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net/publication/325853558
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All content following this page was uploaded by Ricardo Pimentel Méllo on 19 June 2018.
Abstract
This essay focuses on published research about the medical treatment for Attention Deficit
Hyperactivity Disorder (ADHD) in which the methylphenidate is the recommended drug of
treatment. Data from IMS-PMB – Pharmaceutical Market shows that in Brazil the use of
methylphenidate increased 1.616% from 2000 to 2008, and it received the nickname of “obedience
drug.” The medical treatment of ADHD became possible when the psychiatry met the childhood and
designed its treatment using the logic of biopower, or life control, or of strategies to tame the
considered “not normal”. We concluded that certain “psy” practices act propelled by assessments of
Antisocial Personality Disorder (APD) labeling children with ADHD indiscriminately, thus
imposing that these children from very young age break their social connections with friends and
acquaintances.
Keywords: Attention Deficit Hyperactivity Disorder; ADHD; Medications for Children;
Methylphenidate; Ritalina.
1
Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia
da universidade Federal do Ceará.
2
Psicóloga Clínica, graduada pela Universidade Federal do Ceará.
147
Outro estudo importante que pode indicar certa tendência grave foi
desenvolvido por Silva (2014) em uma unidade de saúde infantil na cidade de
150
Diante dos alertas e tantos efeitos possíveis (ainda tem outros na bula
não listados aqui), será que se justifica esse tratamento destinado a crianças que são
“[...] difíceis de lidar, tanto na escola quanto em casa” (bula da Ritalina)? Essa
“indicação” na bula da Ritalina tem relação direta com a conclusão de estudo da
ANVISA que nos mostra que suas vendas são reduzidas nos meses de férias e há
um aumento considerável no segundo semestre do ano quando vão finalizando o
período escolar com as provas finais (Anvisa, 2012) Precisamos entender sobre esse
uso. Comecemos pela história da infância e do TDAH, entendendo que estratégias
de controle biopolítico (Foucault, 1979, 2006) iniciam nessa “etapa” do nosso
processo de socialização.
biológico, hoje, é sugerir que ele pode ser transformado através da tecnologia”.
Assim, quando se localiza um “déficit de atenção” no corpo de uma criança, logo se
busca uma biotecnologia que compense ou detenha esse problema bio-lógico. Esse
caminho final é precedido por técnicas diagnósticas construídas pelos doutos
sabedores do funcionamento biofísico do humano. Criam-se padrões universais de
vitalidade humana que funcionam como marcadores dos limites aceitáveis para a
fluidez da vida: “a redução da pluralidade de opiniões a uma única opinião
politicamente correta é outro traço antipolítico fundamental dos grupos organizados
biopoliticamente” (Ortega, 2004, p. 13).
Sob esta perspectiva podemos nos deter no “curso da história” sem
ocupar aqueles e aquelas que leem este texto como mais uma espécie de “história
ctrl-c ctrl-v”, copiando infindas citações de historiadores importantes como
Philippe Ariès (1981), Colin Heywood (2004), Demause (1991), para enfim
concluir que infância e criança são conceitos/categorias construídas, com
caraterísticas que vão mudando ao longo da história e que antes do século XVI
eram inexistentes na Europa onde emergiu. Naquela época, não havia tantos
estágios na vida humana, como teorias da Psicologia e Pedagogia nos querem fazer
crer existir como etapas naturais do “desenvolvimento humano”. De uma categoria
que apenas espera se dissolver certa dependência de sobrevivência materna, a
criança passou a ser o personagem de um período: a infância. Logo se percebeu que
aquele personagem sendo submetido “à educação formal” poderia ser domesticado
e, com ascensão dos Estados Modernos, as famílias ou comunidades ondes esses
personagens nasciam foram convencidas que deveriam entregar seus filhos a
educadores, cuja função era moralizar e disciplinar “[...] esses seres estranhos dos
quais nada se sabe, esses seres selvagens que não entendem nossa língua” (Larrosa,
1998, p. 229). Portanto, com a construção das sociedades modernas e criação dos
Estados, começa-se a gerir a vida de tal modo que esta passa a “ser investida por
cálculos explícitos e por estratégias de poder” (Caponi, 2009, p. 533). E assim, a
vida, o corpo, a saúde, as necessidades, a reprodução, que antes faziam parte da
esfera pré-política, transformam-se em questões políticas por excelência. As
estatísticas contribuem para dotar esse processo de maior objetividade,
multiplicando taxas de mortalidade e morbidade, taxas de natalidade e dados sobre
152
Só a bailarina que não tem O padre também pode até ficar vermelho
157
Goteira na vasilha
Referências:
⎯ Guarido, R., & Voltolini, R. (2009). O que não tem remédio, remediado está?
Educ. rev. 25(01), 239-263. Retrieved April 13, 2012, from
http://www.scielo.br/pdf/edur/v25n1/14.pdf
⎯ Silva, A. C. P. da Luzio, C. A., Poli dos Santos, K. Y., Yasui, S., & Dionísio,
G. H. (2012). A explosão do consumo de Ritalina. Revista de Psicologia da
UNESP, 11(02), 44-57. Retrieved June 13, 2013, from
http://revpsico.assis.unesp.br/revpsico/index.php/revista/article/download/174/2
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