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Resumo
Abstract
1 Introdução
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Embora não seja o único grande evento realizado para traçar os rumos da educação ambiental, a Conferência
Internacional sobre Educação Ambiental (Tbilisi, 1977), se constitui no marco mais importante para a definição e
evolução da institucionalização da educação ambiental de abrangência mundial.
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A Agenda 21 é o documento resultante do “consenso” internacional junto à Organização das Nações Unidas (ONU),
oficializado durante a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, 1992).
Apresenta as diretrizes básicas para o desenvolvimento sustentável entendido como o desenvolvimento que atende
às necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
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recomendações, re-orientando a educação ambiental para o “desenvolvimento
sustentável”.
Certamente que conquistas aconteceram, mas estas têm sido insuficientes para
provocar as mudanças de rumo que a velocidade da crise ambiental requer. Ainda impera
uma instigante indefinição política provocada por “ignorância ambiental”, nas palavras de
Leff (2005). Afinal, não se compreende de outra forma a indiferença de muitos setores à
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causa ambiental e à necessidade de mudanças na relação entre a sociedade e a
natureza.
... apesar de a complexidade ambiental envolver múltiplas dimensões observa-se, ainda hoje, que
muitos modos de fazer e de pensar a dimensão ambiental na educação absolutizam a dimensão
ecológica da crise ambiental, como se os problemas socioambientais fossem, desde sua origem,
independentes das práticas sociais (RAMOS, 2006, p. 2).
Assim, entre os muitos caminhos a serem seguidos pelo educador em busca de uma
orientação para seu processo de educar para o ambiente, é importante que se tenha
claro, recorrendo a Loureiro (2004) que
... educar sem clareza do lugar ocupado pelo educador na sociedade, de sua responsabilidade social,
e sem a devida problematização da realidade, é se acomodar na posição conservadora de produtor e
transmissor de conhecimentos e de valores vistos como ecologicamente corretos, sem o
entendimento preciso de que estes são mediados social e culturalmente (LOUREIRO, 2004, p. 23).
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O termo consumismo se refere à atividade de usar até a exaustão, com a idéia de consumação (cf. Helene & Helene,
1997).
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pessoas e sim de as necessidades serem criadas em favor de uma produção crescente e
cada vez mais diversificada dos bens de consumo (HELENE & HELENE, 1997).
A crescente produção de bens de consumo pelo sistema industrial tornou-se
símbolo do sucesso das chamadas sociedades capitalistas modernas. Entretanto, essa
abundância de bens de consumo continuamente produzida, passa hoje a ter uma
conotação negativa em face aos problemas socioambientais deflagrados que coloca em
xeque a sobrevivência do próprio modelo econômico que os originou.
A retirada contínua de recursos naturais para atender o consumo crescente de
bens produzidos causa, além de sua escassez, uma volumosa produção de resíduos. As
embalagens dos produtos que consumimos acumulam-se no ambiente e geram a
necessidade de programas com a finalidade de minimizar o impacto negativo produzido
pela produção exagerada de bens supérfluos. Para reduzir os danos provocados pelo
consumo, surgiram os programas de reciclagem das embalagens de vidro, papel,
alumínio, plástico e outros. Entretanto, o êxito desses programas é carente de ações do
poder público que viabilizem a participação da sociedade. Por outro lado, embora
inegavelmente necessários para reduzir o impacto ambiental e social gerado pela grande
produção de resíduos, os programas de reciclagem, ao serem colocados como uma
solução do problema, acabam desviando a sociedade de uma reflexão crítica e
abrangente sobre suas verdadeiras causas como o modo de produção capitalista e o
consumo desnecessário. Para Cortez (2008), a reciclagem do alumínio no Brasil chega a
ser um mito. Segundo o crítico, nos últimos dez anos nosso país vem apresentando
destaque mundial na demanda crescente de energia elétrica para a extração de bauxita e
na geração de resíduos no processo de produção do alumínio a partir do minério. A
explicação para o aparente paradoxo é a de que a reciclagem do alumínio garante o
aumento do potencial de exportação de alumínio semi-acabado. Na concepção do autor,
embora a reciclagem apresente importância social, dos catadores às usinas de
reciclagem, não reduz o impacto ambiental no que diz respeito à escassez de recursos, a
não ser pela menor demanda de espaço nos aterros e lixões. O autor conclui que, dizer
que a reciclagem de alumínio no Brasil traz benefícios ao ambiente é uma meia verdade,
uma vez que o modelo econômico brasileiro encontra-se escorado na exportação de
produtos primários, como é o caso da exportação deste minério. Enquanto não
questionamos este e nem propomos um outro modelo de desenvolvimento,
permanecemos no modelo colonial, o mesmo que se estabeleceu desde a época do
descobrimento, mudando apenas de senhores.
Também o modelo utilizado para a destinação dos resíduos orgânicos adotado no
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país é inadequado, uma vez que esse material é encaminhado para aterros sanitários.
Entre os resíduos domésticos, o orgânico representa a maior fração do volume do lixo
gerado pela população. Por não passar pelo processo de transformação industrial, o
resíduo orgânico apresenta possibilidade de ser reciclado por processos naturais por meio
da compostagem, gerando um produto de valor, pois representa fonte de nutrientes para o
cultivo de plantas. No entanto, nas grandes cidades brasileiras esse material é
destinado a aterros sanitários ou a lixões a céu aberto, que geralmente são instalados
nos municípios vizinhos que são obrigados a recebê-lo, tornando-se os destinatários
compulsórios do lixo gerado nas metrópoles. Nesses locais, o lixo orgânico misturado a
outros tipos de materiais produz um líquido tóxico, o chorume, o qual acaba por
alcançar os rios e lençóis freáticos e provoca sua contaminação.
O enfrentamento dos problemas é o meio a ser utilizado pelos educadores para
tornar os indivíduos participativos nas decisões da sociedade. É preciso um
posicionamento crítico frente aos temas, problematizá-los aos estudantes, questionando
sempre a quem beneficia este ou aquele modelo.
Em sua pesquisa sobre educação ambiental voltada para a formação da cidadania,
Manzochi (1994, p. 01) assim se expressa: “podemos considerar como cidadão
„ambientalmente educado‟ aquele que é apto a produzir/participar de transformações
relacionadas a questões ambientais do mundo em que vive”.
A formação para a tomada de decisões é, segundo Benevides (1996), uma das
dimensões da educação para a democracia. A necessidade da formação para a
cidadania, também é enfatizada por Penteado (2007), como condição para compreender
as questões ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas:
Uma coisa é ler sobre o meu meio ambiente e ficar informado sobre ele, outra é observar
diretamente o meu meio ambiente, entrar em contato direto com os diferentes grupos sociais que o
compõem, observar como as relações sociais permeiam o meio ambiente e o exploram, coletar
junto às pessoas informações sobre as relações que mantêm com o meio ambiente em que vivem,
enfim, apreender como a sociedade lida com ele. Agir assim é experimentar comportamentos
sociais em relação ao meu ambiente que permitem constatar suas características e as reações dele
à nossa atuação. Sabemos que “aprende-se a participar, participando” (PENTEADO, 2007, p. 53).
3. 1 Introdução ao tema
O tema do meio ambiente foi introduzido a partir de uma instigação que propôs aos
alunos relacionar os desafios ambientais mais frequentemente divulgados pela mídia.
Temas como o aquecimento global e mudanças climáticas, destruição da natureza por
meio de desmatamentos e queimadas, escassez de água potável, produção diária de
resíduos e pobreza foram os mais citados pelos alunos, e sobre os quais teceram seus
comentários. Este trabalho inicial teve ainda como embasamento teórico a exposição e
discussão sobre o contexto histórico no qual a preocupação com o meio ambiente levou à
criação dos programas internacionais de educação em nível mundial, com destaque para
os objetivos e finalidades propostos para a EA.
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O termo Pegada Ecológica é uma tradução do termo em inglês ecological footprint e representa uma forma de medir
o impacto humano sobre a Terra, exprimindo a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os
recursos utilizados por uma população, bem como para assimilar seus resíduos. Pode ser calculada por indivíduo,
por comunidade, por país ou para a população do planeta. Este indicador foi desenvolvido por Mathis Wackrnagel e
Willian Rees, que o publicaram no livro Our Ecological Footprint -1996 (cf. Dias, 2002). A organização não
governamental WWF realizou um estudo indicando que cada habitante da Terra necessita, em média, 2,9 hectares
por ano para manter seu estilo de vida, enquanto que, hoje, cada ser humano tem disponível, de modo a garantir a
sustentabilidade da vida na terra, apenas 1,6 hectares.
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viver e a capacidade do planeta proporcionar e renovar recursos do ambiente e absorver
os resíduos que geramos todos os dias. Com os resultados obtidos, fez-se uma reflexão
sobre a quantidade de recursos naturais necessária para sustentar nossos cotidianos e
sobre os problemas sociais gerados pelo modelo econômico consumista como
desigualdade e injustiça. A partir dos conteúdos abordados nas questões, os alunos
discutiram alternativas para diminuir o tamanho de suas pegadas. Propostas como rever
hábitos alimentares, não desperdiçar água, economizar energia e praticar o consumo de
modo consciente, foram colocadas como principais medidas para reduzir a área
necessária para sustentar seus estilos de vida.
4 Conclusão
DIAS, Genebaldo Freire. Pegada Ecológica e Sustentabilidade Humana. São Paulo: Gaia,
2002.
WWF- BRASIL. Pegada ecológica: que marcas queremos deixar no planeta? Brasília:
WWF-Brasil, 2007.