre autonomia e vontades nacionalistas.
O acervo faz parte dos mais de 10.000 negativos registrados no país entre 1975 e 1979 e depositados atualmente no Consello da Cultura Galega. Parte
dos registros – sendo cinco deles inéditos -, farão parte da próxima edição da Philos. A mostra se articula através de diferentes itinerários: O rostro que te
mira, Luz no alén, A atmosfera e o signo, O vestixio e a fuxida, A ollada que manca, A imaxe que libera, A festa como síntoma, Fóra de campo e Paisaxe interior.
Na entrevista cedida para a edição, Anna afirma: “Sofri muitíssimo. Quando você faz uma fotografia boa, tu sabes; ela fica guardada lá dentro. Eu chorei
muito fazendo fotos, me ensinaram muito; eu aprendi a ser humana”.
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26/09/2019 A intimidade da imagem – Philos
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