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Press Release
Rubem Valentim - Construções afro-atlânticas
Abertura 13 de novembro de 2018, às 20h
14 de novembro de 2018 - 10 de março de 2019
Rubem Valentim nasceu em Salvador (BA), em uma família de poucos recursos, sendo o
primeiro de seis filhos. Cresceu tendo contato íntimo com a religiosidade sincrética afro-
brasileira: sua família era católica e Valentim fez a primeira comunhão, enquanto
simultaneamente frequentava terreiros de candomblé.
Essa ligação, estabelecida desde muito cedo, tanto com os ritos afro-brasileiros quanto com o
imaginário das igrejas cristãs, acabou por permear a maior parte de sua obra. “Sua obra é
única na história do século 20, pois desafia o cânone oficial ao oferecer resistência às
conceituações simplificadoras de suas possibilidades, e não se deixar facilmente incorporar
nem por uma nem por outra leitura: o ‘Valentim concretista’ não se deixa apartar do
‘Valentim popular’ e do ‘Valentim religioso’ pois fazem parte de uma mesma percepção de
mundo, uma que busca a síntese das experiências, e não sua divisão”, argumenta o curador
Fernando Oliva.
Valentim iniciou sua trajetória como artista nos anos 1940, de maneira autodidata,
incorporando em sua produção elementos das tradições populares do Nordeste, caso da
cerâmica do Recôncavo Baiano. Ainda na década de 1940 participou –ao lado de Mario
Cravo Júnior, Carlos Bastos e outros– do movimento de renovação das artes plásticas na
Bahia, no contexto do chamado Segundo Modernismo brasileiro (que se seguiu à Semana de
Arte Moderna de 1922 em São Paulo).
A partir dos anos 1950 passa a ter como referência o universo das religiões afro-brasileiras,
como o candomblé e a umbanda, com seus objetos e ferramentas de culto, estruturas de
altares e símbolos de deuses.
Tais interesses, preocupações e concepções artísticas traduzem-se, em sua obra, por meio de
signos e emblemas, originalmente geométricos, que são reorganizados em uma matriz ainda
mais rigorosa, formada por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados,
com base em uma complexa dinâmica de recortes, subtrações e justaposições. Dessa forma,
compõem um repertório pessoal que, aliado a um expressivo e particular uso da cor, abre-se
a novas e infinitas possibilidades poéticas e formais.
No final da década de 1960, seu trabalho ganha novas escalas além da pintura e se
materializa em murais, relevos e esculturas monumentais em madeira, escolha que o
acompanhará por toda sua trajetória a partir de então.
"Um dos importantes aspectos negligenciados pela história canônica da arte brasileira diz
respeito a um entendimento político da obra de Rubem Valentim. Para isso contribuiu a
insistência em enquadrá-lo, um tanto que à força, no contexto das correntes construtivas
canônicas, forjadas no chamado eixo Rio-São Paulo, apartando das reflexões os sentidos
religioso, espiritual e social, portanto político, que são parte integrante da conformação de
seus trabalhos e de sua vida como artista. Há também um certo descaso com o próprio
discurso de Valentim, sua militância por uma arte brasileira e popular, ideias que divulgava
regularmente em seus textos e nas entrevistas que concedia à imprensa", afirma Fernando
Oliva.
Apesar de sua importância, da qualidade e força de sua obra, Valentim ainda não possui o
devido reconhecimento de sua contribuição histórica para a cultura brasileira e internacional.
Portanto a necessidade e urgência de, neste momento, reavaliar o seu legado, buscando
novas análises que, sem fragmentar sua obra, a atualizem, aproximando-se dela em sua
totalidade e complexidade, sem neglicenciar os aspectos políticos, religiosos e sobretudo
afro-brasileiros que ela possui.
Histórias afro-atlânticas
A exposição ocorre em um ano inteiro dedicado às trocas culturais em torno do Atlântico,
envolvendo África, Europa e Américas ---que inclui mostras individuais de Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho, Maria Auxiliadora e Emanoel Araujo, que ocorreram no primeiro
semestre, a coletiva Histórias Afro-atlânticas, realizada no segundo semestre, e as exposições
de Lucia Laguna e Pedro Figari, programadas para dezembro.
Catálogo
A publicação Rubem Valentim: Construções afro-atlânticas, com organização editorial de
Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, será lançada no dia da abertura, com edições
separadas em português e inglês, incluindo reproduções de todos os trabalhos expostos e
textos de autores convidados a produzir novas reflexões sobre a obra de Valentim, caso de
Abigail Lapin Dardashti, Lilia Schwarcz e Helio Menezes, Lisette Lagnado, Marcelo Mendes
Chaves, Marta Mestre, Renata Bittencourt e Roberto Conduru, além de um texto do curador,
Fernando Oliva. Uma nota biográfica foi escrita pelo pesquisador Artur Santoro, do MASP.
Há ainda republicações de textos históricos, de Clarival do Prado Valadares, Frederico
Morais, Giulio Carlo Argan, José Guilherme Merquior, Mário Pedrosa, Roberto Pontual e
Bené Fonteles. O catálogo traz reproduções inéditas dos cadernos de Rubem Valentim da
década de 1960, material raro que virá a público pela primeira vez, trazendo croquis,
projetos para obras, anotações e pensamentos do artista.
Imprensa
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Simon Widman – simon.widman@esp2.com.br
Amanda Viana -- amandapratoviana@gmail.com
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