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Editores Responsáveis
Marisa Midori Deaecto núcleo de estudos do livro e da edição
Plinio Martins Filho
Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 433
Conselho Editorial Bloco A, sala 17 — Cidade Universitária
Alice Mitika Koshiyama – eca-usp cep 05508-900 – São Paulo – sp
Ana Luiza Martins – Condephaat-dph Fone: (11) 3091-4945
Aníbal Bragança – uff
Antonio Castillo Gómez – Universidad de Alcalá (esp) Coordenadores
Antonio Dimas – fflch-usp Plinio Martins Filho
Cláudio Giordano – Editor Jerusa Pires Ferreira
Diana Cooper-Richet – uvsq (fra)
Edmir Perrotti – eca-usp Coordenadores Adjuntos
Fernando Paixão – ieb-usp Marisa Midori Deaecto
Frédéric Barbier – ephe/cnrs (fra) Sandra Reimão
István Monok – Universidade de Eger; Szeged (hun)
J. Guinsburg – Editor Conselho Deliberativo
Jacques Hellemans – Université Libre de Bruxelles (bel) Ana Maria de Almeida Camargo – fflch-usp
Jean-François Botrel – Université de Rennes 2 (fra) Ivan Teixeira (in memoriam) – eca-usp
Jean-Yves Mollier – uvsq (fra) Jerusa Pires Ferreira – eca-usp – puc-sp
João Adolfo Hansen – fflch-usp Márcia Abreu – iel-Unicamp
José de Paula Ramos Jr. – eca-usp Marisa Midori Deaecto – eca-usp
Laurence Hallewell – Universidade Essex (ing) Nelson Schapochnik – fe-usp
Lincoln Secco – fflch-usp Pedro Puntoni – fflch-usp
Manuel Cadafaz de Matos – Academia Portuguesa de História Plinio Martins Filho – eca-usp
Marco Santoro – Universidade La Sapienza de Roma Sandra Reimão – each-usp
Marcos Antônio de Moraes – ieb-usp
Marisa Lajolo – iel-Unicamp / Mackenzie
Michel Melot – cnrs, ehess (fra)
Neil Safier – John Carter Brown Library (eua)
Nelson Schapochnik – fe-usp
Livro – a Revista – é o primeiro fruto do Núcleo de
Paulo Franchetti – iel-Unicamp
Sandra Vasconcelos – fflch-usp Estudos do Livro e da Edição (nele). Resulta, portanto, do
Tânia Maria Bessone – ifch-uerj esforço coletivo de professores e pesquisadores de diversos
Thiago Mio Salla – eca-usp campos do conhecimento no sentido de materializar um
Ursula Rautenberg Friedrich-Alexander Universität (ale)
Wander Melo Miranda – cel-ufmg fórum aberto à reflexão, ao debate e à difusão de pesquisas
Yann Sordet – Bibliothèque Mazarine (fra) que têm na palavra impressa seu objeto principal.
As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
Todo material incluído nesta revista tem a autorização dos autores ou de seus representantes legais.
Qualquer parte dos artigos da revista pode ser reproduzida desde que citados autor e fonte.
editorial, 11
conversas de livraria
¶ Donaldo Schüler – Escrita: Da Invenção ao Baile de Estrelas, 17
leituras
¶ Yann Sordet – Da Argila à Nuvem, 25
¶ Jacques Hellemans – Livro, Imprensa e Tipografias nos Países-Baixos
Espanhóis, 73
¶ Jean Pierre Chauvin – Faces da Inquisição Peruana, Segundo Ricardo Palma
(1833-1919), 89
¶ José de Paula Ramos Jr. – Ecdótica na Coleção Reserva Literária, 105
¶ Maria Viana – Aluísio Azevedo: do Folhetim ao Livro, 115
arquivo
¶ Kenneth David Jackson – “Manter e Cultivar o Gosto da Leitura”, 251
acervo
¶ Pablo Antonio Iglesias Magalhães – A Tipografia de Manoel Antônio
da Silva Serva (1811-1819), 263
¶ Rizio Bruno Sant’Ana – A Coleção Félix Pacheco na Biblioteca Mário
de Andrade, 291
almanaque
¶ Cláudio Giordano – Recortes Literários, 309
¶ Simone Homem de Mello – O Lado Oculto do Editor, 313
memória
¶ Pequena Margem Sombria no Horizonte do Pensamento..., 319
¶ Emerson Tin – A Barca de Gleyre, 327
bibliomania
¶ Jean Pierre Chauvin – Emancipação pela Palavra Impressa, 337
¶ Jean Pierre Chauvin – Um Livro para Além das Margens, 341
¶ Jean Pierre Chauvin – Francisco Alves nas Trilhas do Livro Escolar, 349
¶ Marcello Rollemberg – Perdido e Feliz na Cidade dos Livros, 355
¶ Eduardo de Souza Cunha – Plinio Coelho: Um Editor Utópico, 357
¶ Vinicius Juberte – Editores na Contramão da Ditadura, 361
¶ Márcia Lígia Guidin – Os Meninos da Biblioteca, 365
debate
¶ Marisa Midori Deaecto – Uma Brasiliana para o Leitor do Século xxi, 377
¶ Antonio Castillo Gómez – Outros Textos, Outras Leituras, 393
letra & arte
¶ José de Paula Ramos Jr. – Nota Editorial, 409
¶ épica grega
– Jaa Torrano / Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, 414
– Marcelo Tápia / Homero, Odisseia, 420
¶ lírica e didática latina
– Paulo Martins / Propércio Redivivo, 428
– Paulo Martins / Seis Elegias de Propércio, 430
– Roberto Oliveira / Três Conselhos, 444
¶ lírica moderna
– Zepa Ferrer / Dois Poemas de Jorge Luis Borges, 448
– Geraldo Holanda Cavalcanti / Poemas de Giuseppe Ungaretti, 450
colaboradores, 455
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ALUÍSIO AZEVEDO:
DO FOLHETIM AO LIVRO
O Hibridismo de uma Estética de Transição1
•••
Maria Viana2
A
luísio Azevedo foi um dos poucos romancistas brasileiros de seu
tempo a assumir publicamente que tinha planos de sobreviver
exclusivamente do ofício de escritor. Mesmo que para isso
tivesse que submeter suas obras à produção folhetinesca antes
de revisá-las para publicação posterior em livros, caso da obra O Coruja,
impressa no rodapé do jornal O Paiz, em 1885. ¶ Decisão bastante corajosa
se considerarmos as precárias condições da difusão do livro à época. Os
contratos estudados revelam que uma edição de obras literárias no Brasil
no xix geralmente era de quinhentos a mil exemplares. Os romances
mais conhecidos na atualidade como clássicos da literatura brasileira,
publicados entre 1800 e 1895, com exceção de obras de Machado de Assis
e Aluísio Azevedo2, não foram reeditados naquele período. ¶ Soma-se a
isso o fato de que não se pagava direito autoral para os romances franceses
e portugueses vendidos no país. Como bem nos informa Jean-Yves Mérian:
“As obras de escritores europeus eram traduzidas, adaptadas e difundidas
no Brasil sem que estes recebessem o menor direito autoral”3. Essa prática
dificultava ainda mais a edição e difusão de obras de escritores nacionais,
1. Este texto foi concebido a partir de pesquisas realizadas para a escrita da dissertação
de mestrado O Coruja de Aluísio Azevedo: Romance de Formação sob o Prisma do Gro-
tesco, defendida no Ieb-usp, em 2013, sob a orientação do professor Fernando Paixão
e em palestra apresentada no dia 18/05/2015, no seminário Da Economia do Texto às
Modalidades Editoriais, organizado pelos professores da eca Marisa Midori Deaecto e
Plínio Martins Filho, a quem expresso minha gratidão.
2. Com exceção de Uma Lágrima de Mulher, todos os romances de Aluísio Azevedo foram
reeditados durante 1881-1896.Ver Jean-Yves Mérian, Aluísio Azevedo Vida e Obra (1857-
1913): O Verdadeiro Brasil do Século xix, Rio de Janeiro, Espaço e Tempo, 1988, p. 433.
3. Idem, p. 362.
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Páginas do jornal O Paiz, onde foi publicado o folhetim O Coruja, de 2/06/1885 a 12/10/1885.
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pois os editores e donos de jornais davam prio- redigidos em 1890 em jornais cariocas, como
ridade às traduções e adaptações, justamen- o Diário de Notícias e a Gazeta de Notícias”5.
te por não pagarem pelos direitos autorais. Em 1883, um grupo liderado por Sílvio
Portanto, não era incomum que os próprios Romero e Araripe Júnior propôs a criação da
escritores bancassem as primeiras edições de Associação dos Homens de Letras do Brasil,
suas obras, que no caso raramente passava de mas o projeto não vingou. Tentou-se, em
300 exemplares. Não é preciso dizer que isso 1890, a fundação da “Sociedade dos Homens
dificultava sobremaneira a difusão do livro. de Letras”, tendo como arautos Machado de
Além disso, não havia qualquer legisla- Assis, Aluísio Azevedo, Pardal Male, entre
ção que garantisse aos escritores brasileiros outros, mas o projeto também não saiu do
direito sobre a produção e difusão de suas papel. Somente quatro anos depois, a Câmara
obras, que tinham de contar com leitores dos Deputados envia ao Senado uma proposi-
por demais expostos à literatura estrangeira, ção tratando da regulamentação dos direitos
sobretudo francesa e portuguesa, para es- autorais, que depois de muitos trâmites con-
colher as próprias leituras. Em resumo, os verte-se em lei bem mais adiante, em 1898.
escritores brasileiros do final do xix tinham Entretanto, apesar desses avanços, a re-
visíveis dificuldades de viver da própria pena. lação entre escritores e editores continuou
Em 1879, o português Pinheiro Chagas submetida às tácitas leis da oferta e da pro-
endereça carta-aberta a D. Pedro ii para de- cura, sobretudo porque os autores brasileiros
nunciar os abusos dos editores e donos de continuavam a disputar lugar com os euro-
jornais no Brasil quanto ao não pagamento peus, principalmente, franceses. Como bem
do direito autoral. Essa carta suscitou im- ilustra Mérian, a respeito de Aluísio:
portante debate entre autores brasileiros.
Aluísio Azevedo, então no Maranhão, escre- Em 1892, Aluísio Azevedo está com um livro
veu sobre os debates travados de 20 a 23 de de contos pronto há um ano e meio com edi-
setembro de 1880 em um congresso literário, tor da Montalverde. Este livro não é publicado
organizado em Lisboa, para discutir essas em razão da concorrência de traduções de obras
questões. Esses artigos foram veiculados no francesas que são mais rentáveis. Dois anos mais
jornal Pacotilha4. A despeito dos esforços de tarde, o mesmo fenômeno se repete para o Livro
escritores e intelectuais, somente em 1889 de uma Sogra. A editora Magalhães & Cia parecia
foi assinado um contrato entre Brasil e Por- estar mais interessava em publicar obras de Zola6.
tugal para garantir os direitos sobre obras de
além-mar publicadas por aqui. Lajolo e Zilberman discordam com muita
No caso da legalização dos direitos auto- pertinência da premissa de que “na tradição
rais no Brasil a situação também foi marcada dos estudos literários, não é de bom tom
por várias iniciativas, ora de ordem particu- misturar questões de dinheiro com literatura,
lar, ora pleiteadas por um grupo. Entre os apagando-se o caráter econômico das ativi-
brasileiros que lutaram nessa frente, merece dades culturais”7.
destaque Pardal Male. Segundo Lajolo e Ao que tudo indica, Aluísio Azevedo estava
Zilberman, “Ele dedicou-se à questão dos entre os poucos romancistas brasileiros de
direitos autorais, por cujo reconhecimento
e remuneração lutou, valendo-se dos artigos 5. Marisa Lajolo & Regina Zilberman, O Preço da
Leitura, São Paulo, Ática, 2000, p. 136.
6. Jean-Yves Mérian, op. cit., p. 383.
4. Jean-Yves Mérian, op. cit., pp. 366-367. 7. Marisa Lajolo & Regina Zilberman, op. cit., p.71.
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seu tempo8 que não tinha nenhum pejo em seja, jamais se livrará no espaço amplo: voeja entre
abordar o caráter econômico de suas criações, as grades desta gaiola estreita, que é a celebrada
e muito cedo assumiu publicamente seus pla- língua de nossos maiores9.
nos de sobreviver exclusivamente do seu ofí-
cio de escritor, ainda que tivesse consciência Cioso das dificuldades de viver da própria
do que isso significava no Brasil de então. Este pena, Aluísio Azevedo lançava mão de vários
fato pode ser constatado em diálogo travado expedientes para divulgar a própria obra. Con-
com Coelho Neto: ta Orna Messer Levin que, quando da publi-
cação de O Mulato, o escritor redigiu uma
− Escrevo por força da fatalidade, como clau- crônica, publicada no jornal Pacotilha, na qual
dicaria, se houvesse nascido coxo; impulso de anunciava a chegada de um ilustre advogado,
genitura, não de ideal. É o destino que me aferra Dr. Raimundo, protagonista do romance, em
a esta mesa, que me debruça sobre tiras. Assim São Luís do Maranhão. Com esse expediente
como descrevo um episódio ou uma paisagem criou a existência de uma criatura puramente
e desenvolvo um diálogo, cortaria peças de fa- literária, mas as pessoas à época chegaram a
zendas ou mantas de carne-seca, se tivesse vindo acreditar que o tal Dr. Raimundo fosse real.
fadado para o comércio. Vim consignado às letras
e aqui estou, falido. A sociedade não admite va- Os planos promocionais assinalam a luta incan-
dios, todo homem tem que dizer a que veio, que sável que travou pelo reconhecimento da literatura
faz, como e para que vive. Eu, a tais perguntas, como produto de mercado. O senso estratégico
respondo com o primeiro livro que acho à mão. com relação ao efeito publicitário e ao impacto
− Mas, tu não tens razão de queixa, retorquiu das mensagens ressalta o despertar de uma cons-
Neto. As letras foram-te propícias, desde a tua ciência sensível à mercantilização do trabalho
estreia, no Maranhão, com O Mulato. Surgiste intelectual dentro de uma sociedade vinculada ao
com Minerva: armado e vitorioso. sistema escravista, na qual a manutenção do artista
− Pois sim, responde ele, encolhendo os om- dependia fortemente do apoio governamental10.
bros largos: vitorioso como Pyrrho, com seus ele-
fantes de papel. O resto é que é. Escrever para Concordamos com a estudiosa, mas acres-
quê? Para quem? Não temos público. Uma edição centamos que o esforço do autor em divulgar
de dois mil exemplares leva anos a esgotar-se e o a própria criação vinha também da clara
nosso pensamento, por mais original e ousado que consciência que tinha sobre as precárias con-
dições de produção e divulgação da literatu-
8. Em seu estudo sobre os leitores de Machado de
ra à época. É o que podemos deduzir a partir
Assis, Hélio de Seixas Guimarães faz interessante co-
mentário sobre os problemas apontados por Alencar e de suas próprias palavras a esse respeito:
Aluísio em períodos distintos: “Embora os problemas
diagnosticados por Alencar na década de 1860, e por
Não, o povo não tem culpa. O culpado sou
Azevedo, na década de 1880, fossem muito semelhantes,
há diferença em como esses escritores emblemáticos de eu, que quis realizar o absurdo de viver das letras
suas gerações, explicavam as dificuldades e se referiam em um país de analfabetos. Aqui há um pequeno
ao público leitor. Num primeiro momento supõe-se a grupo de pedantes, que leem autores franceses,
existência de um público numeroso, mas caprichoso e
indolente, como acreditavam Alencar e os primeiros
românticos; num segundo momento, a pouca reper- 9. Cf. Raimundo de Menezes, Aluísio Azevedo, uma
cussão da literatura é associada à exiguidade do público Vida de Romance, São Paulo, Livraria Martins Editora,
leitor” (Os Leitores de Machado de Assis: O Romance 1958, pp. 183-184.
Machadiano e o Público de Literatura no Século 19, São 10. Orna Messer Levin (org.), Aluísio Azevedo. Ficção
Paulo, Nankin/Edusp, 2004, p. 82). Completa, Rio de Janeiro, Aguilar, 2005, vol. i, p. 25.
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Mistérios da Tijuca recebeu o título de Girândolas Filomena Borges, publicado pelo jornal Gazeta,
de Amores quando foi publicado, em 1900, pela que também teve versão do escritor para o teatro.
Garnier. Capa criada pelo artista Clóvis Graciano, Capa criada pelo artista Clóvis Graciano, na
década de 1950. década de 1950.
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Nesse mesmo ano é publicado o folhetim reu para a nossa formação. Se o levasse a cabo,
Mistérios da Tijuca18, editado em livro sob teria Aluísio Azevedo feito uma grande obra, cuja
o título Girândola de Amores. Em seguida, não realização se deverá em parte, provavelmente,
escreve Casa de Pensão (1884), inspirado em às injunções econômicas, em parte à excessiva
crime ocorrido sete anos antes, e que fora in- sujeição a postulados arbitrários, que contrariavam
tensamente tratado pela imprensa do Rio de o temperamento e a vocação romancista20.
Janeiro. O lançamento do romance foi um
verdadeiro sucesso, três edições esgotaram-se Ainda que o ciclo de romances tenha ma-
rapidamente no mesmo ano de lançamen- logrado, Aluísio utilizou parte das ideias nos
to. Ainda em 1884, adaptou O Mulato para romances O Coruja, O Homem e, principal-
o teatro e produziu o folhetim Filomena mente, em O Cortiço. Em O Homem, o tema
Borges, publicado pelo jornal Gazeta, que da histeria organiza a estrutura do romance,
também teve versão do escritor para o teatro. cujo núcleo principal repousa na evolução
O romance O Coruja começa a figurar da doença de Madalena. Lançado em 1888,
como folhetim no rodapé do jornal O Paiz o livro provocou enorme controvérsia. Al-
em 1885. É neste mesmo ano que Aluísio guns críticos consideram que foi durante
Azevedo divulga nota sobre o projeto de urdir essa produção que o autor radicalizou sua
um ciclo de romances19, tal como fizera Zola visão estética, aderindo mais abertamente ao
em Rougon-Macquart, na França. Sobre esse modelo do Romance Experimental, teoriza-
plano, Lúcia Miguel-Pereira comenta: do por Zola. Fato é que foi um verdadeiro
sucesso de vendagem: três edições de 1 900
Talvez se possa ver neste projeto um reflexo dos exemplares esgotaram-se entre outubro e
Rougon-Macquart, mas a concepção é profunda- dezembro de 188821.
mente brasileira, tentando fixar tipos bem nossos, Logo depois da publicação de O Homem,
e marcando, nessa mistura de mestiços, filhos de vem a lume uma reedição de O Mulato, sobre
imigrante português, com a família burguesa, um a qual Laura Camilo dos Santos Cruz afirma:
aspecto da verticalidade social que tanto concor-
Aluísio Azevedo, ao dar à publicação a segun-
irmão Artur de Azevedo assinou Fritzmark (1888) e A da versão impressa, em 1899, introduz mudanças
República (1890). É de sua autoria também Macaqui-
significativas que demonstram sua intenção de
nhos no Sótão, comédia em três atos, encenada em 1887,
que posteriormente recebeu o título de Os Sonhadores. aperfeiçoar a linguagem, aproximando-a mais e
18. Mistérios da Tijuca recebeu o título de Girândolas mais da linguagem do naturalismo22.
de amores quando foi publicado, em 1900, pela Gar-
nier (Raimundo de Menezes, op. cit., p. 145).
19. A obra que preocupa agora o espírito do nosso ro- Um ano depois, lança O Cortiço, conside-
mancista, e que será talvez seu trabalho de maior fôle- rado pela crítica seu melhor romance, e O
go, tem por título “Brasileiros Antigos e Modernos” e
Coruja recebe a terceira edição, agora pela
consta de cinco livros, do tamanho cada um de “Casa
de Pensão”, a saber: 1. O cortiço, 2. A família brasilei- Editora Garnier Frères.
ra, 3. O felizardo, 4. A loureira, 5. A bola preta. Esta
obra, unida por uma teia geral que atravessa desde o
primeiro até ao último livro, representará todavia cinco 20. Lúcia Miguel-Pereira, História da Literatura Brasilei-
romances, perfeitamente completos, cada um dos quais ra, Rio de Janeiro, José Olympio, 1957, vol. xii, p. 137.
poderá ser lido em separado. A ação principia no tempo 21. Jean-Yves Mérian, op. cit., p. 434.
da Independência e acabará, segundo espera o autor, 22. Laura Camilo dos Santos Cruz, O Naturalismo em
pelos meados do ano que vem, ou talvez do imediato, Cena: Estudo da Evolução da Linguagem Naturalista
isto é, começa em 1820 e acaba em 1887 (Raimundo de de Aluísio Azevedo em O Mulato sob uma Perspectiva
Menezes, op. cit., pp. 211 e 212). Genética, São Paulo, fflch/proex-Capes, 2008, p. 60.
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Em 1890, escreve O Esqueleto, ou os Mistérios da Seu último romance, Livro de uma Sogra, é
Casa de Bragança, sob o pseudônimo Victor Leal, editado pela Garnier em 1895. Capa criada pelo
publicado na Gazeta de Notícias. artista Clóvis Graciano, na década de 1950.
Em 1893, vem a lume o livro de contos Seu último romance, Livro de uma So-
Demônios, que já estava havia algum tempo gra, é editado pela Garnier em 1895. Neste
nas mãos do editor, como nos informa o mesmo ano, presta concurso e é nomeado
próprio escritor: vice-cônsul. Dois anos depois de ingressar na
diplomacia, Aluísio Azevedo vende os direi-
Aluísio Azevedo tem, há quase ano e meio, um tos de suas obras completas para a Garnier,
volume de contos a publicar-se na casa Mont’Al- que publica a antologia de contos Pegadas
verne, hoje companhia editora; e, apesar de haver (1898), que incluía sete contos já presentes
pago adiantado a primeira folha de composi- em Demônios, alguns bastante modificados,
ção, ainda não teve o prazer de ver uma página acompanhados de textos inéditos.
impressa do seu livro; outros homens de letras Escritos diversos, crônicas, artigos e cartas,
queixam-se de iguais contrariedades, e não é na- produzidos entre 1882 a 1910, foram publi-
tural que alguém se disponha a escrever com boa cados postumamente sob o título O Touro
vontade, tendo uma obra encalhada no prelo26. Negro, pela Livraria Martins Editora.
Recapitulando, durante os quase 17 anos
26. “Literatura Nacional”. Artigo publicado por Aluísio em que se dedicou à literatura, Aluísio Aze-
Azevedo em O Combate, em 10 de março de 1892. em
Aluísio Azevedo, Touro Negro, São Paulo, Livraria vedo escreveu doze romances, uma novela
Martins Editora, 1961, pp. 77-78. policial, várias peças de teatro, duas antolo-
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l e it u r a s ¶
gias de contos e inúmeros artigos em jornais e estada em Yokohama, que foram publicadas
revistas. Desgostoso com o pouco rendimen- somente em 1984, sob o título O Japão29.
to que obtinha com a venda de seus livros,
resolveu prestar exames para ingressar na ¶ A suposta gênese do romance O Coruja
carreira diplomática, no intuito de ter mais Ao estudar os romances-folhetins de
tempo para dedicar-se à produção literária. Aluísio Azevedo, Jean-Yves Mérian indica
Em algumas cartas escritas por Aluísio o “sistema de gavetas”, adotado pelo escri-
Azevedo aos amigos, ele deixa transparecer tor, em que alguns folhetins são esboços
que o excesso de trabalho burocrático não dos romances. Foi o caso de O Cortiço, no
lhe permite o tempo necessário para dedicar- qual o pesquisador viu a retomada de temas
se, como gostaria, à literatura: tratados em Memórias de um Condenado e
Girândola de Amores. Aponta também para
[...] do ofício de cônsul só os ossos têm cabido o fato de alguns contos, como “Músculos
em partilha, apesar de habilitado pela respeitá- e Nervos” e “Folha Roubada à Carteira de
vel congregação examinadora da Secretaria para uma Viúva” terem sido retirados quase na
cônsul de carreira não honorário – um susto e íntegra dos dois folhetins supracitados. Para
uma carreira é que parece o que fizeram comigo ele, algumas passagens desses folhetins são
(Carta dirigida de La Plata a Lúcio de Mendon- verdadeiros contos30.
ça, em 26 de dezembro de 1900). Em concordância com esse caminho in-
Os consulados do Brasil não são como os de terpretativo de Mérian, percebemos que o
Portugal, por exemplo, quando nosso governo esboço de O Coruja já se encontrava no conto
faz algum cônsul, quer para aí o trabalhinho ou “Polítipo”, escrito três anos antes de o roman-
reclama que lhe despejem o lugar. Isso não é como ce aparecer no rodapé de O Paiz. A descrição
era o consulado de Eça de Queirós em Bristol, física de André é bem parecida com a que fez
para onde ele foi mandado, não para desunhar em de Boaventura, protagonista do conto.
ofícios e legalizações de papelada de navios, mas
para ter tempo folgado e farto para escrever seus Imagine-se um homenzinho de cinco pés de
adoráveis livros (Carta enviada para Figueiredo altura sobre um de largo, com uma grande cabe-
Pimentel, de Cardiff, datada de 5 de julho 1905)27. ça feia, quase sem testa, olhos fundos, pequenos
e descabelados; nariz de feitio duvidoso, boca
Rodrigo Octávio acredita que a suposta sem expressão, gestos vulgares, nenhum sinal
improdutividade literária deveu-se ao fato de de barba, braços curtos, peito apertado e pernas
o escritor ter perdido o contato com a reali- arqueadas; e ter-se-á uma ideia do tipo do meu
dade brasileira, que era a fonte de inspiração malogrado amigo31.
para suas criações28.
Fato é que Aluísio Azevedo realmente Todavia as semelhanças não são apenas
jamais voltou a escrever com o furor que de ordem física. As duas narrativas são prota-
o impulsionou durante os anos de intensa
produção, mas deixou uma coletânea de
29. Aluísio Azevedo, Japão, Apresentação e Comen-
impressões de viagens, escritas durante sua tários de Luiz Dantas, São Paulo, Roswitha Kempf
Editores. Inicialmente o título previsto pelo escritor
para essa obra foi Agonia de uma Raça.
27. Aluísio Azevedo, op. cit., pp. 137 e 156. 30. Cf. Jean-Yves Mérian, op. cit., pp. 488-489.
28. Rodrigo Octávio, Minhas Memórias dos Outros, 31. Aluísio Azevedo, Demônios, São Paulo, Teixeira &
Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1979, p. 91. Irmão Editores, 1893, p. 226.
Livro ◆ 123
¶ l e it u r a s
Coletânea de impressões de viagens, escritas durante sua estada em Yokohama, que foram
publicadas somente em 1984, sob o título O Japão.
gonizadas por homens extremamente bons, reter na memória, mas que todos supunham
que jamais são reconhecidos por essa vir- já ter visto em algum lugar:
tude. André, com sua fealdade e jeito taci-
turno, provoca aversão inclusive naqueles a Tipo a que homem algum, nem mesmo
quem ajuda; Boaventura, ironicamente, tem aqueles a quem o infeliz, levado pelos impulsos
a desventura de parecer-se com toda gente e, generosos de sua alma, prestava com sacrifício
sempre que algo de ruim acontece, é toma- os mais galantes obséquios, jamais encarou sem
do por culpado, mas nunca é reconhecido uma instintiva e secreta ponta de desconfiança32.
pelas boas ações que pratica. Isso porque era
um tipo cuja fisionomia ninguém conseguia 32. Idem, p. 227.
124 ◆ Livro
l e it u r a s ¶
Livro ◆ 125
¶ l e it u r a s
35. Segundo Marlyse Meyer, trata-se do pseudônimo caso Malta pode ter sido responsável por esse
de Josephine Maldague: “São muito frequentes as aumento na tiragem. Em maio, o número
autoras de folhetins escondidas por pseudônimos mas- chega a dezesseis mil, mantendo-se até 29 de
culinos; sempre interessada pela condição feminina,
Maldague foi autora de vários folhetins de sucesso,
setembro, quando passa para dezessete mil.
publicados, como era de praxe, na imprensa pari- Sobe novamente, em 1º de outubro, para
siense e retomados por jornais de província” (Marlyse dezoito mil exemplares. E tem mais duas
Meyer, Folhetim, São Paulo, Companhia das Letras,
2005, p. 228).
alterações da ordem de um milhar, nos dias
36. Henry Xavier Amon Perrin, conde de Montépin 10 e 27 de dezembro. Portanto, no final do
(1823-1902). Escritor francês, autor de romances, no- ano foram impressos vinte mil exemplares
velas e dramas populares, destacou-se como escritor
do jornal.
de folhetins. Segundo Gramsci, seus romances são de
pura intriga, mas possui um conteúdo ideológico con- O Coruja foi publicado do dia 2 de junho
servador reacionário (Marlyse Meyer, op. cit., p. 212). A a 12 de outubro. De acordo com o exposto
influência do escritor francês repercutiu inclusive na
acima, observa-se que houve aumento de
telenovela brasileira: em 1966, a tv Excelsior exibiu
Almas de Pedra, com roteiro de Ivani Ribeiro, baseada dois mil exemplares durante esse período,
em seu romance Mulheres de Bronze. mas não podemos afirmar que a publicação
37. Alguns anúncios foram publicados no jornal para do romance tenha contribuído para esse au-
divulgar o romance-folhetim de Aluísio Azevedo. No
noticiário do dia 2 de junho de 1885, lê-se: “Enceta- mento de vendagem.
mos hoje a publicação, em folhetim, do romance do A despeito da grande popularidade do
Sr. Aluizio Azevedo, que há dias anunciamos. A nova romance-folhetim ter começado na Ingla-
produção do estimado escritor, acreditamos, terá a
justa aceitação com que o público fluminense acolheu terra, foi na França, no final da década de
as outras” (Jornal O Paiz, 2 jun. 1885, p. 1). 1830, sobretudo com obras de Alexandre Du-
38. Esses dados sobre as tiragens foram retirados do mas, Honoré de Balzac e Eugène Sue, que
cabeçalho do próprio jornal O Paiz durante o ano de
1885, embora não possamos afirmar a veracidade dos o gênero ganhou notoriedade. No Brasil,
mesmos, achamos por bem apresentá-los. segundo Laurence Hallewell, as primeiras
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traduções de folhetins franceses datam de Ler folhetim chegou a ser um hábito familiar,
1939, quando José Rocha traduziu Os Misté- nos serões das províncias e mesmo na Corte,
rios de Paris, de Eugène Sue, e O Conde de reunidos todos os da casa, permitida a presença
Monte Cristo, de Alexandre Dumas, para o das mulheres. A leitura em voz alta atingia os
jornal O Commercio. É o mesmo estudioso analfabetos, que eram a maioria42.
que nos informa o motivo de tantos escrito-
res brasileiros terem se dedicado a esse tipo O estudioso também aponta que – ape-
de publicação39: sar de inúmeros escritores da época, como
Machado de Assis, Joaquim Manuel de Ma-
Por volta de 1870, mesmo um escritor desco- cedo e Raul Pompéia, entre outros, terem
nhecido poderia receber mais ou menos 70$000 tido seus romances publicados inicialmente
por mês pela tradução de folhetins do francês, como folhetim – apenas Aluísio Azevedo se
um nome consagrado que produzisse originais aproximou do modelo europeu e que seus
brasileiros poderia ganhar 200$000 por mês – ou livros escritos com essa intenção são justa-
seis vezes o salário de um professor de escola rural mente inferiores por seguir tal paradigma43.
– o suficiente para que Aluísio Azevedo vivesse, Marlyse Meyer não é da mesma opinião.
nessa ocasião, exclusivamente de seus escritos40. Para ela, o único escritor brasileiro que ten-
tou seguir à risca tal modelo foi Carneiro
Marlyse Meyer reitera que o mesmo fe- Vilela, com o seu A Emparedada da Rua
nômeno de sucesso do romance-folhetim al- Nova. Aponta também para a influência
cançado pelo jornal O Commercio se esten- da temática francesa em alguns escritores
de para todos os jornais da corte: “Ainda que brasileiros, caso da semelhança entre as per-
não existam as necessárias pesquisas, de difí- sonagens Cora, de Mulheres de Bronze, de
cil execução dada a escassez de dados sobre Montépin, e Lucíola, do romance homôni-
tiragens e publicações, não faltam indícios mo de José Alencar.
da correlação entre a prosperidade do jornal Sobre os folhetins de Aluísio Azevedo,
e o folhetim”41. Como vimos anteriormente, a pesquisadora afirma que Girândolas dos
o aumento de dois mil exemplares durante Amores não tem os necessários atrativos fo-
a publicação do romance O Coruja pode lhetinescos. Segundo ela, as intromissões
confirmar essa afirmação da estudiosa, uma constantes do narrador tornam o livro inte-
vez que Aluísio Azevedo já era um escritor ressante para a crítica, mas seria de difícil in-
relativamente conhecido naquela época. gestão pelo público aficionado em folhetim.
Em seu estudo sobre a história da impren- Destaca também as obras A Condessa Vésper
sa no Brasil, Nelson Werneck afirma que, via e A Mortalha de Alzira e são tecidos elogios à
de regra, o folhetim era o melhor atrativo do construção divertida e bem feita de Mattos,
jornal, por isso era a seção mais procurada: Malta ou Matta?44. O Coruja, a despeito
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de ter sido publicado inicialmente como pela primeira edição de Livro de uma Sogra,
folhetim, não é mencionado nesse estudo. no ano seguinte.
A prática de publicar os romances-folhe- Infelizmente, não conseguimos localizar
tins em livro foi logo adotada pelos editores nenhum exemplar dessas duas primeiras
franceses, mas, no caso brasileiro, isso não se edições nas bibliotecas por nós consultadas.
deu de maneira tão automática. Só a partir Em 1895, o romance O Coruja é editado
de 1860, com Baptiste Louis Garnier, esse pela B. L. Garnier48 e, dois anos depois,
procedimento passou a ser usado — mas, Hippolyte Garnier compra os direitos au-
ainda assim, editor consciencioso, ele esco- torais sobre as obras completas de Aluísio
lhia autores que tinham bom desempenho Azevedo, composta por onze livros já pu-
comercial, não apenas como escritor de fo- blicados anteriormente, alguns inclusive
lhetins, como bem explica Mérian: pelo próprio Garnier. Três outras reedições
do livro foram feitas por essa editora (1889,
O ano de 1888 foi um marco para a consagra- 1898 e 1919). Pela mesma casa publicaram-
ção literária de Aluísio Azevedo. Foi na verdade se também seis edições de O Mulato e qua-
neste ano que assinou os primeiros contratos tro de Casa de Pensão. O Cortiço teve 27
com a Garnier para a reedição de O Homem, O edições, até a obra do escritor maranhense
Mulato, Casa de Pensão e O Coruja. Tudo isso ter sido considerada legalmente como de
foi possível graças ao sucesso sem precedentes de domínio público49.
O Homem, alguns meses antes: três edições de O romance O Coruja só será reeditado
1.900 exemplares foram vendidas entre outubro novamente em 1940, pela Briguiet & Cia.,
e dezembro de 188745. quando a loja Garnier e os direitos sobre as
obras de vários escritores brasileiros foram
¶ Alguns dados sobre as edições da obra vendidos para Ferdinand Briguiet e Com-
O Coruja panhia, em 1934. Posteriormente, com a
A primeira edição do romance O Co- morte de Ferdinand, seu sobrinho daria
ruja46 em livro data de 1887 e foi publica- ao seu empreendimento o nome Livraria
da pela Mont’Alverne. Tratava-se de uma Briguiet-Garnier. Por essa casa, a obra com-
oficina de litografia, fundada por Augusto pleta de Aluísio Azevedo teve apenas uma
Carlos de Mont’Alverne, em 1886, e que edição, realizada entre 1937 e 194150.
funcionou de 1887 a 1900, no número 92 da Nas obras completas de Aluísio Azevedo
Rua Ouvidor, no Rio de Janeiro47. pela Livraria Martins Editora, O Coruja é
A segunda edição da obra só viria a lume lançado em 1954, com prefácio de Noguei-
em 1894, pela Magalhães & Cia., de Do- ra da Silva. Nas edições subsequentes, o
mingos Magalhães, também responsável texto introdutório passa a ser assinado por
Raimundo de Menezes. Pelo levantamento
45. Cf. Jean-Yves Mérian, op. cit., p. 434. bibliográfico feito por nós, nessa casa edi-
46. Para o levantamento das edições da obra em torial a obra obteve mais cinco reedições
questão, pesquisamos nos acervos da Fundação Bi-
blioteca Nacional, no acervo das bibliotecas munici- 48. Adquirimos um exemplar desta edição. A obra faz
pais de São Paulo e das seguintes universidades: usp, parte da série intitulada Coleção Literatura Brasileira.
Unicamp, ufmg, ufrj. Além da aquisição de algumas No frontispício consta a informação 5a ed. portanto,
edições em sebos. deve ter sido desconsiderada a publicação de 1887.
47. Cf. Orlando da Costa Ferreira, Imagem e Letra: In- Nessa edição não há introdução nem posfácio.
trodução à Bibliologia Brasileira: A Imagem Gravada, 49. Cf. Laurence Hallewell, op. cit., pp. 183 e 192.
São Paulo, Edusp, 1994, p. 412. 50. Idem, pp. 194 e 356.
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nhavam a evolução do romance moderno, em suas criações, modeladas pela ciência experi-
a opção do escritor foi conciliar as duas de- mental [...] não faziam mais do que escancarar a
mandas. Portanto, quando mais tarde porta que o romancista deixara voluntariamente
aberta. Isso significa que foi o próprio escritor
[…] alguns críticos estranharam a dosagem maranhense que denunciou o hibridismo de sua
de Romantismo que Aluísio Azevedo aplicara estética de transição52.
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