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Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

Rodrigo Otávio das Chagas Lima


O intuito deste livro é apresentar de forma clara e objetiva as atividades de
auditoria e de perícia e as principais técnicas necessárias para formação
AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL
profissional do auditor e do perito, além de despertar no leitor o interesse por Rodrigo Otávio das Chagas Lima

AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL


esses assuntos, instigando-o ao aprofundamento das técnicas de execução de
auditoria e de perícia.
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro
A presente obra traz uma visão panorâmica da auditoria e da perícia, desde as-
pectos relacionados aos conceitos básicos, à legislação atinente às profissões
de auditor e perito, além de demonstrar a operacionalização dessas funções.

Gestão

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6399-4

CAPA_Auditoria e Perícia Contábil.indd 1 08/11/2017 10:06:46


Auditoria
e Per cia Contábil
Rodrigo Otávio das Chagas Lima
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

IESDE BRASIL S/A


Curitiba
2017
© 2009-2011-2017 – IESDE Brasil S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qual-
quer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

L71a Lima, Rodrigo Otávio das Chagas


Auditoria e perícia contábil / Rodrigo Otávio das Chagas Lima,
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro. - 1. ed. - Curitiba [PR] :
IESDE Brasil, 2017.
180 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6399-4

1. Contabilidade. 2. Auditoria. I. Cordeiro, Cláudio Marcelo


Rodrigues. II. Título.
17-45546 CDD: 657.45
CDU: 657.6

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL

Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo


Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem Capa garagestock/Shutterstock.com
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim

Todos os direitos reservados.


Produção

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Sumário

Carta ao aluno | 5

1. Introdução e desenvolvimento da auditoria | 7

2. Processos, normas e práticas usuais de auditoria | 21

3. Etapas da auditoria e exame dos registros | 39

4. Provas em auditoria e parecer dos auditores | 55

5. Princípios da ética profissional e a


responsabilidade do auditor | 69

6. Introdução e conceitos básicos de perícia | 85

7. Normas Brasileiras de Contabilidade


relacionadas à perícia | 105

8. Planejamento e execução dos trabalhos


em perícia contábil | 123

9. Laudos e pareceres periciais | 147

Gabarito | 163

Referências | 173
Carta ao aluno

O intuito deste livro é apresentar de forma clara e objetiva


as atividades de auditoria e de perícia e as principais técnicas neces-
sárias para formação profissional do auditor e do perito, além de
despertar no leitor o interesse por esses assuntos, instigando-o ao
aprofundamento das técnicas de execução de auditoria e de perícia.
A essência da atividade de auditoria, que se perpetua desde o
início de sua aplicação até hoje, é evitar ou minimizar possíveis frau-
des, desvios ou mesmo simulações dos negócios, para que gestores,
investidores, governo e funcionários tomem decisões pautadas em
informações confiáveis.
Auditoria e Perícia Contábil

Já a atividade pericial enobrece e dignifica o profissional que a exe-


cuta com ética e responsabilidade, trazendo luz para as pessoas que deci-
dem a melhor solução aos conflitos, pois o seu propósito é a busca inces-
sante da verdade.
A presente obra tem o propósito de trazer uma visão panorâmica da
auditoria e da perícia, desde aspectos relacionados aos conceitos básicos, à
legislação atinente às profissões de auditor e perito, além de demonstrar a
operacionalização dessas funções.
Assim, os primeiros cinco capítulos do livro apresentam o desenvolvi-
mento da auditoria, suas normas e práticas e trazem uma reflexão sobre a
ética do profissional auditor. Os quatro últimos se destinam à perícia, apre-
sentando os conceitos básicos, as normas e os regulamentos relacionados a
essa atividade, bem como os planejamentos e procedimentos para a emissão
de laudos.
Bons estudos!

– 6 –
1
Introdução e
desenvolvimento
da auditoria
Rodrigo Otávio das Chagas Lima

1.1 A relevância da auditoria


para as empresas
É por meio do conhecimento da auditoria que se pode for-
mar uma visão mais crítica do funcionamento da empresa ou de
um determinado setor, permitindo que se responda a uma série
de questões que envolvem os aspectos operacionais ou financei-
ros da organização.
A sociedade e as empresas passam por profundas transfor-
mações, provocadas pelo avanço tecnológico e a quebra de antigos
paradigmas, numa constante sinergia entre a necessidade de con-
sumo do homem e a produção gerada pelas empresas, criando novos
ambientes e orientações. Neste cenário, nunca antes vivido pelos
atuais gestores, deve-se promover pragmaticamente aos colaborado-
res, internos e externos, bem como aos clientes e à sociedade, qual o
objetivo da organização e suas metas.
Auditoria e Perícia Contábil

Isso significa dizer que se deve planejar: “voltar os olhos para o futuro, ou
seja, trata-se de definir hoje que resultados devem ser alcançados no futuro e
de que forma. A essência desse ato é a tomada de decisões” (BIO, 1988, p. 39).
Este processo, de se preparar hoje para o futuro, sofre interferências de
diversas forças do mercado, criando novas orientações que forçam a empresa a
realizar permanentemente adaptações e ajustes, a fim de concretizar sua mis-
são e atingir seus objetivos. Dessa forma, as empresas devem elaborar e rever
constantemente seu planejamento, seja estratégico ou operacional.
O planejamento estratégico “É o planejamento mais básico e de maior
alcance que os gerentes fazem para uma empresa. Os resultados do planejamento
estratégico incluem objetivos organizacionais” (HAMPTON, 1983, p. 164).
Para que a empresa atinja seus objetivos organizacionais, ela deve ser
eficaz em sua gestão, sendo que para atingir tal estágio se faz necessário o
desenvolvimento de ações eficientes e eficazes.
A eficiência operacional, que é produzir maximizando a utilização dos
recursos internos pro-porcionando maior produtividade, não é o único requi-
sito necessário para que a empresa seja competitiva. A eficácia operacional é
um pressuposto, visto que, se a empresa não possuir um mínimo de eficá-
cia operacional, que é ter seus produtos e serviços valorizados pelos clientes,
não será competitiva e estará sucumbindo diante da concorrência (CHAGAS
LIMA, 2000, p. 8).
Dessa forma, pode-se afirmar que para a empresa ser competitiva deverá
ter efetividade, ou seja, tanto ser eficiente como eficaz. É por meio da estra-
tégia empresarial adequada que se dará a criação da vantagem competitiva
permitindo à empresa sobreviver à concorrência.
Tanto a eficácia operacional como a estratégia são essenciais para o
desempenho superior que, afinal, é o objetivo primordial de todas
as empresas. Uma empresa só é capaz de superar em desempenho
os concorrentes se conseguir estabelecer uma diferenciação preservá-
vel. Ela precisa proporcionar maior valor aos clientes ou gerar valores
comparáveis a um custo mais baixo, ou ambos. Daí decorre a aritmé-
tica da rentabilidade superior, em que o fornecimento de maior valor
permite à empresa cobrar preços unitários médios mais elevados; a
maior eficiência resulta em custos unitários mais baixos. (PORTER,
1996, p. 47)

– 8 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

Os desafios que os executivos e administradores enfrentam devem ser tra-


duzidos em desenvolver boas estratégias que permitam criar, produzir e distri-
buir produtos com rapidez e inovação, obrigando-os a formularem planos e
processos que sejam adequados às novas realidades. Para que se possa identificar
essas mudanças, faz-se necessário um constante controle por meio de ferramen-
tas que mensurem se o que foi planejado está sendo ou não realizado.
“O planejamento para obter os melhores resultados deve ser flexível,
permitindo estratégias alternativas para substituir os planos existentes quando
os desdobramentos econômicos e financeiros divergem dos padrões espera-
dos” (GROPPELL; NIKBAKHT, 1998, p. 4).
Nessa senda é que se faz necessário desenvolver uma prática que permita
o acompanhamento e identificação de possíveis distorções que possam haver
no processo empresarial, seja na área financeira, de recursos humanos, mar-
keting ou operacional.
A opinião técnica independente adequada para a verificação dos fatos e atos
empresariais é a auditoria, prática que permite verificar, por meio de um minu-
cioso e sistemático exame, se os objetivos e alterações patrimoniais têm ocorrido
de forma eficiente, eficaz e adequada ao planejado e aos objetivos da organização.

1.2 Fundamentos e objetivos de auditoria


“A auditoria tanto na área pública quanto na área privada é uma especia-
lização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial,
com o objetivo de atestar sua validade sobre determinado dado’’ (ATTIE,
2000, p. 25).
A Contabilidade foi a primeira disciplina desenvolvida para auxiliar e
informar ao administrador, sob a ótica estática e dinâmica, a evolução do seu
patrimônio. Ela tem como finalidade registrar através de técnica própria os
fatos e atos empresariais e fornecer uma série de dados ocorridos na gestão
que possam causar variações no patrimônio da empresa. Dessa forma pode-se
afirmar que a metodologia aplicada consiste na captação, classificação, regis-
tro, segundo princípios contábeis a fim de promover informações e controle,
a qualquer tempo, dando total visibilidade das ações dos administradores
para fins legais, fiscais e outros.

– 9 –
Auditoria e Perícia Contábil

Para mensurar a adequação e confiabilidade dos registros e das


demonstrações contábeis, a Contabilidade utiliza-se também de uma
técnica que lhe é própria, chamada auditoria, que consiste no exame
de documentos, livros e registros, inspeções, obtenção de informações
e confirmações internas e externas, obedecendo a normas apropriadas
de procedimento, objetivando verificar se as demonstrações contábeis
representam adequadamente a situação nelas demonstrada, de acordo
com princípios fundamentais e normas de contabilidade, aplicados de
maneira uniforme. (FRANCO; MARRA, 1991, p. 20)

1.2.1 Objetivo da auditoria


A finalidade estabelecida para uma auditoria é a emissão de uma opi-
nião fundamentada, por uma pessoa independente, porém com capacidade
técnica e profissional suficiente para emiti-la. O objeto a ser examinado pode
ser apresentado de diversas formas, como um saldo contábil, um documento,
um formulário.
Como dissemos, a auditoria é uma especialização da contabilidade,
todavia, tem-se utilizado esse termo também para definir a atividade de ins-
peção, verificação, exame e comprovação em outras áreas além da matéria
supra mencionada, tais como, áreas operacional, gerencial, ambiental entre
outras. Mas sempre com o objetivo de oferecer uma opinião técnica sobre a
área auditada.
No Brasil, para ser auditor reconhecido oficialmente pelo Conselho
Regional de Contabilidade (CRC) e auditar as demonstrações contábeis
financeiras das empresas, é preciso que o pretendente tenha formação acadê-
mica em Ciências Contábeis. Todavia, observa-se cada vez mais a utilização
da palavra auditoria para apontar o profissional que atua na atividade de exa-
minar, verificar e controlar as mais diversas áreas e setores organizacionais.
O termo auditoria tem sido empregado para diferentes tipos de ativi-
dades, mas com a mesma finalidade, qual seja a de um especialista em
sua área de atuação com vistas à emissão de uma opinião. Essa opinião
tem de estar abalizada e ser correta, não se permitindo a emissão de
uma opinião sem que tenham sido obtidos os elementos comproba-
tórios que atestem a veracidade de certa afirmação. A auditoria não
pode ser alicerçada em dados não concretos e de esparsas informações,
mas ser fatual, permitindo correta e inquestionável opinião sobre o
dado examinado. (ATTIE, 1998, p. 42)

– 10 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

Os exames de auditoria obedecem a normas próprias que incluem proce-


dimentos de comprovação de dados em estudo, à verificação de documentos,
livros e registros, à obtenção de evidências de informações interna e externa
que se relacionem com o controle do patrimônio e à exatidão dos registros e
das demonstrações deles decorrentes.

1.2.2 Classificação
A classificação mais utilizada para diferenciar os tipos de auditoria é
­dividi-la em interna e externa.

1.2.2.1 Auditoria externa


Focada nos mais diversos setores e atividades, em que o objetivo é a
opinião técnica de um profissional apto a opinar sobre o tema em questão,
sem vínculo empregatício com a empresa auditada. Pode ser executada em
várias áreas, tais como: auditoria de sistemas, recursos humanos, da quali-
dade, das demonstrações financeiras, jurídica, ambiental, fiscal, de gestão, de
risco, auditoria externa em obras públicas.
Os profissionais de auditoria de demonstrações financeiras são certificados
e devem seguir rigorosas normas profissionais no Brasil e em outros países.

1.2.2.2 Auditoria interna


Pode ser desenvolvida por um departamento da empresa, incumbido
pela direção de verificar e avaliar os sistemas, documentos e procedimentos
de determinado setor, objetivando diminuir a probabilidade de ocorrência de
erros, fraudes ou procedimentos ineficazes. É importante para a lisura do pro-
cesso que a auditoria interna seja feita por um departamento independente na
organização que reporta-se diretamente à direção.
Almeida (1996, p. 30), destaca os principais objetivos do auditor interno:
22 verificar se as normas internas estão sendo seguidas;
22 verificar a necessidade de aprimorar as normas internas vigentes;
22 verificar a necessidade de novas normas internas;
22 efetuar auditoria das diversas áreas das demonstrações contábeis e
em áreas operacionais.
– 11 –
Auditoria e Perícia Contábil

1.3 Histórico
O surgimento da auditoria está vinculado à necessidade da verificação,
por parte dos proprietários e investidores, quanto à capacidade econômi-
co-financeira das empresas para as quais foram direcionados seus capitais.
Ela verifica se as informações apresentadas, que permitem a verificação dessa
capacidade por parte dos usuários, estão corretas. Após a harmonização das
normas contábeis às internacionais, o auditor tem de avaliar se existem indí-
cios de não continuidade das operações, com o intuito de avaliar se a empresa
precisa adequar a mensuração de itens do seu patrimônio (a informação de
operações em descontinuidade é apresentada e mensurada de forma distinta).
A origem do termo auditor em português, muito embora per-
feitamente representado pela origem latina (aquele que ouve, o
ouvinte), na realidade provém da palavra inglesa to audit (exami-
nar, ajustar, corrigir, certificar). Segundo se tem notícias, a ativi-
dade de auditoria é originária da Inglaterra que, como domina-
dora dos mares e do comércio em épocas passadas, teria iniciado
a disseminação de investimentos em diversos locais e países e,
por consequência, o exame dos investimentos mantidos naqueles
locais. (ATTIE, 1998, p. 27)

A evolução da auditoria deu-se através da contabilidade em virtude


do desenvolvimento econômico dos países, bem como do crescimento das
empresas e surgimento das multinacionais. Esse crescimento, aliado à expan-
são da produção, gera riquezas e também a sofisticação e refinamento das
práticas administrativas dos negócios, exigindo maior controle e verificações,
a fim de se identificar a veracidade dos fatos, cumprimento de metas, licitude
das ações através da opinião técnica de alguém não ligado à empresa, que con-
firme ou não a qualidade e precisão das informações de forma independente,
ensejando o surgimento do auditor.

1.3.1 Cronologia histórica da auditoria


Conforme Attie (2008, p. 28-29), a origem e evolução da auditoria deu-
-se conforme a seguinte cronologia:
No mundo
Datas Fatos
? - Desconhecido início da atividade

– 12 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

de auditoria;
1314 Criação do cargo de auditor no
Tesouro da Inglaterra;
1559 Sistematização e estabelecimento
da auditoria dos pagamentos a
servidores públicos pela Rainha
Elizabeth I;
1880 Criação da Associação dos
Contadores Públicos Certificados
(Inglaterra);
1886 Criação da Associação dos
Contadores Públicos Certificados
(AICPA), nos EUA;
1894 Criação do Instituto Holandês de
Contadores Públicos;
1934 Criação do Security and
Exchange Comission (SEC), nos
EUA, a partir daí a profissão
assume um novo estímulo.
No Brasil
Está diretamente relacionada com:
22 criação de filiais de multinacionais;
22 financiamentos de instituições estrangeiras;
22 evolução do mercado de capitais;
22 1965 – Lei 4.728: texto pioneiro a mencionar a auditoria e o audi-
tor independente;

– 13 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 1972 – Criação das normas de auditoria promulgadas pelo Banco


Central do Brasil;
22 1976 – Criação da Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76).
A Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, criou a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e estabeleceu a disciplina e fiscalização para a atividade
de auditoria das companhias abertas, dando à referida Comissão a atribuição
de examinar, a seu critério, os registros contábeis, livros ou documentos dos
auditores independentes. Segundo essa lei, somente as empresas de auditoria
contábil ou os auditores contábeis independentes registrados na Comissão de
Valores Mobiliários poderão auditar as demonstrações financeiras de com-
panhias abertas e das instituições, sociedades ou empresas que integram o
sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários, sendo que
essas empresas de auditoria contábil ou auditores contábeis independentes
responderão, civilmente, pelos prejuízos causados a terceiros em virtude de
culpa ou dolo no exercício da função.
Como se observa, o exercício da auditoria independente está fortemente
ligado às empresas integrantes do mercado de capitais e do sistema finan-
ceiro. As demais empresas são auditadas a pedido de seus sócios, acionistas,
financiadores, fornecedores, não sendo aplicada a auditoria na totalidade da
empresa, ocorrendo somente quando alguns desses agentes sentem a necessi-
dade de uma opinião técnica independente.

1.4 Noções e importância das


demonstrações financeiras
As demonstrações financeiras são um retrato da situação estática da
empresa em um determinado período. O objetivo da auditoria nas demons-
trações financeiras é assegurar que elas representam adequadamente a posi-
ção patrimonial e financeira da empresa, o resultado de suas operações e as
origens e aplicações de recursos correspondente aos períodos em exame, de
acordo com os princípios contábeis.
O objetivo principal da auditoria pode ser transcrito, em linhas
gerais, como sendo o processo pelo qual o auditor se certifica da vera-
cidade das demonstrações financeiras preparadas pela companhia

– 14 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

auditada. Em seu exame, o auditor, por um lado, utiliza os crité-


rios e procedimentos que lhe traduzem provas que assegurem a efe-
tividade dos valores apostos nas demonstrações financeiras e, por
outro lado, cerca-se dos procedimentos que lhe permitem assegurar
a inexistência de valores ou fatos não constantes das demonstra-
ções financeiras que sejam necessários para seu bom entendimento.
(ATTIE, 1998, p. 31)

1.4.1 Demonstrações contábeis


O simples registro dos fatos e atos empresariais, dados seu volume e
sua heterogeneidade, não é muitas vezes suficiente em termos de informa-
ções, daí a necessidade de reunir esses fatos em demonstrações sintéticas,
que recebem o nome de demonstrações contábeis ou ainda de demons-
trações financeiras. Segue abaixo, um pequeno resumo sobre as principais
demonstrações financeiras:
22 Balanço Patrimonial – exposição dos componentes patrimoniais.
(Passivo: fontes e origens de capital. Ativo: aplicações).
22 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – visa relatar as
variações patrimoniais, bem como o resultado econômico em um
determinado período.
22 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) –
demonstra como surgiram os recursos econômico-financeiros do
exercício e onde foram aplicados.
22 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) –
abrange a variação sofrida no exercício no patrimônio dos sócios.

1.4.2 Novas tendências da auditoria diante


das demonstrações financeiras
As demonstrações financeiras são elaboradas segundo normas e critérios
contábeis, com o intuito de assegurar que os dados oriundos dessas demons-
trações estão corretos e expressam a verdade sobre os fatos empresariais. Para
verificar essas demonstrações tem-se a auditoria, isto é, o exame e opinião
técnica independente sobre tais demonstrações.

– 15 –
Auditoria e Perícia Contábil

É preciso que as empresas estejam atentas às regras introduzidas pela


Lei 11.638, aprovada no final de 2007, para a elaboração dos balanços. Essa
lei introduz mudanças profundas, principalmente em relação às compa-
nhias limitadas, conforme pode-se verificar no §6.º do artigo 176, da Lei
11.638/2007 descrito abaixo:
Art. 176 [...]
§6.° A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço,
inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à
elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa.

Esse artigo cria a obrigatoriedade de se publicar o Demonstrativo dos


Fluxos de Caixa, que até então não era obrigatório para nenhuma empresa.
Com fundamento nessa lei, também ficou obrigatório que os demons-
trativos financeiros deverão ser elaborados em consonância com os padrões
internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores
mobiliários, como se verifica no artigo 177, §2.°:
Art. 177 [...]
§2.°As disposições da lei tributária ou de legislação especial sobre ati-
vidade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utiliza-
ção de métodos ou critérios contábeis diferentes ou à elaboração de
outras demonstrações não elidem a obrigação de elaborar, para todos
os fins desta Lei, demonstrações financeiras em consonância com o
disposto no caput deste artigo e deverão ser alternativamente observa-
das mediante registro:
I – em livros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil; ou
II – no caso da elaboração das demonstrações para fins tributários,
na escrituração mercantil, desde que sejam efetuados em seguida
lançamentos contábeis adicionais que assegurem a preparação e
a divulgação de demonstrações financeiras com observância do
disposto no caput deste artigo, devendo ser essas demonstrações
auditadas por auditor independente registrado na Comissão de
Valores Mobiliários.

Outra mudança ocorrida no ano de 2008, é o fim do rodízio de auditorias


para bancos por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN) assim, as insti-
tuições financeiras e demais empresas supervisionadas pelo Banco Central (BC)
não precisarão mais trocar a empresa de auditoria após cinco anos de serviço.
No entanto, é necessário que haja troca do sócio e da equipe de auditores (com

– 16 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

nível de gerência) responsáveis pelo trabalho a cada cinco anos, conforme estava
previsto no artigo 31 da Instrução 308/99 editada pela CMN.
A medida é um abrandamento em relação à regra vigente no país atual-
mente, mas o CMN argumenta que ela é mais rígida que a prática internacio-
nal. Segundo o órgão, a Federação Internacional de Auditores (IFAC, na sigla
em inglês) obriga apenas a troca do sócio – e não da equipe – a cada sete anos.
Todas essas alterações são inerentes à mudança do sistema contá-
bil, tendo em vista o processo em curso de convergência contábil para o
padrão internacional, conhecido como International Financial Reporting
Standards (IFRS).
Em resumo, as demonstrações obrigatórias introduzidas pela Lei 11.638,
de 2007, são: I) Balanço Patrimonial; II) Demonstração de Resultados; III)
Demonstração de Resultados Abrangentes; IV) Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido; V) Demonstração dos Fluxos de Caixa; VI)
Demonstração do Valor Adicionado (obrigatório somente para Companhia
Aberta); e VII) Notas explicativas.

Ampliando seus conhecimentos

A importância da auditoria interna no


processo de gestão das organizações
em um ambiente globalizado e cada vez
mais competitivo
(OLIVEIRA; GOMES; PORTO, 2012, p. 3-5)

Segundo Uhl e Fernandes (1974, p. 17), “a auditoria é defi-


nida como um controle administrativo, cuja função é medir e
avaliar a eficácia de outros controles”. Surgiu em consequência
da necessidade de buscar informações claras e objetivas em
relação aos dados contábeis.

– 17 –
Auditoria e Perícia Contábil

Para SANTI (1988, p.17) a origem é imprecisa e provavel-


mente surgiu dentre os guarda-livros prestadores de serviços
aos comerciantes italianos, para assessorar os demais especia-
listas na atividade de escrituração das transações.
Perez Junior (1998, p.13), afirma que “a prática da auditoria
surgiu provavelmente no século XV ou XVI na Itália”.
Diante de tantos conceitos quanto a sua origem e a dificuldade
dos estudiosos entrarem em um consenso, pode-se afirmar
que a auditoria está presente desde o início da atividade eco-
nômica do homem.
Acerca da sua origem Franco e Marra descreve:
A auditoria surgiu primeiramente na Inglaterra, que como
dominadora dos mares e controladora do comércio
mundial, foi a primeira a possuir as grandes companhias
de comércio mundial, foi a primeira também a instituir a
taxação do imposto de renda, baseado nos lucros das
empresas. Além disso, já se praticava na Inglaterra a audi-
toria das contas públicas desde 1314, conforme relata a
Enciclopédia Britânica. (1991, p. 33).
É uma atividade relativamente nova no Brasil que vêm
ganhando espaço cada vez maior por seu apoio e segu-
rança dado aos gestores. Sua obrigatoriedade veio com a
Lei das Sociedades Anônimas, está a qual determina que
as companhias abertas (aquelas que têm suas ações nego-
ciadas na Bolsa de Valores) devem ser auditadas por audi-
tores independentes com registro na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários).
Hoog e Carlin afirmam que:
No Brasil, os registros oficiais têm por data o ano de
1972, quando o banco Central criou normas oficiais de
auditoria para o segmento do mercado financeiro, e a
obrigatoriedade da aplicação da auditoria também teve

– 18 –
Introdução e desenvolvimento da auditoria

inicio na Bolsa de Valores, através da Lei 6.385/76, logo


após a regulamentação da Lei das Sociedades Anônimas
(Lei 6.404/76), contudo, na prática, o que temos obser-
vado é o que o mercado como um todo adota a auditoria
como meio de validação de resultados, comprovando
a tendência de que a auditoria não deve ser aplicada
apenas por imposição legal, mais sim, por ser uma das
ferramentas de gestão de risco dentro das organizações
empresariais. (2008, p. 52).
A partir desse conceito pode-se concluir que as empresas
hoje buscam a auditoria não só pelo pela obrigatoriedade de
auditar suas demonstrações contábeis, mais sim pela segurança
das informações que a auditoria proporciona aos seus adminis-
tradores e investidores.
Segundo Crepaldi (2007, p. 3), “pode-se definir auditoria
como levantamento, estudo e avaliação das transações, proce-
dimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras
de uma entidade”.
Ainda de acordo com o mesmo autor “a auditoria constitui
o conjunto de procedimentos técnicos que tem por obje-
tivo a emissão de parecer sobre sua adequação, consoante
os Princípios Fundamentais de Contabilidade e pertinente à
legislação especifica”. (2007, p. 3).
Pode-se então afirmar que a auditoria tem como intuito verificar
e analisar notas, documentos, livros e registros que a empresa
usa no seu dia a dia para manter o controle administrativo.
Dessa análise resultará um parecer sobre a fidedignidade das
demonstrações financeiras, o qual deverá ser embasado nos
Princípios da Contabilidade.
No entender de Guimarães (2001, p. 401 apud HOOG;
CARLIN, 2008, p.53), “A auditoria financeira ou
contabilística visa essencialmente dar credibilidade à infor-
mação financeira de forma a que seja útil à tomada de

– 19 –
Auditoria e Perícia Contábil

decisão por parte dos diferentes destinatários/utilizadores


dessa informação”.
Uma vez que os dados contábeis espelham a realidade eco-
nômica e financeira da empresa, e o objetivo da auditoria é
justamente dar credibilidade desses dados, a auditoria tem ser
tornado imprescindível aos empresários e ganhado espaço e
reconhecimento maior a cada dia.

Atividades
1. Conceitue auditoria.

2. Contabilidade e auditoria são a mesma ciência? Justifique.

3. Qual o objetivo da auditoria nas demonstrações financeiras?

– 20 –
2
Processos, normas e
práticas usuais
de auditoria
Rodrigo Otávio das Chagas Lima

O objetivo precípuo da auditoria é a emissão de uma opinião


técnica embasada em fatos concretos, formulada por um profissio-
nal sem vínculo empregatício com a empresa, isto é, um parecer de
um auditor independente, com competência técnica fundamentado
em elementos comprobatórios, levantados na área a ser auditada.
Para atingir o objetivo de formular uma opinião concreta, é
necessário seguir um roteiro predeterminado a fim de reunir condi-
ções sólidas para fornecer um parecer correto e íntegro.
O processo de auditoria inicia-se com a análise de uma
a­ firmação. Nessa etapa pretende-se identificar o significado da afirma-
ção, bem como os pontos básicos da auditoria, elaborando um plano
estratégico com base nas informações, conhecimento, interpretação
e mapeamento dos passos a serem percorridos, buscando determinar
uma afirmação. Uma análise adequada, para a auditoria, compreende
Auditoria e Perícia Contábil

fundamentalmente três pontos: revisão analítica1 que é usada para estabelecer a


abrangência da auditoria e a verificação de comportamento de valores significa-
tivos com vistas à identificação de situação ou tendências atípicas. O segundo
ponto é o planejamento, sendo este a base sobre a qual o trabalho deverá ser
fundamentado, é o roteiro do que deve ser feito. O terceiro ponto é o conheci-
mento da empresa, suas operações, atividade, controles etc.
O passo seguinte à análise da afirmação é a avaliação da afirmação, em
que se determinam os métodos, indicadores e parâmetros para a coleta de
provas, analisando as circunstâncias que influenciam na determinação da
suficiência das informações levantadas.
Segundo Attie (1998, p. 47), “alguns fatores que influenciam na deter-
minação da avaliação das afirmações são; nível de controle interno, subjeti-
vidade inerente, integridade dos administradores, ponderação da relevância,
ponderação do risco relativo.”
Assim sendo, o terceiro passo do processo de auditoria é a obtenção dos
elementosprobatórios (achados da auditoria), por meio da pesquisa e obten-
ção dos elementos necessários para confirmar a opinião técnica a ser dada
pelo auditor. Os procedimentos devem ser escolhidos pelo auditor, sendo essa
etapa a de concretização do trabalho, transformando o programa detalhado
de auditoria em evidências nos papéis de trabalho (documentação preparada
pelo auditor durante a execução de seu trabalho).
Os elementos probatórios são reunidos através de testes, que constituem
o processo fundamental de auditoria. Esses testes podem ser:
22 Teste de procedimento – destina-se a provar a credibilidade dos
procedimentos de controle utilizados pela empresa;
22 Teste de saldo – tem a finalidade de obter provas suficientes e con-
vincentes sobre as transações, saldos e divulgações aplicáveis que
serão utilizadas pelo auditor para emitir sua opinião. O objetivo é
1 A revisão analítica consiste em uma técnica que pode ser usada em diferentes fases da audi-
toria, mas é obrigatória no planejamento e na conclusão do trabalho. O conhecimento da em-
presa faz parte do processo de aceitação/continuação do cliente e do planejamento. Destaca-se
o fato de não ser possível opinar sobre aquilo (no caso, empresa) que não se tem conhecimento.

– 22 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

certificar-se da existência real das transações e saldos demonstrados,


bem como aferir se os saldos dessas transações estão corretos.
E, finalmente, o último passo do processo de auditoria2 é a formação de
opinião, em que verificam-se todos os procedimentos executados anteriormente
quanto à suficiência de informações para que o auditor emita o seu parecer.
Figura 1 – Procedimento para elaboração de auditoria.

Análise
da Avaliação
afirmação da
afirmação

Formação
Afirmação
de
opinião
Obtenção dos
elementos
comprobatórios

Achados e evidências da auditoria

Fonte: Elaborada pelo autor.


Essa sequência de trabalho chamada de processo de auditoria, tem como
objetivo verificar e demonstrar, através dos achados e evidências da auditoria,
a relevância do fato analisado ou a afirmação que pretende se auditar, através
dos papéis de trabalho que amparam a elaboração do parecer final do auditor.
2 Boynton et al. (2002) embasam a construção desse processo, dividindo-o em grandes fases
e suas etapas. Como fases, temos: aceitação, planejamento, execução e conclusão da audi-
toria. Na aceitação, a auditoria avalia a sua competência e o risco de aceitação do cliente,
finalizando na carta de contratação. Na fase de planejamento, tem-se o processo de aceitação/
continuidade do cliente, conhecimento das particularidades da empresa auditada, confirmação
de independência, definição da estratégia de auditoria, conhecimento dos controles internos,
planejamento de testes substantivos, entre outros. Na execução, concentra-se a realização dos
testes de controle interno, testes substantivos e sumarização dos ajustes identificados. Na con-
clusão está a revisão das demonstrações contábeis, comunicação ao cliente, obtenção da carta
de representação, além de outros procedimentos finais.

– 23 –
Auditoria e Perícia Contábil

2.1 Competências profissionais do auditor


Para realizar a auditoria é necessário que o profissional tenha capacidade
técnica na área que pretende auditar, bem como requer o estabelecimento de
determinados padrões que se aplicam especificamente à auditoria.
Como acontece em todas as profissões, na auditoria também foram
estabelecidos determinados padrões técnicos que objetivam qualifi-
cações na conduta dos trabalhos de auditoria e garantir atuação con-
sistente, tecnicamente suficiente do auditor e de seu parecer, assegu-
rando, a todos aqueles que dependem de sua opinião, a observação de
uma série de requisitos considerados indispensáveis para o trabalho
concretizado. (ATTIE, 1998, p. 55)

São requisitos necessários para execução de uma auditoria:


22 Padrões – definem requisitos obrigatórios para auditoria. Esses
padrões referem--se às atividades daqueles que exercem a auditoria.
Como exemplo, podemos citar as responsabilidades profissionais
estabelecidas no código de ética profissional;
22 Diretrizes – fornecem orientação para aplicação das normas, proce-
dimentos e técnicas na execução da auditoria;
22 Procedimentos – fornecem informações sobre como cumprir os
padrões ao realizar a auditoria. Não estabelece requisitos, apenas
explica como se adequar aos padrões de auditoria.

2.1.1 Atividade e competências do auditor


A atividade de auditoria requer do profissional conhecimento especí-
fico. Ele deve ser profissionalmente competente, tendo as habilidades e o
conhecimento para conduzir a tarefa de auditoria, podendo-se destacar as
seguintes competências:
22 deve fornecer garantia razoável de que possui as competências
profissionais suficientes para a realização do trabalho (habilidades,
conhecimento e experiência relevantes à tarefa planejada);
22 capacidade para aplicação das normas, procedimentos e técnicas na
execução das auditorias;

– 24 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

22 conhecimento dos princípios contábeis, administrativos e, princi-


palmente, da área que se pretende auditar, para reconhecer e avaliar
a relevância e o significado dos eventuais desvios em relação às boas
técnicas e práticas organizacionais;
22 deve manter a competência profissional por meio de educação e
treinamento profissionais apropriados e contínuos.
Além das competências apontadas, o profissional de auditoria deve pos-
suir conhecimentos de economia, direito, finanças, tributos, métodos quanti-
tativos e sistema de informações.
Em princípio, o conhecimento do auditor deve ser contábil, visto que a
auditoria é uma especialização da contabilidade, com técnicas e procedimen-
tos próprios, desde a coleta de informações até a implementação de rotinas e
de controles das demonstrações financeiras.
A palavra auditoria tem sido utilizada em outras áreas, tais como recur-
sos humanos, sistema de informação, meio ambiente, departamento jurídico
etc., mantendo sempre o mesmo significado: o de verificar se a atividade em
questão está sendo desenvolvida conforme o planejado e assim, diante dessa
constatação, emitir uma opinião.
Dessa forma, pode-se afirmar que não importa qual seja a área em que
a atividade de auditoria está sendo exercida, o profissional em questão deverá
possuir as competências listadas anteriormente, bem como a técnica inerente
ao objeto auditado, e desenvolver sua atividade orientada pelos requisitos
necessários (padrão, diretriz, procedimento).

2.2 Planejamento da auditoria


O planejamento da auditoria é muitas vezes denominado de plano de
auditoria, ou programa de auditoria. É a etapa na qual o auditor define o
seu plano de trabalho e detalhes dos procedimentos de auditoria a serem
aplicados. Nessa etapa o auditor estabelece a estratégia geral dos trabalhos a
executar na empresa ou na área a ser auditada, elaborando o plano a partir
da contratação dos serviços, estabelecendo a natureza, a oportunidade e a
extensão dos exames, de modo que possa desempenhar uma auditoria eficaz.

– 25 –
Auditoria e Perícia Contábil

A Resolução CFC 1.211/09 aprova a NBCTA 300 (R1) – que trata do


planejamento de auditoria, para a auditoria contábil. Considera-se que os
Princípios Fundamentais de Contabilidade, bem como as Normas Brasileiras
de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas constituem corpo de dou-
trina contábil que estabelece regras de procedimentos técnicos a serem obser-
vadas por ocasião da realização de trabalhos.
É na fase da avaliação do serviço de auditoria a ser prestado que se inicia
o processo de planejamento da auditoria. Nesse momento se obtém diversas
informações pertinentes a fim de conhecer a atividade que a empresa desen-
volve, bem como os processos internos, o grau de sofisticação da sua gestão,
além de verificar a legislação competente e demais instrumentos de controle.
Diante do cenário apresentado e delineado através dos levantamentos prelimi-
nares, conclui-se, então, a etapa do planejamento da auditoria e com essa base
inicial o auditor poderá determinar a natureza do trabalho a ser oferecido.
O programa de auditoria deve ser preparado por escrito ou por outro
meio de registro, o que facilita o entendimento dos procedimentos de audito-
ria a serem adotados e propicia uma orientação mais adequada para a divisão
do trabalho. Deve constar no programa a extensão dos exames e os procedi-
mentos a serem adotados, bem como a época em que serão aplicados. Deve-se
levar em conta o sistema contábil utilizado pela empresa, os processos inter-
nos de controle e a atividade-fim da empresa, com o objetivo de indicar o que
o auditor precisa examinar quando efetuar os procedimentos de auditoria.
O programa de auditoria serve de guia e instrumento de controle para a exe-
cução do trabalho, devendo abranger todas as áreas a serem examinadas pelo
auditor independente.

2.2.1 Objetivos do planejamento de auditoria


Os principais objetivos do planejamento da auditoria são:
22 conhecer a atividade da empresa, a fim de identificar fatos e atos
que alteram as demonstrações financeiras;
22 proporcionar que as atividades contratadas sejam executadas den-
tro dos prazos estabelecidos;

– 26 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

22 garantir que as atividades importantes e de valores expressivos


sejam observadas com extrema atenção;
22 apontar problemas potenciais;
22 apontar a legislação pertinente à empresa;
22 determinar a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a
serem executados de acordo com o serviço contratado.
Os objetivos apontados não excluem outros que poderão ser conside-
rados no planejamento da auditoria, que irão variar conforme a atividade
desenvolvida pela empresa, o tamanho, o tipo e a qualidade dos processos
internos, sistema contábil utilizado, além da capacidade de seus gestores e
demais colaboradores.

2.2.2 Conhecimento das atividades da organização


Conforme estabelecido na NBC T 11, item 11.2.1.2:
11.2.1.2 – O planejamento pressupõe adequado nível de conheci-
mento sobre as atividades, os fatores econômicos, legislação aplicável
e as práticas operacionais da entidade, e o nível geral de competência
de sua administração.

22 Fatores econômicos – o auditor deve avaliar os fatores econômicos


que por ventura possam influenciar no desempenho da empresa
para completar o seu conhecimento a respeito da atividade da
empresa a ser auditada;
Os fatores econômicos que podem afetar o desempenho da
empresa são a recessão, inflação, deflação, taxa de juros, condições
de financiamento, desemprego, crescimento econômico, câmbio,
impostos, tarifas para exportação e importação, política governa-
mental e outros.
22 Legislação aplicável – o auditor deve considerar as normas perti-
nentes que afetam a empresa, tais como a regulamentação própria
do setor de atividade da empresa bem como os impostos, taxas
e contribuições sociais a que ela está sujeita, além das obrigações
de fornecer informações a terceiros em função de suas atividades,

– 27 –
Auditoria e Perícia Contábil

por exemplo, bancos, companhias abertas, seguradoras, fundos de


pensão etc.
22 Práticas operacionais da entidade – é preciso conhecer o objetivo
social e a atividade-fim da empresa a ser auditada, bem como as
práticas usuais utilizadas em suas operações. É importante analisar
os seguintes aspectos:
22 os tipos de atividades e operações que a empresa realiza, bem
como a sua localização e de suas instalações;
22 os serviços que presta, comercializa ou os produtos que fabrica;
22 área de atuação e participação no mercado;
22 políticas empresariais e processos de controle interno – produ-
ção, logística, recursos humanos, finanças, vendas etc.;
22 retorno dos investimentos, remuneração dos seus ativos;
22 pós-vendas, garantias, qualidade, fornecedores e clientes
nacionais e estrangeiros;
22 patentes, franquias, coligadas, filiais;
22 tecnologia da informação, desenvolvimento e pesquisa de produtos;
22 tecnologia operacional e gerencial;
22 controles e interferência da alta administração na
gestão operacional.
22 Nível geral de competência da administração – a administração de
toda empresa é responsável pela gestão dos negócios, isto é, pelos
controles, análises e aprovação das ações. A competência dos admi-
nistradores é refletida nas atitudes empresariais e suas consequên-
cias nos resultados da empresa. O auditor deve ter a sensibilidade
de identificar a qualidade da competência dos gestores. Essa análise
considera os seguintes fatores:
22 qual o grau da relação da alta administração com os operadores;
22 quais os critérios de promoção e contratação;

– 28 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

22 qual estrutura de comando e a estrutura organizacional;


22 quais mudanças ocorreram em períodos anteriores, como
aquisições,fusões etc.;
22 qual a independência dos tomadores de decisões.
O auditor ao executar o planejamento de auditoria deve, além dos
conhecimentos apontados, ter um conhecimento detalhado das práticas
contábeis adotadas pela organização que pretende auditar, para propiciar
uma adequada avaliação da consistência das demonstrações contábeis, con-
siderando os seus efeitos sobre o programa de auditoria face às normas de
contabilidade aplicáveis à entidade. É importante considerar que a alteração
das práticas contábeis pode determinar modificações na comparabilidade das
demonstrações contábeis. Daí a necessidade de comparar as práticas contá-
beis adotadas no exercício auditado com as adotadas no exercício anterior,
bem como dimensionar seus efeitos na posição patrimonial e financeira e no
resultado da entidade.

2.3 Relevância e risco de auditoria


É na fase do planejamento de auditoria que o auditor deve elaborar a
avaliação dos riscos de auditoria no intuito de evitar a apresentação de infor-
mações erradas e, por conta disso, incorrer no não atendimento das datas
acertadas na contratação dos serviços, devido à ocorrência de fatos que pode-
riam ser previstos.
Havendo uma programação adequada quando da elaboração do plane-
jamento de auditoria, tomando conhecimento da atividade-fim da empresa
e dos procedimentos adotados e informando-se dos fatos que por ventura
poderão afetar a condução correta dos serviços, o auditor estará minimizando
os riscos de auditoria.
São considerados riscos de auditoria:
22 Geral – tipo de gestão, qualificação do sistema contábil e suas
demonstrações financeiras e processos internos de controle e a
situação econômico-financeira da empresa;
22 Específico – saldos de contas, natureza e volume dos negócios.
– 29 –
Auditoria e Perícia Contábil

A relevância em auditoria diz respeito aos fatos que precisam ser veri-
ficados pelo auditor durante o processo de auditoria por causarem algum
impacto na elaboração e divulgação de seu parecer. Entre os pontos relevantes
a serem considerados na auditoria pode-se citar a determinação da natureza
das atividades da empresa, bem como quais os procedimentos de auditoria
mais adequados a serem aplicados, além de determinar a amplitude das pes-
quisas e os testes mais oportunos.
Outro aspecto relevante, devido à falta de padronização que ocorre na
aplicação da técnica contábil, é avaliar os efeitos das distorções dos saldos nos
diversos períodos a serem analisados, bem como os termos, denominações e
classificações utilizadas nos demonstrativos financeiros.
Diante desse contexto, também é de extrema relevância determinar o
momento mais adequado para apresentar e divulgar as informações obtidas a
fim de minimizar os efeitos que essa divulgação pode provocar, entre os quais
podemos citar a dificuldade de obtenção de novos dados relevantes ao desen-
volvimento do processo de auditoria.

2.4 Aplicação dos procedimentos de auditoria


A programação de todos os procedimentos a serem executados na audi-
toria deve constar no planejamento apresentado à empresa que será auditada.
Este será o documento em que poderá ser identificado o que será executado
na auditoria em termos de exames, extensão e oportunidade de aplicação,
com o objetivo de comprovar os serviços desenvolvidos pelo auditor e funda-
mentar a opinião técnica deste, estando cada uma das atividades desenvolvi-
das registradas nos papéis de trabalho.
Os procedimentos de auditoria indicam as ações a serem praticadas pelo
auditor na execução de sua atividade, com o objetivo de indicar os passos a
serem dados, os exames necessários e finalmente fundamentar o parecer final
que é o relato de sua opinião técnica sobre a matéria auditada.

2.4.1 Documentos de auditoria


A fim de documentar as questões consideradas importantes quando do
levantamento de evidências, com o objetivo de fundamentar o parecer de

– 30 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

auditoria e comprovar que esta foi executada mediante as normas de audito-


ria consagradas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade é que surgem os
papéis de trabalho.
Todo o procedimento de auditoria é documentado pelos papéis de
trabalho, isto é, toda documentação preparada pelo auditor ou fornecida
a este na execução da auditoria, e que contêm todos os elementos signifi-
cativos dos exames realizados, que evidenciem ter sido a auditoria execu-
tada de acordo com as normas aplicáveis. Devem ter abrangência e grau
de detalhe suficientes para proporcionar o entendimento e o suporte da
auditoria executada.
Nos papéis de trabalho estarão a documentação do planejamento, a
natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de auditoria, bem
como o julgamento do auditor e as conclusões alcançadas. Devendo ser ela-
borados, organizados e arquivados de forma sistemática e racional.
Quando for utilizada análise, demonstrações ou quaisquer outros docu-
mentos fornecidos pela empresa, deve o auditor certificar-se da sua exatidão
antes de integrá-los aos seus papéis de trabalho.

2.5 Normas Brasileiras de Contabilidade


utilizadas pelo auditor
As normas de auditoria diferem dos procedimentos de auditoria,
enquanto os procedimentos indicam as ações a serem praticadas, as normas
tratam de medidas de qualidade da execução dessas ações e dos objetivos a
serem alcançados através dos procedimentos de auditoria. Em suma, as nor-
mas apontam não apenas as qualidades profissionais do auditor, mas sobre-
tudo a sua avaliação pelo exame efetuado e parecer emitido.
As normas de auditoria foram reconhecidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade através de Resolução CFC 700, de 24 de abril de 1991, que foi
revogada pela Resolução CFC 820/97, que aprovou a NBC T 11 – Normas
de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis com Alterações,
que conceituam e apontam os procedimentos a serem seguidos durante um
processo de auditoria, a saber:

– 31 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Normas de execução dos trabalhos;


22 Normas do parecer dos auditores independentes.

2.5.1 Outras normas e resoluções


inerentes à atividade do auditor
Podemos indicar, diante da necessidade técnica do profissional que tra-
balha ou trabalhará com auditoria, algumas normas relevantes, editadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade, que devem ser observadas quando da
execução da atividade de auditoria.
NBC P – Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais.
NBC P 1, 2 e 3.
NBC P 1 de 22/10/1992, publicada no DOU em 5/11/1992.
Essas normas estabelecem as condições de competência técnico-profis-
sional, de independência e responsabilidade do auditor na execução dos tra-
balhos, da guarda de documentos e sigilo na atividade de auditoria.
Resolução CFC 953/03, publicada no DOU em 24/1/2003, que dispõe
sobre alteração no modelo de parecer referido no item 11.3.2.3 da NBCT 11
– Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis.
Resolução CFC 678, de 24/7/1990, publicada no DOU em 27/8/1991.
Revoga a Resolução CFC 672, de 10/5/1990, da qual não consta registro de
publicação no DOU.
As normas citadas anteriormente tratam dos modelos de pareceres que
os auditores independentes devem adotar quando da emissão da opinião téc-
nica em relação às demonstrações financeiras auditadas.
NBC T 11 – IT – 07 – planejamento de auditoria.
NBC T 11 – IT – 08 – Resolução CFC 957, de 14/3/2003, publicado
no DOU em 22/4/2003, retificada no DOU de 14/5/2003 e 12/5/2003.
Essa norma orienta a atividade de planejar a auditoria, espinha dorsal da
atividade, visto que é através da elaboração de um planejamento adequado

– 32 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

que se poderá executar um bom serviço e entregá-lo dentro do prazo contra-


tado. Aprova a normatização da auditoria interna.
Resolução CFC 858, de 21/10/1999, publicada no DOU em
29/10/1999, revoga a Resolução CFC 731, de 22/10/1992, publicada no
DOU em 5/11/1992.
Reformula o teor da NBC T 13, que trata da perícia contábil.
Aprova a reformulação da normatização da perícia contábil em 2/3/1999.
Interpreta o item 11.1.4 – fraude e erro.
NBC T 11 – IT – 04 – Resolução CFC 839, de 26/2/1999, publicada
no DOU em 11/3/1999.
Interpreta o item 11.2.13 – transações e eventos subsequentes.
NBC T 11 – IT – 05 – Resolução CFC 830, de 16/12/1998, publicada
no DOU em 21/12/1998.
Interpreta o item 11.3 – parecer dos auditores independentes sobre as
demonstrações contábeis.
IT – Interpretações Técnicas.
NBC T 13 – IT – 01 – Resolução CFC 938, de 24/5/2002, publicada
no DOU em 11/6/2002.
NBC T 13 – IT – 02 – laudo e parecer de leigos.
NBC T 13 – IT – 03 – Resolução CFC 940, de 24/5/2002, publicada
no DOU em 11/6/2002.
NBCT 14 – Resolução CFC 1.392, de 25/05/2012, publicada no DOU
em 30/05/2002.
NBCT 15 – Resolução CFC 1.402, de 25 de agosto de 2012, publicada
no DOU em 31/08/2012.
NBCT 16 – Resolução 1.410, de 26 de outubro de 2012, publicada no
DOU em 01/11/2012.
As normas supracitadas têm como objetivo indicar como devem ser
interpretados, durante a atividade de auditoria, aspectos como a fraude, erro

– 33 –
Auditoria e Perícia Contábil

e transações quando da elaboração de uma perícia contábil, bem como a


interpretação técnica dos pareceres dos auditores.

Ampliando seus conhecimentos

Planejamento de um projeto de audito-


ria de processos
(DIAS, 2004)

Documento mestre para a execução do trabalho, em que


serão definidos todos os parâmetros e objetivos acordados
com a gestão da área auditada. Deverá documentar na ínte-
gra todas as conclusões geradas na reunião de definição dos
objetivos do trabalho, acrescidas das informações necessárias
à compreensão e entendimento da metodologia de trabalho
que será adotada e da equipe e prazos envolvidos.
Dentre os principais aspectos a serem incluídos em um plane-
jamento destacamos:

1. Objetivo da auditoria
É muito importante que o objetivo do trabalho fique clara-
mente identificado não perante a equipe de trabalho, mas
também junto à alta gestão do processo auditado. Devem ser
evitados termos técnicos e jargões de auditoria, uma vez que
estes podem não ser entendidos pela área. É imprescindível
que este objetivo seja acordado com a alta gestão do pro-
cesso auditado.

2. Objetivos do processo apurados jun-


to à sua gerência
Trata-se dos objetivos do processo identificados e acorda-
dos na reunião de definição dos objetivos do trabalho. Sua

– 34 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

documentação no planejamento comprova que o trabalho


não poderá perder o seu foco ou até mesmo sua melhoria
como um dos seus objetivos.
Riscos e controles associados identificados
A identificação dos riscos e controles associados a cada
objetivo de processo destacado pela área é um importante
balizador do trabalho que será realizado pelo auditor, mas
nunca deverá representar um limitador para os procedimentos
que serão adotados, assim como para a revisão e acompanha-
mento da metodologia empregada.
O gerente que considera meramente esses riscos e controles
em sua revisão demonstra que não está exercendo uma visão
de processo, mas sim adotando uma postura de verificador
do trabalho feito.
Autuando como auditor de processo estas informações
devem representar a base para os procedimentos adota-
dos, que em sua íntegra devem sempre prever ganhos que
superem o controle sobre os riscos identificados e melho-
rias sobre os controles existentes. Aí o trabalho estará agre-
gando ao processo.

3. Escopo do trabalho
O escopo do trabalho abrange todos os aspectos que deve-
rão ser considerados para o atingimento do seu objetivo ou
alvo principal.
Nesses aspectos podemos exemplificar o ambiente onde o
trabalho será realizado, os períodos que serão realizados os
testes e a data-base considerada para auditoria.
Ao mesmo tempo é importante ser considerado o que o tra-
balho busca, ou seja quais as melhorias ou ganhos previstos,
se possível mensuráveis pelo auditor em conjunto com a alta
gestão do processo.

– 35 –
Auditoria e Perícia Contábil

4. Metodologia de trabalho
Trata-se de um resumo da forma empregada para a auditoria,
relacionando os tipos de levantamentos e testes que [serão
realizados], qual a forma de amostragem de sua verificação e
de abordagem para levantamento e conhecimentos dos dados
e informações envolvidas no processo.
Essa informação é muito importante, principalmente para o
entendimento, pelas áreas auditadas, do trabalho que será
realizado pela auditoria.

5. Estimativa de término da auditoria


É imprescindível manter-se um compromisso sobre o término
do trabalho. O período de sua execução deve considerar o
tempo necessário à avaliação de todos os aspectos, informa-
ções e dados envolvidos, mas não pode representar uma data
que supere as expectativas da área auditada para obtenção de
suas conclusões.
É muito importante a mensuração do término do trabalho em
comum acordo com a área auditada e que este seja cumprido
pela auditoria.

6. Dimensionamento das principais


operações do processo
Até mesmo para a comprovação e documentação da impor-
tância do processo auditado, sobre o negócio exercido pela
empresa, assim como para identificação de quanto represen-
tará possíveis melhorias sobre o processo, o auditor deve
evidenciar os números e volumes relativos ao processo audi-
tado. Esse dimensionamento é importante para uma futura
comparação e/ou medição dos resultados agregados ao tér-
mino do trabalho.

– 36 –
Processos, normas e práticas usuais de auditoria

7. Equipe de auditoria
Aproveitando a apresentação do planejamento do trabalho à
área auditada é importante também se apresentar a equipe que
atuará no trabalho, assim como a responsabilidade e envol-
vimento de cada membro, para o devido esclarecimento e
entendimento que toda a equipe é importante para o sucesso
do trabalho. Essa documentação também é fator essencial para
que o auditado entenda que existe um grupo que, de forma
integrada e eficiente, atuará para o sucesso do trabalho.

8. Emitido e aprovado por


Por ser o ponto inicial do trabalho, demonstrando o seu obje-
tivo e metodologia empregada para o seu sucesso, todos os
planejamentos devem ser aprovados pelo mais alto gestor da
auditoria de processo, demonstrando que todo o time da área
está envolvido na sua execução e na conclusão sobre melho-
rias que efetivamente agreguem ao processo.

Atividades
1. Descreva brevemente as quatro etapas do processo de auditoria.

2. Quais as competências necessárias para a atividade de auditor?

3. Conceitue planejamento da auditoria.

– 37 –
3
Etapas da auditoria e
exame dos registros
Rodrigo Otávio das Chagas Lima

3.1 Objetivo e planejamento da auditoria


(etapa inicial do processo)
A auditoria tem fornecido sólidas informações e opiniões
que possibilitam uma melhor qualidade na gestão dos negócios.
Os gestores necessitam de elementos de formação de juízo e de
escolha, fundamentada na realidade dos fatos, para uma decisão
mais adequada na condução das empresas. Além do mais, os ges-
tores precisam fornecer aos investidores, e demais interessados na
gestão dos negócios, uma posição embasada em documentos que
convalidam a afirmação pesquisada, baseada em provas concretas e
opinião independente.
O objetivo final de toda auditoria é emitir uma opinião téc-
nica sobre o tema auditado por meio de um parecer no qual será
relatado o que foi apurado, quais os documentos que serviram de
subsídio e a confiabilidade destes, os tipos de análise e testes empre-
gados, e a motivação que gerou a conclusão final.
Auditoria e Perícia Contábil

A atividade de auditoria desenvolve-se em etapas, iniciando-se com


o planejamento geral, no qual deve constar o programa de trabalho deta-
lhado e por escrito, que deverá descrever o responsável pelo processo de
auditoria, quando ocorrerá e qual o objetivo a ser alcançado em termos de
natureza, oportunidade ou profundidade dos exames e extensão do traba-
lho, sendo que esta atividade de planejar deve ser consoante às Normas
Brasileiras de Contabilidade.
Dessa forma, pontua-se que o planejamento da auditoria deve docu-
mentar todos os procedimentos de auditoria programados, segundo o obje-
tivo predeterminado, bem como sua extensão e oportunidade de aplicação,
objetivando comprovar que todos os pontos da empresa considerados rele-
vantes foram observados e tratados pelo auditor independente.
Pode-se estruturar a auditoria em três grandes etapas. A primeira etapa é
quando da avaliação para a contratação dos serviços, na qual devem ser levan-
tadas as informações necessárias para conhecer o tipo de atividade da empresa.
A segunda etapa é a elaboração do planejamento em que o auditor define o
seu plano de trabalho e o detalhamento dos procedimentos de auditoria a
serem aplicados. É nesta etapa que o auditor estabelece a estratégia geral dos
trabalhos a executar na empresa ou na área a ser auditada, elaborando o plano
a partir da contratação dos serviços, estabelecendo a natureza, a oportunidade
e a extensão dos exames, de modo que possa desempenhar uma auditoria
eficaz. E a terceira etapa, o parecer final do auditor, que é o relato técnico da
opinião formada por esse profissional, fundamentada nos documentos e nas
evidências apuradas bem como arquivadas através dos papéis de trabalho, nos
quais se verificará o que foi feito e como foram feitos os trabalhos.
“Ao se iniciar qualquer trabalho de auditoria, este deve ser cuidadosa-
mente planejado, tendo em vista seu objetivo. Os exames e verificação serão
orientados conforme o alcance visado pela auditoria” (FRANCO; MARRA,
1991, p. 224).
A auditoria poderá apresentar-se de diversas formas, sendo cada uma
delas com características próprias que poderão ser assim classificadas.
22 Conforme a sua natureza:
22 auditoria permanente;

– 40 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

22 continuada;
22 periódica;
22 auditoria eventual ou especial que poderá ser geral, ou parcial;
22 auditoria de balanços com fim específico.
22 Conforme a profundidade dos exames:
22 auditoria integral (revisão analítica de todos os registros contábeis);
22 auditoria por teste (amostragem).
22 Conforme a extensão do trabalho:
22 auditoria geral (de todas as demonstrações contábeis,
em conjunto);
22 auditoria parcial ou específica (de uma ou algumas demons-
trações ou itens);
22 revisão limitada (exames parciais, sem aplicação de todas
as normas).
22 Conforme os fins a que se destina:
22 acautelar interesses de acionistas e investidores;
22 permitir melhor controle administrativo;
22 apurar erros e fraudes;
22 julgar concessão de crédito;
22 apurar o valor real do patrimônio líquido;
22 dar cumprimento a obrigações fiscais;
22 atender a exigências legais;
22 confirmar a exatidão das demonstrações contábeis.
22 Conforme a relação do auditor com a empresa:
22 auditoria externa;
22 auditoria interna.

– 41 –
Auditoria e Perícia Contábil

Dado isso, é de fundamental importância que o auditor entenda o con-


teúdo e a estrutura da área a ser auditada, se esta área for a da contabilidade
que é a ciência que deu origem ao surgimento dessa especialização chamada
de auditoria, é necessário que esse profissional entenda das demonstrações
financeiras, pois são elas que proporcionam meios de comparação das mais
variadas operações. Além de permitir, por meio de mensuração, comparação
e análise, elementos indicativos de liquidez, solvência, endividamento, renta-
bilidade e, sobre tudo, da eficiência ou não da gestão dos negócios.

3.2 Determinações da abrangência do trabalho


Existe a necessidade e obrigatoriedade de a auditoria ser fundamentada
e embasada em provas documentais, ou elementos comprobatórios, porque
serão essas evidências formais que formarão o juízo do auditor, isto é, servirão
de base e fundamentação para o convencimento sobre o fato auditado e a
formulação do parecer do auditor.
Os procedimentos de auditoria diante dessa prerrogativa devem ser
desenvolvidos e alargados até a obtenção de elementos probatórios da afirma-
ção que se está auditando.
Dessa forma, será o auditor que irá determinar qual ou quais os
procedimentos mais adequados ao caso em questão, a fim de obter as
provas necessárias.
A avaliação desses elementos fica a critério do auditor, obedecido
o seguinte:
22 o simples registro contábil, sem outras comprovações, não consti-
tui elemento comprobatório;
22 na ausência de comprovante idôneo, auxiliam na determinação
da validade dos registros contábeis, sua objetividade, sua tem-
pestividade e sua correlação com outros registros contábeis ou
elementos extracontábeis;
22 para ser aceitável, a correlação deve ser legítima e relevante,
dependendo das seguintes circunstâncias:
22 quando a correlação pode ser verificada, relativamente à fonte
externa, ela proporciona maior grau de confiança do que
quando verificada na própria empresa;

– 42 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

22 quando as condições do sistema contábil e do controle


interno são satisfatórias, os registros e as demonstrações
financeiras proporcionam maior grau de confiança;
22 o conhecimento direto e pessoal, obtido pelo auditor por
meio de verificações físicas, observações, cálculos e ins-
peções, oferecem maior segurança do que as informações
colhidas indiretamente;
22 desde que praticável e razoável, e quando o ativo envolvido for
de expressivo valor material, em relação à posição patrimonial e
financeira e o resultado das operações, as contas a receber devem
ser confirmadas através de comunicação direta com os devedores
e da mesma forma o levantamento físico de inventários deve ser
observado pelo auditor;
22 como regra geral, existe relação entre o custo da obtenção de
uma comprovação e seu benefício para o exame. Entretanto, a
dificuldade ou o custo não constituem razões suficientes para
a sua dispensa, quando o auditor a julgar necessária. (ATTIE,
1998, p. 66)

Como se observa, o auditor deve ir buscar elementos comprobatórios


idôneos e substâncias que determinem a validade dos documentos utilizados
a fim de auditar a afirmação em questão.
A extensão e a profundidade das informações preliminares a serem
obtidas do pessoal do cliente, bem como o modo em que os procedi-
mentos específicos deste programa devam ser aplicados, irão variar de
acordo com: tamanho, complexidade e continuidade das operações
do cliente.( FRANCO; MARRA, 1991, p. 239)

Devendo ainda, a priori verificar a qualidade do objeto em análise, isto


é, no caso de registros contábeis se estes representam efetivamente um ato
empresarial real, bem como o tempo em que foi produzida essa informação
e se existem relações com outros dados contábeis, sendo que esta busca não
deverá ser interrompida, seja por dificuldades físicas ou técnicas, ou ainda
devido a custos elevados.
Toda essa preocupação com um correto e transparente procedimento
deve-se ao fato de proporcionar maior grau de confiança nos documentos que
irão, ou não, validar a afirmação.

– 43 –
Auditoria e Perícia Contábil

3.3 Procedimento da primeira auditoria


Os procedimentos de auditoria tratam das investigações técnicas que
devem ser executadas pelo auditor, a fim de atingir os objetivos previamente
estabelecidos no planejamento, devendo evidenciar as etapas e as épocas em
que serão executados os trabalhos, de acordo com o teor da proposta de pres-
tação de serviços e sua aceitação pela empresa auditada.
Deve-se elaborar um cronograma de trabalho, no qual devem-se ficar
evidenciadas áreas, unidades e partes relacionadas que serão atingidas pela
auditoria, para comunicar e comprovar a todos que os compromissos assumi-
dos com a empresa auditada serão cumpridos.
Em suma, os procedimentos de auditoria tratam dos passos a serem
seguidos pelo auditor, durante a realização de seu trabalho.
O planejamento adequado pressupõe a formulação de programa de
auditoria. O programa de auditoria consiste no plano de trabalho
para exame de área específica. Ele prevê os procedimentos que deve-
rão ser aplicados para que se possa alcançar o resultado desejado.
Deve, entretanto, ser bastante amplo e flexível, para permitir altera-
ções durante o andamento das verificações, segundo aconselham as
circunstâncias, isto é, a maior ou menor eficiência dos controles inter-
nos do cliente. Haverá casos em que os controles internos se revelam,
de tal modo, excelentes que dispensam a aplicação de grande número
de procedimentos. Entretanto, o reverso poderá também aconte-
cer, aconselhando a aprofundar mais as verificações. (FRANCO;
MARRA, 1991, p. 224)

A atividade de realizar a primeira auditoria contábil numa empresa


requer alguns cuidados especiais da parte do auditor independente, sendo
que se pode adotar tal procedimento para auditoria em outras áreas, podendo
ocorrer três situações básicas, segundo a Resolução CFC 1.035/2005 que
aprovou a NBC T 11.4:
11.4.5.1. [...]
22 quando a entidade nunca foi auditada, situação que requer aten-
ção do auditor independente, visto que ela não tem experiência
anterior de um trabalho de auditoria;
22 quando a entidade foi auditada no período imediatamente ante-
rior, por auditor independente, situação que permite uma orien-
tação sobre aquilo que é requerido pelo auditor independente; e

– 44 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

22 quando a entidade não foi auditada no período imediatamente


anterior, situação que requer atenção do auditor independente,
porquanto as Demonstrações Contábeis que servirão como base
de comparação não foram auditadas.
11.4.5.2. Assim sendo, nessas circunstâncias, o auditor independente
deve incluir no planejamento de auditoria: análise dos saldos de aber-
tura, procedimentos contábeis adotados, uniformidade dos procedi-
mentos contábeis, identificação de relevantes eventos subsequentes ao
exercício anterior e revisão dos papéis de trabalho do auditor anterior.

A execução dos procedimentos de auditoria deve ser realizada através de


provas seletivas, testes e amostragens, em razão da complexidade e volume das
operações, ficando sob a responsabilidade do auditor, com base na análise de
risco de auditoria e outros elementos de que dispuser. Assim deverá o auditor
determinar a amplitude dos exames necessários à obtenção dos elementos de
convicção que sejam válidos para o todo.
Nesse contexto afirma-se que as etapas da atividade de auditoria estão fun-
damentadas em testes de observância e substantivos dos fatos e atos apurados
e documentados, afastando e evitando assim as suposições ou “achômetros”. A
NBC T 11 conceitua os testes de observância e substantivos da seguinte maneira:
11.1.2.2 – Os testes de observância visam à obtenção de razoável
segurança de que os procedimentos de controle interno, estabelecidos
pela administração, estão em efetivo funcionamento e cumprimento.
11.1.2.3 – Os testes substantivos visam à obtenção de evidência
quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelo
sistema contábil da entidade, dividindo-se em:
22 testes de transações e saldos; e
22 procedimentos de revisão analítica.

O processo de teste em auditoria deverá ser exercido através de procedi-


mentos formais e passíveis de verificação por todos os interessados, bem como
deve ser suficiente para formar uma opinião técnica, sólida e coerente.
A Resolução CFC 1024/05 aprova a NBC T 11.3 que trata dos papéis
de trabalho e da documentação de auditoria:
11.3.1.1 – Esta norma estabelece procedimentos e critérios relativos
à documentação mínima obrigatória a ser gerada na realização dos
trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis.

– 45 –
Auditoria e Perícia Contábil

11.3.1.3 – Os papéis de trabalho constituem a documentação prepa-


rada pelo auditor ou fornecida a este na execução da auditoria. Eles
integram um processo organizado de registro de evidências da audi-
toria, por intermédio de informações em papel, meios eletrônicos ou
outros que assegurem o objetivo a que se destinam.

3.3.1 Procedimentos técnicos básicos


O auditor, ao iniciar uma auditoria, irá avaliar os controles internos
da empresa. Entende-se por controles internos todos os instrumentos da
empresa destinados à vigilância à fiscalização e à verificação administrativa,
que permitam prever, observar, dirigir os acontecimentos que ocorrem dentro
da empresa e que por ventura produzam reflexos em seu patrimônio.
Diante dessa afirmação, o principal instrumento de controle de que
dispõe uma administração é a contabilidade, portanto, meios de controle
interno serão todos os registros, livros, fichas, mapas, boletins, papéis, formu-
lários, pedidos, notas, faturas, documentos, guias, impressos, ordens internas,
regulamentos e demais instrumentos utilizados pela empresa.
Esses instrumentos serão utilizados pelos gestores para exercer o controle
sobre os fatos e atos ocorridos na empresa que de algum modo possam inter-
vir no funcionamento ou em seu patrimônio.
Para avaliar esses instrumentos de controle, o auditor terá que aplicar
testes a fim de verificar a veracidade e qualidade destes.
A seguir, apontam-se os procedimentos técnicos básicos que o auditor
deve levar em consideração quando da aplicação dos testes de observância e
substantivos, segundo a NBC T 11:
11.2.6.2 [...]
22 inspeção – exame de registros, documentos e de ativos tangíveis;
22 observação – acompanhamento de processo ou procedimento
quando de sua execução;
22 investigação e confirmação – obtenção de informações junto a
pessoas ou entidades conhecedoras da transação, dentro ou fora
da entidade;

– 46 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

22 cálculo – conferência da exatidão aritmética de documentos compro-


batórios, registros e demonstrações contábeis e outras circunstâncias; e
22 revisão analítica – verificação do comportamento de valores signi-
ficativos, mediante índices, quocientes, quantidades absolutas ou
outros meios, com vistas à identificação de situação ou tendências
atípicas.
11.2.6.3 – Na aplicação dos testes de observância, o auditor deve veri-
ficar a existência, efetividade e continuidade dos controles internos.
11.2.6.4 – Na aplicação dos testes substantivos, o auditor deve obje-
tivar as seguintes conclusões:
22 existência – se o componente patrimonial existe em certa data;
22 direitos e obrigações – se efetivamente existentes em certa data;
22 ocorrência – se a transação de fato ocorreu;
22 abrangência – se todas as transações estão registradas; e
22 mensuração, apresentação e divulgação – se os itens estão ava-
liados, divulgados, classificados e descritos de acordo com
os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade.
[...] a auditoria faz seu trabalho através de testes e raramente executa
exames integrais. Quando a seleção de testes recomendar o exame
de lançamentos contábeis, o auditor não se deve satisfazer com a
simples verificação do lançamento, mas deve ir além, examinando
detidamente o documento que justifica, ou deu origem, ao lança-
mento. Com a devida atenção, o auditor verificará se o documento é
legítimo e autêntico; se se refere realmente à operação escriturada; se
essa operação corresponde aos objetivos da empresa; se o documento
está corretamente preenchido, inclusive quanto a datas, destinatários,
cálculos e outros dados intrínsecos. Verificará se o lançamento tem
a correspondente contrapartida e se esta é adequada. (FRANCO;
MARRA, 1991, p. 235)

Quanto à obtenção das informações necessárias à auditoria, observa-se


que as fontes externas tendem a fornecer informações mais confiáveis do que
as obtidas na entidade auditada.
De qualquer forma deve-se buscar informações sobre a empresa através
de fontes internas e externas, entrevistando pessoas que conheçam as ativi-
dades da empresa auditada, a fim de se compreender o funcionamento dos

– 47 –
Auditoria e Perícia Contábil

processos descritos nos manuais da empresa. As fontes a serem pesquisadas


internamente podem ser desde empregados operacionais até os gestores da
empresa. Já as fontes externas podem ser clientes, fornecedores, bancos etc.
O nome utilizado no processo de investigação e confirmação das informações
externas é circularização.
A circularização é o procedimento técnico através do qual se expede
cartas dirigidas a pessoas ou empresas que conheçam as atividades da empresa
que está sendo auditada. Essa correspondência tem a finalidade de confirmar
ou não ao auditor a situação pesquisada, em resumo é a confirmação formal,
por terceiros não ligados a auditada, de fatos gerados na empresa. A informa-
ção proveniente dessa fonte provavelmente será mais confiável, pois é isenta
de qualquer interesse ou protecionismo.

3.3.2 Pedido de confirmação


O pedido de confirmação é uma forma de o auditor validar as informa-
ções obtidas da auditada. Pode ser dividido em positivo ou negativo.
O pedido de confirmação positivo ocorre quando o auditor pede a tercei-
ros que respondam à solicitação confirmando ou não a informação enviada.
O pedido de confirmação pode ser branco ou preto.
22 branco – quando os valores e os saldos a serem confirmados não são
indicados na solicitação;
22 preto – quando são indicados os valores e os saldos, em determi-
nada data, a serem confirmados na solicitação.
Já no pedido de confirmação negativo, entende-se que não havendo res-
posta por parte da pessoa a quem a confirmação foi solicitada, houve concor-
dância em relação aos valores e saldos pesquisados. Esse procedimento é mais
usado como complemento do pedido positivo.
É aconselhável que essas solicitações sejam enviadas por carta registrada
para garantir a confirmação do recebimento.
Finalmente, o auditor deve proceder à revisão analítica considerando o
grau de confiabilidade dos resultados alcançados, o objetivo dos procedimentos

– 48 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

e, caso não obtenha informações objetivas suficientes para dirimir as questões


suscitadas, deve efetuar verificações adicionais, até serem suficientes.

3.4 Tempo estimado, referência


e indicação dos exames
O tempo estimado é a indicação do tempo necessário para a execução
dos procedimentos de auditoria, devendo-se levar em consideração a comple-
xidade do trabalho, bem como a experiência profissional do auditor. A previ-
são, dentro do possível, não deve ser ultrapassada e, para isso, deve o auditor
fazer previamente os levantamentos analíticos sobre a empresa, os controles
internos e o sistema contábil.
Exames e testes devem ser planejados para serem executados inicial-
mente em áreas problemáticas. O julgamento profissional é essen-
cial para assegurar que o tempo necessário e atenção apropriada
sejam devotados aos assuntos mais importantes, e para minimizar o
tempo nas áreas comuns ou itens normalmente usuais na auditoria.
Na determinação de áreas prioritárias, a ênfase e o tempo devem ser
baseados no conceito de relevância e nos riscos em que se fundamenta
o conceito auditorial. (FRANCO; MARRA, 1991, p. 239)

Ao formular a proposta de trabalho, segundo a NBC T 11.4,


11.4.4.9 [...] o auditor independente deve apresentar uma estimativa
de honorários e horas ao cliente – conforme determinam as Normas
Profissionais de Auditoria Independente –, na qual prevê o cumpri-
mento de todas as etapas do trabalho a ser realizado. No planeja-
mento devem constar as horas distribuídas entre as várias etapas do
trabalho e entre os integrantes da equipe técnica se houver.

A referência ou REF. serve para indicar o papel de trabalho, devidamente


codificado, em que o procedimento de auditoria foi realizado, auxiliando e
facilitando a localização do serviço desenvolvido pelo profissional.
Já a indicação dos exames é utilizada para indicar de que forma o pro-
cedimento de auditoria foi executado. Essa indicação é feita através de notas

– 49 –
Auditoria e Perícia Contábil

explicativas, letras explicativas1, ou ainda em tiques explicativos2, podendo


também ser feito através de simples referências cruzadas.

3.4.1 Revisões e atualizações no planejamento


e nos programas de auditoria
Tanto a supervisão quanto a revisão devem ser planejadas para moni-
torarem desde a etapa inicial dos trabalhos, abrangendo o próprio planeja-
mento, até o término do trabalho contratado com a empresa, com o intuito
de minimizar os riscos de auditoria.
A auditoria é um trabalho complexo, que envolve a aplicação de varia-
dos e sofisticados procedimentos para sua consecução. Em decorrên-
cia dessa complexidade e sofisticação, é inevitável que em todos os
trabalhos de auditoria haja um grau de risco de que erros ou irregula-
ridades existentes nos registros e nas demonstrações contábeis possam
não ser detectados durante o procedimento auditorial. (FRANCO;
MARRA, 1991, p. 248)

Com essa colocação, finalmente pode-se concluir que o planejamento


e os programas de auditoria devem ser revisados permanentemente, como
forma de o auditor independente avaliar se houve algum erro ou irregula-
ridade ou mesmo avaliar as modificações nas circunstâncias e os seus refle-
xos na extensão, oportunidade e natureza dos procedimentos de auditoria a
serem aplicados. Principalmente quando algum evento importante ocorreu
ou quando há movimentação de grandes valores.
Quando houver atualizações no planejamento e nos programas de
auditoria, essas alterações têm de ser documentadas nos papéis de traba-
lho correspondentes, devendo ficar evidenciados, também, os motivos das
modificações a que se procedeu.
1 Letras explicativas: utilizadas com o emprego de letra minúscula, tem como objetivo iden-
tificar algo mais que mera conferência documental, correspondem ao exame realizado pelo
auditor, precisando de uma explicação adicional ao exame efetuado.
2 Tiques explicativos: sinais próprios que o auditor utiliza para indicar o exame realizado.
Normalmente são empregados para evidenciar a fonte de obtenção ou conferência de um valor.
Esse artifício procura economizar tempo e espaço, bem como extinguir a necessidade de repetir
explicações e facilitar a revisão dos papéis de trabalho.

– 50 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

Ampliando seus conhecimentos

Planejamento das atividades de audito-


ria interna nas universidades federais
brasileiras: apresentação do embasa-
mento normativo
(NETO; CRUZ; VIEIRA; 2008, p. 34-35)

Planejamento é o “trabalho de preparação para qualquer


empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados;
planificação”, representando o “processo que leva ao esta-
belecimento de um conjunto coordenado de ações (pelo
governo, pela direção de uma empresa, etc.) visando à con-
secução de determinados objetivos” (FERREIRA, 2004).
No âmbito estatal brasileiro, o planejamento estratégico e
operacional dos entes públicos é formalizado por meio de
instrumentos legais previstos na Constituição Federal de
1988, conhecidos como: Plano Plurianual; Lei de Diretrizes
Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual (arts. 165 a 169).
Todavia, o planejamento enfocado neste artigo é o desen-
volvido pelas unidades de auditoria interna, visando a conse-
cução de suas finalidades e o cumprimento de suas compe-
tências regimentais, não se confundindo com o planejamento
orçamentário estatal, embora dependente dele. Segundo
Attie (1992), a área de auditoria deve executar três tipos de
planejamento, assim explicados pelo autor (1992, p.73):
Planejamento de longo prazo – que cubra períodos de
um a três anos e constitui-se num instrumento administra-
tivo de conteúdo genérico, utilizado como orientador de
áreas a serem cobertas e como suporte para elaboração
orçamentária, de padrões, de controles etc. Plano anual

– 51 –
Auditoria e Perícia Contábil

– cuja elaboração seja feita com base no plano a longo


prazo e desenvolvido com detalhes operacionais, em
função do número de dias disponíveis para a realização
de exames específicos; o total disponível de dias/auditor,
dividido entre as atividades planejadas e não planejadas.
Os dias não planejados constituem uma reserva para
eventualidade, como exames especiais, solicitações da
diretoria, treinamento etc. Programas de auditoria – que
é a versão analítica do plano anual desenhado por tare-
fa-exame. Dele devem constar todos os passos a serem
seguidos, dentro de um cronograma operacional.
As Normas Usuais de Auditoria, definidas pelo The Institute
of Internal Auditor, INC (Attie, 1992, p.66), quando tratam
do “âmbito de trabalho”, estabelecem que “o auditor interno
precisa planejar toda a auditoria, documentando todo seu
estudo”, que consiste, entre outros aspectos em estabelecer
os objetivos da auditoria, obter informações básicas, determi-
nar os recursos necessários, elaborar um programa de audito-
ria, determinar a forma de comunicação dos resultados e obter
aprovação para o plano de trabalho.
Por outro lado, o Conselho Federal de Contabilidade obriga
seus filiados a seguirem as resoluções inerentes ao planeja-
mento de auditoria. Assim, quando os auditores são também
formados em contabilidade de nível superior, há este comple-
mento como necessidade legal.

Atividades
1. A atividade de auditoria desenvolve-se em etapas. Descreva quais são
essas etapas, seu desenvolvimento e objetivos.

– 52 –
Etapas da auditoria e exame dos registros

2. A auditoria poderá apresentar-se de diversas formas, sendo que cada


uma delas tem características próprias que poderão ser classificadas
conforme o quê?

3. Aponte os procedimentos técnicos que o auditor deve levar em consi-


deração quando da aplicação dos testes de observância e substantivos.

– 53 –
4
Provas em auditoria e
parecer dos auditores

Rodrigo Otávio das Chagas Lima

A aplicação dos procedimentos de auditoria1 deve ser reali-


zada em razão da complexidade e volume das operações, por meio
de provas seletivas, testes e amostragens. Todavia, cabe ao auditor,
com base na análise de riscos de auditoria e outros elementos de que
dispuser, determinar a amplitude dos exames necessários à obtenção
dos elementos de convicção que sejam válidos para o todo.
1 Conjunto de técnicas que permitem ao auditor obter evidências ou provas sufici-
entes e adequadas para fundamentar sua opinião sobre as demonstrações contábeis
auditadas, abrangendo testes de observância e testes substantivos.
Auditoria e Perícia Contábil

4.1 Oportunidades, extensão dos


trabalhos, evidências e informações
Os procedimentos de auditoria são as ferramentas técnicas, das quais o
auditor se utiliza para realizar seu trabalho considerando-se a oportunidade,
extensão, evidências e informações que julgue necessário para poder emitir
sua opinião técnica.

4.1.1 Oportunidade
A fixação da época mais apropriada para aplicação e realização dos pro-
cedimentos de auditoria fará com que esses procedimentos tragam maior ou
menor benefício em decorrência de serem aplicados no momento mais opor-
tuno. Diante disso, um procedimento não deve ser tardiamente ou antecipa-
damente realizado sob pena de não gerar valor para a auditoria.
Um exemplo de aplicação tardia de auditoria é aquele que ocorre após
um fato já ter sido corrigido quando da aplicação do procedimento e assim
perde-se a oportunidade de utilizá-lo como prova.
A aplicação oportuna do procedimento está associada à sensibilidade e
perspicácia do auditor.

4.1.2 Extensão dos trabalhos


Os procedimentos de auditoria a serem aplicados por meio de provas
seletivas, testes e amostragem irão variar conforme o volume das operações,
transações realizadas pela empresa e complexidade dos processos internos.
Assim, caberá ao auditor determinar o número e a profundidade de operações
a serem examinadas, de forma a obter elementos de convicção.
A quantidade e extensão dos trabalhos requeridos para fundamentar a
opinião do auditor são questões que ele mesmo irá determinar no desen-
volvimento da atividade após um estudo meticuloso do caso a ser auditado.
Entretanto, não há uma receita pronta para mensurar a extensão e profundi-
dade dos trabalhos, isso irá variar caso a caso.

– 56 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

Deve-se enfatizar que o grau de extensão dos testes pode ser maior para
alguns itens e menor para outros conforme a importância destes.

4.1.3 Evidências e informações


As evidências e informações formam a base na qual o auditor irá se
apoiar para formar seu convencimento sobre a afirmação pesquisada.
No entanto, o auditor deve ter alguns cuidados e não se permitir chegar
a conclusões precipitadas, seja por falta de provas sólidas ou interferência de
opiniões divergentes. O auditor precisa, portanto, que cada prova obtida seja
pesada e os pontos de vista analisados pelo auditor, levando em consideração
a objetividade, importância, validade e confiabilidade destas, dessa forma, as
dificuldades ou custos não devem ser impeditivos para obtenção das provas.

4.2 Provas em auditoria


A atividade de auditoria é desenvolvida por meio da aplicação de ferra-
mentas de trabalho com o objetivo de formar uma opinião baseada em fatos,
evidências e informações materiais possíveis e necessárias.
Cabe ao auditor identificar e atestar a validade das afirmações, aplicando
os procedimentos adequados a cada caso, até a obtenção de provas materiais
que comprovem a afirmação auditada.

4.2.1 Achados de auditoria


Com a aplicação dos procedimentos de auditoria pelo auditor, é possível
obter as provas necessárias para avaliar se os critérios estabelecidos estão sendo
ou não realizados. Em suma, os achados de auditoria são fatos resultantes dos
programas de auditoria com valor para o juízo do auditor na elaboração de
sua opinião.
Os achados de auditoria devem apresentar alguns requisitos para terem
valor na auditoria, entre eles pode-se citar a relevância do fato, pela qual
entende-se que não é qualquer fato empresarial que interessa ao auditor,
mas somente aqueles que se relacionam com o item ou objeto auditado.

– 57 –
Auditoria e Perícia Contábil

Outro ponto a ser considerado é que os achados de auditoria devem constar


nos papéis de trabalho a fim de dar respaldo à opinião do auditor, ampa-
rando as conclusões e recomendações feitas por ele. Os achados de audi-
toria devem ser objetivos, versar sobre um determinado item específico e,
finalmente, precisam ser convincentes aos interessados.

4.2.2 A obtenção das provas


Em auditoria a busca de provas tem duplo papel, por um lado tem o
objetivo de validar ou não as asserções, isto é, as afirmações ou argumentações
contidas nas demonstrações financeiras, conduzindo, assim, ao objetivo final
dos trabalhos de uma auditoria, que é a emissão de uma opinião técnica por
parte do auditor. Por outro lado, as provas têm o objetivo de salvaguardar os
trabalhos realizados pelo auditor, servindo de fundamento na construção da
opinião emitida no parecer, que apenas é possível a partir das provas recolhi-
das no decurso dos trabalhos.
Portanto, o recolhimento de provas não é um fim em si mesmo, mas
um fio condutor das atividades do auditor. Dessa forma, pode-se afirmar que
sem as provas o trabalho desenvolvido na auditoria torna-se supérfluo e sem
fundamento concreto, e a opinião formulada sobre o objeto da auditoria nada
mais é do que divagações vazias e duvidosas.
É imperativo que o recolhimento e avaliação das provas seja impessoal
e independente, agindo o auditor de forma criteriosa e inquestionável, isenta
de qualquer vício.

4.2.3 Evidências de auditoria


O termo prova, em auditoria, refere-se prioritariamente ao termo evidên-
cias, uma vez que se entende como prova tudo que indica veracidade de uma
afirmação ou a realidade de um fato. Assim, a prova indica maior precisão
material ou existência física de uma coisa, já que evidencia em sentido lato
uma ideia de abstração.
Desse modo, o conjunto dos fatos comprovados chama-se evidência de
auditoria, que são provas suficientes, competentes e pertinentes ao objeto

– 58 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

auditado. As evidências de auditoria são provas mais consistentes que os acha-


dos de auditoria, de acordo com as seguintes características:
22 Suficiência – a evidência de auditoria deve ser convincente não ape-
nas para o auditor, mas a todos os interessados permitindo-lhes que
cheguem à mesma conclusão a que o auditor chegou.
22 Validade – as evidências de auditoria devem dar suporte e credibi-
lidade à conclusão do auditor.
22 Relevância – precisam ter importância e valor na formação do juízo
do auditor.
22 Objetividade – devem apresentar relação direta com o objetivo
da auditoria.
Conforme os procedimentos que originaram as evidências de auditoria
pode-se classificá-las em:
22 Evidência física – obtida através da inspeção física ou observação direta
de bens, transações, pessoas, processos. Apresentada sob a forma de
amostras físicas, fotografias, mapas, memorial descritivo etc.
22 Evidência documental – obtida pela verificação de contratos, notas
fiscais, recibos, títulos a receber, cartas e demais documentos, bem
como através dos inquéritos, que são informações recebidas de pes-
soas de dentro e de fora da empresa por meio de declarações.
22 Evidência testemunhal – tipo de evidência obtida com a aplicação
de entrevistas e questionários.
22 Evidência analítica – conferência de cálculos, análise e comparação
de dados.

4.3 Exame físico – documentos e escrituração


A verificação in loco é o exame físico que irá proporcionar ao auditor o
convencimento da existência física do objeto ou item examinado. O auditor
deve, ao realizar o exame físico, apontar algumas características:

– 59 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Identificação – consiste em, por meio do exame visual, comprovar


o item específico a ser analisado;
22 Existência física – comprovar, através do exame visual, que o objeto
ou item existe;
22 Autenticidade – confirmar que o item ou objeto examinado
é fidedigno;
22 Quantidade – comprovar as quantidades reais existentes fisicamente;
22 Qualidade – demonstrar que o objeto examinado visualmente per-
manece em uso ou não está deteriorado.
O principal procedimento de auditoria de exame físico é a contagem,
que pode ser de caixa, estoque, ativos, investimentos etc.

4.4 Inquérito
Um dos grandes procedimentos de auditoria é a formulação de pergun-
tas e obtenção de respostas satisfatórias que constituem o inquérito. Este pode
ser utilizado em declarações formais, conversações normais ou sem compro-
misso, embora o auditor deva checar a veracidade das respostas obtidas.
A função e o principal objetivo do inquérito é obter informações necessá-
rias para a auditoria, contribuindo para formar o juízo do auditor. O inquérito
poderá versar sobre diversos assuntos, tais como aumento das vendas, posição
dos investimentos, sobre processos operacionais, devedores etc.

4.5 Parecer dos auditores


O objetivo final da auditoria é expressar a opinião técnica do auditor
sobre o objeto ou item auditado. Assim, o parecer da auditoria é o coroa-
mento do trabalho, isto é, o instrumento pelo qual o auditor irá relatar e
expressar sua opinião, em observância às normas de auditoria.
Segundo a Resolução CFC 820/97:

– 60 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

11.3.1.1 – O “Parecer dos Auditores Independentes”, ou “Parecer do


Auditor Independente”, é o documento mediante o qual o auditor
expressa sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as demonstra-
ções contábeis nele indicadas.

Os tipos de relatórios variam em amplitude, forma e conteúdo, de


acordo com a natureza do exame executado, do alcance dos procedimentos
aplicados e dos fins a que se destinam.
O parecer da auditoria normalmente contém três parágrafos. O primeiro
determina e referencia o propósito de trabalho do auditor e a responsabilidade
por ele assumida diante da empresa. Já no segundo devem constar a abrangên-
cia do trabalho de auditoria e a forma pela qual o trabalho foi direcionado. E,
finalmente, no terceiro parágrafo se expressará a opinião do auditor sobre a
auditoria realizada. Todavia, poderá ser incluído mais parágrafos que o audi-
tor considere necessários, nos quais irá tecer comentários e referências a notas
explicativas, possíveis divergências ou discordâncias em relação aos processos, às
demonstrações financeiras ou mesmo ao trabalho realizado.
Com fundamento na Resolução 820/97 item 11.3.1.9, o parecer classi-
fica-se, segundo a natureza da opinião que contém, em:
22 parecer sem ressalva – o parecer sem ressalva indica que o auditor
está convencido de que as demonstrações contábeis foram elabora-
das consoantes às normas contábeis vigentes, em todos os aspectos
relevantes. O parecer sem ressalva implica a afirmação de que, tendo
havido alterações na observância, elas tiveram seus efeitos avaliados
e aceitos e estão devidamente revelados nas demonstrações contá-
beis. O auditor não deve emitir parecer sem ressalva quando existir
discordância com a administração da empresa a respeito do con-
teúdo e/ou forma de apresentação das demonstrações contábeis ou
limitação na extensão do seu trabalho que, em sua opinião, tenham
efeitos relevantes para as demonstrações contábeis.
22 parecer com ressalvas – o parecer com ressalva é emitido quando o
auditor conclui que o efeito de qualquer discordância ou restrição
na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que requeira
parecer adverso ou com abstenção de opinião. O parecer com

– 61 –
Auditoria e Perícia Contábil

ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva, com a


utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou “com
exceção de”, referindo-se aos efeitos do assunto objeto da ressalva.
22 parecer adverso – no parecer adverso, o auditor emite opinião de
que as demonstrações contábeis não estão adequadamente repre-
sentadas nas datas e períodos indicados, de acordo com as normas
de contabilidade. O auditor deve emitir parecer adverso quando
verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas ou incom-
pletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer
com ressalva.
22 parecer com abstenção de opinião – o parecer com a abstenção
de opinião é aquele em que o auditor deixa de emitir opinião
sobre as demonstrações contábeis, por não ter obtido compro-
vação suficiente para fundamentá-la. A abstenção de opinião em
relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto não
elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no pare-
cer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do
usuário dessas demonstrações.

4.5.1 Incerteza
A incerteza ocorre quando se tem dúvidas em relação a algum fato rele-
vante que poderá afetar significativamente a posição patrimonial da empresa.
O auditor deve adicionar um parágrafo de ênfase em seu parecer, após o
parágrafo de opinião, fazendo referência à nota explicativa da administração,
que deve descrever, de forma mais extensa, a natureza e, quando possível, o
efeito da incerteza.
Na hipótese do emprego de parágrafo de ênfase, o parecer permanece
na condição de parecer sem ressalva. Se o auditor concluir que a matéria
envolvendo incerteza relevante não está adequadamente divulgada nas

– 62 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

demonstrações contábeis, de acordo com as normas contábeis vigentes, o


seu parecer deve conter ressalva ou opinião adversa, pela omissão ou inade-
quação da divulgação.

4.5.2 Outros assuntos relacionados


ao parecer de auditoria
Existem pontos que o auditor deve observar quando da emissão do
seu parecer, tais como se há demonstrações financeiras de investimentos em
empresas controladas e ou coligadas auditadas por diferentes auditores; se as
demonstrações financeiras são ou não condensadas, caso sejam, ele deve audi-
tar as demonstrações originais antes de expressar sua opinião sobre a demons-
tração condensada.
Outro tema pertinente é referente ao parecer parcial2. Em situações em
que se exige parecer com abstenção ou parecer adverso sobre a adequação
das demonstrações financeiras tomadas em conjunto, desde que observado
o limite do exame do auditor e que as descobertas deles decorrentes justi-
fiquem, o auditor pode emitir um parecer parcial a respeito de pontos que
sejam coerentes.

4.6 Do planejamento à emissão


da opinião técnica
A seguir é apresentado um esquema geral que contempla as fases da
auditoria, desde o planejamento até a emissão do parecer pelo auditor.
O esquema inclui as fases de testes e demais procedimentos utilizados para a
coleta de provas que embasem a emissão de sua opinião.

2 Parecer parcial: situação em que o auditor profere um parecer somente sobre os pontos em
que não há dúvidas.

– 63 –
Auditoria e Perícia Contábil

Figura 1 – Fluxo das atividades de auditoria.


Planejamento

Apreciação crítica Julgamento

Sistema de contabilidade e Fatores internos e externos que


Fatos significativos
controles internos influenciam a empresa

Conhecimento da Análise do risco de mate-


empresa e do negócio rialidade

Natureza dos Extensão dos Profundidade Oportunidade


procedimentos procedimentos dos procedimentos dos procedimentos

Teste de observância Testes substantivos


aos controles internos dos procedimentos

Procedimentos gerais para obtenção de provas

Inspeção de registros Inspeção Observação, Inquérito, Revisão


e documentos física recálculos investigação, analítica
confirmação

Satisfação quanto à evidência

Opinião técnica – parecer

Fonte: Elaborada pelo autor.

Conclusão
Observa-se que no Brasil e em outras nações, a obrigatoriedade da
auditoria independente é uma prática constante e salutar. Esse processo per-
mite transparência e responsabilidade na gestão empresarial, solidificando

– 64 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

as relações entre governo, investidores e empresa, fomentando o desenvol-


vimento sustentável e harmônico entre os agentes econômicos e segurança à
sociedade.
A prática da ciência da auditoria é um processo em constante evolução,
exigindo de seus operadores dedicação e constante aperfeiçoamento, a fim de
manter-se atualizados em relação às mudanças exigidas pelo mercado.
Conclui-se que essa parceria e respeito cultivados entre empresários e
auditores têm criado uma sinergia capaz de elevar tanto o conceito da audito-
ria como o das empresas que são auditadas.
Em condições normais, a atividade do auditor de aplicar os procedimen-
tos técnicos de auditoria, a fim de formar um juízo e ao final expressar sua
opinião através do parecer da auditoria, será dirigida aos acionistas, cotistas ou
sócios, ao conselho de administração ou à diretoria da empresa, ou outro órgão
equivalente, segundo a natureza deste. Em circunstâncias próprias, o parecer é
dirigido ao contratante dos serviços. Dessa forma, esse relato deve ser escrito de
uma forma clara que possa ser compreendido por todos esses agentes.

Ampliando seus conhecimentos

Pareceres de auditoria: um estudo das


ressalvas e parágrafos de ênfase cons-
tantes nas demonstrações contábeis das
companhias abertas brasileiras
(DAMASCENA; PAULO, 2013, p. 106-108)

As diversas entidades reguladoras, como CFC, CVM e


Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon),
dentro de suas atribuições legais, buscam a melhoria da qua-
lidade da auditoria e, quando necessário, emitem pronuncia-
mentos, resoluções, deliberações, entre outros, no intuito de
aperfeiçoar os trabalhos da auditoria independente, inclusive
no que se refere à uniformização dos pareceres de auditoria.

– 65 –
Auditoria e Perícia Contábil

Nesse sentido, o conjunto de normas brasileiras sobre audi-


toria sofreu mudanças diante do processo de convergência
das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões interna-
cionais emitidas pela International Federation of Accountants
(IFAC). A partir de 1º de janeiro de 2010, as normas CFC
que regulam os procedimentos de auditoria independente
sobre as demonstrações contábeis passam a ser representa-
das pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de
Auditoria (NBC TAs).
Entretanto, conforme a Resolução CFC n. 1.279/10, não foi
exigida a adoção das NBC TAs para as auditorias de demons-
trações contábeis para períodos, completos ou intermediários,
que se findaram antes de 30 de dezembro de 2010 aplicando-
-se, portanto, o conjunto de normas anteriormente vigentes.
Nesse sentido, até o final de 2009 apenas a Norma Brasileira
de Contabilidade Técnica 11 (NBC T 11) normatizava esse
campo de atuação do auditor independente.
Essa convergência trouxe mudanças nos termos técnicos
anteriormente empregados pela auditoria. Por exemplo, o
produto final do trabalho da auditoria anteriormente cha-
mado de parecer de auditoria agora é denominado relatório
do auditor independente sobre as demonstrações contá-
beis. Este documento expressando a opinião do auditor,
antes classificado em quatro tipos, agora é alocado em dois
grupos, podendo ser não modificada (anteriormente conhe-
cida como parecer sem ressalva) ou modificada (compreen-
dendo o parecer com ressalva, parecer adverso e parecer
com abstenção de opinião).
Outro ponto novo refere-se, segundo Longo (2011), ao
fato de que as normas de auditoria no Brasil não requeriam
que a materialidade fosse evidenciada de forma quantitativa,
sendo tratada exclusivamente como item de julgamento pro-
fissional. Face a essas mudanças e na ocasião temporal de
realização desta pesquisa, optou-se por abordar, sempre

– 66 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

que oportuno, as atuais normas de auditoria (NBC TAs)


com o intuito de apresentar algumas das principais mudanças
trazidas pela convergência das normas locais emitidas pelo
CFC às normas internacionais.
Ressalta-se que a utilização da NBC T 11 e das NBC TAs
adotadas neste estudo não prejudicarão a compreensão, a
construção e a interpretação dos resultados obtidos, uma vez
que as mudanças trazidas pelas novas normas, considerando
apenas o escopo desta pesquisa, seguem a essência do enten-
dimento que já havia ante à sua adoção, pois as alterações se
concentram principalmente no que se refere a termos técnicos
de auditoria.
Embora a NBC T 11 prevaleça na construção do entendimento
teórico e prático desta pesquisa, considera-se indispensável o
conhecimento da nova regulação também estabelecida pelo
CFC aos auditores independentes, por meio das NBC TAs.
As normas NBC T 11 e NBC TAs possuem algumas dife-
renças no que se refere a classificação quanto ao parecer ou,
simplesmente, opinião da auditoria.
[...] Dependendo do tipo de parecer modificado (com res-
salva, abstenção de opinião ou adverso) ou pela inclusão de
parágrafos de ênfase, pode ocorrer alteração no número de
parágrafos. O parecer pode ter ressalvas no que se refere à
consistência dos métodos contábeis, ao âmbito do processo
de exame da auditoria ou à incerteza associada com as grandes
contingências não resolvidas (SUNDER, 1997).
[...]

Atividades
1. O que se entende por oportunidade em auditoria e como se pode
exemplificar a aplicação inadequada desse procedimento?

– 67 –
Auditoria e Perícia Contábil

2. Os achados de auditoria devem apresentar alguns requisitos para te-


rem valor na auditoria. Cite-os, explicando-os brevemente.

3. Em auditoria, a busca de provas tem qual objetivo?

– 68 –
5
Princípios da ética
profissional e a
responsabilidade do auditor
Rodrigo Otávio das Chagas Lima

Introdução
Muito se tem discutido a respeito de ética na atividade profis-
sional, porém esse tema fica, muitas vezes, apenas na retórica, sendo
utilizado como foco de discursos e teses, passando longe de ser efeti-
vamente objeto de preocupação de alguns profissionais na condução
de suas atividades técnicas. No entanto, fica cada vez mais latente a
necessidade de se observar esse atributo com o propósito de evitar
prejuízos sociais e econômicos.
A origem da palavra ética provém da palavra grega ethos, que
significa “caráter”. Dessa forma, a ética está relacionada a questões
que tratam da interação entre pessoas, nas atividades profissionais
ou extra-profissionais.
Auditoria e Perícia Contábil

Apesar de todas as atividades profissionais deverem ser executadas com


compromisso ético e competência técnica, a atividade desenvolvida pelo pro-
fissional de auditoria, sobretudo, deve ser desempenhada de forma inquestio-
nável, pautada nos mais rígidos princípios éticos, pois sua opinião irá influen-
ciar a decisão de inúmeras pessoas.
A sociedade vem exigindo dos profissionais novas responsabilidades no
desempenho de suas funções. Essas responsabilidades profissionais se refletem
na esfera criminal, fiscal e civil.
O profissional da auditoria, como os demais profissionais, responde
pelos seus atos e pelas consequências danosas que porventura causar. Sendo
que, nesse caso, a responsabilidade civil é subjetiva, ou seja, o auditor res-
ponderá pelos danos que causar a outrem, via ato ilícito, agindo com ou
sem dolo.
Práticas de corrupção ou dissimulação dos negócios têm sido noticiadas
envolvendo, inclusive, empresas de auditoria. A partir das repercussões desses
casos compreende-se a importância da idoneidade e da ética que devem pau-
tar a profissão de auditor. Assim, esse profissional deve manter-se acima dos
ânimos exaltados, sabendo lidar com os problemas, permanecendo limpo e
independente, com uma conduta inquestionável, a fim de transmitir a ver-
dadeira essência da profissão.
Corroborando o exposto, é opinião de Franco e Marra (1992, p. 86) que
o auditor tem uma função de relevância, em face de sua atuação na
defesa de interesses coletivos e como defensores de equidade e justiça,
na apuração de corretas prestações de contas. Daí a necessidade de
conquistar confiança e respeitabilidade, que deve resguardar e manter,
a qualquer preço.

A opinião técnica do auditor deve obedecer a critérios técnicos e éticos,


apoiando-se na verdade científica que os documentos, evidências e as provas
lhe oferecerem.
O auditor deve estar amparado e fundamentado em sólida documenta-
ção apresentada nos papéis de auditoria a fim de demonstrar e justificar seu
parecer, dada a responsabilidade civil que assume, pelas consequências que
seus atos possam causar.

– 70 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

5.1 Moral e ética


Moral e ética não são sinônimos, são conceitos diferentes, a moral é um
conjunto de normas compulsórias, a ética um conjunto de valores.
A moral está relacionada com o conjunto de normas de caráter obrigató-
rio, que regem o comportamento do homem na sociedade em que está inse-
rido. Essas normas são aprendidas por meio da educação, tradição, cotidiano
ou mesmo pelos costumes, sendo algo anterior à sociedade da maneira como
a conhecemos.
Já a palavra ética pode ser definida como um conjunto de valores que
orientam o comportamento do homem em sociedade, de modo a assegurar
o bem estar social.
Além das qualificações de cunho intelectual, técnico e legal, vinculadas
à formação profissional do auditor, é imprescindível que este tenha como
requisito prioritário da sua atividade condições morais e de ética profissional
inquestionáveis.
Contudo, é preciso pautar todas as nossas ações na moral e na ética,
independente da atividade que estejamos desempenhando, sejam sociais
ou profissionais.

5.1.1 Código de ética profissional do auditor


O conceito de ética profissional é definido como um conjunto de valores
que devem ser observados e servem de orientação à atividade dos profissionais
de uma determinada profissão.
A ética profissional é de grande valia em todas as profissões, notada-
mente na de auditor, que tem em suas mãos grande responsabilidade, pois
mediante seu serviço é possível conhecer irregularidades, erros, falhas dentro
do grupo de empresas, conhecendo o responsável hierárquico e executores das
rotinas que originam essas informações (CREPALDI, 2002, p. 65).
Todo profissional, incluindo o auditor, ao desenvolver sua atividade
profissional tem toda liberdade para executar a contento seu trabalho, mas
isso não o isenta de guardar uma postura profissional ética e seguir normas
padronizadas de conduta.

– 71 –
Auditoria e Perícia Contábil

Essas normas de conduta são verificadas no Código de Ética Profissional


do Contabilista e nos Princípios da Ética Profissional editado pelo Instituto
dos Auditores Independentes (hoje Ibracon), que estabelecem as normas éti-
cas a serem observadas pelos profissionais de auditoria. O auditor tem res-
ponsabilidade ética na condução da sua profissão, cujas normas devem ser
seguidas sob pena de sanções, além de responder civilmente pelos danos que
advirem da execução incorreta, intencional ou não, de suas atividades.
É corrente entre os meios empresariais o pensamento de que de todas as
profissões, a de auditor é aquela que está mais vulnerável a compor os esque-
mas de corrupção e simulação de negócios, já que seu trabalho está ligado
intimamente à verificação da contabilidade e dos registros de valores e apura-
ção de resultados que indicam montantes, entre outros processos. Manter-se
íntegro com equilíbrio e idoneidade, em qualquer circunstância, é fruto de
uma conduta ética adotada pelo profissional.
“O auditor deve colocar sua honorabilidade profissional acima de quais-
quer interesses pessoais e os da coletividade acima dos interesses de grupos”
(FRANCO; MARRA, 1992, p.147).

5.1.1.1 Respeito ao código de ética


A observação e o respeito ao código de ética com certeza é uma das mais
importantes condições inerentes à ética profissional, pois é a base fundamen-
tal do processo de construção e fortalecimento desta.
O código de ética profissional irá normatizar os objetivos, direitos, deve-
res, responsabilidades e penalidades referentes à dada atividade profissional.
É compreensível que não será somente através do código de ética profissional
que se irá conseguir abranger todas as questões que possam vir a ocorrer no
decurso das atividades e no exercício da profissão do auditor. Porém, esse
código tem como objetivo ser um fio condutor das ações dos profissionais a
fim de orientar sua atuação, evitando comportamentos fora dos padrões éti-
cos, sob pena de aplicação de sanções de caráter punitivo, contribuindo assim
para uma conduta profissional mais austera.
A profissão de auditor ainda não possui um código de ética próprio,
assim, existem basicamente duas fontes que orientam a postura ética do audi-
tor: a primeira delas é o código de ética do contabilista, estabelecido pelo

– 72 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução 290/70 e


posteriormente atualizada pela Resolução CFC 803/96, a que o auditor se
sujeita por ser contador. E os princípios da ética profissional editados pelo
Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon).
O código de ética aponta como devem ser exercidas as atividades do
auditor, com o objetivo de promover o bem estar social e empresarial diante
de um conjunto de valores e respeito mútuo, sob pena de aplicação de sanções
e penalidades aos auditores que infringirem essas normas.
A seguir apresentamos o artigo 5.º da Resolução CFC 803/96, que versa
sobre os deveres e proibições aplicáveis ao auditor:
Art. 5.º O Contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou
árbitro, deverá:
I. recusar sua indicação quando reconheça não se achar capaci-
tado em face da especialização requerida;
II. abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que
constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência
moral e técnica na elaboração do respectivo laudo;
III. abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua con-
vicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interes-
sadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo
seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos;
IV. considerar com imparcialidade o pensamento exposto em
laudo submetido a sua apreciação;
V. mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em
condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu
trabalho, respeitado o disposto no inciso II do art. 2.º;
VI. abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficiente-
mente informado e munido de documentos;
VII. assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que
concerne à aplicação dos Princípios Fundamentais e Normas
Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC;
VIII. considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos
sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas
Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho
Federal de Contabilidade;

– 73 –
Auditoria e Perícia Contábil

IX. atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de


Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sen-
tido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado,
papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram
origem e orientaram a execução do seu trabalho.

No caso de qualquer alegação de violação desse código, deve o auditor


cooperar totalmente com qualquer processo formal de inquérito.
Crepaldi (2002, p. 66) estabelece as exigências do código de ética
do auditor:
I. subordinação hierárquica;
II. modo de trabalho (o auditor pede e não exige);
III. independência de qualquer política interna encontrada;
IV. discrição;
V. observância dos regulamentos internos, normas, instruções
e leis;
VI. comportamento pessoal.

Ainda a respeito dos códigos de conduta que o auditor deve seguir, des-
tacamos o artigo 35, da Instrução CVM 308 de 14 de maio de 1999, que
versa sobre condutas vedadas ao auditor que atua no âmbito do mercado de
valores mobiliários:
Art. 35. O Auditor Independente – Pessoa Física, o Auditor
Independente – Pessoa Jurídica e os seus responsáveis técnicos pode-
rão ser advertidos, multados, ou ter o seu registro na Comissão de
Valores Mobiliários suspenso ou cancelado, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis, quando:
I. atuarem em desacordo com as normas legais e regulamentares
que disciplinam o mercado de valores mobiliários, inclusive o
descumprimento das disposições desta Instrução;
II. realizarem auditoria inepta ou fraudulenta, falsearem dados ou
números, ou sonegarem informações que sejam de seu dever
revelar; ou
III. utilizarem, em benefício próprio ou de terceiros, ou permiti-
rem que terceiros se utilizem de informações a que tenham tido
acesso em decorrência do exercício da atividade de auditoria.

– 74 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

Se porventura ocorrerem as referidas infrações, ainda segundo a Instrução


308 da CVM, os auditores infratores poderão sofrer as penalidades previstas
no artigo 11 da Lei 6.385/76:
Art. 11. A Comissão de Valores Mobiliários poderá impor aos infra-
tores das normas desta Lei, da lei de sociedades por ações, das suas
resoluções, bem como de outras normas legais cujo cumprimento lhe
incumba fiscalizar, as seguintes penalidades:
I. advertência;
II. multa;
III. suspensão do exercício do cargo de administrador ou de con-
selheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de
distribuição ou de outras entidades que dependam de autoriza-
ção ou registro na Comissão de Valores Mobiliários; (Redação
dada pela Lei 9.457, de 5.5.1997)
IV. inabilitação temporária, até o máximo de vinte anos, para o
exercício dos cargos referidos no inciso anterior; (Redação dada
pela Lei 9.457, de 5.5.1997)
V. suspensão da autorização ou registro para o exercício das ativi-
dades de que trata esta Lei;
VI. cassação da autorização ou registro indicados no inciso anterior.
VII. cassação de autorização ou registro, para o exercício das ati-
vidades de que trata esta Lei; (Redação dada pela Lei 9.457,
de 5.5.1997)
VIII. proibição temporária, até o máximo de vinte anos, de praticar
determinadas atividades ou operações, para os integrantes do
sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam
de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários;
(Incluído pela Lei 9.457, de 5.5.1997)
IX. proibição temporária, até o máximo de dez anos, de atuar,
direta ou indiretamente, em uma ou mais modalidades de ope-
ração no mercado de valores mobiliários. (Incluído pela Lei
9.457, de 5.5.1997)

Diante do que foi discutido sobre normas, padrões de conduta, respon-


sabilidade e procedimentos éticos, no meio profissional pode-se verificar pelo
menos três tipos diferentes de situações dos profissionais diante das normas
do código de ética, segundo Crepaldi (2002, p. 105)

– 75 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Aqueles que não estão preparados e, portanto, não têm como segui-las;
22 Aqueles que estão parcialmente preparados e, portanto, correm o
grande risco de não segui-las;
22 Aqueles que estão preparados, e, portanto, não a seguem se
não quiserem.
Segue trecho de artigo de Cristo e Silva sobre a ética e a responsabilidade
social do auditor, que versa especificamente sobre o código de conduta desse
profissional (CRISTO, SILVA, 2009):
Resumidamente o código de conduta do profissional auditor, trata
dos seguintes tópicos, destacando-se:
22 Comprometimento técnico-profissional, somente aceitando
trabalhos que julgue estar capacitado totalmente de recursos
para desenvolvê-los, recusando os serviços que não tiver capa-
cidade de execução;
22 Independência total no desenvolvimento dos trabalhos em
todas as fases, não se deixando influenciar por fatores estranhos
que caracterizem a perda de imparcialidade;
22 Cobrança de honorários compatíveis com os trabalhos desen-
volvidos, avaliando principalmente a relevância e o vulto do
serviço a ser executado;
22 Sigilo total das informações coletadas nos trabalhos de campo,
somente divulgando-as a terceiros mediante autorização
expressa da entidade, ou salvo quando houver obrigação legal.
Resumidamente o código de conduta do profissional auditor,
trata dos seguintes tópicos, destacando-se:
22 Comprometimento técnico-profissional, somente acei-
tando trabalhos que julgue estar capacitado totalmente de
recursos para desenvolvê-los, recusando os serviços que não
tiver capacidade de execução;
22 Independência total no desenvolvimento dos trabalhos em
todas as fases, não se deixando influenciar por fatores estra-
nhos que caracterizem a perda de imparcialidade;
22 Cobrança de honorários compatíveis com os trabalhos
desenvolvidos, avaliando principalmente a relevância e o
vulto do serviço a ser executado;

– 76 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

22 Sigilo total das informações coletadas nos trabalhos de


campo, somente divulgando-as a terceiros mediante auto-
rização expressa da entidade, ou salvo quando houver obri-
gação legal.

5.2 Condições morais e padrão


de conduta do auditor
Franco e Marra (1992, p. 90) citam como requisitos morais indispensá-
veis as seguintes características:
22 integridade;
22 idoneidade;
22 respeitabilidade;
22 caráter ilibado;
22 padrão moral elevado;
22 vida privada irrepreensível;
22 justiça e imparcialidade.
Além das condições morais de ordem geral, Franco e Marra (1992, p. 148)
também relacionam exigências inerentes à ética profissional.
22 Não disputar clientes com colegas.
22 Manter elevado padrão de serviço.
22 Basear-se somente em elementos seguros de convicção.
22 Cobrar honorários justos.
22 Não atuar em defesa de interesses pessoais.
22 Ter consideração pela classe e por colegas.
22 Sigilo profissional: o sigilo profissional deve ser mantido, a qual-
quer custo, menos que assuntos sigilosos devam ser revelados em
circunstâncias especiais em juízo, por exemplo – para a defesa de
legítimos direitos de terceiros ligados à empresa.

– 77 –
Auditoria e Perícia Contábil

Para Crepaldi (2002, p. 67), deve-se adicionar aos padrões de conduta


profissional, os seguintes elementos:
22 bom senso no procedimento de revisão e sugestão;
22 autoconfiança;
22 capacidade prática;
22 meticulosidade e correção;
22 perspicácia nos exames;
22 pertinácia nas ações;
22 pesquisa permanente;
22 finura de trato e humanidade.
Sob a ótica profissional, a postura ética deve estar presente em
todos os procedimentos a serem executados pelo auditor, em qualquer
atividade empresarial em que estiver envolvido, seja de registro, aná-
lise, avaliação ou opinião, principalmente nos aspectos indicados no seu
juramento profissional.

5.3 Principais normas e regulamentos


O Conselho Federal de Contabilidade e o Ibracon editam normas com
o objetivo de dar orientação ao auditor a fim de que, durante o seu exercí-
cio profissional, possa ter embasamento consistente de modo a minimizar as
dúvidas e incertezas que porventura venham a surgir quando da prestação de
serviços de auditoria sobre as questões éticas profissionais, afastando assim, as
condutas indesejáveis.
22 Os normativos emanados pelo CRC são:
22 Res. 780 e 781/95 – Normas profissionais do Auditor Interno;
22 Res. 803/96 – Código de Ética Profissional do Contabilista;
22 Res. 819/97 – Restabelece o recurso ex-officio na área do pro-
cesso ético;

– 78 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

22 Res. 820/97 – Normas de Auditoria Independente das


Demonstrações contábeis;
22 Res. 821/97 – Normas Profissionais do Auditor Independente;
22 Res. 836/99 – Distinção entre FRAUDE (ato intencional) e
ERRO (ato não intencional);
22 Res. 964/03 – Normas sobre revisão externa de Qualidade
(somente CVM);
22 Res. 973/03 – Partes Relacionadas.
22 E os normativos emanados pelo Ibracon (antigo instituto dos audi-
tores independentes) como postulados básicos da Ética Profissional
que o auditor deve observar são:
22 Independência profissional – o auditor deve exercer sua ativi-
dade profissional de forma livre e independente sem subordi-
nação à empresa auditada.
22 Independência de atitude e decisão – a execução da atividade
de auditoria deve observar os critérios inerentes à profissão
do auditor, o que não o impede de ter autonomia de ação e
decisão a fim de formar sua opinião técnica.
22 Intransferibilidade de função – o auditor contratado não
deve colocar outro profissional em seu lugar para executar o
serviço contratado.
22 Eficiência técnica – o auditor deve ter capacidade técnica pro-
fissional para o serviço ao qual foi contratado.
22 Integridade – deve executar com proficiência sua atividade.
22 Sigilo e discrição – as informações e dados obtidos quando da
execução da auditoria devem ser reservados e não divulgados.
22 Imparcialidade – a atitude e o parecer do auditor devem ser
conduzidos com base em documentos e provas concretas evi-
tando tendências parciais.

– 79 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Lealdade de classe – deve o auditor conduzir suas atividades


de forma digna e transparente evitando a concorrência desleal.

5.4 Questões que envolvem


a ética em auditoria
Existem algumas questões que podem gerar algumas limitações
de atuação ou mesmo desconforto para o auditor na condução dos seus
trabalhos. Entre tantas situações podem-se destacar algumas a título
de exemplificação.
22 Quando há relacionamentos profissionais impróprios. Quando
existem amizade e relacionamento antigo e pessoal muito próximo
entre auditor e auditado, pode o auditor ficar tentado a vir a tolerar
ou encobrir situações ou problemas que deveriam ser apontados no
parecer final.
22 Havendo dependência econômica: do ponto de vista econômico
e financeiro para não perder um cliente muito importante, as
empresas de auditoria e os auditores podem tender a fazer vista
grossa frente a alguns problemas e omitir ressalvas no parecer,
sobre possíveis riscos e erros da empresa auditada evidenciados
pela auditoria contratada.
22 Existência de conflitos de interesses: algumas empresas de auditoria
têm crescido muito através da prestação de vários serviços na área
de consultoria trabalhista e tributária, que em um futuro próximo
elas mesmas poderão vir a auditar.
22 Poderá haver alta rotatividade dos auditores em decorrência
dos honorários pagos o que provoca perda de investimentos e
de recursos humanos. Além da redução na qualidade dos servi-
ços prestados, já que novos profissionais precisam ser contrata-
dos e treinados, muitas vezes durante a prestação dos trabalhos
de auditoria.

– 80 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

Conclusão
Ao término deste capítulo, podemos concluir que a ética é parte inte-
grante de todas as profissões, porém no caso específico da atividade de audi-
toria, sua importância é significativamente maior, pois o trabalho de auditoria
será utilizado por vários segmentos da indústria empresarial, tais como: clientes,
investidores, fornecedores, governo (aspecto fiscal) bancos, analistas, sem deixar
de mencionar outros grupos, tais como sindicatos e trabalhadores que podem
se utilizar do parecer de auditoria, seja na área de gestão ou das demonstrações
financeiras auditadas, como um instrumento técnico de negociação.
Se o parecer emitido pelo auditor estiver viciado ou errado, os investidores
e financiadores de uma empresa podem ser levados a tomarem decisões erradas.
Essas decisões irão afetar seriamente o patrimônio dos que disponibilizaram seu
capital à empresa auditada, acreditando que a situação era uma em virtude do
parecer elaborado pelo auditor e na realidade pode-se constatar, após verifica-
ção, que a situação é outra, comprometendo os recursos aplicados.

Ampliando seus conhecimentos

Um estudo sobre a ética na auditoria


independente: perspectiva das empresas
que contratam os serviços profissionais
(SANTOS; BUESA, 2014, p. 10-11)

Segundo Araújo e Arruda (2012), a Auditoria Independente


deve ser exercida de acordo com as normas profissionais e
exigências técnicas, pois os auditores não possuem um código
de ética direcionado exclusivamente a eles por se tratar de
uma atividade da contabilidade.
O capítulo II do Código de Ética do Contador (2011) cita
os deveres e proibições profissionais, e apresenta no art. 5 os

– 81 –
Auditoria e Perícia Contábil

deveres do contador como perito, assistente técnico, auditor


ou árbitro, sendo esses deveres:
Recusar sua indicação quando reconheça não se achar
capacitado em face da especialização requerida;
II. Abster-se de interpretações tendenciosas sobre a maté-
ria que constitui objeto de perícia, mantendo-se absoluta
independência moral e técnica na elaboração do respec-
tivo laudo;
III. Abster-se de expressar argumentos ou dar a reconhe-
cer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer
das partes interessadas, ou da justiça da causa em que esti-
ver servindo, mantendo-se o seu laudo no âmbito técnico
e limitado aos quesitos propostos;
Considerar com imparcialidade o pensamento exposto
em laudo submetido a sua apreciação;
V. Mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e
repute em condições de exercer efeito sobre peça contá-
bil objeto de seu trabalho;
Abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficien-
temente informado e munido de documentos.
Attie (2011) afirma que o auditor deve exercer seu traba-
lho com a consciência de que deve estar tudo conforme os
padrões éticos e morais, fazendo com que a credibilidade e
confiança permaneçam sempre, considerando a influência que
o auditor tem perante as pessoas interessadas, para evidenciar
de forma clara e objetiva informações financeiras e comerciais.
Segundo o autor, os princípios éticos que os auditores se
apoiam, devem ser fundamentados em independência, inte-
gridade, eficiência e confidencialidade.
Independência: considerando que o trabalho de auditoria
deve ser exercido com absoluta clareza, a independência é

– 82 –
Princípios da ética profissional e a responsabilidade do auditor

primordial para proporcionar a interpretação fiel da situação


das demonstrações contábeis, e apresentar relatórios que
transmitam a verdade. O auditor pode e deve usar sua técnica
de forma independente.
Integridade: considerando a confiança ao auditor destinada,
ele deve agir de forma íntegra, em relação à empresa que é
auditada, ao trabalho executado, às informações prestadas e
relatórios elaborados. Assim como em qualquer profissão o
auditor também pertence a uma classe, à qual deve manter o
respeito, evitando conflitos por questões de concorrência ou
prejudicando o outro na realização dos objetivos profissionais.
Eficiência: o auditor independente deve assumir todas as
responsabilidades ao desempenhar sua função, executando
todos os serviços de forma a manter a clareza e a ordem em
relação aos prazos e objetivos dos serviços. Sua opinião deve
ser expressa de acordo com as condições que dispõe, consi-
derando as técnicas adquiridas através de sua formação, que
deve ser atualizada periodicamente.
Confidencialidade: ao executar seu trabalho o auditor conta
com ferramentas internas da empresa, por isso é essencial que
somente sejam usadas informações da empresa para a execu-
ção dos serviços, e em hipótese alguma essas informações
devem ser divulgadas para terceiros, salvo se houver alguma
ordem judicial para isso.
[...]

Atividades
1. As palavras moral e ética são sinônimos? Caso não sejam apresente
seus conceitos e diferenças.

– 83 –
Auditoria e Perícia Contábil

2. O código de conduta ética do auditor provém basicamente de duas


fontes: da Resolução CFC 803/96 e dos Princípios da Ética Profissio-
nal do Auditor editados pelo Ibracon. Nesse sentido, o autor Crepaldi
(2002) estabelece algumas exigências do código de ética do auditor.
Que exigências são essas?

3. De que forma podemos definir ética profissional?

– 84 –
6
Introdução e conceitos
básicos de perícia
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

Neste capítulo, abordaremos os fundamentos relativos à


perícia, demonstrando suas bases históricas, a legislação relativa
à perícia no Brasil, noções conceituais, perfil desejado da pessoa
que pretende atuar nessa função; além disso, faremos a diferen-
ciação entre o perito do juiz e o assistente técnico.

6.1 Origem da perícia


O acúmulo de riquezas sempre foi um dos fatores que impul-
sionaram a humanidade, desde os primórdios. Inicialmente, por
uma questão de sobrevivência da própria espécie, e posteriormente
por ambição, vaidade e até mesmo ganância.
Auditoria e Perícia Contábil

Na Idade Primitiva, os homens acumulavam riquezas estocando a caça


para os tempos mais difíceis, tendo uma provisão de alimentos para enfrentar
condições climáticas desfavoráveis.
Com o passar dos anos, e com a criação da moeda, o acúmulo da
riqueza e seu controle foram sendo incorporados pela contabilidade, que
passou a ser uma técnica extremamente importante de registro do patrimô-
nio das pessoas.
O conceito clássico de patrimônio, segundo a visão da contabilidade, é
o conjunto de bens, direitos e obrigações, suscetíveis de avaliação econômica.
Esse patrimônio formado pelas pessoas ao longo dos anos sempre foi alvo de
disputas, brigas e desavenças.
Devido à formação de patrimônios individualizados, com o passar do
tempo, houve a necessidade da codificação dos direitos e das obrigações,
através de regulamentos e leis, destacando-se o direito romano, os quais em
grande parte eram voltados para distribuir a riqueza formada pelos cidadãos,
junto aos reis, através dos impostos e taxas.
Todavia, com a ambição exacerbada, muitas vezes formando o seu patri-
mônio em detrimento da honestidade e legalidade, cada vez mais as pessoas
passaram a buscar por seus direitos, ingressando na justiça para resolver polê-
micas e controvérsias.
De um lado o autor da reclamação, aquele que julga ter o seu direito
lesado, e do outro o réu, que é aquele que, em tese, lesou o direito de outrem.
Para solucionar esse conflito, o juiz tem a difícil e honrosa missão de decidir
sobre qual das partes tem razão, pois é impossível que em uma demanda judi-
cial todos os envolvidos estejam certos. Sempre alguém irá ganhar, e outro
irá perder.
O juiz, entendendo que somente através da documentação acostada1
aos autos pelas partes envolvidas não é o suficiente para uma justa e honesta
decisão, poderá determinar a produção de novas provas, através de perícia.
1 Documentação acostada é aquela que as partes, autor e réu, solicitam que faça parte do pro-
cesso, de maneira a servir como subsídio para que o juiz tenha pleno conhecimento dos fatos
que motivaram a ação.

– 86 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

O objetivo da prova pericial é o de demonstrar a verdade, de maneira


irrefutável e incontestável, a qual fará com que o magistrado tenha a plena
certeza de estar praticando a justiça, isenta de favorecimentos.
A possibilidade da realização da perícia para auxiliar a justiça não é um
fato recente, já que, de acordo com Martins, Anjos e Lima (2008, p. 51):
Observam-se indícios de perícia desde o início da civilização, entre
os homens primitivos, quando o líder desempenhava todos os papéis:
de juiz, de legislador e executor. Existem registros, na Índia, do sur-
gimento do árbitro eleito pelas partes, que desempenhava o papel de
perito e juiz ao mesmo tempo. Também, encontram-se vestígios de
perícia nos antigos registros da Grécia e do Egito, com o surgimento
das instituições jurídicas, área em que já naquela época se recorria aos
conhecimentos de pessoas especializadas. Porém, a figura do perito,
ainda que associada ao árbitro, ficou definida no Direito Romano
primitivo, no qual o laudo do perito constituía a própria sentença,
somente sendo desvinculada da figura do árbitro depois da Idade
Média, com o desenvolvimento jurídico ocidental.

Do anteriormente exposto, percebe-se claramente a importância da perí-


cia como auxílio da justiça, a fim de que a decisão proferida pelos magistrados
esteja amparada por documentação produzida por pessoa especializada, no
caso, pelo perito.
De acordo com estudos realizados por Lopes de Sá (1994), a expressão
perícia advém do latim peritia, que, em seu sentido próprio, tem o significado
de conhecimento (adquirido pela experiência), bem como experiência.
Assim, surge a primeira inferência que fazemos associando o termo perícia
a um expert, alguém que possui conhecimento acima do normal, acumulado
com a experiência de vida e a vivência profissional, de tal maneira que dê a ele
a condição do desempenho da função pericial.

6.2 Histórico da perícia no Brasil


Apesar de o Brasil ser um país com muitas demandas judiciais, a perícia
é uma atividade relativamente nova, tendo vagas citações a partir de 1939,
através do Código de Processo Civil (CPC), no qual surgem as primeiras
definições e conceitos básicos.

– 87 –
Auditoria e Perícia Contábil

O fato que marcou definitivamente a perícia como uma atribuição do


contador se deu no ano de 1946, em que no dia 27 de maio houve a publica-
ção do Decreto-Lei 9.295, que criou o Conselho Federal de Contabilidade,
deixando claramente descrito que a perícia contábil é prerrogativa da pessoa
com formação em nível de terceiro grau, na função de contador. A profissão
do contador foi a primeira no Brasil a atribuir a atividade da perícia como
sendo de sua competência, motivo pelo qual possui resoluções específicas que
tratam detalhadamente dessa função.
Existem outros regramentos legais que favorecem o desenvolvi-
mento e a busca por definições e procedimentos da perícia, como a Lei
4.983/66, que alterou uma parte da Lei 7.661/45, inerente à legislação
falimentar, em que atribui que o processo de falência deve ser acompa-
nhado por um perito.
Temos ainda a alteração promovida no segundo Código de Processo
Civil, Lei 5.869/73, e as modificações promovidas pelas Leis 5.925/73,
7.270/84 e 8.455/92, a perícia obteve uma legislação ampla e regulamentada.
Atualmente é citada no novo Código Civil, Lei Lei 13.105/2015.

6.3 Definição de perícia contábil


Muitos autores procuram a definição do que é a perícia contábil, sendo
que utilizaremos alguns desses conceitos, citados a seguir, para nos ajudar na
interpretação do que venha a ser essa atividade. Para Hoog (2008, p. 50),
“[...] podemos conceituar a perícia como um serviço especializado, com bases
científicas, contábeis, fiscais e societárias, à qual se exige formação de nível
superior, e deslinda questões judiciais e extrajudiciais”.
Segundo o ponto de vista de Magalhães et al. (1998, p. 12),
A perícia pela óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer
trabalho de natureza específica, cujo rigor na execução seja profundo.
Dessa maneira, pode haver perícia em qualquer área científica ou até
em determinadas situações empíricas.

Voltado exclusivamente para a área de contabilidade, o saudoso profes-


sor Antônio Lopes de Sá (1994, p. 15) nos ensina:

– 88 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao Patrimônio indi-


vidualizado visando oferecer opinião, mediante questões propostas.
Para tal opinião, realizam-se exames, vistorias, indagações, investiga-
ções, avaliações, arbitramento, em suma, todo e qualquer procedi-
mento necessário à opinião.

Baseado nesses conceitos, não resta dúvida quanto à especialização da


atribuição, que de fato é voltada para a pessoa física, que tenha profundos
conhecimentos sobre a área a ser periciada.
Tratando a matéria de natureza contábil, essa atribuição deverá
ser de responsabilidade do contador, o qual deverá estar devidamente
registrado em órgão de classe, no caso, junto ao Conselho Regional de
Contabilidade, cumprindo com todos os requisitos, inclusive quanto ao
pagamento da anuidade.
Essa afirmativa é reforçada por Rosa (1999), que assegura que o não
pagamento, pelo profissional, de anuidade devida a determinado órgão de
classe em que estiver registrado, o impedirá de realizar a perícia.
Naturalmente não é tarefa do magistrado fiscalizar se o perito nomeado
pagou ou não pagou a anuidade devida a determinado órgão de classe. Essa
tarefa é de competência do órgão fiscalizador da profissão.
Concluímos, ainda, que o juiz somente nomeará o perito contábil
quando julgar que o conhecimento técnico na área de contabilidade é
importante para que ele possua elementos comprobatórios, que o levem
a decidir sobre uma controvérsia que envolva o patrimônio, seja da
pessoa física ou jurídica, pois é esse (patrimônio) o campo de atuação
da contabilidade.

6.4 Requisitos necessários para o


desempenho da atividade pericial
Vários são os requisitos necessários para o desempenho da atividade
pericial, independente da área em que ela esteja sendo solicitada; todavia,
procuramos relacionar alguns fatores preponderantes na formação do perfil,
desmembrando entre pessoais e profissionais.

– 89 –
Auditoria e Perícia Contábil

6.4.1 Pessoais
A honestidade, ética e o caráter irretocável deverão acompanhar a traje-
tória do perito em todas as fases de sua vida, pois a ele será confiada a possibi-
lidade de iluminar os juízes na melhor decisão de uma sentença.
Certamente, honestidade, ética e caráter deveriam ser virtudes presentes
em qualquer pessoa, ou profissão, todavia nos dias em que vivemos, em que
cada vez mais as pessoas estão perdendo esses atributos.
Se o indivíduo desejar assumir a nobre missão da perícia, deverá estar
convicto de que as virtudes descritas são essenciais para que seja exercido um
trabalho com o máximo zelo e dedicação.
A prática demonstra que muitas pessoas se aventuram a iniciar na perícia
como uma atividade informal, por estarem temporariamente sem emprego.
Todavia, devem ter em mente o quão gratificante será executar um trabalho
reto, ilibado, sem vícios, de modo a fazer a justiça prosperar, auxiliando a
trazer a verdade aos autos.
A experiência de vida é de extrema importância na busca pela verdade,
em comparação ao que é falso, conforme nos ensina Zanna (2005, p. 46):
A correta distinção entre o que é verdadeiro e o que é falso, em uma
dada circunstância e momento, é fundamental para a credibilidade
e prosseguimento do trabalho, e isto vai depender do conhecimento
que o indivíduo tem ou adquire sobre o fato ou objeto em questão.
Este conhecimento é a bagagem cultural que o indivíduo agrega com
o tempo. Assim, a verdade a respeito de determinado assunto depen-
derá de seu aprendizado e experiência pessoal, sua cultura geral e do
ambiente em que vive.

A experiência obtida pelo tempo é fundamental para formar um perito,


pois quanto mais conhecimentos agregados pela vivência, mais isso o ajudará
a aplicar na atividade para a qual ele foi designado, sabendo tomar a melhor
decisão, o melhor caminho a seguir, diante das incertezas que podem acom-
panhar a rotina da sua atividade.
A clareza e facilidade da utilização da escrita é outro fator de sucesso
para o perito, pois o produto de todo o seu trabalho deverá estar descrito em
documentos produzidos no decorrer da sua missão.

– 90 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

O rigor e a metodologia da redação passam pelo respeito à gramática,


pois na documentação gerada pelo perito deve assegurar o adequado uso do
vernáculo, deixando à margem termos inadequados da linguagem coloquial,
uma vez que esta não é admitida no meio judiciário.

6.4.2 Profissionais
Particularmente para a consecução da perícia contábil, o indivíduo
deverá ter a formação em curso superior de Ciências Contábeis, com
registro ativo junto ao órgão regulador da profissão, no caso, o Conselho
Regional de Contabilidade.
O registro no CRC é condição básica para o exercício da perícia con-
tábil, todavia, não obstante essa obrigação da categoria, o indivíduo deverá
estar ciente de que a agregação do conhecimento, através do estudo, é funda-
mental para quem desejar militar nessa área.
Naturalmente, por ter o foco voltado à contabilidade, deverá ser um
profundo conhecedor dessa ciência, e de como ela poderá provar fatos ocor-
ridos, pois sabemos que é na escrituração contábil que existe o maior banco
de informações.
Através da contabilidade, que é a base da perícia contábil, será possível
buscar fontes de provas por meio dos lançamentos, dos livros da escrituração
fiscal e contábil e da documentação que deu origem à formação dos saldos.
No que se refere aos itens anteriores, destacamos o seguinte comentário:
os cursos de Ciências Contábeis formam profissionais que, na sua maioria,
conseguem entender os lançamentos contábeis, compreendem as exigências
para que uma escrituração seja revestida das formalidades exigidas pelas leis
e regulamentos; todavia, não ensinam técnicas para a detecção mínima de
autenticidade de documentos.
Sendo a documentação a base fundamental para a escrituração contábil,
entendemos que os profissionais que desejam trabalhar na área de perícia con-
tábil devem buscar esse conhecimento junto a entidades que possam suprir
essa deficiência dos bancos escolares.
O perito deverá ter o gosto pela leitura técnica, absorvendo novos concei-
tos, metodologias e fundamentações que poderão respaldar as suas conclusões

– 91 –
Auditoria e Perícia Contábil

e convicções, pois a esse profissional não é admitida a incerteza, a insegurança


ou a aproximação.
Necessariamente terá que estudar tópicos de outras disciplinas, que não
somente a contabilidade, pois estas permeiam os processos judiciais, notada-
mente os usos e costumes da prática forense no Brasil, uma vez que é nesse
ambiente que a grande maioria das perícias ocorrem.
O conhecimento de finanças, matemática financeira, sistemas de infor-
mações e da espinhosa legislação tributária também contemplam o perfil pro-
fissional necessário ao exercício da perícia contábil.
Assim, a educação continuada é essencial para a consecução do trabalho
pericial, pois, na área contábil, que envolve o patrimônio, inevitavelmente
abarcará operações nas quais o conhecimento múltiplo e a atualização cons-
tante são fatores primordiais para os peritos.
Ambos os requisitos, pessoais e profissionais, cunham o perito com per-
fil adequado para o exercício da profissão. Um não menos importante do que
o outro, pois de nada adiantaria o indivíduo ter ética e honestidade, caracte-
rísticas pessoais, se não fosse um profundo estudioso e conhecedor da matéria
objeto da perícia, característica profissional.
A sinergia entre atributos pessoais e profissionais levam o perito a ter
total segurança sobre o que irá demonstrar em seus relatos, utilizando o rigor
da ciência contábil, pautado em padrões morais e éticos tão necessários a
essa atividade. Atualmente, por meio da Resolução CFC n. 1.502, de 19 de
fevereiro de 2016, e alterada pela Resolução CFC n. 1.513, de 26 de outubro
de 201, foi criado o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Assim, é importante consultar as
normas e os regulamentos para conhecer os procedimentos e exigências para
se qualificar como perito contábil.

6.5 Perito do juiz e assistente técnico


A partir desta etapa, passaremos a abordar duas importantes atribuições
inerentes a uma demanda judicial, sempre que o juiz entender a necessidade
da realização de uma perícia judicial.

– 92 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

A perícia judicial poderá ser requerida como meio de prova2, con-


siderando ser este um dos fatores que motivam a realização do trabalho
pericial, quando o magistrado julga ser de suma importância para formar
a sua convicção.
Sendo necessária a perícia, em uma demanda, além das funções do juiz
e dos advogados das partes, temos ainda o perito do juiz e, possivelmente, o
assistente técnico, sendo que a respeito destes discorreremos a seguir.

6.5.1 Perito do juiz


O perito do juiz, ou perito judicial, é aquele que é nomeado pelo juiz
para auxiliá-lo durante uma demanda judicial, em que seja requerido o traba-
lho de um especialista.
Essa nomeação encontra guarida no artigo 425 do CPC, Lei
13.105/2015, citado a seguir:
Art. 465 O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e
fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.

O perito do juiz, embora preste um serviço para o poder judiciário, não


é um funcionário público concursado, e sim um profissional liberal, devida-
mente habilitado para essa atividade, sendo escolhido livremente pelo juiz,
que a este transmite confiança e conhecimento.
O juiz procede com a nomeação de um perito, pois julga que deter-
minada ação demandará conhecimentos específicos de uma área, no caso a
contabilidade, e assim esse profissional (perito) estará vinculado a um deter-
minado processo, em particular.
Caberá ao perito o aceite se considerar que domina a matéria objeto da
discussão na justiça, ou, caso contrário, declarar a sua escusa, conforme artigo
467 do CPC, referenciado a seguir:
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe
assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-
-se do encargo alegando motivo legítimo.

2 Conforme o artigo 212 da Lei 10.406/2002 – Código Civil: “Salvo o negócio a que se impõe
forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III -
testemunha; IV - presunção; V - perícia.”

– 93 –
Auditoria e Perícia Contábil

Art. 467 O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento


ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a
impugnação, nomeará novo perito.

Em que pese à enorme honra que é ser indicado para auxiliar o


magistrado em uma demanda judicial, na função de perito, devemos ter
claramente evidenciadas as nossas eventuais limitações para o aceite do
trabalho, motivado por fatores pessoais ou situações externas alheias à
nossa vontade.

6.5.1.1 Escusa, impedimento e suspeição


A escusa (art. 467), o impedimento e suspeição (art. 144 e 145) devem
ocorrer em um prazo de até cinco dias da data da nomeação, conforme deter-
mina o Código de Processo Civil.
Em relação ao impedimento e à suspeição, destacamos o que diz o texto
legal do CPC: o perito não poderá perder o prazo pois, caso contrário, não
mais terá a possibilidade de utilizar o expediente da escusa, impedimento
e suspeição no decorrer do processo, estando obrigado a realizar a perícia
para a qual foi nomeado.

6.5.1.2 Motivos para escusa


Normalmente, a escusa do trabalho pericial está vinculada a fatores pes-
soais que inibem a possibilidade da execução da tarefa em dado momento, o
que não quer dizer que futuramente o perito nomeado não pudesse executar
a perícia. Entre os fatores que podem motivar a escusa, destacamos:
22 incapacidade momentânea motivada por estado de saúde;
22 excesso de trabalho, o que interferiria diretamente no prazo estipu-
lado pelo juiz;
22 estrutura do escritório de perícia não compatível com a complexi-
dade da causa a ser periciada;
22 incapacidade técnica sobre o assunto principal da perícia.

– 94 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

Estudos realizados por Hoog (2008) nos alertam de que o fato de uma
perícia estar abrangida pela justiça gratuita, por si só, não pode ser um motivo
de escusa do trabalho por parte do perito. Nesse caso, estaria o perito sujeito
a sanção moral, que é a mais severa que poderia existir, não sendo mais indi-
cado/nomeado para atuar em outros processos.
Do ponto de vista ético e filosófico, destacamos ainda que se a ele foi
dada a possibilidade de estudar Ciências Contábeis, acumulando conheci-
mentos úteis para a sociedade, não seria de todo justo se eximir de praticar
a justiça gratuita, pelo fato de especialmente em determinado trabalho não
receber honorários.

6.5.1.3 Motivos para o impedimento e a suspeição


O impedimento e a suspeição normalmente ocorrem por fatores exter-
nos e de terceiros, os quais podem vir a tirar a imparcialidade que deve balizar
o trabalho executado pelo perito, sendo que, nesse caso, deverá manifestar-se
ao juiz através de petição fundamentada, alegando tal situação.
Vários poderão ser os fatores que motivam o impedimento e a suspeição,
sendo que destacamos:
22 relação profissional mantida pelo perito com qualquer das partes,
dentro dos últimos cinco anos;
22 possuir relação de amizade, ou inimizade, com os litigantes;
22 possuir interesse direto ou indireto com o julgamento da causa;
22 existência de parentesco próximo com uma das partes;
22 quando o perito for parte do processo;
22 quando o perito prestou depoimento como testemunha;
22 quando no processo tiver postulado como advogado de uma das
partes, do seu cônjuge ou de parentes deste, ou de qualquer parente
seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou linha colateral até o
segundo grau.
Através da relação anterior, percebe-se que o impedimento e a suspei-
ção estão ligados a fatores éticos e morais, os quais devem ser preservados

– 95 –
Auditoria e Perícia Contábil

a todo momento em um processo pericial, transcorrendo com a máxima


lisura e honestidade.
O perito, em não se declarando impedido ou suspeito e mesmo tendo
algum dos fatores relacionados anteriormente, certamente poderá macular a
sua imagem, pois não agirá com a total imparcialidade que deve conduzir a
tarefa ao longo do trabalho.
Não estando o perito judicial na condição de escusa, impedimento e
suspeição, deverá realizar a tarefa no prazo estipulado pelo juiz, lembrando
que terá 20 dias, antes da audiência de instrução e julgamento, para entregar
em cartório um documento denominado de laudo, no qual constará todo o
trabalho executado, conforme determina o artigo 433 do CPC.

6.5.2 Assistente técnico


O assistente técnico, ou perito da parte, é aquele que poderá ser indicado
pelas partes envolvidas em uma demanda judicial, encontrando da mesma
forma respaldo nos parágrafos 1.º e 2.º, artigo 465, da Lei 13.105/2015, os
quais transcrevemos a seguir:
Art. 465 [...]
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da inti-
mação do despacho de nomeação do perito:
I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II – indicar assistente técnico;
III – apresentar quesitos.
§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I – proposta de honorários;
II – currículo, com comprovação de especialização;
III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para
onde serão dirigidas as intimações pessoais.

Conforme consta no texto legal, o Código de Processo Civil assevera às


partes a possibilidade de indicação do assistente técnico, sendo uma liberali-
dade dos litigantes a contratação desse profissional, não impondo que neces-
sariamente haja essa condição para o andamento da perícia.

– 96 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

Naturalmente que as mesmas prerrogativas que cabem ao perito judi-


cial cabem também ao assistente técnico, sendo que este deverá ter ilibada
conduta moral e ética, ser um profundo conhecedor da matéria que moti-
vou a perícia, e estar legalmente habilitado junto ao Conselho Regional
de Contabilidade.
Sendo indicado por um dos litigantes, a este deverá prestar serviço,
estudando profundamente o processo, e assessorando o advogado da parte
que o contratou, com estratégias pautadas na ética, na regulamentação e na
ciência contábil.
Não é o fato de ser contratado por uma das partes que fará com que o
assistente técnico haja com malícia, procedimentos amorais, ou infração ao
código de conduta da profissão contábil, ou leis específicas.
Deverá utilizar todo o seu conhecimento capturado com anos de estudos
e trabalhos, para que encontre o melhor caminho a percorrer na busca inces-
sante pela verdade, que, em última análise, é a direção que a justiça persegue.
Em consideração ao fato de que o assistente técnico é de confiança
da parte que o contratou, e não do juiz, aquele não está sujeito a impe-
dimento ou suspeição, uma vez que não faria sentido a parte suspeitar do
perito contratado.
Por esse fator, não raras são as situações em que o assistente técnico possa
ser inclusive o próprio contador de uma empresa que está em uma demanda
judicial, pois este possui as prerrogativas mínimas requeridas para o exercício
da profissão, pelo menos no que diz respeito à formação acadêmica.
Caberia o questionamento sobre se esse contador estaria isento de inte-
resses em relação à demanda, o que, salvo melhor juízo, afronta a imparcia-
lidade, uma vez que a prova pericial poderá ser buscada na contabilidade da
empresa, em que ele é o responsável pela escrituração.
Para Zanna (2005, p. 38 e 39), existem três fases em que o assistente téc-
nico pode se desenvolver de forma sucessiva, ou apenas na primeira e última
delas, conforme relata:
1ª fase: ler, estudar e interpretar o processo para conhecer os termos
da(s) controvérsia(s), o(s) argumentos(s) das duas partes e inteirar-
-se da estratégia encetada pelo advogado a quem serve; em seguida,

– 97 –
Auditoria e Perícia Contábil

reunir-se-á com ele para traçar um plano de ação pericial que conve-
nha aos interesses do cliente e convirja ao mesmo ponto defendido
pelo advogado;

Enfatizamos que, embora o assistente técnico trabalhe incessantemente


para quem o contratou, e que a expectativa do contratante é sempre ganhar
a causa, ao analisar o processo pode ser que haja a avaliação da falta de base
científica e legal, do ponto de vista contábil, para a defesa do que se pretende.
Nesse caso, cabe a franqueza e a lealdade com a justiça e a ciência, expondo
essas condições à parte contratante e ao advogado.
Agindo dessa maneira, o assistente técnico tomará uma posição neutra
e de imparcialidade na demanda judicial, contribuindo dessa forma para que
de fato a justiça seja cumprida.
Não faria sentido algum o assistente técnico distorcer as informações,
ou “direcionar” a perícia a favor de quem o contratou, mesmo que isso impli-
casse contrariedade à lealdade que deve existir em um processo pericial.
2ª fase: colocar-se à disposição do perito judicial para acompanhar
as diligências e oferecer seus préstimos para auxiliar o trabalho do
colega. Esta ajuda, estes préstimos, poderão ser aceitos ou não pelo
colega. Isto dependerá do grau de confiança técnica e pessoal que o
expert depositar no assistente técnico. Quando ocorrer que nenhuma
ajuda for aceita pelo perito judicial, isto em nada desmerecerá a atua-
ção do assistente técnico. (ZANNA, 2005, p. 38-39)

É sempre importante, do ponto de vista de estratégia, oferecer ajuda ao


perito do juiz, até mesmo para entender a linha de conduta e raciocínio que
está sendo utilizada por ele. Caso o assistente técnico possa acompanhar os
trabalhos, irá formando também a sua linha de pensamento, no que diz res-
peito ao desfecho da perícia.
Devemos evitar a guerra de vaidades e soberba que, muitas vezes, podem
acompanhar o indivíduo que milita nessa área, julgando-se com mais poder
por ter sido nomeado pelo juiz, em contraposição ao assistente técnico, que
não tem todo o aparato da justiça para ajudá-lo.
Devemos ter em mente que a sinergia e colaboração de ambos os profis-
sionais podem implicar a diminuição de esforços com a troca de opiniões e
impressões acerca do trabalho que está sendo executado.

– 98 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

3ª fase: convergir ou divergir do laudo pericial contábil apresentado


pelo perito Judicial, apresentando, então, seu parecer convergente,
divergente, ou parcialmente divergente, no qual fará todas as crí-
ticas técnicas necessárias ao laudo que o colega juntou aos autos.
Apresentará os dados, as informações e as provas segundo seu ponto
de vista técnico. (ZANNA , 2005, p. 38-39)

Em uma possível contestação do trabalho realizado pelo perito judicial,


o assistente técnico teria apenas 10 dias da entrega do laudo pericial, con-
forme parágrafo único do artigo 477 do CPC, para fazer as suas contestações
em um documento denominado de parecer, e acompanhando o trabalho tra-
ria maior segurança na emissão desse documento.
Por mais que essa razão fundamentasse a necessidade de interação entre
o perito judicial e o assistente técnico, em uma situação ideal, imaginada por
Zanna (2005), o perito do juiz deveria:
22 comunicar ao assistente técnico em qual data irá protocolar o laudo;
22 encaminhar uma cópia do laudo para que o assistente técnico tome
conhecimento de forma célere sobre o conteúdo do documento;
22 colocar-se à disposição do assistente técnico para esclarecer even-
tuais pontos que não ficaram claros no laudo.
Como a função de perito e do assistente técnico são atribuições tem-
porárias, um dia você é perito do juiz em uma demanda judicial, e em outra
oportunidade poderá ser assistente técnico. A mútua colaboração é essencial
para o desenvolvimento da profissão, e como extensão para a melhoria da
qualidade nos serviços prestados.

6.6 Principais diferenças entre o perito


judicial e o assistente técnico
Para melhor assimilação das atribuições do perito judicial e do assis-
tente técnico, elaboramos um quadro comparativo, destacando as principais
diferenças existentes entre essas duas funções importantes dentro de um pro-
cesso judicial.

– 99 –
Auditoria e Perícia Contábil

Quadro 1 – Diferenças entre perícia judicial e assistência técnica.

Perito judicial Assistente técnico


Profissional nomeado em juízo para Profissional contratado pelas par-
auxiliar o magistrado na busca da ver- tes que estão envolvidas em
dade sobre uma demanda judicial. uma demanda judicial.

Está no rol dos auxiliares da justiça, assim Não encontra guarida na rela-
como o escrivão, o oficial de justiça, o ção dos auxiliares da justiça.
depositário, o administrador e o intérprete.

Recebe seus honorários pelo desem-


penho da sua função diretamente na Recebe seus honorários direta-
justiça, normalmente mediante alvará, mente da parte que o contratou,
sendo pagos pela parte que solicitou mediante regras estabelecidas em
a perícia, ou pela parte autora, caso contrato de prestação de serviço.
tenha sido solicitada por ambas, ou
ainda determinada de ofício pelo juiz.

Ao final dos trabalhos, emite docu-


Ao final dos trabalhos, emite docu- mento denominado de parecer peri-
mento denominado de laudo pericial, cial, sendo que este deve ser ela-
sendo que este deve ser entregue borado no prazo de 10 dias, após a
com 20 dias da data da audiência. apresentação do laudo pericial.

Está sujeito a impedimento e suspei- Não está sujeito a impedi-


ção, conforme determinação prevista mento ou suspeição.
no Código de Processo Civil.

Poderá solicitar a escusa dos tra- Poderá solicitar a recusa dos tra-
balhos caso julgue impossibili- balhos caso julgue impossibili-
dade de execução da tarefa. dade de execução da tarefa.
Pessoa de confiança da
Pessoa de confiança do juiz. parte que o contratou.
Pode assessorar o advogado da parte
Não tem vinculação direta com os que o contratou traçando estratégias
advogados das partes, devendo prestar para a condução do trabalho, den-
informações ao juiz que o nomeou. tro dos limites éticos e da ciência.
Fonte: Elaborado pelo autor.

– 100 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

Conforme percebemos, fica notória a diferença entre o perito judicial


e o assistente técnico, com atribuições bastante distintas, especialmente no
que diz respeito a prazos, documentos emitidos e função dentro do pro-
cesso judicial.
O que fica evidente é a enorme responsabilidade e importância da tarefa
a ser executada por cada um deles, sendo uma nobre função colaborar com a
justiça e o exercício da verdade.
Não podemos desmerecer nenhuma das atribuições, seja como assistente
técnico ou como perito judicial, achando que uma função é mais importante
do que a outra, pois ambos os profissionais que atuam no processo devem
colaborar entre si, e respeitar o outro colega.
O fundamental é que esses profissionais ajam com ética, imparcialidade,
zelo, dedicação e comprometimento com a ciência, pois é esta a base do tra-
balho que deve pautar a perícia contábil.

Ampliando seus conhecimentos

A evolução da contabilidade e o merca-


do de trabalho para o contabilista
(COTRIN; SANTOS; JUNIOR, 2012, p. 48-49)

No Brasil, a vinda da Família Real portuguesa incrementou a


atividade colonial, exigindo um melhor aparato fiscal, já que
houve um aumento dos gastos públicos e também das ren-
das dos Estados. Com isso constitui-se o Erágio Régio ou o
Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do
Brasil (1808). Neste mesmo ano, foi realizada a primeira refe-
rência oficial à escrituração e relatórios contábeis, elaborada
pelo Príncipe Regente D. João VI, conforme dispõe o texto
da Carta:

– 101 –
Auditoria e Perícia Contábil

Para o método de Escrituração e fórmulas de Contabilidade


de minha real fazenda não fique arbitrário a maneira de
pensar de cada um dos contadores gerais, que sou servido
criarem para o referido Erário: - ordeno que a escrituração
seja mercantil por partidas, por ser a única seguida pelas
nações mais civilizadas, assim pela sua brevidade, para o
manejo de grandes somas como por ser mais clara e a que
menos lugar dá a erros e subterfúgios, onde se esconde a
malícia e a fraude dos prevaricadores. (D. João VI, carta
apud FEITAL, 2012).
Somente profissionais que estudassem aulas de comércio,
poderiam realizar o processo de escrituração das contas,
sendo que essas aulas realizadas no Brasil eram originárias de
Portugal, e preparavam os empregados do comércio para o
exame na Junta Comercial.
No Brasil, a contabilidade teve influência tanto da escola ita-
liana quanto da americana, sendo que a primeira foi a que
influenciou inicialmente o país, porém foi na segunda que o
Brasil baseou-se para formação da Lei das Sociedades por
Ações, que ocorreu a partir da Resolução n. 220 e da circular
n. 179 do BC e para a implantação do ensino acadêmico.
A Escola de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902,
foi a primeira escola especializada no ensino da contabili-
dade. Nesta instituição, professores de grandes nomes, como
Francisco D’Auria, Frederico Herrmann Júnior, Coriolano
Martins, abriram portas para a pesquisa contábil. Segundo
Iudícibus (1997), D’Auria teve o mérito de ser o mais “bra-
sileiro” dos autores famosos da época, no sentido de que
conseguiu formar o que se poderia chamar de embrião de uma
autêntica escola brasileira, mas foi na Faculdade de Ciências
Econômicas e Administrativas da USP, fundada em 1946, que
o Brasil ganhou seu primeiro núcleo efetivo, contribuindo com
o surgimento dos escritores da literatura contábil nacional.

– 102 –
Introdução e conceitos básicos de perícia

Hoje, a contabilidade brasileira apresenta-se em uma situa-


ção contraditória, onde a qualidade das normas contábeis
é superior à qualidade atual dos profissionais da área,
principalmente agora com o surgimento da nova Lei das
Sociedades Anônimas (S.A.). Tal fato se deve, em parte,
à expansão do número de Universidades pelo país, sendo
a maioria privada, algumas com cursos de baixa qualidade.
Porém, pode-se constatar que, por outro lado, existem con-
tadores de grande qualificação.
[...]

Atividades
1. Disserte sobre os elementos essenciais para a formação do perfil
do perito.

2. Descreva sobre as principais diferenças existentes entre o perito judi-


cial e o assistente técnico, no que diz respeito à contratação da pres-
tação do serviço.

3. Segundo o Código de Processo Civil, diferencie os termos que envol-


vem a escusa e o impedimento em uma perícia judicial.

– 103 –
7
Normas Brasileiras
de Contabilidade
relacionadas à perícia
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

Neste capítulo, abordaremos as Normas Brasileiras de


Contabilidade, que estão diretamente relacionadas às atividades
de perícia contábil, abordando tanto aquelas voltadas para a área
profissional, como as que tratam da pessoa que exerce a função de
perito contábil.

7.1 Normas Brasileiras de Contabilidade


Em razão da necessidade crescente de harmonização da con-
tabilidade aos padrões mundiais, o CFC (Conselho Federal de
Contabilidade) modernizou o seu conjunto de normativas, bus-
cando a convergência com os organismos internacionais, conforme
Auditoria e Perícia Contábil

podemos constatar no artigo 1.º da Resolução CFC 1.328/20111, emitida em


18 de março de 2011, o qual dispõe sobre a estrutura das Normas Brasileiras
de Contabilidade, reproduzido a seguir:
Art. 1.º As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos
padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas internacionais
e compreendem as Normas propriamente ditas, as Interpretações
Técnicas e os Comunicados Técnicos.

Com a adequação do conjunto de Normas Brasileiras de Contabilidade,


houve a segregação entre normas técnicas e normas profissionais, sendo que as
primeiras são destinadas à própria estruturação da contabilidade no Brasil, e
as segundas são voltadas particularmente para três funções privativas dos con-
tadores, que são: auditoria independente, auditoria interna e perícia contábil.
De acordo com a resolução anteriormente descrita, as Normas Brasileiras
de Contabilidade de cunho profissional passam a ser estruturadas conforme
é apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade.
I – Geral São as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas
NBC PG indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade.
São as Normas Brasileiras de Contabilidade
II – do Auditor aplicadas, especificamente, aos contadores que
Independente NBC PA atuam como auditores independentes.
III – do Auditor Interno São as Normas Brasileiras de Contabilidade
aplicadas especificamente aos contadores
NBC PI que atuam como auditores internos.
IV – do Perito São as Normas Brasileiras de Contabilidade
aplicadas especificamente aos contadores
NBC PP que atuam como peritos contábeis.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para a sequência dos nossos estudos, trataremos das Normas Brasileiras
de Contabilidade voltadas exclusivamente para a área de perícia contábil, e
1 Essa Resolução foi alterada pela seguinte Resolução: 2013/001443 - Cria o inciso IV do Art. 7º
da Resolução CFC n. 1.328/11 - D.O.U de 25/04/2013, que pode ser lida na íntegra em: <http://
www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2013/001443>. Acesso em: 26 out., 2017.

– 106 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

nesse universo de normativas, duas dessas são relacionadas a essa área, sendo
uma profissional e uma técnica, que são:
22 NBC PP 01 – Perito Contábil;
22 NBC TP 01 – Perícia Contábil.
Essas duas normativas é que devem ser seguidas na íntegra por aqueles
profissionais que atuam ou pretendem atuar na área de perícia contábil no
Brasil, pois caso não sejam respeitadas poderá o profissional responder por
transgressão a padrões estabelecidos pelo órgão regulador da profissão contá-
bil, nesse caso, o Conselho Federal de Contabilidade.

7.2 Norma Brasileira de Contabilidade


voltada para a profissão de perito
De acordo com estudos realizados por Alberto (2000), o CFC (Conselho
Federal de Contabilidade) foi pioneiro no Brasil em estabelecer normas voltadas
para a área de perícia contábil, visando à preservação dos interesses da sociedade.
Os estudos da regulamentação sobre perícia contábil iniciaram no final
de 1990, estendendo-se ao longo do ano de 1991, com audiências públicas
em 1992, sendo que nesse mesmo ano foram editadas, através das Resoluções,
CFC 731 Normas Técnicas de Perícia Contábil (NBC T.13), e CFC 733
Normas Profissionais do Perito Contábil (NBC P.2), ambas emitidas em 22
de outubro de 1992.
As referidas normas sofreram revisões e modificações por meio das
Resoluções CFC 857 e CFC 858, em 21 de outubro de 1999.
Atualmente, houve nova reformulação na normativa de contabilidade,
voltada para o profissional que exerce a atividade de perito contábil, através
da Resolução CFC 1.244, de 10 de dezembro de 2009, que aprovou a NBC
PP 01 – Perito Contábil.
No que se refere à norma de contabilidade inerente às técnicas de
perícia, também no dia 10 de dezembro de 2009, o Conselho Federal de
Contabilidade emitiu a Resolução CFC 1.243, que aprovou a NBC TP 01 –
Perícia Contábil.

– 107 –
Auditoria e Perícia Contábil

7.2.1 NBC PP 01 – Perito Contábil2


Essa resolução foi separada em 14 (quatorze) tópicos, procurando infor-
mar aos profissionais de perícia os padrões pessoais necessários para o exercí-
cio da profissão. Os tópicos tratados na resolução são os seguintes:
22 objetivo;
22 conceito;
22 competência profissional;
22 habilitação profissional;
22 educação continuada;
22 independência;
22 impedimento e suspeição;
22 sigilo;
22 responsabilidade;
22 zelo profissional;
22 esclarecimentos;
22 utilização de trabalho de especialista;
22 honorários;
22 modelos.

7.2.1.1 Objetivo
O objetivo primordial descrito nessa norma é de proporcionar proce-
dimentos voltados para a área de perícia, quando o contador exerce a fun-
ção de perito contábil. É extremamente importante a definição clara da fun-
ção do perito, regulamentada através de normativa do Conselho Federal de
Contabilidade, proporcionando padronização nos trabalhos.

2 A resolução na íntegra poderá ser lida através do link: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/


RES_1244.doc>. Acesso em: 26 out., 2017.

– 108 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

7.2.1.2 Conceito
A normativa deixa muito claro que para o exercício da perícia contábil é
condição essencial estar legalmente registrado junto ao CFC, com profundos
conhecimentos da matéria que será periciada.
Faz importante segregação entre os diversos profissionais de perícia de
acordo com a natureza do trabalho, citando que o perito-contador nomeado é
o designado pelo juiz em perícia contábil judicial; o contratado é o que atua
em perícia contábil extrajudicial; e o escolhido é o que exerce sua função em
perícia contábil arbitral. Pode existir ainda o perito-contador assistente, que
é o contratado e indicado pela parte para atuar em perícias contábeis, em pro-
cessos judiciais e extrajudiciais, inclusive arbitral.

7.2.1.3 Competência profissional


Nessa normativa fica evidente que para o exercício da perícia contábil
é necessário que o profissional mantenha adequado nível de conhecimento
da ciência contábil, de normas brasileiras de contabilidade, além de assuntos
atinentes à legislação profissional, com atualização permanente.
A norma determina ainda que o profissional seja capaz de pesquisar, exa-
minar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial contábil e
no parecer pericial contábil, além de realizar seus trabalhos com a observância
da equidade – significa que o perito-contador e o perito-contador assistente
devem atuar com igualdade de direitos, adotando os preceitos legais, ineren-
tes à profissão contábil.

7.2.1.4 Habilitação profissional


A normativa determina que tão logo o perito seja nomeado, contratado
ou indicado para a realização do trabalho pericial, deve comprovar sua habili-
tação profissional por intermédio da Declaração de Habilitação Profissional –
DHP. Para a emissão dessa declaração, é permitida a utilização da certificação
digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas
pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil.
Na regulamentação é mencionado que embora seja uma enorme honra
e satisfação realizar trabalhos periciais, o profissional que foi nomeado,

– 109 –
Auditoria e Perícia Contábil

contratado ou escolhido deve escusar-se do encargo sempre que reconhecer não


ter competência técnica ou não dispor de estrutura profissional para desenvolvê-
-lo. Da mesma forma, caso o profissional seja indicado ou contratado para
atuar como perito-contador assistente, em processo extrajudicial, deverá recu-
sar os serviços sempre que reconhecer não estar capacitado a desenvolvê-los.

7.2.1.5 Educação continuada


Nesse ponto da norma, há a previsão de que a pessoa que exerça
a atividade de perito-contador deve comprovar, perante o Conselho
Federal de Contabilidade, a sua efetiva participação em programa de
educação continuada.
Sob esse aspecto, louvamos a atitude do órgão regulamentar da profis-
são, pois para o exercício da atividade pericial existe a necessidade constante
de estudos e atualização, de forma a estar capacitado na área de contabilidade
e suas ramificações.

7.2.1.6 Independência
Em relação à independência, a norma disciplina que o perito deve evitar
qualquer interferência que possa constrangê-lo no decorrer do seu trabalho,
de modo a comprometer sua imparcialidade.
Caso existam situações ou efeitos que possam comprometer a sua inde-
pendência, o perito deve denunciar tal evento, para a pessoa, ou órgão com-
petente. A condição de independência é essencial para que o profissional exe-
cute a sua atividade livre de pressões de qualquer natureza.

7.2.1.7 Impedimento e suspeição


Na norma, há a definição de que possam existir situações que impos-
sibilitam o perito de exercer a sua atividade, sejam em processos judiciais,
extrajudiciais, ou até mesmo arbitrais.
No que se refere ao impedimento, a normativa classifica entre legal e
técnico-científico. O impedimento legal está relacionado à perda da impar-
cialidade, motivada por situações tais como:
22 se o perito for parte no processo;

– 110 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

22 tiver sido arrolado como testemunha;


22 tiver mantido nos últimos dois anos relação de trabalho com uma
das partes.
O impedimento motivado por questões técnico-científicas podem ser
decorrentes de:
22 a matéria em litígio não ser de conhecimento técnico do perito;
22 estrutura profissional precária não condizente com o trabalho.
A norma caracteriza ainda situações de suspeição, que são decorrentes
de situações que venham suscitar suspeição, em função da sua imparciali-
dade ou independência. Entre as possibilidades de suspeição, são destacadas:
o perito contador é amigo íntimo, ou inimigo capital de uma das partes, tem
interesse no julgamento a favor de alguma das partes, ele se declara suspeito
por motivo íntimo.

7.2.1.8 Sigilo
No que diz respeito ao sigilo, o perito-contador deve respeitar e assegu-
rar a confidencialidade da informação, podendo divulgá-la somente quando
requerido por imposição legal.
Como o perito contador trabalha com dados extremamente sigilosos, as
informações capturadas ao longo da perícia dizem respeito somente às partes
envolvidas e ao julgador da causa.

7.2.1.9 Responsabilidade
A norma reafirma a enorme responsabilidade que envolve o trabalho do
perito, destacando que esse profissional deve estar ciente dos reflexos sociais,
éticos, profissionais e legais que demandam no exercício da profissão.
São destacadas as responsabilidades civis com sanções para o profissional
que exerce a função de perito-contador, as quais consistem em multa, indeni-
zação e inabilitação, bem como penais, nas quais a legislação estabelece penas
de multa, detenção e reclusão para os profissionais que exercem a atividade
pericial que vierem a descumprir as normas legais.

– 111 –
Auditoria e Perícia Contábil

7.2.1.10 Zelo profissional


Referente ao zelo profissional, a norma determina que o perito-contador
deve executar a sua função com o máximo cuidado, respeitando prazos, e
tendo atenção com todos os envolvidos no processo.
O mesmo zelo deverá ser dispensado aos documentos que o perito tem
em mãos, e aqueles que irá produzir, ao longo do trabalho, de maneira a
transparecer a sua credibilidade.
A norma estabelece ainda que o perito, ao contratar os serviços de pro-
fissionais de outras profissões regulamentadas, deve certificar-se de que eles se
encontram em situação regular perante o seu conselho profissional, de modo
a zelar pela integridade e adequada habilitação dessas pessoas.

7.2.1.11 Esclarecimentos
Em relação aos esclarecimentos que se fizerem necessários, a norma estabe-
lece que em defesa de sua conduta profissional o perito deve prestar todas as infor-
mações que compõem o laudo pericial contábil, ou o parecer pericial contábil.
Esses esclarecimentos devem ser precedidos de determinação do juiz,
árbitro, ou a pedido das partes.

7.2.1.12 Utilização de trabalho de especialista


Nesse ponto da norma, é destacada a permissão ao perito-contador na
utilização de trabalhos de especialistas para aquelas situações que fogem do
conhecimento da área voltada para a contabilidade. São exemplos de trabalho
de especialista: analista de sistema, atuário, tecnólogo, geólogo, especialista
em obras de artes e outros avaliadores.
Ressalta, ainda, que há a responsabilidade compartilhada no trabalho
pericial, toda vez em que são utilizados especialistas para opinar sobre deter-
minado fato, portanto alerta o perito-contador sobre a necessidade de utiliza-
ção de trabalhos especialistas de pessoas de extrema confiança.

7.2.1.13 Honorários
Nessa etapa da norma são estabelecidos os critérios adequados para a
formulação dos honorários periciais, os quais devem ser dimensionados

– 112 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

baseando-se, entre outros fatores, pela relevância, pelo vulto, pelo risco, pela
complexidade, pela quantidade de horas, pelo pessoal técnico, pelo prazo
estabelecido, pela forma de recebimento e pelos laudos interprofissionais.
A norma estabelece ainda que os honorários devem estar acompanha-
dos de proposta oficial, detalhando todas as etapas necessárias para o início,
desenvolvimento e a conclusão dos trabalhos.
Há ainda a indicação de como deve ser realizado o recebimento dos
honorários e, caso necessário, como proceder ao levantamento dos valores,
caso estejam depositados em conta judicial.

7.2.1.14 Modelos
No final da norma, são apresentados 10 (dez) modelos de documentos
que podem nortear a confecção de escusa dos trabalhos, das petições diversas,
contratos de trabalhos, entre outros.
Esses modelos são importantes para padronizar o formato e a linguagem
que devem ser utilizados na confecção desses documentos.

7.2.2 NBC TP 01 – Perícia Contábil3


Essa resolução é composta por 8 (oito) grandes tópicos, os quais nor-
teiam os profissionais que atuam na área de perícia contábil em como exerce-
rem a atividade, na consecução operacional das tarefas.
Os grandes itens que compõem a resolução são os seguintes:
22 objetivo;
22 conceito;
22 execução;
22 procedimentos;
22 planejamento;
22 termo de diligência;
3 A resolução na íntegra poderá ser lida através do link: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_1243.doc>. Acesso em: 26 out., 2017.

– 113 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 laudo e parecer pericial contábil;


22 modelos.

7.2.2.1 Objetivo
A referida norma tem como objetivo principal estabelecer regras e pro-
cedimentos que devem ser aplicados quando são realizadas perícias contá-
beis, em todos os âmbitos, para o adequado esclarecimento dos fatos ligados
a litígios.
A norma é particularmente importante para que o perito-contador possa
ter parâmetros muito seguros para a consecução do seu trabalho, seguindo
um rigor metodológico.

7.2.2.2 Conceito
Essa norma conceitua a perícia contábil como sendo um conjunto de
procedimentos técnicos e científicos que tem como objetivo subsidiar os
magistrados para a justa solução de conflitos, ou constatação de um fato,
mediante laudo ou parecer contábil.
Da mesma forma que ocorre na norma profissional, também aqui é
reforçado que a prerrogativa da função de perito contábil é privativa de con-
tador devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade.

7.2.2.3 Execução
Em relação à execução dos trabalhos, a norma faz o delineamento de
como deve ser a relação profissional entre o perito-contador assistente e o
perito-contador, para que haja a cooperação de ambos no desenvolvimento
da tarefa.
É recomendado que tão logo o perito-contador assistente tenha conhe-
cimento da perícia, faça contato com o perito-contador, colocando-se à dis-
posição para a execução conjunta da perícia.
Cita, ainda, que na recusa do trabalho conjunto por parte do perito-
-contador, possa este deixar à disposição do perito contador assistente toda a
documentação obtida e gerada no decorrer da perícia, indicando local e hora
para essa verificação.

– 114 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

Visando ao registro dos fatos, a norma estabelece que o perito deve man-
ter registros dos locais e das datas das diligências, nomes das pessoas que os
atenderem, livros e documentos ou coisas examinadas ou arrecadadas, dados
e particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação exami-
nada, quando julgarem necessário e possível, juntando o elemento de prova
original, cópia ou certidão.

7.2.2.4 Procedimentos
No que concerne aos procedimentos, a norma estabelece que estes são
voltados a fundamentar as conclusões a que o perito chegou, com vistas a
elaborar o laudo pericial contábil, ou o parecer contábil.
De acordo com a norma, os procedimentos de perícia contábil são clas-
sificados em 8 (oito) categorias, as quais citamos a seguir:
22 O exame é a análise de livros, registros das transações e
dos documentos.
22 A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de
situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.
22 A indagação é a busca de informações mediante entrevista com
conhecedores do objeto, ou de fato relacionado à perícia.
22 A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial
contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por quais-
quer circunstâncias.
22 O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de contro-
vérsia por critério técnico-científico.
22 A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas,
bens, direitos e obrigações.
22 A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas.
22 A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo peri-
cial contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de auten-
ticidade pela fé pública atribuída a esse profissional.

– 115 –
Auditoria e Perícia Contábil

Esse conjunto de procedimentos é que trará a adequada segurança para


que o perito contábil possa expressar a materialização do seu trabalho, através
do laudo ou do parecer.

7.2.2.5 Planejamento
Na normativa, o planejamento tem destaque especial, pois é através dele
que o perito poderá estabelecer os procedimentos gerais dos exames a serem
executados no âmbito judicial, extrajudicial para o qual foi nomeado, indi-
cado ou contratado, elaborando-o a partir do exame do objeto da perícia.
O planejamento deve anteceder a fase de execução da perícia, em que
o profissional deverá estar atento em elencar todas as etapas dos trabalhos,
tendo por objetivos, destacados no item 33 da norma:
a) conhecer o objeto da perícia, a fim de permitir a adoção de proce-
dimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o
juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide;
b) definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos exames a serem
realizados, em consonância com o objeto da perícia, os termos cons-
tantes da nomeação, dos quesitos ou da proposta de honorários ofe-
recida pelo perito;
c) estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no
prazo estabelecido;
d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer
no andamento da perícia;
e) identificar fatos que possam vir a ser importantes para a solução da
demanda de forma que não passem despercebidos ou não recebam a
atenção necessária;
f ) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia.

Através da leitura atenta dos objetivos anteriormente relacionados, perce-


bemos a real importância do planejamento dos trabalhos periciais, sendo prati-
camente impossível que o perito comece a realizar a sua função sem ter o conhe-
cimento de todas as circunstâncias e fatos que motivaram a realização da perícia.
Além de todas as tarefas estarem formalmente descritas através de crono-
grama, é estabelecido na norma que o planejamento da perícia deve evidenciar
as etapas e as épocas em que serão executados os trabalhos, em conformidade

– 116 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

com o conteúdo da proposta de honorários a ser apresentada, incluindo-se


a supervisão e a revisão do próprio planejamento, os programas de trabalho
quando aplicáveis, até a entrega do laudo.

7.2.2.6 Termo de diligência


A norma em estudo determina que todas as vezes em que o perito solici-
tar documentos, coisas, dados, bem como quaisquer informações necessárias
à elaboração do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, seja
feito através de termo de diligência.
Esse documento denominado de termo de diligência deve ser redigido
pelo perito, e apresentado diretamente à parte, ao seu procurador, ou ao ter-
ceiro, por qualquer meio escrito por que se possa documentar a sua entrega,
contendo minuciosamente a relação de tudo aquilo que ele julgar como
necessário para o bom andamento do seu trabalho.
Na norma é descrito que o documento deve ser direcionado ao diligen-
ciado, que é qualquer pessoa física ou jurídica, inclusive de direito público,
que tenha a posse de documentos, coisas, dados ou informações úteis e indis-
pensáveis para subsidiar a elaboração do laudo pericial contábil ou do parecer
pericial contábil, e que o destinatário, por decorrência legal ou determinação
de autoridade competente, esteja obrigado a fornecer elementos de prova.
Conforme consta no item 55 da norma, existe uma formatação dos
itens que devem compor o documento de termo de diligência, os quais cita-
mos a seguir:
a) identificação do diligenciado;
b) identificação das partes ou dos interessados, e, em se tratando de
perícia judicial ou arbitral, o número do processo, o tipo e o juízo em
que tramita;
c) identificação do perito com indicação do número do registro pro-
fissional no Conselho Regional de Contabilidade;
d) indicação de que está sendo elaborado nos termos do item 49
desta Norma;

– 117 –
Auditoria e Perícia Contábil

e) indicação detalhada dos livros, documentos, coisas e demais ele-


mentos a serem periciados, consignando as datas e/ou períodos abran-
gidos, podendo identificar o quesito a que se refere;
f ) indicação do prazo e do local para a exibição dos livros, docu-
mentos, coisas e elementos necessários à elaboração do laudo pericial
contábil ou parecer pericial contábil, devendo o prazo ser compatí-
vel com aquele concedido pelo juízo, contratante ou convencionado
pelas partes, considerada a quantidade de documentos, as informa-
ções necessárias, a estrutura organizacional do diligenciado e o local
de guarda dos documentos;
g) após atendidos os requisitos da alínea (e), quando o exame dos
livros, documentos, coisas e elementos, tiver de ser realizado junto
à parte ou ao terceiro que detém em seu poder tais provas, haverá a
indicação da data e hora para sua efetivação; e
h) local, data e assinatura.

Há ainda na norma a previsão de que, caso ocorra à negativa da entrega


dos elementos de prova ou para a colaboração na busca da verdade, deve
o perito se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou ou indicou,
narrando os fatos por meio de provas e solicitando as providências cabíveis
e necessárias, para que não seja imputada responsabilidade por omissão na
atividade profissional.

7.2.2.7 Laudo e parecer pericial contábil


Em relação ao laudo e ao parecer contábil, há a citação da definição na
norma como sendo os documentos escritos, nos quais os peritos devem regis-
trar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e
as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova
necessários para a conclusão do seu trabalho.
Cuidados especiais devem ser empregados na redação desses documen-
tos, pois a linguagem adotada pelo perito deverá ser acessível aos interlocu-
tores, possibilitando aos julgadores e às partes da demanda conhecimento e
interpretação dos resultados obtidos nos trabalhos periciais contábeis.
É ressaltado na norma que tanto no laudo como no parecer o perito
deve utilizar de todo o seu esmero e técnica, uma vez que não devem conter

– 118 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

documentos, coisas, e/ou informações que conduzam a duvidosa interpreta-


ção, para que não induza os julgadores e interessados a erro.
No que concerne à formatação do laudo ou parecer, o item 80 da norma
indica os requisitos mínimos, a seguir citados:
a) identificação do processo e das partes;
b) síntese do objeto da perícia;
c) metodologia adotada para os trabalhos periciais;
d) identificação das diligências realizadas;
e) transcrição e resposta aos quesitos: para o laudo pericial contábil;
f ) transcrição e resposta aos quesitos: para o parecer pericial contábil,
onde houver divergência, transcrição dos quesitos, respostas formula-
das pelo perito-contador e as respostas e comentários do perito-con-
tador assistente;
g) conclusão;
h) anexos;
i) apêndices.

Destaca, ainda, que na possibilidade de assinatura em conjunto pelo


perito-contador, e perito-contador assistente, há a responsabilidade soli-
dária sobre o documento, o que reforça a necessidade de cooperação e
desenvolvimento conjunto dos trabalhos, garantindo maior credibilidade
nos trabalhos.

7.2.2.8 Modelos
Como último item da norma, são demonstrados 4 (quatro) modelos4
de documentos que podem auxiliar os peritos na formatação de termos de
diligências e planejamento dos trabalhos periciais.
Os modelos são importantes para que haja consistência e padronização
nos documentos elaborados pelo perito, garantindo melhor qualidade tra-
zendo, por conseguinte, maior segurança aos trabalhos.
4 Esses modelos podem ser visualizados diretamente na Resolução 1.243, através do link:
<http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Per%C3%ADcia_Cont%-
C3%A1bil.pdf>. Acesso em: 26 out. 2017.

– 119 –
Auditoria e Perícia Contábil

Após tratarmos das duas normas brasileiras de contabilidade volta-


das exclusivamente para a área de perícia contábil, podemos perceber a sua
importância como forma de proteção ao perito-contador, além de ser um
guia com as melhores práticas nessa atividade.
Com a emissão dessas normas, é possível uma maior fiscalização por
parte do órgão regulador da profissão contábil, verificando se os profissionais
que efetivamente atuam nessa área estão aplicando toda a técnica necessária,
além de respeito ético e profissional com os demais contadores.

Ampliando seus conhecimentos

A profissão de perito contábil e sua


importância no campo da contabilidade
(FERREIRA et al. 2017, p. 55-56)

[...]
O perito contábil é uma profissão autônoma que está cada
vez mais em ascensão. Existe uma vasta área de atuação, já
que o perito contábil pode realizar diversos trabalhos, como
exemplo, na verificação de uma empresa para que o juiz
possa homologar a concordata que ela pediu, na verificação
contábil para apurar corrupção, processos de fusão de socie-
dades, etc.
De acordo com Cavalli e Ritterbuch (2010, p. 80) “o perfil
do contabilista e da própria contabilidade como ciência social
vem se modificando para adequar-se ao ambiente em que está
inserida, possuindo como prerrogativa básica a satisfação da
célula social”.
Para se tornar um perito de fato precisa-se além do registro
de classe CRC, ser nomeado por um juiz, portanto este pro-
fissional tem que ser bem relacionado, tecer uma boa rede

– 120 –
Normas Brasileiras de Contabilidade relacionadas à perícia

de comunicação para facilitar sua inserção neste mercado.


O horário de trabalho é bem flexível, visto que, a grande
maioria dos serviços realizados é feito de forma digital bem
como a consulta ao processo e a entrega dos laudos. O
profissional tem que possuir além dos conhecimentos téc-
nicos um sistema de informações que lhe de um bom e
confiável suporte.
Alberto (2009, p. 72), “a perícia por sua própria natureza, é
um exercício (ou deveria ser) pleno de cidadania, já que, ao
dispor e ordenar direitos de outrem tem, ao mesmo tempo, o
dever de fazê-lo com total isenção de ânimo.”
Ainda Aberto (2009, p. 150) afirma que o “mais importante
é confrontar a teoria exposta com a prática, pois somente atra-
vés dos raciocínios que decorrerão deste confronto é que a
criatividade e o espírito crítico se desenvolvem, e a união da
primeira com o segundo certamente propiciará o aperfeiçoa-
mento da perícia contábil”.
O profissional que executa perícia contábil precisa ter um con-
junto de capacidades legal, profissional, ética e moral, além
de todas essas qualidades, precisa ainda ser comunicativo, ter
boa compreensão de texto, ser dinâmico e proativo.
A capacidade legal é a que lhe conferem o título de
bacharel em Ciências Contábeis e o registro no Conselho
Regional de Contabilidade - CRC. Esta capacidade carac-
teriza-se por:
22 Conhecimento teórico da contabilidade;
22 Conhecimento prático das tecnologias contábeis;
22 Experiência em perícias;
2 2 Perspicácia;
2 2 Perseverança;
2 2 Sagacidade;

– 121 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Conhecimento geral de Ciências afins à contabilidade;


2 2 Índole criativa e intuitiva.
[...]

Atividades
1. Comente sobre como foi a evolução das Normas Brasileiras de Con-
tabilidade voltadas para a área de perícia contábil.

2. Descreva qual é o objetivo da Norma Brasileira de Contabilidade vol-


tada para a técnica de perícia, se comparada àquela relativa ao profis-
sional de perícia.

3. No que se refere à independência para o exercício profissional da pe-


rícia contábil, disserte sobre como deve ser a linha de conduta a ser
adotada pelo perito, baseando-se no que determina a norma.

– 122 –
8
Planejamento e execução
dos trabalhos em
perícia contábil
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

Neste capítulo, abordaremos a importância do planeja-


mento para a adequada execução dos trabalhos em perícia contábil,
indicando as fases em que este ocorre, bem como os cuidados que o
perito deve ter em todas as etapas.

8.1 Planejamento dos trabalhos1


O planejamento em tudo que fazemos na nossa vida é essen-
cial para que possamos chegar ao caminho desejado, com método
e direcionamento, diminuindo as possibilidades de que algo de
errado aconteça ao longo do percurso.
1 Grande parte dos processos que detalharemos na sequência ocorrem também de
forma virtual.
Auditoria e Perícia Contábil

Desde o momento em que temos discernimento e autonomia para tomar-


mos decisões, iniciamos o planejamento da nossa vida, traçando rumos de acordo
com aquilo que acreditamos ser o mais adequado para o nosso futuro. Assim,
planejamos quando casar, quanto ter filhos, nossa profissão, a aquisição de bens,
enfim, uma infinidade de atos importantíssimos para o rumo da nossa vida.
Imaginemos se para cada um dos atos de nossas vidas não fizéssemos
nenhum tipo de planejamento, ou de rota a seguir, estaríamos como o nave-
gante que se alça nos grandes mares sem dispor de cartas marítimas, ou ao
menos de uma bússola.
Também na área de perícia necessitamos realizar o planejamento de tal
maneira que possamos realizar o trabalho com rigor, profundidade, e com o
mínimo de riscos possíveis.
Seria inadmissível, a quem deseja ingressar na função pericial, que sim-
plesmente executasse as tarefas sem um prévio planejamento dos trabalhos,
pois desde o momento da indicação, ou da nomeação, já se inicia a organiza-
ção, os métodos e o direcionamento do que será realizado.
No planejamento da perícia contábil, devem estar contemplados os
diversos locais onde serão desenvolvidas as atividades, e sobre esse enfoque
Zanna (2005) classifica que o perito poderá trabalhar:
22 no cartório da vara judicial – para perícia judicial;
22 no escritório do contratante – para perícia extrajudicial, semijudi-
cial ou arbitral;
22 nos locais onde são coletados os indícios, as evidências e as provas;
22 no escritório do perito.
Passaremos a discorrer sobre cada um desses locais, indicando os cui-
dados que o perito deve ter no seu planejamento, de modo a desenvolver o
trabalho com integridade e profissionalismo.

8.1.1 No cartório da vara judicial


Nessa etapa dos trabalhos, significa que o perito foi nomeado judicial-
mente, ou tenha sido indicado, no caso dos assistentes técnicos. A nomeação

– 124 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

do perito poderá ocorrer de diversas maneiras, como, por exemplo: por tele-
fone, e-mail, carta com AR ou intimação, através de oficial da justiça.
Tão logo o perito tenha sido nomeado, ou indicado, deverá se dirigir
junto ao cartório da vara em que o processo está arquivado para fazer carga
dos autos, em livro próprio, e levá-lo para o seu escritório, dando início à
preparação do seu planejamento.
De posse dos autos, deverá ler atentamente o seu conteúdo identificando
elementos essenciais para o desenvolvimento dos trabalhos como: motivo da
demanda, documentos anexados/apensados, local onde irá ser instaurada a
perícia, necessidade de outros profissionais e prazo para a execução da tarefa.
Nessa fase, será possível planejar também quando ocorrerão as diligên-
cias2, que consistem na etapa em que o perito se deslocará até o local onde
será realizada a perícia, ou solicitará que toda a documentação esteja posta
para ele no dia, local e horário desejados.
Aceito o trabalho e o desenvolvendo sem impedimentos, ao final deverá
retornar ao cartório para a devolução dos autos, tomando o cuidado de verificar
a baixa no livro em que ele havia assinado, no momento da carga do processo.

8.1.2 No escritório do contratante


Essa fase do trabalho somente acontece se a perícia for extrajudicial,
semijudicial, arbitral, ou se o perito estiver atuando na condição de assis-
tente técnico.
Muito provavelmente nessas condições o profissional tenha sido indi-
cado porque goza de respeito e credibilidade dos contratantes, ou através de
indicação de alguém que já tenha se utilizado dos serviços do perito.
Da mesma maneira que ocorre no cartório, em que o perito tem acesso à
documentação de forma irrestrita, também aqui todas as informações devem
estar à disposição do perito, para que este execute o planejamento adequado
do seu trabalho.

2 Ao final deste capítulo, apresentamos modelo de Termo de Diligência, que é o documento


no qual o perito relaciona tudo aquilo de que necessitará para a consecução do seu trabalho,
indicando o dia, local e horário que precisará para dar início aos trabalhos.

– 125 –
Auditoria e Perícia Contábil

O perito deve estar atento para que haja a compreensão completa do


motivo que gerou a perícia, e verificar se está capacitado para a execução dos
trabalhos, alertando desde logo ao seu contratante, que pautará a tarefa de
acordo com a técnica e os padrões éticos requeridos.
Estando inteirado de tudo aquilo que motivou a tarefa, e conhecendo a
documentação pertinente, iniciará o planejamento do seu trabalho, em que
recomendamos que seja elaborado um cronograma com as datas e tarefas a
serem cumpridas, de modo a priorizar aqueles itens mais importantes.
Por fim, é prudente a elaboração de um contrato de prestação de servi-
ços, pois diferentemente da perícia judicial que está amparada pela justiça, no
ambiente aqui citado não há a proteção do Estado, motivo pelo qual a relação
de trabalho deve ser regida com cláusulas claras devidamente documentadas.

8.1.3 Nos locais onde são coletados os indícios,


as evidências e as provas
Como não há perícia sem que exista investigação documental e teste-
munhal, faz-se necessário o exame pericial nos locais onde são coletados os
indícios, as evidências e as provas.
Quando se trata de perícia na esfera judicial, há previsão legal da coleta
de material necessário para formar a convicção do perito, conforme disciplina
o artigo 473 do Código de Processo Civil, citado a seguir.
O laudo pericial deverá conter:
I – a exposição do objeto da perícia;
II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demons-
trando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do
conhecimento da qual se originou;
IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz,
pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.

Como descrito antes, há uma variedade muito grande de documentos


que podem servir de provas e evidências buscadas pelo perito no decorrer do
desempenho da sua função. O planejamento dos trabalhos nesse campo de

– 126 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

atuação, local onde os documentos estão dispostos, é de fundamental impor-


tância para que o perito possa embasar as suas conclusões e observações.
Cabe ao perito identificar a documentação/informação necessária em
determinado período, sendo que em perícia contábil obviamente serão obti-
das na escrituração da contabilidade e em registros auxiliares.
No planejamento da busca das informações deve o perito relacionar
antecipadamente, através de termo de diligência, tudo aquilo que ele julga
necessário ficar à sua disposição para iniciar efetivamente a perícia.

8.1.4 No escritório do perito


Por fim, o último local em que será executada a perícia é no escritório do
perito, onde este fará a revisão de toda a documentação juntada ao processo,
e iniciará a redação do laudo pericial.
Nessa fase do planejamento, é fundamental que o perito conte com
alguém que revise a redação do documento produzido por ele, pois de nada
adianta a aplicação de toda a técnica no decorrer dos trabalhos se esbarra na
redação do laudo, com textos confusos e não conclusivos.
É no escritório do perito que ele inicia e termina o trabalho, pois esse
local dispõe de infraestrutura adequada para a guarda dos documentos,
biblioteca para pesquisas e equipe para auxiliá-lo em eventuais dúvidas susci-
tadas ao longo do trabalho.

8.2 Etapas do planejamento


do trabalho pericial
A partir do momento em que o perito sabe que irá realizar a perícia, seja
ela judicial, semijudicial ou arbitral, deve traçar os rumos que conduzirão
todo o trabalho a ser desenvolvido ao longo da tarefa, iniciando o seu plano
de trabalho, que, de acordo com Lopes de Sá (1994, p. 37), é “[...] a previsão,
racionalmente organizada, para execução das tarefas, no sentido de garantir a
qualidade dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou resposta.”

– 127 –
Auditoria e Perícia Contábil

A elaboração do plano de trabalho em perícia contábil depende de uma


série de ações, as quais são citadas por Lopes de Sá (1994), como sendo:
1. pleno conhecimento da questão (se for judicial, pleno conheci-
mento do processo);
2. pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa;
3. levantamentos prévios dos recursos disponíveis para exame;
4. prazo ou tempo para execução das tarefas e entrega do laudo
ou parecer;
5. acessibilidade aos dados (se depende de muitos locais, com desloca-
mento, burocracias etc.);
6. pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e confiabili-
dade de documentação;
7. natureza de apoios, se necessários.
Passaremos a seguir a comentar as ações anteriormente elencadas, de
modo a tornar claro o que se busca em cada uma das etapas da construção do
plano de trabalho.

8.2.1 Pleno conhecimento da questão


Para que o perito contábil possa desempenhar a sua tarefa da melhor
maneira possível, é essencial que tenha o conhecimento profundo de tudo
aquilo que está gerando a realização do trabalho, seja como perícia judicial,
ou nas outras modalidades. Sendo perícia judicial, faz-se necessária a leitura
pormenorizada dos autos, buscando identificar as argumentações das partes
envolvidas que motivaram a demanda, com a convicção de que o conteúdo do
laudo elaborado pelo perito tende a ser o de maior confiabilidade para o juiz.
O pleno conhecimento da questão permite ao perito ter acesso aos que-
sitos3 elaborados pelo juiz, e aos eventuais questionamentos desenvolvidos
pelas partes, tendo assim a mensuração da complexidade e tempo demanda-
dos para a realização dos trabalhos.

3 Quesitos são questionamentos realizados na forma de perguntas, em que cabe ao perito


respondê-los, de modo a esclarecer as dúvidas de quem os elaborou.

– 128 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

8.2.2 Pelo conhecimento de todos os


fatos que motivam a tarefa
É muito comum que em uma “briga”, seja ela judicial ou não, existam
“verdades” que, segundo quem acha que está certo, é a que ele acredita ser.
Assim, pode existir a “verdade” do autor, a “verdade” do réu, mas o que
realmente deve prevalecer é a “verdade” dos fatos, obtida mediante todos os
exames necessários para formar a convicção do perito.
Quando duas ou mais pessoas estão brigando, estas acham que estão com
a razão, o que é impossível de ocorrer, pois alguém irá ganhar e outro irá perder.
Sendo a perícia semijudicial, extrajudicial ou arbitral, é fundamental que
haja uma reunião, ou diversas reuniões, com as partes envolvidas de maneira
que o perito conheça profundamente todos os fatos que envolvem a tarefa,
evitando surpresas durante o andamento dos trabalhos.

8.2.3 Levantamento prévio dos recursos


disponíveis para exame
No planejamento do trabalho pericial, devem ser considerados os recur-
sos disponíveis que o perito terá em mãos para a execução da sua tarefa.
Seria muito difícil a realização de trabalhos periciais na área de contabili-
dade em uma empresa que não tem a sua escrita contábil regular, ou que haja
uma série de contas sem conciliação.
Se a base para a realização dos exames periciais se assenta sobre a escritu-
ração, em uma empresa que não possui controles internos confiáveis, a perícia
demandaria mais tempo, e com um grau maior de risco, fatores estes que
devem ser contemplados na fase de planejamento dos trabalhos.

8.2.4 Prazo para a execução das tarefas


Para que possamos realizar trabalhos com qualidade, atenção e livre de
erros, o fundamental é poder executar a tarefa com bastante prazo.
Em trabalhos periciais, nem sempre o prazo é grande, motivo pelo qual
há necessidade imperiosa de conhecer quanto tempo temos para realizar a
tarefa, antes de aceitá-la.
– 129 –
Auditoria e Perícia Contábil

O estabelecimento dos prazos para a realização da perícia varia muito de


acordo com a sua espécie, sendo ela judicial, ou nas outras modalidades, mas
é comum a fixação do prazo por quem requereu ou solicitou a perícia.
No que se refere ao prazo para desenvolvimento dos trabalhos na perícia
judicial, o Código de Processo Civil estabelece no artigo 477, e seu parágrafo
único, as seguintes datas:
Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado
pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução
e julgamento.
§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre
o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias,
podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo,
apresentar seu respectivo parecer.
§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias,
esclarecer ponto:
I – sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes,
do juiz ou do órgão do Ministério Público;
II – divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá
ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a compa-
recer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo,
as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrô-
nico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência.

Com isso, percebemos que de fato o prazo é uma das variáveis impor-
tantes quando o perito contábil realiza o seu planejamento, com a premissa
de que quanto menos prazo houver maior será o risco ao qual o trabalho
estará exposto.

8.2.5 Acessibilidade aos dados


No processo da perícia contábil, o planejamento da acessibilidade dos
dados permite ao perito dimensionar se terá ou não dificuldades operacionais
em buscar determinadas informações.

– 130 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

Quando a contabilidade e outras áreas vitais para a perícia, como


departamento financeiro, recursos humanos, entre outros, são centra-
lizadas a tendência é que o perito tenha maior facilidade em obter os
dados desejados.
Por outro lado, em organizações que possuem muitas filiais, e onde
os departamentos são descentralizados, poderá dificultar o acesso aos
dados necessários para a realização da perícia, tendo muitas vezes que
haver o deslocamento do perito para outras cidades/regiões para a busca
da informação adequada.

8.2.6 Pleno conhecimento dos sistemas


contábeis adotados
Uma vez que são diversos os sistemas ofertados hoje no mercado, é inte-
ressante que o perito saiba previamente qual é o sistema contábil adotado
pela empresa.
Caso o sistema contábil adotado pela empresa seja vendido livremente
por empresas especializadas em software, o perito já terá uma linha de condu-
ção dos trabalhos, considerando que não há grande divergência na lógica dos
sistemas disponíveis no mercado.
Sendo o sistema desenvolvido internamente, o perito deve se inteirar
sobre como funciona a integração das informações, se por lote ou módulos
interligados, para poder decidir qual o melhor caminho a adotar.
Independente de ser desenvolvido internamente, ou por terceiros, no
planejamento dos trabalhos periciais o fundamental é que o perito possa con-
fiar nos dados processados pela empresa, desde a forma de alimentação dessas
informações até a sua saída.

8.2.7 Natureza de apoios


Esse item não é menos importante do que os demais no planejamento
dos trabalhos do perito, pois deverá ser dimensionada a possibilidade de uti-
lização de trabalhos de especialistas.

– 131 –
Auditoria e Perícia Contábil

Os especialistas envolvidos podem ser de áreas como informática, esta-


tística, matemática, somente para citar alguns exemplos, em que poderão
auxiliar o perito na busca de dados e informações ao longo dos trabalhos.
Sabendo previamente dessas necessidades, o perito deverá elencar as pos-
síveis áreas em que será necessário o apoio de especialistas, bem como relacio-
nar os nomes das pessoas que poderão auxiliá-los.

8.3 Técnicas de execução


dos trabalhos em perícia contábil
Para que o trabalho do perito tenha segurança e confiabilidade, este se
utiliza de algumas técnicas de execução, consagradas pela literatura, e conti-
das na NBC TP 01 – Perícia Contábil –, sendo estas o exame, a vistoria, a
indagação, a investigação, o arbitramento, a avaliação e a certificação.
Essas técnicas poderão ser aplicadas conjuntamente ou de forma isolada,
conforme as circunstâncias e necessidades de cada perícia.
A seguir, abordaremos as técnicas mencionadas, exemplificando o
momento da sua utilização, bem como o que se busca na aplicação de cada
uma delas.

8.3.1 Exame
É a análise dos elementos constitutivos da matéria, de modo a constatar
os fatos que fazem parte da perícia.
Pode ser em relação a diversos elementos que participam do objeto peri-
ciado, como, por exemplo: uma pessoa, um documento, um móvel, um regis-
tro, entre tantas outras situações.
O exame pode ser decomposto em várias partes, de tal maneira a for-
mar a convicção do perito de determinado fato ou circunstância que está
sendo verificado.
Especificamente em matéria contábil, o exame se dá na análise de livros,
registros das transações e documentos pertinentes ao que foi contabilizado.

– 132 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

8.3.2 Vistoria
É o ato de verificação do estado circunstancial do objeto pericial con-
creto: pessoa, máquinas, documento, condições ambientais.
A vistoria é feita para que o perito busque a clareza de que determinado
item periciado de fato existe, e está revestido das características necessárias
para validação como algo real e verificável.
Assim, se o perito estiver realizando a verificação sobre um conjunto de
bens, como máquinas, por exemplo, além da certificação visual da existência
do item, deve ter condições de avaliar a sua funcionalidade.
No caso de exames sobre documentos, faz-se a vistoria com o intuito de
verificar se determinado documento é servível para o fim a que se pretendia,
revestido de todas as características para ser aceito como verdadeiro.

8.3.3 Indagação
É o ato pericial de obtenção do testemunho pessoal daqueles que têm
ou deveriam ter conhecimento dos fatos ou atos concernentes à matéria
periciada.
Na indagação, busca-se conhecer as informações, mediante entrevista
com conhecedores do objeto ou de fato relacionado à perícia, de modo a
possibilitar ao perito formar a sua convicção sobre os acontecimentos que
cercam o trabalho.
A indagação é necessária para que o perito obtenha o testemunho
das pessoas, e que este seja revestido das formalidades requeridas pelo
Poder Judiciário, para que posteriormente possa ser utilizado como prova
no processo.

8.3.4 Investigação
É a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer peri-
cial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.

– 133 –
Auditoria e Perícia Contábil

No caso da perícia contábil, o que se busca é o esclarecimento de fatos


decorrentes de anomalias na contabilidade, como astúcia, má-fé, fraude,
malícia e outros procedimentos aéticos que visam obscurecer a verdade.
Normalmente, esses fatos permeiam os registros contábeis quando uma
pessoa está mal-intencionada e procura levar vantagem sobre outra.

8.3.5 Arbitramento
É a técnica que permite determinar valores por procedimentos estatísti-
cos, como média, mediana, desvio padrão, quando não há condições de obter
informações adequadamente registradas na contabilidade.
Em trabalhos periciais, os critérios técnicos de arbitramento devem ser
fundamentados e demonstráveis, de modo a não gerar polêmicas, principal-
mente se participarem da mesma tarefa outros peritos, pois, nesse caso, cada
um terá valores diferentes.
Em uma situação como esta, naturalmente trará maior segurança para
quem decidir sobre o resultado do trabalho aqueles cálculos que, embora fei-
tos de forma arbitrada, guardam demonstrações devidamente fundamentadas
por critérios técnico-científicos.

8.3.6 Avaliação
É o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, des-
pesas e receitas, por critério puramente objetivo, calculável ou demonstrável.
Em perícia contábil, muitas vezes o valor que consta na contabilidade
não é o adequado para mensurar a correta avaliação de um determinado item.
Assim, por exemplo, itens que constam no imobilizado, que na con-
tabilidade estariam registrados ao valor de custos, no momento da perícia
deveriam estar avaliados a valor de mercado.
A avaliação normalmente é compartilhada com outros profissionais que
não da área contábil, como, por exemplo, engenheiros civis e industriais.

– 134 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

8.3.7 Certificação
É o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo
perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atri-
buída a esse profissional.
Os documentos assinados pelo perito-contador estão revestidos de toda
segurança, pois são profissionais que gozam de reputação ilibada, não sendo
necessárias autenticidades de assinaturas.
Assim, o perito somente deve assinar um documento quando estiver
convicto e com plena certeza de que as informações ali contidas são verdadei-
ras, livres de qualquer fraude, pois a certificação trazida por ele será confiada
pelas pessoas que utilizarão esse documento.

8.4 Papéis de trabalho


Considerando que a perícia contábil é revestida de muita formalidade
e que os resultados proporcionados por ela podem influir na decisão de pes-
soas, tirando o direito de uns e concedendo a outros, é de fundamental
importância que tudo aquilo que foi obtido durante a tarefa seja devida-
mente registrado.
Aos registros realizados denominamos de papéis de trabalho, os quais
devem ser conservados por cinco anos após a entrega do laudo, ou parecer, ou
dos esclarecimentos adicionais.
Não há um padrão rígido do estabelecimento de papéis de trabalho,
como existe na área de auditoria, por exemplo. Todavia elencamos uma série
de informações, que, segundo o nosso entendimento, deveriam fazer parte
dessa documentação.
Apresentamos a seguir um formato de papel de trabalho, com as devidas
explicações sobre a forma de preenchimento.

– 135 –
Auditoria e Perícia Contábil

Figura 1 – Modelo de papel de trabalho.


IESDE BRASIL S/A.

Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro


CRC-PR 12345/O
Perito-Contador

(A) Registros Iniciais Horas Totais


Alocadas

JCJ/Vara Número do Processo Data da Carga Prazo para


Entrega

Reclamante/Autor

Reclamada/Ré

Assistente Reclamante Assistente Reclamada Início/Fim Perito do Juiz


Horas

(B) Análises Iniciais dos Autos Horas Totais


Alocadas

Admissão Demissão Data de Início Data de


Término

Objeto da Perícia Contábil

Documentos nos Autos

– 136 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

Documentos Faltantes

(C) Diligências Horas Totais


Alocadas

Data de Início da Diligência Data de Término da Enviado para Responsável


Produção
Diligência

Resultados e/ou Observações das Diligências

(D) Análises Complementares para o Laudo Horas Totais


Alocadas

Coordenador/Subcoordenador da Célula Perito Contábil Orientador

– 137 –
Auditoria e Perícia Contábil

Observações e Orientações

(E) Levantamento de Dados/Definições de Anexos Horas Totais


Alocadas

Definições dos Anexos

Levantamentos de Dados

– 138 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

(F) Análises, Sistemas e Programação Horas Totais


Alocadas

Programas Básicos Criação e Geração de Planilhas

Observações Gerais

(G) Digitações e Operações em Computadores Horas Totais


Alocadas

Executor do Trabalho Lista de Programas Utilizados

(H) Redação do Laudo Pericial Contábil Horas Totais


Alocadas

Orientador Executor Responsável

– 139 –
Auditoria e Perícia Contábil

Orientações, fundamentos e observações

(I) Análises Finais Total de horas de conferências Total de horas de revisão e


montagem

(J) Impugnações Data da Carga Prazo para Esclarecimentos

Responsável pelos Esclarecimentos Resultados dos Esclarecimentos


( ) Mantido Totalmente
( ) Refeito Parcialmente
( ) Refeito
Fundamentos principais para manter ou refazer

(K) Resultado Final Data de Liquidação Honorários


Recebidos (R$)

Arquivado em: Data Limite para Manter em Arquivo Outras


Observações

Fonte: Elaborada pelo autor.

– 140 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

8.4.1 Preenchimento do papel de trabalho


22 Registros iniciais nos quais deve constar a identificação do caso,
partes, número do processo, data de carga em cartório, prazo
para entrega do trabalho, se existem assistentes técnicos indi-
cados, registrando as horas correspondentes, inclusive de idas e
vindas a cartório.
22 Análises iniciais em que são anotados os dados básicos e delimita-
dores da ação pericial relativos ao caso, bem como uma síntese do
objeto da perícia contábil, quais documentos existem nos autos, e
quais documentos ou elementos devem ser pesquisados, examina-
dos ou investigados pela perícia.
22 Diligências nas quais são registradas todas as ocorrências, os resulta-
dos ou observações que interessam à perícia.
22 Análises complementares para o laudo, nas quais o perito ou o coor-
denador do grupo estabelecerá as bases, critérios e dados que serão
considerados pela perícia para atingir a sua finalidade.
22 Levantamentos de dados/definição, complemento do item anterior.
22 Análises, sistemas e programação, em que será identificado quais os
programas e arquivos básicos que serão utilizados no caso, ou se há
necessidade de criação de outros a partir dos existentes.
22 Digitação e operação, refere-se a tarefas delegáveis e, como tais, per-
feitamente executáveis por auxiliares sob orientação do perito, mas
deverão, necessariamente, ser revistas pelo coordenador do grupo e
pelo próprio perito.
22 Redação do laudo pericial contábil é de baixa delegação, requerendo
acompanhamento rigoroso do perito nomeado, responsável técnico
pelo trabalho executado. Isso porque, embora mediante orientação
de pessoal qualificado, o esboço geral da redação possa ser efetuado
e executado, e a redação final, bem como as respostas dos quesitos
formulados pelas partes ou pelo juízo, deve ser efetuada pelo perito
contábil nomeado.

– 141 –
Auditoria e Perícia Contábil

22 Impugnações: tomarão por base o próprio papel de trabalho já ela-


borado, e mesmo que haja a necessidade de consulta ao coordena-
dor do grupo, o item é indelegável, pois que é o próprio perito que
deve prestar os esclarecimentos necessários e, ao mesmo tempo,
fazer um controle da qualidade de seu trabalho, anotando os fun-
damentos para aumentar ou refazer o laudo.
22 Resultado final: registrará a data limite para manter em arquivo,
data de liquidação, honorários recebidos e outras observações finais
a respeito do trabalho.
Figura 2 – Modelo de termo de diligência.
IESDE BRASIL S/A.

Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro


CRC-PR 12345/O
Perito-Contador

Termo de diligência

Autos:
Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:

Em xx/xx/20XX, no exercício da função de Perito Judicial, honrosamente


nomeado pelo ilustre Dr. _____________, folhas 200, e a fim de proceder às
diligências e exames imprescindíveis à solução da prova pericial contábil defe-
rida, bem como oferecer resposta aos quesitos formulados, em conformidade
com o art. 429 do Código de Processo Civil, solicito às (Nome da Empresa/
Pessoa), as informações e documentos abaixo, que deverão estar à disposição
do perito em ____/____/20XX, às _____:____horas, nas dependências da
empresa acima nominada, no endereço: ____________________________
______________________________________________.

– 142 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

1. Cópia autenticada das páginas do livro diário e do livro-razão


do período de xxx a yyyy, onde conste o registro das operações de
______________;

2. Cópia autenticada da nota fiscal n.º xxxx, da empresa zzzzzz, emitida


em yyyyyy;

3. Cópia autenticada.

Sendo necessárias outras informações ou documentos durante o


exame pericial, esse perito mantém a possibilidade de solicitá-las
durante o desenvolvimento do trabalho pericial.

Para os devidos fins, lavro o presente Termo de Diligência, para que


valha na melhor forma do direito, com sustentação do Código de
Processo Civil, art. 429, e ofereço ao diligenciado a contrafé, que
depois de lido e aprovado, foi assinado pelo perito e pelo diligen-
ciado Sr. (a) ___________________.

Curitiba, 20 de dezembro de 20XX

Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

CRC PR – 12345/O

Perito-Contador

Recebido por:

Data:

Assinatura:
Fonte: Elaborada pelo autor.

– 143 –
Auditoria e Perícia Contábil

Ampliando seus conhecimentos

A qualidade do laudo pericial elaborado


pelo perito contador na visão de
magistrados do rio de janeiro e Brasília
(MEDEIROS; JÚNIOR, 2012, p. 5-6)

[...]
O planejamento e a organização são técnicas consideradas de
grande importância para o desenvolvimento de um trabalho
pericial de qualidade. Com isso faz-se necessário à apresen-
tação da resolução de nº 858/99, do Conselho Federal de
Contabilidade, relacionado ao planejamento e organização.
(NBC T-13 – da Perícia Contábil)
A etapa do planejamento está descrita na NBC T-13 do item
13.2. Essa seção relata que o planejamento pressupõe ade-
quado nível de conhecimento específico do objeto da perícia
contábil deferida ou contratada, que a perícia deve ser plane-
jada cuidadosamente, com vista ao cumprimento do prazo.
O planejamento deve considerar, os seguintes fatores relevan-
tes na execução dos trabalhos:
a) o conhecimento detalhado dos fatos concernentes
à demanda;
b) as diligências a serem realizadas;
c) os livros e documentos a serem compulsados;
d) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedi-
mentos de perícia a serem aplicados;
e) a equipe técnica necessária para a execução do trabalho;
f) os serviços especializados, necessários para a execução
do trabalho;

– 144 –
Planejamento e execução dos trabalhos em perícia contábil

g) os quesitos, quando formulados; e


h) o tempo necessário para elaboração do trabalho.
Esses fatores devem ser revisados e atualizados sempre que
novos fatos o exigirem ou recomendarem.
A etapa dos procedimentos está descrita na NBC T-13 no
item 13.4. Essa seção relata que os procedimentos de perícia
contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas
ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, e abran-
gem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a comple-
xidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.
O exame é a análise de livros, registros das transações e docu-
mentos. A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a
constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.
A indagação é a busca de informações mediante entre-
vista com conhecedores do objeto da perícia. A inves-
tigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial
contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por
quaisquer circunstâncias.
O arbitramento é a determinação de valores ou a solução
de controvérsia por critério técnico. A mensuração é o ato
de quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações.
A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens,
direitos, obrigações, despesas e receitas. A certificação é o
ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil
pelo perito contador conferindo-lhe caráter de autenticidade
pela fé pública atribuída a este profissional.
É importante ressaltar que o perito contador assistente não pode
firmar em laudo ou emitir parecer sobre este, quando o docu-
mento tiver sido elaborado por leigo ou profissional de outra área,
devendo, nesse caso, apresentar parecer contábil da perícia.
[...]

– 145 –
Auditoria e Perícia Contábil

Atividades
1. Em quais locais pode ser desenvolvido o trabalho do perito contábil?
Comente em quais situações ocorreriam trabalhos nesses locais.

2. Disserte sobre a importância de que o perito contábil tenha pleno co-


nhecimento do que motivou a perícia, para o adequado planejamento
do seu trabalho.

3. Entre as diversas técnicas que envolvem o trabalho do perito, temos


o arbitramento. Sobre essa técnica, explique o que significa e como
pode ser aplicada em trabalhos periciais.

– 146 –
9
Laudos e pareceres periciais
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro

Neste capítulo, abordaremos a importância, o conceito, as


características e os conteúdos do laudo e do parecer pericial, em
conformidade com regras estabelecidas pelo Código de Processo
Civil (CPC), e pelas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
Ao final, apresentaremos um exemplo prático da estruturação de
um laudo pericial contábil.

9.1 Importância do laudo


e do parecer pericial
Em todo trabalho desempenhado por profissionais com
especialização técnica, há um momento em que efetivamente é
demonstrada toda a competência, todo o zelo, esmero e conheci-
mento que fundamentam a atividade realizada, chegando ao ápice
da tarefa.
Auditoria e Perícia Contábil

Em distintas profissões, o momento de transmitir a terceiros a técnica


empregada é diferente, porém visível para quem deles se utiliza.
Para um advogado, a fundamentação de uma ação, juntamente com a
argumentação, expõe a qualidade e o desempenho do profissional.
Para um professor, quando no final de suas aulas vê que o aluno absorveu
e, muitas vezes, aprimorou os conhecimentos ministrados, é fator de orgulho
sobre o desempenho da sua função.
Para um médico que após a cirurgia verifica que toda a técnica e todo o
conhecimento foram essenciais para salvar a vida de uma pessoa, tem a cer-
teza de que acertou no caminho escolhido para a profissão.
Assim, poderíamos ilustrar com infinitos exemplos de situações, ou fatos
que mostrariam a importância de determinadas profissões, expondo os resul-
tados alcançados de diferentes maneiras.
Na área de perícia contábil, também haverá um momento em que será
exigida toda a competência e técnica do profissional, atributos estes que serão
representados em documentos denominados de laudo e de parecer pericial.
De nada adiantaria se a pessoa que executa a atividade pericial fosse
um profundo conhecedor do assunto para o qual foi nomeado, ou contra-
tado, que tenha executado um excelente trabalho na fase de levantamento de
dados, se não tiver a capacidade de transformar tudo aquilo que viu, obser-
vou, constatou e investigou em algo concreto, descrito com rigor lógico.
O laudo e o parecer pericial passam a ser a “hora da verdade” para o
perito, pois será através desses documentos que conseguirá, ou não, transmitir
ao interessado todas as informações necessárias para que o usuário dessa peça
possa tomar uma decisão com confiança, segurança e baseado na verdade.
Através do laudo e do parecer pericial é possível segregar o excelente
trabalho daquele realizado de maneira inadequada, sem bases e fundamentos
centrados na ciência da contabilidade.
Esses documentos são essenciais em trabalhos periciais, pois é através
deles que muitas vezes a justiça se faz cumprir, baseada nos valores apurados
e demonstrados pelo perito-contador.

– 148 –
Laudos e pareceres periciais

9.2 Conceito do laudo e do parecer pericial


Para a condução do nosso raciocínio, utilizaremos o conceito de
laudo e de parecer pericial, à luz do Código de Processo Civil, bem como
descrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade, que abor-
dam o assunto.
Esse direcionamento é importante para que os leitores entendam que há
um regramento muito restrito na elaboração do laudo e do parecer pericial,
o qual deve ser seguido na íntegra por todas aquelas pessoas que pretendem
ingressar na carreira pericial.
A elaboração de laudo e do parecer pericial sem a qualidade, formatação
e os conteúdos requeridos, podem levar à impugnação do trabalho desenvol-
vido pelo perito, causando transtornos, tanto para o profissional que execu-
tou o trabalho, tanto para quem o nomeou, ou contratou.

9.2.1 Laudo pericial


Laudo pericial contábil é o documento elaborado pelo perito-contador
nomeado em juízo, no qual demonstrará como foi a condução do seu traba-
lho, sua metodologia aplicada, bem como resultados alcançados, para auxiliar
o magistrado na tomada de decisões sobre determinada demanda.
No laudo pericial é que o profissional irá efetivamente expor como foi
a condução do seu trabalho e as conclusões a que o perito chegou, conforme
nos ensina Rosa (1999, p. 125):
Laudo, portanto, é a exposição da perícia realizada e seu resultado.
Nele devem vir as conclusões do perito sobre a perícia levada a efeito,
precedidas, como é óbvio, da respectiva fundamentação, ou seja, no
laudo pericial o profissional que elaborou dá o seu pronunciamento
técnico sobre determinado fato ou ocorrência, manifestando suas
conclusões a respeito do assunto controvertido que foi submetido
à apreciação.

Portanto, o laudo pericial é essencial e necessário em trabalhos de perícia


para que tudo o que foi observado e examinado venha a servir como guia para
fundamentar a tomada de decisão por parte do julgador.

– 149 –
Auditoria e Perícia Contábil

9.2.2 Parecer pericial


Parecer pericial contábil é o documento elaborado pelo assistente téc-
nico contratado pelas partes que estão envolvidas em uma demanda judicial,
ou em perícias extrajudiciais e arbitrais, nas quais o profissional demonstrará
como foi a condução do seu trabalho, metodologia aplicada, bem como os
pontos de discordância em relação ao laudo pericial, caso existam.
Sobre o conteúdo do parecer pericial, não cabe ao assistente técnico bus-
car argumentos tendenciosos para o ganho da causa por parte de quem o
contratou, uma vez que ele não é advogado de defesa, como bem expõe Hoog
(2008, p. 197):
É na peça escrita que o perito-contador assistente revela de forma
clara e objetiva o resultado do seu trabalho [...] serve de subsídio
ao patrono da parte contratante, como opinião técnica científica
contábil. A preparação do relatório é de exclusiva responsabilidade
do perito-contador assistente, onde estão incluídos somente os
aspectos científicos contábeis, pois a defesa não cabe ao assistente,
e sim ao advogado.

Através do parecer pericial é a oportunidade de o perito-contador assis-


tente concordar ou expor as suas divergências em relação ao laudo pericial
contábil, sempre com respeito e educação com todos aqueles profissionais
que estão envolvidos na tarefa.

9.3 Laudo e parecer pericial nas


Normas Brasileiras de Contabilidade
Nas Normas Brasileiras de Contabilidade, mais precisamente na NBC
TP 01 – Perícia Contábil –, há regulamentação rigorosa sobre apresentação,
terminologia, estrutura, entre outros temas relacionados, que tratam especifi-
camente sobre o laudo e parecer pericial, mais precisamente dos itens 57 a 88.
Passaremos a discorrer sobre alguns dos itens que estão contemplados
na norma, expondo os nossos comentários acerca dos conteúdos lá descritos.
Em conformidade com o item 60 da NBC TP 01 – Perícia Contábil:
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são orientados
e conduzidos pelo perito-contador e pelo perito-contador assistente,

– 150 –
Laudos e pareceres periciais

respectivamente, que adotarão padrão próprio, respeitada a estrutura


prevista nesta Norma. Neles devem ser registrados de forma circuns-
tanciada, clara e objetiva, sequencial e lógica, o objeto da perícia, os
estudos e observações realizadas, as diligências executadas para a busca
de elementos de prova necessários, a metodologia e critérios adotados,
os resultados devidamente fundamentados e as suas conclusões.

Pela redação anteriormente exposta, percebemos claramente que há a


necessidade de padronização do laudo e parecer pericial, contendo uma estru-
turação que leve a quem deles se utiliza, a saber como foi conduzida a tarefa,
além dos resultados a que o perito ou assistente técnico chegaram.
No passado não ficava clara a responsabilidade do perito e dos assistentes
técnicos colocarem as suas conclusões sobre o trabalho executado, no qual
muitos se limitavam a somente responder aos questionamentos realizados por
quem os nomeou, ou contratou.
No que se refere à forma de escrita que deve ser seguida por quem ela-
bora laudos e pareceres periciais, a NBC TP 01 determina no seu item 62:
A linguagem adotada pelo perito deverá ser acessível aos interlocu-
tores, possibilitando aos julgadores e às partes da demanda conhe-
cimento e interpretação dos resultados obtidos nos trabalhos peri-
ciais contábeis. Devem ser utilizados termos técnicos e o texto conter
informações de forma clara. Os termos técnicos devem ser inseridos
na redação do laudo pericial contábil e do parecer pericial contábil, de
modo a se obter uma redação técnica, que qualifique o trabalho peri-
cial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade, bem como a
legislação de regência da profissão contábil.

Podemos observar que a normativa solicita que os peritos se utilizem de


termos técnicos para a elaboração dos laudos e pareceres, pois de fato esses
documentos são destinados a decisões importantíssimas que têm como base a
contabilidade, em que muitos termos e jargões específicos existem.
Todavia, não podemos nos esquecer de que tanto o laudo como o
parecer pericial são destinados a pessoas leigas em contabilidade, portanto
o desafio do perito consiste em redigir uma peça com conteúdo técnico,
entretanto que seja plenamente compreendido por aqueles que se utilizarão
desse documento.

– 151 –
Auditoria e Perícia Contábil

Embora os próprios juízes e advogados primem por termos rebuscados


da área do Direito, não raras vezes fazem crítica à forma como são redigidos
laudos e pareceres periciais.
O linguajar utilizado nos laudos e pareceres deve ser de fácil entendi-
mento por aqueles que se utilizarão desse documento, o que muitas vezes não
acontece, como relata Zanna (2005, p. 155):
Vocês, peritos, devem elaborar um laudo didático para que nós pos-
samos entendê-lo com facilidade por causa do acúmulo de processos
com os quais trabalhamos todos os dias. Nós não fomos treinados
para entender de contabilidade e de economia. Nós entendemos de
leis e vocês devem nos ajudar em matéria contábil de forma a facilitar
o nosso trabalho.

A mensagem anterior foi transmitida por um juiz para o perito, instruin-


do-o sobre como ele desejaria que fosse a redação do laudo pericial, transpare-
cendo que os outros laudos que ele já tinha lido não estavam com padrão de
linguagem acessível para quem é leigo em matéria contábil.
Quanto aos eventuais documentos que venham a fazer parte do laudo
ou do parecer pericial, a NBC TP 01, nos itens 74 e 75, apresenta distinção
conceitual entre o que venha a ser anexo e apêndice, citando:
74. Anexos: são documentos elaborados pelas partes ou terceiros com
o intuito de complementar a argumentação ou elementos de prova,
arrecadados ou requisitados, pelo perito durante as diligências.
75. Apêndices: são documentos elaborados pelo perito com o intuito
de complementar a argumentação ou elementos de prova.

Assim, se o perito ou assistente técnico se utilizam de documentos já exis-


tentes, coletados no decorrer do trabalho, estes são denominados de anexos,
todavia se os profissionais produzirem documentos, como planilhas de cál-
culos, tabelas e gráficos demonstrativos, estes são denominados de apêndices.

9.4 Prazo para a elaboração


de laudo e parecer pericial
Na condução do seu exercício profissional, sempre o perito-contador ou
o assistente técnico devem dimensionar o tempo necessário para a execução

– 152 –
Laudos e pareceres periciais

da tarefa, levando em consideração que no final deverão elaborar o laudo ou


o parecer pericial.
Portanto, o tempo passa a ser um fator de risco nas atividades periciais,
na medida em que quanto menor a quantidade de dias que tenhamos para
executar a tarefa, maior será a probabilidade de incorrermos em erros, o que
não é desejável na nossa profissão.
Em perícias executadas junto a particulares, portanto fora da esfera judi-
cial, há a necessidade de acertarmos adequadamente o prazo da realização
do trabalho, bem como a data em que será requerido o resultado final dos
exames, materializado através do laudo pericial.
A definição da data de entrega do documento deverá fazer parte do pla-
nejamento do trabalho executado, de modo que não haja extrapolação da
data pactuada para entrega, exceto em razões alheias à vontade do perito,
como no caso de demora da entrega da documentação por parte da pessoa
que está sendo periciada.
Na perícia judicial, o fator tempo é ainda mais preocupante para o
perito, além de ser muito mais exigida a total atenção para não perder prazos,
pois a justiça costuma ser muito dura com quem desrespeita prazos.
No Código de Processo Civil (CPC), há a previsão da possibilidade do
perito solicitar prorrogação de prazo, caso conste que não haverá tempo hábil
para a conclusão do trabalho, conforme artigo 432:
Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar
o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez,
prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.

Percebemos com isso que mesmo o perito solicitando a prorrogação do


prazo, naturalmente será o juiz que decidirá a concessão ou não da dilatação
das datas. Mesmo que o juiz decida prorrogar a data, no artigo fica nítido que
esse expediente poderá ser utilizado em apenas uma oportunidade.
O perito não pode deixar de cumprir os prazos, o que demanda muito
planejamento na consecução da sua tarefa, pois poderá denotar desleixo, ou
falta de capacitação, com a prorrogação de datas.

– 153 –
Auditoria e Perícia Contábil

Caso haja a imperiosa necessidade de prorrogação do prazo, recomenda-


-se que se faça com relativa antecedência, em que o perito avalie a cada passo
do seu trabalho se conseguirá entregar o laudo pericial na data determinada
e, em caso negativo, que seja solicitada a dilatação da data, sempre via peti-
ção judicial.
Quanto à data limite de entrega do laudo e do parecer pericial, esta nor-
malmente é definida pelo magistrado, todavia, se por alguma razão não tenha
essa data nos documentos do processo, os profissionais devem estar atentos
ao que preceitua o Código de Processo Civil, no seu artigo 477, reproduzido
a seguir:
Art. 477 O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo
juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e
julgamento.
§ 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre
o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias,
podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo,
apresentar seu respectivo parecer.
§ 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias,
esclarecer ponto:
I – sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes,
do juiz ou do órgão do Ministério Público;
II – divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá
ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a compa-
recer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo,
as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrô-
nico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência.

Do exposto, notamos que os assistentes técnicos terão 10 dias para ler,


avaliar, estudar, concordar ou divergir do laudo pericial, para após analisar
possa emitir a sua opinião fundamentada através do parecer pericial.
Dependendo da complexidade da perícia, esse tempo será exíguo e arris-
cado, motivo pelo qual é sempre prudente e de bom senso que o assistente
técnico tão logo saiba da nomeação do perito judicial se ofereça para trabalhar
conjuntamente, pois assim além de acompanhar o trabalho, sabendo da linha

– 154 –
Laudos e pareceres periciais

de atuação e raciocínio do outro profissional, terá maior tempo para preparar


o seu documento.

9.5 Estrutura requerida na elaboração


do laudo e do parecer pericial
Considerando que o laudo ou o parecer pericial é um documento essen-
cialmente técnico, também deverá haver rigor na formatação destas peças,
respeitando as regras elementares de metodologia científica no que diz res-
peito a margens, fonte, cor e tamanho de letra.
No que se refere às margens, é recomendado que no lado esquerdo haja
espaço em torno de 3 cm, considerando que possivelmente o documento será
arquivado junto ao processo, o que implica em dizer, se a margem esquerda
for muito próxima, informações importantes podem ficar “escondidas”
quando se colocar grampos ou outra forma de arquivo.
Pelo mesmo motivo citado, é desejável que a numeração seja indicada
abaixo de forma centralizada, ou à direita, uma vez que é normal a utilização
do canto superior direito das páginas para que o escrivão numere as “folhas”
que compõem o processo.
O tamanho do papel, usualmente, é o A4, por se tratar de documento
padrão, sendo importante que as perguntas e respostas estejam todas na
mesma página, evitando, assim, a quebra do raciocínio de quem está lendo
o documento.
Quanto à fonte, as mais usuais acabam sendo a Arial e Times New
Roman, por se tratar de documentos técnicos, o que não quer dizer que fontes
diferentes das citadas estão proibidas; todavia, outros tipos de fontes somente
devem ser utilizadas quando se deseja enfatizar determinada situação, sempre
de forma moderada.
No que diz respeito ao tamanho da fonte, é recomendável utilizar a de
tamanho 12, pois apresenta um excelente padrão estético, com parágrafo de
1,5 pontos, para não tornar a leitura cansativa.

– 155 –
Auditoria e Perícia Contábil

Tomando por base ensinamentos de Alberto (2000), apresentaremos a


sequência lógica que um laudo ou parecer pericial deve apresentar para que
sirva ao propósito de iluminar o julgador, com informações cientificamente
elaboradas que possam auxiliá-lo na sua decisão.
O laudo e o parecer devem conter, sempre que possível, os seguintes
elementos na sua estruturação:
22 abertura;
22 considerações iniciais;
22 determinação e descrição do objeto e objetivo da perícia;
22 informação da necessidade ou não de diligências;
22 exposição dos critérios, exames, e métodos empregados
nos trabalhos;
22 transcrição e respostas aos quesitos formulados;
22 encerramento do laudo;
22 anexos e apêndices (quando houver).
Discorreremos a seguir sobre os principais itens que devem estar em
cada elemento da estrutura do documento.

9.5.1 Abertura
22 Indicar a quem a perícia é dirigida.
22 Identificação do processo ou origem da sua realização.
22 Nome do perito, sua qualificação profissional, número de registro
na corporação profissional, declaração de observância da legislação
processual aplicável e das Normas Brasileiras de Perícia e a declara-
ção da espécie de laudo que se está apresentando.

9.5.2 Considerações iniciais


22 Identificação de quando e por quem foi determinada ou solicitada
a perícia contábil.

– 156 –
Laudos e pareceres periciais

22 Referência à adoção das técnicas preliminares relativas ao exame


dos autos, das peças que lhe foram disponibilizadas judicialmente
ou entregues com a consulta e da necessidade ou não da realização
de diligências.

9.5.3 Exposição sobre o


desenvolvimento dos trabalhos
22 Determinação do objeto da prova pericial.
22 Finalidade da realização da perícia.
22 Não havendo necessidade de diligência, descrever quais os elemen-
tos principais já abordados nos autos ou na consulta que foram
objeto de exame, análise ou verificação, e, se houve necessidade
de diligência, como estas se desenvolveram e quais os elementos
pesquisados e vistoriados.
22 Descrição e exposição das análises realizadas, das técnicas emprega-
das pela perícia, dos métodos empregados e dos raciocínios elabo-
rados e que permitam a conclusão pericial.

9.5.4 Considerações finais


22 Formalização da síntese de qual ou quais foram as conclusões a que
a perícia chegou.
22 Opinião técnica do perito a respeito da globalidade da maté-
ria tratada.
22 Síntese dos itens ou objetos parciais que foram objeto de apuração
de valores.
22 Condição de se destinar o laudo a dar liquidez à decisão ou ser-
vindo de subsídio para a apreciação, judicial ou extrajudicial.
22 Indicação se há ou não quesitos a serem respondidos.

– 157 –
Auditoria e Perícia Contábil

9.5.5 Quesitos e respostas


22 Transcritos e respondidos na ordem em que deram entrada nos
autos do processo, ou extrajudicialmente, segundo as datas de
formulação.
22 Transcritos tal como formulados, não se arvorando o perito em
revisor ou corretor de erros linguísticos eventualmente cometidos.
22 Respondidos sequencialmente à transcrição de cada quesito, se pos-
sível mantendo a pergunta e a resposta na mesma página do laudo.
22 Respondidos circunstancialmente, ou seja, atendendo à essência da
questão formulada, evitando-se o excesso de referências a outras
partes do laudo ou de seus anexos.

9.5.6 Encerramento do laudo


22 Exposição formal de encerramento do trabalho pericial, sem, entre-
tanto, dar a impressão de não admitir complementações ou escla-
recimentos futuros.
22 Descrição da constituição física do laudo, como quantidades de
páginas, textos, anexos.
22 Localidade e a data em que o laudo foi concluído.
22 Assinatura do perito, bem como sua identificação: nome, qualifi-
cação profissional, n. de inscrição no CRC e sua função nos autos
(perito do juiz, assistente técnico).

9.5.7 Anexos/apêndices integrantes do laudo


22 Anexos/apêndices demonstrativos das análises e apurações efetua-
das devem ser perfeitamente identificados, numerados e rubricados
pelo perito, e sua juntada deve ser sequencial e ordenada.
22 Também numerados e identificados são juntados ao laudo os docu-
mentos que, dentro dos que lhe serviram de base, o profissional
considere como indispensáveis à ilustração e bom entendimento
do trabalho técnico.

– 158 –
Laudos e pareceres periciais

Ampliando seus conhecimentos

Impertinência e perícia contábil


(LOPES DE SÁ, 2007)

Em tese, a opinião resulta de juízos formados na mente de


quem os emite.
Ou seja, conhecimentos acumulados em nosso cérebro per-
mitem-nos especiais observações e conclusões, sob a ótica do
que armazenamos em informações.
Quando a opinião é, todavia, profissional, demanda um enfo-
que específico.
Para um leigo, para o homem comum, o juízo sobre um
acontecimento é formado apenas de elementos sensíveis ou
emocionais, ou seja, é empírico; para quem possui estudos
e conhece as relações que conduzem sempre a um deter-
minado acontecimento, o juízo tem conotação científica, ou
seja, fundamenta-se na verdade.
O conhecimento empírico produz, portanto, opiniões
“subjetivas”, ou seja, vale só para uma pessoa ou um grupo
de pessoas.
O conhecimento científico, entretanto, gera opiniões “obje-
tivas”, válidas universalmente (em todas as partes e em todos
os tempos).
Como a produção de um “laudo pericial”, para fins judiciais,
implica emissão de opinião técnica e científica, é impertinente
tudo o que não se relacione à capacidade legal do profissional
incumbido de realizar a tarefa.
Assim, o contador deve limitar-se à matéria “patrimonial” no
que esta represente o compreendido pela doutrina científica,

– 159 –
Auditoria e Perícia Contábil

normas técnicas e informações pertinentes, sob o ponto de


vista da função que os bens desempenham como suprimento
de necessidades humanas.
Vocação natural, parte da estratégia das partes litigantes, toda-
via, é a de obter o máximo de opiniões favoráveis, para isto,
sugerindo através dos quesitos autênticos pré-julgamentos,
além de provocarem pronunciamentos sobre fatos alheios aos
limites da área profissional do contador.
Nesse particular, o perito necessita ter muita atenção, para
não incorrer nos erros de metodologia em seu trabalho, tendo
sempre em mente que julgamentos competem ao juiz.
A impertinência atinge, também, toda a condução em quesitos
que leve a opinar sem fundamento em realidade e que possa
despertar o “subjetivo” ou a prevalência deste sobre o “objetivo”.
Hipóteses, simulações, amostragens, são recursos que tendem
a não apresentar o inequívoco, logo sendo débil quanto à
força probante que um laudo precisa oferecer.
Imaginar que algo pudesse ter ocorrido desta ou daquela
forma sem que deveras tivesse possibilidade de ocorrer, e
oferecer opinião sobre o inviável ou apenas suposto, são fatos
repudiáveis tecnicamente.
Ainda que seja requerida uma simulação, uma probabilidade
de ocorrência, o perito deve negar-se a oferecê-la se não
encontrar sustentação para que o fato ocorra, a fim de não
comprometer a sua opinião oferecendo “suposições”, “indí-
cios”, em vez de “provas”.
[...]
Um perito contábil deve preocupar-se com a “realidade” e
não com a “conjectura” de um fato que apenas poderia ser
admitido como verdadeiro.

– 160 –
Laudos e pareceres periciais

Para que se admitam alternativas de cálculos, de projeções de


situações, necessário é que se tenha sólido fundamento na
real possibilidade de ocorrência.
Quando fatos estão em litígio, o contraditório estabelecido,
nomeado o perito contábil para opinar sobre o tema técnico,
é preciso que não ocorra na mente do profissional favore-
cer ou contrariar a quem quer que seja, mas, simplesmente,
apoiar-se em algo convincente.
Não são os autos, pois, o campo de indagação preferencial
do perito, mas, sim, os registros e as documentações originais,
assim como a busca da justificativa destes, posto que só o
regime contábil tem condições de explicar e informar sobre a
dinâmica de determinados fenômenos.
Documento isolado é “meia verdade” se a matéria em apreço
se relaciona ao um curso de fato.
A busca do que é concreto, do que efetivamente necessita
de prova, não se limita a hipóteses e nem a documentos avul-
sos, mas, em muitos casos, a uma indagação de maior pro-
fundidade que só se obtém com o exame direto dos livros
e arquivos; não fosse assim, não se convocaria um contador.
Impertinentes, pois, são todos os quesitos que sugerem a
fuga da realidade, buscando em conjecturas apoiar teses das
partes litigantes.

Atividades
1. Explique qual é a importância, para o perito e para os julgadores,
da elaboração dos documentos denominados laudo pericial e pare-
cer pericial.

– 161 –
Auditoria e Perícia Contábil

2. A norma brasileira de contabilidade que trata da perícia contábil re-


comenda a utilização de termos técnicos na redação do laudo e do
parecer pericial. Disserte sobre qual deve ser o limite de utilização dos
termos técnicos.

3. Existe prazo prescrito no Código de Processo Civil para a entrega do


laudo e do parecer pericial, os quais devem ser sempre respeitados.
Caso haja atraso na entrega do laudo ou do parecer pericial, há possi-
bilidade de prorrogação? Comente como deve ser a postura do perito
diante de tal situação.

– 162 –
Gabarito

Gabarito

– 163 –
Auditoria e Perícia Contábil

1. Introdução e desenvolvimento da auditoria


1. Auditoria é uma especialização da contabilidade, todavia tem-se uti-
lizado esse termo também para definir a atividade de inspeção, veri-
ficação, exame e comprovação em outras áreas além da matéria supra
mencionada, tais como, áreas operacionais, gerenciais, ambientais,
entre outras. Mas com o mesmo objetivo, qual seja, o de oferecer
uma opinião técnica sobre a área auditada.

2. Não, a contabilidade consiste na captação, classificação, registro, se-


gundo princípios contábeis a fim de promover informações, controle,
a qualquer tempo, dando total visibilidade das ações dos administra-
dores para fins legais, fiscais e outros. Já a auditoria é a emissão de
uma opinião fundamentada por uma pessoa independente, porém
com capacidade técnica e profissional suficiente para emiti-la.

3. Assegurar que as demonstrações financeiras da empresa representam


adequadamente a posição patrimonial e financeira, o resultado de
suas operações e as origens e aplicações de recursos correspondentes
aos períodos em exame, de acordo com os princípios contábeis.

2. Processos, normas e práticas


usuais de auditoria
1. O processo inicia-se com a análise de uma afirmação, isto é, informa-
ções, conhecimento, interpretação e mapeamento dos passos a serem
percorridos buscando determinar uma afirmação.

22 No próximo passo avalia-se a afirmação, determinando métodos


e indicadores como parâmetros.

– 164 –
Gabarito

22 O terceiro passo é a obtenção dos elementos probatórios (acha-


dos da auditoria), através da pesquisa e obtenção dos elementos
necessários para confirmar a opinião técnica a ser dada.
22 E finalmente, a formação de opinião, em que o auditor verifica
todo o procedimento quanto à suficiência de informações para
finalmente emitir o parecer.

2. Capacidade para aplicação das normas, procedimentos e técnicas na


execução das auditorias. Conhecimento dos princípios contábeis, ad-
ministrativo, e principalmente da área que se pretende auditar, para
reconhecer e avaliar a relevância e o significado dos eventuais desvios
em relação às boas técnicas e práticas organizacionais. Também deve
manter a competência profissional por meio de educação e treinamen-
to profissionais apropriados e contínuos. Além dessas competências
apontadas, deve ainda possuir conhecimento de economia, direito,
finanças, tributos, métodos quantitativos, e sistema de informações.

3. O planejamento da auditoria é muitas vezes denominado plano de


auditoria, ou programa de auditoria, que é a etapa na qual o auditor
define o seu plano de trabalho e o detalhamento dos procedimentos
de auditoria que serão aplicados. O programa de auditoria estabelece
a estratégia geral dos trabalhos a serem executados na empresa ou na
área a ser auditada. Deve ser elaborado a partir da contratação dos ser-
viços, estabelecendo a natureza, a oportunidade e a extensão dos exa-
mes, de modo que o auditor possa desempenhar uma auditoria eficaz.

3. Etapas da auditoria e exame dos registros


1. A primeira etapa é a avaliação para a contratação dos serviços na qual
devem ser levantadas as informações necessárias para conhecer o tipo
de atividade da empresa.

– 165 –
Auditoria e Perícia Contábil

A segunda etapa é o planejamento geral no qual deve constar o pro-


grama de trabalho por escrito, detalhando o que deverá ser feito,
quando, por quem e qual o objetivo que pretende-se perseguir, em
termos de natureza, oportunidade ou profundidade dos exames e
extensão do trabalho, sendo que essa atividade de planejar deve ser
consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade.

A terceira e última etapa é o parecer final do auditor, relato técnico


da opinião formada por esse profissional, fundamentada nos docu-
mentos e nas evidências apuradas, bem como arquivadas através dos
papéis de trabalho, onde se verificará o que foi feito e como foram
feitos os trabalhos.

2. Conforme a sua natureza, a profundidade dos exames, a extensão do


trabalho, os fins a que se destina, e a relação que o auditor tem com
a empresa.

22 inspeção – exame de registros, documentos e de ativos tangíveis;


22 observação – acompanhamento de processo ou procedimento
quando de sua execução;
22 investigação e confirmação – obtenção de informações junto a
pessoas ou entidades conhecedoras da transação, dentro ou fora
da entidade;
22 cálculo – conferência da exatidão aritmética de documen-
tos comprobatórios, registros e demonstrações contábeis e
outras circunstâncias;
22 revisão analítica – verificação do comportamento de valores sig-
nificativos, através de índices, quocientes, quantidades absolutas
ou outros meios, com vista à identificação de situações ou ten-
dências atípicas.

– 166 –
Gabarito

4. Provas em auditoria e parecer dos auditores


1. É a fixação da época mais apropriada para aplicação e realização dos
procedimentos de auditoria, que irão proporcionar maior ou menor
benefício em decorrência de serem aplicados no momento mais opor-
tuno. Diante disso, a oportunidade da execução de um procedimento
não deve ser tardiamente realizada nem antecipadamente sob pena de
não gerar valor para a auditoria.

Pode-se exemplificar a aplicação de uma auditoria tardiamente, atra-


vés de um fato já ter sido corrigido quando da aplicação do procedi-
mento de auditoria e assim, perdeu-se a oportunidade de utilizá-lo
como prova.

2. Relevância do fato: nem todo fato empresarial interessa ao auditor; os


fatos relevantes são aqueles que se relacionam com os itens ou objeto
auditado. Devem constar nos papéis de trabalho a fim de dar respaldo
à opinião do auditor, amparando as suas conclusões e recomendações.
Os achados de auditoria devem ser objetivos, versar sobre um deter-
minado item específico e serem convincentes aos interessados.

3. Validar ou não as asserções, isto é, as afirmações ou argumentações


contidas nas demonstrações financeiras e salvaguardar os trabalhos
realizados pelo auditor, servindo de fundamento na construção da
opinião emitida no parecer.

5. Princípios da ética profissional e


a responsabilidade do auditor
1. Moral e ética não são sinônimos. A moral se relaciona com o conjun-
to de normas de caráter obrigatório que regem o comportamento do

– 167 –
Auditoria e Perícia Contábil

homem na sociedade. Já o conceito de ética se relaciona com o con-


junto de valores que orientam o convívio do homem em sociedade.

22 subordinação hierárquica;
22 modo de trabalho (o auditor pede e não exige);
22 independência de qualquer política interna encontrada;
22 discrição;
22 observância dos regulamentos internos, normas, instruções e leis;
22 comportamento pessoal.

2. Conjunto de valores que devem ser observados e servem de orienta-


ção à atividade dos profissionais de uma determinada profissão.

6. Introdução e conceitos básicos de perícia


1. Para a formação do perfil adequado para o exercício dessa atividade, é
necessário o desenvolvimento tanto no plano pessoal, como no pro-
fissional. No plano pessoal, a honestidade, ética e o caráter irretocável
deverão acompanhar a trajetória do perito em todas as fases de sua
vida, pois a ele será confiada a possibilidade de iluminar os juízes na
melhor decisão de uma sentença. Já no plano profissional, o indiví-
duo deverá ter a formação no curso superior de Ciências Contábeis,
com registro ativo junto ao órgão regulador da profissão, no caso, o
Conselho Regional de Contabilidade, além da educação continuada,
que é fundamental para a profissão.

2. O perito judicial e o assistente técnico são contratados de maneira


bastante diferentes para a execução do serviço. No que diz respeito ao
perito judicial, este é nomeado em juízo para auxiliar o magistrado
na busca da verdade sobre um determinado processo. Já no que diz
respeito aos assistentes técnicos, estes são contratados pelas partes que

– 168 –
Gabarito

estão envolvidas em uma demanda judicial, com o intuito de auxiliar


os advogados na melhor condução da estratégia dos trabalhos, sempre
pautado em procedimentos éticos e na ciência.

3. Os termos escusa e impedimento estão vinculados a situações que


impediriam o perito de executar um trabalho com o máximo de zelo,
honestidade e imparcialidade. Normalmente, a escusa do trabalho
pericial está vinculada a fatores pessoais que inibem a possibilidade
da execução da tarefa em dado momento. O impedimento normal-
mente ocorre por fatores externos e de terceiros, os quais podem vir
a tirar a imparcialidade que deve balizar o trabalho executado pelo
perito. Havendo situações dessa natureza, em ambos os casos o pe-
rito deverá manifestar-se ao juiz através de petição fundamentada,
alegando tal situação.

7. Normas Brasileiras de Contabilidade


relacionadas à perícia
1. Os estudos da regulamentação sobre perícia contábil iniciaram no
final de 1990, estendendo-se ao longo do ano de 1991, com audiên-
cias públicas em 1992, sendo que nesse mesmo ano foram editadas,
através das Resoluções, CFC 731 Normas Técnicas de Perícia Contá-
bil (NBC T.13), e CFC 733 Normas Profissionais do Perito Contábil
(NBC P.2), ambas emitidas em 22 de outubro de 1992.

As referidas normas sofreram revisões e modificações por meio das


Resoluções CFC 857 e CFC 858, em 21 de outubro de 1999.

Atualmente, houve nova reformulação na normativa de contabilidade


voltada para o profissional que exerce a atividade de perito contábil,
através da Resolução CFC 1.244, de 10 de dezembro de 2009, que
aprovou a NBC PP 01 – Perito Contábil.

– 169 –
Auditoria e Perícia Contábil

No que se refere à norma de contabilidade inerente às técnicas de pe-


rícia, também no dia 10 de dezembro de 2009, o Conselho Federal de
Contabilidade emitiu a Resolução CFC 1.243, que aprovou a NBC
PP 01 – Perícia Contábil.

2. A norma técnica de perícia tem por objetivo principal estabelecer re-


gras e procedimentos que devem ser aplicados quando são realizadas
perícias contábeis, em todos os âmbitos, para o adequado esclareci-
mento dos fatos ligados a litígios.

No que se refere à norma profissional de perícia, o objetivo é pro-


porcionar procedimentos voltados para a área de perícia, quando o
contador exerce a função de perito contábil.

3. Em relação à independência, a norma dispõe que o perito deve evitar


qualquer interferência que possa constrangê-lo no decorrer do seu
trabalho, de modo a comprometer sua imparcialidade.

Caso existam situações ou efeitos que possam comprometer a sua


independência, o perito deve denunciar tal evento, para a pessoa ou
órgão competente. A condição de independência é essencial para
que o profissional execute a sua atividade livre de pressões de qual-
quer natureza.

8. Planejamento e execução
dos trabalhos em perícia contábil
1. O trabalho do perito contábil pode ser desenvolvido:

22 no cartório da vara judicial, o que significa que o perito foi


nomeado judicialmente, ou foi indicado, no caso dos assis-
tentes técnicos;

– 170 –
Gabarito

22 no escritório do contratante, o que somente aconteceria se a


perícia fosse extrajudicial, semijudicial, arbitral ou se o perito
estivesse atuando na condição de assistente técnico;
22 nos locais onde são coletados os indícios, as evidências e as provas,
independente da natureza da perícia, pois seria um trabalho
efetivamente sobre os documentos que geraram o trabalho;
22 no escritório do perito, onde seria feita a revisão de toda a
documentação juntada ao processo, e o início da redação do
laudo pericial.

2. Para que o perito contábil possa desempenhar a sua tarefa da melhor


maneira possível, é essencial que tenha o conhecimento profundo de
tudo aquilo que está gerando a realização do trabalho, seja como pe-
rícia judicial, ou nas outras modalidades. Sendo perícia judicial, faz-
-se necessária a leitura pormenorizada dos autos buscando identificar
as argumentações das partes envolvidas que motivaram a demanda,
com a convicção de que o conteúdo do laudo elaborado pelo perito
tende a ser o de maior confiabilidade para o juiz, assim poderá plane-
jar adequadamente o seu trabalho.

3. É a técnica que permite determinar valores por procedimentos esta-


tísticos, média, mediana, desvio padrão, quando não há condições de
obter informações adequadamente registradas na contabilidade.

Em trabalhos periciais, os critérios técnicos de arbitramento devem


ser fundamentados, e demonstráveis, de modo a não gerar polêmicas,
principalmente se participarem da mesma tarefa outros peritos, pois,
nesse caso, cada um terá valores diferentes.

9. Laudos e pareceres periciais


1. O laudo e o parecer pericial passam a ser a “hora da verdade” para o
perito, pois será através desses documentos que conseguirá, ou não,

– 171 –
Auditoria e Perícia Contábil

transmitir ao interessado todas as informações necessárias para que o


usuário desta peça possa tomar uma decisão com confiança, seguran-
ça e baseada na verdade.

Através do laudo e do parecer pericial, é possível segregar o excelente


trabalho daquele realizado de maneira inadequada, sem bases e fun-
damentos centrados na ciência da contabilidade.

2. Na NBC TP 01 Perícia Contábil, há a solicitação de que os peritos se


utilizem de termos técnicos para a elaboração dos laudos e pareceres,
pois, de fato, estes documentos são destinados a decisões importan-
tíssimas que têm por base a contabilidade, em que muitos termos e
jargões específicos existem.

Todavia, não podemos nos esquecer que tanto o laudo como o pare-
cer pericial são destinados a pessoas leigas em contabilidade, portan-
to, o desafio do perito consiste em redigir uma peça com conteúdo
técnico, entretanto que seja plenamente compreendido por aqueles
que se utilizarão deste documento.

3. O perito não pode deixar de cumprir os prazos, o que demanda mui-


to planejamento na consecução da sua tarefa, pois poderá denotar
desleixo ou falta de capacitação.

Caso haja a imperiosa necessidade de prorrogação do prazo, recomen-


da-se que se faça com relativa antecedência, em que o perito avalie
cada passo do seu trabalho, se conseguirá entregar o laudo pericial na
data determinada, e, em caso negativo, deverá ser solicitada a dilata-
ção da data, sempre via petição judicial.

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Referências

Referências

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Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro
Rodrigo Otávio das Chagas Lima
O intuito deste livro é apresentar de forma clara e objetiva as atividades de
auditoria e de perícia e as principais técnicas necessárias para formação
AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL
profissional do auditor e do perito, além de despertar no leitor o interesse por Rodrigo Otávio das Chagas Lima

AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL


esses assuntos, instigando-o ao aprofundamento das técnicas de execução de
auditoria e de perícia.
Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro
A presente obra traz uma visão panorâmica da auditoria e da perícia, desde as-
pectos relacionados aos conceitos básicos, à legislação atinente às profissões
de auditor e perito, além de demonstrar a operacionalização dessas funções.

Gestão

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6399-4

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