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Transtorno mental: os desafios e o dia a dia das pessoas que vivem com o

transtorno

Mental disorder: the challenges and the day by day of the people who live with the
disorder

Valéria Aparecida Pereira Candido1

RESUMO

CANDIDO, Valéria Aparecida Pereira: Transtorno mental: os desafios e o dia a dia das
pessoas que vivem com o transtorno. Curso de Serviço Social. Universidade Estácio de Sá,
2019.

A partir da contextualização sobre o significado do transtorno mental e saúde mental, se faz um


reflexão sobre quais são os desafios e o cotidiano das pessoas com o distúrbio psiquiátrico. São
abordados desde a concepção histórica da loucura no meio social, o estigma e preconceitos
abarcados pela normatização social marginalizando o indivíduo e da negação de direitos,
determinantes expressos da questão social onde o assistente social tem sua condição
profissional, e atrelada à Reforma Psiquiátrica na luta pela justiça social e equidade de
oportunidades, na garantia de participação e inclusão, via sociedade-família-Estado. Em
conclusão, é possível afirmar que a mudança no modelo de assistência à saúde mental, no
cuidado, na reabilitação psicossocial e na integração do portador de sofrimento psíquico é, e
então somente só será possível através da informação, do entendimento global da doença e da
aceitação social do ‘diferente’ da saúde mental sobre os ‘iguais’.
Palavras-chaves: Transtorno Mental; Preconceito; Direitos, Reforma Psiquiátrica.

1 Graduação em Serviço Social, pela Universidade Estácio de Sá, Bacharelado. E-mail do autor:

valeriakandido@gmail.com.
1 INTRODUÇÃO
Os desafios de uma pessoa portadora de saúde mental não difere daqueles que não os
têm. Educação, trabalho, saúde, valores, crenças, orientação sexual e comportamento agregados
à realidade social e cultural do indivíduo na sociedade.
Este processo de socialização é caracterizado por experiências vividas com diferentes
pessoas, gerações, modificações culturais que moldam e formam o indivíduo, sujeito social, na
sua compreensão de mundo e no seu comportamento.
Os determinantes e ou motivos para o desenvolvimento de algum tipo de transtorno
mental são por diferentes causas: traumas, genética, fatores sociais, culturais, econômicos,
políticos e ambientais, padrões de vida, química cerebral, nutrição, relacionamentos, luto,
estresse e tantos outros.
O termo “doença mental” ou transtorno mental é uma alteração do comportamento e da
mente do indivíduo. Sem saber quem ou quando, o transtorno mental afeta mais de 400 milhões
de pessoas em todo o mundo e no Brasil, a estimativa é de 23 milhões, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS).
A pessoa com sofrimento psíquico vive um cotidiano de segregação, estigma e
preconceito, prejuízos causados pela doença, os quais afetam em sua qualidade de vida e em
seu comprometimento funcional, contribuindo para o seu isolamento social. Segundo Gaspari
(2002), “o homem não é um ser isolado, é um membro ativo e reativo de grupos sociais. A
família é um grupo social natural, um sistema que faz parte de outros sistemas, que afetam a
sua organização. A trama de relações sociais inclui, além da família, amigos e colegas”;
relações que se estabelecem baseadas em diferentes atividades do cotidiano, nas atividades
sociais, culturais, esportivas, religiosas e de cuidados com a saúde.
A exclusão social dos usuários com transtorno, a inviabilização dos direitos sociais,
privação de seu convívio social e do sistema sócio-ocupacional no mercado de trabalho e a não
inserção dos mesmos nas redes intersetoriais, determinantes das expressões da questão social
na saúde mental, são vivenciadas na exclusão social dos usuários com transtorno mental.
O artigo 6º da Constituição Federal estabelece que são direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, no entanto,
portadores de transtorno metal não têm garantidos seus direitos sendo prejudicados e
discriminados em todas as áreas de suas vidas.
“As estruturas da vida cotidiana expressam e estabelecem os espaços
de vida possíveis para estas pessoas. O cotidiano está relacionado não
somente à evolução da doença, mas desempenha um papel ativo de
construção psíquica e sócio-cultural do indivíduo doente”
(GOLDBERG, 1998).

O indivíduo se insere na sociedade através da interação e participação por meio de


atividades, interesses e comportamentos na família, amigos, colegas de trabalho construindo
sua rede de relações sociais.
Para Foucault, “o louco não pode ser louco para si mesmo, mas apenas aos olhos de um
terceiro que, somente este, pode distinguir o exercício da razão da própria razão”. Na sociedade
em geral para ter justificada a exclusão do doente mental, ainda prevalece o estigma advindo
de um processo sócio-histórico, onde é necessário ensinar as regras e condições de convívio
social ou de proteger os “normais” de ações insanas. Instalado, enclausurado e marginalizado.
“A exclusão do louco/doente mental se perpetuou no tempo, de tal
modo que, ainda hoje, o tratamento se faz sobremaneira pela rotulação,
pelo tratamento dos sintomas à base de medicamentos e pela
manutenção do doente em instituição psiquiátrica; retirando-o da
família, do mercado de trabalho, dos vínculos sociais; excluindo-o da
vida em sociedade” (Psico-USF, v. 13, n. 1, p. 115-124, jan./jun. 2008;
116).

Com os avanços das Reformas Sanitária e Psiquiátrica no Brasil e estudos sob a saúde
mental, surgiram novas propostas de tratamento que não coloca a doença como eixo principal,
e sim os serviços substitutivos e a comunidade.
“O processo de saúde e doença é compreendido em complexa
integração com aspectos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais,
estando em evidência a conexão entre o corpo individual e o social”
(MINAYO, 2004).

Dessa forma, a inclusão social da pessoa com transtorno mental deve ocorrer com o
usuário vivendo em sua comunidade. “As pessoas com transtorno mental precisam articular o
tratamento com a vivência na sociedade” (SARACENO, 2001).
No campo de saúde mental muitas mudanças vêm ocorrendo no eixo da saúde, mas a
principal e mais importante é o processo de desinstitucionalização da pessoa com sofrimento
psíquico com a implementação de serviços de saúde em meio aberto, como os CAPS (Centro
de Atenção Psicossocial), os Hospitais-dia e as Residências Terapêuticas.
A reabilitação psicossocial é um processo que atua com a finalidade de propiciar a
inserção social através do acolhimento, da assistência, de cuidados especializados e
humanização para reabilitação do indivíduo com doença mental.
No entanto, nem a sociedade, nem a família estão preparadas e amparadas para o
acolhimento do portador de sofrimento psíquico, somente através da informação e
entendimento global da doença e no cuidado integralizado ao portador é possível avançar na
eliminação do estigma e preconceito sem julgamento e discriminação para as pessoas que estão
mentalmente doentes.
"O cuidado oferecido deve respeitar e acolher a diferença do psicótico,
ele deve ser percebido como um sujeito humano e não como um sintoma
a ser debelado; além disso, o exercício da ousadia, da criatividade e
da alegria deve estar sempre associado à atividade
terapêutica" (TEIXEIRA, 1999).

Mas, o que fazer? como fazer? É necessário divulgar e conhecer a doença mental, o que
é, qual é sua evolução, quais os tipos de tratamento, quais as políticas públicas, formas de
assistência e reabilitação.
Sabemos o quando. É agora!
A reabilitação somente será possível quando sujeitos – família – governo – comunidade
estiverem integrados na construção de políticas públicas eficazes para a saúde mental, prestação
de atendimento integrado entre a saúde e a assistência social, pesquisas, informações de
promoção e prevenção, ações que ressignificam a doença contribuindo para a eliminação do
estigma e preconceito social.
Percebendo a importância do debate sobre a pessoa que vive com o transtorno mental,
esse trabalho surgiu do interesse em adentrar em um universo cercado de estereótipos e tabus
sociais e de aproximação em questões em torno da saúde mental, desenvolvidas ao longo da
minha graduação, no qual fiz participação em três semestres letivos na AAPSI – Associação de
Apoio ao Psicótico – RP, que por sua vez, através de experiências, vivências e na convivência
com pessoas com transtorno mental, foi possível um melhor aprofundamento e conhecimento
na questão da saúde mental.
No campo de estágio, na atuação do assistente social, foi possível conhecer os desafios
vivenciados diariamente da pessoa com transtorno mental. Por meio do acolhimento, da
convivência e depoimentos de familiares e usuários, foi possível conhecer a realidade que
vivem, os desafios e buscar meios de assistência.
Diante disso, a pesquisa que emerge esse trabalho, no primeiro Capítulo será abordado
o contexto histórico do qual circunscreve a saúde mental, a segregação e marginalização dos
doentes, a Reforma Psiquiátrica e o processo de desinstitucionalização e a legislação, bem como
o processo que se configura as desigualdades e o estigma vivenciados pelo portador de
transtorno mental. Para isso, buscamos analisar a definição de transtorno mental, seu processo
histórico bem como a exclusão social, do qual destaco contribuições literárias de alguns autores
como: Michel Foucault, Paulo Amarante, Thomas Szasz e Maurílio Costa Matos.
No segundo Capítulo, busco mostrar como a profissão do Serviço Social é inserida no
contexto da Saúde Mental no Brasil, o processo de humanização e a luta diária para se viver
uma vida comum. Esse capítulo vai abordar também os transtornos metais e tipologia, a família
e sociedade como espaço de vivências e socialização, finalizando ao mostrar como é possível
romper com o preconceito e estigma.
Como pergunta de investigação: Afinal, o que define o “normal”?
Dessa forma, na busca da resposta da pergunta acima, espera-se, com esta pesquisa,
contribuir para reflexão sobre os processos estabelecidos na sociedade diante das pessoas que
vivem com transtorno mental. Identificando as condições e práticas favoráveis ou desfavoráveis
à qualidade de vida, reconhecendo sua participação social e cidadania, conhecendo os direitos
legais das pessoas que vivem com problemas de saúde mental e na compreensão da doença.
Pela grande dificuldade e desafios vivenciados pelas pessoas com transtorno mental, é
comum um desarranjo familiar, existe a segregação e marginalização das pessoas por
preconceito e desinformação, os espaços sociais são reduzidos por falta de reabilitação e
tratamento, mau acompanhamento clínico e psiquiátrico, políticas públicas deficitárias e pela
complexidade que envolve interação e participação social das pessoas com transtorno mental
na sociedade, e na necessidade de informar, conscientizar e transformar, esta pesquisa apresenta
uma proposta de conhecimento e reconhecimento do doente mental enquanto ser, ser social.
O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, através da identificação dos principais
problemas vivenciados pelos doentes mentais dos quais se destacam o estigma e preconceito, a
exclusão social e a falta de informação, que impedem o pleno exercício da cidadania em uma
sociedade que padroniza comportamentos.
Buscamos descrever a complexidade que envolve o transtorno mental e as interações
sociais bem como as motivações subjetivas de experiências, vivências e percepções do
cotidiano que impactam na relação sujeito e sociedade na necessidade de gerar informação e
conhecimento úteis de interesse social no propósito da reinserção, integração e inclusão.

2 SAÚDE MENTAL
Saúde Mental é um estado de bem estar relacionado ao nível de qualidade de vida
cognitiva ou emocional; refere-se à capacidade do indivíduo de manter o equilíbrio de suas
ações por meio de atitudes positivas à si próprio e às exigências do ambiente, harmonizando
desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções com o intuito de promover crescimento,
desenvolvimento e auto realização.

2.1.1 Contexto Histórico da Saúde Mental no Brasil


São nas relações de grupo e de classe social que são construídos significados, padrões
de comportamento e sentimento de pertencimento onde são apontados a saúde e a doença, no
qual o adoecimento psíquico está associado a diferentes causas relacionados à fatores
biológicos, sociais e culturais, ou seja, a doença mental representa o indivíduo inserido na sua
cultura social.
As representações que foram construídas acerca do doente mental durante o tempo
interferem diretamente nas relações e interações sociais do indivíduo associando a loucura à
doença mental, expondo o estigma e a exclusão destes indivíduos fazendo-os viverem à margem
da sociedade dita “normal”.
A partir do nascimento da sociedade moderna, a loucura passou a ser vista de um modo
muito diferente. É verdade que sempre existiram formas de encarceramento dos loucos;
igualmente, desde a Antiguidade, a Medicina se ocupava deles; eram também abordados por
práticas mágicas e religiosas; muitos, ainda, vagavam pelos campos e pelas cidades. Contudo,
nenhuma dessas formas de relação da sociedade com a loucura prevalecia, variando sua
predominância conforme as épocas e os lugares. Apenas a partir do final do século XVIII,
instala-se, ao menos na sociedade ocidental, uma forma universal e hegemônica de abordagem
dos transtornos mentais: sua internação em instituições psiquiátricas (FOUCAULT, 1961).
Com o declínio dos ofícios artesanais e o início da sociedade industrial, as cidades, cada
vez maiores, encheram-se de pessoas que não encontravam lugar nesta nova ordem social.
Multiplica-se nas ruas os desocupados, os mendigos e os vagabundos – os loucos dentre eles
(FOUCAULT, 1961).
As medidas adotadas para abordar esse problema social foram essencialmente
repressivas – estas pessoas eram sumariamente internadas nas casas de correção e de trabalho
e nos chamados hospitais gerais. Tais instituições, muitas vezes de origem religiosa, não se
propunham a ter função curativa – limitando-se à punição do pecado da ociosidade. Ali, o louco
não era percebido como doente, e sim como um dentre vários personagens que haviam
abandonado o caminho da Razão e do Bem. É esse o fenômeno chamado por Foucault de
Grande Internação (MINAS GERAIS, 2006).

2.1.2 Segregação e Marginalização


Estar segregado e marginalização traduz o estar do indivíduo separado do resto da
sociedade, forçado a ocupar as margens sociais, ou seja, não ser considerado parte integrante
da sociedade.
Desde a concepção da “loucura” e os estereótipos criados relacionados à doença e ao
imaginário popular, o louco é o indivíduo que não é capaz de viver em sociedade, portanto,
deveria ser separado.
Neste contexto de enclausuramento e exclusão, a assistência psiquiátrica ao doente
mental estava atrelada ao tratamento restrito ao interior de hospícios e manicômios com
internação prolongada e manutenção da segregação do portador de transtorno mental,
permanecendo durante muito tempo acorrentado à alienação, a segregação social e ao estigma
da loucura, aprisionados e desprovidos de autonomia e isolados da família e do meio social.
À instituição hospitalar cabia a responsabilidade de eliminar os sintomas da desordem
psíquica. E, muitos são os relatos e histórias das pessoas que sofreram e ainda sofrem com esta
condição de tratamento empregadas à elas, muitas são as marcas físicas, psicológicas e sociais
da falta de humanização e cidadania.
Após transformações sociais que influenciaram os modos de vida da sociedade, um
olhar foi de encontro às necessidades da pessoa com distúrbio mental e uma mudança se fazia
necessária; tocante à isso, estruturou-se movimentos de reforma, que tinham como temática
central o aprimoramento e a humanização nos hospitais psiquiátricos, que começaram a ser
substituídos por serviços territorializados de saúde mental, agora em liberdade.
Nesse momento, inicia- se o processo de desintucionalização na saúde mental, que
consiste no processo de desconstrução das práticas manicomiais (tratamento onde eram
utilizados recursos que iam desde a internação, técnicas de hidroterapia, administração
excessiva de medicamentos, até aplicação de estímulos elétricos ou o uso de procedimentos
cirúrgicos) e construção de novos saberes com o intuito de privilegiar a subjetividade e
autonomia do indivíduo, bem como o livre exercício de sua cidadania.

2.1.3 Reforma Psiquiátrica


A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente por Franco
Basaglia2, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber psiquiátrico, do tratamento e
das instituições, que se baseavam na assistência asilar de permanência e isolamento, onde o
indivíduo era transformado em objeto de intervenção clínica, sem identidade, sem valores, sem
nome. Sendo, portanto, uma intervenção excludente e repressora.
Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito
particularmente no Brasil. Este movimento promovia a substituição do tratamento hospitalar e
manicomial por uma rede de atendimento.
Na defesa dos direitos humanos e no resgate da cidadania dos portadores de distúrbio
mental, dá-se início ao movimento de Reforma Psiquiátrica, que propunha a inclusão da pessoa
com transtorno mental na sociedade e na família.
No Brasil, o movimento de reforma psiquiátrica inicia-se no final da década de 70 com
a mobilização de profissionais e familiares no modelo de atenção em saúde mental com a
criação de novos dispositivos de tratamento bem como a terapêutica e o modo de conceber e
tratar a pessoa com transtorno mental.
Entendemos por Reforma Psiquiátrica um processo complexo no qual quatro dimensões
simultâneas se articulam e se retroalimentam. Por um lado, pela dimensão epistemológica que
opera uma revisão e reconstrução no campo teórico da ciência, da psiquiatria e da saúde mental.
Por outro, na construção e invenção de novas estratégias e dispositivos de assistência e cuidado,
tais como os centros de convivência, os núcleos e centros de atenção psicossocial, as
cooperativas de trabalho, dentre outras. Na dimensão jurídico-política, temos a revisão de
conceitos fundamentais na legislação civil, penal e sanitária (irresponsabilidade civil,
periculosidade, etc.), e a transformação, na prática social e política, de conceitos como
cidadania, direitos civis, sociais e humanos. Finalmente, na dimensão cultural, um conjunto
muito amplo de iniciativas vão estimulando as pessoas a repensarem seus princípios,
preconceitos e suas opiniões formadas (com a ajuda da psiquiatria) sobre a loucura. É a

2 Franco Basaglia era médico e psiquiatra, e foi o precursor do movimento de reforma

psiquiátrica italiano conhecido como Psiquiatria Democrática. Nasceu no ano de 1924 em Veneza,
Itália, e faleceu em 1980.
transformação do imaginário social sobre a loucura, não como lugar de morte, de ausência e de
falta, mas como também de desejo e de vida. (PAULO AMARANTE3, 1830-1920.1982).
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas4 na qual propõe a
reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2011, é aprovada a Lei Federal 10.216 que
dispões sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
A lei 10.216 de 2001, conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica estabelece a
necessidade de respeito à dignidade humana das pessoas com transtorno mental. As legislações
anteriores relacionadas à Saúde Mental no Brasil se preocupavam mais em excluir as pessoas
com transtornos mentais – então denominados “alienados” e “psicopatas” – do convívio em
sociedade para evitar a “perturbação da ordem”, do que em oferecer tratamento adequado para
a melhora do paciente. Os decretos traziam dezenas de artigos, cuja maioria apenas
regulamentava o ambiente terapêutico que se dava dentro do hospital psiquiátrico (BRITO,
VENTURA, 2012).
Com o decreto da nova legislação o enfoque foi ressignificado para a proteção,
atendimento médico e modelo assistencial às pessoas com transtorno mental. A lei reconhece a
pessoa com transtorno mental como cidadão e suas relações com profissionais da saúde,
sociedade e Estado.
Com o intuito de desinstitucionalizar a pessoa com transtorno mental, a reforma criou
projetos de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, como os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), as residências terapêuticas e leitos psiquiátricos em hospitais gerais,
regulamentados conforme a portaria do nº. 336, de 19 de fevereiro de 2002.
Constituem-se em serviços estratégicos, substitutivos ao modelo manicomial. São
caracterizados por porte e clientela, recebendo as denominações de: CAPS I, CAPS II, CAPS
III, CAPS i e CAPS ad. Estes devem estar capacitados para realizar prioritariamente o
atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua área territorial,
em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não-intensivo. Além disso, deverão
funcionar independentemente de qualquer estrutura hospitalar5.

3 AMARANTE, P. D. de C. Psiquiatria social e colônias de alienados no Brasil: 1830-1920. 1982.


Dissertação (Mestrado em Medicina social) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1982.
4 Documento que marca as reformas na atenção à saúde mental nas Américas.
5 Ministério da Saúde. Portaria/GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Define e estabelece

diretrizes para o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde;
2002.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades especializadas em saúde
mental para tratamento clínico e terapêutico com ações de reinserção social e inclusão do
indivíduo na sociedade.

2.1.4 Legislação
Lei n° 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que
trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo,
orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos
e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus
familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no
parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas
necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua
saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou
não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a
assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida
participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde
mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos
portadores de transtornos mentais.
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os
recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente
em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer
assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de
assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em
instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados
no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art.
2o.
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação
de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte
social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida,
sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida
pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico
circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido
de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve
assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do
paciente ou por determinação do médico assistente.
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize
o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser
comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no
qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou
responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente,
pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento,
quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão
comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao
representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo
de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser
realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a
devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de
Saúde.
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental6 que busca consolidar um modelo de
atenção à saúde mental aberta e de base comunitária, na qual, basicamente, visa garantir o
cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais
psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o
paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo, através de
uma rede de atendimento através de diferentes mecanismos de assistência os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de
Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III) e o
Programa de Volta para Casa.

2.1.5 Exclusão Social


O relatório sobre a Saúde no Mundo da OMS (2001) evidencia com clareza o impacto
dos transtornos mentais sobre a sociedade. Estes são universais afetando pessoas de todos os
países, sociedades, classes sociais e em todas as idades.
Os processos psíquicos do indivíduo, sofre influência por diversos fatores, a bem mais
por ter um caráter subjetivo, contemplando a área social, econômica e cultural, que baseado

6 A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo

Ministério da Saúde, que compreende as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar
a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental.
nestas condições aquele que se parece “anormal” ou “fora do padrão” é colocado à margem da
sociedade e passa a ser rotulado de louco.
A legislação que protege, os mecanismos que atendem, não efetiva a cidadania do
portador de transtorno mental. O estigma, o preconceito e a falta de oportunidades e garantias
de acesso, oportunidades e serviços condicionam a segregação e marginalização do doente.
Tradicionalmente, o doente mental era o sujeito que possuía uma patologia natural,
manifestada por meio de sintomas, em analogia às doenças orgânicas. Na contemporaneidade,
duas perspectivas diferentes da tradicional se destacam: uma formulada por Carl Wernicke,
postula que “as doenças mentais são doenças cerebrais”. Outra vertente; fundada por E.
Kraepelin, considerado o pai da moderna medicina mental, considera a loucura como resultado
de um distúrbio originado no interior do indivíduo. “A doença mental” pode também refletir
uma desorganização da chamada “personalidade individual” (MINAS GERAIS, 2006).
Independentemente da classificação da doença mental o que caracteriza o estigma e a
desigualdade estão condicionadas à norma que é imposta a sociedade e estes indivíduos violam.
O indivíduo é considerado louco em relação a um outro, tido como normal, ou seja, a definição
de loucura está relacionada a de “normalidade”, “racionalidade” ou “saúde” (MINAS GERAIS,
2006).
Erasmo de Roterdam, em Elogio da Loucura (1509), chega a afirmar ser a loucura o
estado natural do homem. Diz que não há sábio, filósofo ou cientista que não tenha tido seu
momento de loucura. Henri Ey dizia que a doença mental é a patologia da liberdade, a perda da
liberdade interior. Infelizmente, constatamos com grande frequência que a doença mental
também é acompanhada da perda da liberdade exterior, do direito de ir e vir, de ter opinião, de
ser ouvido, de ser tratado com respeito e dignidade. É necessário que se encontre o justo
equilíbrio entre o dever de tratar os cidadãos com transtornos mentais e o direito destes à
liberdade (EY, 1994).
A razão determina o consenso, os padrões e as regras sociais da coletividade na
sociedade, e aquele que não se adequa tendo consciência ou não da infração deve ser punido,
ou seja, aprisionado.
A cidadania está diretamente ligada a qualidade de ser cidadão, sujeito de direitos e
deveres, na participação ativa do governo e do povo, e quem dela não a tem está excluído ou
marginalizado da vida social e da tomada de decisões, figurando posição inferior a outrem.
O tratamento involuntário, a falta de conhecimento na forma pela qual se lida com a
loucura, a concepção da doença à periculosidade e incurabilidade, comportamentos
condicionados impostos socialmente, vontade, autonomia e liberdade cerceados, uso de
contenção física e química indiscriminadamente, hospitalização de longa permanência e
compulsória imprime modos que dificultam a convivência social; retirando-o da família, do
mercado de trabalho, dos vínculos sociais; excluindo-o da vida em sociedade.
“A justificativa para a exclusão social do doente mental é, quase
sempre, a necessidade de ensinar a eles regras e condições de convívio
social ou de proteger os “normais” de ações insanas”
(BIRMAN,1991).

Historicamente, a doença mental tem sido considerada, por sua própria natureza, como
uma condição que incapacita o indivíduo para tomar decisões válidas, autônomas. É preciso
voltar nossas vistas para a relação entre saúde mental e liberdade, saúde mental e cidadania,
doença mental e direitos humanos; Se faz necessária a desconstrução da loucura que permeia
nossa sociedade, o manicômio mental, silencioso, que destrói novas formas de pensar; não
adianta novas estratégias de cuidar em liberdade se na mente e nas atitudes do meio social ainda
estão impregnadas ideias que remetem ao preconceito e ao estigma da loucura.
2.2 O QUE É TRANSTORNO MENTAL?

2.2.1 Definição Transtorno Mental


Transtorno mental ou “doença mental” é uma desordem mental com impactos na
cognição, emoções e comportamento do indivíduo que causam sofrimento clinicamente
significativo dele com ele mesmo e/ou com as pessoas ao redor ou prejuízo funcional.
Segundo o DSM-5:
“Um Transtorno Mental é uma Síndrome caracterizada por
perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação
emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma
disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de
desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos
Mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou
incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais
ou outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada
culturalmente a um estressor ou perda comum, como a morte de um
ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais de
comportamento (por exemplo, de natureza política, religiosa ou sexual)
e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade
não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o
resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito” (DSM-5,
p. 20).

O transtorno mental ou distúrbio psíquico possui uma grande variedade de condições


que afetam humor, raciocínio e comportamento, caracterizado pelo sofrimento; é o sofrimento
clinicamente significativo e incapacitante socialmente, emocionalmente, profissionalmente e
em outra área da vida do indivíduo em qualquer pessoa e idade, que determina qual o tipo de
transtorno.
“Existem diversos transtornos mentais, com apresentações diferentes.
Eles geralmente são caracterizados por uma combinação de
pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que
também podem afetar as relações com outras pessoas” (OPAS/OMS).

2.2.2 Tipos de Transtorno


Entre os transtornos mentais, estão a depressão, o transtorno afetivo bipolar, a
esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência intelectual e transtornos de
desenvolvimento, incluindo o autismo.
Os transtornos mentais mais comuns (TUA SAÚDE, 2018), são:
 Ansiedade: é caracterizada por uma sensação de desconforto, tensão, medo ou
mau pressentimento forte o bastante para interferir na sua vida diária;
 Depressão: definida como um estado de humor deprimido persistente, tristeza,
perda do interesse ou prazer das atividades acompanhados com sintomas como
irritabilidade, insônia ou excesso de sono, apatia, emagrecimento ou ganho de
peso, falta de energia ou dificuldade para se concentrar;
 Esquizofrenia: é o principal transtorno psicótico, caracterizado como uma
síndrome que provoca distúrbios da linguagem, pensamento, percepção,
atividade social, afeto e vontade apresentando sinais e sintomas comumente de
alucinações, alterações do comportamento, delírios, pensamento desorganizado,
alterações do movimento ou afeto superficial;
 Transtornos alimentares: intensa preocupação com o peso com uma percepção
distorcida da forma corporal e auto avaliação baseada no peso e na forma física;
 Estresse pós traumático: é a ansiedade que surge após ser exposto a alguma
situação traumática, como um assalto, uma ameaça de morte ou perda de um
ente querido, com recordações ou sonhos persistentes com intensa ansiedade e
sofrimento psicológico;
 Somatização: múltiplas queixas físicas em diferentes partes do corpo sem
alteração clínica;
 Transtorno Bipolar: é uma doença psíquica que provoca oscilações
imprevisíveis no humor, variando entre depressão e impulsividade;
 Transtorno obsessivo compulsivo: pensamentos obsessivos e compulsivos que
prejudicam que levam a comportamentos repetitivos, como exagero em limpeza,
obsessão por lavar as mãos, necessidade de simetria ou impulsividade por
acumular objetos.
Existe ainda diversos outros tipos de transtornos, relacionados a problemas sociais,
educacionais, profissionais ou econômicos.

2.2.3 Assistência Social na Saúde Mental


O assistente social tem caracterização profissional a área da saúde, raiz de formação e
fundamentação, a justiça social, o direito social e democracia, a garantia da efetividade dos
direitos sociais, o protagonismo social, inserção nas redes intersetoriais, fazendo intervenções
nas diversas Expressões da Questão Social.
Seu fazer profissional na Saúde Mental está relacionado aos mecanismos de
atendimento realizados nos Centros de Atenção Psicossocial – Caps, os quais são fundamentais
para o processo de reabilitação e ressocialização dos usuários dos serviços de saúde mental.
O cenário atual da Política Nacional de Saúde Mental, por meio da Reforma Psiquiátrica
e do Movimento da Luta Antimanicomial7, buscam a reversão do modelo hospitalar para uma
ampliação significativa da rede extra–hospitalar, de base comunitária, nos lembrando que todo
cidadão sem distinção têm o direito fundamental à liberdade, o direito de viver em sociedade,
além do direito de receber cuidado e tratamento.
Após a incorporação da saúde no texto constitucional, a área da saúde mental passa a
ser regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Esta Lei de criação do Sistema
Único de Saúde - SUS, dispõe sobre as ações e serviços para a promoção, proteção e
recuperação da saúde.
A partir da década de 90, observa-se que a trajetória de Serviço Social na área da saúde
tem enfrentado alguns desafios para atingir sua maioridade intelectual, tendo por meta a
articulação com os demais profissionais de saúde e os movimentos sociais. Assim, compreende-
se que cabe ao Serviço Social, em uma ação articulada com outros segmentos que defendem a
melhoria do Sistema Único de Saúde - SUS, formular estratégias que busquem reforçar ou criar
experiências nos serviços de saúde que efetivem o direito social à saúde, levando-se em conta

7 O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com
sofrimento mental.
que o trabalho do assistente social, que queira se nortear pelo projeto ético profissional, deve
estar articulado com os projetos de Reformas Sanitárias (MATOS, 2003; BRAVOS e MATOS,
2004).
O assistente social enquanto defensor dos direitos humanos, conforme prevê o Código
de Ética Profissional do Assistente Social, tem como princípios a busca pela concretização
desses direitos; sua ação profissional é fundamental no processo de construção de uma rede de
cuidados, na efetivação de tratamento digno e, na defesa da socialização e participação política.
“Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito,
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos
socialmente discriminados e à discussão das diferenças”. (Artigo VI –
Código de Ética do/a Assistente Social – Princípios Fundamentais. Lei
Federal nº 8.662/1993).

A atuação do Serviço Social junto à Saúde Mental trabalha na reabilitação social, no


fortalecimento de vínculos familiares, na orientação e no esclarecimento das dúvidas,
possibilidades de tratamento acerca da doença e ajudar na construção da percepção que a doença
não é um impeditivo de vida.
A intervenção do Serviço Social na área de saúde mental é de grande relevância
institucional, pois mediante o assistente social, que se (re)conhece a história de vida de cada
usuário atrelado ao seu instrumental se viabiliza todo atendimento, ou seja, através do resgate
de sua história, bem como seus projetos e internações. Em posse de todas as informações, busca-
se intervir no ambiente do usuário como forma de reinseri-lo em seu contexto sócio familiar,
por meio da desmistificação da doença no meio social.
As práticas voltadas para os considerados doentes mentais apresentam a mesma lógica
que move os mecanismos de dominação e imposição da lei e da ordem. Dentro de uma
perspectiva sociológica, torna-se muito difícil discerni-las do conjunto de instituições
aparelhadas para vigiar e classificar, punir e produzir as condutas consideradas criminosas e
controlar as camadas populares urbanas percebidas como classes perigosas. (PAIXÃO, 1985,
p. 11-44).
No campo das políticas públicas de saúde a ‘humanização” é ação ou efeito de
transformar os modelos de atendimento de gestão dos serviços e sistemas de saúde,
determinando ao assistente social atuação e participação vinculando-se à todas as etapas da
atenção da saúde mental; nas atividades de acolhimento e escuta qualificada, no fortalecimento
de vínculos, na orientação, na reabilitação e tratamento terapêutico, na efetivação dos direitos
e benefícios, até na inserção e reinserção social do usuário. Articulando, mediando e inovando
frente às demandas impostas, por meio de encaminhamentos à rede socioassistencial.
O olhar diferenciado do assistente social proporciona aos usuários e familiares, que
estão fragilizados, baseado no relacionamento humano como principal componente do processo
de trabalho em saúde, viabilizar orientações e ações socioeducativas, potencializar mudanças
no plano simbólico, em concepções de mundo e valores, e dessa maneira, modificar as relações
sociais mais gerais da sociedade.

2.2.4 Reabilitação Psicossocial


As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um conjunto de práticas
que visam promover o protagonismo para o exercício dos direitos de cidadania de usuários e
familiares da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) por meio da criação e desenvolvimento de
iniciativas articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho/economia solidária,
da habitação, da educação, da cultura, da saúde, produzindo novas possibilidades de projetos
para a vida. (MINISTÉRIO DA SAÚDE).
A Rede de Atenção Psicossocial – Raps, é formada por diferentes pontos de atenção, de
cuidado à pessoa com transtorno mental, engloba de acordo com o Ministério da Saúde, os
serviços e atendimentos:
 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): possui diferentes modalidades de
atendimento caracterizados pela territorialidade e tipificação dos transtornos;
 Urgência e emergência: SAMU, sala de estabilização, UPA 24h e pronto
socorro: serviços de atendimento de urgência e emergência determinados pela
classificação de atendimento e risco;
 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT): moradias destinadas ao cuidado de
pacientes egressos de internações psiquiátricas de longa permanências que não
possuam suporte social e laços familiares;
 Unidades de Acolhimento (UA): oferece cuidados contínuos de atendimento, em
ambiente residencial para pessoas que apresentem acentuada vulnerabilidade
social e/ou familiar;
 Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental: serviços que atuam no
tratamento dos pacientes que apresentem transtornos mentais, por meio de
consultas em atendimento integrado e multiprofissional;
 Comunidades Terapêuticas: serviço de cuidado contínuos de saúde, de caráter
residencial transitório para pacientes, com necessidades clínicas estáveis;
 Enfermarias Especializadas em Hospital Geral: serviços destinados ao
tratamento e manejo adequado de pacientes com quadro clínico agudizados, em
ambiente protegido e com suporte;
 Hospital Dia: assistência intermediária entre a internação e o atendimento
ambulatorial.
A rede de serviços e a reabilitação psicossocial integram o processo que proporciona
melhora na qualidade de vida e a busca de autonomia e funcionamento independente da pessoa
com transtorno mental na sociedade, minimizando incapacidades através de métodos na
organização, cuidado e intervenções com a finalidade de habilitação no indivíduo na
comunidade, participando de atividades sociais e econômicas.
Anthony, Cohen e Farkas, assinalam que o tratamento e a reabilitação são
procedimentos que idealmente deverão ocorrer em sequência ou simultaneamente, sobrepostos
e complementares um a outro. Apontam que as técnicas de tratamento e reabilitação são
realizadas no mesmo programa ou em programas separados na mesma instituição. E ambos,
tratamento e reabilitação, algumas vezes providos pelo mesmo profissional.
A reabilitação psicossocial em saúde mental visa ampliar a autonomia da pessoa,
preservar de direitos, poder de participação na tomada de decisões que impactam em sua vida,
acreditando na dignidade da pessoa humana e escolhas, no resgate e preservação da história de
vida das pessoas.
“Os princípios da reabilitação psiquiátrica são os seguintes:
individualização de todos os serviços; máximo envolvimento de
clientes, preferência e escolha; normalização e serviços comunidade-
baseado; focalizar os pontos fortes; avaliação situacional; integração
tratamento/reabilitação, abordagem holística; serviços coordenados,
acessíveis e contínuos; foco vocacional; treinamento de habilidades;
modificações ambientais e suporte; participação com a família e foco
orientado na identificação, avaliação e resultado”( PRATT W, GIL KJ,
BARRET, NM ET AL.1999)

A reabilitação depende do relacionamento interpessoal entre profissional e usuário, a


validação de identidade, do respeito, do acolhimento, no partilhar experiências e no
desenvolvimento de ações práticas do cotidiano que resultam em modificações concretas na
vida das pessoas.
Portanto, a reabilitação psicossocial está associada ao desenvolvimento de
possibilidades de transformação no cotidiano das pessoas que vivem com o transtorno mental.

2.2.5 Desafios do cotidiano


As necessidades, dificuldades, alegrias, sentimentos, desafios diários, ao mesmo tempo
que diferem de pessoa pra pessoa, que são modificados pelo ambiente, as experiências,
relacionamentos e percepções é comum para todas as pessoas.
A pessoa com transtorno mental tem uma perturbação mental aumentada, ainda tabu na
sociedade devido ao desconhecimento da doença, sintomas, motivações, reações e tratamento,
devido a falsos conceitos ou pré-concebidos erroneamente, são deveras incompreendidos,
julgados, excluídos, marginalizados vivendo no contexto da segregação.
A pessoa com transtorno mental tem dificuldades na expressão de sentimentos e
sensações, são devastados por uma doença que tem acometido cada dia mais pessoas, devem
participar de uma rotina de tratamento e atendimento multidisciplinar, que param parte da sua
vida e, ainda encontram dificuldade no voltar.
O dia 10 de Outubro é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional da Saúde
Mental, data instituída em 1992, na intenção de chamar atenção pública para o assunto.
A falta de informação, que no passado transformaram as pessoas com transtorno
mental pessoas desprovidos de direitos, cidadãos excluídos da sociedade e submetidos a
internação hospitalar, na contemporaneidade mesmo considerado cidadão possuidor de
direitos e participando na mesma comunidade, vivem a segregação isolados do convívio com
outras pessoas, a exclusão social. Os mitos, aliados à discriminalização, aumentam os
sintomas do problema.
O conceito “sociedade” tem sua característica um processo de construção e
reconstrução de relações tanto individuais e coletivas. É um sistema de intercâmbio de ideias,
valores, crenças, dinâmico entre seus integrantes, formando a rede social.
Na construção de sua identidade, o indivíduo pertence à múltiplas comunidades e a
expressão relacionada neste conjunto emerge o pertencimento, onde neste momento ele
reconhece a si mesmo, seus interesses e afetos, canalizados e formalizados no grupo.
Mesmo vivendo na comunidade, esta população muitas vezes está isolada da
convivência e é justamente na convivência na comunidade que são favorecidas a formação e
construção de relacionamentos.
A desinformação, preconceito e disseminação de falsos conceitos atrelados à saúde
mental que a doença promove conceituação descontruídos da realidade. O dizer que a doença
é fruto da imaginação pessoal, é frescura, ela escolhe ter ou não ter, as pessoas são
preguiçosas, é disfarce para não encarar problemas, falta força de vontade para superar, que
o processo de exclusão social acontece.
A atenção, o acolhimento e a compreensão dessas pessoas e seus familiares são
fundamentais para a identificação de necessidades assistenciais, alívio do sofrimento,
planejamento de intervenções e no tratamento favorecem a diminuição das dificuldades
vivenciadas por elas.
O cuidado com as pessoas com transtorno mental e seus familiares envolve respeito à
suas necessidades, adaptação após o diagnóstico da doença, orientação familiar, adesão ao
tratamento, internação, auxílio financeiro, assistência para transporte, inclusão nos serviços
extra-hospitalares antes e após os episódios. A integração, reinserção social e o estabelecimento
de vínculos interpessoais juntamente à pessoa com transtorno mental proporciona a reabilitação
das mesmas.
Na construção de redes sociais, o estabelecimento de relações e trocas são necessárias e
significativas ao sujeito em diferentes células, na família, amigos, trabalho, estudo, amor e
relacionamentos que compõe uma rede social ampliada e diversificada.
É notória a importância da comunidade na vida cotidiana das pessoas, a forma com que
se relacionam com as pessoas e nem sempre àquelas com transtorno mental têm acesso, reflete
um contexto social que impera a discriminação e o preconceito. As pessoas com transtornos
mentais precisam de incentivo e oportunidades de se definirem independente de sua doença
mental.
É necessário incluir, desmitificar padrões, informar, conhecer a realidade das pessoas
que vivem com o transtorno, seus desafios e cotidiano em busca da reconstrução da sua
identidade e dos laços sociais, para que na prática a sociedade possa acolher. É preciso
transformar a visão das pessoas de ver o doente mental.
A situação está posta. A sociedade se depara com a situação e precisa relacionar-se com
os doentes, vivemos e convivemos sem ao menos saber ou ter consciência dos mesmos, sem ter
rosto. Os velhos modelos estão retidos no imaginário popular, são necessárias a reinvenção de
novas formas de ver, tratar e se aproximar, ajudar, e lidar no dia a dia com as pessoas com
transtorno mental.

3 CONCLUSÃO
Afinal o que define o normal?
Em suas observações sobre a doença mental, Lévi – Strauss, percebe que as doenças
mentais podem ser também consideradas como incidência sociológica na conduta do indivíduo
cuja história e constituições pessoais se dissociaram parcialmente do sistema simbólico do
grupo dele ser alienado. E mais: que a saúde individual do espírito implica participação da vida
social, como a recusa em prestar-se a essa participação (sempre em obediência às modalidades
impostas) corresponde ao surgimento das perturbações mentais.
Normal, ou seja, aquele que age conforme a regra, que se comporta de acordo com a
norma, que não foge aos padrões. O meio exerce uma pressão para que toda a sociedade se
promova entre os iguais. E, o que é desigual, o que não é normal não pode e não deve pertencer,
dessa forma o indivíduo que não se enquadra nesse ambiente pode se sentir excluído e a partir
deste fato, desenvolver a doença mental.
Ligada a fatores biológicos e predominantemente por fatores sociais, a doença mental
ainda é cercada por ignorância, preconceito e discriminação, pilares fundantes do estigma.
Além de todas as dificuldades enfrentadas pela doença, as pessoas com transtorno
mental ainda sofrem pela barreira social causada pelo estigma e preconceito.
No mundo contemporâneo onde a pressão sobre as tarefas diárias são cada vez maiores,
as relações interpessoais são mais valorizadas, a autopromoção evidenciada, o índice de
doenças mentais também tornaram-se mais frequentes. É preciso dialogar sobre a doença
mental.
O debate, o esclarecimento e a conscientização são necessárias para a reflexão sobre os
processos estabelecidos socialmente consigo e com os demais, na complexidade e
multiplicidade de fatores que possam promover a qualidade de vida, conhecimento,
participação, mudanças e transformação.
Segundo Aristóteles, a práxis – definida por ele como a ação voluntária de um agente
racional em vista de um fim considerado bom – é, por excelência é a política. Para ele o homem
é, por natureza, um ser político que não consegue viver sozinho, por isso realiza a sua felicidade
plena na polis. É na cidade que se concretiza a felicidade, já que não teria sentido algum para o
homem ser virtuoso se não fosse com o objetivo de compartilhar com os demais cidadãos.
A pessoa com transtorno mental se sente sozinha no mundo e em suas relações social,
consequente retrato fiel do cotidiano desses indivíduos.
“O homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes).
A cidadania é a tomada de consciência do indivíduo de seus direitos, de participação e
contribuição social. É por meio da sociedade que os seres buscam qualidade de vida individual
e coletiva e liberdade. Cada pessoa é única, em história, necessidades e angústias.
A difusão das doenças mentais estão caracterizadas pelo perfil da sociedade, exigente e
perfeccionista, da dependência dos meios tecnológicos e de comunicação que nos isolam
socialmente e na facilidade de acesso às drogas, utilizadas com meio de fuga da realidade e
recreação.
As doenças mentais resultam na perda considerável da capacidade humana, com
prejuízos à toda comunidade, a resistência da abordagem em saúde mental é histórica e nunca
foi tão amplamente discutida como nos dias atuais, mas apesar do avanço, ainda prevalece o
estigma e preconceito.
A eliminação de qualquer tipo de preconceito deve estar atrelada a uma abordagem
baseada nos direitos humanos, na equidade e na justiça social, na garantia e no respeito ao
acesso a saúde, emprego e educação.
As dificuldades que são caracterizadas após o diagnóstico transformam a vida da pessoa
com transtorno mental e dos demais que os cercam, seu círculo familiar e social, suas condições
físicas, biológicas e psíquicas são alteradas, que não só dificultam, mas aumentam a resistência
e o enfrentamento.
Compreender a doença, quais ações e contribuições e como é possível contribuir para a
diminuição do sofrimento das pessoas é responsabilidade de toda a sociedade, de envolvimento
conjunto com o paciente, a família e o Estado.
Novas abordagens são necessárias, novas práticas acionadas, o planejamento e
desenvolvimento de políticas públicas eficazes, qualidade no tratamento e atendimento,
acolhimento e acima de tudo o respeito ao cidadão.
É necessário o cuidado àqueles que sofrem, atrelado aos princípios fundamentais e
deveres do Serviço Social, é preciso que haja um esforço intenso e direcionado no combate
contra as desigualdades, eliminar preconceitos em busca da formação e participação plena do
cidadão na sociedade, na construção do bem estar social.
Expor o problema e buscar soluções, conscientizar, educar, falar abertamente sobre, ser
informado e informar, compreender e entender a doença; é tarefa que cabe a cada um de nós,
na responsabilidade por mudanças e transformação, no olhar e ver a pessoa com transtorno
mental.
Todos somos iguais, aceitar e respeitar a diferença, isso sim é normal.
“O que cura é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria, o
que cura é a falta de preconceito” (Nilse da Silveira).
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