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TEXTO 1: A formação das treze colônias inglesas na América e a Independência dos Estados
Unidos da América, de Larissa Viana
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As datas de fundação das treze colônias foram as seguintes: Virgínia em 1607, Npva Yoork em 1613,
New Hampshire em 1623, Massachusetts entre 1620 e 1630, Maryland em 1634, Connecticut em
1635, Rhode Island em 1636, Carolina do Norte em 1653, Nova Jersey em 1664, Carolina do Sul em
1670, Pensilvânia em 1681, Delaware em 1638 e Geórgia em 1733
Eliminando a ideia de salvação por meio da Igreja e dos sacramentos presentes no catolicismo
(o que Weber chamou de eliminação da “magia do mundo”).
Sob o ponto de vista econômico, vale registrar que a Nova Inglaterra jamais foi uma
sociedade puramente voltada para a subsistência. Apesar dos escrúpulos religiosos quanto ao
lucro excessivo, os primeiros colonos envolvidos em atividades agrícolas já produziam
excedentes para serem trocados por mercadorias inglesas.
Por volta da década de 1660, entretanto, observa-se o aumento da imposição de
instituições e leis especialmente criadas pelo Governo da Inglaterra para exercer controle sobre
as decisões políticas e as atividades econômicas nas colônias americanas. Entretanto, os
colonos, em geral, consideravam que suas assembléias deviam ser ao menos ouvidas quando
novas leis eram criadas pelo Parlamento inglês. Também valorizavam, principalmente a partir de
meados do século XVIII, o direito de protestar contra leis impostas pela metrópole que
considerassem abusivas. O povo teria, então, o direito de rebelar-se contra uma autoridade que
julgava injusta? De acordo com a lógica da rebelião, formulada nas treze colônias, sim.
Na década de 1760, os sinais de abuso em relação às tradicionais liberdades dos
colonos mobilizaram muitos proprietários, políticos e populares em torno do argumento da
rebelião. Os conflitos entre os interesses da Coroa e os dos colonos fi caram ainda mais
evidentes nos anos seguintes, quando a Inglaterra tentou implementar uma série de leis
destinadas a aumentar a arrecadação de impostos nas colônias. A Lei do Açúcar (1764), a Lei
do Selo (1765), as Leis Townshend (1767), entre outras medidas fi scais de semelhante teor,
motivaram inúmeros protestos dos colonos. Com base na ideia de que a “taxação sem
representação” era ilegal, crescia entre os colonos a convicção de que a metrópole estava
abusando de seus poderes.
A guerra de independência dos Estados Unidos, travada entre 1776 e 1781, marcou a
primeira ruptura colonial nas Américas. Para os colonos, a década de 1760 inaugurou um
período de crescente tirania da Coroa e do Parlamento britânicos em relação às áreas
americanas. Os principais protestos americanos desse período diziam respeito às novas
taxações, consideradas abusivas por ferirem as tradicionais liberdades dos colonos. Nos
protestos de rua, nas sociedades secretas e nos Congressos Continentais, a mobilização dos
colonos tomou proporções intensas em 1776, ano em que foi redigida a Declaração de
Independência em relação à Inglaterra. Após o fi m da guerra, as ex-colônias, transformadas em
estados livres, começaram a discutir a nova organização política que formariam. Surgia, assim, a
primeira república livre das Américas, no fi nal do século XVIII. Um dos principais limites dessa
nova república era a continuidade da escravidão nos estados do Sul e, mais tarde, também em
certas regiões do Oeste.
Analisando documentos:
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são
criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida,
a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são
instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados;
que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o
direito de alterá- la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e
organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a
segurança e a felicidade
Frederick Douglass nasceu escravo em Maryland em 1818. Aprendeu a ler e escrever em segredo.
Depois de escapar para a liberdade em 1838, dedicou-se à causa da abolição e fundou o jornal
abolicionista North Star. O discurso abaixo foi dado para a Sociedade Abolicionista das Mulheres de
Rochester em 5 de Julho de 1852. Douglas falou sobre a hipocrisia de se pedir a um escravo
americano que celebrasse a independencia americana.
Parece-nos evidente afirmar que as indepenpendências da América Latina não foi tão
simples de ocorrer, visto que as Américas enfrentavam inúmeros problemas referentes às suas
raízes coloniais. Dessa forma, não se pode afi rmar que houve uma Independência das
Américas. No caso específi co da região de infl uência latina, o máximo que podemos dizer é que
houve uma pseudoindependência, pois as estruturas não foram rompidas de todo e os vínculos
continuaram a existir, mesmo que o pacto colonial tenha caducado.
Apesar dessa constatação, houve movimentos de resistência no interior da própria
América Latina, fomentados por personagens tipicamente americanos, que tentaram romper com
os interesses das elites metropolitanas. Um desses importantes movimentos, quiçá o mais
relevante, tenha sido a Rebelião de Túpac Amaru, ocorrido no Peru, no século XVIII. Os
habitantes da zona cultural andina não aguentavam mais serem submetidos a quase três
séculos de exploração e servidão. Além disso, haviam tomado consciência de que o sistema
colonial hispânico na América foi marcado por um processo massivo de eliminação de boa parte
das populações indígenas que aqui viviam.
No ano de 1780, um líder curaca chamado José Gabriel Túpac Amaru se indispôs aos
interesses das elites metropolitanas. Inicialmente ele mudou seu nome para Túpac Amaru II e,
em seguida, organizou um movimento emancipacionista que contou com apoio da elite criolla.
Nesse mesmo ano, começa a rebelião marcada pela execução de um dos chefes espanhóis da
administração colonial. Em pouco tempo, milhares de mestiços, indígenas, escravos e colonos
empobrecidos decidiram não mais atender às exigências e tributos da Coroa Espanhola. Em
assim sendo, a popularização dos ideais da rebelião de Túpac Amaru começaram a representar
uma ameaça real aos interesses das elites criollas, que ofereceram resistência efetiva ao avanço
dos levantes. Com isso, o movimento acabou se desintegrando e perdendo a articulação política.
Túpac Amaru II foi preso e julgado pelas autoridades metropolitanas. Ele foi sentenciado a ter a
língua cortada e, depois de morto, deveria ser arrastado por uma tropa de cavalos pelas ruas de
Cuzco. O episódio da Rebelião de Túapc Amaru foi o estopim de uma série de lutas sangrentas
que resultaram na execução de 80 mil indígenas. Portanto, pode-se considerar tal acontecimento
como um dos mais importantes e significativos movimentos libertários jamais existentes nas
Américas. Nesse sentido, foi uma rebelião verdadeiramente emancipatória, considerada por
muitos historiadores como o precursor das Independências Latino Americanas.
O índio é de um caráter tão dócil que unicamente deseja o repouso e a solidão: não
aspira sequer a acaudilhar sua tribo, muito menos a dominar as estranhas. Felizmente esta
espécie de homens é a que menos reclama a preponderância, ainda que seu número exceda à
soma de outros habitantes. Esta parte da população americana é uma espécie de barreira a
conter os demais partidos: ela não pretende a autoridade, porque não a ambiciona nem se crê
com aptidões para exercê-la, contentando-se com sua paz, sua terra e sua família. O índio é o
amigo de todos porque as leis não estabelecem a desigualdade entre eles e porque, para obter
todas as mesmas dignidades de fortuna 145 A Pseudo-Independência da América Latina Aula e
honra que concedem os governos, não há necessidade de recorrer a outros meios que o
trabalho e o saber, aspirações que eles odeiam 10 mais do que podem desejar as graças.
Assim, pois, parece que devemos contar com a docilidade de muito mais que a metade da
população, posto que os índios e os brancos compõem três quintos da população total; se
acrescentamos os mestiços, que participam do sangue de ambos, o aumento torna-se mais
sensível e o temor das cores, consequentemente, diminui.