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SEQUÊNCIA DIDÁTICA : Processos de Independência nas Américas

COMPONENTE CURRICULAR: História DOCENTES: Moisés Morais


TURMA: 2ª série do Curso Integrado de Técnico em Agroecologia

TEXTO 1: A formação das treze colônias inglesas na América e a Independência dos Estados
Unidos da América, de Larissa Viana

Muitos novos habitantes chegaram às colônias inglesas da América na primeira metade do


século XVII. Neste período, a Inglaterra viveu um impulso colonizador marcado pela atividade de
particulares organizados em companhias que mobilizavam recursos para a colonização com licença
da Coroa. Para as colônias da América do Norte, dirigiram-se então cerca de 75.000 homens e
mulheres que partilhavam condições materiais precárias, hábitos da vida rural e o sentimento de
distância da Inglaterra de origem.1

Mapa das Treze Colônias inglesas

Sendo a perseguição religiosa constante na Inglaterra, as alternativas à liberdade de


culto passavam pela América, que recebeu inúmeros grupos de imigrantes atingidos por
perseguições religiosas. Por volta de 1640, a região que aqui chamamos de Nova Inglaterra era
formada por quatro colônias: Massachusetts, Connecticut, New Hampshire e Rhode Island.
Movidos seguramente pela busca de um refúgio religioso distante das perseguições na
terra natal, os puritanos vindos para a América no século XVII imaginavam-se como um grupo
escolhido por Deus. Viam-se investidos da missão sagrada de estabelecer uma comunidade
cristã purifi cada, uma espécie de modelo para o resto da cristandade. A peculiaridade dos
puritanos que formaram a Nova Inglaterra residiu na criação de comunidades onde a igreja e o
clero mantinham extensos poderes civis.
A expressão puritano é entendida aqui no sentido que tinha na linguagem popular da
época. Era usada, no século XVII, para indicar os movimentos religiosos marcados por práticas
austeras e comportamentos disciplinados na busca de realizações sagradas. Nesse sentido,
eram indistintamente chamados de puritanos os membros de diferentes Igrejas –
congregacionistas, menonitas, quakers, etc. –, não importando as diferenças dogmáticas e
organizacionais existentes entre elas. Para Max Weber, o puritanismo inglês tinha na doutrina da
predestinação um de seus dogmas mais característicos: Deus havia predestinado alguns
homens à vida eterna e outros à morte eterna por manifestação de sua livre graça e amor.

1
As datas de fundação das treze colônias foram as seguintes: Virgínia em 1607, Npva Yoork em 1613,
New Hampshire em 1623, Massachusetts entre 1620 e 1630, Maryland em 1634, Connecticut em
1635, Rhode Island em 1636, Carolina do Norte em 1653, Nova Jersey em 1664, Carolina do Sul em
1670, Pensilvânia em 1681, Delaware em 1638 e Geórgia em 1733
Eliminando a ideia de salvação por meio da Igreja e dos sacramentos presentes no catolicismo
(o que Weber chamou de eliminação da “magia do mundo”).
Sob o ponto de vista econômico, vale registrar que a Nova Inglaterra jamais foi uma
sociedade puramente voltada para a subsistência. Apesar dos escrúpulos religiosos quanto ao
lucro excessivo, os primeiros colonos envolvidos em atividades agrícolas já produziam
excedentes para serem trocados por mercadorias inglesas.
Por volta da década de 1660, entretanto, observa-se o aumento da imposição de
instituições e leis especialmente criadas pelo Governo da Inglaterra para exercer controle sobre
as decisões políticas e as atividades econômicas nas colônias americanas. Entretanto, os
colonos, em geral, consideravam que suas assembléias deviam ser ao menos ouvidas quando
novas leis eram criadas pelo Parlamento inglês. Também valorizavam, principalmente a partir de
meados do século XVIII, o direito de protestar contra leis impostas pela metrópole que
considerassem abusivas. O povo teria, então, o direito de rebelar-se contra uma autoridade que
julgava injusta? De acordo com a lógica da rebelião, formulada nas treze colônias, sim.
Na década de 1760, os sinais de abuso em relação às tradicionais liberdades dos
colonos mobilizaram muitos proprietários, políticos e populares em torno do argumento da
rebelião. Os conflitos entre os interesses da Coroa e os dos colonos fi caram ainda mais
evidentes nos anos seguintes, quando a Inglaterra tentou implementar uma série de leis
destinadas a aumentar a arrecadação de impostos nas colônias. A Lei do Açúcar (1764), a Lei
do Selo (1765), as Leis Townshend (1767), entre outras medidas fi scais de semelhante teor,
motivaram inúmeros protestos dos colonos. Com base na ideia de que a “taxação sem
representação” era ilegal, crescia entre os colonos a convicção de que a metrópole estava
abusando de seus poderes.
A guerra de independência dos Estados Unidos, travada entre 1776 e 1781, marcou a
primeira ruptura colonial nas Américas. Para os colonos, a década de 1760 inaugurou um
período de crescente tirania da Coroa e do Parlamento britânicos em relação às áreas
americanas. Os principais protestos americanos desse período diziam respeito às novas
taxações, consideradas abusivas por ferirem as tradicionais liberdades dos colonos. Nos
protestos de rua, nas sociedades secretas e nos Congressos Continentais, a mobilização dos
colonos tomou proporções intensas em 1776, ano em que foi redigida a Declaração de
Independência em relação à Inglaterra. Após o fi m da guerra, as ex-colônias, transformadas em
estados livres, começaram a discutir a nova organização política que formariam. Surgia, assim, a
primeira república livre das Américas, no fi nal do século XVIII. Um dos principais limites dessa
nova república era a continuidade da escravidão nos estados do Sul e, mais tarde, também em
certas regiões do Oeste.

Analisando documentos:

DOCUMENTO 1: Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776)

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são
criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida,
a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são
instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados;
que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o
direito de alterá- la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e
organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a
segurança e a felicidade

DOCUMENTO 2: Discurso de um ex-escravo sobre a Independência dos Estados Unidos

Frederick Douglass nasceu escravo em Maryland em 1818. Aprendeu a ler e escrever em segredo.
Depois de escapar para a liberdade em 1838, dedicou-se à causa da abolição e fundou o jornal
abolicionista North Star. O discurso abaixo foi dado para a Sociedade Abolicionista das Mulheres de
Rochester em 5 de Julho de 1852. Douglas falou sobre a hipocrisia de se pedir a um escravo
americano que celebrasse a independencia americana.

Concidadãos, perdoem-me, permitam-me perguntar: por que me chamaram para falar


aqui hoje? O que eu, ou aqueles que represento, tenho a ver com a sua independência
nacional? Os grandes princípios de liberdade política e justiça natural de sua Declaração de
Independência extendem-se a nós?
Sua independência só revela a distância incomensurável entre nós. As bênçãos das
quais vocês se alegram, não são dividas entre todos. A rica herança de justiça, liberdade,
prosperidade e independência, legada por seus pais, é vossa, mas não minha. A luz do sol que
trouxe claridade e cura para vocês, trouxe sofrimentos e morte para os meus.
Este 4 de Julho é seu, não meu. Vocês podem se alegrar, mas eu… eu devo lamentar.
Vocês convidaram um homem a arrastar suas correntes até o templo da liberdade, e
convidaram-o a acompanhar hinos alegres – [isso é] uma zombaria desumana e sacrílega.
Vocês queriam zombar de mim ao pedirem que fale hoje?
O que o escravo norte-americano tem com o 4 de Julho? Eu respondo: um dia que lhe
revela, mais do que todos os outros dias do ano, a injustiça e a crueldade que é vitimização
constante. Para ele, essa celebração é uma farsa, vossa liberdade é uma desculpa profana;
vossa grandeza nacional, um inchaço de vaidade, (…) vossos gritos de liberdade e igualdade
são zombarias ocas; vossas orações e hinos, vossos sermões e ações de graças, com todo o
vosso decoro e solenidade religiosa, são a mera fraude, engano, impiedade e hipocrisia – um
fino véu para encobrir crimes que deveriam ser a vergonha de uma nação de selvagens. Não há
uma nação na terra culpada de práticas mais chocantes e sangrentas do que os Estados Unidos.
(…) Concidadãos! A existência de escravidão no país marca vosso republicanismo como uma
farsa, vossa humanidade como um pretexto de base, e vosso cristianismo como uma mentira.

TEXTO 2: Independência do Haiti, de Maria Ligia Prado

O Haiti foi a primeira colônia da América Latina a tornar-se independente de sua


metrópole, a França, e o primeiro Estado das Américas a abolir a escravidão negra. No período
colonial, chamava-se São Domingos e ocupava a porção ocidental da ilha de Hispaniola,
enquanto a parte leste, que também se denominava São Domingos, era colônia da Espanha.
No século XVIII, representava uma colônia de extraordinária importância econômica
para a França. Em 1789, era responsável por dois terços do comércio exterior do Império e o
maior mercado individual do tráfico negreiro europeu. Para que uma minoria de senhores
brancos pudesse manter o domínio sobre milhares de escravos – em 1790, somavam 465 mil –,
sua subordinação baseava-se na brutalidade cotidiana e em punições exemplares, com
requintes de perversidade.
O medo e a humilhação não impediram, porém, as fugas constantes, que multiplicavam
os quilombos e os ataques de quilombolas às fazendas. No século XVII, a figura lendária de
Mackandal, originário da Guiné, liderou um movimento que pretendia aterrorizar os brancos da
colônia com técnicas de envenenamento. Mackandal terminou traído, capturado e queimado
vivo.
No cenário marcado pela violência, houve, entretanto, brechas para relações mais
humanizadas. François Dominique Toussaint, que mais tarde adotou o nome de Toussaint
L’Ouverture (abertura em francês, sinalizando algo de novo), vinha de uma linhagem de chefes
da etnia aja na África. Seu pai fora aprisionado e trazido a São Domingos em navio negreiro. O
colono que o comprou – segundo nos conta o autor do clássico livro Os jacobinos negros, C. L.
R. James – percebeu ser ele uma pessoa fora do comum e lhe deu certa liberdade na fazenda
de produção açucareira, permitindo que cultivasse uma horta com ajuda de outros escravos.
Casou-se e teve oito filhos. Perto da casa-grande vivia um velho negro chamado Pierre
Baptiste, “de notável caráter e algum conhecimento”, escolhido como padrinho do primogênito
Toussaint. Ensinou a ele crioulo, francês, um pouco de latim e geometria. O menino cresceu sem
trabalhar no eito. Cuidava dos rebanhos e manadas, tornou-se cocheiro do senhor e mais tarde
administrador dos bens vivos da fazenda. Quando eclodiu a revolta escrava em 1791, vivia com
a esposa e os filhos na plantation Bréda, no norte da colônia. Uniu-se aos rebeldes no ano de
1793. Entre 1794 e 1802, tornou-se a principal autoridade da colônia. Mas com a invasão
napoleônica, foi capturado e deportado para a França, onde faleceu no ano seguinte, em uma
gelada prisão nos Alpes, fragilizado por cruéis torturas. Retrato do líder da Revolução de
Independência Haitiana,
A revolta dos escravos em São Domingos está associada aos acontecimentos
revolucionários na França de fins do século XVIII, que ocasionaram, em 1794, a proclamação do
fim da escravidão nas possessões francesas no ultramar. A deposição de Luís XVI e a instituição
da Assembleia Geral, em 1789, haviam encorajado as aspirações autonomistas das elites
coloniais nas Antilhas. Em São Domingos, como em outras ilhas francesas, formaram-se no
mesmo ano Assembleias coloniais para pressionar por maior liberdade econômica e política.
Paralelamente, negros e mulatos livres, numerosos em São Domingos, articularam-se para
defender a ampliação de seus direitos de participação política. Os anos 1790 e 1791 assistiram
ao agravamento das tensões entre as elites senhoriais e os homens livres não proprietários da
colônia.
Em agosto de 1791, um acontecimento imprimiu novos rumos aos conflitos. Os escravos
das fazendas açucareiras do norte de São Domingos, liderados por Toussaint L’Ouverture,
levantaram-se contra seus senhores, exigindo melhores condições de trabalho nos canaviais e
engenhos, com mais tempo livre para dedicar-se à própria roça. Assustados, os senhores de
escravos de outras partes da ilha pediram ajuda à Inglaterra, que forneceu tropas para ocupar o
sul e o oeste de São Domingos e reafirmar o controle sobre a população de milhares de
escravos nessas regiões. Em fevereiro de 1784, os jacobinos decretaram o fim da escravidão
nas colônias francesas. Os escravos já não eram, oficialmente, escravos.
A ascensão de Napoleão Bonaparte ao governo francês marcou uma nova reviravolta no
processo. Anulou a lei abolicionista de 1794 e enviou um exército de 25 mil homens,
comandados pelo general Victor Emmanuel Leclerc, para restaurar a escravidão em São
Domingos. Em 1803, apesar do êxito na captura de Toussaint, as tropas imperiais sofreram uma
fragorosa derrota e foram expulsas da ilha. Muitos dos escravos nascidos na África traziam
consigo a experiência de guerras travadas na terra natal, com táticas de combate em pequenos
grupos, movimentando-se pelo território com grande agilidade.
Jean-Jacques Dessalines, um ex-escravo que ascendera à patente de general nas
fileiras de Toussaint L’Ouverture, assumiu o comando da luta. Em 1804, os libertos, vitoriosos,
proclamaram a independência do Haiti, apoiando-se em argumentos tomados da Ilustração e da
Revolução Francesa. Naturalmente, os agora cidadãos haitianos contribuíram para alargar o
alcance dos ideais iluministas, dotando-os de uma universalidade que não existia, senão, em
termos muito vagos.
O Haiti tornou-se o primeiro e único país das Américas a associar a independência ao fim
da escravidão. Nas demais colônias francesas no Novo Mundo, Martinica, Guadalupe e Guiana,
a instituição sobreviveu até 1848. O mesmo ocorreu nas colônias espanholas na América, onde
as guerras de independência favoreceram a alforria de muitos escravos que lutaram com os
exércitos revolucionários, mas não asseguraram a abolição da escravatura.
TEXTO 3: AS PSEUDO-INDEPENDÊNCIAS DA AMÉRICA LATINA,

Parece-nos evidente afirmar que as indepenpendências da América Latina não foi tão
simples de ocorrer, visto que as Américas enfrentavam inúmeros problemas referentes às suas
raízes coloniais. Dessa forma, não se pode afi rmar que houve uma Independência das
Américas. No caso específi co da região de infl uência latina, o máximo que podemos dizer é que
houve uma pseudoindependência, pois as estruturas não foram rompidas de todo e os vínculos
continuaram a existir, mesmo que o pacto colonial tenha caducado.
Apesar dessa constatação, houve movimentos de resistência no interior da própria
América Latina, fomentados por personagens tipicamente americanos, que tentaram romper com
os interesses das elites metropolitanas. Um desses importantes movimentos, quiçá o mais
relevante, tenha sido a Rebelião de Túpac Amaru, ocorrido no Peru, no século XVIII. Os
habitantes da zona cultural andina não aguentavam mais serem submetidos a quase três
séculos de exploração e servidão. Além disso, haviam tomado consciência de que o sistema
colonial hispânico na América foi marcado por um processo massivo de eliminação de boa parte
das populações indígenas que aqui viviam.
No ano de 1780, um líder curaca chamado José Gabriel Túpac Amaru se indispôs aos
interesses das elites metropolitanas. Inicialmente ele mudou seu nome para Túpac Amaru II e,
em seguida, organizou um movimento emancipacionista que contou com apoio da elite criolla.
Nesse mesmo ano, começa a rebelião marcada pela execução de um dos chefes espanhóis da
administração colonial. Em pouco tempo, milhares de mestiços, indígenas, escravos e colonos
empobrecidos decidiram não mais atender às exigências e tributos da Coroa Espanhola. Em
assim sendo, a popularização dos ideais da rebelião de Túpac Amaru começaram a representar
uma ameaça real aos interesses das elites criollas, que ofereceram resistência efetiva ao avanço
dos levantes. Com isso, o movimento acabou se desintegrando e perdendo a articulação política.
Túpac Amaru II foi preso e julgado pelas autoridades metropolitanas. Ele foi sentenciado a ter a
língua cortada e, depois de morto, deveria ser arrastado por uma tropa de cavalos pelas ruas de
Cuzco. O episódio da Rebelião de Túapc Amaru foi o estopim de uma série de lutas sangrentas
que resultaram na execução de 80 mil indígenas. Portanto, pode-se considerar tal acontecimento
como um dos mais importantes e significativos movimentos libertários jamais existentes nas
Américas. Nesse sentido, foi uma rebelião verdadeiramente emancipatória, considerada por
muitos historiadores como o precursor das Independências Latino Americanas.

AS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA DO SUL

A independência na Venezuela foi declarada em 5 de julho de 1811, porém, no dia 25 do


mesmo mês, Miranda, o maior líder do movimento, foi preso em São Mateus. Então, a campanha
independentista foi assumida por Simon Bolívar, que se destacou como grande estadista e
iniciou uma campanha que culminou com sua entrada em Caracas em 7 de agosto de 1813. Ele
instituiu uma Nova República da qual faziam partes quase todas as províncias venezuelanas,
com exceção de Guayana e Maracaibo. Por tal razão, a Independência Venezuelana só se
consolidou em 24 de Junho de 1821, quando Bolívar derrota Miguel de La Torre na batalha de
Carabobo. Já o Equador viu-se envolvido pelas ideias iluministas difundidas pelos missionários
católicos que ali chegaram. Conceitos como o de individualismo e nacionalismo, liberdade e
igualdade eram discutidos entre os homens livres e geravam constantes manifestações no seio
da sociedade civil. Por essa razão, em outubro de 1820, José Joaquim Olmedo declara a
Independência provisória do Equador. Contudo, com o apoio da GranColômbia, comandada por
Simon Bolívar, a Independência definitiva do Equador só foi alcançada em 24 de maio de 1822.
A Independência da Argentina teve início a partir da chamada Revolução de Maio (25 de
maio de 1822). Porém, esse movimento foi relativo, visto que havia um profundo sentimento
antiportenho (contra a hegemonia de Buenos Aires enquanto capital e porto comercial) por parte
das outras províncias do Rio da Prata. Foi a campanha militar comandada por José de San
Martin que finalmente consolidou a Independência da região, era o dia 18 de junho de 1816. Em
1825, ela recebeu a denominação de Províncias Unidas do Rio da Prata. Contudo, somente em
1826, com a nova Constituição, passou a denominar-se Argentina.
Foi no ano de 1780 que começaram as primeiras manifestações emancipatórias na
Colômbia. Os líderes desses movimentos foram Antônio Lariño e Camilo Torres. Posteriormente
Simon Bolívar e Francisco de Paula Santander incorporaram-se a luta separatista. Depois da
vitória na Batalha de Boyocá surge, finalmente, a República da Gran-Colômbia.
O início do movimento libertário no Uruguai iniciou-se depois que Xavier de Elio recebe o
título de vice-rei da região. O descontentamento proveniente de tal nomeação acabou
provocando sinais de descontentamentos generalizados, manifestados por pequenos focos de
resistência. Então, em 1811, sob a liderança de José Artigas (1811), o lado Oriental inteiro se
levanta. Nessa época, foi elaborado o mais revolucionário de todos os projetos emancipatórios
que se têm notícias. Contudo, o governo de Buenos Aires, em consonância com a corte
portuguesa do Rio de Janeiro, resolveram que Artigas era um inimigo poderoso que deveria ser
eliminado, o que fi nalmente foi realizado. Junta-se a esse jogo de interesses o influência do
capital Inglês na região, que planejavam salvaguardar o porto de Montevidéu da destruição, que
poderiam ser causadas pela luta emancipatória. Assim, em 1828, com o total apoio Inglês, nasce
uma nova nação.
A Independência da Bolívia teve a participação direta de Simon Bolívar, que atribuiu ao
seu lugar-tenente Antonio José de Sucre a missão de unir os diferentes exércitos regulares que
lutavam sem sucesso pela emancipação da região. Com a vitória dos revoltosos, inaugurou-se a
primeira Assembleia Geral na qual estavam representados diferentes grupos sociais. Rejeitou-
se, logo de início, a incorporação do Peru. Então, a 6 de agosto de 1825 foi finalmente declarada
a Independência da Bolívia, que passou a se chamar República Boliviana, em homenagem ao
seu libertador.
O Chile conseguiu sua Independência em 1818 quando o general argentino José San
Martín liderou uma grande frente de guerras de Independências na América do Sul. Antes disso,
as forças do Brigadeiro Francisco de Antonio Garcia permaneciam fi éis a Fernando VII, mesmo
durante o Governo Napoleônico na Espanha. Dessa forma, o primeiro triunvirato que tentou
governar o Chile independente foi sublevado pelas forças dos realistas lideradas pelo próprio
Antonio Garcia.
A história da independência do Peru em parte já foi contado quando fizemos referência à
Rebelião de Túpac Amaru. Sabe-se que a superioridade militar dos dominadores acabou com
essa importante tentativa de insurreição. Porém, outros grupos revoltosos se ergueram na
tentativa de insurgirem-se efetivamente contra a Coroa. Necessário se faz dizer que alguns
intelectuais peruanos aderiram à causa revolucionaria, porém, sofreram sucessivas derrotas.
Somente a combinação de forças do General San Matín, Bolívar e Sucre conseguiu superar a
dominação espanhola, era o ano de 1821, estava proclamada a Independência do Peru.
A Independência do Paraguai ocorreu devido ao conflito que sua região mantinha com
Buenos Aires. Como já sabemos, os portenhos pretendiam manter sua hegemonia sobre a
região da Bacia do Prata, o que atingia diretamente os interesses Paraguaios. Assim sendo, os
argentinos os obrigaram a participar da Junta Portenha que anexava o referido país numa única
província junto com o Uruguai. Como os paraguaios negavam-se veementemente a aceitar tal
imposição, a Argentina resolveu enviar um exército comandado pelo general Belgrano, cuja
função era convencer as autoridades paraguaias a desistirem dos seus ideais por
independência. Diante dessa situação, o general Velazco pediu apoio aos portugueses e o
exército argentino foi derrotado. Obviamente que a aproximação entre paraguaios e lusitanos
não agradou os argentinos; porém, já era tarde demais, os próprios paraguaios afastaram do
poder o general Velazco e assumiu o comando do Paraguai José Gaspar Rodrigues de Francia,
que foi proclamado como Ditador Perpétuo em 1811.

DOCUMENTO 3: Trecho da “Carta ao editor da Gazeta Real de Jamaica” escrita por


Simon Bolivar em setembro de 1815

O índio é de um caráter tão dócil que unicamente deseja o repouso e a solidão: não
aspira sequer a acaudilhar sua tribo, muito menos a dominar as estranhas. Felizmente esta
espécie de homens é a que menos reclama a preponderância, ainda que seu número exceda à
soma de outros habitantes. Esta parte da população americana é uma espécie de barreira a
conter os demais partidos: ela não pretende a autoridade, porque não a ambiciona nem se crê
com aptidões para exercê-la, contentando-se com sua paz, sua terra e sua família. O índio é o
amigo de todos porque as leis não estabelecem a desigualdade entre eles e porque, para obter
todas as mesmas dignidades de fortuna 145 A Pseudo-Independência da América Latina Aula e
honra que concedem os governos, não há necessidade de recorrer a outros meios que o
trabalho e o saber, aspirações que eles odeiam 10 mais do que podem desejar as graças.
Assim, pois, parece que devemos contar com a docilidade de muito mais que a metade da
população, posto que os índios e os brancos compõem três quintos da população total; se
acrescentamos os mestiços, que participam do sangue de ambos, o aumento torna-se mais
sensível e o temor das cores, consequentemente, diminui.

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