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ISSN: 2359-2354
Vol. 2 | Nº. 2 | Ano 2016
ENTREVISTA
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Site/Contato
www.capoeirahumanidadeseletras.com.br
capoeira.revista@gmail.com
Editores deste número
Marcos Carvalho Lopes
marcosclopes@unilab.edu.br
Tulio Muniz
túlio@unilab.edu.br
Agosto, mês do cachorro louco. Entrevista a Luther Blisset.
de saúde porque trabalham mais; Alexandre de Moraes, da Justiça, ora divulga vídeo em que
aparece atacando pés de maconha munido de um facão no Paraguai, ora concede longa coletiva
sobre a prisão de suspeitos de simpatizarem com terrorismo, numa história que, apesar de
longamente relatada, permaneceu mal contada; e, para não me estender em mais exemplos, José
Serra, que entre outras pérolas disse em entrevista a Boris Casoy, em 2012, que o nome oficial do
país é “Estados Unidos do Brasil”, nomeado ministro das Relações Exteriores, desqualifica os
fóruns multilaterais fazendo declarações contra a Unasul e a OCDE, questiona a legitimidade da
Organização Mundial do Comércio; em visita oficial ao México, ao lado na Ministra das
Relações Exteriores desse país, Claudia Ruiz Massieu, ri dizendo que “para os políticos homens
no Brasil é um perigo porque descobri aqui que metade das senadoras é mulher”, fala em fechar
embaixadas na África e Caribe e é acusado pelo Chanceler do Uruguai de tentar comprar voto
para impedir que a Venezuela assuma a presidência do Mercosul.
E do que parecem trapalhadas, vazamentos, equívocos, personagens caricatos, vamos
virando piada internacional, num esforço para ocupar definitivamente o lugar de República
Bananeira, mas, o pior, é que junto com a piada pronta vem a efetiva transformação da realidade.
Este mesmo governo, ainda durante o interinato, iniciou o desmonte de políticas públicas,
privatizações, cortes em saúde, educação, habitação, etc.
Marx no 18 Brumário, a partir da observação de Hegel de que os fatos e personagens
importantes na história ocorrem, por assim dizer, duas vezes, acrescenta que a primeira ocorre
como tragédia e a segunda como farsa. Talvez possamos pensar o golpe militar ocorrido no
passado como tragédia e este como farsa, mas farsa com consequências bem concretas. Ou, numa
referência mais popular, seria cômico se não fosse trágico.
L: Você mencionou a tomada de poder pelos militares e o processo atual como “golpe”. Mas o
termo se aplica atualmente? Pois Dilma perdeu o cargo através de um processo, com votação no
legislativo e acompanhamento do Supremo Tribunal Federal.
R: Em um golpe militar, a tomada do poder está ancorada em aparatos técnicos bem explícitos:
armas, tanques e demais equipamentos bélicos. Num golpe parlamentar-jurídico-midiático a
tecnologia é outra. Há a construção e aplicação de uma certa tecnologia jurídica e técnicas que
operam no campo político e de mobilização/manipulação da opinião pública. Tais técnicas
dependem de tecnologias de espionagem – ‘grampos’, invasão a bancos de dados e mensagens
eletrônicas – e do monopólio dos meios de comunicação, que passa por legislação, mas também
pela concentração do aparato técnico de difusão de informação.
movimento do próprio tronco – de modo que podemos calcular o tamanho da serpente em cerca
de quatro metros. A cobra engolia uma criança.
Ao falar sobre a peça, Véio especifica que a criança é um menino, “porque há um ‘pintinho’ ali”.
E conta que o título da obra se deve ao fato de que todos os dias morrem cobras no Brasil e isso
não faz a menor diferença; mas quando uma cobra come o filho homem de um político, a
imprensa vai relatar tanto isso que passa a ser herói aquele que mata demônios como as cobras. O
“truque da imprensa” é destacar parte da história.
Em sua sabedoria, Véio não leu Erich Auerbach, mas se preferirem uma formulação mais
acadêmica, este chamou de “técnica do holofote” aquela que
consiste em iluminar excessivamente uma pequena parte de um grande e complexo
contexto, deixando na escuridão todo o restante que puder explicar ou ordenar aquela
parte, e que talvez serviria como contrapeso daquilo que é salientado de tal forma que
aparentemente se diz a verdade, pois que o que é dito não pode ser negado e não
obstante, tudo é falsificado, pois a verdade exige toda a verdade, assim como a correta
ligação das suas partes (AUERBACH, 1987, p. 361).
Além disso, algo importante é o que mobiliza fora do, digamos, racional.
L: Como assim?
R: É fácil perceber como a mídia associada ao golpe manipula as manchetes, divulga
“vazamentos” de informação conforme a conveniência, frauda pesquisas, etc. Mas é menos
explícito, apesar de talvez mais importante, a atuação na subjetividade da população.
Vem ocorrendo uma mobilização do ódio e do medo nas pessoas. As eleições já
apresentam muito disso, quando passa a se votar em um candidato mais porque não se quer o
outro do que pela escolha de uma certa proposta; as campanhas tratam de demonizar o
adversário.
Por exemplo, com relação ao processo atual e a polarização que se instaurou no país,
mais marcadamente a partir da última eleição presidencial, em que as pessoas passam a se
identificar como “coxinhas” e “petralhas”, do lado que quer a saída de Dilma você vê
manifestações como o grito em coro, na abertura da Copa do Mundo de Futebol, iniciado num
camarote de convidados abastados, transmitido pela televisão em alto e bom som, para que a
presidenta fosse... enfim, algo de baixo calão. Surgem adesivos em que a imagem da presidenta é
estampada de pernas abertas nos tanques de combustível dos automóveis, para que o frentista
penetre-a com o bico da bomba. E nas manifestações de rua você ouve gritos de “vai pra Cuba” e
cartazes opinando que Dilma deveria ter morrido na ditadura militar, ou sugerindo que ela se
suicide.
Aqui estou recorrendo à percepção, com a liberdade que me parece possível tratando-se
de uma entrevista...
O filósofo alemão nther Anders, que dedicou-se a pensar a técnica e a condição
humana diante do desenvolvimento industrial e dos meios de comunicação em massa, optou por
fazer o que chamou de “filosofia casual”, registrando de forma participativa e analisando como
militante os acontecimentos de seu tempo, inclusive empregando-se em uma fábrica. Se eu puder
me inspirar livremente em Anders, no sentido de pensar o que é urgente, com o risco da falta de
distanciamento do processo e, além disso, a partir de elementos da própria experiência, conto que
ouvi bastante, nos bares, na padaria, no mercado, frases como “eu não quero que ela deixe de ser
presidente, eu quero que ela morra”, ou justificativas para sua queda por ser “feia”, “gorda” ou
“guerrilheira”. Diálogos entre pessoas com formação superior em que, reagindo à imagem de
Dilma na tv, uma das interlocutoras diz que “se roubou tem que sair”, ao que os outros, apesar de
partidários do impeachment a corrigem, pois não há denúncia de enriquecimento pessoal nos
motivos do pedido, e a pessoa é aplaudida e aceita pelo grupo com a frase “desculpa gente, eu
não entendo nada de política... mas eu odeio o PT”.
L: A mídia contribui para esse ódio através do sensacionalismo e da escolha das manchetes e
imagens?
R: Sim, claro, mas não só. E isso é complicado. Num país como o Brasil, a disputa pela narrativa
não pode se dar somente na disponibilização de informação isenta ou análises de variados pontos
de vista. A narrativa aqui se constrói também por outros meios.
Os mecanismos que baixaram a autoestima da população, instauraram um sentimento
generalizado de crise, independentemente do país ter, por exemplo, sediado uma Copa do Mundo
E não estou dizendo que o PT seja a esquerda... isso é outra discussão. Apenas
destacando esse modo de interferir na política, sem nem passar pelo debate.
Em outra oportunidade, Wilson Ferreira analisa um vídeo em que Temer tece elogios ao
então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, diante de uma plateia de evangélicos:
A performance “videogênica” de Temer é mais um exemplo da força da canastrice na
propaganda política – fenômeno ignorado até aqui pela Ciência Política. Em uma
atuação exagerada, “overacting”, autoconsciente e fake, Temer parece fazer uma
caricatura das caricaturas de personagens como Silvio Santos ou Raul Gil. Tal como a
canastrice estudada de Geraldo Alckmin, Temer é mais um personagem político cuja
força não vem das estratégias de sedução, persuasão ou da arbitrariedade de golpes
militares. Paradoxalmente surge da banalidade de personagens que enfadonhamente
imitam outros personagens canastrões com os quais estamos habituados em telenovelas,
cinema e programas de auditório. Por que as massas se conformam com essa replicação
banal dos simulacros midiáticos? (FERREIRA, 2016a)
L: Você mencionou várias vezes a Rede Globo. Em sua opinião ela se destaca neste processo?
R: Certamente ela não é a única, ao contrário, a grande mídia privada apresentou um
comportamento bastante alinhado. Numa matéria publicada em março deste ano no site The
Intercept, Greenwald e outros jornalistas sintetizam bem a situação:
A mídia corporativa brasileira age como os verdadeiros organizadores dos protestos e
como relações-públicas dos partidos de oposição. Os perfis no Twitter de alguns dos
repórteres mais influentes (e ricos) da Rede Globo contém incessantes agitações anti-PT.
Quando uma gravação de escuta telefônica de uma conversa entre Dilma e Lula vazou
essa semana, o programa jornalístico mais influente da Globo, o Jornal Nacional, fez
seus âncoras relerem teatralmente o diálogo, de forma tão melodramática e em tom de
fofoca, que se parecia literalmente com uma novela, muito distante de um jornal, e
foram ridicularizados nas redes por isso. Durante meses, as quatro principais revistas
jornalísticas do Brasil dedicaram capa após capa a ataques inflamados contra Dilma e
Lula, geralmente mostrando fotos dramáticas de um ou de outro, sempre com uma
narrativa impactantemente unificada.
Para se ter uma noção do quão central é o papel da grande mídia na incitação dos
protestos: considere o papel da Fox News na promoção dos protestos do Tea Party.
Agora, imagine o que esses protestos seriam se não fosse apenas a Fox, mas também a
ABC, NBC, CBS, a revista Time, o New York Times e o Huffington Post, todos
apoiando o movimento do Tea Party. Isso é o que está acontecendo no Brasil: as
maiores redes são controladas por um pequeno número de famílias, virtualmente todas
veementemente opostas ao PT e cujos veículos de comunicação se uniram para
alimentar esses protestos (Greenwald et al, 2016).
Ao falar em Globo, claro que a televisão, com sua programação e telejornais tem um
papel fundamental, mas o grupo também possui jornais impressos, mais de uma dezena de
revistas, rádios e sites de internet. O poderio é muito grande.
A Bloomberg, importante agência financeira, publicou recentemente uma matéria sobre
as Organizações Globo. Além de destacar que a Globo é mencionada 40 vezes em um relatório
de 229 páginas publicado em dezembro pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro,
descrevendo as relações entre o grupo e a ditadura militar, nos informa que os irmãos Marinho,
proprietários do grupo, ocupam três das dez posições do Índice Bloomberg de Bilionários para o
Brasil.
Esta mesma reportagem lembra que, além do império de mídia, a Fundação Roberto
Marinho projetou seis museus, “dando à família o domínio na formação da narrativa histórica e
cultural da nação” (Schmidt, 2016).
L: E com a votação de hoje, com a posse de Temer como presidente, a página está virada?
R: Felizmente e infelizmente a história não acabou. Na verdade, a gênese do golpe se dá bem
antes do pedido de impeachment aceito por Eduardo Cunha. Difícil precisar quando, mas ao
menos desde as últimas eleições que pareceram não ter terminado. Apesar do resultado das urnas,
uma espécie de terceiro turno persistiu, impediu o governo de implementar suas propostas e
manteve um sentimento de possível reversão do resultado, ora pedindo recontagem de votos, ora
denunciando a campanha até chegar em alguma denúncia contra a própria presidenta, que poderia
ser qualquer coisa, haja vista que os deputados votaram “por Deus”, “pela família”, “contra a
corrupção”, “pelos corretores de seguros” (Lucas Vergilio, SD-GO), “contra todos os bandidos
que queriam destruir o país com a proposta de que criança troque de sexo e aprenda sexo na
escola com 6 anos de idade” (Éder Mauro, PSD-PA), e tantas outras referências que nada tinham
a ver com a apreciação do relatório que propunha o impeachment.
O senado foi menos circense – também porque seria muito difícil competir com o baixo
nível da câmara dos deputados –, mas muitos dos discursos eram completamente vazios, e vários
senadores foram inclusive filmados em entrevista dizendo explicitamente que a presidenta não
cometeu crime de responsabilidade, mas votaram pelo impeachment, pois o julgamento é
político. Apesar de uma das principais teses da defesa da presidenta apontar que não configurou-
se crime de responsabilidade para que um impeachment conforme previsto na constituição
ocorresse, e sendo que a defesa é feita em resposta ao libelo acusatório e ao que ali está
denunciado, a advogada de acusação Janaina Paschoal discursou pedindo que,
independentemente da acusação que ela própria fez, os senadores votassem “pelo conjunto da
obra”.
E o que ocorreu na votação do Senado, de condenar mas não aplicar a pena é também
surpreendente. A constituição prevê que o presidente da república pode ser retirado do cargo se
cometeu crime de responsabilidade e, neste caso, também perde os direitos políticos por oito
anos. Então, tivemos uma votação em que vários dos juízes, os senadores, disseram não haver
crime de responsabilidade, mas cassaram o mandato da presidenta e, ao votar em separado, não a
inabilitaram para cargos públicos. Para além do palavrório rebuscado, dos discursos formais
sobre o assunto, de certa forma faz parte do nonsense que mencionei no início, como se fosse
dito “no fundo sabemos que ela não cometeu crime, então vamos dividir a questão e condená-la
para que perca o cargo, mas inocentá-la mantendo os direitos políticos”. E, sinceramente, de
imediato não consigo opinar sobre qual é o impacto disso, se a impressão que ficará é de que,
tanto ela era inocente que os senadores optaram por abrandar a pena, deixando-a livre para cargos
públicos, reforçando a ideia do golpe, de manobra para trocar o poder; ou se ganhará corpo um
entendimento de que os senadores, apenas cumpriram seu dever, com dor no coração, porque
realmente era preciso e correto, por exemplo com a fala de Renan Calheiros, presidente do
Senado: “no Nordeste, se diz: além da queda, o coice. Não podemos ser maus, desumanos. Meu
voto é não à inabilitação”. Enfim, de certa forma, a impressão geral é de que se pode dizer ou
fazer qualquer coisa.
Mas, retomando, essa tomada do poder, sem passar pelo voto popular, foi algo gestado
durante algum tempo, articulado entre os parlamentares, a mídia e o judiciário, tanto na figura do
Ministério Público de Rodrigo Janot, quanto no Supremo Tribunal Federal onde impera Gilmar
Mendes.
Isso também reforça que não devemos considerar o Partido dos Trabalhadores como
vítima, pois é impressionante que no jogo do poder não tenham feito também suas articulações,
que o governo tenha sido surpreendido deste modo por seu vice e vários de seus ministros.
Dilma, por outro lado, apesar de sua inabilidade política, de ter se mantido tão distante do
Congresso, precisa ser reconhecida por sua coragem, determinação e retidão. Talvez, como ela
mesma disse, o golpe não foi contra ela, mas contra a democracia.
Lembro-me da figura de Coriolano, conforme apresentada na peça de Shakespeare, em
que o general, apesar de reconhecido por suas virtudes e feitos, era completamente inábil com o
povo e, ao se candidatar a cônsul por influência de outros, nega-se a cumprir os protocolos de
bajulação a que o candidato deve se submeter, desperta a ira da população e é expulso de Roma.
Bem, Coriolano acaba por comandar um exército contra Roma, mas desiste de destruí-la. Não é o
desfecho da peça que me levou à comparação, mas a lembrança de um personagem de muita
força, que não suportava cumprir os jogos de cena, que era sincero e eficiente naquilo que sabia
fazer. O governo Dilma teve muitos erros, mas a pessoa da presidenta talvez tenha manifestado
algo que em tese deveria ser louvado: não coadunar com as trocas de favores, com a bajulação
aos parlamentares para conseguir a aprovação das leis, com ofertas de cargos (ao menos não no
mesmo nível geral da política brasileira), vetou o aumento do Judiciário, etc. e, com isso, recebeu
o rancor dos parlamentares, ódio da chamada classe-média e o abandono do STF.
E justamente por não ser um golpe contra Dilma, mas contra a democracia, contra direitos
conquistados, contra trabalhadores, minorias, etc., ou seja, uma troca de governo que estabelece
políticas diferentes das que foram defendidas durante as eleições, não dá para dizer que a história
acabou. Ao contrário, o impeachment da presidenta é parte do golpe. Sua continuidade é a
reforma da previdência, a reforma trabalhista – que hoje mesmo Temer mencionou em seu
pronunciamento, mas usando o eufemismo de “modernização das leis trabalhistas” –, os cortes
em todas as áreas, em resumo a implementação de uma agenda neoliberal de Estado mínimo e de
atendimento ao mercado, principalmente ao capital especulativo.
L: Mas e o “felizmente”?
R: (risos) Felizmente a história não acabou, pois fica a esperança de que esse projeto seja
barrado. Que na medida em que a população entenda as mudanças propostas, se mobilize e
impeça o desmonte e a regressão não só nos direitos conquistados, mas também a regressão
cultural, com a carga simbólica contra a mulher, contra negros, índios, contra o pobre, etc., que
essa narrativa vem construindo, atacando programas sociais, taxando de vagabundo um
beneficiário do bolsa-família, ou privilegiado um cotista, além de criminalizar movimentos
sociais.
L: E quais suas previsões daqui para frente?
R: Acho que nem podemos falar em previsões, já que há a disputa pelo poder entre os golpistas e
a possibilidade da população se manifestar cada vez mais. Os milhões de brasileiros que tiveram
alguma melhora nas condições de vida não devem querer voltar à miséria mansamente.
Então vou falar em “preocupações”. A primeira delas é de que não seja “daqui para
frente”, mas “daqui para trás”, pois as políticas econômicas que estão sendo impostas já foram
abandonadas pelos outros países há algum tempo; a diplomacia brasileira havia conquistado um
status internacional, dentro de um projeto de autonomia relativa, que parece estar sendo
abertamente atacado, para que impere o complexo de vira-lata e o país possa ser um quintal dos
Estados Unidos para que os deslumbrados procuradores e a subserviente classe política possa
viajar para Miami se sentindo menos “tupiniquins” o desmonte na Educação é uma das situações
mais preocupantes, pois com todos os defeitos, houve da parte do governo federal uma
considerável ampliação da rede pública de universidades e instituições de ensino técnico e
Post-Scriptum:
Luther Blissett é um pseudônimo usado coletivamente. Entre 1994-1999, o chamado
Luther Blissett Project teve notoriedade na Itália, por exemplo ao passar notícias falsas à mídia,
como forma de ridicularizar a mídia de massa.
A guerrilha midiática é um método homeopático de defesa da ingerência/presença da
mídia no imaginário coletivo e em nossa vida. Voltando contra a mídia suas próprias
armas e dando uma margem maior de fama à coisa, propaga-se uma nova forma de
usufruir da mídia, interativa e paritária, na qual o poder dos grandes meios de
comunicação de massa é redimensionado, ridicularizado, e a babaquice dos operadores
do setor mostra-se evidente (BLISSETT, 2001).
Agosto, no Brasil chamado de mês do cachorro louco, talvez receba esse reconhecimento
pela concentração de cadelas no cio no período, devido a condições climáticas, alterando o
comportamento dos cachorros, que disputam a posse da fêmea. Ainda sobre disputas e poder, o
mês recebe esse nome a partir do Imperador César Augusto, que fez uma homenagem a si
mesmo. No mês de Agosto temos fatos históricos como o início da Primeira Guerra Mundial, a
chegada de Hitler ao posto de führer, a explosão das bombas atômicas lançadas no Japão pelos
norte-americanos e, no Brasil, fatos como o suicídio cometido por Getúlio Vargas, a morte de
Juscelino Kubitscheck em um acidente e o impeachment de Dilma Rousseff como parte do golpe
de 2016.
REFERÊNCIAS
ANANIAS, Patrus. “PEC 241: a tragédia e a farsa”. Carta Capital, 08/09/2016. Disponível in
http://www.cartacapital.com.br/economia/pec-241-a-tragedia-e-a-farsa
AUERBACH, Erich. “A ceia interrompida”, in Mimesis, 2.a edição, Editora Perspectiva, São
Paulo, 1987, p. 361.
REENWALD, . & FISHMAN, A. & MIRANDA, D. “O brasil está sendo engolido pela
corrupção — e por uma perigosa subversão da democracia”. The Intercept,18/03/ 2016.
Disponível in
https://theintercept.com/2016/03/18/o-brasil-esta-sendo-engolido-pela-corrupcao-da-classe-
dominante-e-por-uma-perigosa-subversao-da-democracia/
SANTOS, Laymert arcia. “Escutas em transe”, in Revista Serrote n. 23. IMS, 2016.
SCHMIDT, Blake. “Rich clan shaping brazil narrative stays away from dark chapter”.
Bloomberg, 30/08/2016. Disponível in
http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-08-30/rich-clan-shaping-brazil-narrative-stays-
away-from-dark-chapter
SENRA, Stella. “Mídia, política e intimidade: permutas entre a esfera pública e a imagem na era
Collor”. O Brasil não é mais aquele – Mudanças sociais após a redemocratização. D´Incao,
M.A. ORG. Editora Cortez, São Paulo, 2001. Disponível em versão revista in
http://www.stellasenra.com.br/midia-politica-e-intimidade-permutas-entre-a-esfera-publica-e-a-
imagem-na-era-collor/