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A PERVERSÃO NA INFÂNCIA: DIREÇÃO NA CURA

Analista não é colocado no lugar do Sujeito Suposto Saber podendo então fazer
parte do sintoma permitindo que sua intervenção cause efeitos na subjetividade ao incidir
sobre o gozo.
Este trabalho é fruto de um efeito de uma divisão levada ao cabo no encontro com
uma criança perversa, de 10 anos. Alguns pontos fundamentais balizam este trabalho e sua
ética.: Há uma só psicanálise, o campo lacaniano é o campo do gozo, não há segunda
clínica sem a primeira.
Parto do principio de que há perversão na infância entendida como estrutura.A
perversão é uma estrutura que se distingue dos traços de perversão, estes fenômenos
catalogados com perversos no percurso do tratamento analítico, transitóriamente ocupando
o primeiro plano da cena – uma passagem ao ato homossexual, o surgimento repentino de
uma prática fetichista em que um objeto se destaca como eleito, se constata a presença de
um ato exibicionista ou ato que desvela uma maldade ou mesmo o exercício da pulsão.
Lacan recusa uma idéia desenvolvimentista (regressão a traços psicóticos profundos,
perversão primária) para se ater ao mecanismo estrutural postulando a possibilidade de uma
dimensão perversa nas três estruturas. A estrutura perversa não é redutível, na teoria
freudiana, à criança perverso-polimorfa e nem se explica pela persistência na sexualidade
do adulto de uma pulsão parcial não sublimada,nem integrada á ordem do desejo genital,
não se esgota também na fenomenologia da vida erótica, mas configura uma organização
psíquica singularmente exemplificada pela clínica fetichista.
A primeira problemática que surge nesse campo que pretendemos abordar é portanto
a do diagnóstico, diagnóstico diferencial, situar na relação com o Outro qual a modalidade
particular de gozo de um dado sujeito revela. Para tanto precisamos partir da pergunta “O
que é a perversão no campo lacaniano?”.
As teorizações lacanianas sobre a perversão apresentam três momentos:
Primeiro momento teórico de Lacan Um primeiro período em que a perversão é
situada na dialética do Édipo, 1956-1959, período em que procede a releitura da
problemática da perversão na obra freudiana, utilizando os três registros R/S/I.

No Seminário IV Lacan aproxima a fobia e a perversão em relação ao fato de que


onde deveria haver o advento de um operador simbólico – o falo simbólico ou o Nome do
pai – se introduz um operador imaginário, a metonímia do falo materno (falo imaginário)
que não aceita ser destituído por essa operação metafórica de substituição simbólica.
Esse primeiro momento teórico é acompanhado do valor e função do fetiche: o que sustenta
a vigência do falo na clínica é a cristalização do valor de um objeto que tem uma origem
imaginária, matéria prima imaginária, mas com um valor simbólico. O fetiche representaria
o falo materno, isto é: um objeto de ordem imaginária detém valor simbólico e opera como
obturador da castração no lugar do Nome do pai, operação simbólica que apenas admitiria
um resíduo imaginário; a matriz imaginária sempre referenciada pela matriz simbólica, isto
é.: a figura imaginária paterna só é matiz do Nome do pai.

Nos Seminário IV e V, enfatizando o registro do Imaginário e Simbólico, Lacan,


nesse momento, seguindo Freud, destaca o conceito de Verleugnung e distingue o objeto
sintomatizado na fobia e o objeto fetiche na perversão e apontando que a origem das
identificações perversas se funda no primeiro tempo do Édipo em que a criança se
identifica ao falo : a posição da criança é a de falo imaginário.
Na clínica é a posição de duas crianças: um menino de 4 anos que pede para
dizer ao professor Freud que tem nojo quando se depara das calças da mãe no chão e
outro, 8 anos, que enuncia “Eu não quero ser a galinha ...... galinha de luxo da mãe
que servem de paradigma para a apresentação do objeto fetiche como uma das
modalidades da perversão e para apresentação do seu modo de constituição.

No sem. IV há um reordenamento da estrutura na passagem pelo complexo de


castração, em relação a sexualidade infantil há uma aquisição de saber, saber em relação
com o gozo, se inscreve no inconsciente, há inscrição de um saber inconsciente.O gozo que
rompe a harmonia, a complacência imaginária que tem com a mãe, Este saber tem a ver
com o exercício de um saber a respeito do gozo. Gozo e saber são equivalentes. Se falamos
de saber , falamos de significação que tem a ver com significantes, o gozo que irrompe
rompendo a harmonia anterior é necessário a articulação com certos significantes que lhe
dão uma significação a sexualidade infantil.
A passagem pelo objeto fóbico ou objeto fetiche é um momento transitório,
necessário para que se articule a negação. È a via que toma a negação que indicará a
perversão o não. Esta passagem se dá do Falo para sua significação, isto é o Falo como
significante.O objeto fetiche cumpre uma função com respeito a falta da mãe: vela a falta. È
um momento de detenção do olhar, , ponto de detenção que constitui um objeto num mais
além. Este objeto se constitui pela via de um ponto de detenção metonímia. Olhar sobre o
nariz (o percebido), constitui o nariz como fetiche, a partir da diferença significante
glanz/glance. O brilho do nariz se constitui por via metonímia mas através da série
significante.. Nariz valor de condição de gozo, erótico.
O objeto fetiche se define como significação produzida ante a angustia de
castração, o enfrentamento do Desejo do Outro. Ele tem um caráter concreto e imaginário
(fóbico é significante). Ele é o resto da experiência do descobrimento da castração
feminina; detalhe desprendido do contexto original e congelado no tempo, encarna o objeto
simbólico da privação. Ele é percebido no corte significante.
Hans ao ver a calcinha da mãe no chão tem repugnância. Vê a mãe nua e de
camisola , o asco e a vergonha impedem a báscula para o fetichismo. Ele não reconhece a
camisola e a calcinha como todo o seu objeto. Ele perde o interesse pelas calcinhas quando
não está vestida na mãe, só lhe interessa em sua função de véu. Ele diz: é uma porcaria.
Roupa suja á para jogar fora.
Resumindo as teses desse primeiro momento: A Verleugnung (Renegação ou
Desmentido) é a defesa predominante na perversão, defesa frente a angustia de castração
posição subjetiva cujo paradigma é o fetiche. O fetiche é constituído por um deslocamento
(é uma mentonímia)do objeto fálico que aparece como ausência na mãe, sobrevalorizando-
o. No fetiche, a castração da mãe é afirmada e negada, renegação cujo efeito se manifesta
num ato. O fetiche é presença de uma ausência pois o é um modo de sustentar a presença
falo impossível da mãe. O fetiche ao situar o que era ausência ( o falo materno ) em
presença ( o fetiche) produz uma transformação da realização de desejo em termos de
defesa.
Se o perverso renega a castração da mãe o Outro que o perverso conserva é um
Outro não marcado, não castrado. A escritura da perversão é apresentada pelo matema Falo
imaginário/ A . Matema situado a partir da articulação do Édipo com a castração e a solução
perversa como decorrente do final do complexo de castração.
No Desejo e sua interpretação (1958/59) no capítulo sobre Hamlet, Lacan opõe a
neurose a perversão a partir da fantasia, enfatizando que enquanto a neurose acentua o lado
do sujeito barrado, a perversão acentua o lado do objeto. A formula da fantasia fundamental
permite localizar uma fixação: a relação do sujeito com seu ser.
As colocações lacanianas da fantasia permitem estabelecer uma equivalência em
sua estrutura entre neurose e perversão, distinguindo-se que no fantasma, a neurose põe o
acento do lado significante e a perversão do lado do objeto, mas aqui ainda não há distinção
ainda do objeto em sua face real.
Lacan ainda diferencia a perversão de traço de perversão, a primeira referida ao
primeiro tempo do Édipo (a criança como objeto do desejo da mãe) e o traço de perversão
referido ao terceiro tempo do Édipo, um sintoma na neurose o que se pode ver num
homossexualismo masculino, em que a rivalidade com o pai joga a criança para uma
identificação com a mãe que dita a lei ao pai.
GIDE
Mãe rígida, virtuosa e sacrificada aos deveres (como Madeleine prima futura
esposa)com cuidados maternos moralizadores.Pai doce, alegre e brincalhão. Herda do pai
gosto pelas letras. Pai: meu pequeno amigo, venha passear comigo. Pai é venerado. Pai
morre aos 11 anos,dependência do amor da mãe, isto é :pelo desejo do seu desejo,
identificando-se com o objeto imaginário desse desejo, na medida em que a própria mãe o
simboliza no falo. (De uma questão preliminar). Mãe de Gide tem amizade passional pela
preceptora até a morte desta. Ela não era desejante em relação ao falo buscado na figura
masculina, mas sim uma mãe para quem o dever ocupava o lugar do vazio do desejo. Mão
do perverso não é uma mulher sem lei, ela dá grande valor a lei, para ela o amor se
identifica ao comando do dever, torna-se a autoridade própria ao Nome do pai. A posição
subjetiva da mãe é marcada por uma homossexualidade latente, o falo não ocupava para ela
o lugar que deveria como objeto do desejo.. Gide não é a criança desejada, falicizada, já
que para a sua mãe o desejo correlato ao falo está excluído, separado do amor e ligado ao
dever. Mãe fica de luto eternamente pela morte do seu pai (avô) Masturbação excessiva, a
céu aberto, sem culpa e frenética, indica órgão não inserido na norma fálica, seu gozo não é
incluído na lei. Gide é objeto de um amor que não porta a referência fálica. Há uma
negativização do falo da mãe mas se a simbolização de seu objeto no falo: há um menos
que recai sobre o sujeito, mas o gozo do órgão está fora da lei. Gide não é tomado na série
de equivalências fálicas. O desejo ne sua mãe não recai órgão masculino fetichizado, mas
na substituição da lei moral. O amor por seu filho é um amor identificado ao dever, que não
está ligado ao desejo simbolizado e normalizado pelo falo
Forma como Gide ri dos pesadelos: véu cai em uma mulher e deixa ver um
buraco negro; frio da morte (morte primo, pai e perigo de morte do amigo) o que indica a
Spaltung : momento em que sujeito é confrontado com a relação com o Outro, com um
gozo que irrompe e do qual advém o sentimento de ser excluído da relação imaginária; a
ruptura da relação imaginária com o outro é produzida pela irrupção do gozo do Outro.
Ele tinha que escrever cartas para avó materna, tinha que escrever mesmo que não
tivesse nada a dizer. Horror diante da tarefa; diante de sua recusa mãe se impunha com
a lei rigorosa do dever e, para faze-la funcionar, permanecia em silêncio. Por meio dele ,
o dever mortífero em relação ao desejo se impunha: Gide era instrumento de gozo para
completar a avó, modo pelo qual a mãe se relacionava com a mãe-avó.
Na adolescência cena de sedução por parte da tia ( mãe de Madeleine) permite a disjunção
amor e desejo e permite a eleição da prima como eu único objeto de amor. Seu desejo só se
fixa no só depois. Vê tia com amante, corre e vê Madeleine chorando . A série de cenas
traumáticas permite se exercer como sujeito do desejo: o choro abre possibilidade de
inscrever Madeleine como objeto do amor. Angustia, diante da embriaguez de amor e
piedade, abnegação e virtude, concebe sua vida agora com o objetivo de proteger a prima
contra o medo, a dor e a vida
Por intermédio da prima ocupa o lugar da criança desejada. Nesse lugar onde tinha
havido um furo, passou a haver um lugar; porém nada mais do que isso, Gide recusa-se a
esse lugar , não pode aceitar o desejo da qual foi objeto ( Sem V, pág. 270)
Gide se apaixona por aquele menino que ele fora um instante nos braços da tia. Ele,
na viagem de núpcias, pensa em acariciar os ombros dos rapazinhos no trem, Ponto
privilegiado de toda fixação de seu desejo. Ele foi objeto de um desejo que não pode
suportar, desejo subtraído daquilo que se transformou em seu Ideal de Eu. Ele o assume:
fica eternamente apaixonado pelo menininho acariciado que foi e que lhe causou horror. È
no mesmo lugar que se produz o que chamamos, num caso o Ideal de Eu e noutro de
perversão.
A condição de seu desejo é a clandestinidade porque não pode integrar a função da
castração. Se a metáfora paterna é a conjunção entre amor e desejo, em Gide o específico é
a disjunção dos 2 elementos: o desejo pelo menininho que ele foi um dia e o amor
embalsamado por Madeleine. Na primeira infância houve a disjunção amor/gozo ( mãe/tia),
depois da na cena tardia de sedução se deu entre o amor e desejo.
O grande acontecimento da adolescência foi a descoberta da dor de Madeleine
diante da má conduta da mãe que despreza o marido por um amante. Vê ali um ser
desamparado o qual devota o seu amor. A lei do amor que protege se opõe outra lei: a lei do
gozo do Outro. Lugar na qual situa a tia, mãe de M. cujo gozo do corpo do jovem Gide fez
dele objeto de uma intrusão inesquecível.
Freud (1905) diz que o objeto da adolescência é apenas reencontro com o objeto da
primeira infância. O que orienta a escolha essa escolha de objeto são as representações
fixadas.
O fetiche é em sua face real é um objeto que se impõe, um objeto real, objeto do Outro que
o sujeito deve ao Outro absoluto não descompletado. A mulher castrada se torna inaceitável
como objeto sexual e se cumpre um passo do amor à identificação Esta eleição se efetua
sobre o embasamento de uma posição subjetiva frente ao desejo e gozo onde se revela a
verdade do que sucede, durante a infância, do original (Escritos, 838)

Com a teoria dos gozos, a formalização lacaniana sofrerá uma torção e um avance
definitivo que fica marcado no texto Kant com Sade. Um frase citada no texto “Subversão
do sujeito e dialética do desejo” (1960) aponta o caminho que irá ser traçado e que
culminará com o seminário Le sinthome : “ O perverso imagina ser o Outro, para assegurar
seu gozo; e nisto o neurótico se imagina ser o perverso, em termos fantasmáticos”. Aqui se
assinala que perverso, ao seu modo, se defende do desejo; o desejo sendo uma defesa ,
proibição de rebaixar seu limite no gozo. Este formulação vai preparar o caminho para a
formulação da problemática perversa a partir do real, em que situa a perversão através do e
um operador que permite situar o gozo fora do discurso na perversão.
Segundo momento teórico de Lacan: Do fetiche à fantasia (1960-1966)
Segundo Momento: o conceito de vontade de gozo

Oferta dos pais e modo de resposta subjetiva da criança.

No seminário X Lacan da angustia, é sempre a mesma, o que varia são os


mecanismos para regular a posição do sujeito frente ao real.é algo insuportável, com
intensa comoção (físico) e embaraço, não se suporta, suscita a passagem imediata ao acting
out, ao ato ou formação do sintoma. Essa angustia se explica como causada pelo objeto @ .
Hans angustia quando o wiwimaker real tem ereções, porque é todo ele que está em perigo.
Mãe tem um tão grande quando o cavalo: cavalo da angustia.
A lógica perversa é antes de tudo uma lógica fálica que se joga entre ser e ter. Do
lado do ser, ante um artifício que impede o reconhecimento pelo próprio sujeito de seu
próprio desejo como desejo do Outro. Ao identificar-se com a falta no Outro, promove uma
lei sem referência a proibição do incesto, relação do sujeito com o falo sem prestar atenção
na diferença anatômica entre os sexos

S A barrado : O que o Outro quer? O sujeito engendra a resposta colocando nesse


furo no simbólico sua fantasia: $ ^ a . O que é esse a como objeto parcial: é o pulsional
subjetivado como os 4 objetos: seio, dejeto, olhar, voz. O vínculo entre o sujeito e o objeto
pulsional se dá de modo reflexivo do verbo: faz-se engolir, rejeitar, ver, ouvir – faz –se
desejo do desejo do Outro.

Com a invenção do objeto @, Lacan definirá a perversão como posição do sujeito


desde certa assunção do objeto @, diferente da psicose. A posição perversa chega a lograr
certa aparência de ser dono da situação da angústia. O objeto a é o objeto causa do desejo
mas também revela outra função: o objeto angustiante. Se o sujeito se coloca no lugar do
objeto a, logra mais poder do que se prestar a ser um falo. O sujeito logra ser administrador
da angustia. O apoderamento do fetiche não é só um elemento imaginário que brinda poder,
mas que encerra o objeto @ como fonte de poder, porquanto a partir da posse do corpo
pervertido ou certos emblemas da objetologia perversa, se teria uma suposição de domínio
de qualquer da angustia, em particular da angustia de castração.
Perversão não é perversidade, o perverso é o que administra seu gozo por estes
subterfúgios. Nesse sentido, o sadismo é a perversão mais vitoriosa, para Lacan. As outras
variantes são mais inestáveis. O masoquismo baila ao som que toca o outro, se ele não
ajuda a armar a estrutura ele perde seu poder. Ele estabelece contrato com o par, que a
qualquer momento pode não cumprir. Já o sadismo não depende do significante por via do
contrato, nem estabelece estabelece condições para o maltrato. O sádico é um artesão no
manejo da angustia suscitada diretamente pelo objeto pulsional, não corre o risco de
depender do significante, não há pacto metafórico, seu propósito exige evidenciara angustia
no outro, alcançando a verdade do real nesse ponto limite do simbólico, como é o
aparecimento do terror no olho da vítima ao ver a navalha com a que insinua mutila-la. Se o
ato conserva a melhor qualidade perversa nunca correrá uma gota de sangue.
A angustia seria o que o perverso elide (esquiva) para si mesmo e é sua ferramenta
privilegiada para sua pretensão de dominar as regras do Outro, já que se impõe pela via do
domínio a partir do apoderamento do instrumento do instrumento da angustia determinando
as condutas gozozas. Lacan define o perverso através da vontade de gozo: o sádico domina
a vontade de gozo do outro porque o tem na linha da angustia. Para lograr seu propósito ele
precisa de um dispositivo: é o fetiche ou o âmbito onde necessita fazer vigorar o valor
angustiante e onde ele pode encarnar o personagem da angustia. Há que levar a vítima a
esse “sótão cheio de espelhos, cadeias e instrumentos ameaçantes”.
O sádico, a diferença do analista, provoca angústia para exercer a vontade de gozo
com um objetivo sexual determinado ( o analista para relançar a análise – é semblante de
@), visa confrontação com o desejo e modificação da posição do sujeito)

Terceiro momento teórico de Lacan: Do desejo ao Gozo (1966-1973)O mais gozar


Na lógica da fantasia Lacan diz O Outro é o corpo. O Outro porque não existe,
porque está barrado, deve ser reduzido ao objeto a .
A via da análise é não se contentar com a fala e o desejo mas alcançar o gozo do
Outro, isto é do corpo, pois só há gozo do corpo. Por isso o objeto a é causa do desejo e
também entra em jogo como mais gozar.
Lacan Sem XVI 07/05/69 comenta caso de Deutsch
Criança com 7 anos: Sou o galo e você a galinha; Não quero ser uma a galinha.
Fobia. Antes acompanhava que apalpava o fundo das galinhas á espera da chegada dos
ovos. Pedia para mãe que o tocara do mesmo modo Tempo da Perversão polimorfa:
anaclitismo. Completa o Outro. Primeiro tempo lógico: poder de gozo e não tem saber. A
cena traumática com irmão porque revela a verdade de sua posição: Sou a galinha de luxo
da mamãe. Mostra seu ser., fixado e nomeado em uma interpretação selvagem mas justa..
Ao sabe-lo já não pode assumir a carga de ser o objeto anal, mas também não sabe o
referente de seu desejo. Ante o vazio, substitui a angustia inominável pelo objeto-
significante identificável.. Restitui o a ao ª Ele se oferece como objeto anal para completar
o Outro333
Para o perverso a fantasia não joga o mesmo papel que para o neurótico pois
para ele o acento recai é possível a relação sexual e para o neurótico recai nos efeitos do
desejo. No sem XIV Lógica Lacan fala sobre o que se trata na perversão”na medida em
que o Um presumido do pacto sexual é deixado intacto aí e onde a partição homem e
mulher não se estabelece, é que o sujeito perverso vem a encontrar o nível desse
irredutível que é, nesse pequeno a original, seu gozo”
A dimensão significante instaura a disjunção corpo e gozo, toda produção
significante visa resolver isto.
O gozo perdido limitado pelo p. prazer, encontra obstáculo na relação sexual, será
veiculado por objetos do corpo, que possam se desprender dele, e com respeito ao p.
prazer possam estar de algum modo fora do corpo: voz, olhar, excremento, seio e o “em
forma de a” (Sem XVI). È aí que nasce o gozo, nesse fora do cropo e onde se situa o
Dasein de todo o sujeito, inclusive o perverso.
O perverso possibilita com o seu desprendimento é a recriação do gozo mítico,
completando ( ou suplementando) o Outro, faz possível o Um anterior a toda divisão
sexual, isso que Lacan denomina nesse seminário(XV) O Outro intacto.
O neurótico se dirige ao Outro para interrogá-lo sobre um saber que supõe que
tem furando-o com a pergunta mesmo.Sendo intolerável sustenta essa barra no Outro, o
sujeito se apropria dela, assim trazendo a divisão, o significado da falta, fazendo
sintoma. Surge ai possibilidade de transferência SsS, surgida da fusão que neurótico faz
entre saber e gozo. Neurótico tenta escamotear a castração do Outro, ao preço de cai
sobre ele.
Na perversa, na construção do fantasma aponta não ao saber o que o Outro sabe,
mas o que Ele quer. Ele busca prover ao Outro que quer, colmando toda falta. Se
converte então no a do Outro.
Diferentes estratégias de gozo nessa posição:
Exibicionista. Voyeur etc.

Sem De um Outro ao outro (1968-69) – o mais gozar


Modo como o Sujeito perverso se coloca em relação à pulsão Sem XVI
Ele se faz instrumento do gozo do Outro por quanto com seu ato faz emergir o
objeto que vem a obturar o campo, deserto de gozo, do Outro”. Mais do que instituir-se
como objeto do Gozo do Outro, o perverso, enquanto instrumento, suscita a emergência do
objeto que virá colmar o Outro. Assim na colocação do perverso na fantasia delineiam –se
2 posições: do lado do sujeito encontramos a função de instrumentação colocada pelo ato
perverso, enquanto que o objeto que o perverso busca suscitar está no campo do Outro.
Assim o ato perverso, tradução cenificada do fantasma que o suporta, substitui a divisão do
sujeito no Outro.
O fim da pulsão é alcançar a satisfação para o sujeito, o perverso oferece gozo ao
Outro. O objeto mais gozar causa a divisão no sujeito, tanto na pulsão como perversão, ela
se mantém no terreno do sujeito enquanto que na perversão está do lado do Outro.
O ato perverso é o recurso fundamental do sujeito da perversão para obturar o
buraco do Outro. Mediante o ato ele mostra que o Outro não é inconsistente mas
incompleto, transforma a falta estrutural do Outro, sua inconsistência - S(A barrado) em
incompletude imaginária. Ele sabe o que fazer com a falta do Outro e não padece dos
efeitos subjetivos da falta a ser. Ele se consagra a um ato repetitivo e sempre falho de
restituição de completude do Outro: não se pergunta pela razão de ser de sua vida pois sabe
que é completar o Outro, completá-lo em termos de gozo, gozo subtraído ao Outro na
castração. Fixado nisso, tentará ato seguido desmentir o fato com um ato substitutivo: a
erição de um fetiche. Faz de um significante um objeto fixo em um mesmo lugar. Usa o
aparato significante para agarrar o gozo e reintegrar-lhe ao Outro, como ele sabe que foi
subtraído. Mas só logra fazer gozo com o significante, ou seja com o gozo fálico
Sem XVI (26/4/69) A perversão é restituição de algum modo primeira, é restituição
no campo do Outro, do objeto a em que a Coisa é feita possível, do que é esse objeto a, um
efeito da tomada de algo primordial – a condição de não haver disso um sujeito. Lacan
centra assim a perversão em torno a esta suplência no ato, o ato perverso restitui os objetos
mais gozar no Outro e com isso, logra fazer existir um Outro, um Outro sem o buraco da
castração.

A psicose se produz se uma criança fica colocada no lugar do objeto @, sem que a
inscrição simbólica se haja produzido, por falta de oportunidade ou porque a inscrição
caducou (VERSÃO QUE NÃO ACREDITO). Depois Lacan agrega a gênese da psicose a
um momento constitutivo originário, prévio a vigência do Nome do Pai; vincula-a a
identificação primária. Haveria aqui uma debilidade de resposta egóica para postular o que
tem a ver com as primeiras fases de agressividade do imaginário; debilidade de resposta
imaginária.. Frente ao real o sujeito não reage, o corpo caído, indiferente ex. Joyce surra e
Lol diante de decepção amorosa; ser agressivo diante do acontecimento evitaria que o real
ficasse sem resposta (Lacan, Duras, 1965/ Joyce 1976.
Identificação primária: ser um corpo com um gozo: eu sou enquanto gozo, enquanto
afirmo o gozo de meu corpo.
Saída: sinthoma = configuração subjetiva atípica, distinta da posição simbólica do
fantasma, que logra a separação do objeto @. Ser autor, posição de distância simbólica,
enquanto corpo gozante, lhe permite fazer laço social e não só estabilizar sua singularidade
em paralelo com o Outro. Joyce logra a subjetividade através do delírio escrito, enquanto o
delírio psicótico é uma criação que não outorga saída. Filha de Joyce fala como ele
escreve.Com sua criação ele retifica o Nome do pai, corrige o fracasso do Nome próprio
outorgado. Joyce descompensa quando não escreve.

Lacan situa: o perverso se faz objeto a serviço do gozo do Outro. Ele se dedica a
tapar esse furo no Outro. Ele se vota e devota ao gozo Outro, para que o Outro exista não
descompletado. Assim segundo as duas pulsões: a escópica e a invocante, o sujeito se faz
objeto a para um mais gozar do Outro segundo 2 modalidades:
Suplemento a: Complemento de:
Sadismo Masoquismo
Voyeurismo Exibicionismo

Um suplemento trazido ao Outro


O voyeur interroga pelo olhar o que falta como falo no Outro para suplementa-lo e
assim proteger-se disso.
O sádico dá ao outro voz:ele se faz o instrumento do que ele supõe estar faltante no
Outro para seu gozo.
Um complemento vindo do Outro
O exibicionista visa aparecer no Outro o olhar como sinal de possível cumplicidade
no gozo.
O masoquista entrega-se completamente à voz do Outro e faz um enorme esforço
para que ela surja e se imponha

Essa definição da perversão como devotamento ao gozo do Outro completando-o ou


suplementando-o (um mais gozar do Outro) e situado a partir das 3 coordenadas R/S/I.
Real
O real da relação sexual não cesse de se inscrever: entre dois gozos, o de um homem
e o de uma mulher (dois universais), o encontro sexual em que dois fariam um, haveria uma
complementariedade é impossível.
A perversão graças ao objeto a busca completar ou suplementar o Outro para sua
plenitude.
Se O homem quer A mulher, ele só a alcança fracassando no campo da perversão
Televisão, 1973, 60.).
A mulher só entra em função na relação enquanto mãe (Sem XX,1975,36). Ali onde
ela é não toda porque S (Abarrado) então ela encontrará a rolha desse a que será sua
criança, de modo que como mãe ela estará toda inteira no gozo fálico.
Definição da perversão através da proposição universal: Todo gozo fálico é
perverso, isto é estabelece relação sexual graças ao Outro, completo. Diz Lacan (O
Sinthoma) “Toda sexualidade humana é perversa”
Trata-se então de outra clivagem entre dois gozos: Um é fálico e o outro está mais
além..
Há disjunção entre o postulado da perversão – S(Abarrado) graças ao objeto a e de
outro o enigma que é o não-saber de um gozo outro que não perverso.
Não há relação sexual porque o gozo do Outro tomado como corpo é sempre
inadequado: perverso, de um lado, uma vez que o Outro se reduz ao objeto a, e, do outro,
direi louco, enigmático. (Encore, 131)
O homem alcança a mulher na perversão. Enquanto mãe há perversão, se ela não é
toda mãe, uma mulher só encontra o homem na psicose (television, 63). Por isso ela o
proibe para si pois este universal de O homem é loucura, e assim ao proibi-lo, ela não está
toda do lado do gozo fálico. Por uma parte de si mesma, ela está em outro lugar, do lado de
“ um gozo que experimentamos e do qual nada sabemos” (Encore, 71). Trata-se de um gozo
outro que sexual, outro que é heteros. È hetero o que ama as mulheres, seja qula for seu
sexo próprio.

Perversão S(A) S(Abarrado)

Homem a A Mulher  Uma mulher

Mulher  O Homem  Um Homem

a  criança
Freud ao situar a perversão através do fetichista revela que a experiência da
descoberta da diferença entre os sexos,não foi marcada, não recebeu a marca do recalque
( como no sujeito neurótico) nem produziu em resposta, uma forclusão psicótica.. Freud
descobre a posição subjetiva original do perverso : a Verleugnung – a recusa, opera nas qual
ele reconhece da realidade da diferença entre os sexos mas também mantém sua antiga
crença na existência do falo materno.. Esta coexistência entre a crença e resignação (como
consequência das diferenças sexuais), Freud isola como ICHSPALTUNG, processo de
divisão que extrapola a estrutura perversa pois Lacan reinterpretou-a como base da
elaboração de uma divisão do sujeito. Mannoni exemplifica através da frase “Eu sei mesmo
mesmo assim...”.
O perverso é aquele que viu o que tinha que ver: a ausência do penis materno; mas é
antes de tudo aquele que não integrou essa percepção num discurso onde prevelece o desejo
fálico, o que lhe permite elidir diferença de sexos que, no entanto, ele conheceu. Desse
modo o sujeito perverso não sofre, tendo o em vista o lugar privilegiado que ocupa o seu
gozo, que lhe dá suporte para sua relações com o outro
O verdadeiro gozo do corpo é o gozo do Outro. È pelo gozo do Outro que o
corpo pode ser dito propriamente “substância gozante”. Mas é preciso distinguir o
gozo perverso onde se goza de tal ou tal parte do corpo enquanto fetiche e o gozo do
Outro, que é o gozo do corpo no corpo (ENCORE) e que Lacan caracteriza como gozo
mental.
Estas considerações permitem situar os traços de perversão nas estruturas clínicas, a
partir das pistas freudianas.
Freud no texto de 1919 “Uma criança é espancada” cujo subtítulo “ contribuição
ao estudo da gênese das perversões sexuais” descreve a construção de um fantasma
fundamental.. Aí se organiza uma massa considerável de experiências permitindo isolar um
fantasma de natureza masoquista.
Freud assinala que uma fantasia do tipo “uma criança é batida”, proveniente de
causas acidentais na infância e mantida para o propósito de satisfação erótica pode ser vista
como traço primário de perversão. Em Freud a palavra aparece em traço de percepção,
traço unário. O traço unário é o que apaga A COISA, faz surgir o sujeito como aquele que
conta. Eu ideal se fixa desde o ponto onde o sujeito se detem como ideal do eu. Freud
chama .
Freud chama a fantasia mantida para fins de satisfação autoerótica como um traço
de perversão - um traço único .Na perversão o que se realiza é o efeito inverso do.fantasma.
O que o fantasma realiza? O sonho realiza um desejo. O fantasma realiza a divisão do
sujeito (Lacan, Scilicet n. 1, pág. 58). O fantasma , é para o neurótico, essa montagem onde
o sujeito dividido – sujeito da castração, pode concordar, desacordando –se, com o objeto
do gozo.. O fantasma une e separa o sujeito do inconsciente com o objeto da pulsão.
Considerando os tempos na fantasia: primeiro tempo O pai bate na criança que é
meu rival ; segundo tempo: Uma criança é batida; terceiro tempo: bate-se numa criança
A fantasia tem aspecto imaginário ( imagens) tem uma dimensão simbólica
(variações gramática) e real (resíduo imodificável). A fantasia fundamental é o tipo de
frase que em lógica se chama axioma, que é um princípio. È um começo absoluto, não tem
motivação anterior, o significante surge do nada e cria uma significação absoluta. O
sintoma é dinâmico mas fantasia é estática, inércia,, fixa o sujeito num lugar.
Uma frase única – tem significação absoluta em sua fantasia, significação de
começo absoluto.
No imaginário do falante há uma falta radical, real: falta a inscrição da diferença
sexual, isto indica que não há indicação do parceiro sexual para o falante.A fantasia vem a
constituir para o sujeito falante a representificação dessa falta real através do significante
que permite a indicação de um objeto pelo efeito de imaginarização do simbólico, dando
um pouco de realidade ao sujeito. O objeto a vem a marcar este ponto de não representação,
o real , o sentido em branco, o inassimilável, o trauma. A fantasia tem a função de amor
tecedor do choque evitando o encontro direto do sujeito com o real, mediatizando através
do aparelho de linguagem. Nessa alienação fundamental, S2 é recacado e isolado de S1,
que cai fora da cadeia para ela consistir. Na fantasia se realiza a divisão do sujeito: é uma
montagem em que o sujeito dividido (sujeito da castração) pode concordar, descordando
com o objeto do gozo. Isto é o fantasma une e separa o sujeito do inconsciente do objeto da
pulsão.

Lacan retoma a análise freudiana destacando a “ o caráter de dessubjetivação que se


produz na relação primordial, radical de toda estrutura, no nível da qual o sujeito não está
mais ali, a não ser como uma espécie de espectador, ou simplesmente de olho”, isto é o que
caracteriza , sempre, em última instância e no ponto de redução máxima, toda espécie de
objeto”. (Sem IV Relações de Objeto, aula 16/01/57).
O traço de perversão poderia ser pensado em articulação com essa situação
completamente dessubjetivada que á do fantasma terminal do “Uma criança é espancada”-
a fantasia decantada.
A fantasia é o ponto de basta que situa o gozo, que doma o gozo primário, pleno,
corresponde à URVERDRANGUNG, o recalcado que nunca poderia vir á luz a não ser por
uma construção. A articulação significante fantasmática permite dominar o gozo pela via
de uma relação de objeto, transformando o desprazer em prazer. Diante do buraco no Outro,
do desejo do Outro, da falta no A, a fantasia é uma resposta que apazigua. A barrado - $ v
a. a; O neurótico se defende do gozo através do desejo, o perverso assume o desejo como
vontade de gozo. O perverso em sua fantasia aceita ser instrumento de gozo do Outro.
Parte-se do seguinte esquema:

Verdrangung ( diferentes estra


X ------------- Verleugnung tégias para dar
(ATRIBUTO UNIVERSAL) Vervwerfung conta desse X )
substitui o gozo mítico primordial

X é o ponto vazio da estrutura, o gozo primordial, o que é universal para o falante,


independente de sua estruturação subjetiva neurótica, psicótica ou perversa. Trata-se de
uma alienação fundamental que pode ter sua realização imaginária no masoquismo. O
fantasma encobre esse elemento inicial, essa posição primária que nomeamos gozo pleno,
aquele que não tem perda de satisfação, portanto não se tem aí referência ao desejo.
Na constituição do sujeito esse gozo absoluto vai ser relativizado de 3 modos:
Recalque, Renegação e Forclusão.

Verdrangund Gozo fálico


Gozo Pleno Verleugnung Gozo perverso
(X) Verwerfung Gozo Outro
O gozo absoluto é marcado pelo princípio de realidade; a intrusão do significasnte como
um engate lógico com o real tra uma perda de gozo, tendo como resíduo e produto o objeto
petit a . A posição subjetiva do neurótico deriva do Recalque, seu gozo sendo marcado pelo
significante fálico e o gozo sendo fálico, o psicótico está imerso no Gozo Outro , é o
próprio sujeito que se perde, e na perversão o sujeito e o gozo são mantidos, às custas do
Outro. O perverso estabelece que a falta seja no Outro a que ele irá ensinar como gozar (ser
assustado, maltratado). Na perversão o que se realiza para o sujeito não é sua divisão senão
sua identificação com o objeto da pulsão. Se chama perverso aquele que unileteraliza a
divisão. Ele não se sente dividido, porque seu ato é dividir o outro. O perverso é aquele
num ato põe a divisão do lado do outro e se coloca do lado do objeto
O perverso não é um transgressor porque o ato perverso não é conseqüência do
proibido. Ele é a verdade do proibido.Ele está a serviço do limite, daí o aspecto de desafio
de sua atividade. Ele sabe fazer com o gozo do Outro, não precisa produzir um saber. Ele
não busca discípulo, mas sim cúmplices, seu parceiro é que padece de castração. Ele é um
crente, crê no Outro para se consagrar ao gozo Outro.No ato ele se põe do lado do objeto
mas está ali como sujeito.
No traço de perversão(assim como na perversão) não há motivos para queixar-se,
pertence a alguém que pretende saber fazer com a falta. Com esse traço de perversão o
sujeito não padece da falta a ser. A perversão é um saber fazer com o gozo, por isso é
rotineiro.Todo saber fazer é rotineiro, porque quando se sabe fazer algo, não há razão para
mudar. (Ex Um homem que sabe lidar com mulheres, Regina: esse é só meu).
O perverso articula gozo e saber e pode apresentar-se como enamorado da verdade –
verdade da castração. Ele testemunha um amor pela verdade e um gozo pelo saber. O
neurótico tem horror a verdade porque sabe que sua castração está em relação ao Outro e
ama o saber. Se o neurótico ama o saber e odeia a verdade é porque a castração está
recalcada, não quer nada saber, se defende de tudo o que determina, daí seu horror ao
ato.Ele tem horror a verdade que lhe apresentaria seu traço de perversão como contingente (
sem ele seria impotente ou homossexual, por ex. Ruas). O perverso está seguro de sua
determinação pelo objeto. O que nega é a indeterminação do sujeito , a divisão; e o ato que
produz horror ao neurótico, é para o perverso o único meio de por em obra seu
compromisso, sua crença – que é o desmentido. Aí o traço de perversão não é contingente,
é necessário. È porque o perverso sabe que tem que passar sempre pelo ato, que ele
experimenta a necessidade de traço de perversão.O perverso põe a prova a coragem de uma
relação leal ao gozo.Ele oferece o gozo ao Outro para demonstrar que a este Outro não lhe
falta nada; colma um significante que falta com um objeto. – um fetiche. Ë um objeto
positivo para ele , não se trata de um significante, para ele.. Isto explica também a
problemática da relação do sujeito com seu órgão na homosexualidade., quando se queixa
de que na realidade seu órgão não tem o tamanho que devia, isto é um traço de perversão
pois não trata seu órgão como fazendo paixão significante, mas tendo um valor de objeto
que se mede, que se saboreia, que se prova para que se serve.. A pergunta pelo desejo do
Outro se coloca através deste lugar de objeto, desde aí o desejo do perverso desaparece para
reaparecer como vontade de gozo. Ë por isso que Lacan diz que o neurótico tem a ver com
a demanda e o perverso com o gozo e que na relação sexual o neurótico se interessa pelo
desejo enquanto que o perverso se interessa pelo ato sexual mesmo.. Já o psicótico frente
ao desejo não se interessa nem pela demanda nem pela vontade de gozo mas pela certeza do
gozo do Outro. Um perverso quer que o Outro goze, o psicótico está seguro que o Outro
goza. E o Outro só pode gozar dele.. O Objeto a é desconhecido pelo neurótico, recalcado
com o fantasma – ele não quer nada saber desse objeto e do seu traço de perversão. Esse
objeto é explorado na perversão, é utilizado é utilizado pelo perverso. Esse objeto que
incapaz de evocar algo do desejo para o psicótico, assinala algo angustiante para o
neurótico, assinala na perversão o caminho de seu gozo, na psicose assinal que o sujeito
não será representado jamais como sujeito.
O perverso tem que passar sempre pelo ato por isso experimenta a necessidade do traço de
perversão
TRAÇO DE PERVERSÃO – RELAÇÃO COM O GOZO
NEUROSE CONTINGENTE IGUALDADE
Não quer nada saber sobre o gozo do Outro: -
Coloca-o como inaceitável e seu traço é testemunho disso. aposta Combate o gozo e é
militante não do Outro, mas igualdade contra o gozo, é o que o traço revela. Se o sujeito se
implica ai como pergunta, no traço, sente vergonha e culpa.. Ou insolente e covarde como
formação reativa. O fantasma funciona como interdição, defesa contra a angustia do desejo
do Outro
PERVERSÃO NECESSÁRIO ORDEM
Se põe a serviço do gozo Outro, elege ser instrumento do Gozo do Outro. Coloca o gozo
como vontade. O traço tem a função de revelação, a verdade da castração de seu
companheiro.Se assegura que todos gozem da mesma maneira.No traço defende a ordem
para assegurar ao Outro o gozo. . O perverso não que transgredir quer mostrar que o limite
é a verdade do ato mesmo.
PSICOSE IMPOSSÍVEL LIBERDADE
Ele se põe sobre o jugo do gozo do Outro e usa o traco de perversão para ser livre do que o
submete: Ex. A aposta Transexual enquanto tentta juntar-se com a mulher como uma das
figuras de liberdade.

Um traço de perversão não se diagnostica pela observação de comportamento mas


sim pelo exame das razões do sujeito, porque o faz e para que lhe serve. O sem sentido do
traço de perversão não interroga o sujeito senão que o reassegura e inclusive lhe
proporciona um gozo narcisista “É assim porque sou assim”. Ele não leva o sujeito as
interrogar o Outro mas sim em deleitar-se no engano, na burla
Perversão e traço de perversão é um saber fazer com o gozo e dessupõe o saber do
Outro
Homosexualidade na psicose, eleição que mantem no plano imaginário decorrente
da necessidade de afivelar uma identificação qualquer, por isso assumiu o desejo da mãe;
pantomima que evita que ele se perca no delírio.. Na neurose ela é reposta, no sentido em
que o sintoma é significado do Outro. Na psicose a homosexualidade
Conexão entre as nádegas e os ratos remete a um gozo escópico – traço de
perversão, diferente do sintoma da dívida
Paciente pede crédito. Quando devia muito dinheiro diz que finalmente podia pagar.
No dia seguinte telefonam avisando que viajou para o exterior para não mais voltar. –
Perversão porque utilizou a dívida para dividir o analista, para extrair a idéia de que aquilo
pelo qual eu o havia retido era dinheiro.
Paradigma freudiano: casos clínicos e lacaniano RSI

O sintoma equivale a uma escritura do real a partir da configuração simbólica que


corresponde ao complexo de Édipo, cujo nível imaginário se refere a forma se refere a
forma como essa escritura e essa configuração tomarão uma fixação no corpo. O sintoma é
uma formação da linguagem e um efeito de linguagem e não pode ser referido a uma
estrutura. Ex voyeurismo pode aparecer tanto na neurose (H.Ratos)como na perversão:
gozo de olhar Para tratar do diagnóstico diferencial tem-se que considerar a incompletude
do Outro. Ante o Outro da linguagem e suas demandas o sujeito responde com uma
determinada forma de gozar. O não ao gozo do Outro é o modo do sujeito colocar-se a si
próprio seu próprio gozo: o sujeito se estrutura em uma das 3 respostas possíveis à falta no
Outro:
1) O próprio corpo vem no lugar vazio, dessa falta no Outro e como falo
imaginário da mãe que advém. : adequação impossível do corpo ao vazio do
Outro, o corpo nessa identificação será despedaçado = Psicose
2) Elevação de um objeto a altura do vazio no Outro. Esse objeto pode ser qualquer
objeto que venha no lugar desse vazio como resposta no simbólico, ele toma
valor do que falta, valor fálico ( momento de fixação da perversão polimorfa).
Para que ele se torne fetiche é preciso que alguém esteja colocado em posição de
Outro e que o objeto esteja proibido. Assim tem-se O Outro, o objeto e a
proibição. È por isso que a transgressão de uma lei corresponde a renegação do
vazio do Outro.
3) Na neurose a resposta é um significante, esse significante que deve responder ao
vazio no Outro, se define a si mesmo, isto é, é o Nome do Pai em seu valor
simbólico. Nesse mesmo lugar vazio se inscreve o sintoma
Lacan assinala “na perversão a criança se identifica com o objeto imaginário do
desejo da mãe, enquanto que a mãe mesmo o simboliza no falo.(De uma questão
preliminar,240). Ela se coloca em um momento da construção do Complexo de
Édipo, em que o pai como enunciação da lei “é aceitado ou não pelo filho que priva
ou não a mãe de seu objeto de desejo(Sem V 22/1/58)
S1=fetiche
È um significante conectado a um significado que não circula na cadeia da
linguagem, porque não há metáfora. È metonímia da totalidade do corpo, por isso é uma
renegação da castração, pois com o fetiche não há falta no Outro, há identificação ao Outro.

Há que se diferenciar perversão de traço primário de perversão presente no


fantasma fundamental: ser batido. A perversão como posição subjetiva supõe o Outro
prévio e não escapa do Édipo.As operações de alienação /separação constituem o sujeito,
Lacan situa o perverso como um sujeito reconstituído da alienação, ” esta vontade que só
pode chamar-se de gozo é o sujeito reconstituído da alienação a custa de não ser mais que
instrumento de gozo” ( Kant com Sade).
As operações que situam o sujeito em sua relação com o Outro são: alienação e
separação. Se o sujeito escolhe o ser, o sujeito desaparece, escapa cai no não senso. Se
escolhe o sentido (produzido pelo significante), este só subsiste desfalcado dessa parte de
não senso, ele aparece em outro lugar afanisado

Ser Não Senso Sentido


$ Outro

Na escolha forçada entre ser e o sentido, se coloca do lado do ser e abandona o


sentido e o penso fica petrificado no ser de gozo. O perverso não é psicótico porque
escolheu o “não penso logo sou”, petrificando-se em S1, que não outro senão traço unário
(o nome) que a diferença do sem sentido do neurótico implica um real de gozo (Dhino=
terrorista). Se dá uma coalescência entre S1 e a, que tenta suturar a borda que o constitui
como sujeito e faz de seu ser essa borda. Assim, o perverso é um sujeito dividido pela
linguagem, no 1º momento mítico da alienação, que vai reconstituir-se a partir da segunda
operação: a separação.
Na separação o perverso coloca seu ser no ponto débil entre o significante unário
e binário. Ali onde o neurótico colocaria no Outro, sua própria perda , o primeiro objeto
que o sujeito põe em jogo, o perverso coloca seu ser, mas como instrumento do gozo.Se
introduz nesse intervalo com o objeto, com o “como se” do objeto. O objeto extraído da
alienação, o sujeito neurótico o coloca para restaurar o perdido, para salvar a divisão. O
perverso, o objeto extraído se confunde com o próprio sujeito constituindo a forma
invertida do fantasma - a ^$ . A reconstituição da alienação se sustenta pelo desmentido,
um novo ato psíquico que renega o vazamento de gozo produzido pelo significante, pela
inscrição do sujeito no Outro. Ato porque é a única forma do sujeito liberar-se do
significante, de restaurar a alienação.
No juízo de atribuição advém a simbolização primordial da castração materna
que é o que divide o sujeito. De imediato produz um juízo de existência que recai sobre a
representação que fica expulsa no real e assim o sujeito fica identificado a essa parte
caduca, não especular, a essa escória que conformam os objetos com o qual arma o
fetiche.
No momento da eleição entre ser e ter, ter para o perverso não implica em estar
em falta, ter desejo,senão que no fetiche faz “como se”o objeto do desejo coincidisse
como objeto do gozo reencontrado através desse véu. Trata-se aqui de um enodamento
muito particular entre ser e ter.. No momento de eleger entre ser e o ter é quando surge o
desmentido: mediante o desejo da mãe se positiva o falo negativo.
A restauração da alienação e a eleição do ser sobre o sentido faz que o desejo
esteja apenas presente no perverso, isto é ele não faz barreira ao gozo, pois ele supõe no
Outro um gozo do qual vai ser um servidor. Se imagina ser o Outro ao imaginar-se que o
completa. O outro da lei, sempre insuficiente, deixa o sujeito ante a eleição de submeter-
se a inconsistência do Outro e assumir sua falta a ser ou desmenti-lo. O perverso elege a
Verleugnung do pecado original, cunhando uma nova versão da Lei do Pai: uma lei de
vontade da qual é seu instrumento. O perverso está mais perto do impasse do ato sexual
e isto o leva a desmentir para afirmar que sim – Há relação sexual. Ele se afinca em sua
vontade de gozo porque para ele o gozo não é impossível mas está proibido. Daí se coloca
a construção de uma lei transgressora segundo o imperativo de gozo.
O perverso sem o próximo
A forma imaginária da construção do sujeito na perversão tem uma
particularidade: o outro, pessoa, não é tido como semelhante,, não há especularidade na
perversa. A vítima não é mais que o suporte particular do Outro, tanto que um
exibicionista pode levar a cabo seu ato frente a um tabernáculo como aponta Lacan. No
exibicionismo está implicado a vítima e o Outro que olha.. A vítima é tal enquanto
referida a um Outro que goza e é nela onde se coloca o $ do fantasma para o perverso
a^$. A identificação que priva é uma identificação selvagem com o objeto que não passa
por enunciados e produz uma recuperação de gozo (de menos fi) que implica o Outro na
medida em que se faz instrumento de seu gozo. O barão de Charlos se decepciona
quando sabe que o carrasco –agente dos tormentos atua por razões que não tem a ver
com o horror mas para mandar dinheiro para seus velhos pais o que ganha coma
flagelação. A vítima tem a função de véu que o amor cumpre para o neurótico. Em
oposição ao amor, no perverso se dá um exercício lúdico onde se pretende uma resposta
sobre a posição subjetiva da vítima, quem carrega agora com a barra da divisão já que
ela está no lugar do objeto da fantasia.
O perverso enquanto sujeito se situa no final da volta do circuito da pulsão. Ele
dá fé de que toda pulsão é pulsão de morte pois renuncia a subjetivação. No real (entre
S(A barrado) e S^D) o perverso se situa como pura pulsão, puro olhar , atendendo não a
falta no Outro mas a seu gozo. Não com a demanda senão com a vontade se constitui o
sujeito perverso.
Ante a demanda o neurótico se submete ou não; o perverso se lhe opõe a vontade,
identificando-se ao Outro materno.Daí sua feminização. Para ser, o perverso tem que se
submeter a vontade de gozo já que aqui se apresenta uma espécie de vel entre a vontade e
a demanda: para ser tem que optar pela vontade – vontade que não é senão expressão de
uma nova versão da Lei do Pai tomada do discurso do Outro materno.
Na repetição, nas redes significantes, o perverso advirá, para cair no real do não
penso e no sou da certeza, identificando-se a esse traço, a um ideal com que tenta abolir
a repetição ao imaginar que topa com o objeto.
Como enfrenta o sujeito a inconsistência do Outro? Lacan opõe fobia e fetiche como
opção do sujeito ante o saber e em conseqüência ante a estrutura. Na fobia cria um
objeto imaginário e desta forma prove o Outro do que supõe que lhe falta. O fetichista
sabe de que goza o Outro e põe na falta o objeto simbólico, o fetiche a armadura para
introduzir de cheio o gozo. (Rasgos,164/ 168)

A teorização lacaniana a respeito da posição da criança se inicia a partir de uma


relação de intersubjetividade ( acriança na dependência do vínculo com os pais) para
situá-la frente a estrutura que remete ao Outro. Lacan no texto “notas....Aubry” propõe o
síntoma da criança responde ao que há de sintomático na estrutura familiar.
A partir da lógica da fantasia se pode situar esse comentário:
Seriam 3 as posições possíveis da criança:
1ª - a criança como sintoma dos pais
2ª - a criança como falo
3ª - a criança como objeto a da mãe

A PRIMEIRA POSIÇÃO
A criança como sintoma dos pais se liga ao significante, evidencia a verdade e mostra a
estrutura. A verdade não como o que a estrutura representa, mas como o que a estrutura não
resolve na relação dos pais isto é reflete o inconsciente dos pais.

A criança como sintoma dos pais


Localizar a posição fantasmática da criança implica em que a mãe conseguiu uma
assunção subjetiva ($) , algum grau de separação do objeto @, e que logra inscrever a
criança numa configuração simbólica onde também está inscrito o paterno. Estamos aí na
vigência do recalque, isto é da neurose, pois separou o objeto da pulsão ($ ^ @).
Este movimento de separação reunião com o objeto @, que não é disponível
diretamente nem para ela nem para como sujeito nem para situar ali o filho, permite
localizar o filho com relação ao fantasma dos pais. Neste caso, a posição do filho é a do
sintoma dos pais, de acordo com a cadeia significante no qual os pais se encontram,
situação ao qual o analista deve operar subtraindo a criança desse lugar, pois a criança fala
em nome de algum transtorno que lhe é alheio e que de algum modo a envolve.
Aqui, trata-se do sintoma mesmo como reprodução da trama significante familiar, a
criança não fala da relação dos pais em sua configuração sintomática, mas diz uma verdade,
mas uma verdade estrutural , velada pela configuração mesma da relação. A verdade vem a
ser a verdade do defeito da relação dos pais, o não dito que está sendo dito na formação
sintomática da criança. Isto é: a criança em sua disposição ao efeito desejante, mostra em
seu dizer e em sua sintomatologia o que acontece no par parental. A criança sensível ao
desejo que circula na estrutura mostra a verdade em seu sintoma. (Intervir sobre os pais e
deixar a criança, isto é interpretar para terminar de dar sentido ao discurso.) Mas pode
ocorrer que se ele já esta alienado no plano significante, este evidenciando seu próprio
sintoma com plena subjetividade, neste caso se trataria de seu sintoma e está pronto para
dizer sua verdade.
Lugar da criança como sintoma= leitura do discurso do Outro = reprodução da trama
significante que diz respeito ao recalcado dos pais+ terminar de dar sentido ao discurso
Exemplo: Caso Sandra queixa criança de 8 anos agressiva com o irmão de 3 anos (afogou
várias vezes). Mãe fala: Ele quer matar o irmão. Criança se esconde no banheiro, sentada
na privada entreabe a porta. Sessão feita ali. Pai quebra o braço quando segundo filho
nasce, fica dois anos desempregado. Vai trabalhar com sogro rico. Pai pede para falar com
psicóloga: Ela não quer que eu conte que tenho uma filha. Descobriu quando filha tinha 10
anos. Agora tem 14 anos. Pai sai e Mãe diz: Você está proibida de contar. Ele não tem que
saber dessa história, isto não tem nada a ver com ele. (Saber que tem uma irmã e que é
segundo filho do pai).( Ele não tem esse irmão para mãe. Pai brigado de morte com irmão
Saber que ele é segundo e não primeiro filho do pai o deslocaria do lugar fantasmático em
que sendo o primeiro tem que matar o segundo: Caim/Abel)
Filho do pai primeiro filho da mãe Segundo filho da mãe
Menina 10 anos 4 anos Nascimento descoberta paternidade
Menina 14 anos 8 anos 4 anos atualidade
16/18 10/12 6/8
Pai (primeiro filho) relata que está brigado de morte do irmão(segundo) por causa de
dinheiro, nunca mais se falaram. Mãe relata que filha é de uma namorada anterior do pai,
da qual este chegou a ficar noivo. Entre as brigas ele namorava ela. Até que terminaram e
eles se casaram. ( Mãe gorda, deleixada e rica. Pai bonito, bem cuidado e problemas
profissionais e de dinheiro). Recalque dos pais: saber sobre o desejo em relação a morte de
um irmão): Ele quer matar o irmão: fantasma dos pais.
A criança ao ter que haver com o fantasma dos pais, está colocada com este tipo de
identificação (a terceira que Freud relata = identificação histérica: identificação com o
Desejo do outro) que se refere ao desejo do Outro: localização de uma falta no Outro, falta
que se evidencia no desejo que o outro manifesta e há uma assunção identificatória desse
desejo. O outro me necessita, não está completo e eu assumo essa falta como seu desejo e
desejo o seu desejo.
Esta identificação corresponde a neurose, a relação dos pais se apresenta como
neurótica e o filho estaria representando-a neuróticamente.

SEGUNDA POSIÇÃO

A criança como falo implica uma perpetuação em um lugar que devera ser
transitório. A posição do filho como falo que obtura a falta materna é uma momento
narcisizante ou de valorização. Esta posição de privilégio é um lugar transitório que tem
que ser destituído pela operação do Nome do pai, se não ocorrer se dá a perversão. Há um
déficit de destituição da criança desse lugar na instauração do Nome do pai, em grau maior
do que na neurose, onde a fixação a mãe é dominante.

TERCEIRA POSIÇÃO

O filho como objeto @ do fantasma materno: a mãe não localiza o filho nem em
sua estrutura significante, nem no grito de verdade que este ocupa como sintoma, nem
como falo adorado, criança maravilhosa. Aqui a mãe faz do filho objeto da pulsão e não
objeto do desejo. O filho no lugar do objeto a não tem condição de objetivar-se, pois está
do lado da coisa, com o qual perde as chances metafóricas e metonímicas e fica fixado sem
mobilidade ou alternativa simbólica para lograr a subjetivdade.

Em síntese: a 1ª posição propõe o filho desejado dentro do conflito dos pais e o torna
neurótico; a 2ª posição, ligada ao falo, o faz perverso e a 3ª apresenta o filho pulsional que
engendra a psicose.
O sádico faz aparência do objeto @, causante da angustia,nesse sentido está na
mesma posição que o analista: se coloca como semblante do objeto, como agente
angustiante no discurso do analista. O sádico tem uma posição de busca do real. Bater pelo
bater e não está ligado ao desejo. No fantasma bate-se há uma resposta subjetiva da criança,
é uma criação, num contexto de sadismo, como resposta ao acontecimento traumático, o
que pode gerar crueldade.

O falo é um estilo de novela de uma criança, um estilo particular, uma ficção. O falo
simbólico aparece como uma coordenada que permite ao sujeito ter um sexo: identificar-se
aos emblemas e modelos que assinalam o ideal para cada sexo. A partir da diferença
anatômica, corpo que tem ou não tem o órgão peniano, estes dons são subjetivados pelo
sujeito como modalidade do ter e do não ter. Subjetivação que permite uma significação
que substituirá o nome do órgão como significante fálico. Significante que nomeia a mulher
e o homem, mas não diz o que é isto ( impostura masculina e mascarada feminina)
Leonardo contra a representação da falta do pênis materno aparece o abutre materno
com sua cauda.
O sujeito perverso se oferece como objeto provocando a divisão do sujeito, ele visa
extrair um gozo do sujeito, um sujeito bruto do prazer (Kant com Sade)
No seminário 22 R.S.I. Lacan diz “ um pai só tem o direito ao amor e respeito se o
dito amor, dito respeito, estiver père-versement orientado, quer dizer, se ele fizer de uma
mulher o objeto @ causa de seu desejo. Isto é se ele barra a mãe em relação ao filho,
dividindo-a em mãe e mulher.

Que se desenhe, também fica sem dúvida bastante desapercebido por trás do que
está desenhado no que se vê” Chemama, pág. 14, O mundo a gente traça). O que se coloca
para o analista quando a criança desenha não é a significação do desenho mas o ato de
desenhar. O ato de desenhar que produz uma marca, representação do infantil, que poderá
vir a fazer função de traço, inscrição de um sujeito precisa fazer, ao mesmo tempo,
separação em relação ao Outro (pág. 23)
Tanto para a criança como para o adulto, a transferência põe em jogo uma relação
do sujeito ao Outro, um Outro situado além do analista. Mas na criança perfila-se de modo
mais evidente um Outro indestrutível, invasivo.
Perverso infantil apresenta-se como debilitado
Não como produções escassas, pobres ou estéreis de crianças coladas numa
relação ao Outro que o deixa sem a voz, que permanecem num silêncio, estáticas. Desenho
faz marca, a aí a criança corre o risco de ser tragada pelo Outro, porque ela desenha sobre o
olhar do analista , olhar que remete ao Outro indestrutível e do qual a criança está mal
separada. Quando o desenho se constitui para a criança uma passagem ao simbólico, a
produção gráfica se insere num diálogo e vai no sentido através do qual o desenho faz ato
de separação. Ato de separação, sem dúvida no inicio e fim da análise.
No inicio o analista destaca o que num desenho vem a fazer assinatura, trata-se de
uma forma que se repete e que, como por acaso, desenha a letra inicial do nome ou
sobrenome.( dimensão da letra ao nome ou sobrenome) e no fim há a produção de um
universo de novas formas, onde o traço e a letra se encontram enodados de modo
novo.Analista deve privilegiar não a ordem das significações mas o saber onde o desenho
cede à escrita.

O desenho como originária passagem à escritura


A escritura é um traço onde se lê um efeito de linguagem
Evolução do desenho em direção à letra e ao alfabeto, isto é a palavra obedece
um princípio organizador e regulador o rébus. Isto é: tomar cada desenho não de modo
pictográfico ( desenho da coisa) mas modo ideográfico (desenho da idéia). Tomamos aí a
palavra como conjunto de letras composta como rébus. Desta forma o jogo significante
se encontra na palavra ao pé da letra mesmo, isto é o próprio desenho em sua totalidade
pode representar uma palavra ou uma sílaba de uma palavra não é seu significante
unívoco, metonímico mas um outro significante equívoco e metafórico, isto é um
desenho diferente substitutivo do que teria permitido encontrar a palavra
correspondente. Jogar o rébus equivale a brincar com metáforas assim como jogar com
palavras ou fonemas equivale a decifrar rébus ou desenhar metáforas. .
A passagem à escritura é para um sujeito, verdade das visões do jogo da letra no
Outro. Há e regras que toda produção do desenho obedece: precedência do traço formal
(evoca a escritura); serialidade dos desenhos que se repartem em séries características
determinantes, possívelç associação de enunciados que se agrupam em 2 categorias:
descritivas e fabulativas (pág.34 O mundo a gente traça
Teoria de Melman
Goza-se do Outro, corpo infinito organizado e constituído de elementos finitos ,
que são as letras, em posição outra, recalcada, inconscientes. A escritura é um fenômeno
vindo do inconsciente que não esconde os fonemas mas se reconhece constituído por
letras, que suportam um fonema qualquer porque cada um deles comemora e traz
consigo uma perda:a letra é o signo de um gozo faltante , a do Outr. Este signo que ao se
inscrever no Outro enquanto corpo de gozo torna-se o objeto a. Desta letra isolada o o
inconsciente sabe fazer leitura. É uma escrita hieróglifa que se serve de elementos
figurados que não valem como representação mas como elementos de cifragem
literal.Esta escritura é privada e seu alfabeto é singular e se recria sem cessar. Há uma
representação que escapa a essa lei: aquela que equivoca o sexual. È preciso então
interpretar, senão basta decifrar. Esta representação aparece no momento em que falta o
significante que deveria cifrar, quando ele esbarra no enigma sexual. Resta ao sonho
fazer aparecer a imagem simbólica. O imaginário vem, no material onírico, em lugar de
uma cifragem simbólica apropriada para dar conta do enigma do sexo, mas que falta
Elementos simbólicos que podem ser cifrados - decifração
Elementos imaginários que evocam o sexual - interpretação
Desenho da criança como passagem à escritura: inconsciente lê o signo de um
gozo faltante a partir de elementos simbólicos suscetíveis de serem decifrados e de
elementos imaginários que evocam o sexual e logo interpretáveis
Decifração= serie de desenhos (significantes revelados por sua escritura) indicam
o significante barrado por esta série que o recobre(recalca, renega ou forclui) e o
substitui sobre o significado( significante apontado que a série pode permitir decifrar,
revelar)
Quando um significante vem a faltar, e quando o real da sexualidade deixa
aparecer o enigma que lhe faz barreira, o desenho produzido tal como signo da letra faz
escritura destinada a ter lugar de objeto do gozo do Outro.

Como passar da escritura a decifrar para a escritura a interpretar?


Desenho não é só representação (imagem do desenho) mas manifestação de uma
escritura latente a ser decifrada e necessita ainda que passe a palavra (pois desenho e
escritura são heterogêneos a palavra formulada), isto é que ela possa saber alguma coisa
sobre sua escritura. (Freud repres. Palavra está ligada a repres. Objeto por sua extremidade
sensível: as imagens sonoras/ ligação entre os dois tipos de repres. é simbólica, inerente a
atividade associativa do elemento acústico, central na função de linguagem)
Questão com a perversão o desenho é um lugar fechado em que a criança se fecha
sobre o olhar do Outro. O que evita não é perceber as relações do traço com a letra, mas do
traço com a palavra, ali onde ele poderia fazer um endereçamento ao analista e a
mensagem que vem do Outro ser decifrada. Da percepção do traço o falasser passa a um
circuito aberto, pois indexado à troca . Os traços cifrados precisam de um deciframento
para que de um discurso se isolem os significantes

Balbo oito tempos em relação a organização perceptiva e mnêmica: (Do ouvido ao


Olho - Agalma)
1- Percepção: é dado ao pequeno falesser perceber
2 - Inscrição: ele conserva o traço que percebe
3 - Ciframento: esse traço é cifrado, para fazer sentido.
4 - Outro: esse ciframento lhe vem do Outro
5 - Signos: a partir de um sistema de signos que um outro lhe articula
6 - Saber: sistema que a criança pode adquirir
7 - Deciframento: ele pode decifrar ou cifrar esses traços
8 - Troca: encontrar condições de oferecer uma percepção, portanto de cifrar para
que o outro transcreva, após a percepção. Os 4 primeiros são processo primário; o 5º é
hibirdo, os 3 últimos são processo secundário.
Como se apresenta desenhos das crianças: uns após outro, como fonemas das
palavras na frase., sentido só aparece no aprés-coup. Os desenhos se justapõem, ,
combinam, se encadeiam. È possível reparti-los em séries metonímicas. Numa série um
desenho pode apresentar um traço ( uma adjunção ou omissão, subtração de um detalhe,
que o faz singular e heterogêneo com relação á série, significante, isto é potencialmente
metafórico ou já metafórico. Na diacronia apareceria um momento metafórico. Criança
exulta quando descobre.
Desenho não é igual ao sonho. È transcrição por escritura-imagem (feita em vigília
sob Olhar do Outro) de um texto originário, inconsciente
Desenho como escritura, é tomado como letra de um texto- transcrição
Desenho como figuração da escritura, imagem do texto. Imagem que faz tela,
barragem a esse texto. Valor de imagem. Escritura-imagem
Psicose desenho mais perto do signo e longe da imagem , palavra é coisa, o outro
cifra e interpreta o signo interditando jogo pessoal do ciframento e da equivocidade, corpo ,
objeto da percepção, esmagado pelo sentido e por um outro real demasiado interpretante
No perverso os enunciados são em sua maioria descritivos mas não permitem sacar
os signos homofônicos correspondentes que permitiriam desvendar o texto do inconsciente
A criança perversa desenha e mas nada é verbalizado ou verbalização que situa o
analista como parceiro. O desenho não aparece como uma percepção oferecida, que
constitui uma mensagem que pode ser decifrada, portanto num regime de troca, porque fora
do ouvido não se estrutura o J`ouie-sens. Há traço mas pouco ciframento, possui código
insuficiente porque sistema de signos é enfraquecido. ???? Perverso não articula um
discurso sobre seu texto. Não se angustia, não se dirige ao analista, não faz enigma. Se ele
produz é para fazer censura do texto escrito pelo desenho ou para comprazer o analista
( censura ou resistência do mesmo modo): ele enuncia um outro texto que não aquele que a
produção escritural pode revelar, o texto enunciado deixa mudo o desenho.

O Gozo é sempre falho: o imaginário escritural é para o sujeito ilusão de chegar a


este gozo.Por isso perverso se aferra ao desenhar se esquivando da fala que poderia situa-la
como leitora e instaurar um processo de perda para que os desenhos se tornem
significantes. O PERVERSO NÃO REcUSA A LETRA RECUSA O SIGNIFICANTE.
Ao se pedir para a criança falar dos traços e retraços do seu desenho, ou do na vida
antecede a produção gráfica, ela faz silencio, é lacônica ou então enuncia um texto que
encobre o original: ela se recusa a falar sobre o desenho como escritura, sair do efeito
imaginário do desenho para que a articulação metáforo-metonínmica surja, porque
implicaria em ler sua escritura singular. Se fazer leitor é se fazer sujeito e o perverso se
consagra a ser instrumento do gozo do Outro.
Porque uma criança não fala? Porque colada ao Outro, fica sem voz. Mas na criança
perversa mais do que sem voz, é a recusa de que ao falar, leia e letra e essa caia, tirando-a
da posição que tampona a falta no Outro materno e o perigo vem a ser se deparar com a
angustia de castração. Falar implica em situar o lugar do Outro onde isso fala e põe questão
para o sujeito, ali onde o significante espera a leitura, e neste nível se situa o sobrenome.
Criança quer levar desenho para casa porque letra de que seu desenho faz escritura
não foi lida. Furor porque aquele que a recebe vai gozar do poder da letra.
Uma criança não aprende a ler e escrever mas passa primeiramente pela escritura,
recalque originário. Ela escreve suas primeiras letras para que o olhar e a voz do Outro a
deixem. Garatujas. Vai para o lixo o objeto que faz demasiada presença da Coisa.
Sem. Os Nomes do Pai : O objeto a, é este olho que, no mito de Édipo, é
equivalente ao órgão a castrar. Perverso que arrancar o olhar do outro, o sujeito desejante,
quando o sujeito por algum incidente provocado pelo outro, a imagem dele no Outro
reaparece para ele, privado do se olhar que define toda a trama, a cadeia na qual o sujeito
estã cativo na pulsão escópica, daí a angustia ????? O que surge não é o objeto enquanto tal
mas a letra
Na perversão há uma tentativa de apreender o próprio objeto a enquanto situado no
Outro, ali onde o sujeito confunde o objeto a com o gozo do Outro.
A história do Golem o saber está dominado e articulado pelas necessidades formais
da escritura: relação entre o manejo da escritura e a questão do gozo pois dá um saber da
morte. Emet /Verdade – Met/Morte. Golem companheiro de Deus no ato criador, não tem
alma e não fala. Adão fala porque separado do ato criador, isto é da cena primitiva.
Metáfora paterna ao exclui-lo dessa cena, permite falar em seu nome- perda de um saber
enquanto saber do Um= perda do gozo do UM. Rabino escreve palavra Emet A letra
inscrita é a garantia de que não será morto por aqueles que lhe prometeram o massacre. O
Golen (o sem forma) não traz nenhum conforto para os judeus mas sim uma relação com o
Gozo do Outro, pois dá um saber sobre a morte. Golem os defende contra o inimigo,
fazendo com que a morte nunca venha dele, a morte só virá de Deus. Se a morte vem de
Deus, ela dá acesso ao seu saber, enquanto saber sobre a criação, saber proibido. O Golem
não tem alma, não fala, a palavra Emet lhe dá vida e exclui Met, ao nível do Olhar.O
significante Emet representa o sujeito para o significante Met. A verdade representa o
sujeito para a morte. A escrita na fronte da estátua é o que vem no lugar da falta, para dela
fazer engodo, como complemento da falta. Golem é homogêneo da letra Aleph. Se tira esta
letra aparece o Met. Deus insuflou-lhe, alma, e a criação tornou-se gigantesco a ponto de
invadir e destruir tudo, tendo que ser destruído ) ao insuflar a estátua, um espírito maligno
aí se instalou e o alienou á sua adoração. Estátua feita só para olhares põe descendência
fora da lei e da linguagem. Golem ou Adão
A letra Aleph nunca aparece só, porque não tem vocalização, é impronunciável. Se
Deus está morto é porque não se pode dizer seu nome. Emet remete o sujeito para Met pela
queda desta letra que vem dizer ao sujeito sua impossibilidade de invocar o nome do pai a
não ser morto – o pai simbólico. O Aleph como letra tem valor numérico, Emet representa
o sujeito junto a Met na qualidade de menos um, o sujeito aparece como menos umA posse
da letra feminiza. Através do jogo da letra e de sua contagem como menos um, a questão
feminina se encontra presa na lei e na significância fálica. Para o homem não há outro falo
senão a mulher, e é por isso que Lea não existe. O Rabino não escreve o Aleph na fronte
do seu Golem com o objetivo de instaurar uma letra que, ao tapar a falta de gozo daria
acesso ao saber do Outro, (perverso sim?) mas porque é a única letra que, segundo seu
jogo, permite uma referência à significância fálica.

Golem faz escritura da letra proibida ao olhar que ele carrega na fronte. È preciso
ouvir no real o que a não leitura da letra deixou fora de simbolização. O gozo da letra
feminina. Ler implica uma perda, como única condição de inscrição na lei simbólica, perda
de vocalização de uma letra.. A leitura da letra Aleph faz cair a voz e olhar do Golem. Não é
o Golem que está em posição de semblante de objeto a, mas a perda de sua voz e olhar.. A
leitura da letra Aleph reduz ao que ele : um dejeto, uma voz que se perde, um olhar que se
vela. O Rabino, como o analista, faz com que no lugar do S1 se produza o significante
Met e no lugar de S2 cenha o significante Emet que, como saber que testemunha o gozo do
Outro, não pode senão se semi-dizer como verdade. O discurso do analista se organiza de
um corte radical entre S1 e S2, permitindo que o sujeito se subverta de des-ser entre a
verdade e a morte.

O desenho como função de escrito permite enganchar a fala de uma criança a um


final de análise outro que a de uma promessa de sucesso em sua vida adulta. Tomar o
desenho como escritura permite encarar o final de análise com crianças a partir da questão
do gozo, o que implica em conduzi-lo a partir desse limite, ao principio do prazer, que é seu
além. É a distância do sujeito do Das Ding (bem absoluto que é o Mal pois escapa à lei
fálica que inscreve a falta) que permite a fala.

Neurose : Se a criança vê a letra da sua escritura ele não a lê. Ver a letra, é ficar
alienado ao olhar do Outro. Ler é introduzir o corte necessário, através do qual cai não só a
letra mas o olhar do Outro. Silencio diante dos desenhos, mutismo, porque isso o olha
Presentificação do desejo é o desejo do Outro O Outro terrificante exige que o gozo do
poder da letra lhe seja restituído.

A perversão polimorfa não é a perversão, ela ocorre no 1º tempo do Édipo quando a


criança identificando-se como falo, ainda sob o império da crença da completude, busca um
gozo pulsional que não escolhe objeto para se satisfazer; enquanto a perversão fixa seu
objeto na satisfação Esta se dá por um disfuncionamento da função do pai., no 2º tempo do
Édipo, aquele que engendra a castração como limite paterno à mãe.
A criança perversa não entra na cena analítica por um sintoma, entendo-se este
como a incidência do significante no corpo, o significante como causa do gozo, é fonte de
libido sobre o corpo, vivificando-o . O sujeito perverso não demanda alívio para o seu
sintoma, pois consagrado ao gozo somente se mobilizará quando algo vier a atrapalhar o
seu gozo. O que há de sintomático nesta posição subjetiva é a condição servil ao gozo, ser
instrumento de gozo.Ele quer gozar e continuar devoto do gozo, portanto seu sofrimento é a
reivindicação do direito ao gozo. Se ele entra por essa via em, análise, o analista corre o
risco de ser cúmplice.
Esperar que um perverso apresente um sentimento de culpa a partir do qual se pode
supor um sujeito capaz de responsabilizar-se pelo que diz e faz, não é a entrada comum em
análise; pois essas crianças são trazidas por se constituírem como obstáculo ao gozo do
semelhante e ao mesmo tempo como fonte de tormento e sofrimento.
Em perversos adultos, um forte sentido moral, pode leva-lo a demandar análise,
movido pelo sentimento de culpa, (pedófilo/ culpa pelo câncer da mulher) mas que por
outro lado é o que o situa no lugar de reivindicador , reinvindicação que está sempre no
campo do seu direito ao gozo. A perversão está no campo da linguagem , no campo do
pensamento inconsciente, o encontro com o analista pode vir ajudar o sujeito cujo desejo
em desarmonia com o seu gozo, deter a vontade de gozo. Como deter a pulsão em busca de
satisfação, ou como situar uma insatisfação ao lado do gozo.
No seminário IV Lacan inverte o aforisma freudiano e propõe: A perversão é o
negativo da neurose”. O que o neurótico vivencia no registro da fantasia, o perverso põe em
ato. O neurótico imaginariza a fantasia para se proteger dela, coloca-la a distância,
enquanto o perverso coloca em ato atualizando segundo sua própria lógica. O ato é uma
realização da fantasia onde o sujeito se coloca em relação direta com a função do gozo
porque no seu ato ele se identifica com o objeto a . Vê-se isso no masoquista ele se faz
trata como um dejeto, um trapo, um nada.(Guy Clastres, pág.10). Enquanto o neurótico se
encontra em uma posição subjetiva em que ignora, ele não pode subjetivar sua relação com
o gozo, confessá-la a si mesmo, o perverso se sente muito a vontade com seu gozo: isto é
ele sustenta seu desejo como vontade de gozo.Isto é o perverso sustenta seu desejo pelo
gozo, e sustenta sua vontade de gozo pelo ato. O ato perverso pelo qual ele pode aceder ao
gozo, ato (voyeur,masoquista, exibicionista, sádico) que implica a transposição de uma
barreira. O mecanismo subjetivo para sustentar seu ato é a verleunung – o desmentido. Na
função do desmentido há uma relação com a verdade. Só se desmente a verdade em nome
da verdade No funcionamento subjetivo perverso, o que está em questão é a castração
feminina, isto é a castração materna. Reconhece e ao mesmo tempo desmente-ª
Na análise, é através da repetição da demanda que elabora a relação da demanda
com o desejo. O perverso não demanda por que só se interessa pelo desejo para gozar,
apagar as marcas.
O perverso não demanda análise e não faz apelo ao SsS. A transferência só se
instaura quando se demanda uma análise ( relação de amor em nome do saber)Esse
amor é uma atualização da realidade do inconsciente. O perverso não visa o saber, no
seu ato ele se opõe ao saber, ele se opõe, como sabendo a verdade de seu gozo. Este
saber se manifesta pela encenação do que pode permitir a realização do gozo. O perverso
constrói todo um cenário para cernir o momento do gozo. Para realizar esta encenação o
perverso edita uma lei, um contrato, que organiza e à qual seu parceiro deve
absolutamente se submeter. Na encenação perversa não há lugar para associação livre,
não há intenção de falar. È que o contrato tem força de lei., lei destinada a sustentar sua
vontade de gozo. Ele não se interessa pelo NP, ele está diante do desmentido da castração
materna, designando-a e ao mesmo tempo enganando-a pelo seu ato O perverso se
sustenta do desmentido para por em ato sua fantasia.Sua relação subjetiva com o ato é
inteiramente sustentada pela função do desmentido..(Clastres, pa. 8-9). A colocação em
ato da fantasia quem faz é o perverso.
Masoquista pede maltrato ao Outro para privilegiar na sua subjetividade a
função de gozo. Ele se faz tratar como cachorro segundo sua vontade. O sádico no ato
não é o sujeito, o sádico é parceiro, instrumento de um mestre, um senhor que dirige a
encenação – o masoquista.Lacan diz eu o sadismo é uma denegação. A verdade do
sadismo é o masoquismo.No seu ato o perverso organiza como um diretor teatral, é uma
organização voluntária.
Neurótico não transpõe limite: gozo do olhar fixado sobre a forma acocorada de
uma mulher no Hlobos – traço perversão ponto fixo de seu gozo. Resto de gozo que pode
passar ao ato

O perverso realiza a fantasia em ato. Isto é: o desejo se faz vontade de gozo no


momento em que tenta desmentir a castração materna.A mãe sem pênis é uma afirmação
verdadeira, mas que adquire valor de falsidade para o perverso. Ele faz uma eleição pelo
objeto, no fetichismos se manifesta por uma certa relação com o além do desejo da mãe,
identificando-se imaginariamente com ela, e no travestismo com a identificação com o falo,
escondido sob as vestes materna. Esta relação se dá no segundo tempo do Éipo, em que o
pai real, como privador não atua sobre a mãe. VERIFICAR PRIVAÇÃO . Privação real de
um objeto simbólico
Na perversão masculina o motivo imaginário é o desejo de preservar o falo na mãe;
o fetiche vindo preencher a função do falo que falta na mãe, encobrindo a ausência.
A criança perversa traça as linhas de seu desenho em silencio ou com uma fala que
encobre e apela ao analista como parceiro de seu gozo
A mãe do perverso não é uma mãe sem lei, ela não se põe em posição de desafiar
sem cessar o mestre, propondo seu saber O Golem na perversão é o gozo da mãe, da qual
criança se faz instrumento.???
Desenhar é escrever uma letra, mas escrever não é envia-la, envia-la implica sua
leitura, este é o desafio na perversão
Como permitir que o objeto a que é o núcleo elaborável do gozo torne suscetível de
elaboração da condição do vazio?
Lei interdita e abre opção para o falo, isto é: a imagem do pênis é negativizada em
seu lugar na imagem.especular. O falo vem então a dar corpo ao gozo na dialética do
desejo. Simbólico= sacrifício Imaginário= vela e dá seu instrumento
Na fantasia o sujeito desaparece, se sustenta do objeto a: o olhar ineliminável. O
sujeito está no traço do corte
A intersecção do Penso e Sou equivale pela lei de Morgan ao reunião da negação
dos dois elementos: Ou não pensou ou não sou. Não penso, ajo – passagem ao ato. Não sou,
penso - acting-out. Com a fantasia a alienação – Eu não penso ( a opção menos má para o
sujeito) é posta em relação com o objeto a de um modo que redobra através (e de dentro)
dessa própria relação com o objeto.O objeto a torna-se com a fantasia o que causa a divisão
do sujeito. Há uma solidariedade entre objeto a e divisão na fantasia, nela se inclui a
alienação inicial ( em que estão as condições do íntimo do sujeito como ter um corpo) para
incluir as fantasias de onipotência ligadas a aquisição da linguagem. A exploração da
fantasia permite também captar o falo, o que inscreve de real na fantasia. Falo é e não é
Npai. Lógica da fantasia se articula dois pontos reais: Falo e objeto a.
Na fantasia Bate-se o objeto a é captável em seu aspecto de objeto de pulsão parcial
como olhar ineliminável ( 4 objetos: o da sucção, da excreção, voz e olhar). Mas o objeto
não se reduz a isso, é também o objeto primeiro que resulta do primeiro corte, e que se
encontra na outra face da fantasia que é ter um corpo. Há uma solidariedade destes
diferentes aspectos – o resto. O resto é uma função ( o que resta mais além, inatingível) e
o resíduo do gozo ( o objeto no sentido corrente do termo). È esse objeto a que se torna
solidário da divisão do sujeito. A fantasia e seu objeto podem vir a servir a função da causa
do desejo (Causa do desejo como causa material) . O bater divide o sujeito entre o olhar e o
que fica perdido. Fantasia na perversão serve de defesa contra o desejo através da vontade
de gozo ( desejo insatisfeito na histeria, etc..) è o resto ( no sentido de resíduo) do gozo que
constitui suscetível de servir, para o desejo de logro, no sentido próprio, isto é, de suporte
onde o desejo pode vir a pousar sobre uma outra coisa que não ele mesmo.O que para um
sujeito , o aceso da fantasia permite como estratégia em relação ao desejo passa pela
utilização da causa do desejo assim entendida. A noção de causa do desejo supõe a
ligação entre o desejo e o objeto . Na fantasia também pode-se ver a ligação entre o falo
e o objeto a . A guinada do aspecto defensivo da fantasia para sua utilização como causa
depende de que se estabeleça ou se reforce em um lugar de uma não relação ou de
confusão.
Na lógica do fantasma, Lacan propõe a relação entre o falo e objeto a por meio da
relação no sentido matemático de razão. O falo como unidade em jogo na conjunção sexual
e o objeto a como resto do processo de divisão tem uma relação de incomensurabilidade:
uma grandeza incomensurável cuja razão pode ser calculável. Falo + Objeto a = 1 + a = 1/ª
Este cálculo ( série de Fibonacci) permite situar os modos como o Falo e o objeto a podem
se combinar sem se confundir no que constitui a causa do desejo 1 / a em que a barra
da fração tem a capacidade de representar separação articulada na e pela castração. A
equação 1 + a = 1 / a quer dizer que a causa do desejo é equivalente a castração.
Lendo a fórmula da esquerda para a direita temos que a divisão do sujeito,
redobrando-se em incomensurabilidade na fantasia, é suscetível de se tornar
castração. No outro sentido revela que a castração estabelece um vínculo ali onde
parece não haver nenhuma. Ao passar de um lado ao outro da equação os termos
mudam de sentido: O falo, de unidade implicada na conjunção sexual torna-se órgão
da falha mesma dessa unidade. O objeto a também se transforma, mais precisamente
se esvazia,oque corresponde a encontrar no próprio objeto o que Lacan diz ser o fio
da análise: safar-se do gozo.
A primeira questão é elucidar qual é o gozo em jogo na fantasia e depois determinar
como para um sujeito a questão do gozo é suscetível de ser transformada pela fantasia e
sua utilização.
O Perverso busca apreender o objeto a enquanto situado no Outro, de colhe-lo ali,
quando se trata de uma Eurídice duas vezes perdida. Ele confunde o objeto a com o Gozo
do Outro, Confunde com o resto como resíduo do gozo. Ele pode parecer ser capaz de fazer
retornar o gozo inicilmente perdido como gozo do Outro, quando a perda aqui não implica
em que o gozo perdido tenha sido atingido inicialmente. A raiz do objeto a aqui é o que
teria sido atingido se , trata-se do gozo que teria sido aquele de ser o próprio sujeito o
objeto que satisfaz a pulsão quanto do gozo que seria o da onipotência da palavra, se essa
onipotência existisse. Na perversão o objeto a , núcleo de elaboração do gozo, não é
suscetível de elaboração na condição de vazio. Isto é inscrever o que há de real n fantasia,
o irrenegável do a que responde à não- relação ( com o Falo e o Nome do Pai no sintoma
do neurótico)
Mã é onipotente porque satisfaz necessidade e assegura capital de gozo além da
satisfação das necessidades. Em se fazendo desejo do desejo do Outro, a criança transforma
o Outro onipotente em Outro faltoso. A criança está identificada com o obeto fálico
suscetível de preencher essa falta. Criança adere à auto-suficiência materna como única
dimensão legiferante na ordem do desejo e recusa a diferença dos sexos. A intrusão da
figura paterna faz cair a certeza imaginária dessa identificação fálica. A função paterna só é
operatória sob a condição de ser investida como instância simbólica. Na dinâmica edipiana
é sob a figura do pai imaginário que a criança o representa para si mesmo na economia de
seu desejo e através do discurso que a mãe pode lhe dirigir a respeito dele (lugar e pólo das
projeções da criança e das projeções significantes da mãe) que ele irrompe como elemento
perturbador suscetível de fazer vacilar a certeza de sua identificação fálica. A trajetória
seguida aí quanto a diferença dos sexos se dá no plano imaginário antes de ser sancionado
pela simbolização da castração. Essa intrusão paterna sob a figura do pai imaginário só
pode induzir a vacilação da identificação fálica da criança, na medida em que esta
pressente no discurso materno, que a mãe se significa como um objeto potencial do desejo
do pai. O pai imaginário fantasiado pela criança lhe aparece como concorrente fálico, rival
da criança junto a mãe. Assim a questão s coloca: ser ou não ser o falo. (Sem V, 22/1/58) A
criança apreende duas ordens de realidade que vão interrogar seu desejo: se dá conta de que
o objeto do desejo materno não depende exclusivamente de sua própria pessoa e descobre
que a mãe é faltosa, em nada preenchida por ela própria identificada ao falo. Daí a
importância das mensagens significantes nesse momento decisivo que permitirão a criança
promover o desdobramento do seu desejo.
O perverso o desdobra numa direção que se obstrui por falta de significantes
conseqüentes para lançar mais adiante a questão da diferença dos sexos.
Por detrás da figura paterna se perfila um universo de gozo novo, estranho e
proibido, do qual a criança está excluída. Este constitui o esboço de um saber novo a
propósito do desejo do Outro. Isto ocorre porque o discurso significante materno deixa
em suspenso o questionamento sobre objeto do desejo da mãe que essa questão impele a
criança a levar a interrogação mais além do lugar em que sua identificação fálica
encontra um ponto de parada. Na criança perversa a questão da identificação fálica se
enquista num modo particular de economia do desejo, organizando a estrutura
perversa. Ela se cristaliza em torno de alguns indícios, testemunhas do desejo que
encontrarão depois suas vias de expressão.
È esse ponto de parada no desejo em torno identificação fálica que incidirá no jogo
da estrutura (do perverso) fixado no nesse ponto de báscula que pode ou não precipitar
rumo a etapa posterior de assunção da castração. O perverso não deixa de assediar a
castração, mas sem jamais se ver como parte dela isto é assumir a parte perdedora de si
mesmo que é precisamente falta a ganhar. ( CARA EU GANHO, COROA VOCE PERDE).
O perverso se fecha na representação de uma falta não simbolizável dominada pelo
desmentido da castração materna, recusando a castração simbólica cuja função é fazer advir
o real da diferença dos sexos como causa do desejo no sujeito. O pai não pode ser
despojado de sua investidura de rival fálico sem a intersecção do significante da dalta no
Outro, que convida a criança a abandonar o registro do ser em benefício do ter. Ora o pai do
perverso não parece como aquele que detém o falo que a mãe deseja, é essa atribuição
fálica que confere a autoridade de pai simbólico embaixador da lei e da interdição do
incesto.. È essa instância mediadora que o perverso nada quer saber pois é o que permite
reconhecer e simbolizar alguma coisa da ordem da falta no Outro.
O perverso desmente: como a mãe faltante só deseja o pai porque tem o falo basta
provê-la imaginariamente desse objeto e manter essa atribuição para que sejam
neutralizados tanto o real da diferença dos sexos como a falta que ele atualiza.Ele
contesta a lei do pai(que legifera o desejo) no mesmo tempo que reconhece.Ele
confunde renunciar ao desejo e renunciar ao objeto primordial de seu desejo.Ora, só a
renuncia ao objeto primordial do desejo é a condição de salvaguarda da possibilidade
do desejo. O pai por sua mediação situa o direito ao desejo como desejo do desejo do
Outro. O perverso permanece cativo de uma economia desejante que o priva desse direito
ao desejo. Ele se exaure em demonstrar, o contrário, que a única lei que reconhece no
desejo é a lei imperativa do seu próprio desejo, e não a do desejo do Outro. Como o
desmentido incide sobre a questão do desejo da mãe pelo pai, o perverso se condena a
suportar os tormentos do horror da castração. Relação estereotipada com a mãe e com as
mulheres. Mantém com isso a possibilidade de gozo que se libertaria da diferença dos
sexos como causa significante do desejo, não tendo outra saída senão aderi ao desafio da
lei e á sua transgressão.
O horror da castração se realimenta de duas séries de produções psíquicas
imaginárias relativas à castração da mãe (e das mulheres) e do desejo da mãe pelo pai.
Se a mãe não tem pênis é porque foi castrada pelo pai, este é portanto responsável por
uma castração real. É o agente que forçou a mãe a se comprometer na falta do desejo
impondo a lei iníqua que pretende que o desejo de um esteja sempre submetido ao desjo
do outro. A mãe é culpada por ter se comprometido ela mesma com o pai ao desejar seu
desejo: ela é cúmplice da castração.Em reação a esse horror da castração o perverso lhe
opõe uma construção imaginária que contribui para manter a mãe onipotente no reino
do desejo. A fantasia de uma mãe não faltosa neutraliza a incidência paterna (e a
diferença dos sexos) e permite a ele próprio comportar-se como substituto do único
objeto do desejo que a faz gozar. Isto conduz a certas estereotipias em face da lei, das
mulheres e homens junto aos quais seu desejo é interpelado.
O que conduz precocemente a criança a revestir a couraça dessa fantasia que lhe
permite escapar de assumir a castração é a cumplicidade libidinal da mãe e a
complacência silenciosa do pai. A sedução cultivada junto à criança, clinicamente um
apelo libidinal da mãe às solicitações eróticas de seu filho. Ele acolhe as respostas da
mãe como provas de reconhecimento de seu desejo e de encorajamento a seu prazer. A
criança percebe aí uma incitação real a seu gozo mas a mãe permanece muda sobre o
sentido da intrusão paterna e do desejo que ela supõe.A mãe não confirma nada do seu
engajamento de seu desejo junto a ele, mas tampouco desmente sua eventualidade junto
à criança. Essa ambigüidade atiça atividade libidinal da criança que se esforçará por
seduzir cada vez mais o objeto de seu gozo na esperança de suprimir a dúvida sobre a
instância paterna que essa incitação materna convida a transformar em derrisão, que
estimula a criança ao desafio. A criança permanece então cativa da sedução materna e
da proibição inconseqüente que ela lhe significa no faz-de-conta, prescrição de um
verdadeiro convite à transgressão..
A ambigüidade materna recebe em eco, reforço na complacência tácita de um pai
que se deixa de bom grado despojar das prerrogativas simbólicas que lhe pertencem,
delegando sobretudo sua própria fala á da mãe, com todo equívoco que essa delegação
supõe. Na perversão, a criança está confronta com um desejo materno referido ao pai
como simbólico (submetido a lei do desejo do outro), é a significação que recebe dela que
não é transmitida pela fala do pai à qual a mãe se submete.A complacência paterna
reforça o equívoco e autoriza o discurso materno a se fazer embaixador da
interdição.Essa delegação aprisiona a criança entre uma mãe ameaçadora e proibidora,
leva-e-traz da fala simbólica do pai e a mãe sedutora, que encoraja o gozo da criança
transformando em derrisão a significação estruturante da lei do pai.
A alienação da criança nessa ambigüidade reforça a fantasia de uma mãe
onipotente que é a mãe fálica que ele não renunciará. Relação do perverso com
mulheres, e alguns homens, em que encarnarão a representação de uma feminilidade de
face dupla: mãe não faltosa e castrada, imagem da virgem com odor de santidade e puta
repulsiva. A mulher representa de um lado, a mãe fálica idealizada que protege, o
perverso contra a mãe como objeto do desejo e de outro lado metaforiza a mãe repulsiva
e abjeta porque sexuada. Encarnando o ideal feminino, a mulher é investida como um
ser onipotente e virgem de todo desejo e por outro lado é repugnante porque é desejante
e desejável em face do pai, puta, objeto imundo oferecido ao desejo de todos, já que não
está exclusivamente reservada ao desejo próprio do interessado. Esta encarnação
feminina remete o perverso ao horror da castração e à repulsa que ele desenvolve em
relação à abjeção do sexo feminino castrado e fantasiado como ferida hiante. A mulher
desejante e desejável é perigosa e ele deve fugir - vagina dentada capaz de mutilar o
pênis, ou criatura que deve ser sadizada como objeto infame condenado aos maus tratos
quanto mais é possível gozar de seu caráter repugnante.
Perverso demonstra há relação sexual recusa do Não há.. Para isto, na fração x/y , o
objeto é fracionado, e é sobre ele que incide o fracionamento o objeto-parte objeto como
parte, como resultado do fracionamento, ou seja o objeto fetiche. O a que poderia reduzir o
1 a ficar sem resposta, deverá cair, aparência de não relação sexual, demonstra que não há
perda.
Perverso é metonímia do que a mãe deseja por não o ter e não metáfora de seu amor
pelo pai.
A instauração do fetiche é assimilável a interrupção da recordação na amnésia
traumática, elege-se como fetiche a última impressão antes do estranhamento inquietante, o
traumático, a última parte do corpo observado antes do descobrimento da falta de pênis. O
fetiche condensa a intensa curiosidade (desejo de ver) e o resto que não deve ser visto
estigma indelével ( espécie de marca ou tatuagem) que se manifesta por um sentimento de
temor. È um monumento erigido a angustia de castração: lembrança e recalque. Eu vejo
que a mãe está castrada mas faço de conta de que não está. A construção do fetiche decorre
da clivagem do eu por isso carrega essa duplicidade: é veiculo pelo qual nega e afirma a
castração.
O objeto fetiche é detenção-na-imagem. (função imaginária – especular) mas tem
também recebe uma função do simbólico.
Lacan esclarece O objeto parcial não é só parte ou peça separada do dispositivo
que se imagina aqui o corpo...enquanto selecionado nos apêndices do corpo como índice do
desejo, é já expoente de uma função..è restituído ao campo do Outro em função de
expoente do desejo do Outro(Daniel Lagache, 682). Objeto aqui é situado em sua dimensão
de falta. O fetiche é o significante da lei – do gozo – que aparece no real como objeto. È a
versão material do objeto a , o que na posição perversa, funciona como condição absoluta
do desejo. O fetiche adquire a função estrutural simétrica do sintoma para a neurose, o
fetiche é oferecido para uso. Seu paradoxo é que faz a lei cumprindo por isso mesmo na
prática (fetichista) a negação da castração e fazendo-o significante do desejo - o que
equivale colmar a plenitude imaginária da mãe; transforma a lei significante em lei objeto,
realizando o fantasma ( idéia do fetiche como quase alucinação)

No travestismo o sujeito se recobre, se rodeia, se reveste manifesta a identificação


com a mãe, enquanto ela tem necessidade de ser protegida por uma envoltura. Ele
manifesta que o falo está por detrás do véu, que está envolto, inclusive cadaverizado, na
pessoa que o encarna.
Nas perversões o falo só pode funcionar enquanto velado, oculto, inacessível,
senão perde seu valor.Mas a envoltura, a cortina devem se entreabrir-se periodicamente
para produzir a revelação, porque ele sabe que é um engano; chamariz o perverso obtem
que se ponha algo de si, situação na qual o outro no lugar de ser promovido a falo
imaginário é rebaixado a um objeto a. A perversão se sustenta no ideal de um objeto
inanimado. Ele se nutre da angústia do outro., angustia produzida por um modo de trabalho.
È possível que a angustia o acosse, o perverso identificado por um borde com a mãe
envolta sem castração corre o risco, como falo materno, de ser separado dela, isto é quando
surge o risco da castração imaginária.
Questão do perverso é com a verdade: Com que ouropéis nos vestimos? O que me
prova que você não é um impostor, um disfarce? Ele sabe que não garantia final então
Porque não eu? – converter meu desejo em lei, sendo que toda lei procede de algo
arbitrário.
Homem tira fotos de um mulher, sua amante, cuja relação era secreta: garrafas
penetradas, seios apertados por objetos, estranguilamento quase até a morte, parte feminina
penetrada por ferramentas,.Coleciona fotos de partes femininas fraturadas, , penetradas,
feridas por ferramentas, feridas abertas ou com instrumentos cirúrgicos. Fantasia: Forçar a
epiderme, passar ao interior, romper suas parceira, abolir seu pudor , instalar-se em sua
intimidade mais secreta. Contudo ele vivia com outra mulher que ama o com a qual não
tem relação de penetração que ficava numa angustia insuportável, da qual ela achava que
ele se alimentava, pois exigia renuncias, sacrifícios, , entrega total, abdicação do pudor
moral, ligação exclusiva e devoção total com a pessoa dele. Para a perversão onde se ama
não se deseja, como para a neurose. Tudo que com a primeira mulher se oferecia a vista
assim como nas fantasias correspondentes tem tradução ponto por ponto no estilo de sua
relação com a segunda – modo transferencial. Angustia sobrevêm quando primeira mulher
arruma amante que a tira do mundo inumano. Como era o único que gozava dessa mulher
imprimiu a relação um caráter inhumano, agora que outro goza dela, nesse interior ele pode
jogar coisas. E demais ela vai embora. Sonha: ela estendida com as pernas separadas, uma
vela acesa na vagina, mas não se queimava.. eis a luz que buscava fixar nas fotos: um falo
ali onde está a vagina, falo feminino para iluminar sua existência. A Ausência da mulher
revelou o que buscava nela: a prova de que a mulher não está castrada. Com instrumentos
em forma de garrafas,pinças, bisturis, ferramentas, as fotos eram a prova de que se
identificava com a mulher enquanto que para essa mulher, o ato sexual toma valor
destroçamento, fraturador, e que ele mesmo se mantêm nessa posição oscilante entre a
identificação com a mulher enquanto fraturada e vítima fálica, objeto de sacrifício, e a
identificação com o fraturador, o verdugo. O furor sobreveio quando podia gozar ela,
golpeia a exclusividade, o segredo, rompe o contrato, qual o valor que ele tem? Ela degrada
sua pessoa. Kant com Sade: a mulher é depositária de um segredo inconfessável, secreto, o
qual não deveria se rebelar ou criticar, deveria como tal oferecer em sacrifico toda sua vida
ao depositante. Quem redige o contrato, além de enunciar os termos, recorda ao par que
aceitou sua fidelidade enquanto depositário. O impudor de um basta para constituir a
violação do pudor do outro. O difícil da posição perversa não é tanto obter que o parceiro
consinta na sevicia como enunciar o consentimento em seu lugar mas instalar-se mediante a
ruptura do pudor do sujeito, no ponto mais delicado e íntimo para depois desde esse lugar
monopolizar finalmente sua vontade: isto é converte-la em instrumento aviltado, degradado
e submisso. Se encontra assim um dos aspectos verídicos do fantasma , de realizar rupturas
e intrusões diversas na pele e os orifícios do parceiro com o fim de chegar a uma
verdadeira fusão.

O perverso deixa de lado o próprio desejo e só invoca a referência a lei, que não
é sua. Quando o gozo se petrifica nele, se converte no fetiche negro em que se reconhece
a forma claramente oferecida em tal tempo e em tal lugar ..., para que se adore nela o
deus. : Ele se faz instrumento. (Kant com Sade),não atuando em seu próprio nome, mas
invocando a lei do Outro, que assume por adesão e com devoção. “Não sou mais que
instrumento de sua vontade”. O instrumento assimilado ao objeto a substitui o prazer
indica aquilo pelo qual o perverso pode invocar seu sofrimento na petrificação que é a
sua. E não faz mais que esquivar o reconhecimento de sua divisão pessoal para que ela
seja reenviada desde o Outro. Por isso os perversos são tão pouco acessíveis aos
impedimentos, a perda, as renuncias ou a contenção: fazem passar a divisão ao Outro e
aos outros.
Para Freud a diferença neurose perversão se resolve pela dialética edipiana Lacan a
situa no sentido de dar como resposta o desejo da mãe a identificação com o falo da mãe.
Se identifica ao falo e crê ser o objeto do desejo da mãe (Escritos pa.g554)

A Verleugnung como mecanismo que dar conta de uma especificidade numa


estrutura pode ser uma pista para o diagnóstico mas não suficiente, Lacan menciona raras
vezes. Pelo lado do desejo também não se encontra também uma demarcação, ele afirma
que a perversão acentua apenas o desejo do homem (Escritos, 823) e mais tarde quando
elabora objeto a , busca a perversão do lado do fantasma: Só nossa fórmula do fantasma
permite fazer aparecer que o sujeito se faz instrumento do gozo do Outro(Escritos, 823). O
que não quer dizer que através do fantasma se possa distinguir ambas estruturas.
No sem. Lógica do fantasma, Lacan situa a vertente do desejo e do gozo e faz a
diferença em outro lugar: entre ato perverso e ato neurótico, pondo o gozo do lado do
primeiro e destacando que o neurótico “toma de empréstimo o fantasma perverso” e o faz
para sustentar um desejo desfalecente.
Para o perverso o fantasma não desempenha o mesmo papel que para o neurótico
pois para ele o fantasma está relacionado ao ato sexual e não com o efeito do desejo: o
objeto na perversão está no lugar da causa

Homossexual: excessiva ternura e apego erótico à mãe: Leonardo “minha mãe


esmagou minha boca com uma infinidade de beijos apaixonados” em cuja eleição de
objeto ele amaria os jovens como foi amado. Lacan distingue a Mãe do Amor da Mãe do
desejo, na figura da tia que nele uma perturbação que fixou para sempre, como objeto
erótico, a criança que era ele no olhar clandestino desta tia (Juventude de Gide, 733). Esta
duplicação traz a particularidade do Édipo de Gide: a separação de um amor alheio ao sexo,
unido ao dever e a santidade e, por outro, o sexo tomado da criança que ele foi e que, por
este fato, o reduz o falo significante ao órgão não negativizado em seu gozo (sua leitura de
Goethe aos 18 anos). A posição adotada frente a castração da mãe traz uma particularidade
da metáfora paterna que Lacan explicita mediante a disjunção do amor de uma mãe
inteiramente orientada mais além do pai real, até Deus e a criança, e o desejo em oposição a
lei que caracteriza a tia adúltera e sedutora. Disso resulta a separação do objeto do amor na
pessoa de Madeleine, sua mulher, anjo assexuado, e com respeito ao objeto do desejo, o
jovem safado com o qual só é possível um gozo masturbatório. Certos homosexuais se
consagram ao amor da mulher na vertente da sublimação, como recordação dessa mãe
cuja castração renegam e desejam a criança que eles mesmos foram, fetichizando no pênis
de seus parceiros o falo que eles mesmos foram para sua mãe.
Neurose e perversão diferentes estratégias frente ao narcisismo: O neurótico
sustem a falta imaginária no corpo que atribui ao Outro, abrindo-se a demanda;
enquanto que o perverso põe em jogo o próprio corpo como instrumento para o gozo
do Outro, fechando-se a demanda.
Sou batido pelo meu pais, portanto sou amado= posição masoquista do sujeito que
marca a natureza perversa do fantasma.

DIREÇÃO DA CURA
Só há uma psicanálise. Os conceitos e matemas de Lacan – a estrutura, o
significante e objeto a concernem tanto ao adulto como a criança
A demanda em análise , logicamente, pode ocupar o lugar de uma reorganização
que sucede a disjunção do sintoma e angustia, conduzindo a reformulação do destinatário:
de uma suposição de saber. Trata-se de uma tentativa de anular o indecidível da angustia.
Isto é: dado integrar a um Outro do saber nesta tentativa resolver o indecidível.
O perverso não demanda nada. Se aparecer uma demanda de análise é porque o
sujeito foi afetado pela aparição de uma divisão, trazendo uma queixa cujo objeto recai
sobre o gozo que deixou de adequar-se a sua prática erótica. Isto se dá a partir da posição
do parceiro, cuja demanda formulada põe a descoberto funcionamento regulado da estrutura
perversa: ele busca no Outro o gozo através da angustia e a obtenção do gozo não se faz
sem o acompanhamento do fantasma não, não para estabelecer um saber a seu respeito, mas
para preserva-se dele. O masoquista ignora estar alcançando o gozo, no qual é um crente.
Ele crê na angustia do Outro, na angustia de Deus, e responde a ela mediante um fantasma:
ser um dejeto
Suscitar a angustia do parceiro constitui para o perverso vai mais além do desejo de
fazer surgir um sujeito despojado de sua palavra. A angustia provocada pelo traço de
perversão visa fazer dois como o gozo, , ele visa socializar o gozo. A vítima não está só
frente ao transbordamento do afeto mas frente ao fato de que o perverso quer produzir o
seu pensamento. ( Caso Victor, Alex) (Sem X 6/11/63), isto é ele quer forjar um sujeito,
cujo calculo do gozo seria exato: sua aspiração é definir uma operação sujeito, operação
que é o calculo significante do sujeito, sua programação , mas também sua amputação de
todo o que poderia constituir um resto de gozo não alienado do corpo. O transporte ao
Outro de um gozo desconhecido há que se acrescentar uma função complementar pela qual
o perverso se faz Outro da angustia do parceiro. Ao mesmo tempo ele causa e domestica
seus efeitos. Este pensamento de angustia pode dar valor de sintoma ao traço de perversão,
convertendo-se este, para o parceiro, em uma parte significante separada do corpo próprio.
Esta dicotomia do sintoma a que fica maltratada (acabada) quando o parceiro tem ocasião
de reencontrar, na queixa dirigida ao analista, o meio de nomear seu sintoma. O perverso
passa a ser um Outro abandonado pelo pensamento e sua prática oide ficar com isso
temporariamente desvalorizada.
A dificuldade que caracteriza a relação do perverso com a demanda de análise é
porque para ele o Outro está constituído como um campo diretamente articulado com a lei
do contrato consentido pelo parceiro, o que implica uma exclusão da função do Pai como o
que preside o desejo. A posição de analisante exige na transferência um desprendimento da
causa do desejo afim de que seja confiada ao analista. O perverso goza deste
desprendimento, ele tira proveito de qualquer posição de perda, isto é ele não tem que se
queixar de um desejo defraudado. Lacan aí situa um “gozo analógico ao desejo” (XVI,
22/1/69), o que implica que para o analista a difícil tarefa de sustentar que uma analogia, o
que caracteriza o fetiche cujo principio é a semelhança, não podia ter em nenhum caso
valor de metáfora.

A criança perversa é sempre trazida pela demanda feita por um outro.


O traço de perversão (uma constante significante inscrita no fantasma que congela
as relações do sujeito com o objeto do gozo e determina a realização de uma satisfação
sexual). Ele não aparece na entrada na análise, nem na queixa (sintoma denunciado) posto
que está vinculado ao ser, se aparece é acompanhado de vergonha. Ela só se alcança na
cura com a abordagem do fantasma , esta se efetua segundo a via da transferência que o
analisante tomou, ou por uma manobra falha do analista.
Ex: contemplar uma mulher urinando ( perversão transitória) como resposta a
interpretação analista ao sonho repetido: Um homem com armadura o persegue com um
aparato. Valor temido desta figura se deve ao laço transferencial com a mãe e mulheres. O
analista confere a mãe fálica uma significação que remete não remete senão a si mesmo,
fora de qualquer referência a um pai, cujo falo seria o signo da posse. Questão do olhar,
medo de grandes estaturas, interessa péla urina. Fobia angustia em relação com o objeto do
olhar situado no Outro, à voracidade deste o sujeito oferece em sacrifício sua alta estatura.
No campo do olhar do Outro, o sintoma metaforiza a castração, encarnada aqui pela ameaça
imaginária de um dano infligido a estatura. No acting o sintoma passa a traço de perversão.
Há uma inversão do lugar do olhar que modifica sua posição. Na prática voyeurista o
sujeito adere ao olhar e se desloca ao olhar do Outro, momento de renovação do Outro em
termos de gozo, montagem que garante que o objeto não esburacará o Umwelt. Transporta
ao campo do Outro o advento da castração, para obturar de imediato seu revelamento. Com
seu olhar, o sujeito impõe ao Outro uma divisão , autentificando a cada mulher como
castrada e simultaneamente soluciona esta divisão elevando o jato de urina ao traço de falo
imaginário.
Na direção da cura a figura da mãe fálica vem a ser um significante organizador do
deciframento do inconsciente, tem valor de Nome do Pai. O analista decreta um sentido ao
desejo (ao invés de toma-lo como desejo de nada), ordenando-o em torno de um
significante Amo, constituindo um ponto de fechamento em que o fantasma, encontra
garantia semântica. O sujeito responde com uma cristalização fantasmática.( Sem IV
19/12/56), realiza o objeto : o traço da mulher olhada encarna na transferência o objeto do
olhar na qual o analista se apóia para satisfazer o ideal da mãe fálica. Quando olhado,
surpreendido por uma mulher, a surpresa o invade e abandona a prática perversa. Ser
surpreendido devolve o olhar ao campo do Outro, provoca retorno a angustia. A posição
perversa é consolidada, a surpresa não extingue o ato perverso, mas pelo contrário,
participa dele.

FANTASMA

Não é sem referência ao Pai real, quem produziu a perda, a causa, a hiância do
sujeito em sua divisão. O fantasma Bate-se numa criança é paradigma da função de amor
ao pai ali onde este no mito, se fez impossível, força o gozo a tomar valor de gozo, a
ressarcir o corpo do efeito de despojamento de gozo: gozo como marca dessa perda, confins
do corpo de prazer e buraco do gozo, sem que possa mais que desmentir sua alienação
fundamental , gozo que me priva de meu corpo golpeado pelo Outro. O que goza é o pai e
meu gozo me volta de forma invertida como gozo do Outro. Essa borda de prazer e de gozo
é o buraco onde a morte se perfila na biologia do corpo, no equilíbrio homeostático, no
recorte do corpo que efetuou o significante. O fantasma põe em cena a eleição fundamental
reduplicando-a: o sujeito do desejo ou objeto do gozo, logrando um sujeito como objeto do
Outro. O gozo do pai no fantasma, nele a causa se faz lei da divisão do sujeito. Já o super
eu é presença do mandato que enquanto impossível nos recorda que somos devedores de
um gozo.

O pai bate no rival


Sou batido pelo pai
Bate-se numa criança
O sujeito frente a uma cena tomada pela versão do Outro. A primeira fase provoca
culpa, deve se transformar na terceira pela mediação da segunda que tra a entrada do sujeito
com seus representantes. O que faz passo da 1ª a 3ª é a atração que exercem as
representações inconscientes do sujeito em relação aos significantes da 1ª fase. Aqui se
destacam as representações que sustentam o ato de bater como substituto regressivo de uma
relação primariamente genital incestuosa.

SUPER EU

Em Freud, hipoteca do parricídio que submete o sujeito a marca do pai, o grava


como um bem, o qual a subjetividade paga o preço não só de sua divisão mas também com
sua dessubjetivação. Freud liga-o ao masoquismo. Lacan dá seu estatuto teórico-clínico: so
o objeto é causa do desejo, e o super eu participa da função desse objeto como caus, então
o super eu é causa do masoquismo. Alude a ele como um dos 4 objetos a : objeto voz,
objeto sado- masoquista ou simplesmente super eu.
Super eu não é paterno, se liga ao pai, é uma père-version pois reenvia a
identificação por incorporação ao traço que fica como cicatriz do eco de um castigo de
castração que emerge das fantasias de maltrato e outras configurações perversas.
O super eu é herdeiro do isso (quando implica o Pai terrível-demoníaco) e também
herdeiro do Complexo de Édipo (no que cabe ao Pai de Nome). È a marca de origem
daquele que se inscreve no imperativo que se ouvir gozando A palavra pai é também o
nome de um gozo. Se a lei funda o desejo em uma falha em gozar (a castração), segue
sendo o eco de um gozo: fora da lei.
Para Lacan o super eu mais que precoce é real, surge como resto da divisão do
sujeito frente ao desejo do Outro. Nessa operação de produção de um resíduo, o objeto
pode tomar dois destinos: como causa do desejo na neurose e como objeto de gozo na
perversão. Como resto mnêmico da palavra que impulsiona Freud liga ao isso e a pulsão de
morte, ao o que deve-se acrescentar que a incidência significante na divisão do sujeito
enquanto excedente pulsional suporta o peso demoníaco do pai, não pode ser dito, só
impele como voz.
A incidência do super eu na subjetividade produz o masoquismo, que como causa
indica que a intrusão da voz do Outro deixa um traço no sujeito produzido no campo do
Outro. O masoquismo é efeito do super eu que dá conta da divisão do sujeito contra si
mesmo. A divisão do sujeito, na neurose está totalmente do lado do Outro, na perversão o
sujeito se serve do fetiche para sustentar o desejo que está do lado do objeto. O Objeto na
neurose fica como resto da operação do sujeito no campo do Outro, enquanto que na
perversão fica do lado do sujeito, o que responde pelos impasses da possibilidade da
transferência.
Apesar do neurótico colocar em ato seu fantasma perverso ele jamais conseguirá
coordenar o desejo com a vontade de gozo, pois o objeto não está côo causa de gozo nem
seu fantasma está invertido., já que o objeto se acha do lado do Outro, , razão pela qual se
aferra a sua indeterminação subjetiva. O masoquista perverso ao encarnar o objeto via
fetiche, para o qual se oferece lealmente ao gozo Outro, se mostra como dejeto, mas
sustentado na cena pelo fetiche.
O fantasma na neurose , suporta o desejo e refere-se a este ligado a lei sobre o qual
opera o objeto; a antinomia sendo entre o Desejo-lei e Gozo. O fantasma masoquista revela
a incidência do objeto a na forma do super eu em duas direções: como causa do desejo e
como objeto do gozo, isto é limite ou presentificação do gozo e abre perspectiva para duas
problemáticas: : a do desejo marcado pela insatisfação e a enlaçada ao gozo pela sua
satisfação. Ambos sobre a mesma mola: o objeto a como super eu.. O neurótico transforma
em seu fantasma o objeto em demanda ao Outro, demanda de amor e refere a um gozo
impossível o perverso apela ao seu fantasma o objeto procurando impor o gozo ao Outro
via vontade de gozo ainda quando o gozo encontre seus limites. Deste modo o perverso,
pelo lado do fantasma, explora os limites do prazer mais além do neurótico, mas sem perde-
lo.
Na neurose os mandamentos do gozo do super eu estão coordenados a metáfora
paterna, significantizados, o super eu como imperativo insensato se cola no lugar do
fracasso da lei funcionando como causa e do desejo e mantendo sua articulação com a
demanda. O sujeito fica suspenso entre a demanda ao Outro e o objeto a: ou apela ao Outro
no fantasma ou se dejeta do mundo na ruptura do marco fantasmático. O perverso
masoquista hierarquiza a cena cujo pivô é op fetiche que lhe permite, desde seu fantasma,
chegar a máxima objetalização: atado, escravo, cachorro, lixo se submete a qualquer
capricho do Outro que seja lei. Ante a castração do Outro, o perverso masoquista faz do
Outro um Outro do gozo para restaurar-lhe a voz e construir um Outro completo. O
contrato faz parte essencial da cena como tentativa de restaurar a voz no Outro, que este
se faça ouvir deste esse resto demoníaco que impele ao gozo. O masoquista se priva da voz
para transferir-lhe o poder da ordem ao parceiro, com o qual constrói um outro que ordena
e que ele obedece ainda que sua estratégia seja a de estipular mais ao Outro que a si
mesmo. Manobra que acorda uma contrato que restaura um submetimento ao capricho do
Outro que seja a lei e que assegura o ato perverso ao masoquista, o sustem como coisa mas
sem queda. Na neurose, na passagem ao ato, é o pacto com o Outro que se rompe e se
produz uma dessubjetivação.
Objeto a opera como:
a) causa do desejo: veicula o fantasma via demanda ao Outro pelos caminhos do
amor,assim a demanda amorosa é um recurso para fazer ceder ao mandato super-
egoico, recurso para escapar ao gozo e manter a posição desejante. Ex.culpa
tentativa de pela demanda ao Outro escapar do imperativo, reação terapêutica
negativa.
b) Apela no fantasma ao objeto implicado ao gozo na procura do gozo do Outro,
reduzindo assim o desejo do Outro a vontade de gozo, vontade a que se submete em
semblante de objeto.

AS PERVERSÕES

Lacan apresenta a perversão no sem IV através do paradigma do fetiche mas lido


através do RSI. Situa a função do véu ou cortina como o que esconde e designa, trata-se na
perversão de esconder a falta fálica da mãe, embora designe com a ajuda do véu daquilo
que falta
Sujeito Véu Objeto-Nada
O Véu esconde o Nada que está além do objeto enquanto desejo do Outro: a mãe
não tem o falo. O véu é o lugar one se projeta a imagem fixa do falo simbólico: a mãe tem o
falo. O fetiche como falo imaginário é colocado diante do Nada, como para além da mãe.

Lacan distingue as perversões em relação ao véu e que ela se inscrevem em função


da importância máxima do falo (sem IV e V):
Diante do véu:
Esta projeção da imagem fálica que esconde e designa o Nada é o que o sujeito
coloca diante dele
Sujeito Véu Perversão Objeto-Nada

- Fetichismo: é aponta metonímica do véu , detrás da qual existe a possibilidade de


que o falo imaginário esteja mas também não esteja. Coloca um véu sobre a falta fálica da
mãe. O véu é o ersatz (substituto) do falo deslocado para o pé, sapato, trança
- Masoquismo: É preciso que o Outro tenha o chicote como potência fálica
Renuncia a sua palavra para obter o privilégio da voz . Privilégio que é restituir a
voz no Outro , gozo dessa reposição , tanto maior quanto menos valorizável ele se
apresenta, contudo ele é o amo do jogo. Se identifica com o objeto rejeitado, reduz a nada
do objeto, ele sabe o gozo que tem para obter.
Faz surgir a voz do Outro submetendo-se a uma posição passiva mas ativamente
buscada. Obriga o outro a ser o agente de uma ação que ele mesmo manda: cede sua
palavra para que soe a voz do Outro.
- Voyeurismo: O voyeur entra no desejo do Outro pela fenda, a janela, a telescopia
ou qualquer tela. Ele visa o desejo do Outro, surpreende-lo em seu pudor, em sua
intimidade, introduz-se em seu mundo privado. Graças a fenda. Na fantasia o sujeito é
fenda, de modo que o Outro fique interessado, cúmplice aberto a esse espetáculo e participe
dessa monstração. O sujeito é fenda, fissura do véu que separa o escondido do mostrado, o
privado do público do espaço do Outro.
Interroga no outro o que não pode ver-se – o falo, que ao invés de instaurar-se como
falta é aquilo que através de seu olhar pretende prover para sutura-la e substitui-la.Ainda
busca de um outro olhar que possa surpreende-lo nessa humilhante posição: ele mesmo
apreendido pelo outro: ser visto vendo.
O peso do ato recai sobre o próprio olhar do sujeito : suscita no outro o que nunca
poderá ver, seu próprio olhar , para colmar o Outro
-Homossexualidade Feminina: Vela a falta por um substituto: o filo como imagem
fálica. Ela ama como homem, ela tem o pênis e o dá a Dama que não tem. Ela o dá
conforme a equivalência pênis imaginário-criança. No lugar da frustração do objeto real (a
criança) pelo pai simbólico instaura-se uma identificação com o pai imaginário. O luto peo
objeto perdido se cumpre pela identificação com aquele que poderia dá-lo mas que recusou
faze-lo.. Vela a falta fálica da Dama pelo dom da criança como imagem fálica. Passagem ao
ato diante do olhar furioso do pai: niederkommen: dar cria (parir) e cair: ela se faz criança
da Dama como substituto da falta fálica nela.

Atrás do véu
Véu Sujeito Objeto-Nada
O fetiche como falo imaginário pode ser colocado por um sujeito que identificando-
se com a mãe, apresente a partir desse lugar, o fetiche, situando-o atrás do véu. Situa-se no
lugar da mãe
- Tranvestismo: o sujeito se identifica com uma mulher – que tem o falo, mas o tem
enquanto oculto. A proteção contra a angustia tem êxito pois trata-se de esconder a falta de
objeto. È preciso que sempre seja possível pensarmos que ele está ali precisamente onde ele
não está. Fetiche capa de chuva (mackintosh) acompanhamento necessário da sexualidade
era estimulante do erotismo da pele. Aos 3 anos era forçado usar macaquinho de borracha,
ligado ao exibicionismo, ao espetáculo e medo da castração. A capa protege, ela mascara
como imagem fálica o que ela designa como elemento simbólico, a falta fálica como causa
de angústia no sujeito. Vestindo a capa ele cumpre a operação a renegação.

- Homosexualidade masculina: trata-se do falo do sujeito mas na medida em que


busca no outro Porque ele se identifica com uma mãe que deve ter o falo, isto é no lugar
ocupado pela mãe que faz a lei para o pai. Por isso a exigência do homosexual é pedir ao
parceiro que ele mostra o que ele tem. Na puberdade momento de trocar a mãe por outro
objeto sexual, ele se identifica a ela, transforma-se nela e busca objetos que possam
substituir para ele seu próprio eu que ele possa amar e mimar, como ela havia
experimentado graças a mãe. Lacan precisa: identificação, nem com o desejo da mãe , nem
com seu amor, mas com seu gozo. Há repetição do mesmo gozo por inversão:a criança que
foi objeto de tal gozo do Outro, perpetua esse gozo gozando de um objeto semelhante ao
que ela foi. Há narcisismo quanto a escolha de objeto, mas a serviço do gozo do Outro a
ser mantido._

- Exibicionismo: algo que se abre num momento dado uma calça e que o fecha. É
apresentação da fenda no espaço do desejo do Outro. Ele não espia como o voyeur, ele
entreabre sua tela, como um calça que se abre, para oferecer-se à vista do Outro, toca-lo
para além de seu pudor, e pôr-se à mercê do Outro. (Sem. O desejo 10/6/59). Ele dá a ver
para ver o Outro surpreendido pelo desvelamento. Ele mostra o que ele tem, uma vez que o
Outro não tem. Revela ao Outro o que este é suposto não ter, para mergulha-lo ao mesmo
tempo na vergonha do que lhe falta. Ele presentifica a mãe uma vez que não haveria nela
falta.
Revela a função do olhar fazendo-a aparecer no campo do Outro. A posição de ver é
na verdade dar-se a ver , o gozo que aparece no olhar surpreendido do outro, sacudido em
seu pudor.
O peso do ato recai faz surgir o olhar no campo do Outro dando a ver ao outro o que
a suscita
-Sadismo: O chicote, o porrete, o cetro presentificam a imagem fálica. A
identificação com a mãe que veste calcinha protege da angústia. O sádico faz cócegas ao
Outro, joga com o sujeito de gozo, sem saber que se converte em instrumento de uma
pergunta: Isto do que gozo, goza. Ele realiza a função de a sem sabe-lo.
Sádico ingenuamente se inclui no jogo do masoquista, crendo despojar sua palavra,
impondo-lhe sua voz. Chegando ao limite com o objeto poderá borrar as leis do desejo,
submetendo-as a vontade de gozo. Que não é sua vontade, mas um imperativo do qual fica
escravizado.
Deixa o sujeito sem palavra mas para que escute a voz do Outro. Faz surgir a
angústia no outro como sinal da divisão subjetiva e, com isso, suscita o objeto de goze que
completa ao Outro.
.Tanto no sádico como no masoquista, o esvaziamento da palavra sacrificada à voz
esboça um não há lugar a aparição do malentendido. Com a reposição da voz no Outro seu
buraco fica obturado: O Outro existe sem falha.
Apesar de diferentes cenografias , o perverso é defensor da fé auxiliar, de Deus.
A diferença radical entre a neurose e perversão é que nesta o sujeito tenta manejar,
dominar o pulsional em função de ser ele, o instrumento do gozo do Outro.
Sem XI, Lacan fala que a pulsão não é a perversão ( voyeur, exibicionismo podem
aparecer nas neuroses) então pode –se concluir que a perversão é modo em que o sujeito se
posiciona com respeito a estrutura significante
Sem XVI “ O sujeito na perversão toma ele mesmo o cuidado de suprir esta falha do
Outro, que não é uma noção de acesso a primeira vista, mas que necessita de certa
elaboração da experiência analítica”
Ligação da perversão com o objeto a. Se a experiência analítica mostra o objeto a
como não referenciável , não especularizável, em si mesmo incapturável, o perverso
questiona estes atributos com uma busca contínua que culmina em um instante de aparente
captura em ato.
Aparente captura. O perverso funciona como o a do Outro mas não se pode pensar
este objeto em termos significantes ou de sujeito. Se a é o resto da operação significante o
perverso tenta que ali não haja perda, ou no caso de haver que sta seja controlada pelo
sujeito. Ele é produto da operação significante que o causa como sujeito mas tenta obtura-
la para desaparecer esse resto que a denunciaria, tentando jogar com a imaginário dese os
mais deslumbrantes cenários até os mais torturantes, para que se olhe o que não se pode
ver, para que o mais abjeto não faça sua aparição, para que a castração fique oculta entre as
pernas da mulher.

TRANSFERÊNCIA

Não relação ao SsS, quando perverso demanda análise é porque há obstáculo ao


gozo. Aí ele busca o analista que espera um sujeito para colocar nele a marca da castração,
mas nunca vira o reconhecimento desta. Na angustia que o perverso apresenta ele pode
desaparecer na transferência , que equivale a renegar a castração do Outro ?????

Direção da Cura aponta efeito imaginário da transferência onde para restaurar um


terceiro na relação,. Irrompe uma perversão transitória. Que faz contraponto a rel
A lógica´da direção da cura leva a operação analítica a revelar o ser do sujeito aob
os auspícios do objeto a, mas também seu valor de castração (menos fi): terceira via: de
transferência a que permite a distinção entre o a e o menos fi. Esse ajuntamento-distinção
entre o objeto a e a castração supõe que o lugar que o sujeito encontra encontra para si no
isso – lugar de ausência – é o do gozo

No texto Subversão (p.806) ......Enfermidade da pergunta


A perversão é, em relação com a enfermidade da pergunta, uma resposta do
imaginário. O fetiche é a resposta negativizante de tal enfermidade, isto implica em um
sintoma egosintonico
A pergunta enquanto demanda dirigida ao saber que confronta a falta no
significante , o perverso nada quer saber, renega-a, e tem seu retorno no imaginário, no
fetiche, objeto que o perverso encarna para oferecer-se a vontade do Outro suposto gozar
Lacan (Sinthome 11/5/76) comenta a função do pai no Totem “ na mediada em que
os filhos são privados das mulheres amam ao pai” Lei do amor isto é da perversão. A versão
da perversão paterna engendra o neurótico ; perversão do pai: fazer da mulher seu objeto
a. . As falhas do pai, da metáfora, por excesso ou defeito, permitem a invenção: Gide ou
Joyce. È possível escrever como metáfora a relação entre o Urvater e o Nome do Pai em
relação direta ou mediada pelo desejo da Mãe ao filho ?

O S (A barrado) enquanto castração da mãe dá origem a uma operação de corte que


dá inicio a dimensão doe gozo. No nível topológico se distingue a quanto ao desejo a
função e a angustia. O ponto de angustia está a nível do Outro, do corpo da mãe, isto é o
modo como a mãe inscreve sua falta fálica em relação a esse filho e como ela significa sua
insatisfação, sua não realização em relação ao ideal no plano narcisista. Esta insatisfação é
a manifestação da angustia de castração, a falta de gozo que ela inscreve corporalmente.
Assim significa sua castração: falta de gozo fálico; a insatisfação da mãe é da ordem de um
desnudamento do buraco e esta marcado pela angustia. Este fundo de angustia no corte,
desprendimento do filho, é o que marca a peremptoriedade de sua queixa, o modo
imperativo em que ela demanda o que imaginariza em um objeto faltante: o que ela institui
com sua demanda no recorte de um objeto no plano da pulsão. Nível da constituição do
objeto a como objeto de gozo. A peremptoriedade da pulsão tem um correlato estrutural na
peremptoriedade da demanda materna inscirta como mandato imperativo que se designa no
super eu. Isto é: a peremptoriedade da demanda materna tem uma razão de estrutura que se
apóia na angustia de castração.
“ A posição de a no momento de sua passagem pelo que simbolizo na fórmula
menos fi o constitui esse momento que é e não pode ser senão a angustia de castração (sem
Angustia ) Também pode-se enunciar que a demanda do Outro em sua referência ao gozo
do Outro tem seu modo de expressão na relação agalmática que a mãe tem com o objeto
demandado. “Porque via entra o excremento na questão da subjetivação?” Entra pelo
intermédio da Demanda do Outro, representada pela mãe. Esta parte passa a ser valorizada
enquanto dá a demanda do Outro sua satisfação. Os efeitos da relação agalmática da mãe
como excremento de seu filho tem uma amplitude de efeitos. A mãe pede ao filho um
objeto que aplaque o gozo reclamado. A mãe indica a constituição do objeto no plano da
pulsão e deve também barrar-se do lugar do Outro: Eu não sou o Outro, há Outro , é aquele
que nomeio pai, que significo pai: o Nome do Pai. È a mãe com sua barra que á acesso a
constituição da estrutura neurótica, perversa, psicótica.
Embora na estrutura a mãe está em posição perversa é ela quem gera
estruturalmente a perversão. A mãe psicótico não se barra do lugar do Outro. A mãe do
perverso barra-se e nomeia um pai, para em seguida desmenti-lo, não ouvi-lo. Aceita a
perda do filho como falo completante mas não tolera a perda de gozo instituída com seu
filho. Na perversão há um pai nomeado, esta inscrito o significante N Pai, mas opera sob
certas vicissitudes específicas. No mito de Cronos, Geia dá ao filho a faca para castrar o
pai, um pai monopolizador do gozo. È a mãe que faz instrumentar a castração do pai por
seu filho e não a do filho pelo pai. È o desejo da Mãe que mediatiza a passagem de Um pai
do Totem para o Nome do Pai. Fórmula específica da metáfora.
O pai do neurótico é o pai que une o desejo com a lei, fecha os olhos, cede um gozo,
aceita perder um gozo, morto em relação a um gozo para que Outro goze, para que a mãe
goze com seu filho. Privado de gozo, este pai impõe que o filho se submeta a sua lei. Se o
pai não fecha os olhos não há repartição dos gozos, é um pai que quer viver todos os gozos
que evoca – o capricho do Outro. , que introduz o fantasma de onipotência do Outro, pois
esse pai não privado impede o pacto. È ai que a mãe castra o pai em sua função de
normativizar o filho, em vez de castrar o filho sujeitando-o a lei do pai. A ma~e nomeia
opai mas logo o destitui, não se subordina a sua lei, mantém ao resguardo o S1, preserva o
gozo com seu filho a margem da lei do pai que se significa como caprichosa. Se assinala o
abuso do pai significado pela mãe que promove a degradação do pai em sua função e não a
degradação do gozo e sua colocação em ausência. Isso é: a demanda da mãe de um objeto
em sua peremptoriedade de acalmar a angustia, o objeto de gozo acalma a angustia,
portanto não se o abandona. A mãe segue pedindo, não admite substituição do objeto de
gozo. O que se repete na perversão é o S1, significante de gozo em estado coagulado. Há
cadeia significante sobre a base da pura repetição do S1. A peremptoriedade da demanda
não admite substituição, que o objeto vem a faltar como causa desejo: aparece de fora
como satisfação sem freio – o gozo. Na perversão a defesa é o gozo. A demanda se esgota,
se acalma no gozo. A coagulação do gozo tem como correlato estrutural no campo do Outro
de uma intolerância de perda de gozo demandado, e inadmissão do jogo substitutivo que
daria lugar a cadeia significante.
Isto é: a perversão toma a demanda no ponto de gozo como positivização do falo
que estagna o sujeito em posição de crer-se que é isso, e nada mais que isso, pelo qual fica
encerrado e cativo do gozo. Há uma coincidência do gozo obtido e esperado. È a cena
traumática mesma a que se presentifica no perverso, onde o super eu aparece em sua face
mais arcaica a margem da lei paterna. . è um pai Vico que não permite que seu filho ocupe
seu lugar., o herde.
O perverso se faz Outro para assegurar seu gozo, realiza seu fantasma em ato, pois
se vê obrigado a demonstra-lo. O fantasma aparece em continuidade com a realidade, é
posto em cena. O buraco não suportado, o fantasma surge no real com uma violência
ordenada e pura.. É Tudo ou Nada. O Objeto está ao alcance da mão, jamais perdido

Ato Perverso

Não é a passagem ao ato nem o acting out


Fantasma única entrada ao real para o sujeito (Ornicar, 29, 16) e diz respeito ao que
faz juntura entre op inconsciente e o isso, formações do ics e pulsão
O nexo entre fantasma e ato é nisto peremptório. O fantasma cria dando sentido
aprés coup a uma experiência primária de satisfação, uma satisfação a espera (Freud)
Lacan faz ver que o fantasma ocupa pra o sujeito oposto do real e, enquanto tal, do ato que
faz do sujeito sua resposta.
No fantasma se decide a posição do sujeito na perversão quando o sujeito integra
nele, a sua condição, a falta no desejo do Outro. O fantasma não evita nesse caso o
surgimento do gozo: o petrifica do lado do sujeito , e deixa que caia do lado do Outro a
divisão causada pelo objeto que vacila de modo complementario a ele (Kant com Sade,
780)
O perverso por um saber da certeza que implica a separação, desmente em ato que a
causa da falta não seja fálica. Erege o fetiche sobre a barra de sua divisão subjetiva: crava
o objeto em pura função de significante na superfície que ela oferece. Ele toma sua certeza
por um saber , por um sentido que erege para que projete a sombra da verdade: a verdade
de que o gozo falta ao significante ( Ciencia e Verdade, 877) Seu ato é anulação da falta a
ser do sujeito em uma duplicação do sujeito ....
Ao invés de responder a carência com a carência, o perverso se coloca na frente do
Che Vuoi ? petrificando-se como instrumento do gozo, esquivando a anulação mediante a
retorção da vontade, e esse movimento para inverter sobre o outro a alienação
Na separação temos S v $
a
Em lugar de assumir o $ o perverso empurra para o Outro mediante o escândalo, o
ultraje ao pudor, para alcançar, transgredindo todos os limites, o ponto de extimidade. O
importante não é a superação do limite mas forçá-lo, colocar-se sobre ele e ir mais além. A
relação entre limite e lei é explicita em Sade e por isso não há prazer sem crime
Realiza na vítima o gozo através da castração descarregando a angustia nela, é para
o libertino sadiano tocar o limite. O gozo da vítima lhe interessa na medida em que,
separado do desprazer, é unicamente fonte de angustia

O ICS interpreta a não relação sexual e interpretando-a cifra. O sintoma da criança


pode se ler como revela a cifra da não relação sexual no coração do par parental e é
correlativo do sentido que toma para o sujeito criança, sua versão de gozo. A anãlise de uma
criança pode conduzir perfeitamente o sujeito ao deciframento de seu sintoma. Isto quer
dizer algo para ele. O analista deve se colocar como causa do desejo de deciframento.
Analista opera no lugar do Outro.
( Miller, curso de 1997)
Na psicose o sujeito realiza-se no lugar do objeto do fantasma materno, ele é
condensador de gozo.. A aposta é fazer passar o sintoma da criança do lado dos efeitos de
sentido e incluir o sujeito em um efeito de significação. Analista opera,não como Outro,
mas como leitor, fazendo valer a inscrição possível dos signos capazes de testemunhar
através do efeito de significação, da presença do sujeito
Lacan especifica que se a criança toma este lugar de tampão satura a falta onde se
especifica o desejo da mãe fazendo-se impossível para ela o acesso a sua própria verdade –
Petrificação do sujeito S1+a – identificação com o objeto real a
A criança testemunha com seu sintoma do lugar do sujeito na estrutura, enquanto
resposta ao real

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