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Ação da Pozolana Metacaulim em Matriz Cimentícia

Pozzolan metakaolin action in cement matrix

Francimar José da Silva (1); João Manoel de Freitas Mota (2); Simone Perruci Galvão (3).
(1) Engenhario Civil pela Faculdade do Vale do Ipojuca, FAVIP
(2) Professor Coordenador do Departamento de Engenharia Civil da FAVIP e Doutorando do Departamento
de Engenharia Civil, UFPE
(3) Professora de Engenharia Civil da FAVIP e Doutorado em Ciências de Materiais pela Universidade
Federal de Pernambuco, UFPE
Travessa José Rodrigues de Paula, 38, Centro, Tacaimbó-PE, CEP 55140-000.

Resumo
Nos últimos anos o concreto se tornou o segundo produto mais consumido do mundo, como resultado,
excessivos problemas tem surgido em estruturas de concreto. Com a utilização de técnicas e materiais
inadequados, assim como construções em ambientes cada vez mais hostis, demasiadas patologias têm
ocorrido nas estruturas provocando a necessidade de alternativas para aumentar sua durabilidade e vida
útil. Uma das principais alternativas, sendo bastante disseminada no meio acadêmico, é a utilização de
sistemas binários com cimento Portland e pozolana metacaulim que pode viabilizar técnica e
economicamente a produção de concreto, garantindo o aumento na vida útil das peças estruturais
contribuindo de forma eficiente na produção de concretos mais resistentes e duradouros. Desse modo à
pesquisa tem como objetivo a realização de uma revisão bibliográfica acerca da influência da pozolana
metacaulim em matriz cimentícia. O trabalho busca descrever desde o processo de obtenção da matéria-
prima para produção do metacaulim, até as contribuições evidenciadas em misturas que contém esta adição
mineral. Os resultados do estudo permitem concluir que o emprego do metacaulim na produção de
concretos e argamassas é tecnicamente viável. Este fato é corroborado pelo desempenho das misturas com
metacaulim que apresentaram melhor trabalhabilidade; maior resistência mecânica; menor exsudação,
tempo de pega, calor de hidratação, absorção e índice de vazios. Além de reduzir as manifestações
patológicas nas edificações e proporcionar maior durabilidade e vida útil.
Palavra-Chave: metacaulim, pozolana, cimento Portland, concreto, caulim.

Abstract
In the last years concrete has become the second most consumed product in the world, as a result,
excessive problems have arisen in concrete structures. With the use of inappropriate materials and
techniques, as well as buildings in increasingly hostile environments, too many diseases have occurred in
the structures causing the need for alternatives to increase its durability and service life. One of the main
alternatives are quite widespread in the academic field is the use of binary systems with Portland cement
and pozzolan metakaolin that can technically and economically facilitate to produce concrete, ensuring an
increase in the useful life of structural components contributing efficiently to produce concrete more resistant
and durable. So the study aims to conduct a literature review on the influence of pozzolan metakaolin in
cement matrix. The paper aims to describe since the process of obtaining the raw material for production of
metakaolin until the contributions evidenced in mixtures containing mineral this addition. The results of the
study show that the use of metakaolin in the production of concrete and mortar is technically feasible. This is
corroborated by the performance of mixtures with metakaolin that showed better workability, higher
mechanical strength; less bleeding, setting time, heat of hydration, absorption and voids. Besides reducing
the pathological manifestations in buildings and provide greater durability and service life.
Keywords: metakaolin, pozzolan, Portland cement, concrete, kaolin.

ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1


1 Introdução

1.1 Considerações iniciais sobre o metacaulim


O metacaulim é um material amorfo, de estrutura cristalina desordenada, obtido por
processo industrial de ativação térmica entre 600 e 850ºC de argilas cauliníticas e caulins
(MEDINA, 2011). Nessa temperatura ocorre à desidroxilação, ou seja, a remoção dos íons
de hidroxilas (OH-) da estrutura cristalina, ocasionando a destruição do arranjo atômico
resultando num material de elevada desordem cristalina com alta instabilidade química
(BARATA, 1998).

O metacaulim é constituído basicamente de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) na fase


amorfa, e durante o processo de hidratação do cimento Portland é capaz de reagir com o
hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, para formar produtos hidratados similares aos decorrentes
da hidratação do cimento Portland. Essa interação física com o cimento modifica a
reologia dos compósitos (concretos e argamassas) no estado fresco e confere
propriedades especiais relacionadas à durabilidade e ao desempenho mecânico no
estado endurecido, quando comparadas ás propriedades desses compósitos sem a sua
presença (MEDINA, 2011).

Sua produção denota baixo impacto ambiental, pois, o beneficiamento do caulim gera
areia quartzosa que pode ser facilmente aproveitada como agregado miúdo na indústria
da construção civil; no processo de calcinação são emitidos vapor de água para a
atmosfera; diferentemente do cimento Portland, que gera diversos problemas ambientais,
notadamente quanto à elevação de dióxido de carbono na atmosfera durante sua
fabricação (ROCHA, 2005).

1.2 Processo de obtenção e produção


A produção do metacaulim consiste basicamente em obter um material com propriedades
elevadas de reatividade. Inicialmente são realizadas avaliações e sondagens de depósitos
de argilas cauliníticas para posterior extração da matéria prima, é nesta etapa de trabalho
que são coletadas as amostras para execução de ensaios químicos, físicos e
morfológicos para conhecimento e avaliação da potencialidade do material, assim como a
partir da prospecção (sondagens) é elaborado o planejamento, exploração, medições,
estocagem e controle de qualidade do caulim disponível na jazida (FARIAS, 2009).

Uma vez que a avaliação do mineral foi determinada é iniciado o processo de lavra, que
na maioria das minas de caulim do mundo é realizado a céu aberto já que os custos de
produção das minas de caulim por meio de métodos de lavra subterrâneos são
economicamente inviáveis (MURRAY, 2007). No Brasil, a entidade responsável pela
elaboração das normas para extração mineral é o departamento nacional de produção
mineral e a norma regulamentadora para lavras a céu aberto é a NRM 02.

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O processo de extração do minério poderá ser realizado de diferentes maneiras a
depender da localização e forma da jazida, no entanto, a maioria das operações para
exploração da matéria prima do metacaulim é realizada por meio de desmonte hidráulico.

O beneficiamento do caulim consiste na realização da separação física dos minerais de


modo a eliminar determinadas impurezas. Esse processo depende do uso a que se
destina o caulim e poderá ser via seco ou úmido (LUZ; ALMEIDA, 2004). O
beneficiamento a seco é um método mais simples, realizado quando o caulim já
apresenta alvura e distribuição granulométrica adequada, assim como baixo teor de
impurezas. Já o beneficiamento do caulim via úmido, segundo Luz et al. (2005), consiste
nas etapas de dispersão, desareamento, fracionamento, separação magnética,
alvejamento químico, separação sólido/líquido e secagem. Durante o beneficiamento via
úmido pode ser necessário o uso de processos especiais para obtenção de um produto
de caulim de melhor qualidade e compatível com as características exigidas pelo
mercado, como a delaminação, flotação e floculação seletiva (SILVA, 2007).

Segundo Rocha (2005), após todos esses processos a composição química da argila
caulinítica e do caulim ideal para utilização como pozolana metacaulim ou MCAR, deverá
apresentar os seguintes percentuais para cada composto (Tabela 1).
Tabela 1 – Composição química da argila caulinítica e do caulim (Rocha, 2005).
Composição Argila Caulinítica Caulim Teórico
SiO2 > 40,0% e < 60,0% 46,54 %
Al2O3 > 25,0% e < 45,0% 39,50%
Fe2O3 < 8,0% -
Na2O < 0,1% -
K2O < 3,0% -
TiO2 < 1,0% -
CaO < 1,0% -
H2O (PF) > 8,0% e < 18,0% 13,96%
Outros < 1,0% -
Relação Al2O3 / SiO2 - 0,85

Após as etapas descritas anteriormente é realizado o tratamento térmico para que as


argilas cauliníticas e os caulins apresentem a forma de metacaulim e MCAR. O
desempenho e qualidade das adições são afetados pelas condições de calcinação, tais
como: temperatura, tempo e equipamento. A temperatura ótima de calcinação, na qual se
obtém melhor desempenho das matérias primas, encontra-se entre 650 a 850ºC
(BARATA, 1998). Para o tempo de calcinação, segundo Cook (1986) apud Barata (1998),
a exposição prolongada a temperaturas acima do período de desidroxilação (500-550ºC)
causa a recristalização, e por seguinte a redução das propriedades pozolânicas. E,
quanto aos equipamentos utilizados para calcinação, o método mais empregado é através
da calcinação em fornos rotativos (BARATA, 1998).

Com a finalização do processo de calcinação, é iniciada a moagem mecânica onde atuam


forças de pressão, arraste, impacto e choque, sendo a combinação destas forças que
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produz a quebra das partículas e o efeito mecânico-químico (PALANIANDY et al., 2006
apud FLORES, 2010). Para realização do processo de moagem fina, granulometria menor
que 100 µm, e ultrafina menor que 10 µm, são usados diferentes tipos de moinhos, no
entanto, estes equipamentos são classificados de acordo com o mecanismo de
fragmentação, que depende da resistência do material a ser processado ou do ambiente
de moagem seco ou úmido (WELLENKAMP, 1999). Embora exista uma grande variedade
de moinhos para a produção da matéria prima do metacaulim, normalmente são utilizados
moinhos de bola ou do tipo martelo (BARATA, 1998).

1.3 Composição química


Quanto aos aspectos químicos, tanto para o metacaulim quanto para o MCAR, deve-se
focalizar dois pontos importantes: a composição química e a sua estrutura interna
(CARMO, 2006).

A composição química está baseada no tipo de mineral ao qual o metacaulim se originou,


sendo seu desempenho diretamente relacionado aos tipos e quantidades de elementos
que constituem o mineral (SOUZA, 2003). Segundo Santos (1992) e Zampieri (1989) apud
Souza (2003) a composição química de uma pozolana não se apresenta como sendo um
parâmetro adequado para avaliação da atividade pozolânica, pois não há como
diferenciar a sílica ativa cristalina da não cristalina, mas, pode ser utilizada para controle
de produção ou de recepção de uma argila com relação à sua origem ou procedência.
Porém, para que seja garantida a eficiência deste controle devem-se ter valores mínimos
de compostos, para que se vise a garantia da atividade pozolânica, sobretudo no que
tange aos teores de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3). A tabela 2 apresenta os requisitos
químicos de materiais pozolânicos do tipo metacaulim por diferentes normas técnicas.
Tabela 2 – Exigências químicas pelas normas de materiais pozolânicos do tipo MC (MEDINA, 2011).
Propriedades ABNT NBR ASTM C 618 IS 1344 DMS 4635 NF 18-513
12653
SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 > 70 > 70 > 70 > 85 -
SiO2 + Al2O3 - - - - > 90
SiO2 - - > 40 - -
CaO - - < 10 - -
CaO livre - - - - <1
MgO - - 3 - <4
SO3 <4 <4 <3 - <1
Cloreto - - - - < 0,1
Na2O + K2O - - <3 - -
Teor de umidade <3 <3 - - -
Perda ao fogo < 10 < 10 <5 <3 <4
Álcalis disponíveis em
< 1,5 < 1,5 - < 1,0 -
Na2O
Álcalis solúveis em
- - < 0,1 - -
água

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De acordo com Souza (2003) algumas ressalvas devem ser consideradas quanto às
exigências químicas requeridas pelas normas citadas na tabela 6 quando se visa à
utilização do MCAR. Esse autor relata que o percentual de SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 deva
se elevar a 90% e a perda de fogo deva ser reduzida para 3%. A definição desses valores
tem como base a literatura referente ao assunto e objetiva assegurar uma maior atividade
pozolânica do MCAR.

Para se compreender melhor a estrutura interna do metacaulim e do MCAR é necessário


compreender o comportamento da estrutura cristalina de suas matérias prima. Segundo
Monte, Paiva e Trigueiro, (2003) os caulins são silicatos aluminosos hidratados, formados
pelo argilomineral caulinita e outras substâncias sob forma de impurezas como ferro,
titânio, manganês, magnésio, potássio e sódio. Sua composição química teórica
aproxima-se de [Al2.Si2.O5.(OH)4], que corresponde à cerca de 46,54% de (SiO2),
39,50% de (Al2O3), 13,96% de (H2O).

Os caulins podem ser de origem primária ou secundária, sendo que o primeiro tipo é
aquele proveniente da alteração de rochas in situ, devido principalmente à circulação de
fluidos quentes provenientes do interior da crosta, da ação de vulcões ou da hidratação de
um silicato anidro de alumínio, seguido pela remoção de álcalis. Os secundários são
formados pela deposição de sedimentos em ambientes lacustres, lagunares ou deltaicos,
e normalmente apresentam menores teores de quartzo e mica, porém, maiores teores de
contaminação de óxidos de ferro e titânio (LUZ et al., 2005).

Os argilominerais do grupo da caulinita, que apresenta outra forma de obtenção do


metacaulim, são formados a partir do processo de decomposição de rochas feldspáticas,
cujos minerais são os mais atacados pela natureza (PINTO, 2006). Os depósitos
formados pela decomposição desses minerais podem conter caulinita, haloisita ou
endelita (10Å), haloisita ou metahaloisita (7Å), diquita e nacrita; esses minerais
apresentam composição química muito similar, porém, com diferenças estruturais
importantes (LUZ et al., 2005). Os minerais nacrita, diquita, caulinita e haloisita (7Å) tem
sua formulação química próximas de [Al2Si2O5(OH)4], e ocorrem na forma de cristais
tabulares; já a haloisita (10Å) com formulação química [Al2Si2O5(OH)4.2H2O] na forma
de tubos ou cilindros, ocorre pelo enrolamento das lamelas da caulinita (GARDOLINSKI;
MARTINS FILHO; WYPYCH, 2003).

As argilas cauliníticas apresentam suas estruturas cristalinas constituídas por unidades


lamelares, sendo cada unidade formada por uma camada tetraédrica de silicato (SiO4) e
uma camada octaédrica de gibsita, cujas unidades [Al(OH)3] estão ligadas entre si pelos
átomos de oxigênio em comum (GRIM, 1962 apud CARMO; PORTELLA, 2008). As
cargas dentro da estrutura estão balanceadas, de modo que não há cargas na rede em
função de substituição dentro da mesma (BERNARDIN, 2006).

A figura 1 apresenta a estrutura cristalina da caulinita, e estrutura de uma camada da


caulinita.

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Figura 1: Estrutura cristalina da caulinita (a) e estrutura de uma camada da caulinita (b) (BARAK; NATER,
2003 apud BERNARDIN).

A rede atômica da caulinita é formada por uma camada de sílica tetraédrica (quatro
átomos de oxigênios ligados a um átomo de silício), ligada a uma camada de alumina
octaédrica (oito átomos de oxigênio ligados a um átomo de alumínio) (MONTE; PAIVA;
TRIGUEIRO, 2003), podendo sua formulação ser descrita como resultado da
decomposição de 2 moles de gibsita, cuja ordem estrutural dos átomos de alumínio está
posicionada no centro dos octaedros e, nos vértices estão posicionados os grupamentos
hidroxila; entretanto, somente 2/3 dos octaedros são ocupados e ligados pelas arestas, o
que caracteriza a caulinita como dioctaédrica. Na estrutura da sílica os átomos de silício
estão posicionados no centro dos tetraedros, sendo os vértices ocupados por átomos de
oxigênio. Devido à forma com que os tetraedros são coordenados uns aos outros, cria-se
um buraco na lamela que expõe a hidroxila interna para eventuais reações
(GARDOLINSKI; MARTINS FILHO; WYPYCH, 2003).

Os argilominerais cauliníticos consistem de folhas contínuas em um plano, e empilhadas


na direção perpendicular a este, cujas espessuras das unidades são de aproximadamente
7,2 Å, e devido à superposição de planos de oxigênio e hidroxilas em unidades
adjacentes, as unidades são mantidas unidas por pontes de hidrogênio entre as camadas,
de modo que o mineral não é disperso em água. Suas partículas são extremamente
pequenas, com dimensões máximas laterais entre 0,3 µm e 4,0 µm e espessura entre
0,05 µm e 2 µm (BERNARDIN, 2006).

Quanto ao processo químico de formação do metacaulim, as argilas cauliníticas e o


caulim quando submetidos a tratamento térmicos seu arranjo atômico é destruído, pela
retirada dos íons de hidroxilas; e a desidroxilação destes minerais formam o metacaulim,
(Al2O3.2SiO2); cujo processo de composição química pode ser representado da seguinte
maneira: (CHRISTÓFOLLI, 2010).
600 a 850ºC
[Al2Si2O5(OH)4] [Al2O3.2SiO2] + [2H2O] (Equação 1)

Segundo Bernardin (2006) a cinética de desidroxilação, sendo de primeira ordem, resulta


em uma taxa de desidroxilação proporcional à área superficial do caulim, cujo processo é
endotérmico, de modo que ocorre uma reorganização da coordenação octaédrica do
alumínio na caulinita para uma coordenação tetraédrica deste no metacaulim. Quando o
processo de calcinação continua, o aumento de temperatura entre 950ºC a 1.000ºC
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provoca a transformação do metacaulim em uma estrutura tipo espinélio e em sílica livre
amorfa.

1.4 Composição física


A característica física das pozolanas como tamanho das partículas e área específica são
um dos principais fatores que podem garantir a alta atividade pozolânica (MALHOTRA;
MEHTA, 1996). Em concretos e argamassas no estado fresco verifica-se que a consumo
de água e a trabalhabilidade são diretamente controladas pelas características físicas das
partículas; no estado endurecido, propriedades como resistência mecânica e
permeabilidade também estão relacionadas a estas características (CARMO, 2006).

A produção do metacaulim e/ou do MCAR deve ter processo criterioso com relação à
finura do produto final, já que suas partículas têm como principal função no concreto a
redução da porosidade da matriz e as reações com o hidróxido de cálcio livre para
formação de compostos de origens secundárias. Para que o efeito do metacaulim seja
maximizado na matriz, o seu diâmetro médio deve ser inferior ao diâmetro médio do
cimento, assim a reatividade do metacaulim é elevada. No entanto, devem-se estabelecer
alguns limites a esta finura, pois, seu excesso poderá acarretar alguns problemas como o
aumento da viscosidade ou até mesmo provocar a perda de plasticidade, já que a partir
de certa finura não se nota grandes vantagens ao concreto (ROCHA, 2005).

A distribuição granulométrica dos grãos, de acordo com a norma americana ASTM C 618,
deverá apresentar um limite no tamanho máximo das partículas de adições pozolânicas,
sendo este restringido a 34% das partículas retidas na peneira nº 325, ou, maior que 45
µm. A norma técnica brasileira NBR 12653 (1992) também especifica o tamanho das
partículas de materiais pozolânicos aos mesmos valores da ASTM C 618. Já a norma
atual e vigente NBR 15894 (2010) referente à metacaulim, fixa o valor máximo de 10%
para os resíduos retidos na peneira com abertura de malha de 45 µm (MEDINA, 2011).

Outro ponto importante com relação as características físicas, é a área específica das
partículas, pois quanto maior a área específica superficial do material maior será a
capacidade deste reagir com o hidróxido de cálcio, devido a uma disponibilidade de área
de contato entre os reagentes (NITA; JOHN, 2007); além de conceder maior estabilidade
e coesão ao concreto, especialmente aqueles propensos à exsudação e segregação
(MEDINA, 2011). Para o metacaulim de alta reatividade, dentro das exigências físicas de
uso, segundo Carmo (2006), acredita-se que uma menor quantidade de material retido na
peneira 45 µm, e uma maior superficie específica possam assegurar o desempenho
especificado dessa pozolana. No metacaulim, o tamanho de suas partículas variam de 0,2
a 15 µm (DOMONE, 2001 apud NITA, 2006) e sua areá específica encontra-se em
valores superiores a 12.000 m²/Kg. Já o MCAR apresenta área específica com valores em
torno de 60.000 m²/kg e suas partículas são lamelares (CARMO; PORTELLA, 2008).

A superfície específica está diretamente relacionada com a atividade pozolânica nas


primeiras idades de hidratação do cimento, sendo que em idades mais avançadas essa
atividade está relacionada à quantidade de sílica e alumina reativa, e isso confirma a
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influência da moagem, principalmente nas primeiras idades, na aceleração da atividade
pozolânica e, consequentemente, no desenvolvimento das resistências (MASSAZZA;
COSTA, 1979 apud MEDINA, 2011).

1.5 Composição morfológica


O metacaulim e o metacaulim de alta reatividade são obtidos de argilas, sendo assim
classificados, segundo a NBR 12653 (1992), como uma pozolana do tipo N. Entretanto,
cabe salientar que alguns tipos de argilas apresentam determinados tipos de minerais, e
isso pode proporcionar aos materiais um melhor desempenho, tanto no aspecto referente
á sua produção quanto no aspecto referente ao seu uso no concreto (CARMO, 2006).
Ambroise et al. (1995) apud Barata (1998) resalta que as argilas cauliníticas mais puras e
com pior grau de cristalização são as que apresentam melhor desempenho para produção
de adições minerais. Carmo (2006) explica que a forma amorfa da sílica ativa decorre,
principalmente, da desordem da estrutura dos silicatos que se origina na condensação do
material submetido à fusão.

Segundo Zampieri (1989) apud Souza (2003), os menores graus de cristalização


existentes nas argilas cauliníticas promovem uma maior taxa de desidroxilação durante o
processo de ativação térmica, o que garante uma maior atividade pozolânica do
metacaulim obtido destas argilas, por consequência, a definição do tipo de argila utilizado
para a produção do metacaulim ou MCAR está diretamente relacionada á atividade
pozolânica desenvolvida pelo material.

Barata (1998) explica que à composição mineralógica, ou o teor de sílica amorfa presente
no metacaulim influencia diretamente na atividade pozolânica deste material. Nas argilas
termicamente ativas esse componente está associado à porcentagem de argilominerais
presente em sua composição. Para produção de pozolanas altamente reativas (MCAR) o
teor mínimo de caulinita deverá ser de 90%; no entanto, é comum encontrar nas argilas
teores de sílica cristalina. Para percentuais de até 10% de fases inertes sobre a massa de
metacaulim não ocorre redução significativa na melhoria das propriedades mecânicas
(resistência à compressão e tração) das misturas com metacaulim (AMBROISE et al.,
1993 apud BARATA, 1998).

2 Propriedades de concretos e argamassas com metacaulim

2.1 Tempo de pega


BROOKS et al. (2000) apud Oliveira (2007) constataram que a utilização do metacaulim
em concretos de alto desempenho tende a retardar seu tempo de pega, sendo este
retardamento tanto maior quanto maior o nível de substituição. Os autores observaram
ainda que em teores acima de 10% há um ligeiro aumento no tempo inicial e final de pega
dos concretos. No entanto, para teores maiores que 15% de metacaulim os
pesquisadores observaram uma diminuição no tempo de pega. Para os pesquisadores
este comportamento pode ter ocorrido devido o aumento na demanda de água e os altos

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níveis de substituição de metacaulim, que pode ter contribuído para a formação de uma
fase ligante mais densa, e para a aceleração da pega dos concretos.

O Metacaulim de alta reatividade apresenta área específica de aproximadamente 60.000


m²/kg (CARMO; PORTELLA, 2008). De acordo com Taylor (1990) apud Vieira (2005),
quanto mais elevada a superficie específica de uma pozolana, maior será a cinética das
reações de hidratação do cimento, e isto resulta numa maior possibilidade de precipitação
dos produtos oriundos destas reações, como é o caso do C-S-H, do CH e dos aluminatos
de cálcio, que são responsáveis pelo tempo de pega.

2.2 Exsudação
Metha e Monteiro (2008) relatam que as causas principais de segregação e exsudação
estão associadas a uma combinação de consistência inadequada, quantidade excessiva
de partículas do agregado graúdo com densidade muito alta ou muito baixa, pouca
quantidade de partículas finas e métodos impróprios de lançamento e adensamento.

A utilização do metacaulim assim como outras adições como a sílica ativa e a cinza de
casca de arroz, produz uma redução nas taxas de exsudação quando comparadas com o
concreto sem adição (CHRISTÓFOLLI, 2010). Barata (1998) associa este comportamento
às partículas extremamente finas da pozolana, que consegue promover um melhor
empacotamento dos grãos de cimento, de modo que os canais ascendentes de água são
reduzidos. Esta constatação foi verificada no trabalho de Saad et al. (1982) apud Souza
(2003) que na ocasião estudou o comportamento do concreto com o uso de metacaulim
com teores de substituição de até 50% na massa de cimento, e foi constatado que a
exsudação é reduzida à metade, quando comparada com as amostras de referência.
Outras pesquisas como as realizadas por Zhang e Malhotra (1995), Caldarone et al.
(1994), utilizando misturas com o MCAR também constataram que a exsudação das
misturas com essa adição mineral foi bastante reduzida (SOUZA, 2003).

2.3 Calor de hidratação


Segundo Mehta e Monteiro (1994) apud Souza (2003), a utilização de pozolanas em
matriz de cimento diminui o calor de hidratação das misturas, sendo que essa redução
ocorre quase que diretamente proporcional à quantidade de cimento substituído pela
adição, além disso, no concreto a redução no calor de hidratação pode chegar à metade,
quando comparado com concretos sem adição mineral. No entanto, para pozolanas de
alta reatividade esse comportamento não se mantém. Segundo Souza (2003) este fato
ocorre devido às características químicas e físicas, como a elevada superfície específica
que tem influência direta na cinética de hidratação do cimento, onde ocorre a aceleração
deste processo.

Em estudo realizado por Saad et al. (1982) apud Oliveira (2007), o qual utilizou um
metacaulim com superfície específica de 850 m²/kg para produção de concreto massa,
constatou-se uma redução no calor de hidratação nas primeiras idades. Os pesquisadores
apresentaram como justificativa os altos teores de substituição de cimento por metacaulim
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(entre 30% a 50%). No trabalho realizado por Rabello et al. (2003) apud Liduário (2006),
diversos ensaios foram realizados com metacaulim em substituição parcial à massa de
cimento no teor de 7%, e com cimento de baixo calor de hidratação. No ensaio referente
ao calor de hidratação as amostras com adição apresentaram menor temperatura de
hidratação, sobretudo, para as idades de 3, 5 e 7 dias.

Já em estudos realizados por Ambroise et al. (1994) apud Oliveira (2007) com MCAR,
ocorreu um aumento de 1, 6 e 8ºC no calor de hidratação das amostras com 10, 20 e 30%
de metacaulim com alta superfície específica, respectivamente, em relação as amostras
de referência, sem a utilização de adição mineral. Esses valores confirmam o efeito
acelerador desta pozolana sobre a cinética de hidratação de cimento. Comportamento
semelhante foi constatado na pesquisa realizada por BAI e WILD (2002), quando
utilizaram metacaulim de alta reatividade em teores de 10% e 15% em argamassas
(OLIVEIRA, 2007).

2.4 Trabalhabilidade
Segundo Castro (2007) a trabalhabilidade de um concreto fresco é influenciada por
diversos fatores, tais como: o tempo decorrido desde a mistura; as propriedades e as
características dos cimentos e agregados; a presença de qualquer adição mineral em
substituição ao cimento; a presença de qualquer adição química; e as proporções
relativas dos materiais constituintes da mistura.

Basheer et al. (1999) apud Souza (2003) avaliando o desempenho de concretos com
metacaulim de alta reatividade, constataram que esta adição influencia diretamente na
trabalhabilidade desse material. Nesta pesquisa, os autores verificaram que os concretos
com pozolana, mesmo apresentando menores valores de abatimento, garantiram uma
maior facilidade de lançamento, adensamento e acabamento a mistura. Para os autores,
esse fato decorre da distribuição granulométrica do MCAR, e como sua distribuição pode
ocorrer de forma controlada durante sua produção, a utilização desta adição torna-se
vantajosa, quando comparada a outras pozolanas de alta reatividade, como a sílica ativa
que não possui este controle.

Em outro trabalho, realizado por Lacerda e Helene (2005), utilizando misturas com
metacaulim e sílica ativa foi constatado que os concretos com adição mineral apresentam
melhor trabalhabilidade, quando comparados ao concreto de referência sem adição. Essa
melhora, segundo os pesquisadores, ocorreu devido à inclusão da adição que apresenta
partículas muito finas. Além, dos mecanismos intrínsecos do metacaulim, que dado seu
formato em camadas superpostas, cuja microestrutura herdada da sua matéria prima, a
argila caulinítica, apresenta estrutura lamelar estratificada e causa o efeito de
deslizamento, onde as minúsculas placas deslizam umas sobre as outras. Isso porque o
MC como em outros materiais com estruturas lamelares, apesar de existir uma forte
ligação ao longo das camadas, estão fracamente ligadas entre si. Logo, as tensões de
cisalhamento adequadamente alinhadas provocam o escorregamento entre as camadas.

2.5 Resistência à compressão


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A resistência varia com o inverso da relação água/cimento; o ar incorporado, devido ao
adensamento inadequado, aumenta a porosidade e reduz a resistência do concreto
(MEHTA; MONTEIRO, 1994 apud GABRICH, 2008). O tipo de cimento, o fator
água/cimento a hidratação do cimento determinam a porosidade da pasta de cimento
endurecida. Nos agregados o tamanho, forma, textura da superfície, granulometria e
mineralogia, influenciam diretamente na resistência mecânica do concreto (GABRICH,
2008). Outro importante fator que produz a melhoria da resistência à compressão dos
concretos e argamassas é a ação física e química das pozolanas de alta reatividade
(CARMO, 2006). Segundo Dal Molin (1995) apud Carmo (2006) a melhoria da estrutura
interna do concreto proporciona uma estimativa do seu desempenho tanto em termos
mecânicos, como indiretamente da sua durabilidade. Mehta e Monteiro (1994) apud
Carmo (2006) creditam esta melhoria na resistência ao processo de refinamento dos
poros e dos cristais presentes na pasta de cimento hidratada, pois estes provocam um
aumento da resistência da matriz na zona de transição.

A resistência mecânica à compressão de concretos contendo adição de metacaulim tem


apresentado algumas variações devido a suas próprias características; para altas
quantidades de metacaulim com fases inertes, como o quartzo e a mica, e características
físicas pouco apropriadas como baixa finura, as reações pozolânicas ocorrem lentamente,
o que provoca a redução das resistências obtidas no concreto, tendo em contrapartida
baixas taxas de liberação de calor de hidratação (SOUZA, 2003). Observa-se nestes
casos que baixas taxas de liberação de calor são adequadas para situações em que se
deseje empregar estruturas de concreto massa. No entanto, quando são utilizadas
pozolanas de alta reatividade e elevada finura, a exemplo do MCAR, o desenvolvimento
da resistência no concreto ocorre nas primeiras idades, acompanhado por uma elevada
liberação de calor decorrente da alta reatividade desta pozolana (BARATA, 1998).

No estudo realizado por Wild et al. (1996) apud Barata (1998), foi constatado que o
metacaulim de alta reatividade quando empregado como substituição parcial a massa de
cimento, desenvolve três fatores que contribuem para a influência sobre a resistência à
compressão do concreto: o efeito físico filler (preenchimento), a aceleração da hidratação
do cimento, e a reação pozolânica com o CH. O efeito filler é imediato, a aceleração da
hidratação do cimento atinge o máximo dentro das primeiras 24 horas, e o efeito máximo
da reação pozolânica ocorre entre o 7º e o 14º dia. A partir daí não são observados
acréscimos na resistência em relação ao proporcionado pelas misturas de cimento
Portland comum.

Verificando a resistência relativa de argamassas e pastas com substituição parcial de


MCAR, Wild e Khatib (1997) apud Souza (2003) constataram em sua pesquisa que os
melhores resultados na resistência à compressão das amostras com adição ocorreram no
14º dia, sendo esta melhoria da ordem de 40%. Para demais idades também houve
melhoria, no entanto, não foram tão significantes. Barata (1998) atribuiu essa restrição ao
aumento da resistência à compressão somente até o 14º dia em virtude dos seguintes
fenômenos: i) formação de uma camada inibidora, composta de produtos da hidratação,
que envolve as partículas do metacaulim impendido às reações pozolânicas com o
hidróxido de cálcio; ii) formação de grandes poros conectados, a partir da dissolução dos
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cristais de CH que não podem ser totalmente preenchidos com produtos da hidratação
posterior (BENTZ; STUTZMAN, 1994 apud BARATA, 1998); iii) transformação do
C2ASH8 e C4AH13, produtos de menor densidade, em produtos de maior densidade
como a hidrogranada, o que ocasiona a redução do volume de sólidos, aumentando a
porosidade e reduzindo a resistência da matriz (SILVA; GLASSER, 1990 apud BARATA,
1998).

Rocha (2005) explana que a utilização do metacaulim em matriz cimentícia contribui para
o aumento da resistência mecânica das misturas que utilizam desta pozolana, e que a
dosagem ideal situa-se entre 6% e 15% em relação a massa de cimento, e em alguns
casos especiais, dependendo da aplicação e demais materiais na mistura, pode chegar
até 20%. Este autor ainda comenta que o acréscimo na resistência à compressão pode
chegar a até 50% quando utilizado como adição suplementar ao cimento Portland.

2.6 Resistência à tração


Segundo LOPES (1999) apud CARMO (2006), o conhecimento desta propriedade
mecânica é de suma importância, haja vista que, por meio dela podemos estimar a carga
para a qual ocorre a fissuração, e deste modo prever a durabilidade do concreto.

Assim como na resistência a compressão, a resistência à tração cresce com o passar do


tempo em função da ocorrência das reações químicas de hidratação e das reações
pozolânicas (GABRICH, 2008).

Em estudo realizado por CALDARONE et al. (1994) apud Oliveira (2007), utilizou-se vigas
de 15 cm x 15 cm x 51 cm para avaliação da resistência à tração na flexão. Neste
trabalho foi comparado o desempenho entre amostras contendo 10% de MCAR, amostra
com 10% de sílica ativa, e amostras de referência (sem adição mineral).

Figura 2: Comportamento da resistência à tração em concretos com MCAR e com sílica ativa (CALDARONE
et al. 1994 apud OLIVEIRA 2007).

Os resultados obtidos por CALDARONE et al. (1994) apud Oliveira (2007), mostram um
melhor desempenho das amostras com sílica ativa e metacaulim, quando comparadas as
de referência. Na comparação entre a sílica ativa e o MCAR, verifica-se que as amostras
apresentam valores semelhantes, principalmente nas idades de 28 e 90 dias.

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2.7 Absorção e índice de vazios
A absorção capilar nos materiais de base cimentícia ocorre principalmente pela ascensão
da água pelos poros capilares, este fato é decorrente da diferença de pressão gerada
entre a superfície livre da água e a superfície da água no capilar (PINA, 2009). A força
capilar num poro é inversamente proporcional ao diâmetro dos poros, com os poros
menores a exercer uma maior força capilar, apesar da velocidade de ingresso nos poros
menores ser inferir aos dos poros maiores (FERREIRA, 2000).

Barata e Dal Molin (2002) constataram no seu estudo que a modificação do concreto com
10% de metacaulim reduziu significativamente o coeficiente de absorção, se comparadas
às amostras de referência, sendo que para as amostras com sílica ativa este coeficiente
foi ligeiramente superior. Os autores justificam o comportamento dos concretos com sílica
ativa ao fato desta adição possuir maior finura, o que proporcionou um empacotamento
mais pronunciado do que as partículas do MC. Os pesquisadores ainda afirmam que a
incorporação de metacaulim em pastas de cimento promove a formação de uma estrutura
de poros de tamanhos reduzida.

Os vazios presentes nos concretos são originados devido a vários fatores, a saber:
excesso de água de mistura necessária à obtenção de trabalhabilidade conveniente;
diminuição do volume absoluto que acompanha a hidratação dos constituintes do cimento;
ar eventualmente ou, propositadamente arrastado durante a operação de mistura; e
fissuras de origens, térmicas, de retração, mecânica, de má elaboração e dosagem do
material (GABRICH, 2008). À medida que se reduz esses vazios, as misturas tornam-se
mais resistente a ambientes agressivos (BARATA, 1998). Uma forma eficiente de
promover essa redução é através da incorporação de adições minerais.

No trabalho realizado por Helene e Medeiros (2004), avaliando as amostras com adição
de pozolana metacaulim, contatou-se que todas as amostras com adição apresentaram
menor índice de vazios, quando comparadas as de referência (sem adição).
Comportamento semelhante foi observado na pesquisa de Lacerda e Helene (2004), que
avaliou a durabilidade de concretos de alto desempenho com metacaulim. Na avaliação,
os pesquisadores observaram que os concretos com adição apresentaram em todas as
idades índices de vazios abaixo das amostras de referência, sem uso de metacaulim.

2.8 Considerações finais


A adição de metacaulim age no sentido de retardar o tempo de pega de concretos e
argamassas, bem como na redução do calor de hidratação e exsudação; nota-se também
maior facilidade no lançamento, adensamento e acabamento de misturas com essa
adição. O estudo revela que os materiais com metacaulim apresentam maior resistência à
compressão, sendo este fator creditado ao efeito físico filer, a aceleração da hidratação
do cimento, e as reações pozolânicas; enquanto que a melhoria da resistência à tração é
justificada pela redução da porosidade da matriz na zona de transição. Observa-se ainda
a redução da absorção e do índice de vazios presentes em amostras com metacaulim, em
decorrência do aumento de finos presentes na mistura.
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3 Referências
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