Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
da produção gráfica no H T P
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações de diferentes técnicas gráficas de avaliação psicológica em
psicologia da saúde
Resumo
O desenvolvimento de pesquisas sobre depressão vem merecendo destaque na
área da saúde, em especial quando se refere ao diagnóstico da depressão infantil.
Estudos apontam à necessidade de se especificar indicadores de sintomas
depressivos nas diferentes faixas etárias, a fim de ampliar os recursos diagnósticos
disponíveis. Nesse sentido, o presente estudo teve como finalidade caracterizar a
psicodinâmica de crianças em idade escolar com sintomatologia depressiva.
Estudamos 38 crianças, com idades entre 7 e 10 anos, inscritas na Clínica-Escola de
Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo no período de agosto à dezembro
de 2009. Primeiramente a totalidade das crianças (n = 38) foi submetida à aplicação
individual do Inventário de Depressão Infantil (CDI) a fim de se identificar à presença
de sintomas depressivos. Em seguida, foi aplicado individualmente o H T P (Casa,
Árvore e Pessoa) nas crianças que apresentaram resultado positivo para sintomas
depressivos. O CDI foi analisado conforme Gouveia et al (2002). Quanto ao HTP, foi
elaborada uma síntese qualitativa para cada caso. Os resultados indicaram que 9
crianças (23% do total), foram diagnosticadas como apresentando sintomatologia
depressiva, e a produção no H T P apontou fragilidade egóica caracterizada pela
necessidade de apoio e segurança, além de sentimentos de abandono. Identificou-se
a presença de atitude defensiva diante das relações familiares, marcadas
especialmente pela pressão ambiental e retraimento e pela resposta negativa diante
do calor humano. Por fim, o estudo sugeriu a importância de se considerar
determinados indicadores gráficos como sendo comuns à faixa etária estudada,
portanto merecendo serem relevados quando da interpretação de técnicas projetivas
gráficas.
Trabalho Integral
Introdução
O estudo da depressão se constitui em um tema freqüente para os mais
diversos profissionais da área da saúde, além de psicólogos e psiquiatras. Nesse
contexto, a depressão infantil em nosso país mostrar-se como sendo menos
investigada, conforme aponta Fonseca et al (2005).
Na criança, a depressão pode apresenta-se como uma experiência diferente da
depressão nos adultos. Para Ajuriaguerra (1983), a depender da idade em que
determinados sintomas se manifestam, considerando aqui a etapa que antecede a
adolescência, é possível que o termo depressão não tenha o mesmo sentido que tem
para o adulto. Com a proximidade da adolescência, Cruvinel e Boruchovitch (2008)
afirmam que há um aumento no número de casos com sintomatologia depressiva.
O diagnóstico da depressão envolve variáveis como a intensidade, gravidade,
freqüência e a duração com que determinados sintomas se manifestam e pode ocorrer
na criança, no adolescente, no adulto ou no idoso, contudo, a sintomatologia deve
levar em conta a faixa etária, como afirma Ajuriaguerra (1983) que discute a
prevalência da sintomatologia como variável, conforme a idade e o sexo, atribuindo a
criança em idade escolar, da qual se ocupa o presente estudo, a inibição afetiva das
pulsões, aspectos psicossomáticos como enurese, onicofagia, manipulação genital,
terrores noturnos e crises de choro e de gritos. Souza (1984) concorda com esta
afirmação e em seus estudos destaca a importância dos processos de maturação de
cada fase do desenvolvimento psíquico nos sintomas e no comportamento depressivo.
De maneira geral, Ballone et al (2007) descreve a presença do sofrimento ou
prejuízo significativo no funcionamento social, profissional ou de outras áreas da vida
do indivíduo e estabelece basicamente três sintomas, que embora suficientes para
identificação do quadro, desencadeiam inúmeras outras manifestações de alterações
no plano afetivo.
Souza (1984), referindo-se a criança em idade escolar, observa que esta já
pode verbalizar sobre seu sentimento depressivo e comumente relata estado de
tristeza, irritabilidade e tédio. Apresenta, de forma sistemática, os principais
indicadores da depressão na criança, tais como: aparência triste, choro fácil, apatia,
fadiga, isolamento, declínio ou desempenho escolar fraco, recusa escolar, ansiedade
de separação, fobias e, eventualmente, desejo de morrer. Ressalta os prejuízos na
concentração e conseqüentemente o comprometimento no desempenho escolar e
afirma que os professores, mesmo sem saber que se trata de um quadro depressivo,
acabam por identificar os sintomas por meio do comportamento da criança.
Sobre a utilização de recursos diagnósticos, destacamos as projetivas gráficas,
mais especificamente o H. T. P. - Desenho da Casa, Árvore e Pessoa (House, Tree e
Person) que busca identificar a projeção de elementos da personalidade e conflitos por
meio de indicadores dos mais diversos transtornos (BUCK, 2003). Retondo (2000)
adverte que a avaliação de um transtorno deve ser baseada em tantas informações
quanto possíveis, pois mesmo sendo o H.T.P sensível à identificação de várias
patologias, há necessidade de cautela ao definir um diagnóstico psicológico. A autora
em seu Manual Prático de Avaliação do H.T.P. e Família (2000) apresenta possíveis
interpretações gráficas para traços de normalidade e outros indicativos de alguma
patologia, entre estes os transtornos depressivos.
A classificação do episódio depressivo é descrito no DSM – IV (1995) a partir
da identificação da presença de cinco ou mais dos seguintes sintomas: humor
deprimido; interesse ou prazer acentuadamente diminuídos; perda ou ganho
significativo de peso; insônia ou hipersonia; agitação ou retardo psicomotor; fadiga ou
perda de energia; sentimento de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada;
capacidade diminuída de concentração, de pensamento ou de decisão; pensamento
de morte recorrente ou ideação suicida.
Método
Este estudo contou com a participação de 38 crianças com idades entre 07 e
10 anos, de ambos os gêneros, que buscavam atendimento na Clínica-Escola de
Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo no período de agosto a novembro
de 2009.
Os dados foram coletados na própria Clínica-Escola a partir de agendamento
prévio. De acordo com as exigências éticas, participaram apenas as crianças cujos
pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido registrando a finalidade
e o procedimento do estudo.
Além dos dados contidos na Ficha de Identificação da criança, utilizamos o
Inventário de Depressão Infantil (CDI) elaborado por Kovacs (1983), normatizado e
adaptado para a realidade brasileira por Gouveia et al (1995).
Para conhecer a psicodinâmica das crianças fizemos uso do H T P, seguindo a
padronização estabelecida por Buck (2003). Sendo uma técnica projetiva gráfica, nos
possibilitou identificar o perfil psicodinâmico, uma vez que nos permitiu obter
informações sobre a individualidade dos sujeitos em relação aos outros e ao ambiente
do lar, analisando conflitos e personalidade (BUCK, 2003).
O procedimento para coletar os dados ocorreu em duas sessões individuais de
aproximadamente uma hora cada uma. Inicialmente foi aplicado o CDI e, conforme o
resultado positivo (acima de 17 pontos), indicando sintomas depressivos, foi aplicado o
HTP.
A partir da análise do material foi elaborada uma síntese qualitativa para cada
caso, sendo, a seguir, sistematizados visando conhecer as características
psicodinâmicas dos participantes.
Resultados
Da totalidade das crianças investigadas (n = 38) obtivemos 23% de resultados
acima de 17 pontos no CDI, ou seja, 9 crianças foram diagnosticadas como
apresentando sintomatologia depressiva. Assim, ao serem analisadas as produções
gráficas no HTP, obtivemos informações que nos permitiram identificar a
psicodinâmica de tais crianças.
No grafismo, verificamos o traçado do tipo fino ou fraco, em especial nas
paredes da casa, que representam a fragilidade egóica ou ainda os limites de Ego
fraco, marcado pela necessidade de apoio e segurança, observados nos desenhos
elaborados nas margens inferiores do papel. Do mesmo modo, os sentimentos de
abandono, inadequação e insegurança puderam ser reconhecidos a partir da posição
dos desenhos predominantemente abaixo do ponto médio da folha.
Identificou-se a presença de atitude defensiva diante das relações familiares,
sinalizando pressão ambiental, retraimento e resposta negativa diante do calor
humano. Observa-se falta de detalhes na figura humana, embora comum em crianças
com menos pequenas, conforme Buck (2003), menores de cinco anos, indicativos de
retraimento. Da mesma forma, encontramos sinais de rigidez e tensão nos vínculos
familiares.
De modo geral, os desenhos denotam descontentamento e regressão com
elevado nível de ansiedade.
Considerações Finais
O estudo sugeriu a importância de se considerar determinados indicadores
gráficos como sendo comuns à faixa etária estudada, portanto merecendo serem
relevados quando da interpretação de técnicas projetivas gráficas em casos de
crianças depressivas.
Consideramos a importância do conhecimento de aspectos gráficos específicos
nos desenhos de crianças que apresentam sintomas depressivos, ampliando-se as
possibilidades de compreensão diagnóstica visando o estabelecimento de ações
interventivas mais efetivas na área da saúde.
Referências
Modalidade: Simpósio
Mesa: Por uma psicologia humana na dinâmica das relações escolares
Resumo
Se partirmos do pressuposto de que a Psicologia da Saúde consiste na
aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas à saúde, às doenças e aos
cuidados de saúde, então são plurais os espaços disponíveis para a atuação profissional
nesse ramo da Psicologia. A escola é um desses espaços. Essa comunicação de
pesquisa tem como objetivo apontar técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental (por
exemplo: a psicoeducação) como alternativas de intervenção junto a pais, professores e
crianças, dentro do ambiente escolar (maternal). As intervenções foram feitas numa
escola maternal de Tupaciguara (MG) em três grupos: um de pais, composto por duas
mães e uma avó; outro com três crianças, sendo dois meninos e uma menina, entre
quatro e cinco anos de idade e outro com professoras do maternal que eram educadoras
dessas crianças. A queixa trazida pelos pais e professores relacionava-se a
comportamentos de indisciplina das crianças. As intervenções junto aos pais contaram
com 7 sessões semanais de 90 minutos. Ofereceram-se também noções de
desenvolvimento cognitivo e afetivo relacionados à segunda infância aos professores
(total de 3 encontros de psicoeducação de 60 minutos). Para melhor avaliação da
interação pais/filhos, além de entrevistas para a constituição do grupo, aplicou-se o
Inventário de Estilos Parentais de Gomide e o “Child Behavior Checklist” (CBCL). Na
análise do CBCL, percebeu-se que não houve queixa significativa de problemas
internalizantes, como problemas somáticos, medos, etc.; destacaram-se as queixas
externalizantes: maus comportamentos, agressão, irritabilidade, impulsividade. Já os
dados do Inventário de Estilos Parentais (IEP) indicaram um escore médio de 10,33,
sugerindo a prevalência de práticas parentais positivas. Porém, notou-se uma grande
incidência de práticas parentais negativas que necessitavam de intervenção. Com o
grupo de crianças foram realizadas 4 sessões de 90 minutos de duração cada. Por se
tratar de crianças muito jovens, o trabalho interventivo focalizou atividades mais
concretas e diretivas visando o desenvolvimento de habilidades sociais. A intervenção
psicoeducativa despertou nos pais a consciência do seu papel ativo na educação dos
filhos, o que foi possível principalmente por compartilharem suas experiências com os
demais membros do grupo. Os professores parecem ter ampliado suas noções gerais
sobre desenvolvimento e isso favoreceu um relacionamento mais adequado com seus
grupos de alunos e as crianças diminuíram a freqüência de comportamentos hostis e
ampliaram seus repertórios de habilidade social. Esses resultados apontam que alguns
tipos de intervenções grupais em contextos escolares podem auxiliar precocemente na
promoção da saúde mental.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Reflexões em psicologia da saúde: interface com diferentes quadros orgânicos
Resumo
O momento da gravidez é um momento de mudanças na vida de qualquer
mulher. Ela se depara com uma alta complexidade de sentimentos, experimentando
diferentes emoções no percurso da gestação. Lidar com estas emoções, conduzindo-
as a um bom caminho nem sempre é uma tarefa fácil no nível psíquico, principalmente
em se tratando de gestação de alto risco. Uma parcela de gestantes, por terem
características específicas ou por sofrerem algum agravo, apresenta maiores
possibilidades de evolução desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. Esta
parcela constitui o grupo chamado de “gestantes de alto risco”. Por gestação de alto
risco entende-se como sendo aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto
tem maiores chances de serem atingidas por complicações que a média das
gestações. O setor de gestação de alto risco do Hospital Regional de Assis - HRA
atende pacientes que necessitam de um atendimento mais cuidadoso quanto à
gestação. Dentre as pacientes atendidas estão adolescentes, principalmente até 15
anos, no qual o “risco” da gestação é maior e mulheres que já ultrapassaram a idade
considerada ideal para a concepção, 35 anos. Também são recebidas mulheres que
apresentam algum problema de saúde, como hipertensão, diabetes, obesidade,
problemas cardíacos, entre outras condições de saúde que podem comprometer o
desenvolvimento normal da gestação. As pacientes são encaminhadas ao HRA pelos
setores público e privado. Todas as pacientes novas têm seu primeiro atendimento
agendado para as segundas-feiras. Neste momento realizam um primeiro contato com
o serviço de enfermagem, passam por consulta médica, sendo encaminhadas,
dependo de cada caso, para as demais especialidades. Ao serviço de psicologia são
encaminhadas todas as adolescentes que realizam o acompanhamento médico.
Quanto às demais pacientes, somente recebem atendimento psicológico quando a
equipe percebe questões emocionais que permeiam este período da gestação, ou
quando as próprias pacientes solicitam. Ao setor de psicologia cabe a realização de
entrevistas, que têm por intuito realizar uma avaliação psicológica interventiva,
percebendo como a gestante lida com a gravidez e oferecendo, assim, uma escuta
acolhedora a essas futuras mães, intervindo de modo sensível para que elas possam
colocar suas angústias, sofrimentos, relações familiares e fantasias neste espaço
oferecido, assim como também consigam compreender qual é o significado desta
criança em sua vida e a importância de uma boa relação entre mãe e bebê desde o
início, dando a elas acompanhamento conforme a necessidade e disponibilidade.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aspectos biopsicossociais e adesão a comportamentos de saúde
Resumo
Compreender melhor as crenças e expectativas de controle sobre o
comportamento de beber pelo indivíduo mostra-se como uma ferramenta fundamental
para os profissionais e pesquisadores interessados na adesão ao tratamento e
prevenção da dependência de álcool. Este estudo visou ampliar o conhecimento sobre
o papel de fatores cognitivos (crenças comportamentais do MCS e locus de controle
do comportamento de beber) relacionados ao consumo de álcool em 433 servidores
de uma instituição federal de ensino superior (idade média de 46,6 anos e 47,6% do
sexo masculino). Os instrumentos utilizados foram: questionário de dados sócio-
demográficos; AUDIT; Escala de Benefícios e Barreiras percebidos em Evitar o
Consumo de Bebidas Alcoólicas e versão brasileira da escala DRIE (Locus de controle
do comportamento de beber). Com relação ao padrão de consumo de álcool, 11,8%
da amostra apresentaram escore positivo no AUDIT. Os resultados dos testes de
correlação e comparação entre os grupos foram, em sua maioria, coerentes com as
expectativas teóricas. O grupo de bebedores-problema percebeu significativamente
menos benefícios e mais barreiras em evitar o consumo de álcool e mostrou-se mais
externo no locus de controle do comportamento de beber que o grupo de abstêmios ou
usuários de baixo risco. Foram encontradas correlações positivas entre escore do
AUDIT e barreiras percebidas, e correlações negativas entre padrão de consumo de
álcool e benefícios percebidos. Em relação ao locus de controle, o escore no AUDIT
correlacionou-se positivamente somente com a Externalidade. O modelo da análise de
regressão múltipla (variável dependente: escore AUDIT; variáveis independentes:
idade, instrução, benefícios percebidos em evitar o consumo de álcool, barreiras
percebidas em evitar o consumo de álcool, internalidade no locus de controle do
comportamento de beber e externalidade no locus de controle do comportamento de
beber) predisse significativamente o consumo de álcool explicando 16% da variância
total da variável dependente. Assim, visando a prevenção de problemas relacionados
ao consumo de álcool, é possível concluir que é ideal que as pessoas percebam
poucas barreiras e muitos benefícios em evitar o consumo de álcool, e percebam a si
mesmas sob baixo controle externo na determinação de seu nível de consumo de
álcool. Analisar essas crenças no processo de tomada de decisão na adesão de
comportamentos saudáveis possibilita um melhor delineamento de ações preventivas
mais adequadas ao perfil do dependente dentro do processo de mudança e com
maiores chances de sucesso nas intervenções.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Psicologia, saúde e políticas públicas: um desafio comum e diferentes enfoques
Resumo
O tratamento da doença mental recebeu atenção diferenciada e ou
especializada ao longo da história, mas somente no período após a Segunda Guerra
observou-se avanços consideráveis na metodologia de trabalho, efetivadas por meio
de experiências como a comunidade terapêutica inglesa, a psiquiatria de setor
francesa e a psiquiatria preventiva comunitária nos EUA. A grande revolução da saúde
mental começa a surgir, no entanto, em decorrência das críticas sobre a natureza e
função social das práticas médicas e psiquiátrico-psicológicas apresentadas nos
trabalhos de Foucault, Goffman, Bastide, Castel, Cooper, Rotelli e Baságlia, entre
outros. Coube a Baságlia promover uma relevante mudança nos cuidados
dispensados ao doente mental quando dispensou a estrutura dos hospitais
psiquiátricos, promovendo uma revolução no tratamento da doença mental na Itália. A
experiência italiana aliada ao clima de democratização acabou, conseqüentemente,
influenciando outras experiências similares pelo mundo. Sendo assim, nesta
oportunidade pretende-se refletir sobre as bases epistemológicas da Reforma
Psiquiátrica, analisando os serviços de saúde mental implantados no Brasil. Serão
resgatadas estratégias de saúde mental praticadas nas sociedades ocidentais do final
do século XVIII até o momento atual, com ênfase naqueles movimentos de reformas
que tiveram influência no país. Uma atenção especial será dedicada ao programa
brasileiro de apoio à desospitalização e à implantação do Sistema Único de Saúde –
SUS, cabendo ainda destaque a rede substitutiva de cuidado em saúde mental e
coletiva, mais especificamente ao processo de reabilitação psicossocial praticado nos
CAPS e nas oficinas terapêuticas, compreendendo-as como o principal instrumento de
viabilização das mudanças preconizadas pela Reforma Psiquiátrica.
Aspectos biopsicossociais e adesão ao tratamento de pessoas com HIV/AIDS
que vivem com HIV/AIDS
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aspectos biopsicossociais e adesão a comportamentos de saúde
Resumo
Este estudo teve como objetivo principal identificar os fatores associados à
adesão ao tratamento de sujeitos portadores do vírus HIV em tratamento com
antiretroviral. Foram avaliados os aspectos sócios demográficos, os sintomas de
depressão, suporte social, qualidade de vida e os marcadores biológicos (CD4+ e
carga viral em 63 sujeitos vivendo com HIV/Aids (média de 42 anos e 57,1% do sexo
masculino). O estudo de caráter transversal descritivo e analítico foi desenvolvido em
um serviço de saúde da rede pública de e em uma Organização Não-governamental
ambos em Porto Alegre, RS. Os instrumentos utilizados foram: Ficha de dados
sociodemograficos e situação clinica; WHOQOL-HIV Bref; CEAT-VIH; Inventário
Depressão de Beck e Escala de Suporte Social para Pessoas Vivendo com HIV/Aids.
O presente estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São
Lucas da PUCRS. Para analisar a relação entre os aspectos psicossociais e
marcadores biológicos, os sintomas de depressão, suporte social, adesão e qualidade
de vida, utilizou-se a correlação de Pearson. Para avaliar diferenças entre grupos, foi
utilizado o teste t de Student para duas amostras independentes. Efetuou-se também
uma análise de regressão logística com a finalidade de verificar quais das variáveis
tinham relação/associação com a adesão. Os resultados apontaram que os
participantes apresentam nível de depressão leve. Em relação ao suporte social foi
observado que a maior média foi no fator 1- suporte social emocional. Em relação ao
grau de adesão, a maior concentração de porcentagem está presente em boa/
adequada e estrita, considerando uma amostra com adesão. Entre os domínios físico,
psicológico, de relações sociais e de meio ambiente da qualidade de vida e no
suporte social emocional e instrumental se constatou uma correlação altamente
significativa em relação a adesão.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Reflexões em psicologia da saúde: interface com diferentes quadros orgânicos
Resumo
O presente trabalho busca uma reflexão sobre os componentes psicológicos
vivenciados por pacientes renais crônicos e sua relação com o quadro clínico que esse
estado provoca. Os rins participam do equilíbrio do meio interno e são responsáveis
pela eliminação de líquidos, solutos e outros produtos que não são desejáveis ao bom
funcionamento fisiológico humano. Os rins podem ser acometidos de várias
patologias, mais brandas ou mais severas, de acordo com a etiopatogenia do quadro.
Dentre as patologias possíveis, uma das mais graves é a insuficiência renal crônica. A
partir do momento em que o tratamento conservador torna-se ineficiente no tratamento
dos pacientes renais, parte-se para o processo de diálise para a manutenção vital dos
pacientes. O quadro renal crônico, associado aos seus procedimentos para
tratamento, pode gerar conseqüências de cunho psicológico nos pacientes. Importante
analisar tal circunstância para compreender melhor os dinamismos psicológicos
envolvidos nesse processo. Em síntese, os componentes psicológicos observados em
pacientes renais crônicos incluem pouca perspectiva diante do futuro, proximidade e
vivência forte de morte, perda de autonomia nas atividades rotineiras e uma estranha
relação de dependência com a máquina de diálise. Além disso, um dos aspectos
importantes no contexto psicológico é a relação dialética que o paciente estabelece
diante de sua situação: de um lado a necessidade de diálise que causa uma profunda
mudança dos hábitos de vida e gera certos desconfortos pela própria intervenção e
por outro lado a relação que se estabelece com a diálise, elemento de suporte de vida
do paciente. Um dos componentes de maior incidência nos pacientes com quadros
renais crônicos é a depressão. Pesquisas indicaram grande prevalência de aspectos
depressivos em pacientes em diálise em diferentes graus e com diferentes
conseqüências. A depressão pode interferir nas estratégias de enfrentamento dos
pacientes, interferindo na maneira pela qual compreendem e se posicionam diante da
doença. Por fim, parece claro a interferência do quadro renal crônico e dos aspectos
psicológicos decorrentes na qualidade de vida dos pacientes. Além das funções
cotidianas, os elementos psicológicos diminuem a qualidade de vida nos indivíduos
que necessitam de diálise constante. Diante dessa reflexão estudos empíricos
associados a elementos psicológicos como personalidade, recursos de enfrentamento
e resiliência mostram-se muito importantes para que a o conhecimento psicológico
possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes.
Texto Integral
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
No caso específico dos pacientes com doença renal crônica não é diferente. O estado
de saúde física envolve uma série de procedimentos e acarreta profundas mudanças
em sua vida, principalmente se há a necessidade de intervenções dialíticas.
2 TEORIA
A insuficiência renal crônica foi descrita no século XIX, por Richard Bright, médico no
Guy’s Hospital, em Londres. É um quadro sindrômico caracterizado pela perda
progressiva e geralmente irreversível das funções renais, que resulta na retenção das
substâncias nocivas ao bom funcionamento orgânico e que deveriam ser eliminadas
num processo de filtragem glomerular natural. A instalação do quadro geralmente é
fruto de vários anos de deterioração progressiva dos rins. Apesar dessa definição não
possuir um padrão específico ou quantitativo preciso de perdas de eliminação de
substâncias, a insuficiência renal crônica é classificada em leve, moderada, grave ou
terminal (CENDOROGLO; SARDENBERG, SUASSUNA, 1998; ZATZ, 1996; THOMÉ
et al., 1999; AMEND Jr.; VINCENTI, 1994).
A etiologia do quadro renal crônico possui diversas causas e podem ser divididas em
três grupos: doenças primárias dos rins, doenças sistêmicas que também acometem
os rins e doenças do trato urinário e urológicas. Entre as doenças primárias dos rins
tem-se glomerulonefrites primárias, rins policísticos, Síndrome de Alport. As doenças
sistêmicas que também acometem os rins podem ser hipertensão arterial sistêmica,
diabetes mellitus, colagenoses, vasculites, mieloma múltiplo, gota, oxalose, cistinose,
Doença de Fabry. Além disso, doenças urológicas como nefrolitíase, obstruções
urinárias, refluxo vesicouretral e válvula de uretra posterior também podem
desencadear a insuficiência renal crônica. Associadas aos quadros descritos,
alterações fisiológicas secundárias como desidratação, infecções ou hipertensão
podem ser fatores desencadeantes para a instalação crônica (CENDOROGLO;
SARDENBERG, SUASSUNA, 1998; AMEND Jr.; VINCENTI, 1994).
O quadro renal crônico, associado aos seus procedimentos para tratamento, pode
gerar conseqüências de cunho psicológico nos pacientes. Importante analisar tal
circunstância para compreender melhor os dinamismos psicológicos envolvidos nesse
processo.
Reis, Guirardello e Campos (2008) observaram demandas psicológicas específicas em
pacientes renais crônicos que podem gerar demandas de atendimento psicológico,
descrevem elementos como pouca perspectiva diante do futuro, proximidade e
vivência forte de morte, perda de autonomia nas atividades rotineiras e uma estranha
relação de dependência com a máquina de diálise. Nesse caminho, estudo de
Moreiras e Martínez (1993) estudaram o sentido de vida e de existência desses
pacientes, chegando à conclusão que também fica comprometido, relatando que
quanto maior o tempo em diálise, menor o sentido de vida nos pacientes,
principalmente naqueles onde não aconteceu nenhum suporte psicológico.
A adesão ao tratamento dos pacientes é de suma importância para que este consiga
resultados positivos na diálise e consiga enfrentar questões cotidianas da doença.
Contrepas et al. (2006) desenvolveram estudo comparativo entre o estado de saúde
geral entre pacientes com e sem aderência ao tratamento dialítico; observaram que há
significativa melhora em pacientes que apresentaram boas condições psicológicas de
enfrentamento, levando-os a uma aderência adequada ao tratamento de uma forma
geral. Os dados do estudo são corroborados pela investigação de Bertolin et al. (2008)
que buscaram, em artigos publicados, a importância da aderência em pacientes renais
crônicos, onde encontraram concordância total nos autores no que se refere sobre a
importância de estratégias de enfrentamento diante do quadro clínico apresentado.
Um dos componentes de maior incidência nos pacientes com quadros renais crônicos
é a depressão. Pesquisas indicaram grande prevalência de aspectos depressivos em
pacientes em diálise em diferentes graus e com diferentes conseqüências. A
depressão pode interferir nas estratégias de enfrentamento dos pacientes, podendo
aumentar a mortalidade em grupos que se submetem à diálise há muito tempo, a
sensação de desesperança levam o paciente a um quadro debilitado, ampliando a
possibilidade de óbitos (DIEFENTHAELER, et al., 2008). Os sintomas depressivos
também podem diminuir a qualidade de vida nos pacientes, principalmente devido às
vivências de perda sucessiva de suas funções pessoais e capacidade de realizar
tarefas rotineiras (THOMAS; ALCHIERI, 2005). Além dos componentes psicológicos,
também foi pesquisado o comprometimento neuropsicológico, decorrente dos quadros
de depressão, em pacientes renais crônicos, como diminuição da função executiva,
prejudicando elementos cognitivos nos pacientes (DUARTE, 2006).
Nesse sentido, o papel da equipe de psicologia mostra-se fundamental, para que haja
acompanhamento dos pacientes, visando a saúde no contexto integral, com vistas à
melhoria da qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
REFERÊNCIAS
AMEND Jr., W.J.C; VINCENTI, F.G. insuficiência renal crônica e diálise. In TANAGHO,
E.A; McANINCH, J.W. e cols. Urologia geral. 13. ed. Tradução de Cláudia Lúcia
Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1994. p. 422-424.
BARROS, E.; KAROHL, C.; THOMÉ, F.S. Fisiologia renal aplicada. In BARROS, E. e
cols. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed
Editora, 1999. p. 25-46.
BERTOLIN, D.C. et al. Modos de enfrentamento dos estressores de pessoas em
tratamento hemodialítico: revisão integrativa da literatura. Acta Paulista de
Enfermagem, v.21, n. esp., p. 179-186, 2008.
BOIM, M.A. ; SCHOR, N. Função renal. In SCHOR, N; SROUGI, M. e cols. Nefrologia
e urologia clínica. São Paulo: Sarvier, 1998. p. 3-10.
CENDOROGLO, M.; SARDENBERG, C.: SUASSUNA; P. Insuficiência renal crônica:
etiologia, diagnóstico e tratamento. In SCHOR, N; SROUGI, M. e cols. Nefrologia e
urologia clínica. São Paulo: Sarvier, 1998. p. 29-33.
CONTRERAS, F. et al. Calidad de vida y adhesión al tratamiento en pacientes con
insuficiencia renal crónica en tratamiento de hemodiálisis. Universidad Psychologia
Bogotá, v.5, n.3, 487-499, 2006.
D‟ÁVILA, D.O.; FIGUEIREDO, A.E. Métodos de depuração extra-renal: hemodiálise,
diálise peritoneal e novas técnicas. In RIELLA, M.C. e cols. Princípios de nefrologia
e distúrbios hodroeletrolíticos. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan,
1996. p. 450-455.
DIEFENTHAELER, E.C. et al. Depressão seria um fator de risco para a mortalidade
entre pacientes em hemodiálise crônica? Revista Brasileira de Psiquiatria, v.30, n.2,
p. 99-103, 2008.
DUARTE, A. et. Al. Caracterización neuropsicológica de los pacientes adultos en
diálisis de una institución especializada de Medellín – Colombia. Universidad
Psychologia Bogotá, v.5, n.3, 627-645, 2006.
LOPES, G.B. et al. Comparações de medidas de qualidade de vida entre mulheres e
homens em hemodiálise. Revista da Associação Médica Brasileira, v.53, n.6, p.506-
509, 2007.
MOREIRAS, M.C.V.; MARTÍNEZ, H.O. Estudio del sentido de vida por grupos de
edades en pacientes portadores de insuficiencia renal cronica em planes de dialisis.
Revista Cubana de Psicologia, v.10, n.2-3, p. 156-163, 1993.
MOURA, L.A.R.; RIELLA, M.C.; SOUZA, G.M.C. Anatomia renal. In RIELLA, M.C. e
cols. Princípios de nefrologia e distúrbios hodroeletrolíticos. 3.ed. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan, 1996. p. 1-16.
PEDROSO, R.S.; SBARDELLOTO, G. Qualidade de vida e suporte social em
pacientes renais crônicos: revisão teórica. Psicópio, v.4, n.7, on-line, 2008.
PEREIRA, E.B. Uso de medicamentos em insuficiência renal. In RIELLA, M.C. e cols.
Princípios de nefrologia e distúrbios hodroeletrolíticos. 3.ed. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan, 1996. p. 547-588.
REIS, C.K.; GUIRARDELLO, E.B.; CAMPOS C.J.G. O indivíduo renal crônico e as
demandas de atenção. Revista Brasileira de Enfermagem, v.61, n.3, p.336-341,
2008.
RESENDE, M.C. Atendimento psicológico a pacientes com insuficiência renal crônica:
em busca de ajustamento psicológico. Psicologia Clínica, v.19, n. 2, p. 87-99, 2007.
RUDNICKI, T. Preditores de qualidade de vida em pacientes renais crônicos. Estudos
de Psicologia, v.24, n.1, p. 343-351, 2007.
TANAGHO, E.A. Anatomia do trato genitourinário. In TANAGHO, E.A; McANINCH,
J.W. e cols. Urologia geral. 13. ed. Tradução de Cláudia Lúcia Caetano de Araújo.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1994. p. 1-12.
THOMAS, C.V.; ALCHIERI, J.C. Qualidade de vida, depressão e características de
personalidade em pacientes submetidos à hemodiálise. Avaliação Psicológica, v.4,
n.1, p. 57-64, 2005.
THOMÉ, F.S. et al. Insuficiência renal crônica. In BARROS, E. e cols. Nefrologia:
rotinas, diagnóstico e tratamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 1999. p. 423-
440.
ZATZ, R. Insuficiência renal crônica: mecanismos de adaptação e progressão. In
RIELLA, M.C. e cols. Princípios de nefrologia e distúrbios hodroeletrolíticos. 3.ed.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1996. p. 450-455.
Convicções de saúde e adesão ao tratamento de crianças doentes crônicos
Modalidade: Simpósio
Mesa: Crenças em saúde e doenças crônicas
Resumo
As doenças crônicas e que exigem atenção e cuidados especiais,
hospitalização prolongada, ou serviços de assistência no domicílio, são aquelas em
que os pacientes apresentam muito mais dificuldades de adesão ao tratamento. Entre
as doenças crônicas com maior gravidade em nosso país encontra-se a diabetes
mellitus. A complexidade que envolve a questão da adesão/não adesão mostra a
impossibilidade de se identificar apenas um fator responsável, pois o processo é
multifatorial e dinâmico e vários aspectos interagem entre si. O presente estudo
pretende discutir como as convicções de saúde podem ser consideradas como um
fator de influência positiva nesse processo de adesão ao tratamento, particularmente
em crianças com Diabetes Mellitus. São apresentados recortes de casos clínicos de
crianças portadoras de Diabetes Mellitus, percepção dos pais, em que foram
observados como o conjunto de convicções de saúde (barreiras, suscetibilidade,
benefícios e severidade) esteve relacionado ao sucesso e como o seu contrário pode
dificultar essa adesão ao tratamento, acrescendo-se ainda a influência da participação,
do envolvimento e das atitudes familiares na qualidade da adesão.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Obesidade infantil
Resumo
Estudos comprovam que o mundo vem passando por uma transição nutricional que se
reflete em uma diminuição progressiva da desnutrição e em um aumento também
progressivo da obesidade. Assim, a obesidade se constitui, hoje, o principal problema
de saúde publica tanto em países desenvolvidos como em países em
desenvolvimento. Considerando-se a tendência secular positiva na prevalência da
obesidade infantil e seu impacto na vida adulta, deve-se destacar a importância do
ambiente e enfatizar a urgente necessidade de pesquisas que possam delinear os
fatores ambientais implicados na etiologia da obesidade infantil. Dentre os diversos
fatores ambientais envolvidos pesquisas recentes têm enfatizado a crescente
influência dos meios de comunicação no estabelecimento e na modificação dos
hábitos alimentares da população. Nesse sentido a televisão tem atraído a atenção
dos pesquisadores, pois são cada vez mais freqüentes relatos que evidenciam o papel
desse meio de comunicação no comportamento alimentar de crianças e adolescentes.
Estudos do Laboratório de Nutrição e Comportamento da USP-Ribeirão Preto
demonstraram que a propaganda de alimentos em canais de sinal aberto de televisão
é a mais freqüente quando comparada a todos as outras categorias de propagandas
analisadas, independente da rede de televisão, do dia da semana e do horário
investigados. Além disso, cerca de 60% dos alimentos veiculados nessas redes de
televisão são classificados como alimentos densamente calóricos como resultado da
adição de altas quantidades de gorduras, óleos, açucares e sal durante sua confecção
pela industrias alimentícias. Pesquisas desse mesmo Laboratório mostram que as
compras das famílias são influenciadas pelas mensagens veiculadas na televisão. A
investigação das preferências alimentares dessas crianças em escolas públicas e
particulares da cidade de Ribeirão Preto mostra uma alta incidência escolha de
alimentos densamente calóricos tanto entre as crianças investigadas quanto entre os
familiares dessas crianças. Finalmente, estudos recentes do mesmo Laboratório
mostram que a exposição de crianças e adolescentes a comerciais de televisão onde
são anunciados alimentos alteram o comportamento de escolha de alimentos no
momento do lanche escolar. Esses dados enfatizam tanto a influência da televisão nas
escolhas alimentares de crianças e adolescentes quanto chamam a atenção para o
papel de um importante determinante ambiental no comportamento alimentar dessa
população.
Educação e cuidado humano: a relação educador/educando e suas implicações
para a formação de indivíduos psicologicamente saudáveis
Modalidade: Simpósio
Mesa: Por uma psicologia humana na dinâmica das relações escolares
Resumo
A educação como parte integrante do pro-jeto humano que se estende no fazer
e transfazer de cada um individual e coletivamente, o individual e o coletivo se
interpenetram formando redes interconectadas. Como seres de possibilidades somos
sujeitos que se relacionam entre si, e o reconhecimento do outro em mim é
fundamental para se trabalhar fenomenologicamente no âmbito da educação, quando
se assume “a postura de busca pelo sentido e significado do que se faz e do que se
escolhe”. Para tanto, uma práxis consciente, clara e comprometida será capaz de dar
fundamentos consistentes para ações eficazes ao se desejar uma formação humana.
E uma práxis educativa sob um olhar fenomenológico “entende a educação como
cuidado com o projeto do humano em suas possibilidades de ser mundano e
temporal”. Trata-se de uma práxis que exige uma atitude vinculada ao mundo-da-vida,
encarnada no mundo, onde estamos inseridos, com experiências próprias. Sendo
assim, a escola é um espaço, um lugar especial que tem “existência” e os entes que
estão aí presentes fazem parte da obra educacional na construção histórico-cultural da
realidade. Por este viés, a escola é o lugar privilegiado da existência, que embaralha-
se com o corpo, pressupõem-se mutuamente, formam uma trama na qual a vida
humana procura estabelecer-se na tessitura de uma rede de significações que
constitui a realidade mundana na qual existimos de modo participativo, seja pela
disposição, familiarização ou intervenção do professor-sendo-com-seus-alunos para
suas realizações. Como resultado, temos a abertura ao professor àquilo que se mostra
à sua consciência, o mundo da educação. Do qual pode dispor na superação da
dicotomização sujeito-objeto, que o impossibilita olhar para o seu aluno, de perceber o
quanto sua realidade escolar pode lhe conferir sentido por meio da vivência das
atividades realizadas nesse mundo, podendo assim, promover a formação de
indivíduos psicologicamente saudáveis.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Sentidos da experiência do câncer em mulheres: propostas de avaliação e
intervenção
Resumo
Um dos maiores desafios das múltiplas formas de intervenção
psicoterapêuticas, nas diversas abordagens psicológicas são aqueles ligados a
circunstâncias negativas de vida. A morbidade psicológica associada a doenças
crônicas, em função do estresse contínuo experimentado pelo portador destes tipos de
enfermidade, é um evento complexo inerente a circunstâncias adversas de vida e que
gera muito sofrimento psíquico. Compreender tais circunstâncias e propor métodos
adequados de intervenção constituem metas atuais para o trabalho do psicólogo e de
equipes interdisciplinares. O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos do
relaxamento sobre os níveis de ansiedade e de desesperança de pacientes
diagnosticados com diferentes tipos de câncer e de estadiamento e a importância
desta técnica comportamental para um protocolo de intervenção psicológica cognitivo-
comportamental para estes pacientes. Participaram deste estudo 30 mulheres
diagnosticadas com diferentes tipos de câncer, em diferentes estádios da doença, com
idade média de 40 anos e com liberação médica para treinos de relaxamento. A
amostra foi contatada através de uma ONG (organização não-governamental) que
administra uma casa de hospedagem e acolhimento para mulheres de baixa renda,
portadoras de câncer que fazem tratamento oncológico no Hospital Universitário de
Uberlândia e residem fora da cidade. A intervenção foi feita durante 8 semanas e
incluiu uma entrevista inicial não- diretiva, a aplicação das escalas para o
estabelecimento de linha de base, as técnicas de relaxamento e a reaplicação das
escalas. Os resultados da ANOVA confirmam que o relaxamento foi capaz de baixar
os escores médios do IAB em 9,3 pontos e do IDB em 0,98 ponto, mas este efeito não
se prolongou ao longo das semanas .Uma hipótese para o não prolongamento dos
efeitos diz respeito ao fato de as mulheres permanecerem em tratamento e lidar com
os desafios de uma doença severa como o câncer, podendo suscitar crenças de
vulnerabilidade e perigo, elevando o nível e a manutenção da ansiedade durante o
tratamento, ao mesmo tempo que impede a manutenção dos efeitos do relaxamento
por mais tempo, ou seja, para além das sessões. Uma outra hipótese é que, embora
tenham sido treinadas a usar o relaxamento fora das sessões, elas possam não tê-lo
exercitado o tempo necessário fora da sessão. Conclui-se que o relaxamento pode ser
uma técnica efetiva para compor protocolos de intervenção no tratamento de doenças
crônicas como o câncer, mas ele deve ser acompanhado de outras técnicas que
trabalhem crenças de vulnerabilidade e desesperança.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Sentidos da experiência do câncer em mulheres: propostas de avaliação e
intervenção
Resumo
Os objetivos deste estudo foram o de verificar o grau da eficácia adaptativa e
respectivas variações, por meio da Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada
(EDAO e EDAO/R), de mulheres idosas que havia sido mastectomizadas em
decorrência do câncer de mama; além de verificar as pontuações referentes ao
funcionamento psicológico, social e ocupacional obtida pelas mesmas através da
Avaliação Global do Funcionamento (AGF). Para isso participaram 12 pacientes que
estavam sendo atendidas no Setor de Mastologia Malígna do Ambulatório do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia durante o período estipulado para
a coleta de dados. As participantes formaram dois grupos de 6 mulheres, sendo um
deles constituído por aquelas mastectomizadas já na velhice (G1) e o outro pelas
idosas na época em que participaram da pesquisa, mas mastectomizadas por câncer
de mama antes dos 60 anos de idade (G2). Foram verificadas diferenças
estatisticamente significantes entre os dois grupos, quando da comparação segundo
EDAO/R; EDAO/R ora com o setor da produtividade redefinida (Pr/R) ou não (Pr), e
ora com o setor orgânico (Or); Micro-Fatores positivos considerando apenas o setor Pr
ou o conjunto dos quatro setores do funcionamento da personalidade, sendo que em
todas as análises o G2 apresentou-se melhor em comparação com o G1. Além disso,
foram encontradas correlações positivas em alguns estudos intra grupos: para o G1,
quando do somatório da adequação dos setores Afetivo-Relacional - A-R e Pr segundo
a EDAO X adaptação segundo EDAO/R e, adaptação segundo EDAO X EDAO/R. Já
nos seguintes estudos as correlações positivas foram verificadas tanto para o G1
quanto para o G2: pontuação alcançada pela AGF X somatório da adequação dos
setores A-R, Pr, S-C de acordo com a EDAO; pontuação obtida pela AGF X adaptação
segundo EDAO. Concluiu-se que a EDAO foi o instrumento mais sensível dentre os
três utilizados nessa pesquisa para com a população estudada, sendo que as outras
duas puderam complementar os resultados alcançados por aquela. Sugere-se que
novas pesquisas semelhantes a esta sejam desenvolvidas com um número maior de
sujeitos para que a população estudada possa ser beneficiada com atendimentos
principalmente psicológicos no setor de saúde, mais eficazes e adequados.
Trabalho Integral
Introdução
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 49.240 novos casos de câncer de mama
entre mulheres para o ano de 2010 no Brasil (BRASIL, 2010). O câncer de mama
geralmente acomete as mulheres em idades mais avançadas, sendo que para que
haja um controle das taxas de morbidade e mortalidade dessa população a detecção
precoce é a estratégia mais apropriada (FERRAZ, 2006).
Objetivos
Objetivo Geral: verificar, pela EDAO e EDAO/R, o grau da eficácia adaptativa e
respectivas variações de mulheres mastectomizadas por câncer de mama, com 60
anos ou mais, atendidas no Setor de Mastologia Malígna – HC-UFU; verificar o
funcionamento psicológico, social e ocupacional das participantes por meio da AGF.
Objetivos Específicos: verificar a eficácia adaptativa de mulheres idosas
mastectomizadas por câncer de mama; comparar a eficácia adaptativa segundo EDAO
e EDAO/R; correlacionar o somatório dos valores da adequação dos setores A-R e Pr
segundo EDAO e EDAO/R, assim como a eficácia adaptativa segundo EDAO e
EDAO/R; correlacionar as variações dos graus de adaptação segundo EDAO e
EDAO/R; correlacionar a pontuação obtida pela AGF ora com a eficácia adaptativa das
participantes segundo EDAO, ora com o somatório da adequação dos setores: A-R, Pr
e S-C
Método
Fizeram parte do estudo seis pacientes mastectomizadas por câncer de mama já na
fase da velhice, ou seja, com 60 anos ou mais, as quais eram atendidas no
Ambulatório de Mastologia Malígna (HC-UFU), local escolhido para a realização da
coleta de dados. As participantes foram selecionadas aleatoriamente por meio da
checagem dos prontuários médicos no período em que a pesquisadora se dispôs para
realizar as entrevistas, as quais foram gravadas por meio de um gravador, transcritas
e depois de analisadas, as fitas foram destruídas. Para o início da coleta de dados, o
trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o Protocolo Registro
CEP/UFU 198/09.
Instrumentos
Para avaliar a adaptação e qualidade de vida das participantes utilizou-se a EDAO,
EDAO/R e AGF. Os diagnósticos alcançados por meio da EDAO são realizados
através do princípio adaptativo de acordo com a sua adequação. Esta escala foi
escolhida pelo fato de avaliar quantitativamente o setor Or, o qual atribui-se relevância
no contexto de vida de pessoas com algum prejuízo orgânico. A adequação está
relacionada às respostas do sujeito em busca da solução de problemas para cada um
dos quatro setores de funcionamento da personalidade: Afetivo-Relacional (A-R);
Produtividade (Pr); Sócio-Cultural (S-C); e Orgânico (Or). Uma resposta considerada
adequada, deve solucionar o problema existente; trazer satisfação ao indivíduo; e não
provocar conflitos intra e/ou extra psíquico. A pouco adequada, deve solucionar um
determinado problema, não trazer satisfação ao sujeito e não provocar conflito intra
e/ou extra psíquico ou solucionar um determinado problema, trazer satisfação ao
sujeito e provocar conflitos intra e/ou extra psíquico. Já a resposta pouquíssima
adequada traz a solução do problema, não satisfaz o individuo e provoca conflitos intra
e/ou extra psíquico (SIMON, 1989). A adaptação é o conjunto de respostas dadas pela
pessoa, em diferentes momentos frente a situações que o modificam, a fim de que a
sua organização interna seja mantida o mínimo possível para assegurar sua
compatibilidade com a vida. Para Simon (1989), o sujeito em crise é aquele que não
consegue encontrar uma resposta para a solução do problema (SIMON, 1989).
Com a proposta de redefinição da EDAO (EDAO/R), Simon (1997) propôs a
manutenção da análise qualitativa de todos os setores que compõe a EDAO e a
avaliação quantitativa somente para os setores A-R e Pr, considerados por ele os dois
setores clinicamente mais relevantes na personalidade de uma pessoa. A classificação
da adequação de cada setor da EDAO recebe pontuação 3 para adequado, 2 para
pouco adequado e 1 para pouquíssimo adequado, podendo a adaptação variar de 4 à
12 pontos. Na EDAO/R a pontuação para o setor A-R é igual à proposta pela EDAO e
para o setor Pr passa a ser: 2 para adequado, 1 para pouco adequado e 0,5 para
pouquíssimo adequado. A classificação quantitativa da EDAO/R varia de 1,5 à 5
pontos.
A AGF é uma escala relatada no Eixo V do DSM-IV-TR no Anexo I (2002),
“dividida em 10 faixas de funcionamento” (p. 64), e atribui uma pontuação de 1 à 100
para cada participante. A escala refere-se ao funcionamento atual psicológico,
ocupacional e social de uma pessoa. Cada faixa de 10 pontos é descrita por duas
partes, sendo que a primeira está relacionada à gravidade dos sintomas e a segunda
ao funcionamento propriamente dito.
Resultado
Primeiramente se caracterizará a amostra com alguns dados pessoais bem como a
classificação da eficácia adaptativa segundo EDAO e EDAO/R; e a pontuação obtida
pela AGF. Em seguida será apresentado os estudos e resultados estatísticos.
(Quadran.) Quadrantectomia.
(Mastectomia) Mastec.
(Pont.) Pontuação
Considerações finais
Quando da comparação entre EDAO e EDAO/R mostrou-se equivalência entre elas. A
EDAO/R e a AGF devem ser utilizadas em conjunto no estudo envolvendo a
população feminina idosa mastectomizada por câncer de mama, à medida que são
escalas que apresentam limitações quanto à abrangência da avaliação dos diversos
contextos de vida em que as pessoas estão inseridas. Contudo, são instrumentos que
podem ser auxiliados pela EDAO, por ser esta uma escala sensível para verificar o
grau da eficácia adaptativa e respectivas variações de mulheres idosas submetidas à
mastectomia, de forma mais ampla e completa, à medida que através dos quatro
setores de funcionamento da personalidade ela consegue abarcar além da avaliação
qualitativa os aspectos quantitativos referentes à todos setores. Salienta-se a
necessidade de novos estudos semelhantes à este envolvendo um maior número de
sujeitos para que por meio da ampliação de conhecimento a respeito das relações
pessoais, atividades laborais, vivências sociais, e limitações orgânicas de mulheres
idosas mastectomizadas por câncer de mama, políticas públicas específicas possam
ser melhor desenvolvidas à essa população.
Referências
AAS, IH Monrad. Global Assessment of Functioning (GAF): properties and frontier of
current knowledge. Ann Gen Psychiatry. V.9, May 2010. Disponível em:<
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2880316/>. Acesso em: 08 ago. 2010
GOLDMAN, H.H.; SKODOL, A.E.; LAVE, T.R. - Revising axis V for DSM-IV: a review
of measures of social functioning. Am J Psychiatry 149:1148-1156, 1992.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Sentidos da experiência do câncer em mulheres: propostas de avaliação e
intervenção
Resumo
Trata-se de uma comunicação de pesquisa na qual foi utilizada a abordagem
cognitivo-comportamental em um grupo de mulheres com câncer, passando por um
contexto de sofrimento real na vida. Nove pessoas foram convidadas a participar,
inicialmente. Seis realizaram a entrevista e responderam na etapa inicial os Inventários
de Beck de Depressão (BDI), Ansiedade (BAI) e Desesperança (BHS). Os escores
médios do grupo nessa primeira avaliação foram de 27,16 (BDI), 30,5 (BAI) e 7,83
(BHS) pontos. Estes resultados, em comparação a outro estudo brasileiro com
pacientes em condição médico-clínico foram todos mais altos, com exceção apenas do
BHS, quando comparado aos escores de portadores de HIV. Cinco mulheres iniciaram
efetivamente o grupo sendo que quatro pacientes participaram até o final. Realizou-se
um total de doze sessões e as pacientes foram capazes de identificar exemplos de
estresse cotidianos, acessaram o modelo cognitivo, realizaram exercícios de
respiração, relaxamento e visualização, identificaram distorções cognitivas, levantaram
pensamentos alternativos, confeccionaram cartões de enfrentamento e estabeleceram
metas pessoais. A procura e realização de exercício físico, bem como outras
atividades em prol da saúde e a formação de vínculos sociais podem ser apontadas
com fatores positivos alcançados no grupo. Ao final, as escalas Beck foram
reaplicadas e os escores médios do grupo foram de 19,75 (BDI), 28,5 (BAI) e 4,5
(BHS) pontos. Sugere-se a necessidade de mais estudos com um maior número de
pacientes para averiguar se pacientes oncológicos apresentam mais sintomas de
depressão, ansiedade e desesperança do que outras populações em tratamento
médico. Considera-se também a necessidade de um programa continuado da
intervenção grupal para esses e outros pacientes a fim de promover mudanças mais
consistentes no que tange a desesperança e distorções cognitivas.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Obesidade infantil
Resumo
Trata-se de um estudo que teve como objetivo conhecer como as crianças reagem à
sua própria obesidade e às suas possíveis intercorrências no ambiente escolar. Para
tanto, foram avaliadas 622 crianças, no estágio de vida de seis a onze anos e onze
meses, oriundas de uma escola pública, do interior de Minas Gerais. Num primeiro
momento, as crianças foram submetidas à avaliação antropométrica. A seguir, foram
classificadas como eutróficas, pré-obesas ou obesas, sendo identificadas 60 crianças
obesas; destas, foram escolhidas aleatoriamente, 32 para participar do estudo.
Contudo, apenas 19 participaram efetivamente de todas as etapas da pesquisa. Foram
realizadas reuniões com os pais e com os professores das crianças. As crianças
participantes foram divididas em dois grupos (10 alunos no turno da manhã e 9 alunos
à tarde), sendo estipulado duas horas e trinta minutos para os encontros com
atividades lúdicas e cinqüenta minutos, em média, para a aplicação dos testes. Foram
realizados sete encontros em cada grupo, com o seguinte conteúdo; (1)
Estabelecimento de rapport entre a pesquisadora e as crianças; (2) realização de
atividades lúdicas com temas direcionados à obesidade; (3) aplicação do Teste DFH
III (Desenho da Figura Humana), em que se avalia o desenvolvimento cognitivo; (4)
utilização de fantoches para obtenção de histórias vividas na família; (5) realização de
atividades a partir das respostas a um questionário sobre sentimentos. (6) aplicação
da Escala de Stress Infantil – ESI e (7) reflexão junto às crianças acerca dos
encontros. Após os procedimentos, procedeu-se à análise dos resultados e os
principais achados foram: A) em relação à família: a maioria das crianças tinha
genitores obesos. B) em relação aos professores: relatam a presença de
comportamentos ofensivos do grupo em relação às crianças obesas e, quando
percebem, repreendem. C) em relação às crianças: cerca de 80% das crianças
participantes dizem sentir muita raiva, quando são chamadas por apelidos
depreciativos e sentem vontade de agredir o ofensor. Quanto ao potencial cognitivo,
não foi encontrada nenhuma relação com a obesidade. Em relação aos indicadores
de estresse, 26% obtiveram altos índices, sendo um dado preocupante, devido às
conseqüências que podem acometer tanto a saúde física, quanto mental. Embora as
conclusões do estudo não possam ser generalizadas, lança luzes sobre vários
aspectos afetivos que envolvem a obesidade. Além disso, sugere a adequação de
trabalhos conjuntos, tanto avaliativos quanto de intervenção por profissionais da
Nutrição e da Psicologia.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações de diferentes técnicas gráficas de avaliação psicológica em
psicologia da saúde
Resumo
O câncer é um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos
e em desenvolvimento. Este trabalho teve como objetivo levantar as características
dos desenhos no teste Wartegg de mulheres com câncer e assim contribuir para a
compreensão dos aspectos psicológicos envolvidos na doença. Foram analisados os
desenhos de 10 mulheres portadoras de CA e 10 mulheres não portadoras, na faixa
etária de 40 a 60 anos, sendo verificada a diferença entre os dois grupos. O primeiro
grupo foi composto por pacientes de dois hospitais do interior do estado de São Paulo
e o segundo, por voluntárias que realizaram o teste na clínica escola da universidade.
A maior diferença entre os dois grupos foi no campo 4: enquanto todas (10) sem
câncer indicaram conseguir lidar com suas angústias, seis mulheres com CA
sugeriram não estarem conseguindo elaborar essas questões. Não houve diferenças
nos campos 3 e 6 sendo que, no 3, somente um sujeito em cada grupo revelou estar
voltado para o futuro e pensando em crescimento pessoal; uma hipótese, além do
pequeno número de sujeitos que torna difícil obter dados conclusivos, seria
relacionada à idade dos sujeitos, já não tão jovens. No campo 6, oito em cada um dos
grupos responderam adequadamente ao estímulo (bons recursos intelectuais não
comprometidos com a doença). No campo 5 praticamente metade em cada grupo
atendeu ao estímulo, metade não, o que pode também estar relacionado à idade dos
sujeitos; pode também indicar que a doença não está afetando a energia vital das
portadora de CA mais do que a das mulheres sem a doença. Houve diferenças entre
os grupos nos campos 1, 2, 7 e 8, em todos com número menor de sujeitos que
responderam ao estímulo adequadamente no grupo de mulheres com câncer,
sugerindo que, com a doença, os sujeitos sentem-se menos centrados (campo 1) e
com menos condições de estabelecer um bom relacionamento tanto afetivo (campo 2)
e pessoal (campo 7) quanto social (campo 8) e menos voltados às questões do mundo
externo. A qualidade global dos desenhos do grupo das mulheres com câncer era
bem inferior, confirmando estes resultados a respeito das dificuldades com a doença.
Assim, o Teste Wartegg mostrou-se sensível para indicar algumas das características
psicológicas presentes em mulheres portadoras de câncer.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Psicologia e Saúde: possibilidades de atuação
Resumo
Introdução: O início da Psicologia da Saúde na empresa delineou-se, quando a
psicóloga atuante no RH vislumbrou interesse pela Saúde do Trabalhador, realizando
acompanhamento psicológico aos empregados no local de trabalho e nas visitas
domiciliares e hospitalares aos que se encontravam doentes; estendendo-se ainda o
trabalho profissional aos familiares e a outros cidadãos que buscam atendimento.
Essa expansão se tornou um argumento para a instalação de um pequeno gabinete
somente para o trabalho da psicóloga que conscientizou a Diretoria, ser esse, um
trabalho de Políticas Públicas. Os Referenciais teórico-práticos que norteiam o
cotidiano do trabalho executado são a Subjetividade, a Gestalt e a Humanização, que
juntos permitem, ao profissional, o exercício de uma prática positiva e participante nas
demandas funcionais de Saúde x Doença. Metodologia: Por se tratar de uma prática
que leva em conta principalmente a valorização da construção do sujeito, o método
utilizado é a prática qualitativa descritiva. Objetivo: Contribuir para a Promoção da
Saúde, Elevar a auto-estima e Melhorar a qualidade de vida não somente dos
empregados, mas de todos os cidadãos atendidos. Contextualização: As visitas
domiciliares e hospitalares são, juntamente com o Acompanhamento psicológico, um
avanço inovador na empresa, onde saúde era somente, não apresentar sinais visíveis
de doença; etapa vencida pelo saber fazer profissional, que garantiu ainda, um espaço
para o psicólogo. Resultados: A satisfação dos empregados atendidos; O
reconhecimento do trabalho pelo corpo funcional e a Humanização como ele é
desenvolvido, vem apontando resultados satisfatórios no reconhecimento dos direitos
do cidadão pela empresa de modo geral. Considerações finais: Temos em conta que
o lugar do psicólogo é a área de interesse onde ele está atuando e que seu trabalho
se define basicamente no campo das idéias. Trabalhar a Clínica na empresa,
direcionar seu foco para a Saúde do Trabalhador e utilizar como recurso, além dos
atendimentos, as visitas, foi uma vertente encontrada para inovar na prática, o
compromisso social da psicóloga, que trabalha ainda, os aspectos sócio-econômico,
ambiental e familiar; fazendo emergir uma Psicologia da Saúde, cujo foco é a saúde
das pessoas em sua amplitude; e não mais, a saúde como ausência de doença.
O Modelo de Crenças em Saúde e a adesão aos cuidados com a saúde
cardiovascular
Modalidade: Simpósio
Mesa: Crenças em saúde e doenças crônicas
Resumo
O Modelo de Crenças em Saúde é considerado um dos mais utilizados para o
estudo de comportamentos de saúde, sendo formado basicamente por quatro
dimensões: Susceptibilidade Percebida e Severidade percebida em relação à doença,
Benefícios e Barreiras percebidas nos comportamentos de saúde. Um primeiro estudo,
com 50 indivíduos do sexo masculino, mostrou que as crenças da amostra sobre
diversos comportamentos de saúde cardiovascular eram favoráveis à adesão,
entretanto, a prática ficava muito aquém do desejável e era inconsistente com suas
próprias crenças. No segundo estudo, com 71 indivíduos hipertensos e 71 enfartados,
foram feitas análises de regressão múltipla para as variáveis do MCS, incluindo no
modelo variáveis pessoais, clínicas e motivacionais, tendo como variável dependente
treze comportamentos de saúde cardiovascular. Os resultados mostraram que
“Barreiras Percebidas” foi, entre as crenças em saúde e entre as demais variáveis do
modelo proposto no estudo, a que apresentou melhor poder preditivo dos
comportamentos de saúde cardiovascular. A “severidade do enfarte” foi preditora nas
análises dos dois grupos, sugerindo que a percepção de severidade da doença é uma
variável importante para a adesão de doentes crônicos. A ”susceptibilidade ao enfarte”
foi preditora somente na análise de adesão ao tratamento medicamentoso pelos
sujeitos enfartados. A percepção de “benefícios” demonstrou ser uma condição
necessária para a adesão, mas não suficiente, dado que nas diversas fases de coleta
de dados, havia concordância dos sujeitos sobre os benefícios dos comportamentos,
mas não havia adesão e a razão dada era quase sempre uma barreira aos
comportamentos. Uma revisão de 29 estudos publicados entre 1974 e 1984 mostrou
que os melhores resultados foram obtidos com a variável “barreiras”, seguindo-se
“benefícios”, “susceptibilidade” e “severidade”, nesta ordem. É possível concluir que,
ao se planejar estudos com o MCS, devem ser considerados a distinção entre
comportamento na saúde e na doença, a gravidade da doença estudada, o tipo de
tratamento a que o sujeito está submetido, a presença de sintomas, a natureza do
comportamento, o grau em que o comportamento está relacionado ao hábito e em que
é percebido como relacionado à saúde, que tipo de custos envolve, quais os
benefícios obtidos, em quanto tempo é possível perceber os resultados da adesão. As
mesmas questões se aplicam ao tomar decisões sobre procurar o médico, seguir um
tratamento, fazer uma cirurgia ou adotar um hábito de saúde.
Trabalho Integral
Introdução
O Modelo de Crenças em Saúde (Health Belief Model) foi desenvolvido no início
dos anos 50 por um grupo de psicólogos sociais do Serviço de Saúde Pública dos
Estados Unidos buscando explicar porque as pessoas não se preveniam corretamente
contra certas doenças para as quais já haviam testes ou vacinas (Janz e Becker,
1984).
O modelo foi originalmente formulado por Hochbaum, Leventhal, Kegeles e
Rosenstock, e publicado por Rosenstock em 1966 visando a compreensão da ação
preventiva, porém, nos anos que se seguiram foi aplicado a comportamentos
relacionados à manutenção da saúde em geral, incluindo a procura do diagnóstico e o
atendimento correto às recomendações médicas. Em 1974, em uma edição especial
da revista “Health Education Monographs”, totalmente dedicada ao Modelo de Crenças
em Saúde, Rosenstock (1974a, 1974b) apresenta suas quatro dimensões principais,
aqui reproduzidas de Dela Coleta (2003, 2004):
Susceptibilidade percebida - refere-se à percepção subjetiva do risco pessoal de
contrair uma doença;
Severidade percebida - a gravidade ou seriedade da doença pode ser avaliada
tanto pelo grau de perturbação emocional criada ao pensar na doença quanto pelos
tipos de conseqüências que a doença pode acarretar (dor, morte, gasto material,
interrupção de atividades, perturbações nas relações familiares e sociais, etc.);
Benefícios percebidos - referem-se à crença na efetividade da ação e à
percepção de suas conseqüências positivas;
Barreiras percebidas - os aspectos negativos da ação são avaliados em uma
análise do tipo custo-benefício, considerando possíveis custos de tempo, dinheiro,
esforço, aborrecimentos, etc.
Segundo a formulação original do modelo (Dela Coleta, 1995, 2003, 2004), os
níveis combinados de susceptibilidade e de severidade percebidas na doença
resultam no potencial para a ação, enquanto a modalidade de ação é escolhida em
função da percepção dos benefícios menos as barreiras percebidas nas alternativas
comportamentais. Também fazem parte do MCS alguns estímulos que provocam o
processo de tomada de decisão, que podem ser um sintoma ou a influência da família,
amigos, ou meios de comunicação.
Além destes, fatores biográficos, psicossociais e estruturais podem afetar a
percepção individual influenciando indiretamente a ação final.
A partir da ampliação do MCS para ser aplicado aos comportamentos de saúde
de modo geral, incluindo principalmente a variável motivacional, surgem diversos
estudos nos anos seguintes, a maioria utilizando suas quatro variáveis básicas. Neste
sentido, a primeira revisão de Janz e Becker (1984) cobriu 46 estudos desenvolvidos
entre 1974 e 1984, sendo 24 aplicados a comportamentos preventivos, 18 a
comportamentos na doença e quatro frente ao sintoma. Estes estudos, com resultados
nem sempre consistentes, revelam as tentativas de aplicar o MCS aos diferentes
comportamentos de saúde, sendo muitas as críticas efetuadas por Janz e Becker
(1984), principalmente com relação à variedade de medidas e à inclusão inconsistente
das quatro crenças principais nos estudos. Apesar de todas as limitações apontadas,
os autores concluíram que o MCS é “o principal modelo para explicar e predizer a
aceitação de recomendações sobre cuidados com a saúde” (Janz e Becker, 1984, p.
1).
Posteriormente aos primeiros estudos na década de 70, diversos outros
utilizaram o MCS aplicando-o a diferentes comportamentos de saúde, na prevenção
ou adesão ao tratamento, sendo possível verificar-se a utilidade de cada dimensão
para predição do comportamento de cuidado com a saúde (Dela Coleta, 1995, 2004).
Método
Uma das críticas observadas na literatura refere-se à diversidade de medidas
para as crenças em saúde, dificultando a comparação entre os estudos. Assim,
sugere-se a utilização de escalas específicas para a doença e para os
comportamentos de saúde envolvidos.
Este estudo (Dela Coleta,1995) foi desenvolvido em duas etapas, uma para
construção dos instrumentos e outra para teste do modelo.
A primeira fase tinha como objetivo obter medidas válidas e confiáveis das
crenças em saúde e, para isso, foram utilizados diversos procedimentos de construção
e adaptação.
As escalas de Severidade e de Susceptibilidade Percebidas foram traduzidas e
adaptadas de Champion (1984), cujos itens se referem originalmente ao câncer de
mama. Para os sujeitos hipertensos e saudáveis, os itens foram modificados para se
referir a sofrer “um” enfarto, enquanto para os enfartados os itens se referiam a sofrer
"outro" enfarto, utilizando-se, neste caso, o conceito de reocorrência (resusceptibility)
conforme sugere Becker (1974) para a medida da susceptibilidade percebida em
situação de doença já adquirida. No MCS estas duas medidas compõem a dimensão
"Ameaça Percebida à Saúde". A escala para medida da Severidade Percebida no
Enfarto (SEV) ficou com doze itens que medem a estimativa das conseqüências
negativas da doença cardiovascular em sua forma mais grave, o enfarto do miocárdio.
A escala para medida da Susceptibilidade Percebida ao Enfarto (SUS) ficou
constituída por seis itens e mede a probabilidade subjetiva do sujeito vir a sofrer um
enfarto e o grau de preocupação suscitado por esta probabilidade.
Em todas estas escalas optou-se por utilizar a forma Likert, com cinco níveis de
resposta (discordo totalmente, discordo em parte, indeciso, concordo em parte e
concordo totalmente).
As escalas de Benefícios e Barreiras Percebidos foram construídas a partir de
um estudo prévio, considerando-se que os comportamentos de saúde são específicos
para cada doença e requerem o conhecimento anterior do sujeito sobre as crenças
relativas ao desempenho e aos resultados de sua ação.
Para o desenvolvimento destes dois últimos conjuntos de escalas, duas etapas
foram seguidas, compreendendo a identificação dos comportamentos de saúde
cardiovascular e a construção dos itens, que foram seguidos por testes de validação e
confiabilidade.
Esta etapa iniciou-se com uma consulta à bibliografia referente à etiologia e
tratamento da hipertensão e da doença cardiovascular, seguida de uma análise das
respostas obtidas em entrevistas efetuadas junto a um grupo de dezoito cardiologistas
da cidade de Uberlândia, MG. Orientadas por um roteiro, as entrevistas
individuais com estes médicos tinham por objetivo verificar os comportamentos de
saúde recomendados: a) para se evitar problemas cardiovasculares, b) para sujeitos
diagnosticados como hipertensos e c) para sujeitos definidos como enfartados.
As respostas dos cardiologistas entrevistados foram semelhantes e
permitiram identificar os seguintes comportamentos de saúde cardiovascular:
alimentação com pouco sal, gorduras e carbohidratos, fazer exercícios regularmente,
evitar preocupações, ter horas de lazer ou diversão, ter tempo para descansar ou
relaxar, medir a pressão arterial regularmente, consultar o médico uma vez ao ano,
não fumar, evitar bebidas alcoólicas, controlar o peso e tomar os remédios receitados
pelo médico.
A partir dos treze comportamentos de saúde cardiovascular definidos, a próxima
etapa foi a identificação das crenças relativas aos mesmos comportamentos, junto a
uma amostra de sujeitos do sexo masculino, na mesma faixa etária definida para os
sujeitos do estudo final (homens, de 40 a 70 anos de idade).
Cinqüenta sujeitos foram contatados em escolas, residências, consultórios
médicos e empresas, quando se pedia aos mesmos que colaborassem em uma
pesquisa de opinião sobre questões de saúde. Em cada entrevista buscava-se
basicamente saber, na opinião do sujeito:
(1) “Este comportamento deve ser seguido por pessoas de sua idade? Por que?”
(2) “O senhor faz?”
(3) “Por que faz?” ou “Por que não faz?”
Os resultados mostraram crenças positivas, mas baixa adesão aos
comportamentos de saúde cardiovascular, conforme mostra a tabela que se segue.
Para a construção das escalas de Benefícios Percebidos e de Barreiras
Percebidas, foram utilizadas as respostas sobre o porquê as pessoas devem emitir os
comportamentos, ou porquê o sujeito os emite, que constituíram inicialmente os itens
das escalas de Benefícios Percebidos, enquanto os porquês das respostas negativas
formaram os itens das escalas de Barreiras Percebidas (Dela Coleta, 1995, 2003,
2004).
Conclusão e sugestões
A maioria das escalas adaptadas ou construídas e validadas mostrou bons
índices de validade e confiabilidade, e os teste do modelo mostraram que as crenças
em saúde foram preditores significativos de vários comportamentos preventivos do
enfarte nos grupos de sujeitos hipertensos e enfartados, com pesos diferentes para
cada grupo e para cada comportamento.
O MCS mostrou-se uma ferramenta útil para levantar as crenças da população
e mostrar a relação das crenças com os comportamentos de saúde, sugerindo a
possibilidade de intervenção para modificações comportamentais no sentido de maior
adesão aos cuidados com a saúde por parte de indivíduos saudáveis ou enfermos.
Referências bibliográficas
Champion, V. L. (1984). Instrument development for Health Belief Model constructs.
Advances in Nursing Science, 6(3), 73-85.
Dela Coleta, M. F. (1995). O Modelo de Crenças em Saúde: uma aplicação a
prevenção e controle da doença cardiovascular. Tese de Doutorado,
Universidade de Brasília, DF.
Dela Coleta, M. F. (2003). Escalas para medida das crenças em saúde. Avaliação
Psicológica, 2 (2), 111-122.
Dela Coleta, M. F. (2004). Modelo de Crenças em Saúde. In Marilia F. Dela Coleta
(org.) Modelos para pesquisa e modificação de comportamentos de saúde (27-61).
Taubaté: Cabral Editora.
Janz, N. K. e Becker, M. H. (1984). The Health Belief Model: A decade later. Health
Education Quarterly, 11(1), 1-47.
Rosenstock, I. M. (1974a). Historical origins of the Health Belief Model. Health
Education Monographs, 2(4), 328-335.
Rosenstock, I. M. (1974b). The health belief model and preventive health behavior.
Health Education Monographs, 2(4), 354-387.
Tabachnick, B. G. & Fidell, L. S. (1989). Using Multivariate Statistics. 2nd. ed. New
York: Harper Collins Publishers.
Oficinas itinerantes: uma idéia, um obstáculo, um movimento constituinte de
subjetividades
Modalidade: Simpósio
Mesa: Oficinas terapêuticas na saúde mental
Resumo
O Conceito de Oficina no âmbito da saúde e de educação vem sendo
gradativamente elaborado e a ação que dele se desdobra tem sido muito utilizada em
centros de saúde –CAPS – escolas e outros dispositivos que estão postos. No
presente trabalho adjetivamos as Oficinas com o ITINERANTE. Trata-se de uma
reflexão feita a partir da pesquisa de mestrado, sendo uma das autoras a
pesquisadora e a outra a orientadora do IPUFU-PGPSI. As perguntas que nos
atravessam e que norteiam essa pesquisa surgiram quando estávamos ministrando
oficinas terapêuticas em um casarão antigo em um bairro da Cidade de Uberlândia,
onde havia um imenso quintal. Esse era um lugar, grande, fresco, gostoso, protegido
de muitos olhares estrangeiros ou de estranhamento. Talvez, ainda escondidos, mas,
ocupando um lugar intermediário entre o dentro e o fora. Assim, se originam nossas
inquietações. Não estaríamos nós, oficineiros repetindo o “modelo‟ asilar? Será que
estaríamos escondendo nossos pacientes? Inicialmente, saímos em busca de
atividades que pudessem dar movimento a esta oficina. Alguns pequenos passeios
como: ir à padaria da esquina comprar um lanche. Mas ainda havia um incômodo. E
outra questão nos veio: será que esta oficina está sendo terapêutica de fato? E assim,
como esta, várias outras questões nos ocuparam em um ritmo crescente e constante
resultando em alguns pequenos projetos fora do quintal do antigo casarão...
Apresentando-nos o trânsito. No entanto, “no meio do caminho havia uma pedra”, a
clínica passou por uma crise e resolveu fechar as portas. Lá se vai nosso quintal... Lá
se foi o nosso casarão... E fomos empurrados para rua, dando inicio às oficinas em
diversos pontos da cidade: Praças, shoppings, ruas, casas, brechós, cafeterias, lojas
de vídeos, lanchonetes, enfim vários dispositivos urbanos.
Em meio a este “acaso” circunscrevia uma espécie de caos, começamos vislumbrar
saídas possíveis dos dês-vãos da des-ordem. Em algum lugar das inúmeras
conversas que tentavam elaborar tal questão alguém nomeou de Itinerante o
movimento que nos destinava para os lugares inusitados do urbano cotidiano em
companhia de nossos fiéis escudeiros. Começamos a enxergar uma possível Oficina
Itinerante, e descobrimos em Fábio Herrmann (2001) a Clínica Extensa, que não
consiste apenas na saída do consultório, na verdade é a extensão do método
psicanalítico para o mundo, ou seja, para a produção de sentidos humanos.
Oficinas temáticas com pacientes psiquiátricos: o método interpretativo e sua
destinação terapêutica
Modalidade: Simpósio
Mesa: Oficinas terapêuticas na saúde mental
Resumo
O presente trabalho trata da realização de duas Oficinas Terapêuticas na
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia –HC –
UFU, em dezembro de 2009. As Oficinas Terapêuticas surgem no contexto da reforma
psiquiátrica, contribuindo para a reabilitação psicossocial, isto é, buscando resgatar a
cidadania do doente mental por meio de ações que passam fundamentalmente por
sua inserção no trabalho e/ou em atividades artísticas, artesanais. O tema das oficinas
terapêuticas aqui descritas foi inspirado nas festividades natalinas. Tais oficinas
tiveram como objetivo, além de oferecer aproximação ao espírito natalino na
Enfermaria de Psiquiatria, introduzir atividades lúdicas que permitissem que os
pacientes se expressassem e extraíssem daí efeitos terapêuticos. A intervenção-
investigativa dentro da perspectiva da psicanálise norteou nossas ações. As etapas
metodológicas foram: (1) contato com a psicóloga que trabalha na psiquiatria, (2)
agendamento dos dias de realização das oficinas, (3) coleta de materiais artísticos
diversos, (4) planejamento das atividades principais que seriam realizadas nas
oficinas, (5) realização de duas oficinas terapêuticas e (6) elaboração de dois
relatórios pelas organizadoras das oficinas. Partiu-se de uma perspectiva que defende
a arte como uma estratégia terapêutica produtiva e as oficinas como um espaço de
reinserção social e exercício da cidadania. Tendo sempre em vista que o importante
não é o produto das oficinas em si, mas sim as interações e relações que dali emerge.
Definimos como resultados dessa experiência, a aprendizagem das organizadoras em
relação ao estudo das psicopatologias, a aproximação entre a teoria e a prática, bem
como os benefícios terapêuticos observados através do envolvimento dos pacientes
psiquiátricos nas atividades e suas expressões. Observamos que a oportunidade de
resgatar o Natal com todo seu conteúdo simbólico foi importante para que os
pacientes expressassem e encontrassem um espaço de tranqüilidade, resolução de
angústias, desabafo de questões familiares, interação social e valorização de sua
produção subjetiva.
Oficinas terapêuticas na saúde mental: um dispositivo em desdobramentos
Modalidade: Simpósio
Mesa: Oficinas terapêuticas na saúde mental
Resumo
Este trabalho propõe-se a refletir sobre as possibilidades e alcances das
Oficinas Terapêuticas na Saúde Mental. Inicialmente, serão revisitados alguns
conceitos elaborados sobre este dispositivo. Serão, também, levantados alguns
questionamentos sobre os fundamentos de tal prática, assim como o desdobramento
dos seus efeitos a partir de uma postura ou posição interpretativa. O referencial teórico
é a Psicanálise e a Clínica Extensa, na perspectiva da Teoria dos Campos de Fabio
Herrmann. Tentar-se-á articular um posicionamento acerca do lugar ocupado e da
função terapêutica exercida por aqueles que trabalham com a construção das
Oficinas. A partir disso buscaremos refletir sobre uma particular maneira das oficinas
terapêuticas em se constituir clínica. Atenção pontual será dada ao método que
concede às oficinas o seu valor terapêutico. Tal método é o interpretativo. A
interpretação, por ruptura de campo, sustentada por uma postura interrogante, pode
recolocar o humano, o frágil, o diagonal, por assim dizer, nas relações lineares de
formatação acanhada dos quadros nosográficos. Abre possibilidades de novas
configurações de sentido para aquilo que parecia não ter outra saída senão a
padronização. Nossas considerações e investigações nos conduzem a concluir que na
envergadura do método psicanalítico, uma clínica das Oficinas Terapêuticas pode ser
construída quando um sentido se desvela – ao debruçar-se sobre algo, sobre um
fenômeno humano –, conferindo-lhe a produção de subjetividades e simbolização. Isto
é o que concede à Clínica das Oficinas Terapêuticas o sentido de Clínica Psicanalítica
na sua extensão, onde o método psicanalítico se encarna. Neste sentido as oficinas
terapêuticas poderão ser realizadas em diferentes lugares dentro do locus circunscrito
pela interpretação. Nas Enfermarias de Psiquiatria, no conturbado momento da crise,
onde a contenção se faz necessária, contribuindo para que tal contenção não se
transforme em confinamento. Além disso, para que a condição de criatividade e de
direitos seja preservada nos sujeitos internados. No desenvolvimento de
investigações acerca da loucura e da contemporaneidade, as Oficinas poderão ser
constituintes de um diálogo com diferentes perspectivas teóricas no enfrentamento de
complexas questões no âmbito da Saúde Mental.
Perfil psicológico do paciente da clínica de DTM
Modalidade: Simpósio
Mesa: Reflexões em psicologia da saúde: interface com diferentes quadros orgânicos
Resumo
O presente estudo parte de uma experiência de atuação psicológica no Serviço
de Oclusão e ATM (SOA), da Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Paulo, clínica odontológica especializada em tratamento de desordens
temporomandibulares (DTM). Articulação temporomandibular (ATM) é uma estrutura
dinâmica formada de várias partes que realiza movimentos dos mais complexos e está
relacionada com praticamente todas as funções do aparelho mastigatório. A desordem
da articulação temporomandibular é um distúrbio crônico caracterizado por dor, tensão
e alteração funcional da mandíbula. Os pacientes apresentam dificuldades
mastigatórias, limitações para abrir e fechar a boca, cefaléias, dores de ouvido,
zumbidos e vertigens, entre outros sintomas. A observação dos pacientes permite
constatar que essa disfunção interfere na vida social, familiar e profissional,
repercutindo na qualidade de vida dos mesmos. Vários estudos reconhecem a
necessidade de encaminhamento dos mesmos para outros profissionais entre eles os
da Psicologia. Também se observa que as queixas dos pacientes, comentadas em
conversas na sala de espera da clínica odontológica, são muito freqüentes na clínica
psicológica, especialmente na área da psicossomática. Percebe-se que os quadros
psiquiátricos/psicológicos encontrados também precisam ser levados em conta e
tratados para a melhora e alta dos pacientes. A partir destas observações, buscou-se
na literatura específica informações para traçar um perfil psicológico da pessoa
portadora de DTM. Ainda se constata uma carência de estudos o que revela
preocupação pequena com os problemas psicológicos desses pacientes. A partir
desses estudos e das avaliações realizadas no SOA foi possível observar que esses
pacientes, de modo geral, apresentavam sinais e sintomas característicos de
depressão e suas co-morbidades, tais como fibromialgia, transtorno obsessivo-
compulsivo, transtorno de pânico. Também tinham características comportamentais
muito parecidas entre eles: excesso de responsabilidades, exagerada disponibilidade
para a família e colegas de trabalho, dificuldade em delegar tarefas, dificuldade para
aceitar ajuda e culpa em relação a qualquer atividade prazerosa ou que fosse de
cuidado pessoal não-médico Os resultados indicam que é necessário uma intervenção
feita por equipe multidisciplinar, pois as características de personalidade
provavelmente antecedem ao sintoma e se não houver uma atenção adequada poderá
não ocorrer uma boa adesão ao tratamento e retardamento da alta clínica.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Psicologia, saúde e políticas públicas: um desafio comum e diferentes enfoques
Resumo
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a prática psicanalítica nas
instituições de saúde pública, especialmente, nos ambulatórios de saúde (PSF) e
Centros de Atenção Psicossociais (CAPS). Herrmann (2005) ao analisar o exercício da
psicanálise na contemporaneidade, explica que a prática psicanalítica tem se
concentrado nos consultórios privados o que representa uma redução do pensamento
freudiano. Na origem da psicanálise, Freud voltou seu olhar clínico para o mundo. A
psicanálise surge da prática clínica individualizada, no entanto não se reduz a ela.
Freud foi um pensador da cultura, escreveu vários trabalhos nos quais fazia uma
análise dos problemas sócio-culturais do seu tempo. Além disso, na construção da
teoria psicanalítica Freud recorre às lendas, mitos e demais produções culturais
acreditando que essas produções são fontes de conhecimento do psiquismo, contem
vestígios do inconsciente. A psicanálise ocupava um território bem maior do que o dos
consultórios privados. A nossa realidade exige a extensão da aplicação do método
psicanalítico a outros campos. A partir destas reflexões Herrmann propõe o conceito
de clínica extensa buscando ampliar a prática psicanalítica tanto nas instituições
privadas quanto nas instituições públicas como os Centros de Atenção Psicossociais,
os ambulatórios de saúde pública, os hospitais, as escolas, e de modo geral, a pratica
junto à população desprovida de recursos. Para Herrmann a essência da psicanálise é
o método interpretativo. Neste sentido, Herrmann resgata o pensamento freudiano
reatualizando-o e ampliando a aplicação dos conhecimentos psicanalíticos para além
dos consultórios privados que era desde o início da criação da psicanálise, a proposta
freudiana. Retomamos o texto “A história do movimento psicanalítico” onde Freud
expõe as condições essenciais para alguém se dizer psicanalista. Dentre elas se
destacam: a aceitação dos processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da
resistência e do recalcamento, a consideração da sexualidade e do complexo de
Édipo. Concluímos que o que garante a legitimidade da psicanálise é o respeito aos
seus conceitos essenciais.
Psicologia Hospitalar x Psicologia no Contexto Hospitalar: Implicações Políticas
para a Psicologia da Saúde
Modalidade: Simpósio
Mesa: Psicologia e Saúde: possibilidades de atuação
Resumo
Esta comunicação apresentará parte da discussão realizada a partir da revisão
de literatura, em nossa pesquisa de mestrado, já em fase de finalização. Para tanto,
direcionaremos nossa atenção para o fato de as instituições hospitalares terem se
tornado referência para a Psicologia no campo da Saúde. Destacamos dois fatores
que acompanharam a inserção do psicólogo na área da saúde, na década de 80, a
saber: a) a crise econômica ocorrida pela retração do mercado liberal e b) a luta pela
democracia da atenção psicológica, sendo que a ênfase na saúde se deu
primeiramente no contexto da Psicologia Clínica, fortemente influenciada pela
psicanálise. No entanto, em relação ao Hospital, tem se registro desta atuação desde
1945. Tal fato decorre do histórico da constituição das políticas de saúde em nosso
país, em que o Hospital foi colocado como o local privilegiado para os cuidados em
saúde. Acrescentamos a isso, que o Brasil é o único país que se tem a especialidade
“Psicologia Hospitalar”. Todavia, questiona-se tal especialização, na medida em que
esta se dirige ao nível terciário, enquanto que a denominação “Psicologia da Saúde”
(usualmente utilizada em outros países) abarca todos os níveis de atenção. Nesse
sentido, alguns autores postulam que seria mais adequado considerar a Psicologia
Hospitalar como um sub-especialidade da Psicologia da Saúde, visto que tal prática se
remete a um local específico, o que segundo Chiattone (2000) ao invés de referenciar
as atividades desenvolvidas, o próprio local se torna referência para determinar as
áreas de atuação. Dito isto, o levantamento bibliográfico pesquisado tem apontado
para diversos locais de atuação, mas o psicólogo da saúde ainda se mostra
fortemente vinculado ao Hospital, fato não necessariamente desfavorável,
considerando a importância de trabalhos nestes locais, no entanto problematizamos tal
situação a fim de discutir as conseqüências da soberania deste sobre os demais locais
de atuação na área da Saúde.
Psicologia social e saúde
Modalidade: Simpósio
Mesa: Psicologia, saúde e políticas públicas: um desafio comum e diferentes enfoques
Resumo
A Psicologia da Saúde é uma área que surgiu e tem se desenvolvido na
tentativa de refletir e contribuir com diversas temáticas, dentre as quais podemos citar:
os cuidados em saúde oferecidos pelo modelo médico; as modalidades
interdisciplinares de cuidado e, as próprias mudanças das doenças. Todos esses
campos apresentam desafios constantes para o psicólogo quanto às abordagens
teórico-metodológicas possíveis de serem utilizadas. Sendo que mais recentemente
podemos citar o ingresso da Psicologia Social, no campo da saúde, como uma
estratégia de contribuição para o exercício da clínica ampliada. Mais especificamente,
propomos a discussão da inserção do Construcionismo Social enquanto uma
abordagem teórico-metodológica para a compreensão e atuação no campo do
processo saúde doença e cuidado, na medida em que rompe com o modelo de
culpabilização do doente por sua enfermidade e ao apontar ainda possibilidades de
compreensão da doença enquanto um fenômeno psicossocial, historicamente
construído e culturalmente determinado. Para tanto, nos sustentamos em pesquisas
anteriores que realizamos sobre o diagnóstico e tratamento para o câncer de mama
feminino, nas quais identificamos, dentre outros relatos: o câncer como sinônimo de
morte, o que pode ser encontrado nos registros históricos do câncer enquanto uma
doença incurável, apesar dos avanços científicos para o tratamento da doença, assim
como uma provação, sendo que historicamente também se acreditava que o câncer
era capaz de purificar uma pessoa por meio do sofrimento imposto pela enfermidade.
A partir disso então podemos refletir sobre as contribuições do Construcionismo Social
para o campo da Psicologia da Saúde ao propor possibilidades de conscientização e
não de culpabilização.
Reflexões sobre a vulnerabilidade ao estresse no trabalho em funcionários
públicos
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações em psicologia da saúde: considerações sobre a saúde do
trabalhador em diferentes contextos
Resumo
O presente trabalho apresenta um levantamento acerca da vulnerabilidade ao
estresse no trabalho vivenciado por um grupo de funcionários públicos municipais.
Atualmente, o Homem passa boa parte de seu tempo em ambiente de trabalho, o que
torna essa relação laboral propensa ao desenvolvimento de diferentes quadros de
sofrimento psicológico. A Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho - EVENT,
avalia quanto as circunstâncias do cotidiano do trabalho influenciam a conduta da
pessoa, a ponto de caracterizar certa fragilidade psicológica e propensão ao estresse.
O instrumento relaciona-se com medidas de estresse, e grupos profissionais podem se
diferenciar em relação à intensidade com que percebem sua vulnerabilidade.
Participaram do estudo 100 funcionários públicos municipais, com idade entre 21 e 60
anos, média em 36 anos, sendo 69% do sexo feminino e 31% do sexo masculino,
atuantes em dez secretarias distintas e todos os participantes desempenham suas
funções em atividades diretamente relacionadas ao atendimento ao público. Os
sujeitos foram submetidos à EVENT, de acordo com as especificações técnicas do
instrumento. A aplicação aconteceu no ambiente de trabalho, respeitando-se as
orientações quanto às condições necessárias para a aplicação de um teste
psicológico. Após correção do material dos testes, os seguintes resultados foram
obtidos: no que se refere aos valores considerados elevados tem-se que 17% dos
participantes indicou classificação superior, revelando que possuem grande
vulnerabilidade ao desenvolvimento de quadros de estresse, em seguida tem-se 24%
com classificação média superior, que indica grande tendência ao desenvolvimento de
estresse laboral; apenas 4% dos servidores possuem valores classificados como
médios no que tange à vulnerabilidade ao estresse, revelando que estes possuem
inclinação ao estresse semelhante à maioria da população, não diferem da maior parte
dos indivíduos quanto a esse aspecto; quando se trata de valores diminuídos de
vulnerabilidade, observa-se 38% dos colaboradores com classificação média inferior o
que significa que estes possuem pouca possibilidade de desenvolverem quadros de
estresse laboral, além disso, 17% indicaram valores inferiores na classificação da
vulnerabilidade ao estresse, o que indica que possuem pouca probabilidade de
apresentarem um quadro de estresse no trabalho. Assim, é possível observar que a
maioria dos servidores pesquisados possui uma classificação clara de vulnerabilidade
ao estresse, encontrando-se vulneráveis ou não diante do estresse no trabalho. Pela
relevância do tema, outros estudos são necessários, considerando outras funções
profissionais, amostras mais amplas, interação com outros constructos psicológicos,
entre outras variáveis.
Trabalho Integral
1 Introdução
Nas formulações iniciais, preponderava o foco sobre o evento estressor por si, mas
atualmente existe grande consideração nas diferenças individuais e nas variáveis
cognitivas e motivacionais (LAZARUS, 1993). Sendo assim, é importante considerar
não só a imensa quantidade de fatores potencializadores de estresse, mas também,
os aspectos individuais, a maneira como cada um reage às pressões cotidianas, bem
como os aspectos culturais e sociais aos quais os sujeitos estão submetidos. Fatos
como problemas familiares, acidentes, doenças, mortes, conflitos pessoais, dificuldade
financeira, desemprego, aposentadoria, problemas no ambiente de trabalho, guerras e
inúmeros outros podem ser experienciados de maneira diversa por dois indivíduos
diferentes, em um mesmo contexto histórico, cultural e social, por exemplo, assim
como problemas críticos na ordem social de um país podem potencializar o estresse
patológico em diversos indivíduos (HELMAN, 2003).
2 Objetivo
3 Método
4 Resultados e Discussão
Após análise do material obtido pela EVENT, identifica-se os seguintes dados no que
tange à vulnerabilidade ao estresse no trabalho:
Apenas 4% dos servidores possuem valores classificados como médios no que tange
à vulnerabilidade ao estresse, revelando que estes possuem inclinação ao estresse
semelhante à maioria da população, não diferem da maior parte dos indivíduos quanto
a esse aspecto.
No que tange aos valores elevados de vulnerabilidade ao estresse, tem-se que 17%
indicou classificação superior, revelando que possuem grande vulnerabilidade ao
desenvolvimento de quadros de estresse, seguido de 24% com classificação média
superior, que indica grande tendência ao desenvolvimento de estresse laboral.
5 Considerações Finais
Assim, é possível observar que a maioria dos servidores pesquisados possui uma
classificação clara de vulnerabilidade ao estresse, encontrando-se vulneráveis ou não
diante do estresse no trabalho.
Referências
CRUZ, R.M. Prefácio. In: TAMAYO, A. (Org.). Estresse e Cultura Organizacional.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008, p.17.
HELMAN, C.G. Cultura, Saúde & Doença. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
HOUAISS, A.; VILLAR, M.S; FRANCO, F.M.M. (Orgs). Dicionário Houaiss de Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LADEIRA, M. B. O processo de stress ocupacional e a psicopatologia do trabalho.
Revista de Administração, v. 31, n. 1, p. 64-74, 1996.
LAZARUS, R. S. From psychological stress to the emotions: A history of changing
outlooks. Annual Review of Psychology, v. 44, p. 1-21, 1993.
LIPP, M. N.; ROCHA, J. C. Stress, hipertensão arterial e qualidade de vida: Um
guia de tratamento ao hipertenso. Campinas: Papirus,1994.
SANTOS, O.A.S.G.S. Estresse e estratégias de enfretamento: um estudo de caso
no setor produtivo. 2006. 143 p. Dissertação (Mestrado em Gestão e Desenvolvimento
Regional) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, Universidade
de Taubaté.
SISTO, F.F; BAPTISTA, N.M; NORONHA, P.P.A; SANTOS, A.A.A; EVENT: Escala de
vulnerabilidade no trabalho. São Paulo: Vetor, 2007.
Relações entre convicções de saúde e adesão ao tratamento: consistência
teórica e as contribuições da psicologia
Modalidade: Simpósio
Mesa: Crenças em saúde e doenças crônicas
Marília Vizzotto
Instituição: Programa Mestrado em Psicologia Saúde / Universidade Metodista São
Paulo
Resumo
O presente propõe-se a discutir as relações entre as convicções de saúde e a
adesão de pacientes ao tratamento, bem como discutir a consistência de ambos como
constructos teóricos. A importância de se discutir e questionar tais conceitos dá-se
principalmente pelo fato de que o processo de adesão a tratamentos médicos é tido
como um dos grandes responsáveis para o sucesso terapêutico e, seu contrário a não
adesão implica em altos custos em saúde pública e resulta em desperdício de
recursos e muita frustração para os profissionais e clientes. Nessa discussão, é
apresentado o conceito de adesão, aceito como a capacidade ativa do paciente em
seguir as recomendações médicas de modo cooperativo, e adequação da terapêutica
proposta; somado à responsabilidade compartilhada do médico e do paciente em uma
série de cuidados. E também apresenta as concepções sobre convicções de saúde
que têm sido concebidas como a capacidade do sujeito em ter susceptibilidade,
eficácia própria, reconhecer a severidade, os benefícios do tratamento, e transpor as
barreiras. Após, são questionados ambos os conceitos no que diz respeito a sua
consistência teórica, o caráter subjetivo que os envolve e quais as bases psicológicas
que podem contribuir para os conceitos.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Experiência técnica do pólo não violência da cidade de Sorocaba
Resumo
A violência está fortemente presente no âmbito urbano, escolar, familiar etc.
Não é um aspecto por excelência restrito à condição moderna, estando presente na
vida humana desde os tempos mais remotos. A cidade de Sorocaba por meio de
alguns segmentos (terceiro setor, segurança, saúde e universidade) vem se
organizando e mobilizando esforços para minimizar o sofrimento das vítimas de
violência. Este trabalho objetiva relatar um caso clínico de violência sexual infantil. A
vítima é uma garota(11 anos) que sofreu abuso sexual por parte do pai e foi
encaminhada pela instituição PACIN (Projeto e Apoio a Cidadania e a Infância) para
ser atendida no Pólo Não Violência da clínica escola da Universidade Paulista.
Quando o caso do abuso sexual veio à tona, o pai da vítima suicidou-se. Contudo, a
família escondeu tal fato da criança, revelando que o pai havia sofrido uma parada
cardíaca. O atendimento foi realizado em Psicoterapia Breve Psicodinâmica, buscou-
se garantir que a cliente pudesse finalizar um processo de forma consciente, diferente
do ciclo de violência recorrente vivido por ela. Desse modo, realizou-se um
atendimento individual com a mãe da cliente, almejando sensibilizá-la sobre a
importância de sua filha apropriar-se do real motivo do falecimento do pai. Utilizaram-
se intervenções esclarecedoras e suportivas, buscando o fortalecimento egoico de
potenciais antes desconhecidos. Além disso, outros recursos tais como: caixa lúdica,
realização de desenhos e a aplicação do procedimento DF-E foram utilizados com
intuito de auxiliar a criança a expressar os conteúdos emocionais vividos em relação à
violência assim como em relação ao falecimento do pai. A omissão e o silêncio no
meio familiar da cliente foram evidenciados e puderam ser trabalhados para que mãe
e filha compreendessem a importância de romper com o silêncio. Torna-se lícito
afirmar que o objetivo do atendimento psicológico foi alcançado, uma vez que a
situação vivida pela criança foi trabalhada terapeuticamente durante o processo.
Logicamente, que tal situação deixou marcas profundas que a acompanharão.
Portanto, ainda existem aspectos intrapsíquicos que podem ser trabalhados
futuramente em psicoterapia a longo prazo.
Texto Integral
I. INTRODUÇÃO
Discorrer sobre violência é certificar-se que este tema é bastante amplo,
estando fortemente presente no contexto urbano, escolar, familiar etc. Os meios de
comunicação quase que diariamente divulgam vários tipos de violência praticados
sistematicamente contra a mulher, contra o idoso, contra a criança e o adolescente.
De acordo com Ribeiro et al (2004), a violência é uma das grandes
preocupações em nível mundial por afetar a sociedade como um todo. Como parte da
chamada questão social, ela revela formas de dominação e opressão
desencadeadoras de conflitos, sendo praticada por indivíduos contra outros indivíduos
e manifestando-se de várias maneiras.
Para Eastman (2002), apud Pimentel et al Araújo (2006):
“A Organização Mundial da Saúde, no Relatório Mundial sobre
Violência e Saúde definem violência como: o uso intencional
da força física ou do poder, real ou por ameaça, contra a
própria pessoa, outra pessoa, um grupo ou comunidade que
pode resultar ou tem alta probabilidade em morte, lesão, dano
psicológico, problemas de desenvolvimento ou de privação” (p.
12).
Pode-se dizer que a violência não é um aspecto por excelência restrito à
condição moderna, já que vigora na vida humana desde os tempos mais remotos.
Para Souza (2009), dentre tantos registros de violência que marcam a estória da
humanidade, destaca-se a vil violência praticada durante a Segunda Guerra Mundial.
Naquele contexto, atos covardes e desumanos foram praticados contra aqueles que
não conseguiam se defender. Contudo, graças à declaração Universal dos Direitos
Humanos - documento criado após Segunda Guerra Mundial- a humanidade pode
refletir sobre sua própria condição. “Para as gerações que têm se seguido desde então
ficaram dois grandes desafios: o de manter vivo o espírito da Declaração e o de fazer
com que esses princípios penetrem, cada vez mais, no dia a dia das sociedades”(
p.1)
Parece lícito afirmar que, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
enquanto movimento ético possibilitou que leis fossem criadas no enfrentamento à
violência em suas mais diversas manifestações. No Brasil temos leis que são
consideradas como um avanço no combate à violência tais como: Lei nº 8.069/1990 –
Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei no 10.778 de 24/11/2003 – Notificação
compulsória de violência contra a mulher em serviços de saúde públicos ou Privados;
Lei nº 10.741/2003 – Estatuto do Idoso etc. Contudo, torna-se ilusório acreditar que
somente essas leis poderão assegurar os direitos dos vitimizados. Incontestavelmente,
será preciso que a sociedade em seus diversos segmentos esteja de fato
comprometida com esta questão.
Gomes et al (1999), apontam que há um considerável material produzido no
Brasil (dissertações, teses, livros etc) sobre estratégias de prevenção à violência
contra a criança e adolescente. Tais estratégias são imprescindíveis para evitar danos
graves à saúde desse grupo. Contudo, estes autores destacam que não basta
pesquisar e publicar se essas estratégias de prevenção não puderem ser assimiladas
pelos profissionais e, se o tema da prevenção não for implementado pelas políticas
públicas que lidam com essa população. Ou, em outras palavras, faz-se necessária a
criação de um programa de prevenção que envolva ações governamentais e civis
conjuntas.
Por tudo isso, há de considerar que a formação e a metodologia do trabalho
profissional precisam ser repensadas já que a violência vem sendo reconhecida como
um problema de saúde e educação. A cidade de Sorocaba por meio de alguns
segmentos (terceiro setor, segurança, saúde, universidade e sociedade civil) vêm
mobilizando esforços no enfretamento da violência.
Dentre os vários tipos de violência, nota-se que o abuso sexual vem ganhando
assustadoramente destaque em nosso meio. Em especial, o abuso sexual praticado
contra criança e adolescente.
Para Ribeiro et al (2004) o abuso sexual é uma das facetas do fenômeno
violência que atinge todas as faixas etárias, classes sociais e pessoas de ambos os
sexos. Na maioria das vezes, as vitimizações sexuais são de difícil notificação, já que
a vitima fica paralisada frente ao medo de sofrer descrédito. Pimentel et al Araújo
(2006) corroboram com tal assertiva ao enfatizarem que isso pode se intensificar
principalmente, quando o abuso sexual acontece na própria família, envolvendo
parentes que vivem ou não sob o mesmo teto. É a chamada violência intrafamiliar.
Para Kristensen e col (2001) apud Pimentel et al Araújo (2006):
“Abuso sexual é um tipo de agressão definido como o
envolvimento de crianças e adolescentes dependentes e
evolutivamente imaturos em atividades sexuais que eles não
compreendem, para os quais não são capazes de dar
consentimento informado, e que violam os tabus sexuais dos
papéis familiares. Fundamentalmente, estabelece-se uma
relação de poder ou controle entre o agressor e a vítima que,
não necessariamente, é uma pessoa adulta”.
De acordo com Araújo (2002) o abuso sexual infantil é uma forma de violência
que poderá envolver poder, coação e/ou sedução. Em alguns casos é praticado sem o
uso da força física, não deixa marcas visíveis e, portanto, dificulta a sua comprovação.
Grosso modo, o abuso sexual pode variar de atos que envolvem o contato sexual com
ou sem penetração bem como atos em que não há contato sexual, como o voyeurismo
e o exibicionismo.
II. OBJETIVO
Este trabalho tem por objetivo apresentar considerações sobre um caso clínico
de abuso sexual. A intervenção aconteceu em um nível de prevenção terciária, já que
a violência sexual já havia ocorrido.
III. 3- PROCEDIMENTOS
Utilizaram-se durante os atendimentos psicológicos algumas intervenções
esclarecedoras, suportivas, injuntivas de acordo com as considerações de Fiorini
(1982), objetivando o fortalecimento egoico de potenciais antes desconhecidos. Além
disso, outros recursos tais como: caixa lúdica, realização de desenhos e a aplicação
do procedimento DF-E (Trinca, 1997) foram utilizados com intuito de auxiliar a criança
a expressar os conteúdos emocionais vividos em relação à violência assim como em
relação ao falecimento do pai.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Modalidade: Simpósio
Mesa: Experiência técnica do pólo não violência da cidade de Sorocaba
Resumo
O serviço de Atendimento psicológico no Pólo não Violência da UNIP é
constituído por alunos e ex-alunos interessados em trabalhar com o tema como
possibilidade de extensão universitária e consiste no atendimento imediato aos
clientes que chegam encaminhados e/ou acompanhados por uma pessoa em parceria
com a instituição PACIN na cidade de Sorocaba, após a denúncia em delegacia e
após ter passado por exames de corpo e delito no IML e ter recebido os primeiros
atendimentos preventivos quando é ministrado o coquetel antiviral contra doenças
sexualmente transmissíveis. Geralmente, o fato (violência) recém vivido ou
descoberto, quando deflagrado ou vem a publico, causa na pessoa abusada reações
que a mobilizam. Em geral, a decisão pela procura por ajuda psicológica depende de
um profissional que a apóie incondicionalmente, alertando-a para a necessidade de
alívio da angústia com profissional experiente. A primeira entrevista no Pólo serve
como acolhimento ao cliente para estabelecer uma aliança terapêutica de modo que
ele possa escolher voltar ou não para um próximo encontro. O primeiro encontro tem
caráter emergencial e sempre fica a critério do cliente voltar ou não. Assim sendo,
consideramos que o enquadre para esta demanda específica, composta por mulheres
adultas ou crianças comporta particularidades que o diferem dos enquadres
psicoterapêuticos tradicionais. Apresenta alguns casos clínicos para elucidar a técnica
empregada em diferentes situações de abuso sexual contra crianças e adulto que
foram atendidas pelo Pólo. Os resultados ainda são iniciais, mas demonstram a
importância do trabalho de extensão universitária, envolvendo alunos e ex-alunos com
esta temática social e da relevância do atendimento imediato nestes casos para
garantir que a condução do mesmo seja menos traumática no caso das crianças que
sofreram o abuso ou violência.
Palavras-chave: violência, abuso sexual, técnica
Texto Integral
INTRODUÇÃO
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações de diferentes técnicas gráficas de avaliação psicológica em
psicologia da saúde
Resumo
O presente trabalho reflete sobre a representação do luto em um grupo de
profissionais de enfermagem, submetidos ao desenho-estória com tema. Discute-se a
necessidade de vivenciar sentimentos emergentes durante a morte de alguém cujo
vínculo de qualquer ordem foi estabelecido, dentre estes sentimentos o luto, entendido
como uma reação normal frente à perda de um vínculo e que tem como função
proporcionar recursos para a adaptação do indivíduo frente às mudanças ocorridas em
conseqüência das perdas, merece destaque. Ainda mais quando se trata de
profissionais da área de enfermagem, que convivem rotineiramente com os pacientes
e estabelecem com esses uma relação de cuidado. Participaram do estudo vinte
profissionais da área de enfermagem, entre técnicos e enfermeiros, com idade entre
26 e 60 anos, com variada experiência em enfermagem e vivência diante de perdas e
mortes relacionadas a pacientes que receberam seus cuidados. Todos os
colaboradores responderam a um breve questionário sobre informações sócio-
demográficas e foram submetidos aos procedimentos de aplicação do desenho-estória
com tema em que foi solicitado para o participante que realizasse um desenho sobre
„um profissional que acabou de vivenciar uma morte no seu local de trabalho‟, após a
produção gráfica foi solicitado que o colaborador narrasse uma história sobre seu
desenho, seguida por um inquérito realizado a partir das questões que emergiram da
narrativa. Após análise das histórias, os dados de maior incidência foram os seguintes:
Atitude básica de aceitação (N=16), revelando resignação diante da situação de luto
evocada pela produção gráfica; Figura fraterna positiva (N=17), indicando que os
objetos significativos envolvidos na associação com a morte e luto mostram-se
catexizados de maneira positiva e acolhedora; Sentimentos derivados do instinto de
vida (N=12), que remetem à associação construtiva e organizada diante das vivências
decorrentes da morte e luto na prática profissional; Tendências construtivas (N=19),
que podem ser associadas ao movimento de cuidado, típico nos profissionais de
enfermagem, mesmo diante da perda de um paciente; Impulsos amorosos (N=20),
significando o elemento emocional de cuidado e acolhimento dos profissionais de
enfermagem diante dos pacientes, principalmente diante da morte dos mesmos;
Mecanismo de defesa de racionalização (N=10), significando que os recursos que
esses profissionais reúnem para elaborar os sentimentos de morte e luto são
provenientes de elaboração racional, buscando uma explicação lógica e coerente para
essa vivência. Pela grande importância dos profissionais de enfermagem no cuidado e
na saúde das pessoas, outros estudos que versem sobre seu estado psicológico são
importantes.
Trabalho Integral
1 Introdução
Questões relativas à morte sempre indagaram o homem, porém a forma que ele lida
com a mesma sofreu alterações ao longo dos anos. É possível observar que a morte
deixou de acontecer no lar e passou a acontecer em hospitais, diferentes sentimentos
relacionados ao tema também sofreram mudanças, sendo que hoje são tidos, por
muitos, como sinônimo de fraqueza, algo a ser desprezado, escondido.
Nas últimas décadas podem-se observar as grandes descobertas feitas pela ciência e
os surpreendentes avanços tecnológicos. O conhecimento humano deu um grande
salto tanto qualitativo, quanto quantitativo, porém o homem continua a se indagar com
uma das questões mais antigas da humanidade: a morte e todo mistério nela
envolvido. “Quando retrocedemos no tempo e estudamos culturas e povos antigos,
temos a impressão que o homem sempre abominou a morte e, provavelmente sempre
a repelirá” (KÜBLER-ROSS, 1996, p. 14). Porém a forma com que ele lida com a
mesma sofreu alterações ao longo da história, a morte passou de um evento íntimo
situado no núcleo familiar para se tornar institucionalizada, amparada por tecnologia
de ponta, os antigos médicos que eram amigos da família e partilhavam de sua
intimidade foram substituídos por profissionais cada vez mais especialistas, fazendo
necessário percorrer vários deles para um diagnóstico.
Mesmo com estas mudanças visíveis a morte continua sendo tratada como um tabu,
algo que deve ser evitado, escondido.
Segundo Costa e Lima, (2005, p. 152) “observa-se que a morte está ausente do dia-a-
dia do mundo familiar, pois foi transferida para os hospitais e as crianças são
impedidas, pelos adultos, de participarem dos cerimoniais de despedidas”.
Embora o luto não siga um processo linear, de acordo com os autores supracitados é
possível observar algumas fases vividas durante a elaboração do luto como:
Fase do choque onde podem prevalecer sentimentos de isolamento e irritabilidade;
fase do desejo onde o enlutado tem um desejo intenso de reencontrar a pessoa
perdida; fase da busca onde misturada com a fase anterior ocorre desorganização e o
desespero, pois esta perda traz consigo outras secundárias, cuja intensidade
dependerá das características da personalidade e das experiências prévias do
enlutado e do apoio recebido por parte da sociedade e da família e a fase da
reorganização quando ocorre aceitação da perda (OLIVEIRA; LOPES, 2008).
2 Objetivo
3 Método
4 Resultados e Discussão
5 Considerações Finais
Referências
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações em psicologia da saúde: considerações sobre a saúde do
trabalhador em diferentes contextos
Resumo
O objetivo desse estudo foi identificar crenças e práticas de cuidadores em
uma instituição localizada no Vale do Paraíba e analisar como as mesmas constituem-
se em fatores protetores ou de risco para a saúde das crianças e adolescentes e dos
próprios cuidadores. Foi utilizado o método qualitativo, que teve em sua concepção a
modalidade de pesquisa exploratória e como delineamento o estudo de caso. Foram
entrevistados quatro cuidadores representantes de cada setor de uma instituição
destinada ao abrigo temporário de crianças e adolescentes denominada Casa
Transitória. Compuseram a amostra cozinheira, uma berçarista, uma cuidadora de
crianças de três a dez anos e uma cuidadora de adolescentes. O instrumento utilizado
foi a entrevista individual semi-estruturada e a análise dos dados foram utilizados
alguns procedimentos da Grounded Theory Methodology. Os resultados obtidos
mostraram que a crença dos cuidadores em relação à imagem das crianças e
adolescentes institucionalizados é de que são vitimizadas e sem futuro com conflitos
na adolescência de difícil solução. Além dos cuidados básicos de higiene e
alimentação, o vínculo estabelecido entre os cuidadores e as crianças e
adolescentes, é distante, na medida em que existe a premissa de que não é permitido
aproximação física ou afetiva para que a criança não se acostume e não sofra
posteriormente. As crenças sobre educação da criança e adolescente são permeadas
pela experiência pessoal das cuidadoras, sendo consideradas indefesas as crianças e
rebeldes os adolescentes. Enquanto os cuidados propiciados como a rotina, higiene e
alimentação são fatores protetores à essas crianças e adolescentes, constata-se que
a falta de orientação e suporte às cuidadoras é fator de risco para stress e fadiga. A
dificuldade na identificação de seu papel como profissional ou como mãe, o número de
funcionários insuficientes, a repressão no estabelecimento de vínculos, o contato com
o sofrimento dessas crianças e a falta de apoio no esclarecimento do que significa
“transitoriedade” e desenvolvimento humano, contribuem para situações de
nervosismo tornando-se fatores de risco para a saúde dessas cuidadoras. Como o
desenvolvimento humano saudável das crianças e adolescentes está intimamente
relacionado aos vínculos que se estabelecem entre as mesmas e seus cuidadores, e
considerando ainda que esses vínculos são interrompidos quando essas crianças e
adolescentes são encaminhados ao abrigo, “transitoriamente”, a condição de tornar-
se “saudável” e desenvolver a resiliência é transferida para a interface da interação
circular estabelecida entre cuidadores e crianças, propiciando a ambos fatores de
risco e proteção.
Trabalho Integral
Modalidade: Simpósio
Mesa: Por uma psicologia humana na dinâmica das relações escolares
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar a Fenomenologia-Existencial sendo
utilizada como referencial teórico e prático em estágio clínico supervisionado III,
voltado para alunos(as) do décimo período de Psicologia do Instituto Luterano de
Ensino Superior de Itumbiara, Goiás (ULBRA), cujo trabalho refere-se ao atendimento
psicológico de adolescentes e adultos na Clínica-Escola da ULBRA, sob supervisão de
psicóloga responsável. O objetivo do estágio clínico é a promoção de saúde
psicológica para a comunidade de Itumbiara, Goiás. O estágio clínico, atualmente, tem
duração de seis meses e, no período referente ao primeiro semestre do ano de 2010,
nove alunas realizaram os atendimentos psicológicos toda semana, cada um com
duração de cinqüenta minutos. As supervisões dos casos clínicos atendidos pelas
alunas foram realizadas semanalmente. A cada supervisão semanal foram
selecionados em média três casos das alunas para serem ouvidos e esclarecidos
mediante todo o grupo de estagiárias. As alunas foram incentivadas a utilizarem o
instrumento fenomenológico-existencial para a supervisão de psicoterapeutas
iniciantes que são as “Versões de Sentido”, ou seja, no fim de cada sessão de um
atendimento terapêutico, imediatamente após seu término, escreve-se alguma coisa.
Isso que se escreve não pretende ser um relato do que aconteceu em sua
materialidade, mas uma tentativa de dizer a experiência imediata do terapeuta
enquanto pessoa naquele momento, e enquanto ainda referida à sessão que acaba de
terminar. Inclui sua percepção e sentimentos não apenas acerca de si mesmo, mas
inclusive em relação às vivências trazidas pelo(a) seu(sua) cliente. Sendo assim,
entendemos que a tarefa da psicoterapia inclui o conhecimento teórico, a vivência
técnica, o vínculo autêntico com o paciente, a satisfação com o trabalho, além do
desenvolvimento pessoal do outro e de si mesmo como seres humanos. Portanto,
requer do psicoterapeuta uma síntese pessoal da teoria e da técnica, de forma a não
escravizá-lo nem a uma nem à outra. Intentamos, dessa forma, contribuir para a
reflexão e formação de futuros psicólogos na abordagem fenomenológico-existencial e
continuidade da promoção de saúde psicológica.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aplicações em psicologia da saúde: considerações sobre a saúde do
trabalhador em diferentes contextos
Resumo
O trabalho noturno é um tema de relevância na atualidade, devido sua
utilização em um grande número de empresas, por razões técnicas, sociais e
econômicas. Pesquisas têm demonstrado, entretanto, que este tipo de turno pode
trazer prejuízos à saúde do trabalhador, assim como perturbações na vida familiar e
social. Esta pesquisa teve como objetivo levantar e analisar as repercussões do
trabalho noturno na saúde e na vida familiar de profissionais das cidades de Taubaté e
São José dos Campos, ambas situadas no Vale do Paraíba, segundo a visão dos
próprios trabalhadores. Foi realizado um estudo exploratório, com abordagem
quantitativa, por meio do delineamento de levantamento. A amostra foi composta por
84 trabalhadores noturnos, de ambos os sexos, que trabalham no turno noturno fixo ou
rodiziante há no mínimo um ano. Foi utilizado um questionário para a coleta de dados
e os mesmos foram analisados quantitativamente por meio do software SPHINX.
Quanto à saúde, segundo a percepção dos trabalhadores, os resultados revelaram a
presença de alterações no sono, sendo apontados fatores como cansaço, desgaste,
estresse, irritabilidade, sonolência e dor de cabeça como associados à qualidade do
sono. Quanto à vida familiar as principais dificuldades enfrentadas em decorrência do
trabalha noturno são o pouco tempo para se dedicar à família devido à
incompatibilidade de horários, prejuízos na afetividade e qualidade das relações
devido à irritabilidade, falta de paciência e distanciamento. Os sujeitos da pesquisa
também percebem interferência do trabalho noturno nas atividades de lazer e no
relacionamento social, sendo que os trabalhadores do turno rodiziante percebem
maiores prejuízos nas relações sociais do que os trabalhadores do turno noturno fixo.
Pode se concluir que o trabalhador noturno percebe as conseqüências deste tipo de
trabalho na sua saúde e nas suas relações familiares, estando sujeito a diversas
variáveis que interferem negativamente em seu cotidiano, afetando o seu bem-estar e
de sua família. Enfatiza-se a importância de políticas de prevenção contra os possíveis
prejuízos à saúde física e mental do trabalhador, em busca da manutenção de uma
boa qualidade de vida dentro e fora do trabalho.
Trabalho Integral
1 INTRODUÇÃO
2 MÉTODO
3 RESULTADOS
Quanto ao sexo 90,5% dos participantes são do sexo masculino e 9,5% são do
sexo feminino. Quanto à idade os participantes que têm até 20 anos são 1,2%, e os
que têm entre 21 a 30 anos são 26,2%, os que têm entre 31 a 40 anos são 36,9%, e
entre 41 a 50 anos são 26,2%, de 51 a 60 anos são 2,4% e acima de 61 anos são
3,6%.
Quanto à escolaridade, a maioria possui 2º grau completo (56%). Os demais
estão distribuídos da seguinte forma: 6,0% dos participantes possuem 1º grau
completo, 2,4% possuem 1 ºgrau incompleto, 6,0% possuem 2º grau incompleto,
11,9% possuem superior completo e 13,1% possuem superior incompleto.
As profissões apontadas pelos respondentes foram : 19 participantes são
policiais militares, 10 são vigilantes, 9 são eletricistas, 8 são industriários, 8 são
operadores de veículos industriários, 7 são operadores de máquina, 4 são mecânicos,
2 são funileiros, 2 são operadores de torno, 2 são da produção, 2 são soldadores, 1 é
analista, 1 é auxiliar de planejamento e produção, 1 é carpinteiro, 1 é coordenador de
produção, 1 é ferramenteiro, 1 é fresador, 1 é funcionário público, 1 é inspetor de
qualidade, 1 é líder de produção e 1 é operador logístico, e 1 não respondeu a esta
questão.
Com relação ao local de trabalho 71,4% dos participantes trabalham em
fábrica, 4,8% trabalham em condomínio e 23,8% trabalham em outros locais não
especificados.
Quanto à renda familiar, 3,6% dos participantes não responderam esta
questão, 13,1% recebem de 1 a 2 salários mínimos, 50,0% recebem de 3 a 5 salários
mínimos, 22,6% recebem de 6 a 8 salários mínimos e 10,7% recebem acima de 8
salários mínimos.
Com relação a dados familiares, 77,4% dos participantes têm filhos, 19,0% não
têm filhos e 3,6% não responderam esta questão. Quanto à idade dos filhos 9,5% dos
participantes possuem filhos com idade de 0 a 2 anos, e 35,8% possuem filhos com
idade de 3 a 12 anos, e 25,3% possuem filhos com idade entre 13 a 20 anos e 10,5%
possuem filhos com idade acima de 21 anos.
Com relação ao tipo de turno, 88,1% dos participantes trabalham em turno fixo
e 11,9% em turno rodiziante. Em relação as horas trabalhadas durante o dia, 65,5%
dos participantes trabalham até 8h por dia, 11,9% de 9h à 10h por dia e 22,6% de 11h
à 12h por dia.
Em relação ao tempo trabalhado em turno, 12,4% não responderam esta
questão, 25,0% trabalham até 1 ano, 20,2% de 1 ano e 1 mês até 3 anos, 11,9% de 3
anos e 1 mês até 5 anos e 40,5% acima de 5 anos.
Conforme pode ser visto no Gráfico 1 em relação à qualidade do sono, 46,4%
dos participantes consideram o sono bom, 35,7% regular, 14,3% insuficiente e 3,6%
como muito bom.
Bom 46,4%
Regular 35,7%
Sim 61,9%
Não 38,1%
Cansaço 20,3%
Desgaste 16,8%
Estresse 13,3%
Irritação 10,2%
Sonolência 9,8%
Nervosismo 7,4%
Exaustão 5,5%
Preguiça 4,7%
Fadiga 3,1%
Nenhum 2,3%
Outro 0,8%
Dores na coluna 5
estresse, irritaç ão 5
L.E.R 5
Des gaste no ombro direito 2
Depressão 1
Dor de cabeça 1
Dor no estômago 1
Dores nos braços 1
Gastrite 1
TOTAL 22
4 DISCUSSÃO
Podemos perceber nesta pesquisa que foi predominante o sexo masculino no
trabalho noturno, devido aos locais que foram coletados os questionários. O sexo pode
variar de acordo com o local de trabalho. Por exemplo, em linhas de produção de
fábricas e em empresas de segurança, podemos encontrar mais profissionais do sexo
masculino; em hospitais, podemos encontrar mais profissionais do sexo feminino. A
maior parte da amostra trabalha em linha de produção de fábricas da região, o que
determina a predominância do sexo masculino.
Pode ser visto que a faixa etária que concentra mais trabalhador noturno é
entre 31 a 40 anos. Nesta amostra de 84 trabalhadores noturnos, a maioria possui o 2º
grau completo. Na presente pesquisa, pode ser visto que a maioria dos trabalhadores
noturnos trabalha em turnos fixos e o restante em turno rodiziante. De acordo com
Fischer et al., (1995 apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004) um estudo
realizado pela Fundação SEADE constatou que trabalhadores residentes na área
metropolitana de São Paulo, 8,6% eram trabalhadores noturnos, dentre estes, 3,3%
trabalhavam em turnos fixos e 3,0% em turnos rodiziantes e 2,3% em turnos
irregulares. Nesta pesquisa, pôde-se constatar que na realidade, a maioria trabalha
em turno fixo, diferentemente da realidade encontrada em Fischer et al., em que houve
um equilíbrio entre os tipos de turno.
Segundo Akerstedt et al., (1991 apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG,
2004) O sono durante o dia não é o mesmo que à noite, pois, é de menor duração e
pode comprometer a saúde do trabalhador noturno. Mas nesta pesquisa pode ser visto
que embora a maioria dos trabalhadores tenha classificado seu sono como bom,
35,7% dos participantes o classificaram como regular e 14,3% como insuficiente. Tais
dados, portanto, vão ao encontro com o que afirmaram Akerstedt e colaboradores.
Nesta pesquisa podemos perceber que a maioria dos trabalhadores dorme em média
6h por dia. De acordo com Rutenfranz, Knauth e Fischer (1989) a necessidade de
quantidade de horas dormidas, varia de acordo com cada organismo, pois, uns
precisam de mais horas e outros precisam de menos. Como podemos ver a maioria
dos participantes respondeu que há interrupções durante o sono, e segundo
Rutenfranz et al., (1989) há ruídos principalmente se houver crianças em casa. Assim,
o barulho de crianças atrapalha o sono, além do que, os pais têm que cuidar da
alimentação e levar até à escola.Podemos ver que 21,4% dos participantes citaram
que tanto o barulho externo quanto o interno, interrompem o sono e 17,9% apontaram
que o barulho interno interrompem o sono.
Nesta pesquisa, em relação aos sintomas associados à qualidade do sono, o
que mais foi citado pelos participantes foi o cansaço. Acreditamos que se a qualidade
do sono for ruim, acaba gerando cansaço. Nesta pesquisa constatou-se que 50,0%
dos participantes sentem sonolência no horário de trabalho, mas a pesquisa de
Akerstedt (apud FISCHER; MORENO; ROTENBERG, 2004) revelou um índice mais
alto de trabalhadores noturno que sentem sonolência no horário de trabalho, que é de
75,5%. Diversos autores afirmam que o trabalho noturno deteriora as condições de
saúde, e interfere no sono, na alimentação e também nos hábitos alimentares
(HARRINGTON, 1978; WATERHOUSE et al., 1992; COSTA, 1996 apud FISCHER;
MORENO; ROTENBERG, 2004).
Na presente pesquisa a maioria dos trabalhadores noturnos classifica como
boa a sua saúde. Entretanto, 28,6% dos trabalhadores responderam que houve
alguma enfermidade associada ao trabalho. Costa (2003 apud CHILLIDA, 2003) afirma
que o índice do impacto do trabalho noturno aumentou muito nos últimos tempos.
5 CONCLUSÃO
Concluiu-se com esta pesquisa que quanto à saúde, segundo a percepção dos
trabalhadores, os resultados revelaram a presença de alterações no sono, sendo
apontados fatores como cansaço, desgaste, estresse, irritabilidade, sonolência e dor
de cabeça como associados à qualidade do sono.
Quanto à vida familiar pode se concluir que as principais dificuldades
enfrentadas em decorrência do trabalha noturno são o pouco tempo para se dedicar à
família devido à incompatibilidade de horários, prejuízos na afetividade e qualidade
das relações devido à irritabilidade, falta de paciência e distanciamento. Os sujeitos da
pesquisa também percebem interferência do trabalho noturno nas atividades de lazer
e no relacionamento social, sendo que os trabalhadores do turno rodiziante percebem
maiores prejuízos nas relações sociais do que os trabalhadores do turno noturno fixo.
Pode se concluir que o trabalhador noturno percebe as conseqüências deste
tipo de trabalho na sua saúde e nas suas relações familiares, estando sujeito a
diversas variáveis que interferem negativamente em seu cotidiano, afetando o seu
bem-estar e de sua família. Enfatiza-se a importância de políticas de prevenção contra
os possíveis prejuízos à saúde física e mental do trabalhador, em busca da
manutenção de uma boa qualidade de vida dentro e fora do trabalho.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Aspectos biopsicossociais e adesão a comportamentos de saúde
Resumo
Buscando testar um modelo composto de variáveis sócio-demográficas,
clínicas, cognitivas e motivacionais para explicação de comportamentos preventivos,
de controle e de tratamento de diversas enfermidades, temos desenvolvido diversos
estudos sobre comportamentos preventivos relacionados com câncer, Aids, diabetes e
doenças cardiovasculares. Os primeiros destes estudos nortearam os posteriores e
mostraram a necessidade de melhor definição operacional das variáveis, de acréscimo
de outras, de construção de escalas para sua medida, do emprego de análises
multivariadas e de verificar o seu valor preditivo dos diversos comportamentos
estudados. Entre os principais resultados, para uma amostra de 315 mulheres
verificou-se que aquelas que praticam o auto-exame de mamas e as que realizam o
preventivo do câncer cervical com regularidade apresentam crenças na
controlabilidade do câncer, na baixa susceptibilidade pessoal e em benefícios
decorrentes do exames, não percebendo barreiras à realização dos mesmos. As
mulheres que não fazem os exames não percebem seus benefícios, apresentam
algumas barreiras, mostram crenças na incontrolabilidade do câncer e não sabem
estimar a própria susceptibilidade a esta doença. Em outro estudo, com 360
universitários, as variáveis do Modelo de Crenças em Saúde, o lócus de controle da
saúde, variáveis sócio-demográficas, tomada de risco e atitudes com relação ao
preservativo masculino correlacionaram-se significativamente com o uso deste para
prevenção à contaminação pelo HIV, mas diferiram quando se consideraram
isoladamente cada sub-grupo por sexo. Em um estudo mais recente, com 232 sujeitos
do sexo masculino na faixa etária de 40 a 70 anos, os objetivos eram verificar a
relação das crenças com comportamentos de saúde cardiovascular, visando a
prevenção e o controle do enfarto do miocárdio. A amostra incluía indivíduos
saudáveis, hipertensos e enfartados, variando também em nível de escolaridade,
região de origem (rural, cidade pequena, média ou grande) e tipo de assistência
médica (particular ou sistema público de saúde). Todas as variáveis do modelo
correlacionaram-se aos comportamentos de saúde cardiovascular, com diferenças
entre os grupos e em função do tipo de comportamento, se relacionado com dieta,
consultas e exames ou hábitos de beber ou fumar. Com os resultados desta linha de
pesquisa espera-se oferecer a pesquisadores e profissionais da área um instrumental
teórico e metodológico para a compreensão dos conteúdos cognitivos relacionados
com a adesão, facilitando tanto a pesquisa nesta área quanto a prática diária voltada à
educação em saúde.
Modalidade: Simpósio
Mesa: Experiência técnica do pólo não violência da cidade de Sorocaba
Resumo
A violência vem sendo abordada nos meios de comunicação de forma maciça,
mostrando sua forte presença na sociedade através dos diversos espaços da vida
humana, seja no âmbito urbano, escolar, trânsito, político. Compreende-se que para
romper o ciclo da violência dependemos de ações integradas das instituições e
diferentes esferas da sociedade tais como educação, justiça e saúde. Trata-se de um
problema de saúde publica e na cidade de Sorocaba algumas ações vêm sendo
praticadas no enfrentamento da violência. Este trabalho objetiva relatar um caso
clínico atendido no Pólo Não Violência do serviço-escola da Universidade Paulista.
Trata-se de um garoto (9 anos) cuja família buscou ajuda psicológica para
enfrentamento da agressividade e indisciplina escolar. Há três anos a criança está
morando com a avó e um tio de vinte anos numa edícula nos fundos da casa de outro
tio paterno que é casado. O pai é falecido há seis anos, tendo sido morto por tiros.
Durante a gravidez a mãe era espancada pelo pai e ela faleceu, durante o período de
atendimento da criança, com o diagnostico de Aids. A criança cresceu no meio das
brigas dos pais e das drogas. Nosso objetivo foi ajudá-lo a se apropriar de sua história
e de seu potencial, entrar em contato com seus potenciais psíquicos antes
desconhecidos e ajudá-lo a desenvolver estratégias pessoais de superação em
relação à violência sofrida. Realizamos um atendimento individual com a avó e tia do
cliente, visitas domiciliar e escolar além das sessões com a criança. A avó foi
orientada para ser mais assertiva e contar a verdade a respeito da morte do pai. Os
resultados mostraram que foi possível através de orientação ajudar a família no
enfrentamento da violência vivida, de modo que o silêncio e a omissão sobre a morte
do pai da criança fossem deflagrados.
Introdução
Ultimamente o tema da violência tem sido interesse de vários autores que
refletem suas conseqüências sobre diferentes aspectos como podemos constatar no
decorrer dos anos.
A violência vem sendo abordada nos meios de comunicação de forma maciça,
mostrando sua forte presença na sociedade através da violência em diversos espaços
da vida humana, seja no âmbito urbano, escolar, trânsito, político. Encontramos esta
violência sendo praticada contra a mulher, contra o idoso, contra a criança e o
adolescente. (Pinto Júnior, 2001).
Para Pinto Júnior (2001), ser criança dentro deste mundo violento se tornou
uma tarefa muito difícil, onde todos os seres humanos têm um papel indispensável no
combate à violência e proteção aos direitos da criança e do adolescente, permitindo
um desenvolvimento saudável e o mais livre possível de eventos perturbadores para
seu crescimento enquanto pessoa integrada.
Para Vecina e Silva Cais (2002), violência refere-se a “uma conduta de abuso e
poder, muitas vezes invisível e/ou encoberta, que envolve situações de força e tensão,
assimetria e desigualdade social, danosas para a constituição do indivíduo e da
sociedade” (p. 59).
Segundo Weber et al. (2002), a violência contra crianças e adolescentes existe
desde a Antiguidade, em todas as classes sociais e nas mais diferentes culturas; as
crianças não eram consideradas como seres com vontades próprias e a agressão era
considerada forma de educação e respeito; também não possuía leis específicas de
proteção aos direitos da criança.
A preocupação em esclarecer e compreender os maus-tratos contra crianças
surge tardiamente, na metade do século XIX, coincidindo com a importância social
dada em torno da família. Como descreve Ariés (1986), apud Weber et al. (2002), a
família é o espaço onde encontramos a expressão de afeições necessárias que são
trocadas entre seus membros.
Violência Intrafamiliar
Araújo (2002) designa violência intrafamiliar àquela que ocorre no espaço
familiar, envolvendo parentes que podem morar ou não sob o mesmo teto, todavia as
ocorrências são maiores entre parentes que convivem no mesmo espaço. A autora
relata que, apesar de algumas mudanças institucionais, políticas e jurídicas, a
violência intrafamiliar continua ocorrendo, devido à impunidade, políticas públicas
enfraquecidas e práticas de intervenção e prevenção deficientes.
Pimentel e Araújo (2006) relatam que no decorrer do século XX, a violência
praticada contra crianças e adolescentes deixou de ser apenas um problema
interpessoal para adquirir um caráter social. Ao estudarem a violência, os autores
perceberam que existem relações de opressão em meio às relações sociais, relações
essas muitas vezes entendidas como “naturais”.
Estes autores ainda relatam que a revelação de práticas culturais sociais e
familiares que violam os direitos da criança e adolescente tem evidenciado que a
violência geralmente ocorre no âmbito intrafamiliar.
Podemos dizer que uma família fracassa no cumprimento de suas funções
quando não cumpre o papel social de protetora de sua prole, de transmissora de
valores culturais. (Ferrari, 2002). A autora observa que entre os membros de tais
famílias existe a falta de relações verdadeiras, incoerência entre seus membros, são
relações de duplo vínculo, de pseudomutualidades. (p.40).
Winnicott (1999, p. 139), apud Bezerra (2006) diz que ao ser fornecido à
criança um ambiente facilitador satisfatório, isto permitirá seu desenvolvimento, sua
interação e crescimento. No entanto se este ambiente não for satisfatório, a criança
não conseguirá alcançar a plenitude pessoal.
Pereira (2000), apud Viodres Inoue e Ristum (2008) destaca que a família vai
gradativamente perdendo seu papel de protetora e defensora dos direitos da criança e
adolescente porque, de acordo com dados estatísticos, é dentro do seio familiar que
ocorrem, em grandes proporções, a violência.
Pereira (2000), apud Viodres Inoue e Ristum (2008) aponta a família como a
maior violadora dos direitos infanto-juvenis.
Repetição da Violência
Santos (2007, p. 22) conceitua “multigeracionalidade como a possibilidade do
adulto reproduzir com crianças da família as experiências de violência vividas em sua
infância”.
A autora enfatiza, ainda, que não podemos generalizar padrões de
relacionamento uma vez que comportamentos aprendidos na infância podem ou não
ser repetidos nas próximas gerações.
Na família do tipo disfuncional todos são vítimas, inclusive o abusador por
isso precisa ser tratada.
Devemos considerar a forma cíclica da transgeracionalidade, pois é possível
quebrar o ciclo ao fazer uma boa leitura do que acontece naquele núcleo familiar e
estabelecer estratégias. O profissional, ao iniciar seu trabalho com a família, deve
alertá-la para a dificuldade do rompimento do ciclo.
Profissionais
Viodres Inoue e Ristum (2008) descrevem que as questões relacionadas à
revelação do abuso ocorrido, a denúncia efetivada e a prevenção da violência
encontram caminhos muitas vezes tortuosos. Alguns profissionais mesmo sabendo do
ato violento cometido contra a criança e o adolescente, optam muitas vezes pelo
comodismo da dúvida e do silêncio, fugindo da responsabilidade que lhe cabe e
negligenciando os direitos do outro.
Habigzang e cols. (2005) relatam que além da falta de capacitação dos
profissionais na identificação e diagnóstico da violência sexual e também na promoção
de ações para prevenção e tratamento tanto da criança e adolescente como para suas
famílias, as autoras comentam a respeito de algumas decisões judiciais que exigem
provas materiais do abuso que nem sempre podem ser coletadas ou constatadas,
postergando assim as medidas preventivas e protetivas, aumentando as chances de
agravamento do quadro clínico das vítimas. Percebe-se que é preciso formar uma
rede de profissionais que trabalhem a violência sexual de forma integrada para que
seus resultados sejam eficazes e promovam um enfrentamento da violência sofrida
com crianças e adolescentes e sua família.
Existe certo receio de envolvimento nestes casos de violência por parte dos
profissionais segundo Gonçalves e Ferreira (2002), apud Azambuja (2005) por não
receberem em sua graduação o devido preparo sobre o diagnóstico e manejo dos
casos de maus-tratos. Os profissionais se questionam sobre a quebra do sigilo
profissional, desconhecendo a permissão para esses casos; não querem se
responsabilizar pela notificação do abuso, por não se sentirem seguros e protegidos
para tal ação, considerando o caso “pesado” e desgastante devido à própria família
dificultar a notificação. Existe também a preocupação em se tornar um intruso na
autoridade dos pais.
Surgimento do Pólo Não Violência no serviço-escola UNIP de Sorocaba
O projeto VIVA foi lançado na cidade de Sorocaba em 2007 dentro do Fórum
Municipal de Enfrentamento de Violências e Acidentes. É ligado diretamente à
Vigilância Epidemiológica e o projeto VIVA congrega importantes parceiros, como o
CREAS, o CIM Mulher, a UNIP, o CEREST, além das Secretarias de Comunicação,
Educação e Juventude e Conselhos Municipais de Assistência Social e do Idoso.
A UNIP, como parceira e produtora de conhecimento, instituiu no Serviço-
escola, o Pólo Não Violência cuja estratégia de intervenção objetiva:
romper o ciclo perverso das relações familiares violentas
fortalecer a pessoa que sofreu o abuso em suas potencialidades
psíquicas para o enfrentamento da violência.
participar no processo de mobilização social contra a violência
propicia aos alunos e ex-alunos da UNIP como também para
profissionais que atuam campo da violência repensar sua prática e
responsabilidade a partir de um espaço privilegiado de extensão
universitária,
Relato de caso em atendimento no Pólo de Atendimento a Não Violência
no serviço-escola da UNIP de Sorocaba
G. é um menino de nove anos cuja família procurou o serviço-escola. Passou
pela triagem com a psiquiátrica da clínica, quando se descobriu que a família havia
procurado ajuda da assessoria de um vereador da cidade (alegando que o menino
havia presenciado a morte do pai) para que o atendimento iniciasse imediatamente.
Em seguida foi encaminhado para atendimento específico no serviço-escola no
Pólo Não Violência. No primeiro encontro, compareceu acompanhado pela avó e pela
tia avó.
A avó trouxe como queixa a indisciplina escolar e agressividade. Quando
contrariado, torna-se violento e diz que quer matar a avó, os tios, os professores.
Agride os colegas na escola, larga o material escolar na sala de aula. A escola é
período integral, recusa-se a fazer as atividades propostas, joga fora o que faz; sai da
sala de aula e muitas vezes abandona a escola. Briga na rua é agressivo verbal e
fisicamente. Gosta de videogame, mas está sem porque roubaram o dele. Sai passear
com a tia materna. Tem uma irmã por parte da mãe de 15 anos que morava com a
mãe e avó materna. A criança tem contato esporádico com a irmã, os dois se “dão
bem”.
O pai é faleceu há seis anos, e por questões de tráfico com drogas foi morto
por tiros. O pai e a mãe eram envolvidos com drogas. Vivia no meio das brigas dos
pais e das drogas (drogas que ficavam disponíveis sobre a mesa de sua casa, junto
com seu alimento, com sua mamadeira). Durante a gravidez de G. a mãe era
espancada pelo pai. Durante o período de atendimento a mãe faleceu, era viciada em
drogas e apresentava muitas complicações em relação à sua saúde devido ao
diagnóstico DST-AIDS. Há três anos a criança está morando com a avó e um tio de
vinte anos numa edícula nos fundos da casa de um tio paterno casado e que tem um
filho de treze anos.
G. dorme com a avó paterna. É muito apegado à avó, tanto que na sala de
espera fica sempre muito próximo dela. A criança não aceita os castigos de não sair
para a rua; não aceita, não cumpre, fugindo pelo telhado. A avó diz que a criança
quando acorda não quer vir para a sessão, sempre pede algo em troca, quer doces,
balas, brinquedos ou cadernos. G. disse que briga e bate nos colegas que roubam
suas coisas e que xingam sua mãe.
Os atendimentos foram iniciados e na discussão do caso em equipe
percebemos a complexidade do mesmo o que nos levou a pensar que uma criança
que utiliza mecanismos primitivos negativos, ausência de culpa, distorção da
realidade, encontrará dificuldades para se desenvolver de forma saudável
psiquicamente. Estabelecemos como objetivo inicial do trabalho um acompanhamento
terapêutico de modo que a criança entre em contato consigo mesma e com suas
potencialidades e estabeleça uma relação de confiança com a avó.
Sobre a tia
A avó sempre comparece acompanhada da tia/avó de G. (que é a cunhada da
avó que sempre a leva de carro para os atendimentos e foi quem a orientou para dar
entrada nos papéis para obter a guarda e a pensão de G.).
Orientação para a avó
Orientação para a avó de que fosse mais assertiva, que contasse a verdade a
respeito da morte do pai. A verdade, por pior que seja tem que ser dita, sendo assim,
expliquei que o menino tinha direito de saber sobre sua história. Foi apontado para a
avó que eles podem se comunicar de uma forma mais clara, mais segura de modo a
não precisar se defender sempre. Falou-se da necessidade do menino ter seu espaço,
pois ainda dorme com a avó, que ainda dá banho nele.
Dinâmica da avó e da tia
As duas têm conhecimento dos contatos do tráfico do pai de G. e o utilizam
para obter favores (procuram ajuda política para agilizar atendimento ao menino e
para conseguir a guarda provisória). A Tia passa por atendimento psiquiátrico e está
convencida que G. também precisa de ajuda psiquiátrica, inclusive de controle
medicinal. A avó necessita sair do estado emocional de negação dos fatos a respeito
da vida e da morte do filho. Sempre que questionada sobre o mesmo, apresenta
dificuldade de falar sobre sua vida, seu envolvimento com o tráfico elogiando-o e
idealizando muito.
A tia quer que a avó de G. se mude de casa, sobretudo agora que está
recebendo uma pensão de G. e que vá morar perto da sua casa em um bairro vizinho
e a avó aceitou a proposta, pois não está satisfeita morando nos fundos da casa do
filho. A tia “antevê” o destino do menino como uma repetição da história do avô (que
bebia muito sendo esta sua causa mortis) e do pai (que morreu em decorrência do seu
envolvimento com as drogas). A tia diz que o pai do menino era muito amoroso como
ele e que não queria ver os pais, nem os irmãos morrerem antes dele. O pai da
criança era extremamente amoroso, responsabilizando-se em dar o coquetel antiviral
ao menino quando este nasceu. Diz que a sobrinha dela (que mora na frente da casa
do G.) tem ciúmes dele, acha que é o “neto preferido” (sic) e diz que não quer ele
morando lá.
O menino demonstra que gosta da escola, faz menção da comida “variada e
gostosa”(sic). Disse que gostaria de mudar de casa, mas quer continuar estudando na
mesma escola.
Percepção do potencial de G. durante o atendimento
O menino tem um bom vínculo com seu tio e tia maternos. Eles os levam para
passear, organizam festa de aniversario para ele. Em quase todas as sessões ele faz
menção carinhosa a esse tio, relembrando dos bons momentos em que passam
juntos. Em um de nossos encontros o encontrei na recepção com uma revista de
SURF nas mãos, levando-a para a sessão, mostrando as figuras para mim,
recordando dos passeios com o tio e disse que ganhou dele uma prancha. A seguir
pegou massinha da caixa lúdica e modelou uma onda “radical”, um surfista e uma
mulher na praia.
Relatou que fica muito chateado quando sua avó sai à noite e ele não sabe
para onde vai, deixando-o sozinho em casa.
Visita Domiciliar
Quando da visita domiciliar o único material escolar que estava em perfeito
estado de conservação era o caderno de matemática; é na matéria que ele não
apresenta dificuldades. Sua casa é muito pequena; a entrada é pela cozinha, na sala
tem um sofá em “L” de alvenaria onde dorme a avó e o menino. Na sala tem uma
pequena escada que dá acesso ao quarto do tio e ao banheiro da casa. No quarto
existe uma estreita varanda onde se avista a quadra de sua escola, ou seja, sua casa
dá de fundos para a escola onde ele estuda. Quando cheguei para essa visita, ele
vibrou da janela ao me ver. G. estava na casa da frente, jogando vídeo game com o
primo e os tios não se encontravam, pois estava trabalhando.
Não pode se deparar com sua essência, não tem uma casa, um espaço, não
tem uma subjetividade. Seu ambiente não é protetor, é um ambiente de rua.
Visita escolar
Quando da visita escolar a coordenadora não soube dar muitas informações a
respeito do comportamento de G. Lembrou-se do comentário de uma professora que o
viu na rua muito tarde da noite, acrescentando ainda que a avó “gosta de beber
cerveja” (sic).
Objetivo estabelecido com G.
Ajudá-lo a se apropriar de sua história e de seu potencial, entrar em contato
com seus potenciais psíquicos antes desconhecidos. Ajudá-lo a desenvolver
estratégias pessoais de superação em relação ao abuso sofrido.
Do aspecto técnico do trabalho
Durante os atendimentos psicológicos tenho utilizado intervenções
esclarecedoras e suportivas objetivando o fortalecimento egoico de potenciais antes
desconhecidos (Fiorini, 1982). Outros recursos são utilizados tais como: caixa lúdica,
realização de desenhos com a finalidade de auxiliar a criança a expressar conteúdos
emocionais.
As intervenções Interpretativas não são via de regra, mas podem surgir no
momento em que ele utiliza seu lado instintivo e primitivo que ele desconhece de
modo que possa dar conta de suas reações impetuosas.
Brinca sempre com o revólver, monta uma cena e destrói os bonecos, algumas
vezes tenta reparar, cuidando dos feridos. Entendemos que G. é uma criança que até
agora não pode entrar em contato com o lado bom só com a violência (viveu isso
desde pequeno com as brigas dos pais).
Conclusões
O caso em questão continua em atendimento, pois entendemos que G.
necessita de entrar em contato afetivo com sua realidade e com suas potencialidades
para lidar com a complexa vida social e afetiva na qual se encontra neste momento.
Procuramos com este trabalho oferecer um espaço para que as pessoas
possam falar sobre a violência se confrontar com o fato até esgotá-lo.
Através dos atendimentos estamos aprendendo o quanto é difícil suportar a dor
das mais diversas violências e através do estudo e reflexão e proposta técnica para
cada caso em particular, idealizar caminhos na busca de uma sociedade menos
violenta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS