Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
Auxílio-alimentação é exclusivo para os servidores da ativa
O STF concordou com a tese dos aposentados? Mesmo sem previsão legal, os servidores inativos
também possuem direito ao auxílio-alimentação? As leis que preveem o pagamento de auxílio-
alimentação apenas aos servidores ativos violam o princípio da paridade?
NÃO. O direito ao auxílio-alimentação (vale-alimentação) não pode ser estendido aos servidores inativos
com base no princípio da paridade. Isso porque esta verba tem natureza indenizatória e é destinada
apenas a cobrir os custos de refeição devida exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de
suas funções, não se incorporando à remuneração nem aos proventos de aposentadoria.
Mesmo quando vigorava o princípio da paridade, algumas verbas concedidas aos servidores ativos não
precisavam ser estendidas aos aposentados se ficasse demonstrado que tais quantias eram próprias do
serviço e incompatíveis com o inatividade. O exemplo mais marcante era o direito ao adicional de férias.
Ora, o servidor inativo não recebe esta verba porque o aposentado não tem férias. Outro exemplo seriam
as horas extras.
Para o STF, o auxílio-alimentação é mais um exemplo dessas verbas que são próprias da atividade e
incompatíveis com a aposentadoria. Segundo este ponto de vista, o valor pago a título de auxílio-
alimentação destina-se a custear as despesas que o servidor público tem com alimentação no horário do
almoço ou lanche pelo fato de ter saído para trabalhar e, por isso, não estar fazendo suas refeições em
casa. Este é o argumento que, em tese, justificaria ser uma verba exclusiva dos servidores da ativa.
Tais decisões do STF foram proferidas principalmente entre os anos de 1999 e 2000.
Súmula vinculante 55-STF – Márcio André Lopes Cavalcante | 2
Quando foi em 2003, o Tribunal decidiu deixar ainda mais clara a sua posição e editou a súmula 680,
prevendo que "o direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos".
Agora, este enunciado é alçado à condição de súmula vinculante.
A explicação da SV 55 acaba aqui, mas penso ser importante destacar alguns temas correlacionados.
No âmbito do Poder Executivo federal, o valor mensal do auxílio-alimentação é fixado por meio de ato
do Ministro do Planejamento. Considerando que esta quantia possui caráter indenizatório e que há
muito tempo não é reajustada, é possível que o Poder Judiciário aumente este valor em ação proposta
por sindicato dos servidores públicos?
NÃO. Não é possível a correção ou majoração de auxílio-alimentação pelo Poder Judiciário, por configurar
indevida ingerência na esfera exclusiva do Poder Executivo. Aplicação da SV 37. Nesse sentido: STF. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1556358/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 19/11/2015.
O servidor público federal tem direito de receber auxílio-alimentação quando está de férias ou licença?
SIM. O servidor público tem direito de continuar recebendo o auxílio-alimentação mesmo durante o
período em que estiver de férias ou licença. Isso porque o art. 102, incisos I e VIII da Lei nº 8.112/90 prevê
que o afastamento em virtude de férias ou licença deve ser considerado como tempo de efetivo exercício.
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.360.774-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
18/6/2013 (Info 525).
Obs: alguns podem achar este entendimento do STJ contraditório em relação ao raciocínio que inspirou a
SV 55, no entanto, é o que prevalece.