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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA

ANDERSON LUIZ SILVA DE OLIVEIRA

RELATÓRIO

RECIFE

2017
ANDERSON LUIZ SILVA DE OLIVEIRA

RELATÓRIO

Relatório das atividades realizadas na aula


externa do dia 20 de abril de 2017, na disciplina
Laboratório IV, do curso de Arqueologia da
UPFE, ministrada pelo professor Dr. Sérgio
Monteiro.

RECIFE

2017

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RESUMO

Como parte da disciplina de Laboratório IV, foi programada, ao término da supracitada


disciplina, uma atividade prática de modelo de escavação em um sítio arqueológico
hipotético. No dia 20 de abril de 2017, os alunos do curso de Arqueologia da UFPE foram
para a área externa do Niate do CFCH para a prática de prospecção, escavação, coleta de
vestígios, e registro de áreas com vestígios arqueológicos. Os alunos foram orientados
pelo professor da disciplina, Sérgio Monteiro, acompanhado da sua monitora, Kássia e da
aluna colaboradora Celine Davoglio. Com isso, os alunos foram divididos para a aula
prática, dividindo tarefas e organizando o material em campo, observando o local,
escolhendo a técnica a ser usada na prospecção a fim de obter os melhores resultados, a
escavando e coletando vestígios. Após o trabalho em campo, o material coletado foi
acondicionado, sendo posteriormente analisado pelos alunos no LEA (Laboratório de
Estudos Arqueológicos), da UFPE.

Palavras-chave: Sítio arqueológico, Arqueologia Funerária, Vestígios arqueológicos,


Salvamento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5

HISTÓRICO E LOCALIZAÇÃO DO SÍTIO ................................................................. 6

A ESCAVAÇÃO ............................................................................................................. 8

METODOLOGIA .......................................................................................................... 11

ANÁLISE DO MATERIAL ESQUELÉTICO............................................................... 11

CONCLUSÕES .............................................................................................................. 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 39

ANEXOS ........................................................................................................................ 41

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INTRODUÇÃO

No dia 20 de abril de 2017, durante a aula de Laboratório IV que estava sendo


realizada no curso de Arqueologia da UFPE, o professor Sérgio Monteiro foi solicitado
pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a fim de averiguar
um informe de um morador do município de Panelas, na região agreste de Pernambuco,
que afirmara ter achado “ossos de caboclos” em seu loteamento habitacional que estava
sendo preparado para o plantio. A partir do primeiro contato, o docente providenciou
junto ao órgão responsável a documentação necessária e reuniu uma equipe de
arqueólogos no mesmo dia para investigar tal informação (devido a urgência da
informação) e coletar mais dados sobre a recém descoberta. Ao chegar no local
supracitado, foi realizada uma rápida prospecção no local, e a mesma localizou um
enterramento com vestígios arqueológicos; com isso, realizou-se uma escavação rápida
(das 10h da manhã até as 12h30m) e foi coletado material para posterior análise
laboratorial. Este relatório tem por finalidade descrever as atividades realizadas durante
o procedimento e apresentar os resultados obtidos.

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HISTÓRICO DO SÍTIO

A região do agreste pernambucano teve seu processo de ocupação desenvolvido


de forma lenta, se comparada as demais regiões do estado. Este retardamento pode ser
explicado, entre outros fatores, pelas próprias condições morfoclimáticas das terras
agrestinas que, ao mesmo tempo em que não satisfaziam as exigências da cultura
canavieira, também não propiciavam grandes vantagens a fixação de currais. Com a
expansão das plantações de cana no litoral e zona da mata, os primeiros moradores e
criadores de rebanhos acabaram sendo “expulsos” dessas áreas, e partiram em busca de
novos espaços no interior, em terras até então devolutas, desconhecidas ou ocupadas por
índios. Nesse momento, o sertão apresentava maiores possibilidades de criação de
rebanhos, dispondo de suas imensas áreas de pastagens naturais propícias para o
desenvolvimento da bovinocultura extensiva.

Figura 1 - Mapa editado do agreste pernambucano e destacado em linhas vermelhas, o município do


sítio arqueológico. Editado por Anderson Luiz, 2017.

O município de Santa Cruz do Capibaribe está inserido na microrregião Alto


Capibaribe, distante 192 km do Recife. Sua área territorial é de 430 km2, pertencente a

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bacia hidrográfica do Rio Capibaribe. Possui relevo bastante degradado pela erosão, solo
pobre e pedregoso, temperaturas elevadas com médias superiores a 26 graus, clima
semiárido (seco), precipitações pluviométricas anuais de 242 mm e vegetação de caatinga
hipoxerófila. As terras do atual município de Santa Cruz do Capibaribe, ainda que
encravadas no vale do rio que lhe dá o nome, passaram por dois séculos de colonização
até serem desbravadas e ocupadas por colonizadores. A região agreste, afastada da região
litorânea teve que esperar a saturação da indústria açucareira, que privilegiava a
colonização do litoral e mata pernambucanos e a dizimação dos quilombos para que o
ritmo do crescimento e ocupação alcançassem suas terras. Os primeiros registros oficiais
sobre a história e povoamento de Santa Cruz são raros e esparsos, sendo grande parte do
que conhecemos sobre seu território, oriundos da tradição oral da região. Atualmente, o
território do Agreste é uma região que possui uma atividade comercial dinâmica, com
vários municípios importantes para a economia pernambucana e serve de elemento de
ligação entre o litoral e o sertão pernambucano, haja vista o destaque do município,
importante pólo têxtil e maior produtor de confecções do Brasil (ficando atrás apenas da
capital paulista), possuindo o maior parque de confecções da América Latina em sua
categoria, o Moda Center Santa Cruz. É também conhecida como a Capital da Sulanca,
Capital das Confecções ou Capital da Moda.

Figura 1 – Cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Fonte: https://media-


cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/03/9a/ca/dd/santa-cruz-do-capibaribe.jpg

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A ESCAVAÇÃO

A escavação no sítio Fundos do Niate teve início as 10h30m da manhã do dia 20 de abril
de 2017, com os alunos do curso de Arqueologia, supervisionados pelo professor Sérgio
Monteiro, por sua monitora Kássia Maria e a aluna colaboradora Celine Davoglio.

Foto 01 - Material utilizado na escavação do sítio Fundos do Niate. Autora: Lunarah, 2017.

Ao chegar no local, os alunos localizaram o possível local de onde o esqueleto estaria. A


partir daí, realizou-se o procedimento padrão: identificação da área, sua delimitação para
escavação, abertura de quadrícula e escavação em três decapagens, a fim de extrair o
máximo de informações possíveis do esqueleto e do contexto no qual estava inserido.

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I II

III

IV

9
V
Nas fotos I a V, os passos de identificação da área, delimitação, abertura da quadrícula e
a quadrícula pronta para escavação são ilustrados. (Autora das fotos, Natália Júlia, 2017).

Em seguida, procedeu-se com a delimitação do sítio (8,75 m de comprimento por 10 m


de largura), com a marcação dos pontos pelo GPS e uso da estação total. Foi escolhida a
realização de meia quadrícula (2x1) que abarcasse a localização dos vestígios
arqueológicos já parcialmente observados em superfície, as coordenadas da quadrícula
foram: W 2468, W2466, E3468 e E 3466. Após a delimitação, fixação dos piquetes,
nivelamento e limpeza do local, deu-se então o início da escavação sistemática com a
equipe revezando as tarefas continuamente

Foto VI: Término da montagem da meia


quadricula. (Luis Felipe Harten, 2017)

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METODOLOGIA

No local, após as orientações repassadas pelos responsáveis, duas prospecções foram


realizadas, ambas com vantagens e desvantagens, de acordo com a região e o critério
escolhido pelo arqueólogo. Uma que foi empregada foi a prospecção de juízo, onde o
pesquisador decide prospectar em cada zona do sítio as áreas consideradas mais
produtivas. Nela, a vantagem é a preferência de escolha de locais mais propícios ao
surgimento de vestígios arqueológicos (cursos de rios, por exemplo). Uma desvantagem
dela é pré-conceber que o profissional a frente da escavação tenha necessariamente que
ser um arqueólogo. Já a outra, foi aleatório-sistemática, na qual a área é escolhida
aleatoriamente, e as outras áreas são escolhidas a partir da primeira. Uma das vantagens
dela é assegurar que uma porção de cada área seja coberta e prospectada; entretanto,
alguns depósitos (ou vestígios) podem passar despercebidos pelo pesquisador.

ANÁLISE DO MATERIAL ESQUELÉTICO

Após a coleta do material arqueológico em campo, tudo foi armazenado e transportado


pelos alunos para o Laboratório de Estudos Arqueológicos (LEA) do Centro de Filosofia
e Ciências Humanas da UFPE. Em seguida, os alunos utilizaram as informações
ministradas pelo professor Sérgio Monteiro para calcular as principais variáveis para
identificação do gênero do esqueleto.

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Estatura

Para se determinar a estatura do esqueleto encontrado, as fórmulas propostas por Bass


(2005, p 231) e Trotter e Glesser (1958, p 120) foram empregadas; elas utilizam a altura
do fêmur, rádio e tíbia e a soma com os dados obtidos previamente sobre a ancestralidade
do indivíduo. Graças a cálculos anteriores o indivíduo estudado foi identificado como
possuindo uma ancestralidade europeia por isso as fórmulas utilizadas foram as seguintes:
para o fêmur 2,32 X hF + 65,53 +/- 3,94, para a rádio 3,79 X h + 79,42 +/- 4,66 e para a
tíbia 2,42 X h+ 81,93 +/- 4,00. Em sequência foi realizada a mensuração da altura dos
ossos: o fêmur esquerdo possuía 44,8 cm, enquanto o direto possuía 44,4 cm, o rádio por
sua que apresentava 23,6 cm no osso esquerdo e 23,8 cm para o osso direito e por fim, a
tíbia com 35,2 cm no esquerdo e 34,7 cm na direita. Após as variações encontradas nas
medidas dos ossos da esquerda e direita, as fórmulas foram repetidas (cerca de 2x) para
cada tipo de osso (fêmur, tíbia e rádio) sendo encontradas as seguintes medições: para o
fêmur esquerdo 169,466 cm +/- 3,94 e o direito 169,538 cm +/- 3,94, no caso da tíbia
167,114 cm +/- 4,00 para o esquerdo e 165,904 cm +/- 4,00 para o direito e o rádio possui
170,154 cm +/- 4,66 para o esquerdo e 170,912 cm +/- 4,66 para o direito. Pode-se então
concluir que o indivíduo encontrado possuía uma altura média de 168,848 cm +/- 4,11.

Foto 02 - Medição do fêmur para estimativa de altura do esqueleto encontrado. Autor: Carlos Dantas, 2017.

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Foto 03 - Medição da tíbia para estimativa de altura do esqueleto encontrado. Autor: Carlos Dantas, 2017.

Determinação da Idade

De acordo com as análises realizadas no laboratório, a idade do indivíduo pode ser


estimada entre 13 e menos de 20 anos, graças a observação de sua arcada dentária (fotos
1 e 2 da mandíbula e a foto 3, da vista inferior do crânio:

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Foto 04 editada – Fonte:
Carlos Dantas, 2017. 1

Foto 05 editada – Fonte:


2 Carlos Dantas, 2017.

14
3

Foto 06 editada – Fonte: Carlos Dantas, 2017.

Idade e Dentição respectiva.


Fonte: Uberlaker, D.H. (1979)
apud Schaffer, Black e Scheuer
(2009)

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Os ossos longos podem também fornecer dados sobre a idade do esqueleto:

Foto 07 – Fonte: Carlos Dantas, 2017.

Analisando a imagem acima, pode se verificar as epífises da ulna e do rádio em processo


de fusão; a partir daí, infere-se que o indivíduo é jovem. O fêmur da foto abaixo, apresenta
um tamanho compatível com a idade de um jovem, conforme a tabela apresentada por
Schaffer e elaborada por Maresh (página a seguir).

Foto 08 – Fonte: Carlos Dantas, 2017.

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Figura XX - Tabela de
medição de fêmur.
Fonte: Schaffer &
Maresh, 2009.

Análise do Crânio

A análise do crânio de um esqueleto também pode nos informar dados sobre a idade do
indivíduo em questão, ajudando a estimá-la. A análise de MEINDL e LOVEJOY (1985)
é baseada na observação da sinostose, que é a união de dois ossos por ossificação da zona
fibrosa ou cartilaginosa que os separa (podendo ser patológica ou não) e a atribuição de
valores para os tipos de sutura, de acordo com a tabela a seguir:

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VALORES TIPO DE SUTURA

0 Aberta
1 Fusão Mínima
2 Fusão Acentuada
3 Fusão Completa

Figura XX - Adaptação de Meindl e Lovejoy (1985), por Rafaella Queiroz, 2017.

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Sexualidade

A estimativa de sexualidade em esqueletos desenvolve-se por meio da análise do


dimorfismo (característica biológica que diferencia seres masculinos de femininos)
craniano, dos ossos do quadril, do sacro e do comprimento dos ossos longos. No caso do
esqueleto encontrado no sítio Fundos do Niate, graças ao seu bom de conservação, foi
possível a aplicação desses três tipos de análise. O crânio masculino apresenta estruturas
mais grosseiro-ásperas, por conta das inserções musculares mais marcantes, ao passo que
o feminino é menos rugoso e grosseiro, apresentando glabela curva e menos proeminente,
com o arco superciliar fino, processos mastóide e estilóide menores, assim como o ângulo
interno da mandíbula tende a ser menos acentuado (em formato de “u”), de acordo com
as fotos a seguir:

LEGENDA da FOTO 9:

Círculo Branco: Processo Mastoide


Quadrado Vermelho: Processo Estiloide
Seta Amarelo-Ouro: Arco Superciliar
Seta Preta: Glabela

Foto editada por Anderson Luiz, 2017.


Autora da Foto: Lunarah Souza, 2017.

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Foto 10: Ângulo interno em formato de “u” da mandíbula. Fonte: Carlos Dantas,
2017.

Já para a mensuração de ossos longos, utilizou-se a tabela abaixo, baseada em BASS e


KROGMAN:

Figura xx: Tabela de mensuração de ossos longos. Criada por: Rafaella Queiroz.

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Em relação aos ossos do quadril, as características dimórficas visualizadas foram: a
dimensão do forame obturado, que se apresenta mais largo e em formato triangular na
mulher e ovalado no homem, e o ângulo do púbis, acentuadamente maior na mulher:

LEGENDA da FOTO 11:

Formato do forame obturado (em vermelho) e ângulo do púbis (em preto). Fonte:
Anderson Oliveira, 2017

O sacro feminino possui uma largura maior, quando foi medido de uma asa a outra, e um
comprimento menor que o masculino, além de sua curvatura ser na metade inferior do
osso, enquanto que o masculino é curvo da base ao ápice:

Foto 12: Largura do sacro (seta


preta). Foto editada por Anderson
Luiz, 2017. Autor da foto: Carlos
Dantas, 2017.

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Ancestralidade

A verificação de ancestralidade de um esqueleto baseia-se na observação de


características morfológicas e craniométricas entre diversos pontos do neurocrânio e
viscerocrânio. A forma do crânio quanto a sua geometria em vistas laterais, superior,
anterior e posterior pode ser considerada em diferentes classificações de acordo com
cálculos de seus índices constitui a principal ferramenta de classificação racial
(FRANÇA, 2011). Para a determinação da ancestralidade do esqueleto encontrado,
algumas variáveis foram consideradas no crânio.

A) Índice Cefálico Horizontal: Cálculo da relação entre largura e comprimento do


neurocrânio. O índice é dado pela fórmula: 100 x largura máxima (Eurio-Eurio)
/comprimento máximo (glabela-opistocrânio).

De acordo com estas três classificações, os doliocéfalos, com dolicocrânio (índice =< a
75), são os descendentes de caucasóides nórdicos, negróides africanos, berberes e
australóides; Mesocrânio - Mesaticéfalos: Índice entre 75 a 80: descendentes de
mongoloides e Braquicrânio - Braquicéfalos: Índice superior a 80: descendentes de
Caucasóides (Europeus Centrais).

B) Índice Facial Superior: De acordo com a imagem a seguir, classificam-se em:


Braquifacial: Caucasianos, Polinésios, Árabes; Mesofacial: Negróides africanos e
Dolicofacial: Australóides, Mongolóides.

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C) Índice Sagital (ou Vertical Lateral): Seguindo a variação da fórmula do índice: 100
x Altura Máxima (Básio-Bregma) / Comprimento Máximo (Glabela-Opistocrânio). Dele
pode se inferir as principais variações: Hipsicrânio (>75), encontrado entre mongolóides
e negróides; Mesocrânio (69<x<75), encontrados entre caucasóides e Hipsicrânio (>75)
encontrado entre crânios fósseis.

D) Índice Transversal: Cálculo inferido tirando-se as medidas dos seguintes pontos: 100
x Altura Máxima (Básio-Bregma) / Largura Máxima (Eurio-Eurio). Dele se inferem:
Tapeinocrânio: Negróides e Caucasóides (norte e sul europeu); Metriocrânio:
Mongolóides e Estenocrânio: Caucasóides (Europa central)

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E) Ângulo Facial: O ângulo facial é utilizado para distinguir tipos raciais de acordo com
o prognatismo craniométrico. Esse cálculo apresenta variações da localização das linhas
de acordo com três autores mais populares, Jacquart, Cloquet e Cuvier, das quais a
consideração dos ângulos de cada autor em conjunto pode se fazer pertinente (FRANÇA,
2011). Essas variantes e as suas medidas em cada tipo racial são demostradas na tabela
seguinte (FRANÇA, 2011) e na imagem a seguir:

Variantes Raça

Caucásica Mongoloide Negra

Jacquart 76,5º 72º 70,3º

Cloquet 62º 59,4º 58º

Curvier 54º 53º 48º

F) Índice Nasal: A morfologia da cavidade nasal classifica-se em 3 tipos de acordo com


o cálculo da relação entre a sua altura e comprimento, seguindo o cálculo: 100 x Largura
Nasal Máxima / Altura Nasal (Násio-espinhal). Dele derivam as classificações craniais
étnicas: Leptorrino: Caucasiana; Mesorrino: Mongolóide e Platirrino: Negróides
africanos e australóides.

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G) Forma do Palato: A morfologia do palato se distribui entre os tipos étnicos de acordo
com a tabela e a imagem a seguir:

Forma Triangular Quadrada Ferradura


(redonda)
Etnia Caucasiana Negróide Mongolóide

O palato do indivíduo em análise, como pode se observar na imagem a seguir, apresenta


uma morfologia intermediária entre quadrada e redonda, indicando ancestralidade
negróide ou mongolóide.

Imagem: Palato do crânio do


esqueleto da escavação em destaque.
Autor da foto: André Laurentino,
2017.

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H) Morfologia Dentária: Os caucasianos tendem a apresentar dentes menores, apertados
entre si e delicados, geralmente com terceiros molares impactados e apresentando
desgaste. Negróides raramente apresentam os dentes apertados entre si e os superiores
geralmente se projetam para fora devido aos formatos angulados da maxila.
Tradicionalmente, a morfologia da cúspide do primeiro molar inferior tem sido utilizada
precisamente para a determinação dos tipos étnicos, com a exceção dos mulatos, em que
50% deles apresentaram configurações intermediárias. As configurações morfológicas da
cúspide do primeiro molar inferior se apresentam da seguinte forma: Mamelionada:
Entre caucasianos; Estrelada: Entre negróides e Intermediária: Entre mongolóides. A
morfologia dos incisivos entre negróides e caucasianos apresenta-se em formato de
"lâmina", seu perfil é reto; já entre os mongolóides e nativos americanos, a morfologia é
de "pá", recebendo esse nome pois a superfície interna é curvada.

Incisivos laterais superiores com coroas em forma de pá (A e B) e traços de pá (C). Fonte da imagem:
http://143.107.206.201/restauradora/Teses/Matzerm/mfig13.jpg

I) Características Morfológicas da Mandíbula: As características morfológicas da


mandíbula podem ser divididas e classificas entre as etnias de acordo com a tabela
seguinte:

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Aspecto Branco Negro

Largura larga estreita

Ramo alto e estreito baixo e largo

Mento proeminente plano

Arco dental “V” “U”

Tabela de característica morfológicas da mandíbula entre etnias extraída


de: http://www.malthus.com.br/mg_total.asp?id=315 (Do professor
Malthus Fonseca Galvão, professor adjunto de Medicina Legal na
Universidade de Brasília)

O cúspide do primeiro molar inferior apresentou-se na morfologia de configuração


mamelionada, o que pode indicar uma ancestralidade caucasiana, bem como a proporção
dentária na arcada dentária.

Imagem: Primeiro pré-molar de morfologia mamelionada, o primeiro dente


que apresenta cúspide no sentido posterior – anterior. Autor: André
Laurentino, 2017.

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Outras Características Morfológicas do Crânio: Outras características morfológicas
mais gerais do crânio distribuem-se entre os grupos étnicos de acordo com a tabela a
seguir:

Aspecto Branco Negro Amarelo

Comprimento longo/curto longo longo

Largura estreito/largo estreito largo

Altura alto baixo mediano

Largura face estreita/larga estreita muito largo

Altura face alta baixa alta

angular/redonda e
Órbita retangular redonda
retangular

Largura nasal estreita larga estreita

Margem nasal inf. cortante em calha cortante

Perfil facial reto protuso reto

Alta com ângulo Baixa com


Ponte nasal Arqueada
pontudo sutil angulação

Tabela com dados morfológicos e classificações raciais extraída de:


http://www.malthus.com.br/mg_total.asp?id=315 (Do professor Malthus Fonseca Galvão,
professor adjunto de Medicina Legal na Universidade de Brasília), com acréscimos

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Traumas

O esqueleto foi encontrado pelos alunos em posição de decúbito ventral, sem as


extremidades dos membros superiores e inferiores (mãos e pés). O contexto do sítio
arqueológico estava perturbado, com intensa bioturbação. Logo após a sua coleta em sítio,
foi dividido no laboratório para ser estudado pelos alunos e nele foram constatadas
alterações tafonômicas provocadas por traumas (lesões), analisadas por meio de exame
externo e visual. Analisaram-se:

1. Crânio e Mandíbula
2. Membros Superiores
3. Membros Inferiores

1.1) foi constatado no osso frontal um orifício compatível com ferimento de entrada
produzido por projétil de arma de fogo, medindo 04mm de diâmetro.

Foto 13 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

29
1.2) na face orbital direita do osso frontal, foi identificado um orifício compatível com
ferimento de entrada produzido por projétil de arma de fogo, medindo 08mm de diâmetro.

Foto 14 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

1.3) verificou-se, no osso parietal esquerdo, orifício compatível com ferimento de saída
produzido por projétil de arma de fogo, medindo 08mm de diâmetro, bem como também
foi constatado na margem escamosa do osso parietal esquerdo, orifício compatível com
ferimento de saída produzido por projétil de arma de fogo, medindo 09mm de diâmetro.

Foto 15 – Fonte: Alexandre


Farias, 2017.

30
1.4) no osso parietal direito foi visualizada uma lesão provocada por instrumento
cortocontundente, medindo 3 cm de comprimento.

Foto 16 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

1.5) verificou-se, no meato acústico externo esquerdo, lesão provocada por instrumento
perfuro-contundente.

Foto 17 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

31
1.6) foram visualizadas nos alvéolos dentares da maxila, fraturas nos quatro incisos e no
canino direito provocadas por ação de instrumento contundente.

Foto 18 – Fonte: Alexandre Farias,


2017.

2.1) verificou-se, na escápula esquerda, um orifício compatível com ferimento produzido


por projétil de arma de fogo, medindo 06 mm de diâmetro.

Foto 19 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

32
2.2) verificaram-se, na extremidade distal do rádio esquerdo, lesões provocadas por
instrumento cortante.

Fotos 20 e 21 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

33
2.3) verificaram-se, na extremidade distal da ulna direita, lesões provocadas por
instrumento cortante.

Foto 22 e 23 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

34
3.1) verificaram-se, na extremidade distal da tíbia direita, lesões provocadas por
instrumento cortante, precisamente no maléolo medial.

Fotos 24, 25 e 26 – Fonte: Alexandre Farias, 2017.

35
Junto ao esqueleto localizado, foram encontrados também alguns vestígios arqueológicos
que podem servir como prova material de que houve um crime de homicídio que vitimou
o indivíduo localizado, pois algumas das marcas tafonômicas caracterizadas no esqueleto
podem ser vinculadas a tais elementos, isso depois de um exame de laboratório mais
elaborado e técnico.

Foto 27 – Pedaço de madeira,


possivelmente utilizado na prática
delituosa, de acordo com marcas
identificadas em alguns ossos.
Autor: Carlos Dantas, 2017.

Foto 28 – Cápsulas
deflagradas de munição de
calibre 38, possivelmente
também utilizadas na
prática delituosa, de
acordo com marcas
identificadas em alguns
ossos. Autor: Carlos
Dantas, 2017.

36
Foto 29 – Cerâmica construtiva,
fraturada, possivelmente também
utilizadas na prática delituosa, de
acordo com marcas identificadas em
alguns ossos. Autor: Carlos Dantas,
2017.

37
CONCLUSÕES

De acordo com os dados levantados, as análises visuais realizadas no LEA (Laboratório


de Estudos Arqueológicos) da UFPE e as aulas ministradas pelo professor Sérgio
Monteiro, pode inferir que o esqueleto é de sexo feminino, possui uma ancestralidade
européia e pelas marcas tafonômicas identificadas nele, pode se inferir que passou por
uma série de traumas que deixaram marcas visíveis e profundas. O contexto no qual
estava inserido o esqueleto apresentava uma intensa atividade natural. Vale salientar que
as aulas expositivas em sala foram de grande importância para o estudo do esqueleto e
aplicação posterior do que foi ministrado em sala de aula.

38
BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Manuel Correia de. O processo de ocupação do espaço regional do


Nordeste. 2ª ed. Recife: Sudene, 1979.

BURKE, Heather; SMITH, Claire. Manual de campo del arqueólogo. [1.ed.].


Barcelona: Ariel, 2007. 478 p. (Ariel prehistoria).

BASS, M. W. 2005. Human Osteology: a laboratory and field manual. 5. ed. Missouri
Archaeological Society, Springfield.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. / Genival Veloso de França - 9ª Ed. -
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.il.

LOVEJOY, Co, MEINDL, Rs, MENSFORTH Rp, and Barton, TJ (1985) Multifactorial
determination of skeletal age at death: A method with blind tests of its accuracy.
Am. J. Phys. Anthropol. 68:l-14.

SCHAEFER, Maureen; BLACK, Sue e SCHEUER, Louise - Juvenile osteology, a


laboratory and field manual, Elsevier, Burlington, MA, USA, 2009, disponível em
http://www.academia.dk/BiologiskAntropologi/Osteologi/PDF/Juvenile_Osteology.pdf,
acessado em 22 abril 2017

http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/288333/1/Rabbi,%20Romildo.pdf

http://www.malthus.com.br/mg_total.asp?id=315 (Do professor Malthus Fonseca


Galvão, professor adjunto de Medicina Legal na Universidade de Brasília)

39
https://jenjdanna.com/blog/2012/7/10/forensics-101-race-determination-based-on-the-
skull.html

http://johnhawks.net/explainer/laboratory/race-cranium/ (do professor John Hawks de


Antropologia da Universidade de Wisconsin)

40
ANEXOS

1) Ficha de Inventário de Esqueleto Humano (Modelo do Labifor – UFPE)

41
2) Ficha de Acompanhamento de Escavação (Modelo do Labifor – UFPE)

42
3) Croqui de Escavação (Decalcado)

43
4) Área total da Escavação

44
5) Ficha para Retirada de Esqueleto (Modelo do Labifor – UFPE)

45

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