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Súmula vinculante 55-STF

Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO ADMINISTRATIVO

SERVIDORES PÚBLICOS
Auxílio-alimentação é exclusivo para os servidores da ativa

O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.


STF. Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016.

Conversão da súmula 680 do STF


A conclusão exposta nesta SV 54 já era prevista em uma súmula “comum” do STF, a súmula 680 (de
24/09/2003). O Plenário do STF tem convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o
objetivo de agilizar os processos e pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas.

O que é o princípio da paridade?


Princípio da paridade era uma garantia que os servidores públicos aposentados possuíam, segundo a qual
todas as vezes que havia um aumento na remuneração recebida pelos servidores da ativa, esse
incremento também deveria ser concedido aos aposentados.
Ex: João é servidor aposentado do Ministério da Fazenda, tendo se aposentado com os proventos do cargo
de técnico A1. Quando era concedido algum reajuste na remuneração do cargo técnico A1, esse aumento
também deveria ser estendido aos proventos de João.
No dicionário, paridade significa a qualidade de ser igual. Assim, o princípio da paridade enunciava que os
proventos deveriam ser iguais à remuneração da ativa.
A paridade estava prevista na redação original do § 4º do art. 40 da CF/88 (antes das emendas
constitucionais que o modificaram). Dizia este dispositivo: "Os proventos da aposentadoria serão revistos,
na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em
atividade, sendo também estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação
do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma da lei."

Por que a paridade era algo positivo para os servidores aposentados?


Os servidores aposentados possuem um poder de pressão e de barganha menor que os servidores em
atividade. Isso porque estes últimos podem fazer greve, dificultar a prestação dos serviços públicos,
realizar operações padrão etc. Todos esses mecanismos servem como instrumento de pressão contra o
Governo. Desse modo, sem o princípio da paridade, a Administração Pública pode reajustar apenas a
remuneração dos servidores da ativa, não concedendo o mesmo aumento aos aposentados. Com isso,
agrada aqueles que podem causar maiores transtornos e faz economia ao não beneficiar os inativos.
Com a paridade, os aposentados eram sempre agraciados quando os servidores ativos conseguiam alguma
conquista remuneratória para a categoria.

O princípio da paridade ainda existe?


NÃO. “Esse princípio foi revogado, restando somente para os servidores com direito adquirido, que já

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preenchiam os requisitos para a aposentadoria antes da edição da EC n. 41 (art. 3º, EC n. 41), ficando
também resguardado o direito para aqueles que estão em gozo do benefício (art. 7º, EC n. 41) e os que se
enquadrarem nas regras de transição do art. 6º da EC n. 41 e do art. 3º da EC n. 47.” (MARINELA,
Fernanda. Direito Administrativo. 7ª ed., Niterói: Impetus, 2013, p. 774).
Desse modo, se você ingressar no serviço público hoje, não terá a garantia da paridade quando se
aposentar.
No lugar da paridade, existe hoje o chamado “princípio da preservação do valor real”, previsto no art. 40, §
8º, da CF/88, segundo o qual os proventos do aposentado devem ser constantemente reajustados para
que seja sempre garantido o seu poder de compra.
Art. 40 (...) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o
valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/2003)

Auxílio-alimentação (vale alimentação)


A União e alguns Estados e Municípios possuem leis prevendo a concessão de auxílio-alimentação
(também chamado de "vale alimentação") a seus servidores públicos.
No âmbito do Poder Executivo federal, por exemplo, esta verba encontra-se disciplinada pela Lei nº
8.460/92:
Art. 22. O Poder Executivo disporá sobre a concessão mensal do auxílio-alimentação por dia trabalhado,
aos servidores públicos federais civis ativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional.
§ 1º A concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório.
(...)
§ 3º O auxílio-alimentação não será:
a) incorporado ao vencimento, remuneração, provento ou pensão;

Exclusão dos aposentados do direito ao auxílio-alimentação


Quando o auxílio-alimentação foi instituído pela lei federal e pelas leis estaduais e municipais, foi previsto
que esta verba seria paga somente aos servidores ativos.
Os servidores aposentados não concordaram e passaram a ajuizar ações pedindo que o valor do auxílio-
alimentação também fosse estendido a eles, sob o argumento de que teriam direito com base no princípio
da paridade (previsto na antiga redação do § 4º do art. 40 da CF/88).

O STF concordou com a tese dos aposentados? Mesmo sem previsão legal, os servidores inativos
também possuem direito ao auxílio-alimentação? As leis que preveem o pagamento de auxílio-
alimentação apenas aos servidores ativos violam o princípio da paridade?
NÃO. O direito ao auxílio-alimentação (vale-alimentação) não pode ser estendido aos servidores inativos
com base no princípio da paridade. Isso porque esta verba tem natureza indenizatória e é destinada
apenas a cobrir os custos de refeição devida exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de
suas funções, não se incorporando à remuneração nem aos proventos de aposentadoria.
Mesmo quando vigorava o princípio da paridade, algumas verbas concedidas aos servidores ativos não
precisavam ser estendidas aos aposentados se ficasse demonstrado que tais quantias eram próprias do
serviço e incompatíveis com o inatividade. O exemplo mais marcante era o direito ao adicional de férias.
Ora, o servidor inativo não recebe esta verba porque o aposentado não tem férias. Outro exemplo seriam
as horas extras.
Para o STF, o auxílio-alimentação é mais um exemplo dessas verbas que são próprias da atividade e
incompatíveis com a aposentadoria. Segundo este ponto de vista, o valor pago a título de auxílio-
alimentação destina-se a custear as despesas que o servidor público tem com alimentação no horário do
almoço ou lanche pelo fato de ter saído para trabalhar e, por isso, não estar fazendo suas refeições em
casa. Este é o argumento que, em tese, justificaria ser uma verba exclusiva dos servidores da ativa.
Tais decisões do STF foram proferidas principalmente entre os anos de 1999 e 2000.
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Quando foi em 2003, o Tribunal decidiu deixar ainda mais clara a sua posição e editou a súmula 680,
prevendo que "o direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos".
Agora, este enunciado é alçado à condição de súmula vinculante.

A explicação da SV 55 acaba aqui, mas penso ser importante destacar alguns temas correlacionados.

No âmbito do Poder Executivo federal, o valor mensal do auxílio-alimentação é fixado por meio de ato
do Ministro do Planejamento. Considerando que esta quantia possui caráter indenizatório e que há
muito tempo não é reajustada, é possível que o Poder Judiciário aumente este valor em ação proposta
por sindicato dos servidores públicos?
NÃO. Não é possível a correção ou majoração de auxílio-alimentação pelo Poder Judiciário, por configurar
indevida ingerência na esfera exclusiva do Poder Executivo. Aplicação da SV 37. Nesse sentido: STF. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1556358/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 19/11/2015.

O servidor público federal tem direito de receber auxílio-alimentação quando está de férias ou licença?
SIM. O servidor público tem direito de continuar recebendo o auxílio-alimentação mesmo durante o
período em que estiver de férias ou licença. Isso porque o art. 102, incisos I e VIII da Lei nº 8.112/90 prevê
que o afastamento em virtude de férias ou licença deve ser considerado como tempo de efetivo exercício.
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.360.774-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
18/6/2013 (Info 525).
Obs: alguns podem achar este entendimento do STJ contraditório em relação ao raciocínio que inspirou a
SV 55, no entanto, é o que prevalece.

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