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Microbiologia
Neste capítulo, abordaremos os aspectos mais relevantes dos microrganismos e sua relação
com os seres humanos, principalmente no que se refere às infecções ocasionadas por eles.
Alguns microrganismos causam graves transtornos ao homem, já outros interagem de
forma benéfica. Assim, é preciso conhecê-los melhor para evitar complicações.
Vírus
Bases Bactérias
científicas Protozoários
Fungos
NA HISTÓRIA
Febre puerperal é o nome de uma doença que, no passado, acometia as mulheres após o parto. Milha-
res de mães e crianças morriam sem que os médicos soubessem a causa. Esse termo descrevia a fase
em que a enfermidade surgia: ela era observada no puerpério, período logo após o parto. Era comum
que, a cada 10 mães, uma ou mais morressem após o parto.
Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865), médico húngaro que trabalhava com estudantes de medi-
cina, relacionou a grande mortalidade das mulheres na clínica em que atuava ao fato de os estu-
dantes saírem da sala de necropsia, não lavarem as mãos e, em seguida, realizarem os partos, pois
observou que os partos realizados por parteiras apresentavam menores índices de mortalidade.
Assim, passou a exigir que todos os médicos lavassem e escovassem as mãos antes de cada parto.
Com essa medida, os índices de mortalidade materna diminuíram 20% inicialmente.
Vírus
Os vírus estão entre os menores e mais simples agentes infecciosos e normal-
mente são agentes infecciosos específicos ao tipo de célula que parasitam.
Desse modo, os vírus das diversas hepatites (A, B, C) são específicos das células
do fígado, o vírus da caxumba atua especificamente nas células das glândulas
salivares parótidas, o vírus da raiva afeta as células nervosas, e assim por diante.
Microbiologia
Como os vírus não têm organização celular, não possuem parede celular nem
membrana plasmática e se mostram absolutamente inertes fora de células
vivas, os antibióticos não têm qualquer efeito sobre eles. Contudo, graças à
natureza proteica da cápsula viral, que atua como antígeno, um organismo in-
fectado pode se defender contra os vírus produzindo anticorpos específicos,
capítulo 1
Os vírus não estão incluídos em nenhum dos Reinos, pois possuem muitas carac-
terísticas particulares. Pelo fato de serem acelulares, ou seja, não serem forma-
dos por células, muitos cientistas não os consideram seres vivos.
Fibra da
cauda
Glicoproteína Glicoproteína
18 × 250 nm 70-90 nm (diâmetro) 80-200 nm (diâmetro) 80 × 225 nm
20 nm 50 nm 50 nm 50 nm
Vírus do mosaico do tabaco Adenovírus possui um Vírus influenza possui um envelo- Bacteriófago T4, como todosdos
possui um capsídeo helicoidal capsídeo icosaédrico com pe externo cravejado com espículas os fagos T pares, possui um
e forma de bastão. espículas de glicoproteínas de glicoproteínas. O genoma é capsídeo complexo formado o DEFINIÇÃO
em cada vértice. formado por oito moléculas de RNA por uma cabeça icosaédrica e
diferentes, cada uma circundada uma cauda. Notificação é a
por um capsídeo helicoidal.
comunicação da ocorrência
Figura 1.1 Tamanho, forma e estrutura viral. de determinada doença
Fonte: Campbell e Reece (2010). ou agravo à saúde feita à
autoridade por profissionais
A vigilância epidemiológica de cada município é responsável por ações relativas de saúde ou por qualquer
ao controle das doenças, à imunização, à busca ativa e à notificação. Doenças con- cidadão, para fins de adoção
de medidas de intervenção
sideradas de notificação compulsória são aquelas que exigem que cada ocor-
pertinentes.
rência seja notificada por um profissional de saúde.
Rubéola Togavírus
Sarampo Paramixovírus
Poliomielite Picornavírus
Raiva Rabdovírus
Dengue Flavivírus
Gripe Ortomixovírus
Caxumba Paramixovírus
Gastroenterite Reovírus
Provírus 6 Os genes do
DNA provírus são
cromossomal transcritos em
moléculas de
RNA que atuam
Genoma de como genoma
RNA para a para a próxima
próxima geração e como
geração viral RNAm
RNAm para
tradução em
proteínas virais.
9 Os capsídeos são
8 As vesículas transportam
montados ao redor as glicoproteínas para a
Novo HIV deixando dos genomas virais e membrana plasmática das
a célula 10 Novos vírus brotam das moléculas de células.
da célula hospedeira. transcriptase reversa.
Os sintomas mais frequentemente apresentados por pacientes com AIDS são fa-
diga, mal-estar, perda de peso, febre, dificuldade respiratória, diarreia crônica e
aparecimento de sarcomas de kaposi (manchas róseas, vermelhas ou arroxeadas
na pele e nas mucosas).
Além disso, o vírus pode ser transmitido de mãe para filho durante a gestação,
o parto ou o aleitamento.
PARA REFLETIR
Mesmo assintomático, um adulto soropositivo deve ser responsável, uma vez que pode transmitir o ví-
rus para outras pessoas. Deve usar preservativo (camisinha) ou exigir que o parceiro use a cada relação
sexual. Caso seja usuário de drogas, não deve compartilhar agulhas utilizadas por ele. Deve também
informar o seu médico e o seu dentista para garantir melhor tratamento a si próprio e permitir que
sejam tomadas precauções que protejam as outras pessoas. Também não pode doar sangue, esperma
ou órgãos.
Hepatites
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Exis-
tem, ainda, os vírus D e E, este último mais frequente na África e na Ásia. Milhões
Biologia para enfermagem
de pessoas no Brasil são portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Elas correm
o risco de as doenças evoluírem (tornarem-se crônicas) e causarem danos mais
graves ao fígado, como cirrose e câncer.
Os profissionais de saúde estão muito expostos à contaminação por esses agentes virais
(risco biológico) nas instituições de saúde. Medidas de proteção, como o uso de equi-
pamentos de proteção individual, devem ser tomadas para evitar que isso aconteça.
2. Pesquise e discuta com os colegas o que deve ser feito pelos profissionais de saúde, principalmente os
técnicos em enfermagem, para evitar acidentes com material perfurocortante.
Quadro 1
1.3
3 Importância das bactérias
Im
Ecológica Industrial Médica Engenharia genética
10
Norbert Pfennig
uma parede celular não celulósica que pode estar envolvida Coco
Norbert Pfennig
Bacilo
existir uma ou mais moléculas pequenas de DNA circular, os
plasmídeos, que geralmente contêm genes relacionados à
resistência das bactérias a antibióticos (Figura 1.3A).
Norbert Pfennig
(A) Fímbrias: Espirilo
apêndices
semelhantes a Parede celular:
pelos que encontrada em quase todos
ajudam na os procariotos; sua estrutura difere
adesão celular de bactérias gram-positivas para
a outras gram-negativas.
células ou ao
E. Canale-Parola
substrato.
Espiroqueta
Cromossomo circular:
Cápsula: geralmente acompanhado
camada adesiva de anéis menores de DNA
de polissacarídeo chamados de plasmídeos.
ou proteína que
ajuda na adesão Pili sexual:
celular e/ou evasão
Microbiologia
apêndices que
do sistema imune
Norbert Pfennig
Flagelos:
capítulo 1
Figura 1.3 (A) Estrutura bacteriana. (B) Tamanho e formas e arranjos das bactérias.
Fonte: (A) Campbell e Reece (2010); (B) Madigan et al. (2010).
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ATENÇÃO
Alimentos estragados podem conter bactérias e outros organismos patogênicos. Por isso, não compre
produtos com embalagens amassadas, enferrujadas ou estufadas. Não deixe de verificar também se o
produto está dentro do prazo de validade registrado na embalagem.
Infecção hospitalar
Como já mencionado, as bactérias estão dispersas em todos os ambientes, motivo
pelo qual a ocorrência de infecções é muito frequente. A infecção hospitalar,
DEFINIÇÃO
ou nosocomial, pode ser endógena (interna) ou exógena (externa) e determina
Infecção hospitalar, ou
um aumento significativo no tempo de permanência do paciente no hospital, o
nosocomial, é qualquer
que também contribui para elevar os custos dessa assistência.
infecção adquirida após a
entrada do cliente em um
Infecção endógena: É a predisposição para a infecção, determinada pelo tipo e
hospital ou após sua alta,
pela gravidade da doença de base do hospedeiro. Representada pela alteração da
diretamente relacionada com
flora bacteriana, que apresenta crescimento acima do esperado, principalmente
a internação ou procedimento
quando o mecanismo de defesa do indivíduo está comprometido. O microrganis-
hospitalar (p. ex., uma
mo é transferido de um local para outro. Infecções desse tipo (p. ex., Enterococus,
cirurgia).
Candida e Estreptococus) representam cerca de 70% dos casos.
DEFINIÇÃO
Infecção comunitária é aquela que já estava presente no momento em que o cliente foi inter-
nado no hospital. Às vezes ela está em incubação (se desenvolvendo sem se manifestar), e os
sintomas aparecem após a internação.
IMPORTANTE
Em ambientes hospitalares, não existe índice zero de infecção hospitalar. Em cerca de dois ter-
ços dos casos de infecção hospitalar, as causas estão relacionadas a fatores intrínsecos ao corpo
humano, que, como tal, não podem ser prevenidos (p. ex., sistema imunológico debilitado).
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IMPORTANTE
Manter um alto padrão de qualidade para a garantia de risco mínimo de infecção é fundamental. Toda
instituição de saúde deve contar com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), respon-
sável por verificar se as condições de funcionamento estão de acordo com as normas sanitárias exigidas.
CURIOSIDADE
Bactérias gram-positivas e gram-negativas
A forma das bactérias é mantida principalmente pela parede celular rígida e espessa, presente na maioria
desses seres vivos. Em 1884, o bioquímico dinamarquês Hans Gram (1853 – 1938) descobriu que as bac-
térias que não tinham uma camada de lipídeos associados a polissacarídeos na parede celular absorviam
o corante violeta de genciana. As bactérias com essa camada não absorvem esse corante.
Porção de carboidrato
do lipopolissacarídeo
membrana
Parede camada de externa
celular Parede celular
peptideoglicano camada de
peptideoglicano
Membrana plasmática Membrana plasmática
Proteína Proteína
Bactérias Bactérias
gram- gram-
-positivas -negativas
20 μm
Gram-positivas. Bactérias gram-positivas têm parede celular espessa Gram-negativas. Bactérias gram-negativas têm uma camada
feita de peptideoglicano que prende o corante violeta cristal no de peptideoglicano mais fina, localizada entre a membrana
citoplasma. A lavagem com álcool não remove o cristal violeta, plasmática e uma membrana externa. O cristal violeta é lavado
que mascara o corante vermelho safranina, adicionado a seguir. facilmente do citoplasma, e a célula mostra-se rosa ou vermelha.
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2. Sabendo que na superfície da pele existe a flora residual e a flora permanente, explique qual delas é
mais facilmente removida com a lavagem das mãos.
3. Por que os profissionais de saúde devem lavar as mãos antes e após realizar cada procedimento?
5. Cite três procedimentos de enfermagem que necessitam de técnica asséptica e descreva quais cuida-
dos devem ser observados durante a realização de cada um deles.
Protozoários
Os protistas são constituídos por organismos microscópicos eucariontes e
unicelulares. Os protozoários são heterótrofos e podem ser encontrados em
diversos locais, como rios, lagos, oceanos e ambientes terrestres úmidos. Ape- DEFINIÇÃO
sar de unicelulares, são considerados organismos completos. Isso é possível O termo eucarionte (do
porque, dentro de uma única célula, ocorrem as mesmas atividades de um or- grego eu, verdadeiro;
ganismo pluricelular, como a nutrição, a respiração, a excreção e a reprodução. cario, núcleo; ontos, ser)
refere-se a organismos
O termo protozoário tem origem grega e significa “primeiro animal”. Alguns pos- que possuem núcleo
suem vida livre (não parasitas) e outros são parasitas, provocando graves doen- delimitado pela
ças no ser humano. membrana nuclear
(carioteca).
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Dois paramécios fazem Três dos quatro Os paramécios trocam Os micronúcleos de O novo núcleo diploide divide-se
conjugação: todos os micronúcleos haploides se seus micronúcleos. O cada célula – por mitose, originando finalmente
micronúcleos de cada desintegram: o micronúcleo macronúcleo se geneticamente um macronúcleo e o número
célula, exceto um, se restante sofre mitose. desintegra. diferentes uns dos apropriado de micronúcleos.
desintegram. O micronúcleo outros – fusionam-se.
restante sofre mitose.
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NO SITE
Você encontra mais informações sobre protozoários no ambiente virtual de aprendizagem Tekne.
2. A doença de Chagas e a malária são provocadas por protozoários e afetam o sistema circulatório no
homem. Essas duas graves doenças, consideradas endêmicas em algumas regiões do Brasil, afetam mi-
lhares de pessoas.
Biologia para enfermagem
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Agente infeccioso: É um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, nele pe-
netrar, desenvolver-se, multiplicar-se e, mais tarde, sair para alcançar outros hos-
pedeiros.
1 Os mosquitos infectados
injetam os promastigotas na pele.
2
Os promastigotas perdem o
flagelo, entram no estágio
amastigota e invadem os macrófagos.
Promastigotas
Mosquitos
infectados
Amastigota
Macrófago
Microbiologia
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Bradizoítos no
cisto tecidual Taquizoítos 1 Oocistos imaturos
são despejados
Hospedeiro definitivo nas fezes do gato.
Se os seres humanos
comerem carne
mal cozida contendo
cistos teciduais,
podem se tornar Oocisto
infectados. imaturo
MO MO
1,5 mm 5 µm
4 Os esporozoítos dos oocistos
ingeridos invadem o tecido Esporogonia
animal e se desenvolvem
em bradizoítos dentro dos
cistos teciduais ou dentro de
taquizoítos que invadem os tecidos.
Oocisto maduro
Hospedeiro
intermediário
Doença de Chagas
(tripanossomíase americana)
(Trypanossoma cruzi)
Tripomastigotas
metacíclicos no intestino grosso Estágios
em humanos
8
Estágios do
inseto triatomíneo
de infecção; as
manifestações clínicas
podem resultar desse
ciclo infectante
Epimastigotas
6 no intestino
médio
4
Amastigotas intracelulares Figura 1.9 Ciclo
5 O inseto triatomíneo transformam-se em
LEGENDA
suga sangue
(ingestão de tripomastigotas)
tripomastigotas e, então,
rompem a célula e entram
de transmissão da
Estágio infectante na corrente sanguínea
doença de Chagas.
Estágio de diagnóstico
Fonte: Levinson (2010).
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Gametócitos
A infecção pode
resultar do uso Trofozoíto
de agulhas
contaminadas
com sangue
Os merozoítos
3 são liberados e
invadem as
hemácias.
Hemácia Na hemácia, o trofozoíto se
multiplica, produzindo novos
Merozoítos
5 merozoítos. Estes são
liberados quando a hemácia
se rompe, e podem infectar
outras hemácias.
Na hemácia, o
4 merozoíto se torna
um trofozoíto.
ESTÔMAGO
FÍGADO
1 Ingestão
ÍLEO Multiplicação 5 Invasão
sistêmica
de cistos 4
dos trofozoítos
3 Penetração da
parede intestinal
na parede do colo
PAREDE DO
COLO
2 Formação de
trofozoítos
Formação de cistos
COLO
Microbiologia
Trofozoíto expelido
tante)
(não infectante) Trofozoíto
6 Cistos liberados
com as fezes Cisto expelido RETO Cisto
(infectante)
capítulo 1
1
I D
Cisto
D
Diante dessa realidade, que orientações são necessárias às famílias que residem naquele bairro, relativas à
profilaxia de doenças causadas por protozoários?
Estrutura reprodutiva.
O cogumelo produz
minúsculas células
chamadas esporos.
Figura 1.13
Estruturas
vegetativas e
Microbiologia
reprodutivas de um
Estruturas produtoras fungo, utilizando
de esporos.
um fungo
basidiomiceto
visível a olho nu.
20 μm
Fonte: Campbell e Reece
capítulo 1
(2010).
Micélio
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