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Esta função é particularmente saliente no caso dos costumes e dos princípios


gerais de direito. A doutrina não só os identifica como também ministra critérios para
que venham a ser aplicados.
Cabe-lhe, por último, contribuir para a criação de regras nos novos ramos do
direito internacional. No Direito do Mar, por exemplo, o trabalho doutrinário foi decisivo
para a consolidação das noções de plataforma continental e zona econômica
exclusiva.
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TRATADOS INTERNACIONAIS
RELAÇÕES ENTRE OS PODERES EXECUTIVO E
LEGISLATIVO NO PROCESSO DE SUA ELABORAÇÃO
14.1 – Tratados Internacionais
Parcela considerável das normas internacionais hoje existentes teve origem na
conclusão de tratados e convenções entre os Estados. Desde a mais remota
antiguidade, os tratados têm servido aos mais diferentes fins, entre os quais se
destacam a constituição de alianças militares de caráter defensivo, a celebração da paz,
o estabelecimento das linhas fronteiriças entre os países e a intensificação do
intercâmbio econômico e cultural.
Fenômenos importantes marcaram a elaboração do direito dos tratados nos dois
últimos séculos. Verificaram-se, em primeiro lugar, o aparecimento e multiplicação dos
tratados multilaterais na cena internacional.
No passado, os tratados eram exclusivamente bilaterais, reunindo a participação
de apenas dois Estados. O próprio tratado de Westphalia consistiu no conjunto dos
tratados bilaterais concluídos entre os beligerantes.
Os tratados multilaterais – assim entendidos os que contêm a participação de
mais de dois Estados – somente vieram a desenvolver-se a partir do Congresso de
Viena de 1815, cujo documento final, assinado pelos participantes, enumerava os
direitos e as obrigações das partes. Surgiu, desse modo, uma nova técnica de
elaboração dos tratados, que passou a ter importância decisiva na regulação da vida
internacional.
A proliferação das organizações internacionais repercutiu de maneira particular
no processo de formação dos tratados. Cada vez mais os acordos e convenções
resultaram de negociações permanentes havidas no âmbito de organizações como a
OIT e a ONU. Esse método contrasta com a forma de confecção dos tratados
multilaterais em voga no século XIX, que

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eram discutidos e preparados em conferências internacionais especialmente convocadas para a


sua adoção.
Em segundo lugar, registrou-se, pela primeira vez na história, a codificação do
direito dos tratados. Até meados do século XX, o direito dos tratados tinha natureza
consuetudinária, predominando o princípio da boa-fé e o princípio pacta sunt servanda,
segundo o qual as partes devem honrar as obrigações assumidas. Em 1968 e 1969,
após longo trabalho empreendido pela Comissão de Direito Internacional da ONU,
ocorreu em Viena uma conferência diplomática destinada a negociar uma convenção
universal sobre o direito dos tratados. Adotada em maio de 1969, a Convenção
somente entrou em vigor no plano internacional em 27 de maio de 1980, quando foi
alcançado o quorum mínimo de 35 ratificações. A esta Convenção, que se limitava a
regular os acordos celebrados entre os Estados, sucedeu uma outra, firmada em
Viena em 1986, com o objetivo de disciplinar tanto as relações entre as organizações
internacionais quanto os ajustes concluídos entre os Estados e estas últimas.
14.2 – A Importância e Significado dos Tratados
Tratado é todo acordo formal, concluído entre sujeitos de direito internacional
público e destinado a produzir efeitos jurídicos. Não é relevante que o acordo se
exprima em um único documento ou em dois ou mais instrumentos conexos.
A importância e o significado de que se revestem os tratados exige solenidade
para a sua celebração, representada pela exigência de forma escrita. Os acordos entre
Estados soberanos, que em geral comportam conseqüências de grande alcance para as
respectivas sociedades, não podem circunscrever-se ao mero ajuste verbal. É lógico,
portanto, a obediência à forma escrita como meio de conferir maior segurança e
estabilidade às relações.
Somente podem celebrar tratados as pessoas jurídicas de direito internacional
público, ou seja, os Estados e as organizações internacionais. As empresas privadas,
mesmo as grandes corporações econômicas, não concluem tratados, ainda que
venham a contratar com os Estados. Como ato e norma internacional, o tratado gera
efeitos jurídicos indiscutíveis ao criar, modificar ou extinguir direitos entre as partes.
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Não obstante o termo tratado ter sido consagrado pelo uso, grande variedade
terminológica tem sido empregada indiferentemente para designar a realidade
convencional: acordo, ajuste, convenção, compromisso, arranjo, ata, ato, carta, código,
constituição, declaração, estatuto, contrato, convênio, memorando, pacto, regulamento e
protocolo. Carta e convenção são os termos mais comumente utilizados para indicar os
tratados constitutivos de organizações internacionais; por sua vez, os ajustes, arranjos e
memorandos designam tratados de importância reduzida. O tratado bilateral entre
determinado Estado e a Santa Sé, visando à regulação de matéria de interesse
religioso, denomina-se concordata.
14.3 – Os Acordos Internacionais
Os acordos internacionais que se exprimem em um documento único iniciam-se
por um preâmbulo, o qual é seguido de uma parte dispositiva, às vezes complementada
por anexos. O preâmbulo enuncia os objetivos, indica as razões e motivos que
determinaram a celebração do ajuste.
Apesar de não integrar o compromisso propriamente dito, o preâmbulo possui
grande relevância na interpretação das cláusulas do tratado, contribuindo para eliminar
eventuais dúvidas e obscuridades. É possível encontrar nele disposições supletivas para
o preenchimento das lacunas a que pode dar origem a interpretação do texto
convencional.
A parte dispositiva é constituída por artigos ou cláusulas que estabelecem os
direitos e as obrigações das partes. A sua redação é feita em linguagem jurídica, fato
que a diferencia das demais partes do tratado.
Já os anexos têm a finalidade de complementar, especificar, ou mesmo
detalhar o conteúdo das obrigações estabelecidas. Composto não raro por fórmulas,
gráficos e ilustrações, eles emprestam a precisão que poderia ter faltado à parte
dispositiva. O seu valor jurídico é idêntico ao das demais disposições do tratado. As
cláusulas finais por seu turno disciplinam a entrada em vigor, a modificação e o
término dos tratados.
O processo de elaboração dos tratados começa com a negociação entre os
interessados. Não é usual que as convenções internacionais sejam negociadas
diretamente pelo chefe de Estado ou de governo. Na maior parte dos casos são
negociadas por funcionários, conhecidos

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