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Banalidade argumentativa

Victor Nogueira Mendes


-Estímulo ao pensamento crítico fundamentado à ótica de Antonio Gramsci

O dogmatismo do conhecimento geral e a imposição coercitiva de verdades banais se mostraram


ferramentas potentes para o embelezamento do conhecimento inculto. O comodismo com a
intelectualidade fraudulenta é vertiginosamente promovido em ambientes escolares e universitários,
entrando em descompasso com princípios fundamentais engendrados na própria estrutura de tais cenários
acadêmicos
Falando de forma mais concisa, digo que o apoio geral à formação de críticos ingênuos e
previsíveis se tornou algo banal em qualquer forma de ensino, gerando, consequentemente, uma formação
em massa de críticos incapazes de expressar de forma autêntica qualquer sentimento, portanto, se
prendendo a um conhecimento básico e absurdamente simplório.
O ensino simplista pode ser exemplificado facilmente pelo termo “O Homem É o Lobo Do
Homem”, sendo esse, responsável por uma formação difusa de conhecedores de uma parcela ínfima dos
textos de Thomas Hobbes dando, no entanto, um ar de intelectualidade e genialidade para os ouvintes de
uma frase tão simplista e incondizente. Outrossim, as críticas sociais por sujeitos que desconhecem a
realidade fora de sua bolha social, ou mesmo o ceticismo com relação a qualquer conhecimento que vá
minimamente contra a visão idílica e básica de mundo são exemplos de como a verdadeira “elite
pensante” está em retrocesso absoluto
No entanto, não proponho uma censura ao conhecimento básico e banal, mas sim um
reconhecimento da real fraqueza que estes pensamentos carregam consigo, gerando, por conseguinte, um
estímulo ao ensino de conhecimentos carregados de sentido e propondo –então- uma melhor utilização da
massa encefálica de estudantes, uma vez que esses carregam consigo uma capacidade exímia de
aprendizado e memorização, podendo, destarte, proporcionar algo além da difusão exacerbada de
doutrinas que lhe são impostas como verdades universais apodíticas
Definitivamente, não é desejável a proposição objetiva de um escalonamento dos conhecimentos,
pois, uma vez subentendido que um argumento, por critérios diversos, se mostra suficientemente superior
ao ponto de sobrepor a outro, inicia-se, por consequência, um regime impositivo em que, coerentemente,
poderia ser compreendido por uma ditadura argumentativa. É compreensível que essa associação à uma
ditadura propriamente dita seja, de certa forma, forçada, porém, caso analisada concretamente, não se
mostraria absurda, pois, sendo compreendida a capacidade de julgamento de argumentos, repletos de
particularidades e subjetividades, seria -então- dada a possibilidade de simplesmente vangloriar um ponto
específico e, posterior a isso, dizer que as demais teses, mesmo que menos fundamentadas, não devem ser
levadas em consideração.
Assim sendo, para que haja o início da formação consciente de entes propriamente capacitados
para a produção autônoma de pensamentos válidos e concretamente formados, é necessária a disposição
de diferentes produções intelectuais (preferencialmente defensoras de teses opostas) para que, dessa
maneira, seja formulado um arcabouço doutrinário, fortemente estabelecido que, por si só, seria
determinante para o enriquecimento da mentalidade geral.
Tendo sido dispostas uma ampla gama de conhecimentos que, preferencialmente, sejam
rigidamente fundamentados em bases antagônicas, é dada a possibilidade de escolha a respeito de qual
seriam as obras que, na prática, seriam mais corretas e aplicáveis. Porém, deve ser compreendido que toda
obra apresentada deve ser -imprescindivelmente- compreendida e interpretada de forma neutra, para que
então, posterior a sua leitura, sejam associadas as partes que podem ser absorvidas e aquelas que devem
ser reconhecidas, mas não incorporadas ao acervo em formação.
Havendo sido exposto todo conflito, é possível amoldar, congruentemente, os textos produzidos
por Gramsci a respeito do “senso comum”. O filosofo e sociólogo italiano tem dito em suas obras que o
tal termo supracitado nada mais retrata que a consciência sedimentada pelas filosofias tradicionais, sendo,
portanto, concepções de mundo que sustentam um determinado agir político. Assim sendo, as diversas
filosofias presentes em toda a realidade histórica tendem a ser diminuídas por uma escolha guiada por
nossa política individual e específica.
Diante de todas as disposições trabalhadas, é fácil a associação de que uma construção fundamentada nas
bases da totalidade do conteúdo apresentado se mostra profundamente mais adequada para que seja
moldado um conhecimento multilateral que não se prende ao caráter enviesado das “verdades universais”.
Desse modo, compreendendo a capacidade de soma de conhecimentos como uma possível ferramenta
para construção de argumentos mais completos e menos limitados, surge uma problemática significante:
A cultura da não leitura implantada em território brasileiro.
Somando-se a perspicaz observação de Gramsci que, mesmo tendo morrido há mais de oitenta
anos, em muito se adequa a realidade sociológica hodierna, é possibilitado então o desenvolvimento mais
aprofundado e adequado da questão retratada (cultura da leitura inexistente).A priori, utilizar-se-á
estatísticas produzidas, por fruto de pesquisas, pelo Instituto Pró-Livro, cuja qual inserem a informação
de que no Brasil, a média geral de livros lidos (anualmente) é de apenas 1,3 livro.
Levando-se em conta a média simbolizada, pode-se presumir uma série -quase infinita- de prejuízos
que já foram ou virão a ser causados em nossa realidade social. Essa realidade é fruto de um processo
cultural generalizado, tolerando, inclusive, a percepção desse como costume nacional, cuja qual se
responsabiliza pelo desprestígio da prática da leitura.
As consequências geradas por esse processo de aculturação implantado no vasto território, que vai
muito além daquela pequena ilha de Veracruz (nome assimilado ao território Brasileiro em seus
primórdios coloniais), são amplamente gravosos e podem, inclusive, gerar danos irreversíveis ao país em
sua generalidade. Essas ruínas intelectivas não se abrangem apenas o futuro, mas já estão gerando
repercussões no plano do tempo presente.
No momento atual, marcado por uma incapacidade de interposição de ideias e, até mesmo, uma
reiterada dificuldade de articulação, compreende-se que, por consequência do rebaixamento cognitivo nos
meio comunicacionais, os danos se difundem, mormente, no meio acadêmico, com a formação de
estudantes desqualificados e incapacitados para a realização de uma simples comunicação objetiva e
claramente estruturada. Ademais, a formação de cidadãos fundamentados nas visões idílicas da
ociosidade é uma realidade inescapável, portanto, sendo engendrado em nossa estrutura social educativa o
retrocesso aos períodos passados, onde os ociosos, subentendidos por intelectuais ou detentores de
escravos gozavam de um prestígio social semelhante a classe administrativa e política contemporânea.

GRAMSCI, Ant. Hegemonia e Cultura. 3ª edição revisada

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