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Instituto Politécnico de Viseu

Escola Superior de Saúde de Viseu


Instituto Politécnico de Viseu
Escola Superior de Saúde de Viseu

Trabalho efectuado sob a orientação de


Pensamento

“Os que se encantam com a prática sem a ciência, são


como os timoneiros que entram no navio sem timão nem
bússola, nunca tendo certeza do seu destino.”

Leonardo da Vinci
Resumo

A consciencialização crescente do potencial das novas políticas de saúde no local de


trabalho, orientada para atingir objetivos fundamentais da saúde pública e ambiental,
consegue-se através do desenvolvimento de boas práticas na gestão da saúde, ambiental e
segurança das empresas.
A relevância da Enfermagem do Trabalho, dota os enfermeiros de competências
próprias, permitindo-lhes agir no ambiente específico das organizações de trabalho,
baseada nas necessidades do trabalhador, privilegiando a promoção e manutenção da
saúde, a prevenção da doença e acidentes no trabalho, a educação para a saúde e gestão
da segurança, com o objetivo de promover um ambiente saudável e seguro, qualidade de
vida do trabalhador e ganhos para as organizações, com maior produtividade e menor
absentismo.
A vigilância epidemiológica envolve toda a equipa multidisciplinar diferenciada, que
desenvolve as atividades num ritmo constante, em que todos têm a responsabilidade de
participar nas tarefas com eficiência, vigiando e zelando pela saúde da coletividade.
O Planeamento em Saúde, essencial no processo de trabalho do enfermeiro,
consiste num conjunto de técnicas, pressupondo que a realidade é mutável embora
determinada por fatores controláveis, reconhecendo que é possível agir sobre a realidade,
no sentido de uma transformação orientada por finalidades estabelecidas e politicamente
assumidas.
A Enfermagem do Trabalho preconiza a identificação de problemas dos
colaboradores e organizações, visando mudar comportamentos, promovendo saúde e bem-
estar num todo, otimizando os recursos existentes, sendo suficientemente relevante,
racional e justificável em relação aos objetivos organizacionais e individuais dos
trabalhadores, reconhecendo o ambiente organizacional, do ponto de vista socioeconómico
e cultural.

Palavras Chave: Epidemiologia; Planeamento em Saúde; Enfermagem do Trabalho


Sumário

Pág.

Introdução …………………………………………………………………………………. 9

1 – Enfermagem do Trabalho ………………………………………………………… 11

2 – Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho …………….…………….……… 15

3 – Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho ………….…………… 19

4 – Conclusão …………………………………………………………………………….. 23

Referências Bibliográficas …………………………………………………………… 25


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

Introdução

No âmbito do 1º Curso de Pós-Graduação de Enfermagem do Trabalho, foi-nos


proposta a realização deste trabalho escrito, como forma de instrumento de avaliação
formativa da disciplina de Epidemiologia e Investigação no Trabalho, cujo tema a
desenvolver foi “Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho”.
Para além de servir de instrumento de avaliação, com a elaboração deste trabalho
pretendemos: adquirir e desenvolver conhecimentos na área da Enfermagem do Trabalho,
incrementar práticas de pesquisa e investigação e ir ao encontro da implementação das
boas práticas na Enfermagem do Trabalho, fundamentando-a na evidência científica.
Acreditamos que esta temática é deveras pertinente, na medida em que apesar de
ser ainda embrionária no nosso país, a importância e o contributo da Enfermagem do
Trabalho e as disciplinas que a envolvem são já reconhecidas e valorizadas quer pelos
indivíduos trabalhadores, quer pelas empresas e organizações.
Os serviços para a Saúde no trabalho, nomeadamente a Enfermagem do Trabalho,
oferecidos pelos empregadores com o intuito de dar resposta à promoção, proteção da
saúde e necessidades de cuidados de saúde das populações ativas, foram identificados
como sendo um componente importante do sistema de saúde pública, representando um
significativo contributo para o aumento da igualdade na saúde, melhoria da coesão social,
redução do absentismo por doença e aumento da produtividade, com consequentes ganhos
para todos os intervenientes, trabalhadores e empresas (OMS, 2014).
Para uma melhor compreensão e encadeamento lógico de ideias, este trabalho foi
dividido em 5 capítulos principais: Introdução, seguida do enquadramento teórico com 3
capítulos distintos: Enfermagem do Trabalho, Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho e
Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho e por último a Conclusão.

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

1 – Enfermagem do Trabalho

O trabalho é uma atividade social que exerce um papel crucial nas condições de vida
do homem, produzindo um efeito positivo quando vai ao encontro da satisfação das
necessidades humanas básicas de subsistência, segurança, auto estima e realização
pessoal. Em contrapartida, o indivíduo trabalhador expõem-se diariamente aos riscos
físicos, químicos, biológicos e psicossociais presentes no seu ambiente de trabalho, os
quais podem interferir diretamente no seu bem-estar bio-psico-socioeconómico.
Segundo a OMS (2014), tal como o trabalho, também as expectativas da sociedade
no que respeita à saúde mudou, com exigências crescentes no sentido de melhores normas
de proteção no trabalho e melhoria da qualidade de vida para o trabalhador. Por sua vez, os
empregadores reconhecem cada vez mais que as questões relacionadas com a saúde,
como as faltas por doença, custos de litigação e compensação e prémios de seguros
crescentes, são dispendiosas e que ignorá-las pode levar a graves consequências
económicas.
Há uma consciencialização crescente do enorme potencial para uma nova saúde no
local de trabalho reorientada, para auxiliar a conseguir os objetivos fundamentais da saúde
pública e saúde ambiental. Isto pode conseguir-se através do desenvolvimento de boas
práticas na gestão da saúde, ambiente e segurança nas empresas, sustentadas por novas
políticas de saúde no local de trabalho, desenvolvidas para dar resposta ao nível
empresarial.
Na Europa, os enfermeiros são o maior grupo profissional da área da saúde que
presta cuidados à população ativa, em contexto laboral. Em Portugal, embora existam há
várias décadas enfermeiros ligados à Saúde Ocupacional, a obrigatoriedade da sua
presença em contexto empresarial só foi legislada através do Decreto-Lei n.º 109/2000,
onde é especificado que o enfermeiro deve exercer a sua atividade com autonomia técnica,
desde que demonstre ter experiência adequada (Almeida & Santos, 2017).
De acordo com os autores supracitados, a relevância da atividade focada na
Enfermagem do Trabalho, visa dotar os enfermeiros de competências próprias que lhes
permitam agir no ambiente específico das organizações de trabalho, baseada nas
necessidades do trabalhador no local de trabalho, privilegiando a promoção e manutenção
de uma boa saúde, a prevenção da doença e de acidentes no trabalho, a educação para a
saúde na gestão e segurança, com o objetivo de promover um ambiente de trabalho

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

saudável e seguro, qualidade de vida do trabalhador e ganhos para as organizações, com


uma maior produtividade e menor absentismo.
Desta forma, o enfoque dos cuidados destina-se a capacitar os trabalhadores no
sentido de tomarem o controlo da sua própria saúde e da saúde da sua família, tendo em
consideração os fatores ambientais, ocupacionais e sociais da saúde e do seu estilo de vida,
tal como a qualidade dos cuidados de saúde.
Assim e tendo em conta a conjetura atual das políticas de saúde emanadas pelas
diretivas da OMS (DGS, 2013), onde se debatem as competências, capacidades e aptidões
dos Enfermeiros nas mais variadas áreas, torna-se premente projetar a Enfermagem do
Trabalho, no âmbito dos programas de Saúde Ocupacional, o que também vai ao encontro
do objetivo específico apresentado no Programa Nacional de saúde Ocupacional, referindo
a valorização das carreiras, desempenho e competências dos profissionais.
Com este intuito a DGS, através da Orientação n.º 9/2014 (p.2), regulamentou a
Enfermagem do Trabalho, tendo em vista a criação de um registo de profissionais de
enfermagem com competências reconhecidas e certificadas, detentores de autorização para
a exercerem, definindo-se que em Portugal:
A atividade do Enfermeiro do Trabalho é dirigida à gestão da saúde
do trabalhador ou de grupos de trabalhadores. Focaliza-se na promoção e
proteção da saúde e bem-estar no local de trabalho, na prevenção de
acidentes e doenças relacionadas ou agravadas pelo trabalho, com o
propósito de promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros.
No estudo realizado por Almeida & Santos (2017), constatou-se que apenas 34.5%
dos enfermeiros inquiridos possuía a formação obrigatória definida pela DGS, embora esta
fosse mais comum nos enfermeiros de serviço interno, tendo sido também realçado o
contributo das recentes Pós-Graduações em Enfermagem do Trabalho, responsável pela
formação obrigatória de 46.7% da amostra. Relativamente à formalização do pedido para
exercer como enfermeiro do trabalho, reconhecido pela DGS, apenas 29.1% da amostra
referiu não possuir essa autorização.
Neste sentido, também a Ordem dos Enfermeiros publicou um documento da OMS
(2014) “O Enfermeiro do Trabalho na Gestão da Saúde Ocupacional”, visando motivar os
enfermeiros para esta área de intervenção, homenageando o trabalho já desenvolvido neste
contexto, sensibilizando os decisores para os potenciais ganhos com uma efetiva Saúde
Ocupacional gerida por enfermeiros.
No entanto, é consensual que o exercício da Enfermagem do Trabalho, apesar de
ser considerada a linha da frente para ajudar a proteger e a promover a saúde das
populações ativas dentro das empresas, depende de uma conjugação favorável de diversos
fatores, tais como a constituição da equipa de higiene, segurança e saúde, filosofia e política
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

da empresa, preocupações do empregador, preocupações dos empregados e formação dos


enfermeiros em saúde ocupacional, através de uma estratégia abrangente e proactiva de
saúde e segurança no trabalho (Almeida & Santos, 2017).
Os enfermeiros, em virtude da sua formação geral em enfermagem, formação e
experiência clínica, podem desempenhar um papel valioso na prestação de serviços de
Enfermagem no Trabalho No entanto, está para além do seu nível de competências o
aconselhamento acerca de condições laborais, exposição ocupacional ou legislação
específica, sem terem tido a oportunidade de terem passado pela formação necessária para
desempenhar este papel com segurança.
Os enfermeiros do trabalho, a trabalhar independentemente ou como parte de um
serviço multiprofissional para a saúde e segurança no trabalho pode dar um contributo
significativo para a realização destas metas. Com o seu contacto próximo com os
trabalhadores, por vezes ao longo de muitos anos, encontram-se bem posicionados para
realizar a avaliação das necessidades para as iniciativas de promoção da saúde, atribuir
prioridades a estas iniciativas, juntamente com outras iniciativas de saúde e segurança no
trabalho que possam estar a decorrer, e coordenar as atividades ao nível da empresa, para
garantir que as iniciativas planeadas são cumpridas (OMS, 2014).
Desta forma, a DGS (2013) reconhece que para que se processe a afirmação do
enfermeiro do trabalho em Portugal, ainda há um caminho a percorrer. A falta de formação
torna os enfermeiros vulneráveis ao mercado de trabalho e o recrutamento para a
Enfermagem do Trabalho faz-se muitas vezes para executar pacotes pré-formatados de
exames requisitados comercialmente, algumas vezes sem relevância para o posto de
trabalho em questão, ficando por explorar o real papel que estes poderiam adquirir dentro da
Equipa de Saúde Ocupacional. Assim, a maioria das empresas prestadoras de serviços de
Saúde Ocupacional e até mesmo os empregadores têm geralmente uma visão
extremamente limitada relativa às potencialidades do enfermeiro do trabalho.
Indo ao encontro desde constrangimento, a DGS publicou a Norma Técnica 10/2015,
uniformizando os conteúdos programáticos de formação, com o intuito de dar resposta às
necessidades formativas dos enfermeiros autorizados transitoriamente a exercer
Enfermagem no Trabalho.
Assim, o Enfermeiro do Trabalho poderá desempenhar vários papéis
interrelacionados e complementares na gestão em Saúde Ocupacional: Clínico,
Especialista, Gestor, Coordenador, Consultor, Educador para a saúde, Conselheiro e
Investigador (OMS, 2014).
Neste sentido, uma das formas de evidenciar o contributo da Enfermagem do
Trabalho para a sociedade é a produção científica associada à investigação produzida pelos
seus profissionais, por forma a documentar os ganhos em saúde que resultam da atuação

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

dos enfermeiros, sustentada numa revisão bibliográfica sobre a Enfermagem do Trabalho no


mundo, vindo a demonstrar que ao longo dos últimos anos as tarefas predominantemente
curativas deram lugar a outras de prevenção e de gestão, demonstrando que são inúmeros
os programas que o enfermeiro do trabalho tem capacidade para orientar, centrados na
educação e promoção para a saúde (DGS, 2013).
Para Pereira et al (2015), reconhece-se que uma prática baseada em evidência
constitui um pré-requisito para a excelência e a segurança dos cuidados, assim como para a
otimização de resultados em saúde, tendo em conta a segurança dos trabalhadores.
Para o mesmo autor, raramente as mudanças são fáceis de implementar dado que
implicam alterar a forma como as pessoas e o sistema agem. A mudança é frequentemente
confusa, demorada e poderá ter consequências imprevisíveis, sendo importante perceber e
planear o modo de tornar a evidência em prática, acionando o conhecimento.
Para Almeida & Santos (2017), a evidência científica nacional associada à
Enfermagem do Trabalho, é ainda demasiado escassa para retratar a realidade profissional,
justificar os diferentes papéis ou para comprovar os benefícios da sua presença nas
empresas, nomeadamente através de resultados mensuráveis na diminuição do absentismo
e aumento de produtividade dos colaboradores.
De acordo com o estudo “Experiência, Motivações, Locais de Trabalho, Formação,
Funções, Indicadores produzidos e Condições de Trabalho”, a Enfermagem do Trabalho é
vista como transitória e encarada como um complemento salarial para quem já trabalha ou
para quem ainda não arranjou emprego noutra área. O estudo revela ainda que a grande
maioria das empresas tem verdadeiro interesse em melhorar as condições de saúde dos
trabalhadores, no entanto, é evidente que as empresas têm uma expectativa limitada acerca
das competências do Enfermeiro, na medida em que esperam apenas a concretização de
tarefas complementares a outros técnicos e que exigem maioritariamente, o desempenho de
competências meramente instrumentais (Almeida & Santos, 2017).
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

2 – Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho

Para Gusmão & Filho (2015) a epidemiologia é a “Ciência que estuda o processo
saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição e os fatores desencadeadores das
doenças, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas
específicas de prevenção, controle ou irradicação de doenças, fornecendo indicadores que
sirvam de suporte ao planeamento, administração e avaliação das ações de saúde”.
De acordo com o mesmo autor, a epidemiologia é responsável por identificar fatores
etiológicos no início das doenças, descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de
saúde das populações, estabelecer funções específicas e complementares, desenvolvidas
continuamente, com o propósito de conhecer os dados essenciais para o planeamento,
execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças,
estabelecendo as devidas prioridades.
Para Medeiros et al (2012, p.1520), o conceito de Epidemiologia “permite reconhecer
no indivíduo a face coletiva do processo saúde-doença e contribui para uma visão ampliada,
não reducionista, sobre sua determinação, pois busca explicações para o adoecimento fora
da entidade mórbida individual”. Assim, o ser humano é um agente social com capacidade
de transformar a realidade e não um mero recetor das influências do ambiente, na medida
em que a saúde coletiva deve defender os interesses da população.
Cerqueira citado por Eckerdt et al (2013), refere que a vigilância epidemiológica
envolve uma equipa multidisciplinar inteiramente diferenciada, que desenvolve as suas
atividades a um ritmo constante, em que todos têm a responsabilidade de participar nas
tarefas com a eficiência de quem vigia e zela pela saúde de toda a coletividade. Tem como
objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e desenvolve ações que
se destinam a controlar determinantes, riscos e danos para a sua saúde, garantindo a
eficácia na promoção da saúde e prevenção da doença e suas complicações.
Segundo Medeiros et al (2012, p.1521), a Epidemiologia ao reconhecer a
determinação social do processo saúde-doença, apresenta-se como “uma teoria social que
explora a estruturação-desestruturação-reestruturação dos processos que são geradores
das necessidades em saúde da população para reorientar as práticas em saúde no sentido
de atendê-las”, contribuindo para evidenciar a complexidade dos problemas de saúde da

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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

coletividade e para melhorar a compreensão dos fenómenos e planeamento de ações que


possibilitem a transformação das realidades de saúde.
Na opinião Gusmão & Filho (2015), a intenção da vigilância epidemiológica é
fornecer orientação técnica constante para os profissionais de saúde que têm a
responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e suas
complicações, tornando disponíveis, informações atualizadas sobre a sua ocorrência, bem
como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida, como os
trabalhadores numa organização empresarial.
As mudanças nas características do perfil epidemiológico podem ser delineadas pelo
princípio da transição das condições de saúde e pela resposta social organizada a estas
condições que, instrumentalizadas por meio dos sistemas de vigilância de saúde,
determinam as mudanças sustentadas principalmente pelas questões do desenvolvimento
social, económico e tecnológico.
É consensual, nos âmbitos internacional e nacional, que não existem ações de
prevenção e controle de doenças com base científica que não estejam estruturadas sobre
sistemas de vigilância epidemiológica, tal como também é de comum acordo que cada
serviço de vigilância epidemiológica tenha garantida a composição de uma equipa mínima
para desempenhar funções, que deverá ter em conta o total da população abrangida, o
número de notificações e áreas de maior exposição propensas a desenvolver complicações
(Eckerdt et al, 2013).
A vigilância epidemiológica assume atualmente um papel multifuncional e
multissectorial na colheita e processamento, análise e interpretação de dados, na
recomendação das medidas de controle apropriadas e respetiva promoção e avaliação da
eficácia e efetividade das medidas adotadas e na divulgação das conclusões pertinentes
(Gusmão & Filho, 2015).
Para o mesmo autor, a avaliação epidemiológica permite implementar medidas de
controle de acordo com as evidências encontradas, identificar as falhas nas medidas de
controle adotadas, estabelecer Indicadores que reflitam o quadro epidemiológico da doença
na coletividade e avaliação do verdadeiro impacto das medidas de controle.
O conhecimento em Enfermagem permite dar respostas a uma prática estruturada,
através de tomadas de decisão, em contexto de grande complexidade, variabilidade,
imprevisibilidade e incerteza, só concretizável com a intervenção de processos reflexivos
nas práticas, onde as evidências científicas são essenciais e resultantes de uma sólida
formação científica.
De acordo com Medeiros et al (2012), a utilização da epidemiologia na Enfermagem
do Trabalho permite que sejam implementadas intervenções mais assertivas e seguras,
além de desenvolver o sentido crítico e uma capacidade analítica sobre a forma como se
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

percecionam as situações desfavoráveis a que muitas vezes os trabalhadores estão


sujeitos, e que são desencandadores de inadaptação ou doença.
Desta forma é possível fazer o diagnóstico dos fatores de risco, diferenciando os
grupos mais expostos aos riscos, estabelecendo as áreas prioritárias de ação, orientando e
contribuindo no planeamento e na adoção de decisões, participando na avaliação do
processo de controle das doenças. Só assim é possível obter o conhecimento necessário
para a compreensão da saúde como um todo, além de compreender o contexto no qual se
geram os fenómenos de doença (Vicente, 2015).
Também Medeiros et al (2012) referem que, as relações que se encontram
representadas no perfil epidemiológico de uma dada coletividade, sem que sejam
percebidas diretamente, devem ser reconhecidas na reflexão sobre os processos
generativos de proteção e desgaste para os indivíduos ou para a população ativa.
A epidemiologia é um instrumento indispensável à prestação de serviços de
assistência à saúde dos trabalhadores nas empresas, possibilitando a implementação de
medidas preventivas e de controle de acordo com os recursos disponíveis e interesses das
organizações, lidando com as alterações e problemas da população ativa, possibilitando e
promovendo: a análise e acompanhamento do comportamento epidemiológico de doenças e
suas complicações, a participação na formulação de políticas, planos, programas de saúde
e organização dos serviços, a implementação, gestão e operacionalização de sistemas de
informações de base epidemiológicas facilitadores da análise da situação de saúde, a
participação e colaboração com as administrações das empresas na definição de padrões
de qualidade de assistência de saúde aos trabalhadores e a promoção de formação e
educação continua (Eckerdt et al, 2013).
Desta forma, os profissionais de saúde, onde também estão inseridos os enfermeiros
do trabalho, têm como desafio mostrar a importância da vigilância epidemiológica às
empresas e organizações, para que estes passem a priorizar as intervenções a nível da
saúde nos seus trabalhadores.
No estudo de Almeida & Santos (2017), é referido que cerca de um quarto da
amostra (25.3%) executou estudos epidemiológicos visando a saúde dos trabalhadores,
constatando-se ainda que os enfermeiros a exercer internamente nas empresas tendem a
realizar este tipo de estudos com maior probabilidade.
Neste contexto, são apresentados no Plano Nacional de Saúde Ocupacional pela
DGS (2013) objetivos específicos, com o propósito de aumentar os ganhos em saúde e
garantir o valor de saúde do trabalhador, nomeadamente a consolidação da articulação e
cooperação intra e interinstitucional quanto a procedimentos de participação, comunicação e
notificação, agilizando e otimizando a partilha de dados estatísticos no âmbito da Saúde
Ocupacional e robustecer a gestão do conhecimento nesta área, fomentando e colaborando

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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

em parcerias, estimulando a partilha de informação e identificação das necessidades de


investigação e inovação. Com estes objetivos pretende-se estabelecer uma rede que
garanta o fluxo de informação e comunicação de dados estatísticos, desenvolver informação
técnica relativa à análise epidemiológica e correspondente intervenção nos casos de doença
profissional, identificar e divulgar projetos de investigação e inovação pertinentes, identificar
áreas prioritárias, promover parcerias e desenvolver ações de formação no âmbito da saúde
ocupacional.
De acordo com DGS (2013), o enfermeiro do trabalho deverá desenvolver aptidões
na avaliação das necessidades de saúde, quer a nível individual quer a nível organizacional,
criando a base para a gestão de casos individuais ou planeamento de programas para a
saúde no trabalho, devendo também enquanto membro da equipa multidisciplinar, utilizar
aptidões baseadas na investigação por forma a analisar os dados produzidos, interpretar os
resultados e promover aconselhamento da gestão.
Assim, o enfermeiro do trabalho poderá não ser igualmente apto em todas estas
áreas da prática altamente complexa e dinâmica, mas deverá desenvolver e moldar a sua
prática de modo a ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores, com o objetivo de
conseguir adequar os seus esforços para complementar os sistemas de cuidados de saúde
existentes, sendo aconselhados a familiarizarem-se com os princípios e métodos básicos
utilizados em epidemiologia.
Na opinião Eckerdt et al (2013), conforme for o delineamento do perfil
epidemiológico da saúde da população, obtido das análises das notificações e investigações
epidemiológicas, este pode originar mudanças no padrão de utilização dos serviços de
saúde e até o aumento das taxas de absentismo, tal como no caso das doenças
profissionais, que assumem cada vez mais um papel importante, resultando em aumento de
gastos às empresas e organizações. Estes dados representam cada vez maiores e mais
exigentes desafios para a gestão e levam inevitavelmente à priorização do planeamento de
saúde e novas estratégias políticas organizacionais, com o intuito de possibilitar a tomada
de decisão eficiente e oportuna.

.
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

3 – Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

A preocupação com a promoção da Saúde e a prevenção da doença na área do


Trabalho tem-se evidenciado nas organizações, embora de forma um pouco aleatória, em
vez de intervenções planeadas e potenciadoras de verdadeiros ganhos para a saúde. Desta
forma, as organizações de Saúde precisam reunir esforços para uma utilização eficiente dos
recursos existentes, sendo para isso necessário adotar novos conceitos de gestão que
permitam às organizações maior flexibilidade, eficiência e rigor e, consequentemente, que
os seus profissionais, nomeadamente o Enfermeiro do Trabalho envolvido numa equipa
multidisciplinar, sejam empenhados e competentes ao ponto de garantirem a excelência em
termos da qualidade dos cuidados.
Segundo Imperatori & Giraldes, citados por Abelho (2014) o Planeamento pode ser
definido como a racionalização do uso de recursos com vista a atingir os objetivos fixados,
em ordem à redução dos problemas de saúde considerados como prioritários, e implicando
a coordenação de esforços provenientes dos vários sectores socioeconómicos.
Na opinião de Gama citado por Dutra (2013), quando o planeamento é feito de forma
sistematizada e organizada, consegue prever os recursos necessários para atingir os
resultados esperados, resultando num conjunto de vantagens que recompensam o tempo e
energia nele despendidos.
Para Lanzoni referido por Pimentel et al (2013), o planeamento em saúde pode ser
entendido como um método de se pensar ações, de organizar, de alcançar resultados e de
efetivar metas estabelecidas em que não há garantia de sucesso, ou seja, os resultados não
serão sempre positivos simplesmente por terem sido planejados, mostrando que o
planeamento é também um processo dinâmico, ativo e deliberativo, mas que sem ele as
hipóteses de fracasso são maiores.
O planeamento em saúde, parte essencial do processo de trabalho do enfermeiro,
para além de ser um conjunto de técnicas, é uma atitude e um posicionamento face à
realidade socioeconómica, pressupondo que a realidade não é imutável nem é
irremediavelmente determinada por fatores incontroláveis, reconhece que é possível agir
sobre a realidade, no sentido de uma transformação orientada por finalidades estabelecidas
e politicamente assumidas, de forma certa, ou pelo menos provável.

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

De acordo com Abelho (2014), o planeamento no setor da saúde torna-se


evidentemente necessário devido à escassez dos recursos, à necessidade de intervir nas
causas dos problemas de saúde, à necessidade de definir prioridades, à necessidade de se
utilizarem eficientemente as infraestruturas já existentes, à necessidade de existirem
equipamentos que podem ter utilizações polivalentes, à competitividade do mercado da
saúde, à rapidez dos progressos da medicina e da tecnologia e à necessidade de uma
melhor utilização das aptidões e competências dos profissionais de saúde, num meio em
que existe uma complexidade cada vez maior quer das técnicas, quer em termos da
especialização profissional, quer também do trabalho em equipas multidisciplinares.
No entanto, o estudo realizado por Almeida & Santos (2017) demonstrou que o
planeamento em saúde é ainda restrito, na medida em que apenas 31% dos enfermeiros
assumiu a responsabilidade por contribuir de forma ativa e produtiva para a empresa, no
desenvolvimento de projetos de intervenção centrados na melhoria das condições de saúde
laborais.
Na opinião de Dutra (2013) para que o planeamento em Saúde seja eficiente, eficaz
e efetivo ele deve seguir alguns princípios básicos: princípio da definição dos objetivos, em
que o planeamento deve ser elaborado em função dos objetivos a alcançar; princípio da
flexibilidade, considerando que ele deve ser flexível e elástico, para se adaptar situações
que podem sofrer alterações, nem sempre previstas; princípio da participação, pois este
será tanto mais efetivo e eficaz quanto maior for o nível de envolvimento no processo de
elaboração, execução e avaliação todas as áreas e setores; princípio da coordenação,
contemplando sincronia, inter-relação e articulação entre os vários aspetos envolvidos e o
princípio da permanência, devendo ser constantemente revisto para que possa permanecer
atual e válido.
O planeamento em saúde é um processo permanente, contínuo, dinâmico, sistémico,
multidisciplinar e iterativo, racional na tomada de decisões, visando selecionar um percurso
de ação e uma relação de causalidade entre a ação tomada e os resultados esperados,
tendo em conta o conjunto de recursos necessários.
O planeamento em saúde na área da Enfermagem do Trabalho preconiza a
identificação de problemas o mais fidedignamente possível, junto dos colaboradores e das
organizações, visando mudar comportamentos e estilos de vida, promovendo a saúde e o
bem-estar como um todo. Este deve ter objetivos claros, simples, sem ambiguidade de
interpretação, ter estabilidade e ao mesmo tempo ser flexível, com capacidade de se
adaptar a situações prioritárias, de emergência ou mudanças dentro da organização, ser
económico e realista em relação aos recursos necessários, otimizando ao máximo os
recursos existentes, direcionado para o futuro e ser suficientemente relevante, racional e
justificável em relação aos objetivos organizacionais e individuais dos trabalhadores,
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

reconhecendo o ambiente organizacional, do ponto de vista socioeconómico e cultural


(Dutra, 2013).
Este facto é verificado no estudo realizado por Almeida & Santos (2017), onde os
enfermeiros relataram a existência de autonomia para gerir tarefas, propor atividades e
estabelecer estratégias, embora fosse mais significativo nas empresas com serviço interno,
tendo sido referido que as empresas prestadoras de serviços externos tinham dificuldade
em proporcionar aos seus enfermeiros tal abertura.
Assim, e de acordo com Imperatori & Giraldes citados por Abelho (2014) o
planeamento em Enfermagem do Trabalho deve contemplar o diagnóstico da situação, o
estabelecimento de prioridades, a determinação dos objetivos, a seleção de estratégias, a
elaboração de programas e projetos, a preparação da execução dos programas e respetiva
avaliação.
Na opinião da OMS (2014), os enfermeiros do trabalho estão bem colocados para
iniciar, apoiar e avaliar intervenções que possam ser utilizadas para promover programas de
reabilitação precoce, segura e bem-sucedida no local de trabalho.
Neste contexto o Plano Nacional de Saúde Ocupacional (2013), evidencia objetivos
específicos para a vigilância da saúde e qualidade da atividade prestada, para a
organização de serviços de SST/SO e acesso dos trabalhadores e para a promoção da
saúde e práticas de trabalho e estilos de vida saudáveis.
Chiavenato citado por Dutra (2013) aponta três níveis distintos de planeamento da
saúde nas organizações: o planeamento estratégico, é o mais amplo, de longa duração e
abrange toda a organização, sendo definido pela cúpula organizacional, estando todos os
demais planos a ele subordinados; o planeamento tático é projetado a médio prazo e
definido no nível intermediário, frequentemente para exercício anual, abrangendo cada
departamento ou unidade, envolvendo os recursos departamentais e procura atingir seus
objetivos e o planeamento operacional é projetado a curto prazo ou imediato, abrangendo
cada atividade ou tarefa específica, definido a nível operacional e preocupando-se com o
alcance de metas específicas.
Os enfermeiros do trabalho são os profissionais que melhor conhecem os
trabalhadores, os seus problemas e o contexto laboral em que estão inseridos. Assim,
inseridos numa equipa multidisciplinar são os que assumem um papel preponderante na
promoção e educação para a saúde e prevenção de doenças dos trabalhadores.
Ao aplicar o planeamento em saúde, o enfermeiro do trabalho está a contribuir para a
Investigação e a afirmação da Enfermagem do Trabalho. É através da Investigação que se
produz a base científica para assegurar a credibilidade dos conhecimentos e a evolução dos
próprios conceitos que são a pessoa, o seu meio ambiente e de trabalho, a saúde, e as
relações entre eles.

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

4 – Conclusão

Sendo a comunidade trabalhadora representante de metade da população mundial, a


saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores são condições essenciais para o
desenvolvimento socioeconómico equitativo e sustentável das sociedades e da economia.
As novas políticas de saúde no local de trabalho desenvolvidas a nível empresarial
ao privilegiarem a prevenção primária de fatores de risco profissional e desenvolvimento de
ambientes de trabalho saudáveis, fomentam a existência de um maior número de
trabalhadores saudáveis, seguros, motivados e realizados, contribuindo para a produção de
bens e serviços de qualidade superior, melhorando dessa forma a qualidade de vida dos
indivíduos e da sociedade (DGS, 2013).
De acordo com OMS (2014), na Europa os enfermeiros são o maior grupo
profissional da área da saúde que presta cuidados à população ativa em contexto laboral e
pela posição de proximidade e envolvimento que ocupam, estão bem posicionados para
desenvolver uma atividade orientada para a prevenção e intervenção precoce de
aconselhamento, envolvida na apreciação e gestão de riscos físicos, químicos, biológicos e
psicossociais, aptidões e estratégias proactivas dirigidas à promoção da saúde da
população laboral, abrangendo todas as medidas que possam ser tomadas para apoiar o
trabalhador a prevenir ausências por doença relacionada com o trabalho ou a regressar ao
trabalho e ao funcionamento normal após uma doença prolongada.
Cada vez mais, a Enfermagem no Trabalho é impulsionada pela abordagem da
prática baseada na evidência, que exige que os Enfermeiros do Trabalho procurem a melhor
informação disponível na qual possam basear a sua prática, fomentando a criação de linhas
de orientação ou protocolos para a prática, permitindo o desenvolvimento de aptidões,
identificando lacunas nos conhecimentos e a revisão de forma crítica da implementação dos
planos de cuidados (DGS, 2013).
Na opinião de Medeiros et al (2012), a construção dos conhecimentos na
Enfermagem do Trabalho carece da validação do conhecimento epidemiológico de forma
efetiva, em que o enfermeiro deverá ser capaz de compreender os processos
desencadeadores de potenciais danos, explorar as contradições existentes nas dimensões

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

na realidade laboral, para participar de forma mais solidificada na definição e implementação


das políticas e estratégias a desenvolver.
O planeamento em saúde é indispensável e está constantemente presente no
processo de trabalho do Enfermeiro do Trabalho. Para gerir os cuidados de saúde, o
Enfermeiro precisa conhecer as situações que necessitam de intervenção, as que podem
ser mantidas ou melhoradas, traçar objetivos, selecionar os recursos necessários e
disponíveis para desenvolver planos e estratégias, estabelecendo metas e prazos a cumprir,
avaliando e ajustando continuamente.
Ciampone & Melleiro citados por Dutra (2013, p.8) definem o planeamento de saúde
como “a arte de fazer escolhas e de elaborar planos para favorecer um processo de
mudança”, afirmando que “não existe planeamento perfeito nem plano irreprovável”.
Todavia, é assumido que a adoção de metodologia de planeamento por profissionais de
saúde é de grande importância, ampliando a capacidade de análise de problemas,
qualificando os processos de decisão e possibilitando a transformação da realidade, bem
como a estruturação de políticas.
Verifica-se que o Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho é, sem
dúvida uma forma de abordagem epidemiológica, na medida em que comunga dos
princípios básicos de metodologia sistemática e organizada com objetivos perfeitamente
estabelecidos, com etapas de intervenção definidas, tal como a epidemiologia defende:
diagnóstico da situação, estabelecimento de prioridades, determinação dos objetivos,
seleção de estratégias, elaboração de programas e projetos, preparação da execução dos
programas e respetiva avaliação, no sentido de intervir e modificar nos processos de
promoção da saúde, prevenção da doença e de ambientes saudáveis e seguros para os
trabalhadores (Medeiros et al, 2012).
De acordo com OMS (2014), atendendo ao potencial salutogénico da Enfermagem
do Trabalho e das repercussões que a sua atuação pode ter no mundo laboral, projeta-se
que, de futuro, deverá existir um maior investimento na formação, direcionando o foco dos
Enfermeiros do Trabalho para a gestão, prevenção e promoção da saúde, apostando num
aumento de competências associadas à investigação e ao planeamento em saúde que,
comprovadamente, gere ganhos objetivamente mensuráveis para os trabalhadores e para
as entidades empregadoras.
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

Referências Bibliográficas:

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Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

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Figueiredo, M. C. A. B. & Carneiro, A.V. (2015). Validação da versão portuguesa do
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Epidemiologia e Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

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Acedido em https//editora.unoesc.edu.br/index.php/anaissamcenf/article/download/

Albino Alberto; Catarina Belo; Isabel Martins; Nelson Martins


INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE VISEU

Epidemiologia e Planeamento em
Saúde na Enfermagem do Trabalho
Albino Alberto
Catarina Belo
Isabel Martins
Nelson Martins

Viseu 2018
Introdução
 As expectativas da sociedade no que respeita à saúde mudou, com exigências de melhores
normas de proteção no trabalho e melhoria da qualidade de vida para o trabalhador;

 Os empregadores reconhecem cada vez mais que as questões relacionadas com a saúde,
como as faltas por doença, custos de litigação, compensação e prémios de seguros
crescentes, são dispendiosas e que ignorá-las pode levar a graves consequências
económicas;
 Há uma consciencialização crescente do enorme potencial para uma nova saúde no local de
trabalho, reorientada para auxiliar a conseguir os objetivos fundamentais do desenvolvimento
de boas práticas na gestão da saúde, ambiente e segurança nas empresas, sustentadas por
novas políticas de saúde no local de trabalho, desenvolvidas para dar resposta ao nível
empresarial (OMS, 2014).

 É uma temática muito pertinente, na medida em que apesar de ser ainda embrionária no
nosso país, a importância e o contributo da Enfermagem do Trabalho e as disciplinas que a
envolvem são já reconhecidas e valorizadas pelos indivíduos trabalhadores e pelos
empregadores.
OMS (2014)

 Os serviços para a Saúde no trabalho, nomeadamente a Enfermagem do Trabalho, “oferecidos”


pelos empregadores com o intuito de dar resposta à promoção, à proteção da saúde e
necessidades de cuidados de saúde das populações ativas, foram identificados como sendo um
componente importante do sistema de saúde pública, representando um significativo contributo
para o aumento da igualdade na saúde, melhoria da coesão social, redução do absentismo por
doença e aumento da produtividade, com consequentes ganhos para todos os intervenientes,
sejam os trabalhadores, sejam as empresas.
Além de servir de instrumento de avaliação, com este trabalho pretende-se:

 adquirir e desenvolver conhecimentos na área da Enfermagem do Trabalho;


 incrementar práticas de pesquisa e investigação;
 implementar boas práticas na Enfermagem do Trabalho, fundamentando-a na
evidência científica.
Enfermagem no Trabalho
Na Europa, os Enfermeiros são o maior grupo profissional da área da saúde que
presta cuidados à população ativa, em contexto laboral.

Em Portugal, embora existam há várias décadas Enfermeiros ligados à Saúde


Ocupacional, a obrigatoriedade da sua presença em contexto empresarial só foi
legislada através do Decreto-Lei n.º 109/2000, onde é especificado que o Enfermeiro
deve exercer a sua atividade com autonomia técnica, desde que demonstre ter
experiência adequada.
Almeida & Santos (2017)
A atividade focada na Enfermagem do Trabalho, visa dotar os Enfermeiros de
competências próprias que lhes permitam agir no ambiente específico das empresas:
◦ necessidades do trabalhador no local de trabalho;
◦ promoção e manutenção de uma boa saúde;
◦ prevenção da doença e de acidentes no trabalho;
◦ educação para a saúde na gestão e segurança;

 OBJETIVO - promover um ambiente de trabalho saudável e seguro, qualidade de vida do


trabalhador e ganhos para as organizações, com uma maior produtividade e menor
absentismo.
Tendo em conta a conjetura atual das políticas de saúde emanadas pelas diretivas da
Organização Mundial da Saúde, onde se debatem as competências, capacidades e aptidões dos
Enfermeiros, torna-se premente projetar a Enfermagem do Trabalho, no âmbito dos programas de
Saúde Ocupacional:

 Plano Nacional da Saúde Ocupacional (objetivo específico 3) - valorização das carreiras,


desempenho e competências dos profissionais (DGS,2013);

 Publicação da OE “O Enfermeiro do Trabalho na Gestão da Saúde Ocupacional” (OMS, 2014) –


visa motivar os Enfermeiros para a área de intervenção, homenageando o trabalho já desenvolvido
neste contexto, sensibilizando os decisores para os potenciais ganhos com uma efetiva Saúde
Ocupacional gerida por enfermeiros.
Em Portugal….
 Orientação nº9 (DGS, 2014), regulamenta a Enfermagem do Trabalho, tendo em vista a
criação do registo de profissionais de enfermagem com competências reconhecidas e
certificadas, detentores de autorização para a exercerem, definindo-se que em Portugal:
“A atividade do Enfermeiro do Trabalho é dirigida à gestão da saúde do
trabalhador ou de grupos de trabalhadores. Focaliza-se na promoção e proteção da
saúde e bem-estar no local de trabalho, na prevenção de acidentes e doenças
relacionadas ou agravadas pelo trabalho, com o propósito de promover ambientes de
trabalho saudáveis e seguros”

 Norma nº10 (DGS, 2015), uniformiza os conteúdos programáticos de formação, com o


intuito de dar resposta às necessidades formativas dos enfermeiros autorizados
transitoriamente a exercer Enfermagem no Trabalho.
“Experiência, Motivações, Locais de Trabalho, Formação, Funções,
Indicadores produzidos e Condições de Trabalho” (Almeida & Santos ,2017)

 291,% da amostra referiu não possuir autorização para o exercício de enfermeiro do


trabalho, por ainda não ter formalizado o pedido à DGS.
 34,5% dos Enfermeiros possuía a formação obrigatória definida pela DGS;
 A formação era mais comum nos enfermeiros de serviço interno;
 46,7% possuía formação obrigatória por frequência de Pós-Graduações em Enfermagem
do Trabalho.
O Enfermeiro do Trabalho…
 O contacto próximo com os trabalhadores, por vezes ao longo de muitos anos, permite:
avaliar necessidades,
promover a saúde;
prevenir a doença;
atribuir prioridades às iniciativas de saúde e segurança no trabalho;
coordenar as atividades ao nível da empresa;
garantir que as iniciativas planeadas são cumpridas.

 O Enfermeiro do Trabalho poderá desempenhar vários papéis interrelacionados e


complementares na gestão em Saúde Ocupacional: Clínico, Especialista, Gestor, Coordenador,
Consultor, Educador para a saúde, Conselheiro e Investigador (OMS, 2014).
É reconhecido que para que se processe a afirmação do Enfermeiro do
Trabalho em Portugal, ainda há um caminho a percorrer!

 A falta de formação torna os Enfermeiros vulneráveis ao mercado de trabalho e o


recrutamento para a Enfermagem do Trabalho faz-se muitas vezes para executar pacotes
pré-formatados de exames requisitados comercialmente, algumas vezes sem relevância
para o posto de trabalho em questão, ficando por explorar o real papel que os Enfermeiros
poderiam desempenhar dentro da Equipa de Saúde Ocupacional;

 A maioria das empresas prestadoras de serviços de Saúde Ocupacional, tal como os


empregadores e até os trabalhadores, têm geralmente uma visão extremamente limitada
relativa às potencialidades do enfermeiro do trabalho (DGS, 2013).
 Uma das formas de evidenciar o contributo da Enfermagem do Trabalho para a sociedade é a
produção científica associada à investigação, sustentada numa revisão bibliográfica sobre a
Enfermagem do Trabalho no mundo, demonstrando que ao longo dos últimos anos as tarefas
predominantemente curativas deram lugar à prevenção e à gestão, mostrando os programas de
educação e promoção para a saúde que o Enfermeiro do Trabalho tem capacidade para orientar
(DGS, 2013).

 A evidência científica nacional associada à Enfermagem do Trabalho, é ainda demasiado


escassa para retratar a realidade profissional, justificar os diferentes papéis ou comprovar os
benefícios da sua presença nas empresas, nomeadamente através de resultados mensuráveis na
diminuição do absentismo e aumento de produtividade.
“Experiência, Motivações, Locais de Trabalho, Formação, Funções,
Indicadores produzidos e Condições de Trabalho” (Almeida & Santos, 2017)

 A Enfermagem do Trabalho é vista como transitória e encarada como um complemento


salarial para quem já trabalha ou para quem ainda não arranjou emprego noutra área;

 A grande maioria das empresas embora revele verdadeiro interesse em melhorar as


condições de saúde dos trabalhadores, tem uma expectativa limitada acerca das
competências do Enfermeiro, esperando apenas a concretização de tarefas complementares a
outros técnicos e que exigem maioritariamente o desempenho de competências meramente
instrumentais.
Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho
Estudos Epidemiológicos
 Qualquer atividade em que se recorre ao método epidemiológico para aprofundar o
conhecimento de temas relacionados com a saúde;
 A maioria dos estudos epidemiológicos tem como objetivo fornecer informações que sirvam de
apoio à tomada de decisões na planificação ou gestão de atividades relacionadas com a saúde;
 O método de investigação epidemiológica é uma variante do método científico experimental e
consta das seguintes etapas:
 Observação e descrição da realidade
 Elaboração de hipóteses
 Verificação da hipóteses
 Resolução
 Inferência casual
Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho

Epidemiologia

Planear Implementar Avaliar

Cuidados de saúde, higiene e segurança na empresa


Gusmão & Filho (2015)

◦ A epidemiologia é a “Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade,


analisando a distribuição e os fatores desencadeadores das doenças, danos à saúde e
eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou irradicação de doenças, fornecendo indicadores que sirvam de suporte
ao planeamento, administração e avaliação das ações de saúde”.
Cerqueira citado por Eckerdt et al (2013)

◦ A vigilância epidemiológica envolve uma equipa multidisciplinar inteiramente


diferenciada, que desenvolve as suas atividades a um ritmo constante, em que
todos têm a responsabilidade de participar nas tarefas com a eficiência de quem
vigia e zela pela saúde de toda a coletividade. Tem como objetivo a análise
permanente da situação de saúde da população e desenvolve ações que se
destinam a controlar determinantes, riscos e danos para a sua saúde, garantindo
a eficácia na promoção da saúde e prevenção da doença e suas complicações.
Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho

Colheita

Interpretação Vigilância Processamento


Epidemiológica

Análise
Epidemiologia na Enfermagem do Trabalho
Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho

Imperatori e Geraldes citado por Abelho (2014)

◦ O Planeamento pode ser definido como a racionalização do uso de recursos com


vista a atingir os objetivos fixados, em ordem à redução dos problemas de saúde
considerados como prioritários e implicando a coordenação de esforços provenientes
dos vários setores socioeconómicos.
Gama citado por Dutra (2013)

Consegue prever os
Planeamento recursos
(feito de forma sistemática e necessários
organizada)

Recompensam o Resulta num Para atingir os


tempo e energia conjunto de resultados
gastos vantagens esperados
Lanzoni referido por Pimentel et al (2013)
◦ Pode ser entendido como um método de se pensar ações, organizar, de alcançar
resultados e de efetivar metas estabelecidas em que não há garantias de sucesso,
isto é, os resultados não serão sempre positivos simplesmente por terem sido
planeados.

◦ Isto mostra que o planeamento é também um processo dinâmico, deliberativo, mas


que sem ele as hipóteses de fracasso são maiores.
Princípios básicos do Planeamento em Saúde
Dutra (2013)
Princípio da definição de objetivos
• Elaborado em função dos objetivos a alcançar
Princípio da flexibilidade
• Deve ser flexível e elástico para se adaptar a situações imprevistas
Princípio de participação
•Quanto maior for o nível e envolvimento no processo de elaboração, execução e avaliação de
todas as áreas e setores, mais efetivo e eficaz será
Princípio da coordenação
• Contempla a sincronia, a inter-relação e articulação entre os vários aspetos envolvidos
Princípio da permanência
• Deve ser constantemente revisto para que possa permanecer atual e válido
O Planeamento em Saúde é:

• Permanente
Visa selecionar um percurso
• Contínuo
de ação e uma relação de
• Dinâmico causalidade entre a ação
• Sistémico tomada e os resultados
• Multidisciplinar esperados.

• Iterativo
• Racional na tomada de decisões
Na área da Enfermagem do Trabalho
 Preconiza a identificação de problemas junto dos trabalhadores e das organizações, tendo como

objetivo mudar comportamentos e estilos de vida, promovendo a saúde e o bem estar como um
todo:
◦ O diagnóstico da situação;

◦ O estabelecimento de prioridades;

◦ A determinação dos objetivos;

◦ A seleção de estratégias;

◦ A elaboração de programas e projetos;

◦ A preparação da execução dos programas e sua avaliação.


Níveis de Planeamento da Saúde nas organizações
Chiavenato citado por Dutra (2013)

Planeamento estratégico: é o mais amplo, de longa duração e abrange toda a


organização.
 Planeamento tático: é projetado a médio prazo e definido no nível intermediário,
frequentemente para exercício anual, abrangendo cada departamento ou unidade.
 Planeamento operacional: é projetado a curto prazo ou no imediato, abrangendo
cada atividade ou tarefa específica, definido a nível operacional preocupando-se com o
alcance de metas específicas.
Enfermeiros do
trabalho

São os profissionais que


Assumem um papel
melhor conhecem os Contribuem para a
preponderante na
trabalhadores, os seus investigação e afirmação
promoção e educação
problemas e o contexto da enfermagem do
para a saúde e prevenção
laboral em que estão trabalho
de doenças profissionais
inseridos
“Experiência, Motivações, Locais de Trabalho, Formação, Funções,
Indicadores produzidos e Condições de Trabalho” (Almeida & Santos, 2017)

o O planeamento em saúde é ainda restrito, na medida em que apenas 31% dos


enfermeiros assumiu a responsabilidade por contribuir de forma ativa e produtiva para
a empresa, no desenvolvimento de projetos de intervenção centrados na melhoria das
condições de saúde laborais.
Conclusão
 Para a comunidade trabalhadora, que representa metade da população mundial, a saúde, a
segurança e o bem-estar dos trabalhadores, são condições essenciais para o desenvolvimento
socioeconómico equitativo e sustentável.

 As novas políticas de saúde no local de trabalho desenvolvidas a nível empresarial, privilegiam


a prevenção primária de fatores de risco profissional e desenvolvimento de ambientes de
trabalho saudáveis, fomentam a existência de um maior número de trabalhadores saudáveis,
seguros, motivados e realizados, contribuindo para a produção de bens e serviços de melhor
qualidade, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade (DGS/PNSOC, 2013).
OMS (2014)
Na Europa os enfermeiros são o maior grupo profissional da área da saúde que presta
cuidados à população ativa em contexto laboral e pela posição de proximidade e envolvimento
que ocupam, estão bem posicionados para:

 desenvolver uma atividade orientada para a prevenção e intervenção precoce de


aconselhamento;
 avaliar e gerir riscos físicos, químicos, biológicos e psicossociais, aptidões e estratégias proactivas
dirigidas à promoção da saúde da população laboral;
apoiar o trabalhador a prevenir ausências por doença relacionada com o trabalho ou a regressar
ao trabalho e ao funcionamento normal após uma doença prolongada.
DGS/PNSOC (2013)

Cada vez mais, a Enfermagem no Trabalho é impulsionada pela abordagem da


prática baseada na evidência, que exige que os Enfermeiros do Trabalho procurem a
melhor informação disponível na qual possam basear a sua prática, fomentando a
criação de linhas de orientação ou protocolos para a prática, permitindo o
desenvolvimento de aptidões, identificando lacunas nos conhecimentos e a revisão de
forma crítica da implementação dos planos de cuidados.
Medeiros et al (2012)

A construção dos conhecimentos na Enfermagem do Trabalho carece da


validação do conhecimento epidemiológico de forma efetiva, em que o enfermeiro
deverá ser capaz de compreender os processos desencadeadores de potenciais danos,
explorar as contradições existentes nas dimensões na realidade laboral, para participar
de forma mais solidificada na definição e implementação das políticas e estratégias a
desenvolver.
O planeamento em saúde é indispensável e está constantemente presente no
processo de trabalho do Enfermeiro do Trabalho.

 Para gerir os cuidados de saúde, o Enfermeiro precisa conhecer as situações que


necessitam de intervenção, as que podem ser mantidas ou melhoradas, traçar
objetivos, selecionar os recursos necessários e disponíveis para desenvolver planos e
estratégias, estabelecendo metas e prazos a cumprir, avaliando e ajustando
continuamente.
Ciampone & Melleiro citados por Dutra (2013, p.8) definem o planeamento de
saúde como “a arte de fazer escolhas e de elaborar planos para favorecer um processo
de mudança”, afirmando que “não existe planeamento perfeito nem plano
irreprovável”.

Todavia, é assumido que a adoção de metodologia de planeamento por


profissionais de saúde é de grande importância, ampliando a capacidade de análise de
problemas, qualificando os processos de decisão e possibilitando a transformação da
realidade, bem como a estruturação de políticas.
Medeiros et al (2012)
O Planeamento em Saúde na Enfermagem do Trabalho é, sem dúvida uma forma
de abordagem epidemiológica, na medida em que comunga dos princípios básicos de
metodologia sistemática e organizada com objetivos perfeitamente estabelecidos, com
etapas de intervenção definidas, tal como a epidemiologia defende: diagnóstico da
situação, estabelecimento de prioridades, determinação dos objetivos, seleção de
estratégias, elaboração de programas e projetos, preparação da execução dos
programas e respetiva avaliação, no sentido de intervir e modificar nos processos de
promoção da saúde, prevenção da doença e de ambientes saudáveis e seguros para os
trabalhadores.
De acordo com OMS (2014), atendendo ao potencial salutogénico da
Enfermagem do Trabalho e das repercussões que a sua atuação pode ter no mundo
laboral, projeta-se que de futuro, deverá existir um maior investimento na formação,
direcionando o foco dos Enfermeiros do Trabalho para a gestão, prevenção e
promoção da saúde, apostando num aumento de competências associadas à
investigação e ao planeamento em saúde que, comprovadamente gera ganhos para os
trabalhadores e para as entidades empregadoras.
Referências Bibliográficas:
- Abelho, C. (2014). Metodologia do planeamento de saúde: Sexualidade na adolescência. Escola Superior de Saúde de Portalegre: Instituto Politécnico de Portalegre. Acedido em: https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/14856

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http://ead.ifnmg.edu.br/uploads/documentos/D72ZL0JDUU.pdf
- Medeiros, A.R.P.; Larocca, L.M.; Chaves, M.M.N.; Meier, M J. & Wall, M.L. (2012). Epidemiologia como referencial teórico-metodológico no processo de trabalho do enfermeiro. Rev Esc Enferm USP, 46(6), p.1519-1523. Acedido em
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evidência. Evidentia, 12(49), p.1-7. Acedido em http://www.index-f.com/evidentia/n49/ev4901r
- Pimentel, M. H; Anes, E. M.G.; Fernandes, A. M.P.S.; Antão, C. C.M.; Magalhães, Carlos P.; Mata, M. A. P. (…) Ferreira, C. (2013). Planeamento em saúde: Diferentes conceitos. Livro de Atas, Primeiras Jornadas de Enfermagem da
Escola Superior de Saúde de Bragança, p. 389-555. Acedido em: http://portal.ipb.pt:7778/pls/portal/docs/PAGE/ESSA/A_ESCOLA/EBOOK%20JORNADAS%20ENFERMAGEM%202014%2011%203.PDF
- Portugal, Ministério da Saúde, Direção Geral da Saúde (2015). Norma nº 10, Informação técnica, formação em enfermagem do trabalho. Lisboa: DGS.
- Portugal, Ministério da Saúde, Direção Geral da Saúde (2014). Norma nº 9, Autorização para o exercício de enfermagem do trabalho. Lisboa: DGS.
- Portugal, Ministério da Saúde, Direção Geral da Saúde (2013). Programa nacional de saúde ocupacional. Lisboa: DGS.
- Portugal, Ministério do Trabalho e da Solidariedade (2000). Decreto-Lei n.º 109/2000 de 30 de Junho, Regime de organização e funcionamento das atividades de segurança, higiene e saúde no trabalho. Lisboa: Diário da República nº
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- Vicente, J. (2015). A importância da epidemiologia para o enfermeiro. I Jornada científica de Enfermagem. Rio de Janeiro: Editora UNOESC. Acedido em https//editora.unoesc.edu.br/index.php/anaissamcenf/article/download/
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“Os que se encantam com a prática sem a ciência, são


como os timoneiros que entram no navio sem timão nem
bússola, nunca tendo certeza do seu destino.”
Leonardo da Vinci

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