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Canção do Exílio Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;


Minha terra tem palmeiras,
Minha mãe de saudades morreria
Onde canta o Sabiá;
Se eu morresse amanhã!
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Nosso céu tem mais estrelas, Eu perdera chorando essas coroas
Nossas várzeas têm mais flores, Se eu morresse amanhã!
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Em cismar, sozinho, à noite, Não me batera tanto amor no peito
Mais prazer eu encontro lá; Se eu morresse amanhã!
Minha terra tem palmeiras,
Mas essa dor da vida que devora
Onde canta o Sabiá.
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
- Gonçalves Dias Se eu morresse amanhã!
- Alvares de Azevedo
I-Juca Pirama
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi: Navio Negreiro
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci; Era um sonho dantesco... o tombadilho
Guerreiros, descendo Que das luzernas avermelha o brilho.
Da tribo tupi. Em sangue a se banhar.
Da tribo pujante, Tinir de ferros... estalar de açoite...
Que agora anda errante Legiões de homens negros como a noite,
Por fado inconstante, Horrendos a dançar...
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte, E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
Sou filho do Norte; E da ronda fantástica a serpente
Meu canto de morte, Faz doudas espirais...
Guerreiros, ouvi. Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
- Gonçalves Dias E ri-se Satanás!... (...)

Meus oitos anos Existe um povo que a bandeira empresta


P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
Oh! que saudades que tenho E deixa-a transformar-se nessa festa
Da aurora da minha vida, Em manto impuro de bacante fria!...
Da minha infância querida Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é
Que os anos não trazem mais! esta,
Que amor, que sonhos, que flores, Que impudente na gávea tripudia?
Naquelas tardes fagueiras Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
À sombra das bananeiras, Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Debaixo dos laranjais!
Em vez das mágoas de agora, Auriverde pendão de minha terra,
Eu tinha nessas delícias Que a brisa do Brasil beija e balança,
De minha mãe as carícias Estandarte que a luz do sol encerra
E beijos de minhã irmã! E as promessas divinas da esperança...
Livre filho das montanhas, Tu que, da liberdade após a guerra,
Eu ia bem satisfeito, Foste hasteado dos heróis na lança
Da camisa aberta o peito, Antes te houvessem roto na batalha,
— Pés descalços, braços nus Que servires a um povo de mortalha!... (...)
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras, - Castro Alves
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis! Boa Noite
- Casimiro de Abreu
Se eu morresse amanhã Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde... Apontando o caminho ao pegureiro.
Não me apertes assim contra teu seio. (...) Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
Lambe voluptuosa os teus contornos... O povir de teu pai! — Ah! no entanto,
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Ao doudo afago de meus lábios mornos. Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, — caíste! — Crença, já não vives!
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento, - Fagundes Varella
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento! Senhora

- Castro Alves A moça com o talhe languidamente recostado


no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os
As minas de Prata olhos coalhados em uma ternura maviosa,
escutava as falas de seu marido; toda ela se
embebia dos eflúvios de amor, de que ele a
Tímida em face da sociedade, corando com um
repassava com a palavra ardente, o olhar
olhar, estremecendo com a farfalha da seda de
rendido e o gesto apaixonado. (...)
suas próprias vestes, desmaiando ao menor
choque, de repente essa criatura frágil e A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco
nervosa tira de seu coração a energia da rispidez e aspereza do sentimento que lhe
necessária para lutar com o mundo, o defender sublevava o seio e que parecia ringir-lhe nos
contra todas e contra tudo o homem a quem lábios como aço.
ama.

A menina esquiva, que não tem a coragem — Representamos uma comédia, na qual
sequer de sorrir á seu amante, receando ambos desempenhamos o nosso papel com
mostrar nos lábios o segredo de sua alma ; perícia consumada. Podemos ter esse orgulho,
breve, já é capaz de todos os sacrifícios para que os melhores atores não nos excederiam.
proteger na desgraça escolhido de seu Mas é tempo de pôr termo a esta cruel
coração. (...) mistificação com que nos estamos
escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos
Os cavaleiros apeando foram cortejar as na realidade por mais triste que ela seja; e
damas, e depois mudar de roupas e armas resigne-se cada um ao que é: eu, uma mulher
para as novas justas ; formaram-se os círculos traída; o senhor, um homem vendido.
de conversação, onde se discutiam os feitos
dos diversos campeões, a graça com que uns - José de Alencar
meneavam seu ginete, o garbo com que outros
traziam a lança.

- José de Alencar

Memórias de um Sargento de Milícias


Cântico do Calvário

Eras na vida a pomba predileta Era no tempo do rei.


Que sobre um mar de angústias conduzia Uma das quatro esquinas que formam as ruas
O ramo da esperança. — Eras a estrela do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se
Que entre as névoas do inverno cintilava mutuamente, chamava-se nesse tempo — O
canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava o
nome, porque era aí o lugar de encontro O mobiliário geral era excessivo, incômodo,
favorito de todos os indivíduos dessa classe antigo e estragado. Muitos livros e instrumentos
(que gozava então de não pequena musicais jaziam espalhados no entorno, mas
consideração). Os meirinhos de hoje não são não conseguiam dar vitalidade alguma ao
mais do que a sombra caricata dos meirinhos ambiente. (...)
do tempo do rei; esses eram gente temível e
temida, respeitável e respeitada; formavam um A palidez espectral da pele, o brilho agora
dos extremos da formidável cadeia judiciária extraordinário dos olhos me surpreendiam
que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo sobremaneira, chegando mesmo aterrar-me.
em que a demanda era entre nós um elemento Além disso deixara crescer sem nenhum
de vida: o extremo oposto eram os cuidado os cabelos sedosos e, como aquela
desembargadores. Ora, os extremos se tocam, contextura de teia de aranha mais flutuava do
e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro que caía sobre o rosto, não me era possível,
do qual se passavam os terríveis combates das mesmo com esforço, relacionar a sua expressão
citações, provarás, razões principais e finais, e arabesca com qualquer ideia de simples
todos esses trejeitos judiciais que se chamava humanidade. (...)
o processo. Daí sua influência moral.
- Manoel Antônio de Almeida Morrerei! Disse-me. Devo morrer desta
deplorável loucura. Assim, assim e não de outra
Os sofrimentos do jovem Werther maneira é como devo morrer. Sinto que chegará
logo o momento em que deverei abandonar, ao
mesmo tempo, a vida e a razão, e em alguma
Os homens sofreriam menos se não se luta com o reino fantasma: o MEDO. (...)
concentrassem tanto (e só Deus sabe por que
eles são assim!) na lembrança de seus males,
em vez de esforçar-se por tornar o presente - Edgar Allan Poe
suportável. (p. 13)
Orgulho e Preconceito
As pessoas de condições elevada mantém
sempre uma fria reserva para com as pessoas A vaidade e o orgulho são coisas diferentes,
comuns só pelo temor de diminuir-se com essa embora as palavras sejam frequentemente
aproximação. Além disso, há os imprudentes usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser
que só fingem condescendência para melhor orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-
ferir, com sua arrogância, o pobre povo. (p.16) se mais com a opinião que temos de nós
mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos
A maioria trabalha durante quase todo o tempo que os outros pensassem de nós. (...)
para poder viver, e o pouco tempo livre que lhe
resta pesa-lhe de tal modo, que procura todos É uma verdade universalmente reconhecida que
os meios possíveis para dele se libertar. Oh, o um homem solteiro na posse de uma bela
destino do homem! (p. 17) fortuna necessita de uma esposa. (...)

Tenho tanto! E o sentimento que tenho por ela — Seu plano é bom — replicou Elizabeth —
devora tudo. Tenho tanta coisa, mas sem ela quando está em jogo apenas o desejo de se
tudo para mim é como se nada existisse. (p. 84) casar bem; e, se eu estivesse decidida a
arranjar um marido rico, ou um marido
- Goethe qualquer, seria este o plano que adotaria. Mas
estes não são os sentimentos (...)

- Jane Austen

A Queda da casa de Usher

Uma atmosfera que não tinha afinidade com o ar


do céu, mas que se havia evolado das árvores
senis, das paredes cinzentas, do pântano silente
– um vapor pestilento e místico, pesado, inerte,
mal perceptível, cor de chumbo. (...)
Lembranças de Morrer O Guarani

Eu deixo a vida como deixa o tédio Amantes da natureza


Do deserto, o poento caminheiro, Eles são incapazes
- Como as horas de um longo pesadelo Com certeza
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; De maltratar uma fêmea
Ou de poluir o rio e o mar
Como o desterro de minh’alma errante, Preservando o equilíbrio ecológico
Onde fogo insensato a consumia: Da terra, fauna e flora
Só levo uma saudade - é desses tempos Pois em sua glória, o índio
Que amorosa ilusão embelecia. É o exemplo puro e perfeito
Próximo da harmonia
Só levo uma saudade - é dessas sombras Da fraternidade e da alegria
Que eu sentia velar nas noites minhas. Da alegria de viver!
De ti, ó minha mãe, pobre coitada, Da alegria de viver!
Que por minha tristeza te definhas!
- José de Alencar
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei. que nunca
Aos lábios me encostou a face linda! (...)

Descansem o meu leito solitário


Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

- Álvares de Azevedo

O Guarani

Álvaro fitou no índio um olhar admirado. Onde


é que este selvagem sem cultura aprendera a
poesia simples, mas graciosa; onde bebera a
delicadeza de sensibilidade que dificilmente se
encontra num coração gasto pelo atrito da
sociedade? A cena que se desenrolava a seus
olhos respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão
rica e brilhante, era a imagem que produzia
aquele espírito virgem, como o espelho das
águas reflete o azul do céu.

- José de Alencar

O Guarani

De um dos cabeços da Serra dos Órgãos


desliza um fio de água que se dirige para o
norte, e engrossado com os mananciais que
recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio
caudal. É o Paquequer: saltando de cascata
em cascata, enroscando-se como uma
serpente, vai depois se espreguiçar na várzea
e embeber no Paraíba, que rola
majestosamente em vasto leito. Dir-se-ia que
vassalo e tributário desse rei das águas, o
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os
rochedos, curva-se humildemente aos pés do
suserano. Perde, então, a beleza selvática;
suas ondas resvalam sobre elas: escravo
submisso, sofre o látego do senhor.

- José de Alencar

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