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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

RAIANE SILMARA NASCIMENTO DA SILVA

O Ensino de Música no Ensino Médio das escolas da rede Estadual na cidade do


Natal-RN: Um estudo comparativo entre instituições com adesão antecipada ao
Novo Ensino Médio e não aderentes

NATAL-RN
2019
RAIANE SILMARA NASCIMENTO DA SILVA

O Ensino de Música no Ensino Médio das escolas da rede Estadual na cidade do


Natal-RN: Um estudo comparativo entre instituições com adesão antecipada ao
Novo Ensino Médio e não aderentes

Texto apresentado ao VIII Colóquio do


Programa de Pós-Graduação em Música da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, na linha de pesquisa 1: Processos e
dimensões da formação em música.

Orientador: Prof. Dr. Tiago de Quadros Maia


Carvalho

NATAL-RN
2019
RESUMO

Neste trabalho, visa-se desenvolver um estudo de caso comparativo entre o ensino


de música no contexto do Ensino Médio e do Novo Ensino Médio em quatro escolas
estaduais na cidade do Natal/RN (1ª DIREC - Natal), tendo como sujeitos da
pesquisa os professores de música atuantes nesses contextos. As escolas nas
quais a pesquisa será realizada ficam localizadas em duas zonas da cidade: três na
zona norte e uma na zona sul. O estudo tem como objetivo geral identificar as
principais estratégias, conteúdos e abordagens utilizadas no ensino de música pelos
professores em quatro escolas estaduais da cidade do Natal/RN, sendo duas delas
aderentes ao Novo Ensino Médio. A pesquisa relatada neste trabalho encontra-se
em andamento (fase inicial). Está em processo a realização de um bibliográfico nas
áreas de Educação e Educação Musical. O estudo relatado neste texto tem o
potencial para contribuir com o melhor entendimento de tais mudanças, bem como a
música é interpretada e materializada no âmbito do ensino. Ao mesmo tempo,
poderá ampliar as discussões no campo da Educação Musical, que ainda carece de
mais reflexões acerca do seu lugar no Ensino Médio. Espera-se, da mesma forma,
que tais reflexões venham a subsidiar novas pesquisas, bem como atividades,
abordagens e políticas.

Palavras-chave: Ensino de música; Ensino Médio; Novo Ensino Médio; Educação


Básica.

ABSTRACT

This work aims to develop a comparative case study between the teaching of music
in the context of High School and New High School in four state schools in Natal /
RN (1st DIREC - Natal), having as research subjects the music teachers active in
these contexts. The schools in which the research will be conducted are located in
two areas of the city: three in the north and one in the south. The study aims to
identify the main strategies, contents and approaches used in teaching music by
teachers in four state schools in the city of Natal / RN, two of them adhering to the
New High School. The research reported in this paper is ongoing (early stage). It is
in the process of bibliographic study in the areas of Education and Music Education.
The study reported in this text has the potential to contribute to a better
understanding of such changes, as well as music is interpreted and materialized
within the teaching context. At the same time, it may broaden discussions in the field
of Music Education, which still needs further reflection on its place in high school.
Similarly, such reflections are expected to support further research, as well as
activities, approaches and policies.

Palavras-chave: Music teaching; High School; New High School; Basic Education.
SUMÁRIO

1) INTRODUÇÃO ………………………………………………………………..... 05
2) PROPOSTA DE SUMÁRIO …………………………………………………………... 12
3) METODOLOGIA ………………………………………………………………….……. 13
3.1) Método ……………………………………………………………………………... 13
3.2) Universo da pesquisa ……………………………………………………………. .14
3.3) Instrumentos de Coleta de Dados ………………………………………………. 14
3.4) Organização e Análise dos Dados ……………………………………………... .15
3.5) Elaboração do Relatório Final ………………………………………………….... 16
4) CONSIDERAÇÕES …………………………………………………………………….. 17
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………….. 18
1) INTRODUÇÃO

Neste trabalho, visa-se desenvolver um estudo de caso comparativo entre o


ensino de música no contexto do Ensino Médio e do Novo Ensino Médio em quatro
escolas estaduais na cidade do Natal/RN (1ª DIREC - Natal1), tendo como sujeitos
da pesquisa os professores de música atuantes nesses contextos.
O interesse pelo tema surgiu em uma conversa com o orientador para
definirmos a temática da pesquisa. Optamos por realizar este estudo, tendo em vista
ser este um tema atual e ainda pouco discutido no campo da Educação Musical,
fato constatado no levantamento de produções acerca do assunto, sobretudo de
trabalhos voltados para o contexto do Novo Ensino Médio.
Este projeto de pesquisa apresenta-se desafiador, uma vez que não possuo
vivências musicais no Ensino Médio (apenas no Estágio Supervisionado, durante a
graduação). A minha maior experiência nos últimos cinco anos foi a educação
infantil. Entretanto, desde a prática do estágio desenvolvi maior interesse em
compreender como desenvolver o ensino de música para essa etapa educacional
em meio à diversidade cultural existente.
A partir do levantamento realizado no site do SIGEduc2, conseguimos
averiguar quais seriam as escolas estaduais que anteciparam a sua adesão à
proposta do Novo Ensino Médio na cidade do Natal, totalizando sete instituições.
Deste feito, selecionamos duas delas por questão de proximidade com os
professores de música. Para complemento da pesquisa, elencamos mais duas
escolas, também da rede estadual que ainda não aderiram ao Novo Ensino Médio.
As escolas nas quais a pesquisa será realizada ficam localizadas em duas
zonas da cidade: três na zona norte e uma na zona sul 3. Abaixo, segue um quadro
apresentando informações sobre as instituições pesquisadas, contemplando o nome
da escola, localização e a formação acadêmica do professor sujeito da pesquisa.

1
Diretorias Regionais de Educação e Cultura. No Estado existem 16 DIREC que atendem todos os
polos (municípios). A de Natal é a 1º DIREC, que é responsável pelas escolas da rede estadual da
cidade.
2
Sistema Integrado de Gestão e Educação: https://sigeduc.rn.gov.br/sigeduc/public/home.jsf
3
Historicamente, não existia a divisão de zona norte e sul. A cidade era delimitada apenas pelo Rio
Potengi que separava os dois lados da cidade. Posteriormente, a cidade foi divida em quatro regiões,
sendo: Norte, Sul, Leste e Oeste.
Escola Localização Formação
acadêmica

Escola Estadual Rua Governador Licenciatura em


Berilo Wanderley Valadares, s/n. Música
Bairro: Neópolis

Escola Estadual Rua dos Caroas Bairro, Licenciatura em


Myriam Coeli s/n. Lagoa Azul Música

Escola Estadual Rua do Pastoril Educação Artística -


Professor Paulo Bairro: Nova Natal, s/n. Música
Pinheiro de Viveiros (Lagoa Azul)

Escola Estadual Rua Rio do Sul , s/n. Educação Artística -


Peregrino Júnior Bairro: Santa Catarina Música
Fonte: A autora (2019)

Diante disso, passamos a questionar: Quais são as principais estratégias,


conteúdos e abordagens utilizadas no ensino de música pelos professores em
quatro escolas estaduais da cidade do Natal/RN, sendo duas dessas instituições
aderentes ao Novo Ensino Médio?
Partindo do questionamento supracitado, nesta pesquisa temos como
objetivo geral identificar as principais estratégias, conteúdos e abordagens utilizadas
no ensino de música pelos professores em quatro escolas estaduais da cidade do
Natal/RN, sendo duas delas aderentes ao Novo Ensino Médio. Como objetivos
específicos, pretende-se:
● Compreender de que forma a música é abordada no cotidiano das escolas
estudadas;
● Observar as diferenças existentes entre as abordagens no ensino de música
nas escolas que aderiram ou não à proposta do novo ensino médio;
● Identificar as estratégias utilizadas pelos professores das escolas estudadas
para o ensino de música;
● Compreender como, de forma mais ampla, o ensino de música é
operacionalizado nas escolas pesquisadas.
Entendemos que o Ensino Médio ocasiona incertezas sobre o futuro e
mudanças constantes nas vidas dos jovens. Segundo Dayrell (2003), a juventude é
entendida como uma condição de mudanças constantes, uma fase de transição
para a vida adulta. Nesse período, eles(as) começam a projetar as suas vidas no
âmbito profissional e acadêmico. A escola se torna um espaço que integra essas
duas áreas: a inserção no mercado de trabalho e o prosseguimento nos estudos.
A partir de uma análise histórica do Ensino Médio na educação brasileira
(BELTRÃO, 2019, p.103), podemos concluir que, em diferentes períodos, a
educação do Ensino Médio esteve predominantemente subordinada aos interesses
do capital, ou seja, a partir da sua possível contribuição aos processos econômicos
do país. Desde então, as transformações nas estruturas dessa modalidade de
ensino estão dentro dessa perspectiva.
Antes da estrutura do Ensino Médio ser tal como conhecemos hoje, Beltrão
(2019) discorre como ele era estruturado no período anterior a 1942: ensino
primário, com duração de quatro anos atendendo as modalidades primária, rural e
profissional; ensino secundário, organizado em dois cursos fundamental e
complementar, o primeiro curso com duração prevista de cinco anos e o segundo
com duração de dois anos, consistindo como preparatório para ingresso no ensino
superior.
A partir de 1942, Gustavo de Capanema (ministro da educação e saúde)
anunciou uma reforma por meio do Decreto-lei n. 4.244 de 9 de abril de 1942, para
reorganizar o ensino secundário. O decreto estabelecia a criação de dois ciclos no
artigo 2º e 3º: ginasial, com quatro anos de duração e; o colegial, que ofertava dois
cursos paralelos: o clássico e o científico, com três anos de duração cada um. O
ensino clássico visava a preparação dos candidatos ao ensino superior (BRASIL,
1942; BELTRÃO, 2019, p.87).
Segundo Santos (2010, p.8-9), “o ensino secundário continuou respondendo
a uma pequena parcela da população. A maioria dos jovens não podia desfrutar de
uma preparação para o ingresso no ensino superior, a não ser que fossem dos
grupos privilegiados”. Nesse período, segundo a autora, houve aumento na evasão
escolar: “menos de 10% dos alunos que buscavam o ensino secundário em 1945
ingressavam na educação superior” (p.9). Nessa época foram criados o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC). O SENAI foi destinado a organizar e administrar
escolas de aprendizagem industrial em todo o país, oferecendo um ensino
aligeirado (SILVA; LIMA; SILVA, 2017, p.171).
No ano de 1946 é colocada em questão a necessidade de uma lei de
diretrizes e bases para estruturar a educação nacional. O projeto foi discutido
durante treze anos e, em 1961 foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira (LDB). A primeira LDB teve sua inspiração “nos princípios
liberais do período de democratização que vivia a sociedade da época. Portanto, a
Lei envolvia todos os níveis e modalidades de educação, atribuindo plena
equivalência aos cursos acadêmicos e profissionalizantes” (SILVA, LIMA, SILVA,
2017, p.171).
A Lei nº 5.692/1971 fixou as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus,
com o objetivo geral que fica evidenciado no artigo 1º: “preparar para uma
qualificação profissional e preparo para o exercício consciente da cidadania”
(BRASIL, 1971). Ainda segundo o documento, o 1º grau destina-se a crianças e pré-
adolescentes com duração de oito anos, é obrigatório para os estudantes dos sete
aos quatorze anos. O 2º é designado para os adolescentes terá três ou quatro
séries anuais.
Na década de 1990, durante a gestão do então presidente da República,
Fernando Henrique Cardoso (FHC), inicia-se uma reforma do Ensino Médio
embasada na racionalidade financeira do mercado, levando os estudantes a
adquirirem competências relacionadas à completa vivência da cidadania e da
inserção na vida produtiva (SILVA; SANTOS, 2018, p.63). Durante esse governo
também foram criados: as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(DCNEM) e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM),
documentos legais para a orientação e funcionamento da educação brasileira
(SILVA, LIMA, SILVA, 2017, p.172).
No que diz respeito ao ensino médio, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
9394/1996 assegura a presença desse nível como sendo a etapa final da Educação
Básica, com duração mínima de três anos e é, preferencialmente, destinado aos
jovens com idades entre 15 a 17 anos. A carga horária mínima anual, segundo a
LDB, é de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo
trabalho escolar (BRASIL, 1996, p.14). A Lei ainda reorganiza a educação brasileira
em dois níveis: Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio) e Ensino Superior (SILVA, LIMA, SILVA, 2017, p.172).
As reorganizações curriculares visam aprimorar o Ensino Médio, a fim de
acompanharem as mudanças e interesses dos adolescentes e jovens que compõem
essa modalidade. Todavia, o objetivo dessas ações do governo federal é promover
a permanência desses jovens nas escolas, diminuir a taxa de reprovação e evitar a
evasão.
Visando a garantia do acesso e permanência desses alunos no Ensino
Médio, o governo federal, na gestão de Michel Temer, lançou a Medida Provisória
(MP) 764/2016. O texto da explicação da ementa, retirado do site do Senado
Federal, anuncia alterações na estrutura do Ensino Médio por meio da:

Criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas de


Ensino Médio em Tempo Integral. Amplia a carga horária mínima
anual do ensino médio, progressivamente, para 1.400 horas.
Determina que o ensino de língua portuguesa e matemática será
obrigatório nos três anos do ensino médio. Restringe a
obrigatoriedade do ensino da arte e da educação física à educação
infantil e ao ensino fundamental, tornando as facultativas no ensino
médio (BRASIL, 2016).

A medida foi posteriormente convertida na Lei 13.415/2017 (altera a LDB


9394/1996), tendo como fortes indicadores para essa reforma o alto índice de
evasão, falta de identificação da juventude com a atual estrutura do Ensino Médio e
necessidade de flexibilização do currículo (FERREIRA; SEMIS, 2017). A partir
dessa perspectiva, proporcionar um ensino mais acessível e atraente para os
estudantes.
A organização curricular mais flexível contempla a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que oferta a possibilidade de escolhas aos estudantes por meio
dos itinerários formativos com foco nas áreas de conhecimento que os alunos
desejam se aprofundar, além de ampliar a carga horária escolar para, pelo menos,
1000 (mil horas) horas anuais, em todas as escolas de Ensino Médio do país.
Esses itinerários são especificados no art. 4º da referida Lei, a saber:
“Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da
Natureza e suas tecnologias; Ciências Humanas sociais e aplicadas e Formação
Técnica e Profissional” (BRASIL, 2017).
Mesmo sendo um tema novo e ainda em fase experimental em algumas
escolas, encontramos estudos que levantam críticas sobre esse novo modelo para o
Ensino Médio. Silva e Santos (2018), alertando sobre os possíveis problemas que
poderão acompanhar essa mudança, declaram: “o que se questiona é se tal
flexibilidade, não abrirá espaço para o aprofundamento das desigualdades na oferta
do ensino público” (p. 66). Da mesma forma, Monteiro e Alves (2019, p.2) afirmam
que a reforma prevista na Lei “está direcionando as instituições de ensino para
formação de futuros trabalhadores, ligados diretamente com o setor produtivo”.
No âmbito da educação musical, encontramos o artigo de Santos (2019) que
levanta críticas sobre a BNCC e a Lei 13.415/2017. O autor enfatiza os avanços
legais para a obrigatoriedade das linguagens artísticas (Artes Visuais, Dança,
Música e Teatro) no componente curricular Arte dentro das escolas de educação
básica. Entretanto, “a BNCC desconsidera a lei supracitada [Lei nº 13.278, de
20164], reduzindo os amplos e ricos campos de conhecimento de cada linguagem
artística, nas formas de conteúdos ou temas” (SANTOS, 2019, p. 62). O autor cita
as partes do documento em que a música aparece. Ela é citada apenas como
proposta de criação de Núcleos de Criação Artística, parte integrante da
manifestação juvenil. Os fragmentos, segundo o autor, configuram-se em
“concepções limitadas das possibilidades do fazer artístico por meio da música”
(SANTOS, 2019, p.64). E ainda, em seu ponto de vista, há uma “constante tentativa
de naturalização da polivalência, temática esta que já foi superada ou, pelo menos,
parecia ser” (SANTOS, 2019, p.65), uma vez que no documento a disciplina de Arte
faz parte apenas de uma unidade temática que reúne conhecimento e habilidades.
As práticas musicais e os diferentes modos que os jovens dispõem para se
relacionarem com a música enriquece o processo de ensino e aprendizagem
musical. Bellochio afirma: “a multiplicidade de dimensões presentes nas
experiências musicais dos jovens, que incluem, entre outras, relações de gênero,
classe, etnia e religião, [que vão] muito além dos aspectos sonoro-musicais”
(BELLOCHIO, 2012, p.39). Entretanto, a partir dessa nova proposta, a pluralidade
de ideias, os processos identitários, as músicas que fazem parte das raízes
brasileiras, toda essa diversidade corre o risco de ser silenciada.
Sendo assim, é nesse contexto de incertezas e mudanças, associado às
medidas e estratégias tomadas pela Secretaria de Educação do Estado do Rio
Grande do Norte com relação à gestão do Ensino Médio e, como o ensino de Artes
e Música são encarados nesse processo que se delineia a pesquisa em questão.
Tomando como base as decisões e parâmetros adotados em cada contexto,
no caso, escolas, bem como a própria DIREC, entende-se que as instituições

4
A Lei nº 13.278/2016 substituiu a Lei nº 11.769/08, que trata do ensino obrigatório de música como
conteúdo na educação básica. Por abranger todas as linguagens artísticas, ela é mais completa e
atende ao que os movimentos de arte-educadores historicamente lutaram para conquista.
estudadas possuem caminhos específicos para lidar com o ensino de música,
quando este é contemplado nas atividades das escolas. Ao mesmo tempo, sabe-se
que o Ensino Médio e o Novo Ensino Médio tendem a acarretar diferentes formas
para se abordar música enquanto conteúdo, bem como atividade e ou disciplina nos
contextos das escolas, além de exigirem dos professores diferentes abordagens e
formas de trabalho.
2) PROPOSTA DE SUMÁRIO

Neste tópico, apresento a proposta de sumário, como forma de estruturar os


pontos a serem discutidos na dissertação, ao final da realização da pesquisa:

1) Introdução

1.1) Apresentação do tema, questões da pesquisa e objetivos

2) Música no (Novo) Ensino Médio

2.1) Ensino Médio no Brasil: contexto histórico

2.2) Novo Ensino Médio

2.3) Música no Ensino Médio

3) Música no Ensino Médio da rede estadual na cidade do Natal/RN (1ª


DIREC)

3.1) Caracterização da rede estadual

3.3) O ensino de música e a transição para o novo Ensino Médio

4) Caracterização do contexto da pesquisa

5) Metodologia

5.1) Abordagem e método

5.2) Instrumentos e técnicas de coleta de dados

5.3) Organização e análise dos dados

5.4) Resultados e Discussões

6) Considerações

Referências

Anexos

Apêndices
3) METODOLOGIA

3.1 Método

O método adotado para este trabalho será o estudo de caso comparativo


(ECC), amplamente utilizado em várias linhas e campos de pesquisa. Tal método se
apresenta como oportuno, uma vez que analisaremos o ensino de música em duas
escolas que aderiram ao Novo Ensino Médio e duas que ainda não aderiram.
Segundo Sérgio Bulgacov (1998):

Os estudos que envolvem o método o utilizam para identificar


fenômenos complexos, assim como, a comparação da atuação de
organizações que pertencem a setores diferentes ou comparação
entre diversas organizações de um mesmo setor (BULGACOV,
1998, p.56).

Ainda segundo o autor, o método requer cuidados nos processos de


investigação, tais como:
● definição do problema;
● variáveis envolvidas;
● população e seus critérios de definição;
● fundamentação teórica empírica;
● metodologia e procedimentos de levantamento; e
● instrumentos de coleta de dados (BULGACOV, 1998, p.59).
Bartlett e Vavrus (2017, p.907) apresentam algumas características sobre
ECC que “visa entender e incorporar, pelo menos parcialmente, as perspectivas dos
atores sociais ao estudo” e ainda que a abordagem é “informada por uma postura
teórica crítica”.
A abordagem empregada nesta pesquisa é qualitativa, a qual não é traduzida
em números, visto que pretende verificar a relação com o objeto de estudo, obtendo
várias interpretações de uma análise indutiva por parte do pesquisador (SILVA;
MENEZES, 2005, p.20). Diante disso, Bodgan e Biklen (1994) descrevem que os
investigadores dessa abordagem entendem o mundo de forma minuciosa e que
nessa investigação nada é considerado trivial, “tudo tem potencial para construir
uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do
nosso objecto (sic) de estudo” (BODGAN; BIKLEN, 1994, p.48).
Goldenberg (2004) afirma que “os dados da pesquisa qualitativa objetivam
uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto
da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social” (GOLDENBERG, 2004,
p.49).

3.2 Universo da Pesquisa

Serão considerados como universo desta pesquisa os(as) professores(as),


alunos(as), gestores(as) e demais pessoas que possuam relações diretas ou
indiretas com as quatro escolas integrantes deste estudo. Também poderão
participar pessoas ligadas à DIREC, caso seja necessário.

3.3 Instrumentos de Coleta de Dados

Como técnicas de coleta de dados para a pesquisa, serão utilizados os


seguintes instrumentos:
● Levantamento bibliográfico em livros, artigos de periódicos, trabalhos
completos publicados em anais de eventos, teses, dissertações e
monografias, nas áreas de Música (Educação Musical) e Educação, com os
temas Educação Musical na Escola Básica, Ensino de Música no Ensino
Médio, Novo Ensino Médio, História da Educação Escolar no Brasil, entre
outros, com o intuito de se construir o embasamento teórico desta pesquisa;
● Levantamento documental, a ser realizado em leis, projetos políticos
pedagógicos das escolas estudadas, documentos normativos, manuais, sites
e arquivos em geral, com o intuito de se conhecer e caracterizar, da melhor
forma possível, o contexto das escolas em estudo, bem como o seu
funcionamento e regulamentação;
● Observação espontânea, que ocorrerá nas instituições, verificando os fatos
que ali ocorrem relacionados ao planejamento, execução e avaliação das
atividades em música (tendo como foco principal os professores); à rotina
escolar, compreendendo todos os acontecimentos que têm relação direta e
ou indireta com as aulas de música e; atividades de gestão e planejamento,
com o intuito de se aprofundar o conhecimento das formas pelas quais as
escolas materializam as demandas oriundas de políticas diversas. Durante as
observações será utilizado o diário de campo para registro de acontecimentos
relevantes;
● Diário de campo, com o intuito de se registrar ideias, reflexões e
acontecimentos oriundos da observação;
● Entrevista semiestruturada, que será realizada, a priori, com os sujeitos da
pesquisa, seguindo perguntas pré-definidas, mas que poderão sofrer
alterações em sua execução, com o intuito de obter maiores informações
relacionadas ao trabalho dos professores e sua relação às estruturas do
ensino de música no Ensino médio. Tais entrevistas serão gravadas, com
autorização dos entrevistados, para posterior análise.

No que diz respeito à observação, Yin (2015, p.118) discute que estas devem
ocorrer tendo em vista que o estudo de caso é delineado no contexto real do caso.
Entende-se por observação espontânea aquela em que o pesquisador observa sem
se envolver com o grupo ou situação que pretende estudar, promovendo uma
compreensão mais precisa do problema e também na construção de hipóteses.
Segundo Gil (2009), o pesquisador é mais um espectador do que um ator.
A entrevista fornecerá dados básicos para o desenvolvimento e a
compreensão das relações entre os sujeitos e sua situação. Bauer e Gaskell (2015)
afirmam que:

Toda pesquisa com entrevistas é [...] uma interação, uma troca de


ideias e de significados, em que várias realidades e percepções são
exploradas e desenvolvidas. [...] tanto o(s) entrevistado(s) como o
entrevistador estão, de maneiras diferentes, envolvidos na produção
de conhecimento (BAUER; GASKELL, 2015, p.73).

Gil (2009, p.63) comenta que essa “técnica é muito flexível, já que possibilita
esclarecer o significado da (sic) perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas
e às circunstâncias em que é realizada”. Dessa forma, a entrevista possibilita novos
olhares com relação à pesquisa, permitindo a confiabilidade do estudo, quando bem
estruturada e aplicada, ela fornece dados relevantes para o pesquisador.
3.4 Organização e Análise dos Dados

Os dados coletados seguirão as seguintes etapas: pré-análise, para


organização dos dados coletados em categorias que facilitem a busca durante a
escrita da pesquisa. Sumarização do levantamento bibliográfico e da pesquisa
documental, dos quais serão abstraídos somente os que irão fazer parte do estudo.
Estes, após lidos, serão organizados por meio de fichamentos, resumos ou
palavras-chave. Os dados das entrevistas serão transcritos e separados por
instituição. Em seguida, serão separados os trechos mais relevantes para a
pesquisa.
Após a organização dos dados oriundos da revisão bibliográfica (que
resultará na fundamentação teórica do trabalho), dos registros em diário de campo,
bem como da transcrição das entrevistas, estes serão cruzados, mas em duas
etapas distintas. Num primeiro momento, serão analisadas as escolas em grupos
separados: as que já aderiram e as que ainda não aderiram ao novo Ensino Médio.
Na segunda etapa da análise, estes grupos serão colocados em comparação,
resultando num maior conhecimento de como são estipuladas e executadas as
estratégias para o ensino de música nas duas situações analisadas.

3.5 Elaboração do Relatório Final

O relatório final será elaborado na forma de uma dissertação de mestrado,


considerando os parâmetros estabelecidos pelo Programa de Pós-graduação em
Música da UFRN. O trabalho trará ampla descrição da estrutura do trabalho, além
de introdução, revisão bibliográfica, a metodologia utilizada para a coleta,
organização e análise dos dados, além de sua interpretação, os resultados e
discussões oriundos da pesquisa.
4) CONSIDERAÇÕES

A pesquisa relatada neste trabalho encontra-se em andamento (fase inicial).


Está em processo a realização de um levantamento bibliográfico nas áreas de
Educação e Educação Musical, como foi dito anteriormente. Em paralelo, os sujeitos
da pesquisa estão em contato com a pesquisadora para a elaboração dos
momentos de observação. Também se encontra em processo um amplo
levantamento documental, com o intuito de se compreender em profundidade a
história e funcionamento da rede estadual de educação do Rio Grande do Norte, em
específico da cidade do Natal.
Apesar da existência de grande quantidade de trabalhos abordando o Ensino
Médio e, em menor quantidade, o ensino de música no Ensino Médio, pouco se
sabe acerca dos impactos e da adaptação das redes de educação pública ao que
ficou conhecido como Novo ensino médio. Essa reestruturação ainda está em curso
e, no caso da rede estadual do Rio Grande do Norte, sabe-se que, a partir da
adesão de algumas escolas, mudanças têm ocorrido. O estudo relatado neste texto
tem o potencial para contribuir com o melhor entendimento de tais mudanças, bem
como a música é interpretada e materializada no âmbito do ensino. Ao mesmo
tempo, poderá ampliar as discussões no campo da Educação Musical, que ainda
carece de mais reflexões acerca do seu lugar no Ensino Médio. Espera-se, da
mesma forma, que tais reflexões venham a subsidiar novas pesquisas, bem como
atividades, abordagens e políticas.
REFERÊNCIAS
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Realidade, Porto Alegre, v. 42, n. 3, p. 899-918, July/Sept. 2017. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/edreal/v42n3/pt_2175-6236-edreal-42-03-00899.pdf. Acesso
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BELTRÃO, JOSÉ ARLEN. Novo Ensino Médio: O rebaixamento da formação, o


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