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4º volume
EQUINODERMES
(4º Volume)
1 - Asterídeos (estrelas-do-mar);
2 - Ofiurídeos (estrelas de braços finos);
3 - Equinídeos (ouriços);
4 - Holoturídeos (pepinos-do mar);
5 - Crinoídeos (lírios-do-mar).
Asterídeos
Equinídeos
Holoturídeos
Crinoídeos
CURIOSIDADES:
Vertebrados e Invertebrados
Distinçoes basilares
Protocordados
CURIOSIDADES:
CICLOSTOMOS
CURIOSIDADES:
PEIXES
Sseláceos
Holocéfalos
Osteíctos
A) Paleopterígios
Condrósteos
B) Neopterígos
Holósteos
Teleósteos
a) Isospôndilos ou Clupeiformes.
- Esta ordem e as seguintes, da subclasse dos Neopterígios,
constituem o grupo dos Teleóseos, que se caracterizam
principalmente pelas escamas estreitamente imbricadas. São
os mais numerosos e os mais comuns de todos os peixes.
Os Clupeídeos - sáveis, sardinhas, enchovas e savelhas. -
contrastam extraordinariamente com o número reduzido dos
Amiais e dos Lepisósteos, assim como a sua restrita zona de
distribuição. Conhecem-se, nos mares temperados e tropicais,
duzentos espécies, cujos cardumes nunca se afastam muito da
costa. Na alimentação, os Clupeídeos são da mais alta
importância. Cerca de dez bilioes destes peixes são
capturados anualmente para fins alimentares, número este que
representa um pouco menos de um por cento dos seus efectivos
totais. As diferentes espécies têm dimensoes que vão desde
apenas alguns centímetros até mais de dois metros, no
tarpão.
Os arenques (Clupea harengus) alimentam-se de plâncton e
calcula-se que eles engolem, ao fim de uma só refeição, mais
de 50 mil plantas e animálculos microscópicos. Por outro
lado, os arenques constituem o prato favorito de outros
peixes, nomeadamente o bacalhau e a cavala, assim como de
aves marinhas, de golfinhos e de certas baleias.
O salmão comum (Salmo salar) vive junto das costas do
Atlântico e sobe os rios da Europa e da América do Norte
para ir aí fazer a postura; nada contra a corrente e vence
mesmo, quando as encontra, cascatas e quedas de água. A
emigração dá-se na Primavera e no Verão, mas os ovos não são
postos antes do Outono.
Os jovens ficam na água doce durante um ou dois anos antes
de descerem até ao mar. Os salmoes variam consideravelmente
de cor e de aspecto segundo a idade, a estação e a
localização; daí a razão de serem conhecidos por nomes muito
diversos. Os recém-nascidos são chamados alevins; depois de
desaparecer o saco vitelino até ao momento de deixarem o
rio, denominam-se em inglês parrs, em francês tacon e em
espanhol pintos; nesta altura do seu desenvolvimento, são de
cor desmaiada e têm traços escuros característicos. Quando
descem para o mar, são conhecidos por smolts e apresentam
brilho metálico. Depois alimentam-se de arenques, de cavas e
de outros peixes semelhantes, crescem rapidamente e tomam o
nome de grilses. Após a desova, denominam-se kelts.
Emagrecidos, exaustos e cabeçudos, regressam novamente ao
mar.
A truta é-nos tão familiar como o salmão. Na Europa,
designa-se por este nome a truta do rio (Salmo trutta), que
é anádroma, isto é, que sobe os rios para neles fazer a
postura. No leste da América do Norte, é a truta-dos-
ribeiros (Salvelinus fontinalis) a mais vulgar, ao passo que
no oeste existem numerosas formas, entre as quais devemos
citar a truta-arcoíris (S. irideus) e outras. O nome "truta"
utiliza-se para designar toda uma gama de espécies, alguns
dos quais nem mesmo pertence à família dos Salmonídeos! [É o
caso da truta-brasileira (Crenicichla lacustris), também
conhecida por "joaninha", e que pertence a família dos
Ciclídeos.]
O salmão do Pacífico Norte pertence ao género Oncorhynchus,
de que existe seis espécies, das quais as mais importantes,
do ponto de vista alimentar, são o salmão da Califórnia ou
Quintana (O. tschawytscha) e o salmão-vermelho (O. nerka).
Sendo também marinhos a anádromos, distinguem-se do salmão
comum do Atlântico pelo facto de morrerem depois de terem
subido os rios e feito a postura. Alguns destes peixes, nas
suas migraçoes, nadam milhares de quilómetros para o
interior.
Os Osteoglossídeos da Austrália, da Africa e da América são
notáveis pelas grandes dimensoes das suas escamas. A
arapaíma-gigante ou pirarucu (Arapaima gigas), do Brasil e
da Guiana, pode atingir os 2,5 metros e é, sem dúvida, um
dos maiores peixes de água doce que se conhecem.
Os Mormirídeos apresentam muito pequenas diferenças de forma
entre si, sem dúvida, devido à especialização por que
passaram, em virtude do seu modo de nutrição muito peculiar.
Alguns têm o focinho para baixo em bico, de modo a formar
uma espécie de tromba, tubo comprido de que se servem para
capturar os pequenos animais escondidos debaixo das pedras.
Certos Mormirídeos, como o suio (Gymnarchus niloticus),
possuem um órgão eléctrico, de cada lado da cauda, capaz de
dar um pequeno choque. Algumas das espécies do Nilo eram
adoradas no antigo Egipto, e estão representadas nos seus
monumentos.
b) Haplomas.
- O lúcio (Esox licius é um pirata solitário. Dissimilado
entre os troncos dos caniços, espreita a presa e apodera-se
dela com a sua boca temível, armada de dentes aceradas e com
a mandíbula proeminente. As suas vítimas são: ras, peixes,
até mesmo os seus próprios congéneres, assim como também
aves aquáticas; chega, por vezes, a atacar o próprio homem.
Encontra-se em todas as regioes da Europa situadas ao Norte
da Itália e da América do Norte; pode atingir 1,20 metros e
chega a pesar 40 Quilos. Estas dimensoes são, no entanto,
ultrapassadas largamente pela espécie Esox masquinongy, da
região dos Grandes Lagos da América do Norte, que pode
atingir 2,50 metros e o peso de 50 quilos.
A sombra-da-vasa (Umbra limi) do vale do Mississipi, peixe
pequeno aparentado com as trutas, vive na vasa do fundo das
ribeiras e dos lagos de água fria. [A sua bexiga natatória
funciona como órgão auxiliar da respiração, recebendo ar
atmosférico.] Uma espécie semelhante, o peixe-cão (Umbrea
crmeri), vive na Austria e na Hungria. Um outro peixe deste
grupo, o peixe-preto, blackfish (Dallia pectoralis),
frequente nos rios e lagos da Sibéria e do Alasca, é notável
pela sua extraordinária vitalidade, visto que pode
sobreviver, depois de ter estado congelado durante várias
semanas seguidas. [Os Esocídeos, Umbríferos e Daliídeos
estão actualmente integrados na ordem dos Clupeiformes.]
c) Iniomas.
- Nesta ordem está agrupado um certo número de formas muito
diferentes de peixes, principalmente oceânicos, tais como os
peixes-largatos (Alepisaurus) dos mares tropicais, o pato-
do-bombaím (Harpodom), que, seco e salgado, é vendido sob
aquele nome, e os peixes-lanterna (Myctophum). Estes últimos
são peixes oceânicos, com reflexos prateados, munidos de
grandes olhos e de órgãos liumnescentes distribuídos de
diversas maneiras sobre a cabeça e o corpo.
Fora pequenos pormenores de anatomia interna que estas
formas têm de comum, o que principalmente os une são os seus
hábitos de grande voracidade.
[Os Alepisauróides e os Mictoforóides incluem-se na ordem
dos Clupeiformes.]
d) Liómeros.
- Os Liíomeros compreendem alguns dos peixes mais
extraordinários, e os mais bizarros que existem, entre
aqueles que se adaptaram à vida abissal, para lá da zona de
penetração da luz. Estes seres anguiliformes não têm senão
vestígios de olhos e, como o alimento lá em baixo é difícil
de apanhar, desenvolveu-se-lhes uma boca enorme, monstruosa,
e um estômago tão elástico que permite engolir peixes muito
maiores do que eles, ficando a vítima dobrada em dois dentro
do corpo do seu verdugo. Mas, em virtude de se alimentarem
às cegas, esta gula redonda, por vezes, em consequências
nefastas. [Correspondem à ordem dos Sacofaringiforme.]
e) Ostariofisários.
- Esta ordem contém a maioria dos peixes de água doce do
Mundo inteiro, tais como as carpas, piranhas, gimnotos e
ruivacas. Descendendo aparentemente de uma espécie de
arenque primitivo, passando, durante a sua evolução, por
mudanças estruturais surpreendentes, que lhes permitiram
adaptar-se às condiçoes mais variadas de vida.
O nome da ordem sublinha o carácter estrutural comum a todos
os seus representantes, ou seja, à cadeia de ossículos que
liga a bexiga natatória ao ouvido interno, e em que podem
ser detectadas não só as variaçoes de pressão da água, mas
também os sons ou os movimentos que se propagam na água.
Esta ordem foi subdividida em duas subordens: os
Ciprinóides, cuja cabeça é nua e tem o corpo coberto de
escamas imbricadas; e os Siluróides ou peixes-gatos, cujo
corpo é nu, coberto de escudaste ou de placas ósseas.
De entre os Ciprinóides destacam-se os Caracinóideos, que se
encontram em africa e na América do Sul; são representados,
principalmente, por duas espécies, notáveis pela sua
ferocidade. Uma delas é o peixe-tigre, Hydrocyon goliath, ao
qual os árabes da região do Nilo dão o nome de "cão-de-
água". Assemelha-se a um lúcio, mede cerca de 1,50 metros de
comprimento e tem as máxilas armadas com dentes pontiagudos.
Mas as célebres piranhas (Pygocentrus piraya e outras
espécies), da América do Sul, são mais terríveis ainda. São
peixes pequenos, mas robustos e enérgicos, com o ventre
carinado e denticulado, máxilas armadas de dentes
triangulares, afiados como navalhas. Qualquer animal que
tenha a infelicidade de cair em águas infestadas de piranhas
fica, apenas o esqueleto; o gosto ou, se se prefere, o
cheiro de sangue atrai às centenas estes lobos do rio.
A enguia-eléctrica ou gimnoto está estreitamente aparentada
com os Caracinídeos. O seu nome provém da existência, junto
da cauda, de órgãos eléctricos, sua descarga é
suficientemente possante para paralisar o homem mais forte.
Os Ciprinídeos, propriamente ditos, de que se conhecem mais
de 1500 espécies, são representados pela carpa, pelo
peixinho-vermelho dos lagos, a brema, a parelha, o barbo, o
caboz-de-água-doce, a tença, etc. Em todos eles não existem
dentes na boca, mas, na faringe, há placas ósseas com
pequenos dentes trituradores.
Os Siluróides ou peixes-gatos devem este nome aos numerosos
barbilhoes que lhes rodeiam a boca e lembram os bigodes do
gato. Nalgumas espécies, estes barbilhoes atingem um
comprimento considerável. Como vivem em geral na água
lodosa, os olhos degeneraram. Na maioria das espécies -
cerca de 1600 no seu total -, a parte anterior do dorso e as
barbatanas peitorais são protegidas por um forte espinho
constituindo vulgarmente uma arma temível, que pode infligir
feridas dolorosas retalhando a carne. O glânioi da Europa
(Siluruus glanis), que vive nos cursos de água a leste do
Reno, particularmente abundante no Danúbio, é um dos maiores
peixes de água doce: pode atingir de 3 metros e o peso de
cerca de 200 quilos. Uma das espécies africanas, o
sinodontes, tem o singular costume de nadar de costas
[Synodonbtis batensoda]. Por essa razão, a coloração
habitual do corpo é invertida: o ventre é mais escuro e o
dorso esbranquiçado.
[Os Ostariofisários correspondem à ordem dos Cipriniformes.]
f) Apodes.
- As enguias, da ordem dos Apodes, têm o corpo
serpentiforme, pois as barbatanas estão quase reduzidas ao
estado de vestígios. Vivem geralmente enterradas no lodo dos
cursos de água lentas ou, nas espécies marinhas, dentro dos
buracos das rochas ou ainda entre os corais. Em relação com
este modo de vida, nota-se a ausência de escamas ou, pelo
menos, uma ausência aparente de escamas, pois podem-se
encontrar vestígios destas inclusos na pele viscosa.
Quando o animal nada, o corpo é propulsionado por movimentos
sinuosos que o percorrem da cabeça à cauda. Encontra-se
enguias em todas as regioes tropicais e temperadas do Mundo.
As enguias, ou eirós, têm uma vida muito interessante. o seu
modo de reprodução foi desconhecido até uma época bastante
recente.
As enguias, quando atingem a maturidade, deixam a sua
ribeira e se dirigem para o mar. As da Europa (Anguilla
anguilla) vão desovar no Atlântico oeste das Bermudas, no
chamado mar dos Sargaços, até à profundidade de 1000 metros,
após o que morrem. Os ovos vêm à superfície, flutuam e,
desenvolvendo-se, dão origem às larvas leptocéfalas. Estas,
arrastadas pela corrente do Golfo, alimentam-se pelo caminho
e acabam por chegar às ribeiras que os pais abandonaram,
onde entram em cardumes sob a forma de pequenas enguias, com
o comprimento de 6 a 7 centímetros, que então se denominam
em francês por "civelle". [Angula lhe chamam os espanhóis,
nome perfeitamente integrável na língua portuguesa.]
Deslocam-se penosamente através dos rios, dos lagos e dos
pântanos, chegando mesmo a viajar de noite sobre a erva
húmida. A enguia de água doce americana (Anguilla rostrata)
abandona igualmente as ribeiras para se deslocar às águas
profundas do mar dos Sargaços, ao largo das Bermudas.
O congro (Conger conger) é o maior dos Apodes marinhos: as
fêmeas atingem por vezes 2,50 metros, ao passo que os machos
não ultrapassam nunca 60 centímetros. Uma tal desigualdade
de dimensoes observa-se também na enguia comum. As moreias
ou enguias-pintadas, que apresentam a pele enfeitada com
cores vivas, harmonizam-se perfeitamente com os seres que
vivem entre os recifes coraliários das águas tropicais e
subtropicais. Nenhum representante da família das enguias
atinge certamente a celebridade da Muraena helena do
Mediterrâneo e da costa portuguesa, que os antigos romanos
criavam, em grandes quantidades, dentro e recintos
especiais, e com as quais despendiam grandes somas de
dinheiro para que nada lhes faltasse. De tempos a tempos,
regalavam-nas com um festim, lançando na água o corpo de um
escravo.
[Enguias, congros e moreias constituem actualmente a ordem
dos Anguiliformes.]
g) Sinentognatas.
- Os peixes-agulhas (Belone belone) apresentam uma certa
semelhança com os Lepisósteos (ordem dos Ginglimodos),
embora não tenham com eles nenhum parentesco, nem mesmo
afastado, visto que estes últimos possuem uma robusta
armadura de placas ósseas esmaltadas, enquanto os primeiros
possuem escamas finas. Mas têm de comum a presença de um
bico alongado, armado de delicados dentes. Muito vorazes,
capturam as suas presas agitando a superfície das águas; e
as espécies de maiores dimensoes, que chegam a atingir o
comprimento de 1,50 m a 1,80 metros, podem ser perigosas
para o próprio homem. Têm uma estranha particularidade: as
suas espinhas são verdes.
Os meias-agulhas (Hemiramphus braseliensis), que se semelham
muito aos Belone e com eles são aparentados, diferem na
alimentação, pois são vegetarianos. Neles somente a máxila
inferior é alongada, donde o nome vulgar por que são
conhecidos. [No Brasil, chama-lhe agulha-branca-crioula.]
Nos peixes-voadores do género Exocoetus, as barbatanas
peitorais são extraordinariamente grandes, de modo a
formarem asas, e as barbatanas pélvicas são igualmente muito
desenvolvidas. Estas asas não servem verdadeiramente para
voar, mas somente para planar: a distância percorrida excede
raramente 150 metros. Quando o vento é forte, esses peixes
são, por vezes, precipitados sobre as cobertas dos navios. É
bom que se saiba que os voos têm por fim escapar a ataques
de inimigos que os atacam por baixo, e não para perseguir
presas, visto que o alimento é constituído por peixinhos e
pequenos crustáceos de superfície.
h) Ciprinodontes.
- Estes peixes são, em geral, de dimensoes pequenas, alguns
medem menos de 2 centímetros, outros atingem os 30
centímetros. Estão confinados às águas salobras e doces da
América tropical, da Europa meridional, da asia e da africa.
Alguns são vegetarianos, outros alimentam-se vorazmente de
larvas de insectos, especialmente de mosquitos, pelo que se
tornam extremamente úteis ao Homem, evitando a propagação da
malária, cujos agentes são transmitidos pelos mosquitos. A
introdução de peixes vivíparos, tais como o pequeno papa-
mosquito (Lebste recticulatus) dos Barbados e a gambúsia
(Gambusia affinis) das Filipinas, nas zonas de paludismo tem
operado maravilhas, dominando este flagelo. Entre os
Ciprinodontes maiores, devem citar-se os peixes-de-quatro-
olhos da América do Sul, Anableps tetrophthalmus [conhecido
no Brasil por tralhotos]. Na verdade, os dois olhos estão
divididos em duas partes: a porção inferior para a visão
subaquática, e a porção superior para a visão fora de água,
de modo que o peixe assim, pode ver seu alimento, quer este
se encontre à superfície, quer debaixo de água. Contrastando
com este, citemos o peixe-cego (Amblyopsis spelaeus), que se
encontra nas grutas e nos cursos de água subterrâneos dos
Estados Unidos da América. Como vive numa total obscuridade,
os seus olhos estão reduzidos a simples vestígios, enquanto
o corpo se apresenta completamente descorado pela ausência
de luz. A cabeça e o corpo têm cristas com papilas
extremamente sensíveis à vibraçoes, de modo que os
movimentos dos pequeninos seres de que o peixe se alimenta
podem ser detectados, o que lhes permite apanhá-los. [Os
Ciprinodontes constituem a ordem dos Ciprinodontiformes.]
i) Salmopercas.
- As salmopercas da América do Norte são peixes que não têm
mais de 15 centímetros de comprimento; alimentam-se de
insectos e de vermes, e compreendem, designadamente, entre
outros, o Sand-roller (Percopsis guttatus) dos Grandes
Lagos, e a Salmoperca do Orgon (Colimbia transmontana).
[Pertencem à ordem dos Percopsiformes.]
j) Anacantíneos.
- Os representantes da ordem dos Anacantíneos, como os
bacalhaus, as pescadas e espécies afins, constituem uma
grande parte das fontes alimentares do Mundo. Caracterizam-
se, em princípio, por apresentarem três barbatanas dorsais,
qualquer delas sem espinhos. A bexiga natatória não comunica
com a faringe, e as barbatanas pélvicas estão deslocadas
para a frente mesmo muito próximo das guelras, de modo que
se encontram bastante adiante das peitorais. Muitos possuem
um barbilho fino na parte inferior do focinho.
Quase todas as espécies são marinhas e habitam sobretudo os
mares temperados e árcticos do hemisfério boreal. Alguns, de
entre eles, adaptaram-se à vida abissal; uma única espécie
vive em águas doces euro-asiáticas, a barbota (Lota lota). É
mais alongada e mais cilíndrica do que o bacalhau, não tem
senão duas barbatanas dorsais, pois a terceira está fundida
com a que corresponde à barbatana caudal. Nos rios de
Inglaterra, de Durham a Norfolk, a barbota excede raramente
de 60 centímetros e não pesa mais de 1,5 quilos. Um espécime
de Trent, capturado há alguns anos, pesava, no entanto, 4
quilos. Este peso é duplicado no continente e atinge mesmo
os 15 quilos. no Reno e, nas regioes árcticas, a barbota
apresenta-se enorme: nas águas do Alasca, encontra-se
exemplares com o peso de 30 quilos. Uma espécie afim, a
barbota americana (L. maculosa), encontra-se na Nova
Inglaterra, nos Grandes Lagos e na parte setentrional da
América do Norte.
O bacalhau (Gadus callarias), o anon (G. luccius) e a
pescada branca (Merluccius merluccius) e a pescada negra (M.
senegalensis) são peixes de grande valor, do ponto de vista
alimentar; o bacalhau é mesmo o peixe comestível mais
importante do Mundo, abaixo do arenque. Além da carne, o
bacalhau fornece-nos o óleo de fígado de bacalhau, que
contém vitamina D, anti-raquítica. Extraordinariamente
prolífica, a fêmea do bacalhau pode pôr até nove milhoes de
ovos. Os peixes adultos atingem por vezes 1,20 metros de
comprimento e o peso de 50 quilos. Os ovos e os jovens
flutuam à superfície do mar, à mercê dos ventos, das vagas e
_ das hordas de peixes esfaimados. Assim, a mortalidade
infantil é extremamente elevada, e não mais de quatro ou
cinco, dos nove milhoes de descendentes chegam à maturidade.
[Os pescadores portugueses pescam bacalhau nos bancos da
Terra Nova desde os fins do século XV.]
Outros peixes, crustáceos, moluscos e vermes constituem o
alimento vulgar do bacalhau..
Um dos mais interessantes peixes do alto mar, pertencentes a
esta ordem, é o macruro ou peixes-rato (Malacocephalus
laevis), comum no Atlântico Norte e no Pacífico, a
umaprofundidade de 200 a 4700 metros. Tem o corpo comprido e
afilado, terminando em ponta, mas sem barbatana caudal. os
olhos são muito grandes e a cabeça estranhamente modelada:
termina por um longo focinho, pontiagudo, que se sobrepoe à
boca, de lábio inferior saliente. As escamas são duras e
espinhosas. [A ordem é actualmente designada por Gdiformes;
abrange além dos peixes mencionados, das famílias dos
Gadídeos e Macrurídeos, as dos Muraenolepídeos e dos
Morídeos.]
k) Alotriognatas.
- O peixe-cravo (Lampris luna) não se deve confundir com o
peixe-lua; pesa entre 250 e 300 quilos e tem cerca de 2
metros de comprimento e quase outro tanto de altura. O
ventre tem contorno semicircular. A pele é desprovida de
escamas, e a boca, pequena, sem dentes. O dorso é azul-aço,
com reflexos dourados e violeta ao lado, vermelho-rosado no
ventre, e este efeito é ainda ampliado pela presença de
manchas circulares prateadas, assim como pelo vermelhão das
máxilas e das barbatanas. As peitorais são longas e
estreitas, dispostas quase verticalmente. As pélvicas são
também muito compridas e largas. É um peixe de superfície,
que nada lentamente e se alimenta, principalmente, de peixes
jovens, de chocos e de crustáceos. A sua carne é vermelha
como a do salmão, tenra, oleosa, de sabor excelente e
delicado. Frequenta as águas mais quentes do Atlântico e do
Pacífico, mas, arrastado por correntes fortes, por vezes dá
à costa em praias longínquas da Gra-Bretanha, da Noruega, da
Terra Nova e do Japão.
O regaleco (Regalecus) e o prateado (Trachypterus), que lhe
são aparentados, têm o corpo comprido, serpentiforme. A sua
fragilidade é extrema. Excessivamente raros, não são, em
geral, conhecidos senão através de espécimes encontrados
mortos ou agonizantes à superfície do mar ou nas praias. É
evidente que vivem normalmente a grandes profundidades, pois
o corpo não tem escamas e o esqueleto é de uma maliabilidade
notável.
O traquíptero (Trachypterus), peixe listrado dos abismos,
com o comprimento de 1 a 1,20, é quase tão delgado como uma
lâmina de barbear e de cor prateada. Como no regaleco, a
primeira barbatana dorsal eleva-se no cimo da cabeça, e
atrás dela encontra uma longa barbatana curva que se
prolonga até à base da cauda. A barbatana cardal não se
parece com a de nenhum outro peixe, visto que se eleva quase
perpendicular ao eixo do corpo; as barbatanas pélvicas estão
reduzidas a leves vestígios. Mas, durante o desenvolvimento
larvar, o traquíptero apresenta um aspecto ainda mais
notável. Nos estados mais jovens, a primeira barbatana
dorsal é formada por uma série de raios filamentosos de
comprimento desmedido, muito maiores do que o corpo; e o
mesmo sucede com as barbatanas pélvicas: a cauda é lombada e
tem, na base, uma longa e delgada bandeirola. No segundo
estado, a barbatana dorsal já adquiriu quase a forma que
possui no adulto: as pélvicas são compridas, bastante largas
e triangulares, ao passo que a caudal, voltada para cima, é
relativamente muito maior e mais bem desenvolvida do que no
adulto.
O regaleco (Regalecus glesnei) tem o corpo semelhante ao do
traquíptero, mas mede mais de 6 metros de comprimento! A
primeira barbatana dorsal deste peixe é constituído por um
grande número de varetas longas e frágeis, viradas para
trás, e terminando todas por um pequeno galhardete vermelho;
mas a segunda dorsal é menos desenvolvida do que nos
traquípteros. As barbatanas pélvicas tomam a forma de um par
de compridos filamentos flexíveis, dilatados na extremidade
como remos, e a cardal é reduzida a três compridos raios. Um
regaleco que foi visto a nadar à superfície do mar, com os
seus movimentos ondulatórios, chegou a ser descrito como
tendo cabeça de cavalo, ornamentado com crina de um vermelho
rutilante! [Os peixes mencionados, com outros fins,
constituem a ordem dos Lampridiformes.]
l) Soleníctios.
- Estes peixes têm o focinho alongado e tubular, terminado
por boca pequena, em geral privada de dentes, pela qual o
alimento é aspirado juntamente com a água enviada às
brânquias para fins respiratórios. Encontram-se próximo às
margens, em todas as águas tropicais e temperadas; alguns
penetram nos rios. O corpo está encerrado numa armadura
óssea.
No boca-de-flauta (Fistularia tabaccaria), também chamado
limpa-cachimbos, e no trombeteiro (Macrorhamphosus scolopax)
ou galinhola-do-mar, a boca fica situada na extremidade
de um tubo longo. O corpo tem uma parte encerrada em escamas
grosseiras e outra parte em placas ósseas, formada pela
fusão destas escamas. A primeira barbatana dorsal tem o
aspecto de um grande espinho dentado e está colocada muito
atrás; a segunda, constituída por raios ósseos triangulares,
está logo a seguir. As barbatanas pélvicas reduzem-se a
leves vestígios. Este grupo estende-se pelo Atlântico,
Mediterrâneo e Indo-Pacífico. Os Anfisilas (Amphisile)
sofreram uma transformação ainda mais radical. O dorso é
estreito, mas o ventre ainda o é mais, quase tão delgado
como uma lâmina de faca. Uma fina armadura de placas ósseas
cobre todo o corpo. A posição das barbatanas é diferente da
que se encontra em qualquer outro peixe. Assim, a primeira
barbatana dorsal tem a forma de um espinho comprido e
robusto, constituindo a ponta extrema do corpo, e a segunda
encontra-se imediatamente pela parte de baixo deste espinho
e dirigida para trás, ao passo que a cardal se situa adiante
da segunda dorsal e é dirigida igualmente para baixo.
Na sua maneira de nadar, este peixe move-se, em regra, com o
corpo inclinado verticalmente e o focinho apontado para
cima. As vezes, inverte esta posição e nada de cabeça para
baixo. Menos frequente, também nada como os outros peixes,
com o corpo em posição horizontal
As marinhas ou agulhinhas (exemplo: Syngnathus avus) têm o
corpo longo e cilíndrico, com uma só barbatana dorsal,
situada para lá do meio do dorso, e a barbatana caudal muito
reduzida. Por vibraçoes extremamente rápidas da barbatana
dorsal, o corpo é propulsionado na água, em posição
semavertical. Quando repousam entre os sargaços, com o corpo
levantado e a cauda presa à base das algas, as marinhas
confundem-se com essas plantas marítimas. Alimentam-se
principalmente de copépodes. Qualquer pequeno objecto em
movimento é examinado cuidadosamente por elas e, se lhes
parece tentador, engolem-no imediatamente, fazendo movimento
rápido do focinho, combinado com uma sucção da estreita
boca. Os cuidados com a prole são confiados ao macho.
Em alguns peixes deste grupo (Entelurus aequoreus e Nerophis
lumbricoides), os ovos são simplesmente colados sob o corpo
por meio de uma secreção da pele do ventre, mas noutros
(Syngnatus acus e Syphomostoma typhle) existem pregas
cutâneas de ambos os lados do ventre, que formam uma bolsa
incubadora dos ovos (marsúpio), donde, mais tarde, os jovens
se libertam. Nos cavalos-marinhos (Hippocompus hippocampus e
outros), que são próximos parentes dos precedentes (ãos
quais se atribui esta designação também), este modo de
incubação é ainda mais complexo. Neles, a bolsa incubadora
forma-se na base da cauda do macho, e os embrioes são
alimentados por substâncias que passam do corpo para o
marsúpio.
Nos cavalos-marinhos, a cauda é preênsil e serve-lhes para
se enrolarem em volta de hastes de algas e outros objectos,
de modo que o corpo fica fortemente preso. Tal como nas
marinhas, o corpo mantém-se verticalmente e é propulsionado
na água pela barbatana dorsal, que serve de hélices. O mais
notável de todos os cavalos-marinhos é o dragão-do-mar-
australiano (Phyllopteryx eque), no qual longos filamentos
cutâneos ondulados saem da cabeça, de todo dorso, da cauda e
do ventre. Estas fitas de pele produzem uma camuflagem
perfeita, quando estes peixes repousam entre as algas
arborescentes; a sua presença só por acaso se nota. [Os
Soleníctios estão actualmente por duas ordens:
Aulostomiformes (Aulostoma, Fistularia, Macrorhamphosus,
etc.) e Singnatiformes (Syngnathus, Hippocampus, etc)]
m) Bericiformes.
- Os peixes desta ordem distinguem-se pelo grande número de
raios que apresentam nas barbatanas pélvicas. São os
representantes actuais de um grupo antigo, do Cretácico
superior. Estão também estreitamente aparentados com os
peixes de raios espinhosos (Acantopterígios), os mais
conhecidos são os imperadores [Beryx splendens e B.
decadactylus, ambos de corpo alto, maior do que a cabeça na
segunda espécie], que frequentam as águas profundas das
zonas quentes do Atlântico, onde são habitualmente pescados
com linhas muito compridas, ao longo da Madeira. Quando
vivos, são de cor branco-prateado e o dorso violeta; mas,
depois de mortos, ficam completamente vermelhos. [Pescam-se
também na costa continental portuguesa.]
Num curioso pequeno peixe, pinha-do-japão (Monocentris),
estreitamente aparentado com os Beryx, as escamas formam
rígidas placas ósseas, encerrando o corpo como que numa
caixa. Mais estranho ainda é o Anomalops do arquipélago
Malaio, que, por baixo de cada olho, possui um grande órgão
luminoso, instalado sobre uma espécie de charneira, cujos
movimentos lhe permitem ocultar-se numa cavidade subocular
adequada.
n) Zeomorfos.
- Os peixes-galos (Zeus faber e outros) constituem a ordem
dos Zeomorfos, também chamada Zeiformes. São de corpo muito
comprido lateralmente, de modo que, quando se apresentam de
frente, mal se vêem. Para se alimentarem, alongam e
salientam de repente as máxilas, formando um grande tubo
através do qual o alimento é aspirado. [As fêmeas, no máximo
da sua idade (cerca de 12 anos) têm o comprimento de 65
centímetros e o peso de 5 quilos.]
o) Percomorfos.
- Esta ordem, também chamada Percoformes, compreende
numerosas famílias (mais de setenta)
Apenas algumas dessas famílias se encontram em água doce
(Ciclídeos, Percídeos, Anabantídeos), pois na sua maior
parte são marinhos. aos Serranídeos pertencem as garoupas-
marinhas (Epinephelus e Mycteropeca) da Flórida, das Indias
Ocidentais e da América, os meros e garoupas portuguesas, os
"groupers" como lhe chamam os Americanos; atingem um
comprimento de 60 a 90 centímetros e mesmo, no caso de
Epinephelus, 1,80 metros. O famoso mero dos provençais é o
Epinephelus gigas. Estes peixes são notáveis pela mudança de
cor, extraordinariamente rápida, que se manifesta quando se
encontram entre os recifes coraliários. Manchas brilhantes,
malhas, listas flamejantes que aparecem no espaço de alguns
segundos, de tal modo que as espécimes se confundem
absolutamente com os meios. O maior de todos, a garoupa
negra (Mycteroperca bonaci) que se encontra desde a Carolina
ao Brasil [onde é conhecida por badejo-ferro, badejo-
preto ou serigado-preto], pode atingir um peso
extraordinariamente elevado.
Os Quetodonídeos são notáveis pela sua tão viva e, por
vezes, bizarra coloração. É o caso das borboletas-do-mar
(Chaetodon), peixes dos recifes coraliários, que se enfeitam
com uma indescritível variedade de amarelos vivos, dos
vermelhos e de azuis, estriados de branco e de negro. Estes
peixes-borboletas possuem boca pequena, tubular, guarnecida
de dentes finos, dispostos em escova, de que se servem para
explorar os buracos e as fendas dos maciços de coral e aí
descobrirem vermes e crustáceos de que se alimentam.
Os Pomacantídeos ou peixes-anjos, são também brilhantemente
coloridos e vivem igualmente entre os recifes coraliários.
Um deles, Amphiprion percula, de cor violeta brilhante,
zebrada de azul, instala-se em simbiose com anémonas-do-mar
dos recifes coraliários da Indo-Malásia. De vez em quando,
sai e nada na vizinhança do seu hospedeiro, aparentemente
para chamar a atenção e ser perseguido por peixes carnívoros
de maiores dimensoes. Quando é seguido, refugia-se
imediatamente na enorme boca da anémona e são imediatamente
paralisados pelos fortes órgãos urticantes. A anémona e o
peixe-engodo" partilham entre si os despojos.
Os Carangídeos são representados por diversas espécies,
entre as quais o carapau ou chicharro branco (Trachurus
trachurus), que vive nas águas quentes do Atlântico e do
Mediterrâneo. A enchova (Pomatomus saltatrix) é um dos
peixes mais vorazes e mais destruidores. Enormes cardumes
destas enchovas perseguem outros peixes mais vorazes e mais
destruidores. Enormes cardumes destas enchovas perseguem
outros peixes quase do seu tamanho, despedaçam-nos e deixam
atrás de si uma pista sangrenta de pedaços retalhados dos
corpos das suas vítimas.
Os Labrídeos, que, pelo seu aspecto, lembram as garoupas-
marinhas americanas, têm um modo muito interessante de se
alimentar. A sua boca pequena, de lábios espessos, está
armada com fortes dentes cónicos, e ainda de outros em forma
de losângulo, espalhados pela superfície inferior da
faringe, de que o animal se serve para partir os caranguejos
e as conchas dos moluscos, seu alimento. Existem muitas
espécies de Labrus, com os nomes vulgares de bodioes,
trutas-da-costa, canários, etc., em todos os mares tropicais
e nas regioes mais temperadas dos dois lados do Atlântico
Norte. Muitas das espécies tropicais apresentam cores vivas,
subretudo na época da reprodução. os indivíduos dos dois
sexos, frequentemente coloridos de modo diferente, unem os
seus esforços para construir os ninhos, feitos de algas e de
detritos de conchas.
Os Escarídeos ou peixes-papagaios (exemplo: Callyodon
hoefleri) devem seu nome vulgar à grande semelhança que a
boca apresenta com o bico de papagaio. Os Escarídeos estão
estreitamente aparentados com os Labrus. Habitam os recifes
coraliários dos mares tropicais em competição com os
Chaetodon e outros; como eles, são ornamentados com cores
vivas e têm a faculdade de mudar de cor com extraordinária
rapidez, harmonizando-se com o ambiente. A superfície
exterior do seu "bico" é eriçada de pequenos dentes, que
aparentemente servem para partir bocados de algas que depois
serão reduzidos a migalhas pelos dentes farígeos, tal como
fazem os Lobrus.
[Os achigas, Huro salmoides, por exemplo, e outros géneros e
espécies representam a família dos Centrarquídeos
(Centrarchidae). A espécie mencionada e Micropterus
dolomieui têm interesse para a piscicultura e para a pesca
desportiva.]
Os Percídeos, que têm como exemplos típicos a perca dos
ribeiros da Europa (Perca fluviatilis) e da América do Norte
(Perca flavescens), são aparentados com os Serranídeos. Em
africa, nas Américas Central e do Sul, estão substituídos
por numerosas espécies de Ciclídeos (Cromídeos). Algumas
espécies são vegetarianas, outras carnívoras. Nalgumas
delas, desenvolvem-se uma bossa na cabeça do macho, na época
da reprodução. Certas espécies, como a Tilapia galilea,
manifestam um desassossego singular nas proximidades da
postura; a fêmea transporta os ovos e, mais tarde, os jovens
na boca [particularidade comum à Tilapia moçambica].
Os Trquinídeos e Uranoscopídeos são conhecidos por peixes-
aranhas e aranhiços. Por exemplo, Trachinus vipera é, como
os seus congéneres, uma espécie que se deve evitar, pois o
opérculo branquial está armado de um espinho robusto com um
sulco escavado, através do qual corre um veneno muito
activo; e, além disso, os fortes espinhos da barbatana
dorsal são igualmente venenosos. O costume que têm de
enterrar meio corpo na areia para espiar os peixinhos e os
camaroes de que se alimentam constitui um perigo para os
banhistas imprudentes, pois pisar com os pés descalços sobre
um destes peixes pode ter efeitos dolorosos, por vezes. Os
representantes da família dos Uranoscopídeos, também
chamados aranhiços como o Uranoscopus scaber, não são
inoculadores de veneno. Vivem igualmente enterrados na areia
e, nalgumas espécies, existe um apêndice vermiforme,
retráctil, situado no ângulo interno da sínfise mandibular,
que o peixe deixa sair da boca, e parece ser destinado a
servir de isco para atrair os pequenos peixes de que se
alimenta.
Os Anabantídeos ou Labirínticos, que possuem órgão
respiratório suplementar em roseira, instalado numa cavidade
por cimas das brânquias, e bastante vascularizado, vivem nas
águas doces e salobras da asia e da africa tropical. O mais
conhecido é a perca-trepadora (Anabas testudineus), que pode
deixar a água durante períodos relativamente longos e
arrasta-se na terra com a ajuda dos espinhos dos opérculos
branquiais e da barbatana anal. O peixe-do-paraíso
(Macropodus opercularis), do Extremo Oriente, é um dos mais
apreciados peixes de aquário. Medindo cerca de 8
centímetros, possui barbatanas de um tamanho insólito; é
maravilhosamente colorido e constrói estranhos ninhos de uma
espécie de baba que lhe sai da boca. O gorami (Osphronemus
olfax), da China e da Malásia, aparentado com o antecedente,
pode pesar cerca de 10 quilos; é muito cultivado nos países
tropicais e a sua carne extraordinariamente apreciada nessas
regioes.
O combatente-do-sião (Betta splendens), que mede apenas 6
centímetros, é uma outra espécie muito bela. Os machos são
muito agressivos, maiores e de coloração mais viva do que as
fêmeas; na época dos amores, travam entre si lutas cruéis.
São criados pelos siameses e pelos malaios, que os poem
frente a frente, em combates singulares, apostando grandes
quantias pelo seu preferido.
Os Ofiocefalídeos ou cabeças-de-serpente (Ophiocephalus),
conhecidos em Hawai e na Califórnia por " peixes-chineses",
são peixes carnívoros que vivem nos rios da africa e da asia
meridional. Podem, tal como a perca-trepadora, viver fora da
água, apesar de não possuírem, como aquela, um órgão
respiratório labiríntico. Contudo, são capazes de se
internar por terra firme, deslocando-se por movimentos de
contorção. Durante os períodos de longas secas, estão
enterrados profundamente na lama, onde se mantêm num estado
de torpor até que as curvas encham novamente os charcos e
ribeiras.
Os Mugilídeos, tainhas ou fataças (Muggil), têm grandes
escamas bem visíveis. A boca é pequena e os dentes estão
reduzidos a uma franja de seda. Alimentam-se de seres
minúsculos, engolindo a vasa para dela retirarem a matéria
orgânica em decomposição que contém. Na boca têm uma fina
peneira que impede o lodo de obstruir as brânquias. Estes
peixes penetram, por vezes, grandes cardumes, nos estuários
dos rios, subindo pela água doce, onde são capturados por
meios de redes, pois constituem alimento muito apreciado e
atingem mais de 50 centímetros de comprimento.
Os Esfirenídeos, barracudas ou bicuda (Sphyraena),
contrastam da maneira mais flagrante com as tainhas, pois
estes peixes ferozes, com a sua cabeça de lúcio [diz-se,
parece que sem provas fidignas]. Alguns chegam a atingir o
comprimento de 2,50 metros. [ Os Mugilídeos, Esfirenídeos e
Aterinídeos constituem a ordem dos Mugiliformes, destacada
dos Perciformes.]
Os Polinemídeos têm os raios inferiores das barbatanas
peitorais transformados em longos filamentos, que lhes
servem para remexer a vasa. O focinho é rombo e proeminente,
por cima da boca, Algumas espécies ultrapassam 1,80 metros e
tem grande valor económico. [Esta ordem é a única da ordem
dos Polinemiformes.]
Os Triquiurídeos, caudas-de-cavalo o peixe-espada-lírio
(Trichiurus) e os peixes-espada-branco (lepidopus) são, em
geral, compridos lateralmente e alongados; o focinho é um
bico e a boca está armada com terríveis dentes. Activos e
vorazes, vivem a maior parte da sua vida no alto-mar. As
espécies de superfície são prateadas, as de profundidades
violetas ou negras. Nos peixes-espadas-brancos (Lepidopus
caudatus), a barbatana caudal é bifurcada, mas no peixe-
espada-lírio (Trichiurus lepturus), dos mares temperados e
tropicais, esta barbatana falta e a cauda afila-se
inteiramente. Parecem ser muito sensíveis ao frio.
Na Nova Zelândia, chamam-lhes frost-fish (peixe-de-gelo),
porque, nas noites frias, dão à costa, em estado comatoso e
às centenas nas praias.
aos Quiasmodontídeos pertence um dos peixes mais
extraordinários, ao qual os Anglo-Saxoes apelidam de great
swallower, o grande glutão (Chiasmodon niger). Este pequeno
peixe, negro de azeviche, possui longos dentes inclinados,
semelhantes a agulhas, e estômago em forma de saco,
extraordinariamente extensível, o que lhe permite engolir
outros peixes com várias vezes o seu próprio tamanho. É um
dos animais mais vorazes das profundidades abissais, onde a
luz solar não penetra nunca. [Representa, com os géneros
afins, Dysalotus e Pseudoscopelus, todos batipelágicos, a
subordem dos Chiassmodontóides, da ordem dos Perciformes.]
os escombrídeos compreendem não somente as diversas espécies
de cavalas (Scomber), como também peixes enormes, como o
Atum (Thunnus) e o espadarte (Xiphias), todos eles animais
de grande velocidade.
A sarda e a cavala, respectivamente, Scomber scombrus e S.
japonicus (S. colias) são peixes comestíveis muito
apreciados e de grande valor económico. Medem à volta de 25
a 50 centímetros, atingindo mesmo 60 centímetros a segunda
espécie. Vivem no alto mar, durante a maior parte do ano,
aproximando-se da costa para se reproduzirem.
O atum (Thunnus thynnus) tem, no seu conjunto, o mesmo
aspecto exterior e o mesmo corpo fusiforme que a cavala.
Encontra-se em todos os mares quentes do Mundo; atinge o
comprimento de 3 metros e o peso de 750 quilos. As suas
longas migraçoes não estão ainda inteiramente explicadas. O
espadarte e os espadins, aparentados com o atum, podem
atingir o comprimento de 6 metros. São os mais rápidos de
todos os nadadores. Neles o hidrodinamismo atinge o mais
elevado grau, pois o focinho termina por uma espécie de
espada que ultrapassa consideravelmente as máxilas
inferiores. Como as cavalas, a barbatana dorsal, enorme nos
veleiros, assim como as longas e leves barbatanas pélvicas,
podem ser escondidas num sulco profundo, de modo a não
oferecer resistência que dificulte a velocidade, enquanto
que, de cada lado do corpo, na base da cauda, existem umas
expansoes laterais que dão maior solidez ao corpo do animal,
quando este vai lançado a toda velocidade. Nos espadins
(Tetrapturus e Makaira) e no veleiro (Istiophorus
americanus), a espada é cilíndrica e muito mais curta do que
no espadarte (Xiphias gladius). No veleiro, a primeira
barbatana dorsal, muito grande, é, por vezes, mantida fora
de água, servindo de velas, quando o peixe deriva a
superfície. [ Os Escombrídeos constituem a subordem
Escombróides, da ordem Perciformes.]
Os góbios ou cabozes compreendem um certo número de espécies
em que as barbatanas pélvicas estão unidas de tal modo que
formam um disco a servir de ventosas, o que permite a estes
peixes prender-se às rochas ou às pedras, ficando seguros e
podendo lutar contra os movimentos das ondas. Posto que
algumas espécies atinjam o comprimento de 90 centímetros, a
maior parte é de pequenas dimensoes: Pandaka pyhmaea, que só
se encontra em Malabon, nas ilhas Filipinas, tem o mesmo
privilégio de ser o mais pequeno de todos os Vertebrados,
pois o macho não chega a atingir um centímetro de
comprimento. O estranho saltão ou perioftalmo (Periophthamus
koelreuteri), que vive nos mangais dos trópicos, deixa a
água, na maré baixa, e passeia pela praia procurando
alimento. A barbatana peitoral está transformada numa
espécie de braço que pode mover-se para a frente e para
trás; os olhos estão muito próximos um do outro, no alto da
cabeça, e podem virar-se em todas as direcçoes. Muito
diferente é o góbio-cego (Typhlogobius californiensis), cor-
de-rosa-pálido, das grutas da Califórnia; vive fixado na
parte inferior das rochas e nos buracos ou fendas, para onde
sobe de modo semelhante ao das lesmas. Nos jovens, os olhos,
embora pequenos, são funcionais.
As marachombas (ex: Blennius pholis) e os peixes-diabos
(Blennius tentacularis), que são estreitamente aparentados
com os precedentes, compreendem cerca de quinhentas espécies
que não têm nada de particularmente interessante. Os peixes
pequenos do género Ferasfer, têm o estranho hábito de viver
no interior de certas holotúrias. [Os góbios e peixes afins
mencionados, da ordem Perciformes, exceptuando-se os
Fierasfer (F. acus e F. dentatus) do Mediterrâneo, família
Fierasferidae, que, com outras famílias, Brotulidae e
Ophidiidae, constituem a subordem Ofidióides.]
COANICTIOS
Grossopterígios
Dipneustas
Os peixes pulmonados actuais ou os seus ancestrais, que
remotam aos períodos geológicos mais afastados, devem ser
considerados Crossopterígeos evoluídos. Os zoólogos vêem
nestes animais o indício do modo como se pôde efectuar a
passagem dos Vertebrados estritamente aquáticos até às
formas terrestres: com efeito, os Dipneustas substituem a
respiração das brânquias pela dos pulmoes, que não são mais
do que bexigas natatórias modificadas. O Ceratodo ou
barramunda (Neoceratodus forsteri) da Queenslândia
(Austrália), tem corpo coberto de grandes escamas. Mede até
1,50 metros e necessita de subir à superfície para sorver ar
atmosférico, quando, durante a estação quente, a água se
turva demasiadamente. Em tais circunstâncias, a respiração
pulmonar é de importância vital. O Protóptero da Africa
(Protopterus annesctens) e o Lepidosirena da América do Sul
(Lepidosiren paradoxa) têm o corpo quase anguiliformes,
coberto de pequenas escamas embutidas na pele, e são dotados
de longas barbatanas. filamentosas. A respiração faz-se, nos
diversos estados larvares, por meio de brânquias plumosas,
externas, que mais tarde são substituídas por brânquias
internas. Os Protópteros e os Lepidossirenes são capazes de
suportar longos períodos de seca, e enterram-se no lodo,
antes de a água desaparecer completamente. O Protóptero
segrega uma grande quantidade de muco através da pele, que,
misturando-se como o lodo, forma um casulo duro, no interior
do qual o animal fica num estado de torpor até a nova
estação das chuvas. O Lepidosirene esconde-se igualmente no
lodo durante o período de seca, mantendo a entrada da sua
toca fechada por uma cobertura porosa através da qual pode
passar o ar. Na época da reprodução, o macho apresenta um
certo número de filamentos ricamente vascularizados, na base
das barbatanas pélvicas. Estes filamentos, muito
provavelmente, servem como órgão acessório da respiração.
ANEXO
Vertebrados
Peixes
Anfíbios
AVES
MAMíFEROS
Invertebrados
InseCtos