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Universidade Federal Da Bahia – UFBA (FFCH)

Ciências Sociais – 2019.2

Disciplina – Liberalismo E Estado

Professor – Antonio Oliveira

Aluno – Jorge Antonio Da Paz Ribeiro

Data - 08/10/19

Resenha: “A Sociedade Aberta E Seus Inimigos” (Karl R. Popper) (Vol. I - Caps.


09, 10)

Karl Popper nessa obra trabalha o conceito de sociedade aberta, bem


como as ameaças à essa forma de sociedade sobretudo a nível intelectual
(ideias, pensamento, inimigos intelectuais). A sociedade aberta corresponde a
uma sociedade liberal-democrática, onde os indivíduos nessa organização são
marcados pela sua responsabilidade pessoal, ou seja, o próprio indivíduo é
responsável pelas decisões que toma e as consequências desta. Numa
sociedade dessa configuração, portanto, a ação racional está presente no
momento dos cálculos sobre as consequências possíveis de determinada
escolha, logo, o indivíduo age de forma mais racional, do que irracional,
creditando as consequências de suas escolhas a si mesmo e não à fatores
externos. Essa “ação racional” em sociedades abertas também se mostra
presente nas mudanças que são planejadas, de forma racional e baseadas nos
fatores internos ao coletivo (na tendência dos interesses da maioria, ou do
governo).

Diante disso, Popper enfatiza que essa configuração social possui


inimigos, que são na verdade intelectuais que pregam um projeto de sociedade
contrário a esse, como ficou evidente em A República, de Platão, nas
experiências nazifascista e comunista do séc. XX (Itália, Alemanha, União
Soviética), na promoção de uma sociedade fechada que anula as liberdades
individuais e a responsabilização pessoal, delegando as escolhas para fatores
externos ao indivíduo (extra-humanos), implicando dizer que a organização
social não se pauta por “vontades humanas”, na esfera decisória. Isso fica
evidente em A República, de Platão, quando se pretende criar uma sociedade
baseada na “verdade filosófica”, eliminando-se o elemento das discussões que
corresponde a um elemento importante da política, que caracteriza um “ideal
utópico”, no caso, um projeto de sociedade a nível de sua totalidade, onde a
crítica e a contestação não possuem espaço, formando-se uma espécie de
sociedade fechada.

Popper também enfatiza aqui dois conceitos importantes quando se trata


de sociedade, sobretudo uma sociedade aberta atacada por intelectuais
advogados de uma “sociedade nova”: a mecânica utópica e a mecânica gradual.
A utópica corresponde a um ideal que ainda não foi alcançado, um projeto que
ainda não se concretizou, caracterizado por reformas de caráter total, com alvo
pretendido, mas não delimitado e garantido. A mecânica utópica, na sociedade
aberta, possui um caráter maior de controle, sobretudo, pela característica das
reformas de se levar em consideração a mudança geracional, que possui valores
distintos na transição e a partir do reconhecimento desses valores, o projeto
pode estar afinado com essas ideias, valores, aspirações. Numa sociedade
fechada, isso não é possível pela ausência de contrapontos que levem a um
exame crítico do processo de reformas, não passíveis de verificação. Essa
mecânica, portanto, é um ponto central dos projetos comunista, nazista, fascista,
exemplos de projeto de sociedade defendido pelos inimigos da sociedade
aberta.

Já a mecânica gradual, trata de reformas parciais em escala menor e com


objetivos limitados, com maior capacidade de acompanhamento e controle dado
que o alvo é reconhecido, sobretudo, quando se trata das reivindicações das
gerações presentes que interferem no processo decisório, levando-se em conta
os efeitos e consequências das reformas (impactos). Essa mecânica é típica de
sociedades abertas porque o processo de discussão, de crítica, o regime de
discussões é fundamental para se acompanhar e realizar exame crítico das
reformas feitas, que por sua vez possuem um impacto mais direto na vida das
pessoas no médio prazo. As legislações criadas, sistemas, códigos, são
exemplos desse tipo de lógica, que fundamenta o reformismo liberal, por
exemplo, presente na tendência política da social-democracia.

As questões anteriores se mostram presentes nesse texto, a partir da


crítica que Popper faz do projeto de sociedade de Platão, que elimina a política
em troca de uma “verdade filosófica” que revelaria o caminho a ser trilhado por
essa sociedade. Afasta-se da razão ao mutilar as liberdades individuais e as
particularidades entre os indivíduos, em nome de uma concepção historicista da
realidade, alicerçada num ideal de beleza, de uniformidade, que caracteriza a
sociedade (ou projeto de) de Platão, marcada por um apelo a tudo, menos à
própria razão, numa perspectiva última de retorno a um estado tribal de
sociedade onde cada um possui um lugar determinado, estático, e considerado
justo, como afirma Platão ao falar dos guerreiros, escravos e governantes da
República, algo que é impensável e impossível para Popper, pois significaria um
retorno à bestialidade humana, ao invés de se estimular a razão.

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