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O REINO ANIMAL

4º volume

EQUINODERMES
(4º Volume)

Quando se passa de um grupo de animais para outro, desde a


ameba, que é unicelular, até ao homem, encontra-se uma
sucessão relativamente ordenada de tipos, que pode, com
certa razão, ser considerada como reflexo da evolução do
reino animal.
Cada grupo que sucede a outro parece mais evoluído, e as
tendências denunciadas num não são já mais pronunciadas no
seguinte. E, assim, não é difícil, por exemplo, representar
as modificaçoes pelas quais a cavidade digestiva, simples na
hidra, se alonga e diferencia em faringe, estômago e
intestino. Em cada grupo há sempre uma ou outra espécie que
se desvia do plano geral. Em consequência de utilização mais
intensa, certos órgãos ou grupos de órgãos desenvolvem-se
desproporcionalmente em relação ao corpo do animal.
Em certos casos excepcionais, este processo atinge tal grau
que o animal parece pertencer a um grupo diferente. O teredo
ilustra admiravelmente este fenómeno. De corpo cilíndrico,
passa a maior parte de sua vida perfurando as vigas ou
pedaços de maneira continuamente imersos na água do mar.
Julgou-se que era um verme, devido à sua semelhança com
alguns vermes tubícolas; porém, a sua vida larvar, bem como
a anatomia, são de Molusco, possuindo até, na parte
anterior, um par de conchas minúsculas mais ou menos
característico dos moluscos bivalves. Os animais que, pelos
seus caracteres, se afastam consideravelmente da ordem,
família ou género a que pertencem chamam-se "aberrantes".
Os Equinodermes - ou animais de pele coberta de espinhos -
devem ser considerados, incontestavelmente, entre os mais
aberrantes, em relação a todo o reino animal.
A estrutura do corpo, o modo de locomoção e o comportamento
dos Equinodermes são tais que obscurecem por completo dos
traços de parentesco com outros animais. O que revoluciona a
sua anatomia é o crescimento assimétrico do corpo,
desenvolvendo-se ao lado esquerdo de tal modo em relação ao
direito que a boca, disposta normalmente sobre o lado, é
levada ao pólo oposto do corpo, isto é, à parte superior.
Caracteres gerais: os Equinodermes têm simetria radiada, são
marinhos, mas, excepcionalmente, vivem na água salobra. O
esqueleto é constituído por placas e bastonetes calcários
situados na pele, articulando-se, por vezes, uns com os
outros de maneira a formar uma couraça, geralmente coberta
de tubérculos e de espinhos. Nas holotúrias, os espinhos
reduzem-se a espículas disseminadas no mesênquima da pele.
Os Equinodermes possuem vasta cavidade do corpo e canais
aquíferos destinados à respiração e à locomoção,
separadamente, ou às duas funçoes. As larvas, que têm
simetria bilateral, diferem dos adultos.
O filo abrange cinco classes:

1 - Asterídeos (estrelas-do-mar);
2 - Ofiurídeos (estrelas de braços finos);

3 - Equinídeos (ouriços);
4 - Holoturídeos (pepinos-do mar);
5 - Crinoídeos (lírios-do-mar).

Asterídeos

Qualquer estrela-do-mar (exemplo: Asteria) é constituída por


uma porção central donde irradiam cinco braços mais ou menos
distintos. Observada pela face inferior, nota-se um sulco ao
longo do eixo de cada braço; na intercepção dos sulcos, na
parte central, situa-se uma pequena abertura, a boca. Em
toda a extensão dos braços, ladeando os sulcos, encontram-se
fiadas de pequenos digitiformes, em constante movimento,
muito lento. Uns retraem-se no corpo até quase desaparecer,
outros distendem-se, mostrando na extremidade um pequeno
disco achatado. Estes órgãos, únicos no reino animal, são os
ambulacros, ou pés ambulacrários, dotados de musculatura
própria e cada um em relação com uma vesícula também
musculosa; constituem os órgãos de locomoção da estrela-do-
mar. Tocando-os com o dedo, verifica-se que os discos
funcionam como ventosas, aderindo à pele.
Abandonando uma estrela-do-mar com face inferior para cima,
é curioso ver como ela restabelece a sua posição normal. A
extremidade de um braço torce-se e os ambulacros fixam-se à
superfície da areia. Sentindo-se segura, o braço continua a
torcer lentamente, o que permite a um número cada vez maior
de ambulacros fixar-se no solo. Os outros braços cooperam de
igual modo, e todo o corpo segue este movimento, até que,
num salto lento, a estrela-do-mar retoma a sua posição
normal. Feito isto, os ambulacros da extremidade de um dos
braços desprendem-se e distendem-se ao máximo, tomando de
novo contacto com o solo. E assim se desloca a estrela-do-
mar, primeiro lentamente, mas o movimento acelera-se à
medida que todos os ambulacros de cada um dos braços
cooperam na deslocação. A face dorsal de uma Asteria está
coberta de tubérculos que são módulos calcários de contorno
irregular, inclusos na pele. Alguns dos maiores têm espinhos
curtos e, enquanto uns parecem espalhados sem ordem na
superfície do corpo, outros estão dispostos segundo desenhos
bem precisos, formando um anel em torno da parte central do
corpo, donde parte uma linha de módulos idênticos, ao longo
de cada braço. Num ponto do anel central encontra-se uma
placa porosa, maior do que as outras, a placa madrepórica,
que é perfurada por numerosos poros minúsculos, e que
comunica com o canal hidróforo, ou da areia (por ter
concreçoes calcária). Este, atravessando o corpo, atinge o
canal oral, em volta da boca, do qual partem os cincos
canais radiais, um para cada braço, e comunicantes com
fiadas de ambulacros, constituindo um sistema aquífero
simples, mas eficaz. A água aspirada através dos poros da
placa madrepórica é enviada, sob pressão das vesículas, aos
pés locomotores, que se distendem, e reflui quando se
retraem. Esta série de tubos delicados, pode exercer uma
pressão de mais de 25 kg/cm², manifestamente excessiva para
permitir simplesmente a locomoção de um animal tão leve;
mas, como todos os animais que vivem nas pequenas
profundidades, as astérias têm de possuir meios de combate à
violenta acção das vagas, principalmente durante as grandes
tempestades. Nestas ocasioes, enquanto os caranguejos e
outros animais se refugiam sob os rochedos e nos fundos ou
se escondem na areia, as estrelas-do-mar prendem-se aos
rochedos com toda a pressão dos seus pés ambulacrários,
comprimindo-se contra os rochedos.
Mas os ambulacros têm ainda uma outra aplicação das mais
eficazes e úteis. Animal carnívoro, a estrela-do-mar
alimenta-se com frequência de moluscos bivalves, como as
ostras. Mas a astéria envolve persistentemente a concha por
completo, fixa fortemente os ambulacros e puxa até separar
as valvas, feito o que, extroflecte o estômago e engloba os
tecidos moles da ostra, que digere pela acção de sucos
gástricos. Não tendo dentes nem máxilas, a astéria reduz a
sua presa a uma massa semilíquida.
A estrela-do-mar não tem órgãos de sentidos visíveis.
Todavia, na extremidade de cada possui um par de máxilas,
com arestas eriçadas de pontas, chamadas "dentes", as quais
não servem para triturar os alimentos, mas apenas para
seleccionar e evitar a entrada de certas matérias
indigeríveis. O estômago é desinvaginável e a boca de
maiores dimensoes da que nas astérias.
Os braços, fortemente calcificados, não possuem os tufos da
pele para a respiração, como na estrela-do-mar; mas na face
inferior, junto à inserção de cada braço com o disco
central, existe um par de fendas que conduzem a uma bolsa
respiratória. Pela expansão e contracção alternadas do disco
central, a água é aspirada para a bolsa, e expirada,
processo que lembra muito a nossa própria respiração.
A mudança de hábitos dos ofiuros relacionada com a ausência
de pés ambulacrários é ainda levada mais longe nos Euryales,
ou "cabeça-de-gorgonas", cujos braços se bifurcam de tal
modo que as arborescências terminais se contam por dezenas
de milhares, dando ao animal a aparência de uma cabeça
coroada por cabeleira de serpentes.. Estes estranhos ofiuros
podem subir pela haste das penátulas e dos corais
arborescentes e, segurando-se por alguns braços, estendem
todos os outros como uma rede, para apanhar os pequenos
organismos flutuantes.

Equinídeos

Os ouriço ou castanhas-do-mar são muito vulgares nas águas


profundas e, em certos sítios, abundam nas margens. A
carapaça é constituída por fiadas de placas estreitamente
justapostas, formando com que uma concha de mosaicos,
esféricas, de composição cordiforme, achatada ou discoidal,
cuja superfície está coberta de picos acerados. Da boca,
situada na face inferior, saem cinco dentes brancos, que
fazem parte de um aparelho de mastigação, complexo, chamado
lanterna de Aristóteles".
à primeira vista, parece que há pouca semelhança entre um
tal animal e uma estrela-do-mar, mas ambos possuem
ambulacros e pedicelários e, se se lhe arranca os espinhos,
aparece a mesma estrutura radiada. As placas calcárias
correspondentes às da pele da astéria formam uma carapaça
contínua, de modo que se pode descrever um ouriço como uma
estrela-do-mar, cujos braços se retraíram e cuja pele se
eriçou de picos.
Nos Clipeasteróideos, os picos estão munidos de cílios
vibráteis, que provocam um fluxo de água incessantemente
renovada nos ambulacros respiratórios. Os pedicelários
servem, não somente para limpar a carapaça, mas ainda para
apanhar pequenos fragmentos de alga e conservá-los sobre
aquela para disfarce. Uma outra função, talvez a mais
importante, é defensiva, pois possuem algumas glândulas
venenosas.
Os ouriços alimentam-se de matérias animais ou vegetais, que
são trituradas pelos mencionados dentes da lanterna de
Aristóteles; mas, nos Clipeasteróides, estes dentes são
utilizados como pás, para tirar da areia as matérias
putrefactas misturadas com ela e que constituem a sua
alimentação.

Holoturídeos

As holotúrias ou pepinos-do-mar apresentam um outro tipo de


variaçoes de que são susceptíveis os Equinodermes. Têm o
corpo em forma de salsicha ou de pepino. O esqueleto é feito
de espículos microscópicas disseminadas na pele, embora no
grupo dos Psolídios estejam transformadas em grandes escamas
que se cobrem umas às outras. A boca encontra-se na
extremidade do corpo e está cercada de longos ambulacros,
transformados em palpos. Mesmo com esta aparência, a
estrutura radiada denuncia-se pela presença de cinco duplas
fiadas longitudinais de ambulacros pequenos, que servem para
a locomoção.
As holotúrias deslocam-se por contracção dos músculos do
corpo, servindo os ambulacros principalmente para se
prenderem aos rochedos. O alimento é constituído, quer por
matérias putrefactas misturadas com a areia, e neste caso os
palpos são longos e arborescentes, cobertos de muco ao qual
as presas ficam aderentes.
As holotúrias possuem poder de regeneração ainda mais forte
do que as estrelas-do-mar. Quando molestadas, expulsam quase
por completo as vísceras, que são regeneradas ao fim de
algumas semanas. [A evisceração é, porém, um fenómeno normal
nalgumas espécies.] Possuem ainda uma rede de tubos
filiformes [órgãos arborescentes ou tubos de Cuvier], que
pode ser projectada sobre o inimigo eventual. Na água, o
muco segregado pelos tubos espessa-se até formar uma massa
viscosa, de tal modo que, por exemplo, mesmo um lavagante
pode ficar preso em tal rede. Estes tubos podem igualmente
ser regenerados.
Algumas raras espécies multiplicam-se por simples divisão em
duas (cissiparidade).

Crinoídeos

Um lírio-do-mar, como dizem os anglosaxoes, é formado por


uma haste feita de peças pentagonais articuladas, tendo, em
intervalos regulares, coroas de apêndices ou cirros; no
cimo, encontra-se uma "taça" reforçada exteriormente por
placas regularmente dispostas. Dos lados desta taça,
destacam-se cinco braços que podem bifurcar-se uma ou mais
vezes, tendo um certo número de ramos laterais ou píunulas,
dispostos como os dentes de um pente. ao longo de cada ramo,
há um sulco com cílios vibráteis nos bordos, os quais
capturam as partículas alimentares dirigindo-as para a boca.
Os ambulacros, que também orlam os sulcos, servem unicamente
para a respiração. Os Crinoídeos fixam-se por meio duma
pequena placa existente na base dos pedúnculos, que o prende
à rocha, ou por apêndices em forma de raiz, que podem fixar-
se na vasa. Os cirros podem prender-se a objectos que lhes
servem de suporte e, se o pedúnculo se quebra, transportam o
resto do corpo para um outro lugar.
Os Crionoídeos são muitíssimo antigos, e em muitas rochas
encontram-se os seus vestígios fossilizados. Nas águas pouco
profundas, eles são representados por um tipo não fixo nem
pedunculado, o Antedon. É um animal móvel, que se agarra a
um suporte rígido por meio de uma coroa de cirros, dispostos
abaixo do "cálice", o que se pode deslocar à custa dos
braços.
O que há de mais interessante no Antedon, livre no estado
adulto, é que ele, antes de atingir esta fase
[pentacrinóide], passou pela de larva pedunculada
[cistidiana], repetindo-se a história da espécie no decorrer
dos estados larvares da sua existência.

Reprodução dos Equinodermes

Os ovos dos ouriços mais vulgares são muito pequenos,


medindo 0,1 a 0,5 milímetros de diâmetro, e muito
transparentes. Não se dá cópula, sendo os óvulos e
espermatozóides disseminados na água; os espermatozóides
nadam até encontrar um óvulo. Isto torna fácil a observação
microscópica das células sexuais dos ouriços. O processo da
fecundação é o seguinte: penetração do espermatozóide no
óvulo, fusão dos dois núcleos, divisão do ovo fecundado,
etc.
Uma outra propriedade maravilhosa dos ovos dos Equinodermes
(e de muitos outros animais marinhos) deu lugar, no decorrer
do último século, ao aparecimento de um ramo especial da
ciência, a embriologia experimental.
Quando se isolam as duas primeiras células, ou blastómeros,
provenientes da divisão do ovo, cada uma transforma-se em
uma larva completa, mas tendo apenas metade do tamanho
normal. Podem-se isolar, do mesmo modo, as células no estado
de quatro e oito elementos celulares, ou mesmo mais.
Estudando o desenvolvimento do ouriço do mar vermelho, se
descobriu que, num grande número (mais de 10%), os dois
primeiros blastómeros ficam isolados dentro da membrana do
ovo, dando cada um uma larva normal, mas de tamanho reduzido
a metade. É um caso de gémeos verdadeiros ou homozigotas,
isto é, provenientes de um único ovo, tal como se dá em
certos animais e nomeadamente no Homem.
Depois da fecundação, o ovo transforma-se numa larva livre e
pelágica, de forma característica, mas completamente
diferente do adulto.
A forma da larva difere, conforme as classes dos
Equinodermes. Os seus nomes são: bipinária, nas estrelas-do-
mar, ofioplúteo, nos ofiuros, equinoplúteo, nos ouriços, e
auriculária, nas holotúrias. Nos Crinoídeos não há larva
especialmente adaptada à vida pelágica.
O ofioplúteo e o equinoplúteo possuem um elegante esqueleto
que mantém os longos braços. Em geral, as larvas não andam
senão por meio de cílio, dispostos em fiadas ao longo dos
braços o dos apêndices do corpo larvar; mas algumas são
dotadas de activo movimentos natatórios, como a curiosa
larva do ouriço Diadema, cujos dois longos braços são
movidos por um sistema muscular complexo. A larva da
estrela-do-mar, Luidia sarsi, também nada activamente,
devido a dois lobos médios muito alongados.
A transformação destas larvas pelágicas - de simetria
bilateral característica, em adultos, de simetria,
geralmente, quinaria, vivendo no fundo - não é menos notável
do que a metamorfose de uma larva de borboleta. O processo
de transformação é excessivamente complicado, e a jovem
estrela-do-mar origina-se à superfície da região posterior
da larva. Em geral, o corpo da larva é absorvido pelo
próprio animal em via de desenvolvimento, mas, em luidia
sarsi, a nova astéria desprende-se do corpo larvar,
mergulha, continuando este a nadar durante um certo tempo,
antes de morrer.
É igualmente o que se passa no ofiuro Ophiothrix.
Tal é o modo habitual de reprodução dos Equinodermes, mas
comportam numerosas modalidades.
Em muitas espécies, os ovos são relativamente maiores cerca
de 1 milímetro de diâmetro - e cheia de "vitelo" (lecitina).
Em geral, não nascem deles verdadeiras larvas pelágicas, mas
uns pequenos corpos vermiformes rastejantes que se
transformam directamente em Equinodermes adultos. Muitas
estrelas-do-mar que poem tais ovos reúnem-nos em volta da
boca, levantando-se sobre os braços de maneira a formar um
abrigo, em forma de telhado, no qual os jovens são
protegidos até serem capazes de fazer a sua vida. É o caso
de Henricia sanguinolento. O animal não pode, é claro,
alimentar-se sobre os braços durante o período da incubação,
que pode durar semanas. Em certas espécies, os ovos podem
até ser recolhidos no estômago e aí desenvolverem-se. Não é
fácil imaginar como este órgão pode suspender toda a sua
actividade de modo a não digerir os ovos e os embrioes!
Numerosas espécies, principalmente entre os ofiuros, são
vivíparas. Os jovens nascem em bolsas dos pares de sacos
situados na base de cada braço e que servem normalmente de
câmaras respiratórias. Em tais casos, o estado da larva
pelágica não existe; contudo, vestígios de tais estados
encontram-se, por vezes, no ofiuro cosmopolitas, Amphipalis
squamata. Um caso verdadeiramente curioso é o do ofiuro do
Antárctico, Phionotus hexactis, cujos embrioes nascem, não
em bolsas, mas nos próprios ovários (que estão ligados em
série ao longo da parede interna das bolsas). Dos numerosos
ovos que se encontram em cada ovário um só se desenvolve,
servindo os outros de alimento. O embrião atinge proporção
considerável, aumentando o ovário gradualmente até se tornar
um saco de paredes delgadas. É quase inconcebível que tão
grandes embrioes possam sair pelas estreitas fendas das
bolsas,, o mesmo acontecendo com outros Ofiurídeos
vivíparos. Quando o número de descendentes que se
desenvolvem numa bolsa é grande, amontoam-se uns sobre os
outros de forma extraordinária. Apesar do seu esqueleto
calcário, fazem lembrar ervilhas secas! Custa a crer também
que uma vez libertados possam tomar a forma de uma estrela.
Nos Equinodermes, em geral, é impossível distinguir o macho
da fêmea sem os abrir e examinar os órgãos genitais.
Numa estrela-do-mar, Muito comum em fundos arenosos das
águas profundas do Indo-Pacífico, Archaster typicus,
observa-se uma espécie de cópula: O macho coloca-se sobre o
dorso da fêmea, alternando os seus braços com os dela, de
maneira que o conjunto tem o aspecto de uma estrela de dez
braços. Contudo, nenhum dimorfismo sexual se observa
exteriormente. O mesmo processo se observa no ofiuro
Astrochlamys brunneus, do Antárctico. Mas um caso
interessante é o de certos ofiuros do Indo-Pacífico, que
vivem em comensalismo, em cima ou por baixo dos ouriços. R.
Koehler, o grande especialista francês de Equinodermes, foi
o primeiro a descrever uma dessas espécies, a que deu o nome
de Ophiodaphne maternaz. Ele notou que este ofiuro trazia
sempre um indivíduo mais pequeno na boca, com os braços
deste enlaçando os seus.
T. Mortensen descobriu, que o indivíduo mais pequeno era na
realidade o macho, transportado permanentemente pela fêmea,
a qual se revelou assim muito diferente de uma mae
diligente! Os ovos, com é vulgar nos Ofiurídeos são
disseminados directamente na água, e os juvenis
desembaraçam-se sozinhos enquanto a mae continua o seu
abraço ininterrupto.

CURIOSIDADES:

["A Estrela-do-mar, Echinaster sepositus,


é frequente na costa continental portuguesa"
"O ofiurídeo "cabeça-de-gogona", Gorgonocephalus arcticus,
é característica pela bifurcação múltipla dos braços."
"O ouriço-do-mar, Dorocidaris papillata, é uma espécie que
vive nos fundos lodosos do Atlântico e do Mediterrâneo.
"" O Sphaerechinus gramularis, é um ouriço e sua espécie
mediterrânica que se estende às costas da africa e da
Península Ibérica até à Bretanha."
"Ophiothrix mamillata, formoso ofiurídeo, E reconhecível
pela pinta vermelha que assimila, dorsalmente, cada placa
branquial."
"Uma Holotúria, Thyone fusus, Tem forma que justifica o seu
nome vulgar de "pepino-do-mar"; vive no Mediterrâneo e no
Atlântico."
"As espécies mediterrânico-atlântica, Echinus melo,
encontradiça nas costas portuguesas continentais e nos
Açores."
"As Echinocardium cordatum, é também muito vulgar
nas costas continentais portuguesas."
"O Antedon bífida, crinoídeo de vida livre, com braços
finamente ramificados em volta da boca. lembra uma flor,
donde o nome vulgar é "lírio-do-mar"."
"Uma estrela-do-mar tropical, que, como a L. ciliaris dos
fundos ao largo da costa portuguesa, e tem de 8 a 9
braços."]

A ESTRUTURA DOS EQUINODERMES E A ARTE NA NATUREZA

A graça de muitas flores reside, tanto na disposição de


pétalas da mesma grandeza e forma,, como na cor. O mesmo
género de beleza se manifesta nos animais com simetria
radiada: em volta de um ponto central repetem-se elementos
idênticos. É esta estrutura de muitos animais de vida
aquática sedentária cujos hábitos determina uma identidade
de aspecto multilateral ou, antes, o que se poderia dizer
melhor se conhecem são as anémonas-do-mar, nas quais o
esplendor das cores, se junta a harmonia das formas. Mas
esta estrutura encontra-se igualmente em certos animais de
vida livre.
Quando vivos, os ouriços são cobertos de picos, mas as
carapaças desnudadas são frequentes nas praias. Logo à
primeira vista, se admira a ordem existente nos seus
elementos. A carapaça é composta de vinte colunas de
pequenas placas, indo cada uma desde a boca, no centro da
base, até ao ânus, situado no cimo, e dispostas como
meridianos que ligam dois pólos. As vinte colunas estão
dispostas em dez faixas a duas colunas, alterna cinco largas
e cinco estreitas; isso constitui uma simetria radiada: há
repetição de partes semelhantes em volta do seu eixo comum,
como os raios de uma roda em volta do seu eixo.
Esta ordem é mais profunda do que imagina. As placas das
duas faixas largas, vê-se que são pentagonais. As placas das
duas colunas que formam uma faixa alternam e imbricam-se nas
outras. Em cada coluna, a dimensão das placas é maior na
parte mais larga da carapaça, diminuindo progressivamente
para os pólos, mas conservando a sua forma. Continua assim a
repetição de elementos semelhantes, mas a diminuição das
dimensoes desses elementos cria um efeito de perspectiva que
acentua a forma abaulada da carapaça.
As placas tem espinhos e cada um deles está ligado por
músculos a uma pequena bossa. Em muitas espécies, estas
bossas estão regularmente dispostas em cada placa, e isso
realça ainda mais a sua beleza. As placas das faixas
estreitas têm outra estrutura que só se percebe bem à lupa.
São perfuradas por orifícios dispostos aos pares. Certas
espécies têm apenas um par de orifícios por cada placa, mas
noutras pode haver até dezanove. Quando o seu número é
elevado, dispoem-se em arcos, que se cobrem cada vez mais à
medida que se passa do pólo superior para o inferior. Cada
coluna é uma série completa de partes semelhantes, que se
alargam para o meio e se estreitam sucessivamente para as
duas extremidades.
O pólo superior mostra uma ordem doutro género. à sua volta
estão dispostos dois círculos, cada um com cinco pequenas
placas, cujos elementos alternam uns com os outros.
Com efeito, fazem parte das dez faixas meridianas duplas,
das quais cada placa constitui o elemento terminal.
Resumindo: há, primeiramente, uma simetria radiada que se
sobrepoe a uma disposição por colunas de raios, cuja ordem
se exprime, não apenas pela forma e disposição das placas
que as compoem, mas também pelo relevo e perfuraçoes destas;
enfim, encenando as colunas e fazendo parte delas, estão
placas dispostas em círculo. Eis, pois, três disposiçoes:
raios equidistantes, colunas e círculos, inteiramente
ligados entre si.
Esta simetria quinaria radiada abrange, não só os ouriços,
como todos os membros do grande filo dos Equinodermes, a que
pertence as estrelas-do-mar, os ofiuros, os pepinos-do-mar
(Holotúrias) e os lírios-do-mar (Crinoídeos), incluindo os
Antedons.
Na sua maioria são livres, mas conservam a simetria radiada,
como herança de um passado durante o qual os seus
antecessores tinham vida sedentária.
Contudo, naqueles desenvolveu-se uma simetria bilateral que
se sobrepoe à estrutura radiada e que parece mais apropriada
à sua vida livre.
O ouriço, que se estudou, tem forma esférica regular. Outros
há de forma achatada ou ovóide, chamados, irregulares.
Tendem a adquirir uma simetria bilateral. Ainda que a sua
estrutura seja sempre dominada pelo número cinco, ela está
alterada. Os cinco raios não são todos do mesmo comprimento
e distribuem-se em três grupos: um raio ímpar, mais
comprido, marcando o plano de simetria, e dois pares
desiguais entre si. É a disposição que se encontram nos
Clipeasterídeos e nos Scutelídeos, muito abundantes nos
mares quentes. Nos ouriços chatos, as faixas estreitas das
placas - aquelas que são perfuradas de pares de orifícios -
estão dispostos na face superior, desenhando contornos de
uma flor de cinco pétalas. Noutras espécies, pode haver
profundos entalhes no bordo, como nos Encape e Rotula, ou
ainda verdadeiras fendas, perfurando a carapaça, como no
sand dollar (dólar de areia). Mas sempre estes entalhes
estão dispostos simetricamente e em número de cinco ou
múltiplos de cinco.
Um ouriço em coração (Echinocardium cordtum) encontra-se,
muitas vezes, em grande número nas praias. Tem o tamanho de
uma pequena barata, coberta de picos curtos e coloração
acinzentada. A carapaça desnudada revela simetria bilateral,
semelhante bilateral, e que resultam da natureza e ordenação
dos tubérculos, sobre as quais se articulam os picos de
variada configuração. Muitos outros exemplos de repetição de
elementos semelhantes se observam, mas em objectos
fabricados pelo homem, especialmente na arquitectura, nos
jardins e planos de urbanismo, ou mesmo no arranjo
harmonioso de navios e avioes. Mas é, sem dúvida, nas artes
que uma tal disposição é explorada de maneira mais
sistemática.

PRECURSORES DOS VERTEBRADOS

Vertebrados e Invertebrados

Os vertebrados são animais que têm algumas características


comuns: possuem coluna vertebral, crânio e sangue
impulsionado pelo coração. Trata-se de um grupo com animais
bastante diferentes e adaptados aos mais diversos ambientes,
como rios, mares, florestas, desertos, etc. Por causa dessa
grande diversidade, eles foram subdivididos em grupos
menores.
São invertebrados todos os animais destituídos de vértebras
ou de qualquer tipo de esqueleto interno - cartilaginoso ou
ósseo - que funcione como estrutura para seu corpo. Algumas
formas, entretanto, possuem um esqueleto externo que as
sustenta e protege; outras, como os músculos, possuem certa
estrutura interna que não chega a constituir um verdadeiro
esqueleto.
O grupo de Invertebrados contém numerosas divisoes
taxonómicas, compreendendo mais de um milhão de espécies, ao
passo que o do Vertebrados, constitui uma única unidade
taxonómica, abrangendo 40 mil espécies.

Distinçoes basilares

Na maioria dos invertebrados, o corpo é suportado por um


esqueleto externo, exosqueleto; é o caso dos Moluscos com
concha, dos Crustáceos e de todos os outros Artrópodes. Por
outro lado, o cordão nervoso principal está situado
ventralmente em relação ao tubo digestivo; não existe
cérebro propriamente dito, embora, nas formas mais elevadas,
na região cefálica haja concentraçoes de tecidos nervosos
chamadas "gânglios cerebróides", que não têm nem a estrutura
nem o desenvolvimento considerável do cérebro dos
Vertebrados, há um cérebro bem desenvolvido, e o cordão
nervoso principal (a medula espinhal) está situado
dorsalmente em relação ao tubo digestivo. O corpo é
suportado por um esqueleto interno (endosqueleto),
cartilagíneo ou ósseo, mas, além disso, pode existir uma
cobertura mais ou menos rígida de escamas, de pernas ou de
pêlos. O traço mais característico dos Vertebrados é a
notocorda ou corda dorsal, uma haste axial que aparece logo
nas primeiras fases do desenvolvimento do embrião. Na
maioria dos Vertebrados, esta notocorda é substituída,
durante o desenvolvimento embrionário, por uma coluna
vertebral cartilagínea ou óssea, a espinha dorsal. Estas
características - o cérebro com a medula, a notocorda (mais
tarde inclusa na coluna vertebral) e o endosqueleto -
encontram-se em todos os Vertebrados.
Há, no entanto, um certo número de animais, os
Protocordados, que não parece fácil considerar entre os
Invertebrados típicos. Consideram-se ordinariamente como
formas primitivas, que nos sugere a maneira como os
Vertebrados se teriam destacado dos Invertebrados.
O ramo dos Cordados é dividido em Protocordados ou
Acraniotas, animais que possuem notocorda ou rudimentos de
notocorda,, mas sem crânio, e Craniotas (Vertebrados),
animais cujo cérebro está fechado numa caixa cartilagínea ou
óssea (o crânio) e cujo corpo é suportado por uma haste
axial (ou coluna vertebral), que se apresenta, na sua
origem, sob a forma de invólucro da notocorda.

Protocordados

O primeiro dos animais que, em geral, se considerou como elo


entre os Invertebrados e os Vertebrados, pertence ao pequeno
grupo dos Foronídeos, e chama-se forónio (Phoronis). É um
animal vermiforme, medindo de 4 milímetros a 15 centímetros,
de que existem espécies em todos os mares do Globo.
Assemelha-se aos Briozoários, que são Invertebrados, o seu
corpo tem uma coroa de tentáculos e está encerrado numa
bainha tubulosa. Próximo da extremidade anterior do tubo
digestivo da larva, existe um par de tubos curtos,
terminados em dedo de luva [divertículos hepáticos], que têm
sido considerados como dupla notocorda.
O cefalodisco (Cephalodiscus) é um outro animal marinho
problemático. É constituído por um certo número de
polipídeos, que brotam a partir de uma haste comum e cujo
conjunto tem um revestimento córneo. Cada polipídeo tem
certas afinidades morfológicas com o forónio. Existem também
várias espécies.
O seguinte, na série, é o balanoglosso (Balanoglossus), que
vive enterrado na vasa do fundo do mar. Exteriormente, dir-
se-ia um verme com cabeça em forma de glande, mas a sua
anatomia interna revela certos caracteres que fazem pensar
nos Vertebrados.
Possui brânquias parecidas com as de um embrião de peixes,
os seus nervos e músculos são construídos segundo o mesmo
plano que os dos Vertebrados e, como no caso do forónio,
destaca-se do intestino anterior um tubo em dedo de luva,
que se julga poder representar a notocorda. A esta mistura
de caracteres de Invertebrados e de Vertebrados junta-se a
semelhança da larva, chamada "tornaria", com a dos
Equinodermes. Conhece-se vários géneros e espécies.
Alguns autores, baseando-se no aspecto dos estados larvares,
colocam os Phoronis (Foronídeos), tal como os Cephalodiscus
(Pterobrânquios) e Balanoglossus (Enteropneustas), entre os
Vermes aberrantes.
Os Tunicados, parecem ser formas degeneradas de Vertebrados
primitivos. No estado larvar, possuem um cordão nervoso
dorsal, órgãos de sentido e uma notocorda. Neste estado,
nadam livremente com a ajuda da sua longa cauda e
assemelham-se muito a um alevim de peixe ou a um girino de
ra. Mas, em vez de se transformarem em adultos mais
perfeitos, como nesses Vertebrados, sofrem uma
degenerescência, as larvas fixam-se no fundo do mar pela
cabeça, a cauda é reabsorvida pelo corpo, a notocorda
desaparece e o sistema nervoso reduz-se, por
degenerescência, a um pequeno nódulo de células nervosas. As
acídias adultas são animais marinhos gelatinosos,
sedentários, tal como as Ciona, o animal está encerrado num
manto espesso ou túnicas com uma abertura das extremidades e
outra lateral. Se se aperta ao de leve este saquinho
gelatinoso, ele contrai-se rapidamente, e um fino jacto de
água esguicha de uma ou duas aberturas. Daqui o nome vulgar
inglês de seasquirts, isto é, seringas do mar. Os órgãos
internos compreendem uma câmara branquial bem desenvolvida,
cujas paredes estão perfuradas por numerosas fendas. Por
outro lado, existe um aparelho digestivo pouco desenvolvido,
um sistema de delicados vasos sanguíneos e, por fim, o
nódulo de células nervosas . O adulto não pode deslocar-se,
e alimenta-se de pequenos organismos introduzidos na câmara
branquial pela corrente de água que aí penetra, conduzida
pelos numerosos cílios vibráteis que marginam as brânquias.
As formas coloniais, como os Botryllus, compreendem
numerosos pequenos indivíduos, fundamentalmente semelhantes
às Ciona e dispositivos em rosácea, numa túnica gelatinosa
comum. Cobrem frequentemente a superfície das rochas,
formando manchas de muitos centímetros quadrados. Certos
Tunicados coloniais nadam livremente, como os maravilhosos
Pyrosoma, luminescentes, dos mares tropicais, cuja colónia
consiste num cilindro oco, fechado numa das extremidades,
tendo engastados nas suas paredes gelatinosas os pequenos
seres.
Enfim, temos ainda a considerar as salpas, igualmente
livres, animais transparentes, mais ou menos com a forma de
pequeninos barris, cujas faixas musculares se dispoem como
os arcos dum barril. Pela contracção destes músculos, a água
passa através de seu corpo, fornecendo alimentação e
oxigénio, e o animal é, simultaneamente, impulsionado para a
frente. As salpas são por vezes capturadas, em grande
número, nas redes dos pescadores. A sua fecundação é devida
ao modo particular de reprodução. Sobre um estolho que se
estende para trás, formam-se numerosos gomos, dando origem
cada um deles a nova salpa, que, depois de desenvolvida, se
destaca e toma vida independente.
Os anfioxos (Branchiostoma), com o comprimento de 5 a 7
centímetros, vivem a maior parte da sua vida enterrados na
areia do fundo do mar. Existem mais de vinte espécies
dispersas pelas diferentes partes do Mundo. O corpo é
afilado nas duas extremidades e apresenta uma delicada
barbatana estendendo-se ao longo do dorso e contornando a
cauda. A boca, rodeada de tentáculos, conduz à faringe,
muito dilatada, perfurada de ambos os lados por uma centena
de fendas branquiais. O Animal alimenta-se de maneira muito
semelhante à das acídias. O sistema circulatório é
constituído por uma rede de vasos sanguíneos dispostos
aproximadamente segundo o característico nos peixes. Por
outro lado, a notocorda, bem desenvolvida, estende-se duma
extremidade à outra do corpo. A larva é semelhante aos
estados correspondentes dos peixes e dos anfíbios, de modo
que o anfioxo, posto que apresenta uma mistura de caracteres
de Invertebrados e de Vertebrados, está mais próximo das
formas juvenis dos Vertebrados do que qualquer outro
Protocordado.

CURIOSIDADES:

["Uma da acídias solitárias mais comuns, Ciona intestinalis,


têm vida livre durante o período larvar, lembra um alevim de
peixe com longa cauda."
"Uma Halocynthia papilosa, ascídia corada de vermelho vivo,
se destaca por dois sifoes tubulosos, bucal e cloacal."
"Uma Glossobalanus sarniensis, enteropneusta que vive nos
fundos de areia e lodo das costas da Bretanha."]

CICLOSTOMOS

Nas antigas classificaçoes, os Vertebrados repartiam-se


pelas seguintes classes: Peixes, Batráquios, Répteis, Aves e
Mamíferos. Actualmente, como classe independente, destacam-
se dos Peixes os Ciclóstomos (Agnatas), constituindo os
verdadeiros Peixes uma superclasse subdividida em três
classes distintas: Condríctios (Peixes cartilagíneos),
Osteíctios (Peixes ósseos) e Coanctios (Peixes com aberturas
nasais internas).
As lampreias e as mixilas, estão actualmente numa classe
separada. Têm o aspecto de enguia e uma série de fendas
branquiais dos dois lados do corpo, logo a seguir à cabeça.
Não têm barbatanas pares, a barbatana dorsal é desprovida de
raios e a pele não tem escamas. A boca, sem máxilas (donde o
nome Agnata), fica no fundo de uma grande cavidade em forma
de funil, armada de dentes (odontóides) pequenos e córneos.
O esqueleto, muito primitivo, é cartilagíneo: a coluna
vertebral está representada pelo notocorda, reforçada pelo
tecido fibroso, as cartilagens; o crânio é uma simples caixa
cartilagíneo contendo o cérebro. Uma estrutura cartilagínea
complexa sustem a câmara branquial e um sistema igualmente
complicado de cartilagens suporta o grande funil bucal.
As lampreias (Petromyzon) são carnívoras: fixam-se a peixes
de diversas espécies por meio do seu funil em forma de
ventosa, enquanto os pequeninos dentes agudos e córneos, que
o forram interiormente, funcionam com uma lima. Este
aparelho complexo torna impossível a respiração pela boca;
por isso, a água é aspirada, passando dos espiráculos aos
sacos branqueais (donde o nome de Marsipobrânquios) e ao
aqueduto (divertículo esofágico), pelos ósculos, e daí
refluída, pela mesma via, para o exterior. O oxigénio é
absorvido e o anidrido carbónico expelido, em virtude da
contracção e expansão alternadas das paredes destas bolsas.
Conhece-se cerca de vinte espécies de lampreias, e a sua
distribuição geográfica é muito extensa. Apesar de serem
marinhas, as lampreias sobem aos rios para se reproduzirem.
O seu comportamento é muito característico. Medindo mais de
um metro de comprimento, introduzem-se nos rios, na
Primavera, em geral acompanhando grupos de peixes que
realizam a mesma migração, e, quando atingem uma ribeira com
fundo arenoso e coberto de calhaus, cada casal procura
construir o seu ninho, retirando as pedras do local
escolhido por meio da ventosa bucal, até que fique a
descoberto uma pequena zona de areia, deslocando um pouco
mais para jusante as pedras retiradas. Os ovos são então
postos e novas pedras são retiradas a montante do ninho, de
modo que a areia assim exposta vai cobrindo os ovos a pouco
e pouco. Julga-se que a morte sobrevêm pouco depois da
postura, tal o estado de miséria física em que se encontram
os progenitores.
As lampreias recém-nascidas, cuja eclosão se dá de dez a
quinze dias após a fecundação dos ovos, assemelham-se tão
pouco aos adultos que outrora foram tomadas por uma espécie
distinta. Esta larva (amoceta) é vermiforme e possui olhos
rudimentares, inteiramente cobertos pela pele, boca em
ferradura, sem dentes, com o lábio inferior transversal
pequeno e o lábio superior em forma de capuz. A boca é
cercada por uma franja de barbilhoes que formam um pincel, e
as aberturas branquiais estão alojadas num sulco. Por estes
caracteres, as amocetas diferem nitidamente dos adultos, mas
lembram, embora superficialmente, os anfioxos. As larvas
permanecem no ninho cerca de um mês; findo esse tempo, saem
e começam a nadar com a corrente. Logo que encontram um
local apropriado, enterram-se na areia ou na vasa, formando
um tubo onde vivem durante três ou quatro anos, quase cegas;
alimentam-se então de organismos minúsculos que são
transportados para a boca pelo movimento dos cílios de
barbilhoes. A transformação em adultos, verdadeira
metamorfose, opera-se em cerca de dois meses, durante os
quais surgem os olhos, a boca transforma-se em ventosa, a
língua e os pequeninos odontóides aparecem, enquanto que,
internamente, se edifica a forma do esqueleto, dos sacos
branqueais e do tubo digestivo anterior.
Das outras espécies de Agnatas, constituindo o grupo das
Mixilas, tornaram-se inteiramente parasitas. Os olhos
degeneraram e a boca em funil desaparece.
A Myxina glutinosa e a Myxina limosa encontram-se no
Atlântico Norte, sendo esta muito comum nas costas
americanas. Ultrapassando raramente 40 centímetros, são
muito vorazes e atacam peixes, como o bacalhau [dentro de um
deles encontraram-se, parasitando-o, 120 mixilas] e até os
tubaroes, na região dos olhos ou das brânquias; penetram
através do corpo das suas vítimas, do qual, finalmente, não
deixam senão a ele e os ossos. O corpo segrega uma tão
grande quantidade de muco (baba), que, por vezes, impede a
pesca onde abundam as mixilas.
Os Polistotrema e Eptatretus estão estreitamente aparentadas
com as mixilas. A espécie californiana (Polistotrema stouti)
prende-se sobretudo a alguns peixes das rochas e às solhas;
a d Chile (Eptatretus polytrema) é, se possível, mais voraz
ainda, e julga-se que pode engolir, em sete horas, tanto
peixe como dezoito vezes o seu peso!

CURIOSIDADES:

["Uma Lampreia-do-rio, Lampetra fluviatilis, é um ciclóstomo


encontradiço nos rios do Centro e Norte de Portugal."]

PEIXES

Os peixes cartilagíneos ou Condríctios são também designados


por Plagióstomos. Nos caçoes ou tubaroes, que são os peixes
cartilagíneos mais característicos, O corpo termina à frente
por um focinho afilado, e para trás, logo a seguir à cabeça,
abre-se verticalmente um certo número de fendas branquiais.
Tem duas barbatanas dorsais triangulares e erectas, a
primeira maior, colocada à frente, a segunda mais pequena,
implantada quase na base da cauda. Um par de barbatanas
peitorais ou escapelares encontra-se um pouco para lá da
última fenda branquial - que corresponde aos membros
anteriores dos animais terrestres. Mais tarde, existe um
outro par de barbatanas mais pequenas, as barbatanas
ventrais ou pélvicas - que corresponde aos membros
posteriores. Mais ou menos por baixo da segunda barbatana
dorsal situa-se a barbatana anal, quando existe. A cauda,
constituída pela barbatana caudal, não é mais do que um
prolongamento do corpo; é guarnecida superiormente por uma
longa barbatana triangular, continuada para trás sob a forma
duma delicada bordadura, que se alarga ligeiramente na sua
extremidade e a contorna em pequena extensão. Curta, esta
cauda assimétrica (heterocerca) difere, duma maneira muito
nítida, da cauda de lobos iguais (homocerca) dos peixes
ósseos evoluídos. A boca também é nitidamente diferente,
pois abre na região inferior da cabeça, bem atrás do focinho
afilado.
Em vez de escamas imbricadas, como, por exemplo, as do
ataque, a pele está guarnecida de pequenos dentes
espinhosos, ou dentículos: as escamas placóides. Se, num
cação recém-nascido, se passar a mão ao longo do corpo,
desde a cabeça à cauda, a pele parece lisa; mas, se se fizer
o mesmo em sentido contrário, a sensação é a de aspereza.
São muito duros. São escamas como estas, mas maiores, as
que, nas máxilas, formam os dentes. Os dentes têm raízes nas
máxilas e a sua coroa modificar-se consoante a natureza do
alimento. O esqueleto os Condríctios é inteiramente
cartilagíneo; os segmentos componentes da coluna vertebral
(as vértebras) provêm do tecido esqueletógeno que se forma
em volta da notocorda.
Dividem-se em duas subclasses: Seláceos (caçoes ou tubaroes
e raias) e Holocéfalos (peixes-ratos).

Sseláceos

Esta subclasse divide-se em duas ordens: Pleurotremos,


caçoes ou tubaroes, nos quais as fundas branquiais estão
situadas lateralmente, e Hipotremos ou raias, em que as
fendas se abrem ventralmente.
Pleurotremos. - Estes peixes formam dois grupos
naturais. O primeiro compreende os tipos mais antigos e,
portanto, os mais primitivos, donde o segundo deriva.
O primeiro grupo não abrange senão o cação-de-golas
(Chlamydoselachus anguineus). Trata-se de uma espécie rara,
descoberta em 1884 nas águas profundas do Japão. Mede de
0,90 a 1,60 metros de comprimento; tem de notável a situação
da abertura da boca na extremidade do focinho, e as fendas
branquiais estarem encobertas [cada uma pelo prolongamento
do septo branquial precedentes], por uma série de golas
cutâneas. Por estas características lembra um Acanthodes,
fóssil muito antigo do Carbónico.
No segundo grupo, o dos caçoes ou tubaroes mais recentes,
encontram-se alguns que se afastam do tipo habitual. O
peixe-martelo (Sphyrna zygaena) tem a cabeça alargada
lateralmente, de modo a formar duas expansoes achatadas,
cada uma com um olho na sua extremidade. Uma deformação
semelhante encontra-se no tubarão-barrete (S. tiburo), que
tem a cabeça em forma de meia lua e os olhos colocados nas
correspondentes extremidades. Ambas as espécies são muito
vorazes, vivem nas águas profundas e atingem o comprimento
de 4,50 metros. Atacam a temível uge ou ratão (Dasyatis). Um
espécime que se havia alimentado deste género de raias, ao
ser capturado, tinha espetados na boca e na garganta mais de
50 aguilhoes farpados de uges!
O peixe-frade (Cetorhinus maximus) chega a atingir cerca de
15 metros de comprimentos. É, por isso, um dos maiores
peixes actuais. O peixe-frade nada habitualmente em águas
pouco profundas e, em tempo calmo, costuma ficar imóvel à
superfície, com o dorso emergido das águas como que a
deixar-se "queimar ao sol". Alimentam-se de peixes pequenos
de fácil captura, de crustáceos e outros invertebrados, em
locais pouco profundos, pois não é animal veloz. Estas
presas são levadas pela água em grandes quantidades para a
boca e retidas num aparelho, de filtragem, dispostos ao
longo dos arcos branquiais. O tubarão-baleia (Rhincodon
typus), o maior de todos os tubaroes, mede mais de 18
metros. É extremamente raro, e tem sido capturado ao largo
de Ceilão, do cabo da Boa Esperança, Antilhas, costa do Peru
e da Flórida.
O peixe-raposa ou zorra (Alopias vulpinus) tem muito má
reputação entre as flotilhas de pesca. Medindo à volta de
4,50 metros, tem uma enorme cauda, longa e flexível, que
abrange quase metade do seu comprimento total, servindo ao
animal para chicotear a água, enquanto ele descreve espirais
decrescentes à volta de cardumes de arenques, de sardinha ou
de acachovas, até que se possa lançar no meio da multidão de
peixes e fazer então um enorme saque, comendo à vontade.
O tubarão-azul ou guelha (Prionace glauca) tem também muito
má reputação entre os banhistas tropicais, onde é conhecido
por "comedor de homens". [Todavia, essa má reputação
corresponde melhor ao verdadeiro tubarão-come-homens,
Carcharodon carcharias, felizmente raríssimo nas águas
portuguesas.]
Uma espécie muito notável é o cação-heterodonte
(Heterodontus phillipi). Os dentes estão adaptados para
triturar as conchas dos moluscos de que o animal
principalmente se alimenta. Os da frente são pequenos e
aguçados, como nos outros caçoes, mas os do meio e os da
parte posterior das máxilas são baixos, arredondados e
oblongos. Os esqualos (Squalus e outros) possuem um aguilhão
à frente da primeira e da segunda barbatanas dorsais, tal
come no Heterodontus.., Estão providos de glândulas que
segregam um veneno virulento, capaz de provocar feridas
muito dolorosas.
Os caçoes pelágicos são vivíparos, mas as patas-roxas
(Scylliorhinus) e todos aqueles que vivem próximo da costa
são ovíparos, e os seus ovos, envolvidos em sacos córneos,
têm o aspecto de uma almofada com um longo filamento
espiralado (como uma gavinha) em cada canto, que se prende
às algas marinhas, ao passo que os do Herodontus têm duas
lâminas helicoidais enroladas em sentido inverso e alternado
de um pólo ao outro. Existem também espécies ovovivíparas.
Hipotremos. - As raias são estreitamente aparentadas com os
caçoes, mas descendem de um antepassado mais primitivo.
Estão todas adaptadas a viver nos fundos marítimos. O corpo
é achatado dorso-ventralmente e as barbatanas peitorais,
relativamente modestas nos caçoes, são nas raias
extraordinariamente aumentadas. Desenvolvem-se estas para a
frente até incluir a cabeça e para trás até à base da cauda,
formando assim grandes placas triangulares. E como as fendas
branquiais e a boca se encontram na face inferior do corpo,
a água não pode ser absorvida do corpo, a em virtude do
hábito que as raias têm de repousar no fundo. Não obstante,
esta operação é realizada através de um par de aberturas
branquiais, os espiráculos, situados na parte superior da
cabeça, imediatamente atrás dos olhos.
A maneira como as barbatanas extravagantes das raias se
desenvolveram a partir da estrutura observada nos
Pleurotremos é ilustrada pelo peixe-serra (Pristis) e o
peixe-viola ou violão (Rhinobatus). Nestes, o corpo não é
achatado e as barbatanas peitorais não são ainda
desenvolvidas de uma maneira irregular: distinguem-se sempre
do resto do corpo.
Os caçoes nadam por movimentos laterais do tronco e da
cauda, as raias por um movimento sinuoso das enormes
barbatanas peitorais, intervindo a cauda na locomoção apenas
como leme. A pele é nua, posto que apresente, aqui e acolá,
espinhos cónicos em forma de dente, alargados na base e
muito espaçados.
As raias capturam as suas presas deslizando rapidamente
sobre elas, cobrindo-as com o corpo, e depois enfiam-nas
pela boca dentro. Os dentes são semelhantes a muito pequenos
dentes de cação, mas, em certas espécies, formam como que um
empedrado chato, ou mosaico, que lhes permite triturar as
conchas fortes dos moluscos.
As uges (Dasyatis) têm um longo aguilhão venenoso na cauda
[todavia, nas jamantas, o aguilhão é rudimentar ou nulo].
Alguns destes "demónios-do-mar", a jamanta (Manta
birostris), por exemplo, têm uma envergadura que pode
atingir 8 metros e o peso de cerca de três toneladas.

Holocéfalos

O peixe-rato ou papagaio-do-mar (Chimaera monstruosa)


difere, por tantos caracteres anatómicos, dos tubaroes e das
raias que foi necessário criar uma subclasse particular para
ele e os seus próximos parentes. Pertence a um tipo de
peixes muito primitivo. As máxilas são armadas de placas
dentais resultantes da função dos dentes. [Esta espécie é
própria do Atlântico ocidental e do Mediterrâneo. Uma outra
espécie, Chimaera affinis, foi descrita por Capelo, segundo
exemplares pescados em Sesimbra, Setúbal e Algarve, e também
depois encontrada nas costas atlânticas da América do
Norte.] O próximo parente, o peixe-elefante (Callorhynvhus
antarcticus), possui um focinho longo, na extremidade do
qual pende um curioso apêndice carnudo que serve, segundo se
julga, de órgão do tacto.

Osteíctos

A grande maioria dos peixes actuais (cerca de 30 mil


espécies) pertence a esta classe dos Osteíctios, ou peixes
ósseos. Diferem dos Seláceos,, não só pela natureza óssea do
esqueleto, como também pelo facto de terem as brânquias
protegidas por um opérculo e a pele estar revestida por
escamas não placóides. As barbatanas são, tal como nos
tubaroes, uma médiodorsal, uma anal e uma caudal, bem como
as barbatanas pares, peitorais e pélvicas. Existe uma bexiga
cheia de ar [natatória ou gasosa], que, originariamente,
serviria para a respiração, mas que é utilizada normalmente
como órgão hidrostático: esta bexiga segrega ou absorve gás
para contrabalançar as diferenças de pressão.
A classe Osteíctios, ou peixes ósseos, pode subdividir-se em
duas subclasses: os Paleopterígios (com barbatanas de tipo
primitivo) e os Neopterígios (com barbatanas de tipo
secundário). Nas classificaçoes mas recentes, os primeiros
correspondem aos Condrósteos, e os segundos aos Holósteos e
os Teleósteos.

A) Paleopterígios

Condrósteos

Os representantes da subclasse dos Paleopterígios são os


sobreviventes de tipos muitíssimo antigos, aparentados com
os Seláceos, e dos quais a maior parte se extinguiu há
milhoes de anos. São sobreviventes o políptero (Polypterus
bichir), do Nilo e de outros rios, e o peixe-caniço
(Calamoichthys calabaricus) do Velho Calabar (Nigéria),
ambos da africa tropical. O seu corpo, apresenta-se coberto
por uma espessa armadura de grossas placas quadrangulares,
ósseas e esmaltadas, as escamas ganóides, distintas das
escamas imbricadas, características dos outros peixes
ósseos. Todos os peixes de períodos geológicos antigos eram
assim revestidos, sendo o esmalte das escamas algumas vezes
delicadamente esculpido. Por outro lado, cada barbatana
peitoral é constituída por um lobo basal com uma franja de
raios. A barbatana caudal tem forma similar e a barbatana
dorsal apresenta uma série de raios alongados. Existe uma
bexiga natatória ou gasosa, e os jovens possuem grandes
brânquias externas, que lembram as das larvas ou girinos dos
Batráquios. Os Polipterídeos alimentam-se de peixes pequenos
que engolem inteiros.
Os esturjoes ou solhos (Acipenser) não se assemelham nada
aos polípteros, postos que com eles sejam aparentados. Em
todo caso, são, com certeza, descendentes de um grupo
primitivo muito antigo que, ao longo da sua evolução, se
especializou sob certos aspectos e degenerou sob outros. As
escamas ganóides dos polípteros são substituídas, no caso
dos esturjoes, por cinco fiadas de escudetes ósseos
pontiagudos; o focinho, alongado, tem a forma de pá com
quatro barbilhoes na superfície inferior. A boca, recuada
sob a cabeça, tem os lábios susceptíveis de se estenderem em
forma de funil, servindo para sorver os animálculos
desenterrados pelo focinho e detectados elos barbilhoes. Nos
esturjoes jovens, as máxilas são guarnecidas de dentes. Os
adultos podem atingir o comprimento de 3,50 metros. São
marinhos, mas penetram nos grandes rios para aí deixarem os
seus ovos, bem conhecidos, por muitos apreciadores, sob nome
de Caviar.
[Actualmente, os Polipterídeos e os Acipenserídeos estão
separados: os primeiros, classe Braquiopteríggeos,
superordem Teleósteos; os segundos, formando a ordem
Acipenseriformes, superordem Condrósteos, subclasse
Actinopterígeos. A esta última ordem pertence também a
família dos Poliodontídeos, representada pelo género Polydon
(P. spathula), na América do Norte, e Psephurus (P.
gladius), na China, e caracterizados pelo rostro muito
comprido, esportulado, donde lhes vem o nome vulgar de
peixes-espátulas.]

B) Neopterígos

Esta subclasse contém a grande maioria dos peixes ósseos e,


especialmente, todas as espécies comestíveis. Mas os
primeiros a examinar possuem ainda certos vestígios de
semelhança com os Polipterídeos, e constituem, como estes,
os últimos representantes dum grupo arcaico. Tais são os
Holósteos, ou sejam os Amiídeos (Pterospôndilos) e os
Lepisosteídeos (Ginglimodos).

Holósteos

Pterospôndilos. - A Amia calva, dos Grandes Lagos americanos


e do vale do Mississipi, é conhecido nessa região por
mudfish (peixe-da-lama) ou freshwater dogfish (cação-de-
água-doce). É o único representante actual deste grupo de
peixes ganóides. Mede frequentemente cerca de um metro, tem
a barbatana caudal arredondada e a dorsal estende-se quase
em toda a extensão do dorso. As escamas assemelham-se às dos
Teleósteos. Como os Lepisósteos, a Amia possui focinho
curto, possantes máxilas e fortes dentes com que ataca
outros peixes. Tal como neles, a bexiga natatória pode
funcionar como pulmão; por isso, o peixe sobe, de quando em
quando, à superfície para engolir ar, o que, lhe permite
viver em águas lamacentas e sujas. O macho, que se reconhece
por apresentar uma mancha negra aureolada de cor laranja na
base da barbatana caudal, participa em grande parte dos
cuidados dispensados à prole. Ele limpa uma zona circular
entre os caniços, para aí fazer o ninho, e vigia os ovos e
os filhos até que estes sejam capazes de se bastar a si
próprios.
Ginglimodos. - Os Lepisósteos ou peixes-agulhas-de-água-doce
(Lepisosteus), dos estados do Leste e do Centro dos Estados
Unidos, têm escamas de aspecto semelhante às do Políptero,
mas de estrutura diferente. As máxilas são compridas, fortes
e ornadas de dentes robustos; as barbatanas tanto a dorsal
como a anal, estão colocadas na região posterior do corpo. A
coluna vertebral é de estrutura única entre os peixes: as
vértebras articulam-se umas com as outras, como nos Répteis,
por meio de superfícies alternadamente côncavas e convexas
(vértebras opistocélicas), donde provém o nome
"ginglimodes". Os Lepisósteos alimentam-se de outros peixes,
dos quais se aproxima furtivamente; prende-os entre as suas
máxilas de crocodilo e engole-os de um trago. É muito voraz
e considerado pelos pescadores como nocivo, por um lado,
porque ataca um certo número de peixes comestíveis e, por
outro lado, devido aos estragos que causa nas redes. O
lepisósteo-aligator (Lepisosteus tristoechus), do Sul dos
Estados Unidos, do México e de Cuba, pode atingir o
comprimento de 6 metros, mas a espécie vulgar (Lepisosteus)
não ultrapassa 1,50 metros.
[Os Amiídeos e os Lepisteídeos constituem, actualmente, a
ordem dos Amiiformes, da superordem Holósteos e subclasse
Actinopterígios.]

Teleósteos

a) Isospôndilos ou Clupeiformes.
- Esta ordem e as seguintes, da subclasse dos Neopterígios,
constituem o grupo dos Teleóseos, que se caracterizam
principalmente pelas escamas estreitamente imbricadas. São
os mais numerosos e os mais comuns de todos os peixes.
Os Clupeídeos - sáveis, sardinhas, enchovas e savelhas. -
contrastam extraordinariamente com o número reduzido dos
Amiais e dos Lepisósteos, assim como a sua restrita zona de
distribuição. Conhecem-se, nos mares temperados e tropicais,
duzentos espécies, cujos cardumes nunca se afastam muito da
costa. Na alimentação, os Clupeídeos são da mais alta
importância. Cerca de dez bilioes destes peixes são
capturados anualmente para fins alimentares, número este que
representa um pouco menos de um por cento dos seus efectivos
totais. As diferentes espécies têm dimensoes que vão desde
apenas alguns centímetros até mais de dois metros, no
tarpão.
Os arenques (Clupea harengus) alimentam-se de plâncton e
calcula-se que eles engolem, ao fim de uma só refeição, mais
de 50 mil plantas e animálculos microscópicos. Por outro
lado, os arenques constituem o prato favorito de outros
peixes, nomeadamente o bacalhau e a cavala, assim como de
aves marinhas, de golfinhos e de certas baleias.
O salmão comum (Salmo salar) vive junto das costas do
Atlântico e sobe os rios da Europa e da América do Norte
para ir aí fazer a postura; nada contra a corrente e vence
mesmo, quando as encontra, cascatas e quedas de água. A
emigração dá-se na Primavera e no Verão, mas os ovos não são
postos antes do Outono.
Os jovens ficam na água doce durante um ou dois anos antes
de descerem até ao mar. Os salmoes variam consideravelmente
de cor e de aspecto segundo a idade, a estação e a
localização; daí a razão de serem conhecidos por nomes muito
diversos. Os recém-nascidos são chamados alevins; depois de
desaparecer o saco vitelino até ao momento de deixarem o
rio, denominam-se em inglês parrs, em francês tacon e em
espanhol pintos; nesta altura do seu desenvolvimento, são de
cor desmaiada e têm traços escuros característicos. Quando
descem para o mar, são conhecidos por smolts e apresentam
brilho metálico. Depois alimentam-se de arenques, de cavas e
de outros peixes semelhantes, crescem rapidamente e tomam o
nome de grilses. Após a desova, denominam-se kelts.
Emagrecidos, exaustos e cabeçudos, regressam novamente ao
mar.
A truta é-nos tão familiar como o salmão. Na Europa,
designa-se por este nome a truta do rio (Salmo trutta), que
é anádroma, isto é, que sobe os rios para neles fazer a
postura. No leste da América do Norte, é a truta-dos-
ribeiros (Salvelinus fontinalis) a mais vulgar, ao passo que
no oeste existem numerosas formas, entre as quais devemos
citar a truta-arcoíris (S. irideus) e outras. O nome "truta"
utiliza-se para designar toda uma gama de espécies, alguns
dos quais nem mesmo pertence à família dos Salmonídeos! [É o
caso da truta-brasileira (Crenicichla lacustris), também
conhecida por "joaninha", e que pertence a família dos
Ciclídeos.]
O salmão do Pacífico Norte pertence ao género Oncorhynchus,
de que existe seis espécies, das quais as mais importantes,
do ponto de vista alimentar, são o salmão da Califórnia ou
Quintana (O. tschawytscha) e o salmão-vermelho (O. nerka).
Sendo também marinhos a anádromos, distinguem-se do salmão
comum do Atlântico pelo facto de morrerem depois de terem
subido os rios e feito a postura. Alguns destes peixes, nas
suas migraçoes, nadam milhares de quilómetros para o
interior.
Os Osteoglossídeos da Austrália, da Africa e da América são
notáveis pelas grandes dimensoes das suas escamas. A
arapaíma-gigante ou pirarucu (Arapaima gigas), do Brasil e
da Guiana, pode atingir os 2,5 metros e é, sem dúvida, um
dos maiores peixes de água doce que se conhecem.
Os Mormirídeos apresentam muito pequenas diferenças de forma
entre si, sem dúvida, devido à especialização por que
passaram, em virtude do seu modo de nutrição muito peculiar.
Alguns têm o focinho para baixo em bico, de modo a formar
uma espécie de tromba, tubo comprido de que se servem para
capturar os pequenos animais escondidos debaixo das pedras.
Certos Mormirídeos, como o suio (Gymnarchus niloticus),
possuem um órgão eléctrico, de cada lado da cauda, capaz de
dar um pequeno choque. Algumas das espécies do Nilo eram
adoradas no antigo Egipto, e estão representadas nos seus
monumentos.

b) Haplomas.
- O lúcio (Esox licius é um pirata solitário. Dissimilado
entre os troncos dos caniços, espreita a presa e apodera-se
dela com a sua boca temível, armada de dentes aceradas e com
a mandíbula proeminente. As suas vítimas são: ras, peixes,
até mesmo os seus próprios congéneres, assim como também
aves aquáticas; chega, por vezes, a atacar o próprio homem.
Encontra-se em todas as regioes da Europa situadas ao Norte
da Itália e da América do Norte; pode atingir 1,20 metros e
chega a pesar 40 Quilos. Estas dimensoes são, no entanto,
ultrapassadas largamente pela espécie Esox masquinongy, da
região dos Grandes Lagos da América do Norte, que pode
atingir 2,50 metros e o peso de 50 quilos.
A sombra-da-vasa (Umbra limi) do vale do Mississipi, peixe
pequeno aparentado com as trutas, vive na vasa do fundo das
ribeiras e dos lagos de água fria. [A sua bexiga natatória
funciona como órgão auxiliar da respiração, recebendo ar
atmosférico.] Uma espécie semelhante, o peixe-cão (Umbrea
crmeri), vive na Austria e na Hungria. Um outro peixe deste
grupo, o peixe-preto, blackfish (Dallia pectoralis),
frequente nos rios e lagos da Sibéria e do Alasca, é notável
pela sua extraordinária vitalidade, visto que pode
sobreviver, depois de ter estado congelado durante várias
semanas seguidas. [Os Esocídeos, Umbríferos e Daliídeos
estão actualmente integrados na ordem dos Clupeiformes.]

c) Iniomas.
- Nesta ordem está agrupado um certo número de formas muito
diferentes de peixes, principalmente oceânicos, tais como os
peixes-largatos (Alepisaurus) dos mares tropicais, o pato-
do-bombaím (Harpodom), que, seco e salgado, é vendido sob
aquele nome, e os peixes-lanterna (Myctophum). Estes últimos
são peixes oceânicos, com reflexos prateados, munidos de
grandes olhos e de órgãos liumnescentes distribuídos de
diversas maneiras sobre a cabeça e o corpo.
Fora pequenos pormenores de anatomia interna que estas
formas têm de comum, o que principalmente os une são os seus
hábitos de grande voracidade.
[Os Alepisauróides e os Mictoforóides incluem-se na ordem
dos Clupeiformes.]

d) Liómeros.
- Os Liíomeros compreendem alguns dos peixes mais
extraordinários, e os mais bizarros que existem, entre
aqueles que se adaptaram à vida abissal, para lá da zona de
penetração da luz. Estes seres anguiliformes não têm senão
vestígios de olhos e, como o alimento lá em baixo é difícil
de apanhar, desenvolveu-se-lhes uma boca enorme, monstruosa,
e um estômago tão elástico que permite engolir peixes muito
maiores do que eles, ficando a vítima dobrada em dois dentro
do corpo do seu verdugo. Mas, em virtude de se alimentarem
às cegas, esta gula redonda, por vezes, em consequências
nefastas. [Correspondem à ordem dos Sacofaringiforme.]

e) Ostariofisários.
- Esta ordem contém a maioria dos peixes de água doce do
Mundo inteiro, tais como as carpas, piranhas, gimnotos e
ruivacas. Descendendo aparentemente de uma espécie de
arenque primitivo, passando, durante a sua evolução, por
mudanças estruturais surpreendentes, que lhes permitiram
adaptar-se às condiçoes mais variadas de vida.
O nome da ordem sublinha o carácter estrutural comum a todos
os seus representantes, ou seja, à cadeia de ossículos que
liga a bexiga natatória ao ouvido interno, e em que podem
ser detectadas não só as variaçoes de pressão da água, mas
também os sons ou os movimentos que se propagam na água.
Esta ordem foi subdividida em duas subordens: os
Ciprinóides, cuja cabeça é nua e tem o corpo coberto de
escamas imbricadas; e os Siluróides ou peixes-gatos, cujo
corpo é nu, coberto de escudaste ou de placas ósseas.
De entre os Ciprinóides destacam-se os Caracinóideos, que se
encontram em africa e na América do Sul; são representados,
principalmente, por duas espécies, notáveis pela sua
ferocidade. Uma delas é o peixe-tigre, Hydrocyon goliath, ao
qual os árabes da região do Nilo dão o nome de "cão-de-
água". Assemelha-se a um lúcio, mede cerca de 1,50 metros de
comprimento e tem as máxilas armadas com dentes pontiagudos.
Mas as célebres piranhas (Pygocentrus piraya e outras
espécies), da América do Sul, são mais terríveis ainda. São
peixes pequenos, mas robustos e enérgicos, com o ventre
carinado e denticulado, máxilas armadas de dentes
triangulares, afiados como navalhas. Qualquer animal que
tenha a infelicidade de cair em águas infestadas de piranhas
fica, apenas o esqueleto; o gosto ou, se se prefere, o
cheiro de sangue atrai às centenas estes lobos do rio.
A enguia-eléctrica ou gimnoto está estreitamente aparentada
com os Caracinídeos. O seu nome provém da existência, junto
da cauda, de órgãos eléctricos, sua descarga é
suficientemente possante para paralisar o homem mais forte.
Os Ciprinídeos, propriamente ditos, de que se conhecem mais
de 1500 espécies, são representados pela carpa, pelo
peixinho-vermelho dos lagos, a brema, a parelha, o barbo, o
caboz-de-água-doce, a tença, etc. Em todos eles não existem
dentes na boca, mas, na faringe, há placas ósseas com
pequenos dentes trituradores.
Os Siluróides ou peixes-gatos devem este nome aos numerosos
barbilhoes que lhes rodeiam a boca e lembram os bigodes do
gato. Nalgumas espécies, estes barbilhoes atingem um
comprimento considerável. Como vivem em geral na água
lodosa, os olhos degeneraram. Na maioria das espécies -
cerca de 1600 no seu total -, a parte anterior do dorso e as
barbatanas peitorais são protegidas por um forte espinho
constituindo vulgarmente uma arma temível, que pode infligir
feridas dolorosas retalhando a carne. O glânioi da Europa
(Siluruus glanis), que vive nos cursos de água a leste do
Reno, particularmente abundante no Danúbio, é um dos maiores
peixes de água doce: pode atingir de 3 metros e o peso de
cerca de 200 quilos. Uma das espécies africanas, o
sinodontes, tem o singular costume de nadar de costas
[Synodonbtis batensoda]. Por essa razão, a coloração
habitual do corpo é invertida: o ventre é mais escuro e o
dorso esbranquiçado.
[Os Ostariofisários correspondem à ordem dos Cipriniformes.]
f) Apodes.
- As enguias, da ordem dos Apodes, têm o corpo
serpentiforme, pois as barbatanas estão quase reduzidas ao
estado de vestígios. Vivem geralmente enterradas no lodo dos
cursos de água lentas ou, nas espécies marinhas, dentro dos
buracos das rochas ou ainda entre os corais. Em relação com
este modo de vida, nota-se a ausência de escamas ou, pelo
menos, uma ausência aparente de escamas, pois podem-se
encontrar vestígios destas inclusos na pele viscosa.
Quando o animal nada, o corpo é propulsionado por movimentos
sinuosos que o percorrem da cabeça à cauda. Encontra-se
enguias em todas as regioes tropicais e temperadas do Mundo.
As enguias, ou eirós, têm uma vida muito interessante. o seu
modo de reprodução foi desconhecido até uma época bastante
recente.
As enguias, quando atingem a maturidade, deixam a sua
ribeira e se dirigem para o mar. As da Europa (Anguilla
anguilla) vão desovar no Atlântico oeste das Bermudas, no
chamado mar dos Sargaços, até à profundidade de 1000 metros,
após o que morrem. Os ovos vêm à superfície, flutuam e,
desenvolvendo-se, dão origem às larvas leptocéfalas. Estas,
arrastadas pela corrente do Golfo, alimentam-se pelo caminho
e acabam por chegar às ribeiras que os pais abandonaram,
onde entram em cardumes sob a forma de pequenas enguias, com
o comprimento de 6 a 7 centímetros, que então se denominam
em francês por "civelle". [Angula lhe chamam os espanhóis,
nome perfeitamente integrável na língua portuguesa.]
Deslocam-se penosamente através dos rios, dos lagos e dos
pântanos, chegando mesmo a viajar de noite sobre a erva
húmida. A enguia de água doce americana (Anguilla rostrata)
abandona igualmente as ribeiras para se deslocar às águas
profundas do mar dos Sargaços, ao largo das Bermudas.
O congro (Conger conger) é o maior dos Apodes marinhos: as
fêmeas atingem por vezes 2,50 metros, ao passo que os machos
não ultrapassam nunca 60 centímetros. Uma tal desigualdade
de dimensoes observa-se também na enguia comum. As moreias
ou enguias-pintadas, que apresentam a pele enfeitada com
cores vivas, harmonizam-se perfeitamente com os seres que
vivem entre os recifes coraliários das águas tropicais e
subtropicais. Nenhum representante da família das enguias
atinge certamente a celebridade da Muraena helena do
Mediterrâneo e da costa portuguesa, que os antigos romanos
criavam, em grandes quantidades, dentro e recintos
especiais, e com as quais despendiam grandes somas de
dinheiro para que nada lhes faltasse. De tempos a tempos,
regalavam-nas com um festim, lançando na água o corpo de um
escravo.
[Enguias, congros e moreias constituem actualmente a ordem
dos Anguiliformes.]

g) Sinentognatas.
- Os peixes-agulhas (Belone belone) apresentam uma certa
semelhança com os Lepisósteos (ordem dos Ginglimodos),
embora não tenham com eles nenhum parentesco, nem mesmo
afastado, visto que estes últimos possuem uma robusta
armadura de placas ósseas esmaltadas, enquanto os primeiros
possuem escamas finas. Mas têm de comum a presença de um
bico alongado, armado de delicados dentes. Muito vorazes,
capturam as suas presas agitando a superfície das águas; e
as espécies de maiores dimensoes, que chegam a atingir o
comprimento de 1,50 m a 1,80 metros, podem ser perigosas
para o próprio homem. Têm uma estranha particularidade: as
suas espinhas são verdes.
Os meias-agulhas (Hemiramphus braseliensis), que se semelham
muito aos Belone e com eles são aparentados, diferem na
alimentação, pois são vegetarianos. Neles somente a máxila
inferior é alongada, donde o nome vulgar por que são
conhecidos. [No Brasil, chama-lhe agulha-branca-crioula.]
Nos peixes-voadores do género Exocoetus, as barbatanas
peitorais são extraordinariamente grandes, de modo a
formarem asas, e as barbatanas pélvicas são igualmente muito
desenvolvidas. Estas asas não servem verdadeiramente para
voar, mas somente para planar: a distância percorrida excede
raramente 150 metros. Quando o vento é forte, esses peixes
são, por vezes, precipitados sobre as cobertas dos navios. É
bom que se saiba que os voos têm por fim escapar a ataques
de inimigos que os atacam por baixo, e não para perseguir
presas, visto que o alimento é constituído por peixinhos e
pequenos crustáceos de superfície.

O voo nos peixes

Os peixes voadores (Exocoetus e outros) não voam, planam


apenas. Compreender-se-á melhor este facto se compararmos a
estrutura destes peixes com a das espécies mais próximas.
Por exemplo, os peixes-agulhas (Belone), os meias-agulhas
(Hemiramphus) e os aguilhoes (Scombresox e Strongylura) são
compridos e delgados, e o lobo inferior da barbatana caudal
e, nestes peixes, maior que o lobo superior. Deslocam-se
muito facilmente à superfície do mar, como a maior parte do
corpo para fora da água e somente a extremidade da cauda
posterior imersa podem mover-se muito rapidamente.; mas,
porque as barbatanas peitorais são muito grandes, conseguem,
depois de ter deslizado sobre a superfície, dar pequenos
pulos de 30 a 60 centímetros. Com vento favorável, têm sido
vistos a planar numa extensão de 400 metros, elevando-se à
altura de uns 8 metros. A velocidade, no momento de
descolarem, foi estimada em 58 quilómetros por hora.
Outros peixes, sem parentesco com os peixes-voadores, são
igualmente capazes de planar, dentro de certos limites. O
dactilóptero (Dactylopterus volitans), um dos ruivos que se
encontram no Atlântico, no Mediterrâneo e no oceano Indico,
é um destes; mas é menos hábil que os exocetos ou peixes-
voadores. A sua cabeça está encerrada numa pesada armadura,
que tende a fazê-lo mergulhar de cabeça para baixo; para
neutralizar isto, o monoplano formando pelas barbatanas
peitorais está situado muito à frente. De facto, o
desenvolvimento das barbatanas utilizadas para planar é mais
possante no dactilópteros do que nos exocetas, mas outras
características da sua estrutura opoem-se a uma melhor
utilização daquelas.
Outros peixes capazes de planar são o Pantodon e o peixe-
machado. O Pantodon dos rios africanos tem a capacidade de
dar pequenos saltos desordenados, apesar de as suas
barbatanas peitorais não servem muito desenvolvidas, pois
verdadeiramente, só "voa" na água! O peixe-voador de água
doce sul-americano, ou peixe-machado (Thoracocharax), um
Caracinídeo, encontra-se na maior parte das grandes bacias
fluviais. É uma espécie muito apreciada pelos amadores de
aquário. Com o comprimento de cerca de 8 centímetros,
comprimento lateralmente, o seu corpo é alto e carenado,
lembrando o ferro de um machado. As barbatanas peitorais são
pequenas, mas, apesar disso, o peixe é capaz de planar numa
distância curta.
Pelo contrário, o Pégaso (Pegasus), que se encontra no
Pacífico Tropical Ocidental, possui amplas barbatanas
peitorais, mas, coisa curiosa, é incapaz de planar, apesar
de o seu aspecto nos dar a impressão de excelentes
capacidades.
Tudo tende a provar que a vida apareceu nos mares e que os
precursores dos animais que vivem em terra firme eram
animais aquáticos e marinhos. É lícito aproximar desta idéia
a noção segundo o qual todo o movimento representa,
fundamentalmente, como que uma espécie de natação,
transposta de um meio para outro completamente diferente. E
não é esta a oportunidade de nos embranharmos numa discussão
um pouco conjectural e ousada, quanto à exactidão ou ao
carácter errónico de uma tal noção. Mas é interessante
notar, de passagem, que os pinguins - aves que, em grande
parte, regressam ao mar e que, sem sombras de dúvidas, nunca
deslocam - avançam na água por meio de movimentos de voo,
pois a acção das suas asas não é notavelmente diferente da
utilizada pelas outras aves, quando se deslocam nos ares em
pleno voo. Se admitirmos, provisoriamente, que qualquer modo
de locomoção - em terra, na água e no ar - é efectuado por
meio de movimentos que representam uma forma modificada de
natação, parece interessante verificar quais os resultados
obtidos por peixes que queiram deslocar-se sobre o solo.
Falamos já do dactilóptero, que podem nadar e, dentro de
certos limites, planar. Tanto neste como nas Trigla, as
partes inferiores das barbatanas peitorais estão divididas
em três ou quatro prolongamentos digitiformes, por meio dos
quais o animal pode rastejar (ou, mais exactamente, marchar)
sobre o fundo do mar; mas não abandonam nunca a água. Além
do dactilóptero, muitos outros peixes são capazes de manchar
ou de rastejar sobre o fundo do mar, servindo-se das
barbatanas como patas. Tais são os peixes-sapos
(Batrachoides), os tamboris (Lophius) e os morcegos-do-mar
(Dibranchus). Mas determinados peixes abandonam,
efectivamente, a água para "passearem" em terra. Citamos,
por exemplo, as percas-trepadoras (Anabas), do Sueste da
Asia e da Africa Tropical e Meridional, e os sultoes
(Periophthalmus).

h) Ciprinodontes.
- Estes peixes são, em geral, de dimensoes pequenas, alguns
medem menos de 2 centímetros, outros atingem os 30
centímetros. Estão confinados às águas salobras e doces da
América tropical, da Europa meridional, da asia e da africa.
Alguns são vegetarianos, outros alimentam-se vorazmente de
larvas de insectos, especialmente de mosquitos, pelo que se
tornam extremamente úteis ao Homem, evitando a propagação da
malária, cujos agentes são transmitidos pelos mosquitos. A
introdução de peixes vivíparos, tais como o pequeno papa-
mosquito (Lebste recticulatus) dos Barbados e a gambúsia
(Gambusia affinis) das Filipinas, nas zonas de paludismo tem
operado maravilhas, dominando este flagelo. Entre os
Ciprinodontes maiores, devem citar-se os peixes-de-quatro-
olhos da América do Sul, Anableps tetrophthalmus [conhecido
no Brasil por tralhotos]. Na verdade, os dois olhos estão
divididos em duas partes: a porção inferior para a visão
subaquática, e a porção superior para a visão fora de água,
de modo que o peixe assim, pode ver seu alimento, quer este
se encontre à superfície, quer debaixo de água. Contrastando
com este, citemos o peixe-cego (Amblyopsis spelaeus), que se
encontra nas grutas e nos cursos de água subterrâneos dos
Estados Unidos da América. Como vive numa total obscuridade,
os seus olhos estão reduzidos a simples vestígios, enquanto
o corpo se apresenta completamente descorado pela ausência
de luz. A cabeça e o corpo têm cristas com papilas
extremamente sensíveis à vibraçoes, de modo que os
movimentos dos pequeninos seres de que o peixe se alimenta
podem ser detectados, o que lhes permite apanhá-los. [Os
Ciprinodontes constituem a ordem dos Ciprinodontiformes.]

i) Salmopercas.
- As salmopercas da América do Norte são peixes que não têm
mais de 15 centímetros de comprimento; alimentam-se de
insectos e de vermes, e compreendem, designadamente, entre
outros, o Sand-roller (Percopsis guttatus) dos Grandes
Lagos, e a Salmoperca do Orgon (Colimbia transmontana).
[Pertencem à ordem dos Percopsiformes.]

j) Anacantíneos.
- Os representantes da ordem dos Anacantíneos, como os
bacalhaus, as pescadas e espécies afins, constituem uma
grande parte das fontes alimentares do Mundo. Caracterizam-
se, em princípio, por apresentarem três barbatanas dorsais,
qualquer delas sem espinhos. A bexiga natatória não comunica
com a faringe, e as barbatanas pélvicas estão deslocadas
para a frente mesmo muito próximo das guelras, de modo que
se encontram bastante adiante das peitorais. Muitos possuem
um barbilho fino na parte inferior do focinho.
Quase todas as espécies são marinhas e habitam sobretudo os
mares temperados e árcticos do hemisfério boreal. Alguns, de
entre eles, adaptaram-se à vida abissal; uma única espécie
vive em águas doces euro-asiáticas, a barbota (Lota lota). É
mais alongada e mais cilíndrica do que o bacalhau, não tem
senão duas barbatanas dorsais, pois a terceira está fundida
com a que corresponde à barbatana caudal. Nos rios de
Inglaterra, de Durham a Norfolk, a barbota excede raramente
de 60 centímetros e não pesa mais de 1,5 quilos. Um espécime
de Trent, capturado há alguns anos, pesava, no entanto, 4
quilos. Este peso é duplicado no continente e atinge mesmo
os 15 quilos. no Reno e, nas regioes árcticas, a barbota
apresenta-se enorme: nas águas do Alasca, encontra-se
exemplares com o peso de 30 quilos. Uma espécie afim, a
barbota americana (L. maculosa), encontra-se na Nova
Inglaterra, nos Grandes Lagos e na parte setentrional da
América do Norte.
O bacalhau (Gadus callarias), o anon (G. luccius) e a
pescada branca (Merluccius merluccius) e a pescada negra (M.
senegalensis) são peixes de grande valor, do ponto de vista
alimentar; o bacalhau é mesmo o peixe comestível mais
importante do Mundo, abaixo do arenque. Além da carne, o
bacalhau fornece-nos o óleo de fígado de bacalhau, que
contém vitamina D, anti-raquítica. Extraordinariamente
prolífica, a fêmea do bacalhau pode pôr até nove milhoes de
ovos. Os peixes adultos atingem por vezes 1,20 metros de
comprimento e o peso de 50 quilos. Os ovos e os jovens
flutuam à superfície do mar, à mercê dos ventos, das vagas e
_ das hordas de peixes esfaimados. Assim, a mortalidade
infantil é extremamente elevada, e não mais de quatro ou
cinco, dos nove milhoes de descendentes chegam à maturidade.
[Os pescadores portugueses pescam bacalhau nos bancos da
Terra Nova desde os fins do século XV.]
Outros peixes, crustáceos, moluscos e vermes constituem o
alimento vulgar do bacalhau..
Um dos mais interessantes peixes do alto mar, pertencentes a
esta ordem, é o macruro ou peixes-rato (Malacocephalus
laevis), comum no Atlântico Norte e no Pacífico, a
umaprofundidade de 200 a 4700 metros. Tem o corpo comprido e
afilado, terminando em ponta, mas sem barbatana caudal. os
olhos são muito grandes e a cabeça estranhamente modelada:
termina por um longo focinho, pontiagudo, que se sobrepoe à
boca, de lábio inferior saliente. As escamas são duras e
espinhosas. [A ordem é actualmente designada por Gdiformes;
abrange além dos peixes mencionados, das famílias dos
Gadídeos e Macrurídeos, as dos Muraenolepídeos e dos
Morídeos.]

k) Alotriognatas.
- O peixe-cravo (Lampris luna) não se deve confundir com o
peixe-lua; pesa entre 250 e 300 quilos e tem cerca de 2
metros de comprimento e quase outro tanto de altura. O
ventre tem contorno semicircular. A pele é desprovida de
escamas, e a boca, pequena, sem dentes. O dorso é azul-aço,
com reflexos dourados e violeta ao lado, vermelho-rosado no
ventre, e este efeito é ainda ampliado pela presença de
manchas circulares prateadas, assim como pelo vermelhão das
máxilas e das barbatanas. As peitorais são longas e
estreitas, dispostas quase verticalmente. As pélvicas são
também muito compridas e largas. É um peixe de superfície,
que nada lentamente e se alimenta, principalmente, de peixes
jovens, de chocos e de crustáceos. A sua carne é vermelha
como a do salmão, tenra, oleosa, de sabor excelente e
delicado. Frequenta as águas mais quentes do Atlântico e do
Pacífico, mas, arrastado por correntes fortes, por vezes dá
à costa em praias longínquas da Gra-Bretanha, da Noruega, da
Terra Nova e do Japão.
O regaleco (Regalecus) e o prateado (Trachypterus), que lhe
são aparentados, têm o corpo comprido, serpentiforme. A sua
fragilidade é extrema. Excessivamente raros, não são, em
geral, conhecidos senão através de espécimes encontrados
mortos ou agonizantes à superfície do mar ou nas praias. É
evidente que vivem normalmente a grandes profundidades, pois
o corpo não tem escamas e o esqueleto é de uma maliabilidade
notável.
O traquíptero (Trachypterus), peixe listrado dos abismos,
com o comprimento de 1 a 1,20, é quase tão delgado como uma
lâmina de barbear e de cor prateada. Como no regaleco, a
primeira barbatana dorsal eleva-se no cimo da cabeça, e
atrás dela encontra uma longa barbatana curva que se
prolonga até à base da cauda. A barbatana cardal não se
parece com a de nenhum outro peixe, visto que se eleva quase
perpendicular ao eixo do corpo; as barbatanas pélvicas estão
reduzidas a leves vestígios. Mas, durante o desenvolvimento
larvar, o traquíptero apresenta um aspecto ainda mais
notável. Nos estados mais jovens, a primeira barbatana
dorsal é formada por uma série de raios filamentosos de
comprimento desmedido, muito maiores do que o corpo; e o
mesmo sucede com as barbatanas pélvicas: a cauda é lombada e
tem, na base, uma longa e delgada bandeirola. No segundo
estado, a barbatana dorsal já adquiriu quase a forma que
possui no adulto: as pélvicas são compridas, bastante largas
e triangulares, ao passo que a caudal, voltada para cima, é
relativamente muito maior e mais bem desenvolvida do que no
adulto.
O regaleco (Regalecus glesnei) tem o corpo semelhante ao do
traquíptero, mas mede mais de 6 metros de comprimento! A
primeira barbatana dorsal deste peixe é constituído por um
grande número de varetas longas e frágeis, viradas para
trás, e terminando todas por um pequeno galhardete vermelho;
mas a segunda dorsal é menos desenvolvida do que nos
traquípteros. As barbatanas pélvicas tomam a forma de um par
de compridos filamentos flexíveis, dilatados na extremidade
como remos, e a cardal é reduzida a três compridos raios. Um
regaleco que foi visto a nadar à superfície do mar, com os
seus movimentos ondulatórios, chegou a ser descrito como
tendo cabeça de cavalo, ornamentado com crina de um vermelho
rutilante! [Os peixes mencionados, com outros fins,
constituem a ordem dos Lampridiformes.]

l) Soleníctios.
- Estes peixes têm o focinho alongado e tubular, terminado
por boca pequena, em geral privada de dentes, pela qual o
alimento é aspirado juntamente com a água enviada às
brânquias para fins respiratórios. Encontram-se próximo às
margens, em todas as águas tropicais e temperadas; alguns
penetram nos rios. O corpo está encerrado numa armadura
óssea.
No boca-de-flauta (Fistularia tabaccaria), também chamado
limpa-cachimbos, e no trombeteiro (Macrorhamphosus scolopax)
ou galinhola-do-mar, a boca fica situada na extremidade
de um tubo longo. O corpo tem uma parte encerrada em escamas
grosseiras e outra parte em placas ósseas, formada pela
fusão destas escamas. A primeira barbatana dorsal tem o
aspecto de um grande espinho dentado e está colocada muito
atrás; a segunda, constituída por raios ósseos triangulares,
está logo a seguir. As barbatanas pélvicas reduzem-se a
leves vestígios. Este grupo estende-se pelo Atlântico,
Mediterrâneo e Indo-Pacífico. Os Anfisilas (Amphisile)
sofreram uma transformação ainda mais radical. O dorso é
estreito, mas o ventre ainda o é mais, quase tão delgado
como uma lâmina de faca. Uma fina armadura de placas ósseas
cobre todo o corpo. A posição das barbatanas é diferente da
que se encontra em qualquer outro peixe. Assim, a primeira
barbatana dorsal tem a forma de um espinho comprido e
robusto, constituindo a ponta extrema do corpo, e a segunda
encontra-se imediatamente pela parte de baixo deste espinho
e dirigida para trás, ao passo que a cardal se situa adiante
da segunda dorsal e é dirigida igualmente para baixo.
Na sua maneira de nadar, este peixe move-se, em regra, com o
corpo inclinado verticalmente e o focinho apontado para
cima. As vezes, inverte esta posição e nada de cabeça para
baixo. Menos frequente, também nada como os outros peixes,
com o corpo em posição horizontal
As marinhas ou agulhinhas (exemplo: Syngnathus avus) têm o
corpo longo e cilíndrico, com uma só barbatana dorsal,
situada para lá do meio do dorso, e a barbatana caudal muito
reduzida. Por vibraçoes extremamente rápidas da barbatana
dorsal, o corpo é propulsionado na água, em posição
semavertical. Quando repousam entre os sargaços, com o corpo
levantado e a cauda presa à base das algas, as marinhas
confundem-se com essas plantas marítimas. Alimentam-se
principalmente de copépodes. Qualquer pequeno objecto em
movimento é examinado cuidadosamente por elas e, se lhes
parece tentador, engolem-no imediatamente, fazendo movimento
rápido do focinho, combinado com uma sucção da estreita
boca. Os cuidados com a prole são confiados ao macho.
Em alguns peixes deste grupo (Entelurus aequoreus e Nerophis
lumbricoides), os ovos são simplesmente colados sob o corpo
por meio de uma secreção da pele do ventre, mas noutros
(Syngnatus acus e Syphomostoma typhle) existem pregas
cutâneas de ambos os lados do ventre, que formam uma bolsa
incubadora dos ovos (marsúpio), donde, mais tarde, os jovens
se libertam. Nos cavalos-marinhos (Hippocompus hippocampus e
outros), que são próximos parentes dos precedentes (ãos
quais se atribui esta designação também), este modo de
incubação é ainda mais complexo. Neles, a bolsa incubadora
forma-se na base da cauda do macho, e os embrioes são
alimentados por substâncias que passam do corpo para o
marsúpio.
Nos cavalos-marinhos, a cauda é preênsil e serve-lhes para
se enrolarem em volta de hastes de algas e outros objectos,
de modo que o corpo fica fortemente preso. Tal como nas
marinhas, o corpo mantém-se verticalmente e é propulsionado
na água pela barbatana dorsal, que serve de hélices. O mais
notável de todos os cavalos-marinhos é o dragão-do-mar-
australiano (Phyllopteryx eque), no qual longos filamentos
cutâneos ondulados saem da cabeça, de todo dorso, da cauda e
do ventre. Estas fitas de pele produzem uma camuflagem
perfeita, quando estes peixes repousam entre as algas
arborescentes; a sua presença só por acaso se nota. [Os
Soleníctios estão actualmente por duas ordens:
Aulostomiformes (Aulostoma, Fistularia, Macrorhamphosus,
etc.) e Singnatiformes (Syngnathus, Hippocampus, etc)]
m) Bericiformes.
- Os peixes desta ordem distinguem-se pelo grande número de
raios que apresentam nas barbatanas pélvicas. São os
representantes actuais de um grupo antigo, do Cretácico
superior. Estão também estreitamente aparentados com os
peixes de raios espinhosos (Acantopterígios), os mais
conhecidos são os imperadores [Beryx splendens e B.
decadactylus, ambos de corpo alto, maior do que a cabeça na
segunda espécie], que frequentam as águas profundas das
zonas quentes do Atlântico, onde são habitualmente pescados
com linhas muito compridas, ao longo da Madeira. Quando
vivos, são de cor branco-prateado e o dorso violeta; mas,
depois de mortos, ficam completamente vermelhos. [Pescam-se
também na costa continental portuguesa.]
Num curioso pequeno peixe, pinha-do-japão (Monocentris),
estreitamente aparentado com os Beryx, as escamas formam
rígidas placas ósseas, encerrando o corpo como que numa
caixa. Mais estranho ainda é o Anomalops do arquipélago
Malaio, que, por baixo de cada olho, possui um grande órgão
luminoso, instalado sobre uma espécie de charneira, cujos
movimentos lhe permitem ocultar-se numa cavidade subocular
adequada.

n) Zeomorfos.
- Os peixes-galos (Zeus faber e outros) constituem a ordem
dos Zeomorfos, também chamada Zeiformes. São de corpo muito
comprido lateralmente, de modo que, quando se apresentam de
frente, mal se vêem. Para se alimentarem, alongam e
salientam de repente as máxilas, formando um grande tubo
através do qual o alimento é aspirado. [As fêmeas, no máximo
da sua idade (cerca de 12 anos) têm o comprimento de 65
centímetros e o peso de 5 quilos.]

o) Percomorfos.
- Esta ordem, também chamada Percoformes, compreende
numerosas famílias (mais de setenta)
Apenas algumas dessas famílias se encontram em água doce
(Ciclídeos, Percídeos, Anabantídeos), pois na sua maior
parte são marinhos. aos Serranídeos pertencem as garoupas-
marinhas (Epinephelus e Mycteropeca) da Flórida, das Indias
Ocidentais e da América, os meros e garoupas portuguesas, os
"groupers" como lhe chamam os Americanos; atingem um
comprimento de 60 a 90 centímetros e mesmo, no caso de
Epinephelus, 1,80 metros. O famoso mero dos provençais é o
Epinephelus gigas. Estes peixes são notáveis pela mudança de
cor, extraordinariamente rápida, que se manifesta quando se
encontram entre os recifes coraliários. Manchas brilhantes,
malhas, listas flamejantes que aparecem no espaço de alguns
segundos, de tal modo que as espécimes se confundem
absolutamente com os meios. O maior de todos, a garoupa
negra (Mycteroperca bonaci) que se encontra desde a Carolina
ao Brasil [onde é conhecida por badejo-ferro, badejo-
preto ou serigado-preto], pode atingir um peso
extraordinariamente elevado.
Os Quetodonídeos são notáveis pela sua tão viva e, por
vezes, bizarra coloração. É o caso das borboletas-do-mar
(Chaetodon), peixes dos recifes coraliários, que se enfeitam
com uma indescritível variedade de amarelos vivos, dos
vermelhos e de azuis, estriados de branco e de negro. Estes
peixes-borboletas possuem boca pequena, tubular, guarnecida
de dentes finos, dispostos em escova, de que se servem para
explorar os buracos e as fendas dos maciços de coral e aí
descobrirem vermes e crustáceos de que se alimentam.
Os Pomacantídeos ou peixes-anjos, são também brilhantemente
coloridos e vivem igualmente entre os recifes coraliários.
Um deles, Amphiprion percula, de cor violeta brilhante,
zebrada de azul, instala-se em simbiose com anémonas-do-mar
dos recifes coraliários da Indo-Malásia. De vez em quando,
sai e nada na vizinhança do seu hospedeiro, aparentemente
para chamar a atenção e ser perseguido por peixes carnívoros
de maiores dimensoes. Quando é seguido, refugia-se
imediatamente na enorme boca da anémona e são imediatamente
paralisados pelos fortes órgãos urticantes. A anémona e o
peixe-engodo" partilham entre si os despojos.
Os Carangídeos são representados por diversas espécies,
entre as quais o carapau ou chicharro branco (Trachurus
trachurus), que vive nas águas quentes do Atlântico e do
Mediterrâneo. A enchova (Pomatomus saltatrix) é um dos
peixes mais vorazes e mais destruidores. Enormes cardumes
destas enchovas perseguem outros peixes mais vorazes e mais
destruidores. Enormes cardumes destas enchovas perseguem
outros peixes quase do seu tamanho, despedaçam-nos e deixam
atrás de si uma pista sangrenta de pedaços retalhados dos
corpos das suas vítimas.
Os Labrídeos, que, pelo seu aspecto, lembram as garoupas-
marinhas americanas, têm um modo muito interessante de se
alimentar. A sua boca pequena, de lábios espessos, está
armada com fortes dentes cónicos, e ainda de outros em forma
de losângulo, espalhados pela superfície inferior da
faringe, de que o animal se serve para partir os caranguejos
e as conchas dos moluscos, seu alimento. Existem muitas
espécies de Labrus, com os nomes vulgares de bodioes,
trutas-da-costa, canários, etc., em todos os mares tropicais
e nas regioes mais temperadas dos dois lados do Atlântico
Norte. Muitas das espécies tropicais apresentam cores vivas,
subretudo na época da reprodução. os indivíduos dos dois
sexos, frequentemente coloridos de modo diferente, unem os
seus esforços para construir os ninhos, feitos de algas e de
detritos de conchas.
Os Escarídeos ou peixes-papagaios (exemplo: Callyodon
hoefleri) devem seu nome vulgar à grande semelhança que a
boca apresenta com o bico de papagaio. Os Escarídeos estão
estreitamente aparentados com os Labrus. Habitam os recifes
coraliários dos mares tropicais em competição com os
Chaetodon e outros; como eles, são ornamentados com cores
vivas e têm a faculdade de mudar de cor com extraordinária
rapidez, harmonizando-se com o ambiente. A superfície
exterior do seu "bico" é eriçada de pequenos dentes, que
aparentemente servem para partir bocados de algas que depois
serão reduzidos a migalhas pelos dentes farígeos, tal como
fazem os Lobrus.
[Os achigas, Huro salmoides, por exemplo, e outros géneros e
espécies representam a família dos Centrarquídeos
(Centrarchidae). A espécie mencionada e Micropterus
dolomieui têm interesse para a piscicultura e para a pesca
desportiva.]
Os Percídeos, que têm como exemplos típicos a perca dos
ribeiros da Europa (Perca fluviatilis) e da América do Norte
(Perca flavescens), são aparentados com os Serranídeos. Em
africa, nas Américas Central e do Sul, estão substituídos
por numerosas espécies de Ciclídeos (Cromídeos). Algumas
espécies são vegetarianas, outras carnívoras. Nalgumas
delas, desenvolvem-se uma bossa na cabeça do macho, na época
da reprodução. Certas espécies, como a Tilapia galilea,
manifestam um desassossego singular nas proximidades da
postura; a fêmea transporta os ovos e, mais tarde, os jovens
na boca [particularidade comum à Tilapia moçambica].
Os Trquinídeos e Uranoscopídeos são conhecidos por peixes-
aranhas e aranhiços. Por exemplo, Trachinus vipera é, como
os seus congéneres, uma espécie que se deve evitar, pois o
opérculo branquial está armado de um espinho robusto com um
sulco escavado, através do qual corre um veneno muito
activo; e, além disso, os fortes espinhos da barbatana
dorsal são igualmente venenosos. O costume que têm de
enterrar meio corpo na areia para espiar os peixinhos e os
camaroes de que se alimentam constitui um perigo para os
banhistas imprudentes, pois pisar com os pés descalços sobre
um destes peixes pode ter efeitos dolorosos, por vezes. Os
representantes da família dos Uranoscopídeos, também
chamados aranhiços como o Uranoscopus scaber, não são
inoculadores de veneno. Vivem igualmente enterrados na areia
e, nalgumas espécies, existe um apêndice vermiforme,
retráctil, situado no ângulo interno da sínfise mandibular,
que o peixe deixa sair da boca, e parece ser destinado a
servir de isco para atrair os pequenos peixes de que se
alimenta.
Os Anabantídeos ou Labirínticos, que possuem órgão
respiratório suplementar em roseira, instalado numa cavidade
por cimas das brânquias, e bastante vascularizado, vivem nas
águas doces e salobras da asia e da africa tropical. O mais
conhecido é a perca-trepadora (Anabas testudineus), que pode
deixar a água durante períodos relativamente longos e
arrasta-se na terra com a ajuda dos espinhos dos opérculos
branquiais e da barbatana anal. O peixe-do-paraíso
(Macropodus opercularis), do Extremo Oriente, é um dos mais
apreciados peixes de aquário. Medindo cerca de 8
centímetros, possui barbatanas de um tamanho insólito; é
maravilhosamente colorido e constrói estranhos ninhos de uma
espécie de baba que lhe sai da boca. O gorami (Osphronemus
olfax), da China e da Malásia, aparentado com o antecedente,
pode pesar cerca de 10 quilos; é muito cultivado nos países
tropicais e a sua carne extraordinariamente apreciada nessas
regioes.
O combatente-do-sião (Betta splendens), que mede apenas 6
centímetros, é uma outra espécie muito bela. Os machos são
muito agressivos, maiores e de coloração mais viva do que as
fêmeas; na época dos amores, travam entre si lutas cruéis.
São criados pelos siameses e pelos malaios, que os poem
frente a frente, em combates singulares, apostando grandes
quantias pelo seu preferido.
Os Ofiocefalídeos ou cabeças-de-serpente (Ophiocephalus),
conhecidos em Hawai e na Califórnia por " peixes-chineses",
são peixes carnívoros que vivem nos rios da africa e da asia
meridional. Podem, tal como a perca-trepadora, viver fora da
água, apesar de não possuírem, como aquela, um órgão
respiratório labiríntico. Contudo, são capazes de se
internar por terra firme, deslocando-se por movimentos de
contorção. Durante os períodos de longas secas, estão
enterrados profundamente na lama, onde se mantêm num estado
de torpor até que as curvas encham novamente os charcos e
ribeiras.
Os Mugilídeos, tainhas ou fataças (Muggil), têm grandes
escamas bem visíveis. A boca é pequena e os dentes estão
reduzidos a uma franja de seda. Alimentam-se de seres
minúsculos, engolindo a vasa para dela retirarem a matéria
orgânica em decomposição que contém. Na boca têm uma fina
peneira que impede o lodo de obstruir as brânquias. Estes
peixes penetram, por vezes, grandes cardumes, nos estuários
dos rios, subindo pela água doce, onde são capturados por
meios de redes, pois constituem alimento muito apreciado e
atingem mais de 50 centímetros de comprimento.
Os Esfirenídeos, barracudas ou bicuda (Sphyraena),
contrastam da maneira mais flagrante com as tainhas, pois
estes peixes ferozes, com a sua cabeça de lúcio [diz-se,
parece que sem provas fidignas]. Alguns chegam a atingir o
comprimento de 2,50 metros. [ Os Mugilídeos, Esfirenídeos e
Aterinídeos constituem a ordem dos Mugiliformes, destacada
dos Perciformes.]
Os Polinemídeos têm os raios inferiores das barbatanas
peitorais transformados em longos filamentos, que lhes
servem para remexer a vasa. O focinho é rombo e proeminente,
por cima da boca, Algumas espécies ultrapassam 1,80 metros e
tem grande valor económico. [Esta ordem é a única da ordem
dos Polinemiformes.]
Os Triquiurídeos, caudas-de-cavalo o peixe-espada-lírio
(Trichiurus) e os peixes-espada-branco (lepidopus) são, em
geral, compridos lateralmente e alongados; o focinho é um
bico e a boca está armada com terríveis dentes. Activos e
vorazes, vivem a maior parte da sua vida no alto-mar. As
espécies de superfície são prateadas, as de profundidades
violetas ou negras. Nos peixes-espadas-brancos (Lepidopus
caudatus), a barbatana caudal é bifurcada, mas no peixe-
espada-lírio (Trichiurus lepturus), dos mares temperados e
tropicais, esta barbatana falta e a cauda afila-se
inteiramente. Parecem ser muito sensíveis ao frio.
Na Nova Zelândia, chamam-lhes frost-fish (peixe-de-gelo),
porque, nas noites frias, dão à costa, em estado comatoso e
às centenas nas praias.
aos Quiasmodontídeos pertence um dos peixes mais
extraordinários, ao qual os Anglo-Saxoes apelidam de great
swallower, o grande glutão (Chiasmodon niger). Este pequeno
peixe, negro de azeviche, possui longos dentes inclinados,
semelhantes a agulhas, e estômago em forma de saco,
extraordinariamente extensível, o que lhe permite engolir
outros peixes com várias vezes o seu próprio tamanho. É um
dos animais mais vorazes das profundidades abissais, onde a
luz solar não penetra nunca. [Representa, com os géneros
afins, Dysalotus e Pseudoscopelus, todos batipelágicos, a
subordem dos Chiassmodontóides, da ordem dos Perciformes.]
os escombrídeos compreendem não somente as diversas espécies
de cavalas (Scomber), como também peixes enormes, como o
Atum (Thunnus) e o espadarte (Xiphias), todos eles animais
de grande velocidade.
A sarda e a cavala, respectivamente, Scomber scombrus e S.
japonicus (S. colias) são peixes comestíveis muito
apreciados e de grande valor económico. Medem à volta de 25
a 50 centímetros, atingindo mesmo 60 centímetros a segunda
espécie. Vivem no alto mar, durante a maior parte do ano,
aproximando-se da costa para se reproduzirem.
O atum (Thunnus thynnus) tem, no seu conjunto, o mesmo
aspecto exterior e o mesmo corpo fusiforme que a cavala.
Encontra-se em todos os mares quentes do Mundo; atinge o
comprimento de 3 metros e o peso de 750 quilos. As suas
longas migraçoes não estão ainda inteiramente explicadas. O
espadarte e os espadins, aparentados com o atum, podem
atingir o comprimento de 6 metros. São os mais rápidos de
todos os nadadores. Neles o hidrodinamismo atinge o mais
elevado grau, pois o focinho termina por uma espécie de
espada que ultrapassa consideravelmente as máxilas
inferiores. Como as cavalas, a barbatana dorsal, enorme nos
veleiros, assim como as longas e leves barbatanas pélvicas,
podem ser escondidas num sulco profundo, de modo a não
oferecer resistência que dificulte a velocidade, enquanto
que, de cada lado do corpo, na base da cauda, existem umas
expansoes laterais que dão maior solidez ao corpo do animal,
quando este vai lançado a toda velocidade. Nos espadins
(Tetrapturus e Makaira) e no veleiro (Istiophorus
americanus), a espada é cilíndrica e muito mais curta do que
no espadarte (Xiphias gladius). No veleiro, a primeira
barbatana dorsal, muito grande, é, por vezes, mantida fora
de água, servindo de velas, quando o peixe deriva a
superfície. [ Os Escombrídeos constituem a subordem
Escombróides, da ordem Perciformes.]
Os góbios ou cabozes compreendem um certo número de espécies
em que as barbatanas pélvicas estão unidas de tal modo que
formam um disco a servir de ventosas, o que permite a estes
peixes prender-se às rochas ou às pedras, ficando seguros e
podendo lutar contra os movimentos das ondas. Posto que
algumas espécies atinjam o comprimento de 90 centímetros, a
maior parte é de pequenas dimensoes: Pandaka pyhmaea, que só
se encontra em Malabon, nas ilhas Filipinas, tem o mesmo
privilégio de ser o mais pequeno de todos os Vertebrados,
pois o macho não chega a atingir um centímetro de
comprimento. O estranho saltão ou perioftalmo (Periophthamus
koelreuteri), que vive nos mangais dos trópicos, deixa a
água, na maré baixa, e passeia pela praia procurando
alimento. A barbatana peitoral está transformada numa
espécie de braço que pode mover-se para a frente e para
trás; os olhos estão muito próximos um do outro, no alto da
cabeça, e podem virar-se em todas as direcçoes. Muito
diferente é o góbio-cego (Typhlogobius californiensis), cor-
de-rosa-pálido, das grutas da Califórnia; vive fixado na
parte inferior das rochas e nos buracos ou fendas, para onde
sobe de modo semelhante ao das lesmas. Nos jovens, os olhos,
embora pequenos, são funcionais.
As marachombas (ex: Blennius pholis) e os peixes-diabos
(Blennius tentacularis), que são estreitamente aparentados
com os precedentes, compreendem cerca de quinhentas espécies
que não têm nada de particularmente interessante. Os peixes
pequenos do género Ferasfer, têm o estranho hábito de viver
no interior de certas holotúrias. [Os góbios e peixes afins
mencionados, da ordem Perciformes, exceptuando-se os
Fierasfer (F. acus e F. dentatus) do Mediterrâneo, família
Fierasferidae, que, com outras famílias, Brotulidae e
Ophidiidae, constituem a subordem Ofidióides.]

p) Esclerópares. - Os mais notáveis, entre os rascasses, são


os rascasses- -voadores ou peixes-borboletas (Pteroi
volitans), do Pacífico tropical, que possuem longos espinhos
semelhantes a agulhas, grandes barbatanas peitorais, e
apresentam uma curiosa coloração zebrada, que facilita a sua
dissimulação, quando estão emboscados nas fendas das rochas.
Os pescadores temem-nos devido aos seus espinhos venenosos.
Certas espécies indo-pacíficas, como o Pelor, filamentoso,
têm o corpo ornado de lóbulos cutâneos, que, ondulando
docemente na água, fazem lembrar as algas. Mas uma coloração
protectora é atingida de uma maneira ainda mais estranha por
um peixinho indiano do género Minous (M. inermis), que tem o
corpo sempre coberto por uma colónia de pólipos hidrários,
vivos. Esta é uma forma de comensalsimo, em que os pólipos
tiram vantagem pela mudança de lugar que os leva a novas
regioes de caça, enquanto que o peixe está verdadeiramente
protegido dos inimigos pela presença dos seus passageiros.
Os ruivos (Trigla) são notáveis transformação de três dos
raios das barbatanas peitorais em compridos e delgados
"dedos", que se podem mover livremente e servem para
caminhar no fundo, à procura de alimento.
O lompo ou lebre-do-mar (Cyclopterus lumpus) tem a pele
muito espessa, e estão fundidas de modo tal que formam um
disco-ventosa, permitindo ao corpo fixar-se solidamente às
rochas e às pedras. Pode atingir o comprimento de 70
centímetros e o peso de 8 quilos
O ruivo-voador (Dactylopterus volitans) possui grandes
barbatanas peitorais semelhantes a asas, que lhe permitem
escapar aos seus inimigos, saltando fora da agua e planando
no ar durante algum tempo. As asas" são belamente coloridas
de vermelho e de azul. [Actualmente os Esclerópares estão
integrados na ordem Perciformes, subordem Escorpenóides,
Cotóides, Dactilopteóides.]

q) Toracostes. - Os engana-gatas ou peixes-espinhos têm dois


esinhos, pelo menos, à frente na barbatana dorsal, e as
barbatanas ventrais estão reduzidas a um só raio e a um
único espinho. Encontram-se, consoante as espécies, nas
águas doces, salobras e marinhas do hemisfério boreal. O
engana-gata (Gasterosteus aculeatus) da Europa e da América
do Norte é bem conhecido pelas cores vivas que o macho
apresenta na época dos amores; este tece um ninho para o
qual arrasta várias fêmeas, que atrai com as suas "vestes"
multicolores, e que ali fazem as suas posturas. Depois fica
de guarda ao pé do ninho, pois, caso contrário, tanto os
ovos como os jovens seriam devorados pelas fêmeas. [Em
Portugal, tem sido encontrado na foz dos rios, desse o Sado
para o norte. Na actualidade, estes peixes representam uma
ordem independente, Gasterosteiformes.]

r) Hipóstomas - Os pégasos (Pegasus), do oceano Indico e dos


mares da China e do Japão, são pequenos e têm o corpo
encerrado numa couraça dérmica. [Incluem-se, actualmente,
na ordem Perciformes, subordem Pegasóides. As barbatanas
peitorais, abertas em leque, permitem-lhes voos planados.]

g) Heterosomas ou Pleuronectiformes. - Nos peixes-chatos


(Pleuronectiformes) estão incluídos numerosos peixes de
grande consumo, tais como a solha, o rodovalho, o linguado,
etc. Pela sua anatomia são notáveis, pois a superfície
pigmentada não é, como seria de supor, o dorso do animal,
assim como a superfície branca inferior não é o ventre. Os
verdadeiros dorso e ventre têm barbatanas que formam uma
franja envolvendo toda a periferia do corpo. A ilusão é
acrescida pelo facto de os dois olhos estarem situados, um
junto do outro, na região que parece ser o cimo da cabeça. A
maneira como se estabelece esta estranha disposição é-nos
revelada durante o desenvolvimento. Com efeito, enquanto
dura a vida larvar, o corpo é roliço e normalmente
pisciforme, mas no prosseguimento do seu desenvolvimento o
peixe deita-se de flanco como para repousar e, ao mesmo
tempo, em virtude de diferenças de crescimento, o olho que
se encontra deste lado contorna a crista da cabeça até que,
finalmente, fica ao lado do outro, no flanco pigmentado.
A região escura é vulgarmente marcada, como na solha, com
manchas avermelhadas (Platessa) ou, como na azevia
(Synaptura), com malhas transversais alternadamente claras e
escuras. Quando um peixe-chato vem instalar-se num fundo
arenoso, dá uma série de movimentos bruscos e ondulantes ao
corpo, o que provoca o levantamento de uma nuvem de areia,
que, ao cair, o cobre quase por completo, ficando apenas os
olhos fora da areia.
t) Discocéfalos. - Esta ordem contem somente os
extraordinários peixes que são conhecidos por pegadores,
peixes-pilotos e rêmoras, dotados, entre o alto da cabeça e
o extremo anterior do dorso, de um disco oval, achatado, com
uma série de lamelas transversais. Por meio da ventosa que
assim se forma, o peixe tem a faculdade de se fixar aos
cascos dos navios ou ao corpo de tubaroes, de tartarugas ou
de baleias, deixando-se assim transportar até novos terrenos
de caça. Logo que se encontra num cardume de peixes
pequenos, o pegador larga o seu meio de transporte, persegue
então as suas presas e, após a refeição, volta novamente ao
seu ancoradoiro para fazer a digestão. [As rêmoras, fazem
parte da ordem Perciformes, subordem Echeneóides.]

u) Plectognatas. - Nos peixes-cofres (Ostracion), o corpo


está protegido por uma carapaça de grandes placas
hexagonais, ósseas; mas a cauda e a barbatana caudal saem
por uma pequena abertura e ultrapassam-na. Os Tretãodon,
peixes-globos e peixes-baloes, têm a pele armada de picos
acerados. Quando o animal quer, pode encher o corpo de ar e
flutuar como um balão.
Pertence ainda a este grupo o peixe-lua (Mola mola), a que
os Ingleses chamam peixe-sol. O seu tamanho enorme
impressiona, mas a configuração do corpo é ainda mais
extraordinária: um disco enorme pode atingir dois metros de
diâmetro. Este animal pesa, por vezes, mais de uma tonelada,
quando atinge a maturidade. No peixe-lua-truncado
(Ranzania), o corpo é relativamente alongado, mas dir-se-ia
que a sua extremidade posterior foi truncada imediatamente
atrás das longas barbatanas dorsais e anal.
O peixe-porco, cangulo ou peixe-burro (Balistes
carolinensis) chega a medir cerca de 90 centímetros. Como em
todas as outras espécies de Balistídeos, o corpo está
encerrado numa armadura bem justa, constituída por escamas
duras e rombóides. Os possantes dentes dos Bolistes
permitem-lhes partir bocados de coral e abrir as conchas dos
moluscos. A ostra-perlífera é particularmente submetida aos
seus ataques.
[Este grupo dos Plectogntas, sob o nome de
Tetraodontiformes, abrange apenas os peixes mencionados e
espécies afins; dele foram separados os Balistídeos, agora
inclusos nos Perciformes, família dos Serranídeos.]

v) Xenopterígeos. - Estes peixinhos, vulgarmente chamados


sugadores ou peixes-ventosas, raramente medem mais de 10
centímetros; são geralmente de cor rosada, e têm um disco-
ventosa chato, na superfície inferior do corpo, que lhes
permite fixarem-se às conchas e às pedras. Encontram-se nos
mares tropicais e temperados. Nas costas francesas, estão
representados pela espécie Lepadogaster lepadogaster. [Na
costa de Portugal, além dessa espécie, existem também
Diplecogaster binaculatus e outras. Os sugadores pertencem à
ordem Perciformes, subordem Gobiesocóides.]

x) Haplodoces. - Os Batraquídeo, charrocos ou peixes-sapos,


têm a cabeça chata e a boca extraordinariamente grande. São
frequentes ao largo da costa da América tropical, mas também
se encontram no Atlântico oriental. O charroco poe-se de
emboscada, dissimulando-se facilmente graças à sua coloração
variada, e precipita-se de repente para capturar pequenos
peixes, crustáceos, etc. [Nas costas portuguesas, é vulgar o
Batracoides didactylus. Estes peixes pertencem à ordem
Perciformes, subordem Batracoidóides.]

y) Pediculados. - Os tamboris e peixes-morcegos têm a pele


inteiramente num. Um dos Pediculados mais conhecidos, o
tamboril ou recaimão (Lophius piscatorus), tem enorme cabeça
e a boca é monstruosa. O primeiro raio da barbatana dorsal
desviou-se para a frente, um pouco acima da boca, e é móvel;
tem na sua extremidade como que uma espécie de bandeirola,
formada por um lobo cutâneo, que bate como uma flâmula
quando a base de sustentação é agitada. Esta bandeirola
atrai peixes pequenos de que o tamboril se alimenta. Outros
lóbulos de pele, presos aos diversos raios da barbatana
dorsal e aos lados do corpo, fazem lembrar algas e ajudam a
dissimular o monstro, sempre emboscado numa fenda de
rochedo. O menor contacto da bandeirola por qualquer peixe
curioso provoca a imediata abertura da boca, semelhante a
uma caverna, e a vítima é imediatamente engolida com a água
que a cerca.
Os tamboris jovens não se parecem com os adultos, porque têm
o corpo esférico e nadam próximo da superfície.
Os peixes mais estreitamente aparentados com eles são os
Ceratióides (o Melanocetus, entre outros), peixes abissais
que vivem numa obscuridade total nas grandes profundidades e
nadam livremente. O morcego-do-mar (Ogcocephaluus) tem a
cabeça e o corpo grosso e chatos, e os raios das barbatanas
dorsais estão reduzidas a simples vestígios. Mas as
barbatanas peitorais estão dispostas ao longo do bordo
posterior do corpo, quase circular, de tal modo que os
raios, dirigidos para fora e para a frente, formam um par de
"patas" posteriores, que permite ao animal deslocar-se sobre
o fundo, enquanto as barbatanas pélvicas, correspondendo aos
verdadeiros membros posteriores, se encontram à frente sob
as brânquias.
[Os Pediculados constituem a ordem dos Lofiiformes, com as
subordens Lofióides, Antenarióides, Ogcocefalóides e
Ceratióides.]

w) Opístomas. - Esta ordem compreende certas espécies


anguiliformes (enguias-espinhosas) de águas doces, de africa
e da asia meridional. Tem o corpo coberto de pequenas
escamas. [É designada por Mastacembeliformes.]

z) Simbrancóides. - Ordem somente representada nas águas


tropicais por uma escassa meia dúzia de espécies de peixes
anguiliformes, com os orifícios respiratórios confluentes
numa fenda por baixo da cabeça e desprovidos de barbatanas;
vivem enterrados no lodo, de preferência em águas salobras
[Designada Simbranquiformes.]

COANICTIOS

Esta última classe do vasto grupo dos Peixes compreende


animais de esqueleto ossificado e providos, como os outros
Osteíctios, de máxilas móveis; mas as fossas nasais abrem
por orifícios no interior da boca. Esta classe compreende
duas ordens: Os Crossopterígeos, ou peixes com barbatanas
lombadas, e os Dipneustas, ou peixes com respiração dupla,
que possuem brânquias e pulmoes. [Estes dois grupos
consideram-se como representativos de duas subclasses
independentes.]

Grossopterígios

O que caracteriza essencialmente este grupo é que as


barbatanas peitorais e pélvicas, de forma lombada, denunciam
a transformação dos membros pares dos peixes em verdadeiras
patas locomotoras, o que faz dos Crossopterígios os
autênticos precursores dos Tetrápodes terrestres.

Dipneustas
Os peixes pulmonados actuais ou os seus ancestrais, que
remotam aos períodos geológicos mais afastados, devem ser
considerados Crossopterígeos evoluídos. Os zoólogos vêem
nestes animais o indício do modo como se pôde efectuar a
passagem dos Vertebrados estritamente aquáticos até às
formas terrestres: com efeito, os Dipneustas substituem a
respiração das brânquias pela dos pulmoes, que não são mais
do que bexigas natatórias modificadas. O Ceratodo ou
barramunda (Neoceratodus forsteri) da Queenslândia
(Austrália), tem corpo coberto de grandes escamas. Mede até
1,50 metros e necessita de subir à superfície para sorver ar
atmosférico, quando, durante a estação quente, a água se
turva demasiadamente. Em tais circunstâncias, a respiração
pulmonar é de importância vital. O Protóptero da Africa
(Protopterus annesctens) e o Lepidosirena da América do Sul
(Lepidosiren paradoxa) têm o corpo quase anguiliformes,
coberto de pequenas escamas embutidas na pele, e são dotados
de longas barbatanas. filamentosas. A respiração faz-se, nos
diversos estados larvares, por meio de brânquias plumosas,
externas, que mais tarde são substituídas por brânquias
internas. Os Protópteros e os Lepidossirenes são capazes de
suportar longos períodos de seca, e enterram-se no lodo,
antes de a água desaparecer completamente. O Protóptero
segrega uma grande quantidade de muco através da pele, que,
misturando-se como o lodo, forma um casulo duro, no interior
do qual o animal fica num estado de torpor até a nova
estação das chuvas. O Lepidosirene esconde-se igualmente no
lodo durante o período de seca, mantendo a entrada da sua
toca fechada por uma cobertura porosa através da qual pode
passar o ar. Na época da reprodução, o macho apresenta um
certo número de filamentos ricamente vascularizados, na base
das barbatanas pélvicas. Estes filamentos, muito
provavelmente, servem como órgão acessório da respiração.

Peixes dos abismos

Todos os animais do abismo devem alimentar-se de restos de


plantas ou animais, ou então, devorar-se entre si.
à obscuridade intensa e ao frio é preciso juntar um silêncio
insólito, pois a turbulência das águas superficiais é
substituída nas regioes abissais pelo deslocar doce das
correntes. No entanto, a escuridão não é completa, dado que
muitos animais abissais têm luz própria que transportam
consigo. Nos peixes abissais, além das características
particulares dos seus órgãos reprodutores de luz, possuem,
em geral, aparência e estrutura estranhas, diferentes do que
é habitual.
Os órgãos luminescentes - a que podemos chamar "lâmpadas" -
são de diferentes tipos. Algumas são simples "lâmpadas"
dispostas em fiadas ao comprido, de um e outro lado do
corpo; cada tipo caracteriza-se por um certo número de
"lâmpadas", situadas de maneira particular. Mas, embora
possam ter outro uso, parece certo que estes órgãos servem
de sinais distintivos, porque, não há dúvida que, em animais
com o sentido do olfacto pouco desenvolvido, os sinais
distintos são da mais alta importância. U peixe é, capaz de
reconhecer os seus, de modo a poder manter a coesão do
cardume; estes sinais permitem também ao macho e à fêmea
encontrarem-se para fins de reprodução.
Compreende-se que os peixes abissais, posto que vivam em
regioes de escuridão total, possuem olhos , por vezes muito
grandes. Um tipo de "lâmpada" que se conserva nos peixes dos
grandes abismos poderá ser qualificado por "isca": é o que
se encontra particularmente nos peixes-pescadores. os
tamboris de águas menos profundas atraem as suas vítimas
agitando uma vareta ornada com uma prega de pele. O tamboril
das regioes abissais possui uma pequena ampola luminosa em
vez da bandeirola cutânea, e os peixes pequenos, que são
atraídos por ela, nadam na sua direcção. Como esta ampola é
também muito sensível às vibraçoes, o peixe pode sentir os
movimentos que se reproduzem na água e abrir a sua grande
goela par engolir a vítima.
Os tamboris abissais são sempre negros, por outro lado, se
fiam mais no tacto do que nas imagens visuais, e que, além
disso, têm uma vida solitária, não se reunindo em cardumes.
Encontra-se uma outra espécie de luz nos macruros ou caudas-
de-rato (Macrurus parallelus), que possuem uma glândula
ventral capaz de segregar um muco luminoso. Supoe-se que,
quando são atacados, projectam este muco, o qual,
misturando-se com a água, forma uma nuvem de luz ofuscante,
ao abrigo da qual eles podem fugir.
Nalguns outros peixes abissais, certas regioes do corpo
pulalam de bactérias que se alimentam de substâncias
fornecidas pela pele; por seu turno elas brilham vivamente,
o que fornece ao hospedeiro uma luminescência da qual o
peixe tira, sem dúvida, o seu proveito.
Os peixes abissais, apesar das suas semelhantes formas de
comportamento, pertencem a numerosas famílias diferentes e
apresentam uma grande variedade de formas e de tamanhos.
possuem certas características comuns: os ossos são finos e
delicados e os tecidos são moles. Estes caracteres permitem
aos peixes suportar a enorme pressão da água.
Os peixes abissais são predominantemente carnívoros:
alimentam-se de outros animais, incluindo peixes. Não há
dúvida de que muitos animais das grandes profundidades, como
os camaroes, se alimentam de cadáveres e de matérias
vegetais que caíram das camadas mais superficiais dos
oceanos, e que, por seu turno, servem de alimento a
determinados peixes. No entanto, a maioria dos indícios,
baseados em análises dos conteúdos estomacais dos peixes
abissais, prova que o mais vulgar é comerem uns aos outros.
A situação particular criada nas grandes profundidades - a
escuridão absoluta e a dispersão dos próprios animais -
significa que todas as refeiçoes devem ser tão copiosas
quanto possível. Eis porque os peixes abissais possuem
estômagos extremamente elásticos e máxilas que lhes permitem
ampla abertura, por vezes monstruosas. Uma espécie típica,
na qual estas características são altamente exageradas, é o
Eurypharynx pelecannoides, que lembra uma enguia com grande
cabeça, máxilas enormes e fortes dentes. Quando o estômago
está vazio, o corpo é todo da mesma espessura, como se fosse
uma cauda muito longa, mas, por muito estranho que pareça,
este peixe, como a maior parte das espécies abissais, pode
engolir peixes muito maiores do que ele próprio.

Migraçoes dos Peixes

Os peixes verdadeiramente sedentários são extremamente raros


nas águas livres. Mesmo as carpas, os lúcios e as percas
efectuam deslocamento nos rios a favor da corrente do ano.
As trutas, em consequência das suas deslocaçoes, subindo ao
longo dos rios a caminho das nascentes das montanhas para aí
fazerem as suas posturas, são, na verdadeira acepção da
palavra, peixes migradores. No entanto, esta designação
reserva-se principalmente para os peixes que se deslocam em
conjunto de um lugar para o outro, numa época determinada,
ou para assegurar as suas necessidades alimentares (migração
trófica) ou para se reproduzirem (migração genética)
DMLF
Quando se trata de espécies comestíveis, a sua deslocação,
numa determinada época e num ponto conhecido, dá lugar a uma
pesca sazonária. Os peixes migradoras podem ser
classificados do seguinte modo:

1) Os peixes marítimos que se deslocam sem mudar de meio,


como a arenque, a sardinha, o biqueirão, a solha, o
bacalhau, a cavala, o atum, etc., ou aqueles que vivem só
nas águas doces, como as
trutas dos rios e dos lagos.

2) Os peixes que passam, alternadamente, da água doce à água


salgada: uns vêm fazer as suas posturas na água doce e aí
passam os seus primeiros tempos de vida, como a lampreia-
marinha, o esturjão, o sável, a truta-marisca, o salmão;
outros, pelo contrário, vão reproduzir-se no mar e aí passam
os primeiros anos da sua vida, como a enguia.

Alguns casos de migração das categorias precedentes.

a) Migraçoes do arenque e do bacalhau. - O arenque (Clupea


harengus) faz parte, assim como a sardinha, o biqueirão, o
sável e a savelha, da grande família dos Clupeídeos. E o
bacalhau (Gadus callarias), que é um peixe de águas frias e
pouco salgadas.

b) Migraçoes da sardinha e do atum. - Como a sardinha


(Sardina pilchardus) e a cavala (Scomber japonicus), peixes
que procuram de preferência águas quentes e salgadas. Os
atuns (Thunnus thynnus), dispersam-se por toda a extensão do
seu habitat, e essa dispersão é trófica.

c) Migraçoes da truta-lacustre (Salmo fario). - Um peixe de


água doce que vive nos grandes lagos e adquire coloração
mais prateada, uma carne mais assalmonada e maiores
dimensoes do que a truta dos riachos.

d) Migraçoes do salmão (Salmo salar). - Passam


alternadamente da água do mar para a água doce e se
introduzem nesta última, para aí depositarem e fecundarem os
seus ovos. Fazem migração anádroma, forçando as correntes
dos rios e das cascatas, vencendo-os rápidos até à área da
desova.
As migraçoes da savelha, do esturjão, da lampreia-
marinha, consistem numa subida genética, à qual sucede uma
descida trófica.

e) Migraçoes de enguias. - A enguia ou eiró (Anguilla


anguilla), passa a maior parte da sua existência nas águas
doces e salobras. Fazem a dupla migração, isto é, migração
genética para o mar dos Sargaços e migração trófica para as
águas continentais.
CURIOSIDADES:

["Uma Pintarroxa, Scyliorhinus canícula, seláceo


pleurotremo, é frequente nas costas continentais de
Portugal."
"Num Cação, Scyliorhinus canícula, só o que se utiliza é a
pele e o óleo."
"Uma Tremelga ou tremedor, Seláceo hipotremo, tem nomes
vulgares pois aludem ao efeito do choque eléctrico produzido
no homem pelo peixe."
"O Leuciscus cephalus, um rabasco, peixe cipriniforme comum
nas águas doces da africa ocidental e Europa, representado
por subespécies e Portugal."
"Uma piranha-branca, Serrasalmus rhombeus, um peixe
ciriniforme do Brasil, é um parente próximo do Poygocentrus,
e é agressiva para os animais e o homem que atravessam os
rios."
"Um Glânio, Siluru glanis, conhecido como peixes-gatos da
Europa,
chega a atingir 4 metros de comprimento e o peso de 30
quilos."
"Os peixes siluriforme, são encontrados nas águas
continentais da India (Heteropneustes fossilis)."
"Um Electrophorus electricus, peixe gimnotídeos, é conhecido
no Brasil pelos nomes, entre outros, de enguia-eléctrica e
poraquê."
"A Enguia ou eiró, Anguilla anguilla, é um peixe ápode que
migra da Europa
para fazer a postura no mar dos Sargaços."
"O peixe ciprinodonte, Amblyopis spelacus, é cego e tem o
ânus e a papila urogenital situados nas vizinhanças das
câmaras branquiais. Vive na caverna Mammoth, dos Estados
Unidos da América."
"O peixe singnatiforme, Syngnathus acus, ou agulhinha,é
marinho
delgado e comprido, chega a medir 45 centímetros."
"O peixe-galo ou são-pedro, é frequente nas águas dePortugal
continental e da Madeira."
"Um peixe-palhaço (Amphiprion xanthurus), peixe perciforme
pomacantídeos,
oriundo da Indomalásia, onde vive nos recifes coraliários."
"Outro peixe Perciformes, o Cichlasoma facetum, é
vulgarmente conhecido
no Brasil por "acará-cascudo" e na Argentina por
"chanchito", nome pelo qual é designado em Portugal, onde se
aclimatou nos rios e valas."
"O peixe de água doce, peixe-trigo (Hydrocyon lineatus), é
particularmente apreciado pelos pescadores desportivos."
"Os cavalos-marinhos (Hippocampus) são de cor e tamanhos
diversos segunda as espécies."
"O Garoupa-preta ou mero, Epinephelus guazo (E. gigas), é um
peixe
que atinge 1,80 metros e é muito apreciado pelos pescadores
desportivos
subaquáticos, pela luta que lhes oferece depois de arpoado."
"Uma percas-trepadora é um peixe caracterizado por
permanecer muito tempo fora
de água, respirando o ar atmosférico."
"Um peixe, Espadim-negro do Indo-Pacífico, é célebre pelos
seus saltos aparatosos,
é considerado um dos mais possantes e velozes peixes do
mundo."
"Nos machos, Engana-gatas, Gasterosteus aculeatus, da Europa
e América do Norte,
se ocupa da construção do ninho e protecção dos ovos."
"O peixe-cofre, ostracion tricornis, é conhecido no Brasil
por baiacu-de-chifre; ocorrente no Atlântico tropical
chegando aos Açores."
"O Arenque, Clupea harengus, é o peixe de maior interesse
económico nos
países nórdicos, onde é consumido fresco, salgado ou
fumado."
"As enguias novas ou ângulas, são cilíndricas e
transparentes,
por isso são também chamadas enguias-de-vidro."]

ANEXO

Um pequeno resumo de: ANIMAIS VERTEBRADOS E


INVERTEBRADOS

Vertebrados

Esses animais têm algumas características comuns: possuem


coluna vertebral, crânio e sangue impulsionado pelo coração.
Trata-se de um grupo com animais bastante diferentes e
adaptados aos mais diversos ambientes, como rios, mares,
florestas, desertos, etc.
Por causa dessa grande diversidade, eles foram subdivididos
em grupos menores.

Peixes

Externamente, podemos observar que:Todos os peixes possuem


pele, quase sempre coberta de escamas. As escamas estão
distribuídas mais ou menos como as telhas de um telhado e
vão aumentando de tamanho a medida que o peixe cresce. Entre
as escamas existe uma substância viscosa que faz com que o
peixe deslize facilmente na água, auxiliando a locomoção do
animal. Quando você segura um peixe, pode notar que ele
escorrega de sua mão.
Todos os peixes têm nadadeiras. Elas são indispensáveis
à natação, que é o único meio de locomoção desses animais.

Os peixes são animais pecilotérmicos, isto é, a


temperatura de seu corpo varia com a do ambiente.

Anfíbios

Apesar de diferentes na aparência, esses animais apresentam


várias semelhanças:

Têm a pele húmida, sem escamas. A cobra-cega é uma excepção,


pois algumas espécies têm pequenas escamas sobre a pele;

Possuem dois pares de patas. A cobra-cega, porém, não


tem patas;
São ovíparos;
Sofrem metamorfoses;

Na fase de larva, respiram por brânquias; Quando se tornam


adultos, respiram por meio de pulmoes e através da pele;

Possuem aparelho digestivo em forma de tubo, que se


inicia na boca. A boca é bem larga, formando internamente
uma grande cavidade.
Répteis

Tem o corpo recoberto por uma pele seca e protegido por


escamas, placas ou carapaças;
Possuem cauda;
Em sua maioria, esses animais são carnívoros,
alimentando-se da carne de animais menores;

Possuem aparelho digestivo completo. O recto, última


porção do intestino, termina na cloaca;
Respiram por pulmoes, absorvendo oxigénio do ar atmosférico
e eliminando gás carbónico.
Os répteis possuem órgãos dos sentidos, que lhes permitem
ver, ouvir e sentir o gosto e o cheiro das coisas.
Como os anfíbios, também os répteis são pecilotérmicos:
a temperatura de seu corpo varia de acordo com a temperatura
ambiente.

AVES

Vejamos agora as características das aves.


Possuem bico. O tamanho e o formato do bico variam. Assim
como varia o tamanho e o formato do bico, varia também o
tipo de alimentação da ave. Umas catam sementes, outras
comem frutas, algumas pescam peixes para se alimentar,
outras ainda comem larvas de insectos.
Têm o corpo coberto de penas. A função das penas é proteger
o corpo da ave, evitar a perda de calor e permitir o voo.
As aves têm sentidos bastante desenvolvidos, principalmente
a visão e a audição. Com visão bastante aguçada, as aves
conseguem visualizar objectos em diferentes distâncias. Isso
é importante por causa das rápidas mudanças de posição da
ave em relação aos objectos durante o voo.
As aves têm ouvidos mais desenvolvidos que os dos
répteis. por isso, podem ouvir melhor.

MAMíFEROS

Você já viu um gatinho ou um cachorrinho recém-


nascidos? Ou um bezerro bem novinho? Qual é a principal
semelhança entre esses animais?
Todos mamam. As fêmeas possuem glândulas que produzem
leite para alimentar seus filhotes, por isso, são chamados
mamíferos.
Estes animais têm ainda outras semelhanças fáceis de
observar:
Seu corpo apresenta pêlos - la, cabelo, cerdas, crina - que
auxiliam na manutenção de sua temperatura.
São homotérmicos, isto é, a temperatura do corpo é
constante. Não varia com a do ambiente.
São vivíparos - os filhotes nascem do corpo de suas
maes com a forma definitiva.

Possuem dois pares de membros.

Invertebrados

São invertebrados todos os animais destituídos de


vértebras ou de qualquer tipo de esqueleto interno -
cartilaginoso ou ósseo - que funcione como estrutura para
seu corpo. Algumas formas, entretanto, possuem um esqueleto
externo que as sustenta e protege; outras, como os músculos,
possuem certa estrutura interna que não chega a constituir
um verdadeiro esqueleto.

InseCtos

É claro que você conhece muitos insectos. Eles existem


em todas as regioes do mundo, vivendo na terra, no ar e na
superfície da água.
O corpo destes invertebrados é coberto por um
exosqueleto e possui três partes bem definidas: cabeça,
tórax e abdómen. Todos têm um par de antenas e três pares de
patas. A maioria possui asas.
A cabeça apresenta:
Um par de antenas;
Um par de olhos compostos. Estes órgãos formam imagens; com
eles os insectos enxergam tudo com nitidez;

Olhos simples. Estes não formam imagens, mas permitem


distinguir o claro do escuro. Alguns insectos não possuem
olhos simples;
Aparelho bucal.
Agora vamos estudar o tórax. Nele existem:
Um ou dois pares de asas;
Três pares de patas. Alguns insectos, como os gafanhotos,
possuem patas traseiras maiores que as dianteiras. Por isso
podem saltar.
O abdómen é independente do tórax. Em seus lados encontram-
se orifícios, que fazem parte do sistema respiratório.

FIM do Quarto Volume

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