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Mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território João Azevedo

2009 | 2010 2101

Poluição pela Indústria Têxtil


A indústria têxtil possui um dos processos de maior geração de poluentes, contribuindo quantitativa e
qualitativamente com carga poluidora rejeitada no meio ambiente, os quais, quando não correctamente tratados,
são indutores de sérios problemas de contaminação ambiental. Aqui deveremos considerar os impactes que esta
indústria potencia de uma forma horizontal, ou seja, os aspectos ambientais negativos associados ao processo
produtivo considerados desde a fase de cultivo das matérias-primas utilizadas (como por exemplo a utilização
de resíduos tóxicos de pesticidas e agentes para preservação do algodão e da lã como o pentaclorofenol; o uso
de fertilizantes artificiais e de pesticidas nas culturas de algodão como o DDT, lindane e
hexaclorociclohexano), passando pelas fases de produção industrial (poluição através dos efluentes dos
processos de tingimento e acabamento incluindo corantes, fosfatos, metais pesados e agentes de complexação)
e finalmente os resíduos resultantes do mesmo processo de fabrico (como por exemplo os lodos).
Segundo Moraes (1999), o sector têxtil é conhecido por apresentar potencial poluente elevado, abrangendo
cinco campos distintos: efluentes líquidos, emissões de gases e partículas, resíduos sólidos, odores e ruídos. O
grande consumo de água durante as etapas do processo de fabrico dos tecidos gera água residual com efeito
poluidor bastante significativo devido às elevadas vazões e toxicidade, além do volume e composição variáveis
(Vandevivere et al., 1998). Quando este efluente é descartado pode causar impactes no corpo receptor oriundo
da sua carga poluente, além de contaminações (Kunz, 1999), pois os efluentes têxteis possuem elevados valores
para níveis de coloração, demanda química e bioquímica de oxigénio, sólidos suspensos e baixas concentrações
de oxigénio dissolvido (Schonbereger, 1999).
Grande parte dos efluentes gerados provém, sobretudo, das fases de lavagem e tingimento (Tunay et al,
1996). Devido à grande variedade de fibras, corantes, produtos auxiliares e de acabamento, tipos de
equipamentos e processamento, os efluentes possuem grande diversidade e complexidade química. Entre os
produtos que conferem elevada carga poluente, podemos destacar: amido, proteínas, substâncias gordurosas,
surfactantes, produtos auxiliares no tingimento e os corantes. Além destes produtos, a temperatura elevada e pH
dos banhos também conferem igualmente alto potencial poluidor (Silva, 2005).
Os efluentes têxteis caracterizam-se por serem altamente coloridos, devido à presença de corantes que
durante o processo de tingimento não se fixam na fibra (O’Neil, 1999), gerando assim, grandes danos
ambientais, impedindo a luz solar de chegar até ao ecossistema aquático, prejudicando o desenvolvimento da
biota e a qualidade da água para consumo (Schonbereger, 1999). Estes corantes (naturais ou xenobióticos)
normalmente permanecem num determinado ambiente de forma inalterada ou apresentam uma cinética de
degradação muito lenta para os processos biológicos convencionais, e geram efluentes finais (após o
tratamento) com uma coloração ainda muito intensa (Bahorsky e Bryant, 1995; Peres, 1997). A molécula do
corante possui uma estrutura responsável pela absorção da radiação visível e exposição da cor, sendo a família
dos azocorantes a mais utilizada, correspondendo a sensivelmente a 70% de todos os corantes têxteis
produzidos (Vandevivere et al. 1998). Alguns corantes azóicos podem produzir organoclorados com alta
toxicidade e cloraminas que além de tóxicas quando clivadas, podem gerar como subproduto substâncias
indutoras de efeitos carcinogénicos e mutagénicos capazes de causar cancros no organismo humano (Chung et
al, 1992).
Em geral, na indústria têxtil as preocupações ao nível da contaminação ambiental estão hoje bastante
presentes (Guercio et al, 2006) e alvo de legislação nacional e comunitária. Os processos de tratamento são
fundamentados na operação de sistemas físico-químicos de precipitação-coagulação, seguidos de separação por
sedimentação através de tratamento biológico via sistema de lodos activados, apresentando uma elevada
eficiência na remoção de partículas. No entanto, existem muitas dificuldades na remoção de cor e compostos
orgânicos dissolvidos, para além do grande inconveniente de ser bastante susceptível à composição do efluente
(cargas de choque), e de produzir um grande volume de lodo (Jenkins et al, 1993).
Os resíduos sólidos resultantes, assim como, os compostos poluentes utilizados no processo de fabrico das
matérias-primas para a produção, o consumo elevado de água bem como os impactes nos efluentes e a
infiltração de águas contaminadas são constantes ameaças para a qualidade do solo no que se refere ao sector
têxtil. Existem técnicas já desenvolvidas para minimizar todo este conjunto de impactes, contudo, este processo
não é estanque, logo, susceptível de ameaças constantes a este meio natural, o solo.

Autor: João José Ribeiro de Azevedo


Nº Aluno: 2101

UC: Análise de Sistemas Ambientais Tópico: Solos Escola Superior Agrária de Ponte de Lima - IPVC Página 1
Mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território João Azevedo
2009 | 2010 2101

Referências Bibliográficas

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Guercio, M., Bellen, H. 2006. “Meio Ambiente e Indústria Têxtil: Um Estudo sobre a Aplicação de
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Jenkins, D., Richard, M. G., Daigger, G. T.. 1993. “Manual on the Causes and Control of Activated
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