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RETRATOS QUASE INOCENTES CARLOS EUGENIO MARCONDES DE MOURA (ORG.) CARLOS A. C. LEMOS ARACY A. AMARAL JEAN-CLAUDE BERNARDET SP woven, 1993 49 AMBIENTACAO ILUSORIA Carles A.C. Le wos CCertamente, muita cota podera ser pensadae dia sobre o este, sobxe a representagio tangivel, em duas ou trés dimensées, da fisionomia de luma pessoa e essa intengio de registro, digamos documental, deve ter tid, ao longo do tempo, fungdes variadas, odas lgadas a stuagées cultuais hoje nam sempre bem compreendidac — que nos é neste ‘momento irreevante, jé que ndo estamos aqui para teorizar sobre & “vera lige arece que, as vezes, certas civilizagées preoeupavam-se em perpetuar ‘a fisionomia de pessoas importantes falecidas, para que as gerapbes fu: turas pudessem “conbecer” oilustre desaparecido, Cremos que desde & Grécia jd podemos observer, principalmente, busts evocativos de per sonagens dignos de memérias coletiva, Outras venes, 0 veraz registro Iisionomico era dspensivel, scaly u 1ctatado reconhectvel, ov identi ‘cdvel, pela simbologia contida na organizagio da pintur, no signif ‘eado dos vestudrios ou objets ali desenhados, que exigia do especta 30 ‘dor amplo conbecimento interpretative da mensagem expressa pelo artista, Tais foram os retratos asiios ou egipios dos grandes mura. [Na Idade Média tambem se apelou mult, nos reiratos,& simibutozia, fem detrimento da veracidade, 0 que veio a dar énfase & herdidica. J4 ff tetfanos propriamente um rtreto, mas a repreeentagio simbslicn de alguém. Essa representatvidade tem a ver muito ‘com 0 nosso assunto deste livro, porque desde aqueles tempos medievais os retratos, por mais ve- ristas que viessem sr, sempre apelaram & simbologia dos objetos para (qualiticare identfcar com maior feclidade os retratados, situandoos ho tempo, no espage e no Seu respective nivel soclal, gerulmiute alto. i no PréRenascimento, no proprio Renaseimento e especialmente na pintura Nauenge se dew muita importincia & ambientagdo envoltécin ‘80 modelo, Todos nos lembramos, por exemplo, dos ricos interiors ‘burguetes, to comins na pintura holandesa, mostrando-nos a posigéo social da pessoa ou femilia retrated. 1Na pintura sacra dos tempos modernos, por sua vez, apelou-se freqiien- temente a paisagens de fundo, sugerindo a terra onde viveu o santo re- presentado, com indcagees, inclusive, de cenas ausivas & sua vida, 2 seu martiio,pintadas em outraescala naquele cenirio que a perspecti- va revéurdewobeita tanto faciitou. Aes pousos, ox “registroe” eacros os Santos da corte celeste e também as esculturas passaram a incluir fa prépria imagrm, « nin na pano de fundo. aqullo que hoie chama- ros de atributos, ito é, objetos portadores de sinificados identifica- does do retratado, objetos esses que se incorporavam definitivamente quelasfigras canonizadas,funconando como o seu “emblems dis. ‘A hagiologia af esti nos apresentando, por exemplo, variadas represen tagdes de Su Bento, hi a “oficial, destinada cos altarec @ oratérios st cerucivos, oe u Santo, cm suas vestes negras, caracteriticas de sua ‘Grdem religiosa, segura na mio esquerda um Livro, 0 simboto de seu aber e de tua prodhgfo intelectual dirgida as normas de sua atuacio crgom a outea mio, sustenta 0 béculo, 0 simbolo do gus, do pastor as, ne arte religiosa popular, o mesmo santo pode surgir na compa ‘ha de ume serpente ligeda a algum sucesso de sua via, ou pode aps- fecet com tum corvo que Ine mostra um pio seguro pelo bico — 0 cove qe Ibe trazia comida no seu reltyiv uv desert, Ascim, ma producto popular, especialmente na imaginia paulista, Eo Bento quase sen Fre € represctado com sma cobra enroccaa em seu corpo eset. Bonta Ceclie, por sua vez, carrega uma harpa, simbolo damisiea Santa [Lutia, dois ellos prealos lado a lado no centro de ume bandeja, Santa Barbora permanece sempre ao lado da torre de seu castlo, San’ Ans, fmestra. com um Livro 20 colo, ensina a menina Maria a ler. Sio Pedro Segura fime as chaves do céu. Sio Paulo empunha a sus expats de suecreto, E assim por diante ‘Essa necessdade dos atributos definidores surgi também nas represen- fayoeslnieas, Um elupéa pendurado de costs, on a horas de cano alto Sempre designam o viajor,o aventureir, Um lio dé states intelectual se mtratado, enquanto a pena de escrever ¢ tinteiro j8 0 fazem um "A conuja simboliza 0 pensamento, as cogitagbes fiosofias, a ielidade. AS armas, especialmente a espada, © mi- vorismo, 0 poder. AS insignias e as comendas, com seus cracs ap0s tos nos petas garbosos,indicam com precisfo, no tempo © no espaso, f personage fepreseatado, Muito ineresse wm histria do costame Se nossas repartigdes péblicas, tibunais e cimaras legisiatvas mostra- seem suas paredcs ubres os rstratos doe governantes Mesde 0s tm pos de coléia, sabemos da existncia esses reratos aut, bs Ws, roves revoronciados como se os retratados estivessem em corpo presente Sas datas magnas da nacionalidade e nos aniversrios desses vultos do poder Certamente. a longa distincia que separava as cidades brailel- 2 es da Corte © a grande quantidade de tetas exigidu pelo pro‘ocoto faziam com que 2 produgio nfo fosse de grande esmero, priipalmen- fe 8 falta de artists qualificados. Ie2o quer dizer quo a veracidade fi sionbmica fatalmente ria cair num segundo plano, como de fato cai, [Nessa hora € que prevalecen 0 significada da atrinutn de wim outro cariter do vestuéri. Nem todos os retratos de ris e rainhes portugue- tes vieram de Além-Mar, Muitos foram pintados na Bahia ow no Rio. ‘As condecoragées € que completavam 8 critéros de identiicag0 do personagem, cujs tapos fisiondmicos talvez fossem copiados de algu- ma gravure, de alguma miniatura jé por sua vez copiada de algum re- trato feito mediante a sempre eansativa pose na frente do artist, (Que semethange, por exemplo, poderia haver entre o homenageado & 0 retrsto de D. Pedro I feito por Adsiauy Tausay, em pleno sertio de Mato Grosso, nos anos vinte do século passado? Hércules Florence nos dir qne, certo dia, agusle pintor atracara ce porgue cle “tinharse de ‘morado em Cuyaba afim de acabar um retrato do Imperador”. Teria © artista pintado de imaginacio? Fquace eerin que sim, pois seria dono de grande meméria visual e ainda estariam em sua lembranca os tragos Go jovem monarca, pois, quando morava no Rio, na casa familiar da CCascatinha da Tijuce, chegow a executar “uma estatuazina do Impers- or Dom Pedro 1, feita sob as vistas do soberano e que muito valor ‘una pela vivacidade de semelhanga e elegincia de porte”, Acredite ‘mos que no distane sertéo visitado pela expedigdo Langsdort 0 jovem vinor frances talver tenna se esmerado nas vestes ¢ nos atributos re- ‘cémriados dentro dos cinones artisticas trazidos pela Missio France. 25, que tanto orientaram Debvet, w primeciro “designer” do nascente império, desde aquele momento, cioso da temética tropicalista, 0 eaml- nha da Fenbologia da nacionalidade, ‘Uims coisa é cera: sempre ne reratne, ot a arte de rotratar, entre née, estiveram ligados @ classe dominante, aos politicos de grande influén 3 ci, a dno suming, Rains oo ene 0 cs um ov eno mur do bugs, Rao Ss de cue nee pe creosote Mieka Daa fe de doen poplars de Its de Sup Peso. Diaz gue ele fz um feeay cea do Pate Fal Ais aseveran que ese pico ‘a manta osu pre un refer © que ba Ss aenagoas foram fas de meno sinpesnentiventades. cree en ees mat och gan pe Greens copes au inten conto soda de hr. on ute i ma ezane vate qu gant vita owe wine ol Caro rch to puis com Cig ean posse a ie see ego te catate pera fle oo do auto camp ‘is em igo, Eatin, owt rao da sino eum e08 rae satan ins fo ume te de ppl a ela ome SEMerocu pie sop potas pesons Bem SESISIL cto ae esl lnporii sol doe ft ‘A descoberta da fotografia velo aterarcertas regras, Veio popularizar o retrato. Veio democratizar a oportunidade de se ter afisionomia fixa- dda no papel e perpetuada, como a dos res, dos bisps, dos deputados, dos ricos. ss ppelresto, etre no, tego j asta leans viv do ‘eto novi om» poneverets Pouco poems desconfiar dos retratos s6 do busto para cima — era forograan, taunan rotocdveis, 6 claro, mat que claramenteextavam desejando somente mostrar a fisionomia, sem o desejo de perpetuar ‘momogens ou alusSes 2 “persnnalidade” a ser documentada, Eram nals honestas, digamos. Era na fotografia de corpo inteiro que a ima ‘Goooka se expandia — a imaginagio do fotdgrafo atendendo is expee tauvas do fotografado e A imaginacSo do observadordistante, que sem- pre estaria embevecido com a felicidade serena e bem comportada 40 retratado, ‘Teds aspectos podem set analsados nessas fotogratiayautigas: as vot menta. 03 ateibutossimbdticos portados pelos figurantes © 0s recursos 38 cenogrificas que propiciavam aqui que chamamas de ambientago iluseria, ‘As fotografias antign, é verdade, tém o grande métito de mostrar, 20 longo de sua cronologia, a evolugio da moda. Nesta colegio mesmo, ‘vemos algumas senhoras e meninas muito bem vestidase a sua elegin- cia nfo advém somente da riqueza das vestes, mas também da postura, do saber vestilas, da dsplicéncia ou do relaxamento com que posam, Virgila Olimpia ds Silva Leme, (foto 21), neta do Visconde de Guara Uingustd, enquamto finge, sem muita desenvoitura, que esta a cotter flores em hipotéico jardim, mostra elegantemente seu rico vestido, ves- ido este que certamente adv cia w Guiev, vendo Ue ir mss, vendo feito sob medida em modista do Rio de Janeiro, aliés, onde a foto fot Datida, no atalié de Carneizo « Tavaree, om 1880, meema clegincia inata encontramos em Maria Elvira (foto 19) e na sua filka, bisneta do Viseonde de Tahara, wm Tarere flminenea que deixow descendn cia de valor, especialmente pelos seus dote de inteligéncia,e nfo & sem razio a presenca do liv aberto entre suas mis. ‘Ao contririo daguelas fidalzas, vemos todo contrafeito o st, José Au- gusto da Silva Almeida (foto 17) retratado em Campin, por Henrigue Rosen, em 1878. Tudo indica que seus trajes eram emprestados: man- gas comprdissimas e chapéu com certeza muito maior que sua cabesa, Essa observagdo nos faz pensar na possbilidade dos fot6grafos possut- Tem roupas destnadas 2 modelos destituidos de vestuarto compativel a0 desejo de demonstracto de abastanga ou de dignidade, Ninguém inks ues ve fotptafar mal ajambrade, documentando meu gosto 0% relaxamento de habitos, ox mesmo pobreza ¢ incapacidade de vestirse bbem. Eeoe sotoque de posas do vestdrio at hoje aparcee noe atl fo 0s destinados a trarreratos para documentos, onde o cidadéo| deur aparacer de pales» gravata. Carta vez, mesmo, ouvimos 0 e350 de um fotégrafo que possuia grande estoque de roupas, especialmente ‘rales a igor, que eram descosturados nas costas. servindo, portant, 39 fndiferentemente a pessoas tanto gorda como esbltas 0 dif mesmo, stra resolver o comprimento das mangas. Acreditamos que 0 vestido nvergedo pela mulher de. empreiteira baiano, Tosé Candido Rafael, também fosse emprestado (Foto 10). Essa mulata, mulher humilde, quem sabe me de muitos filhos e com preocupagdes diversas, casada com 0 responsdvel pela reforma da igreja de Sio Goncalo, em Sio Paulo, obra sob a orientagto do entéo famoso professor de dirsto Jodo Mendes, ‘io ira cotidianamente usat sala baldo naquelas proporgées realmente incSmodas e até anacrénicas e também ndo ira fazer um vestido $6 pera a fotografia, Sua comadre Cnstina Josefa de Ancrade (fot 22), ‘negra pura jé parece pouco & vontade em seu vestido de cinturaaperta- a, Poses, stmplesmente poses, tgualanco todos nx supeitnie do papel Iustroso. A neta do visconde e a negra alforriada em idénticassituagbes, nos imesaius eeuitivs © coat propéaites diferentea, porque divertor of seus extratos soviis, © ganho do fot6grafo & que, sem divida, foi © (02 atributos, ou melhor, o¢ abjetne simhiiicns que aparece 20 lado dos retratados também merecem reflexdes ¢ despertam muitas indaga- ‘ee Peneamos que esses objets. as vezes, realmente fossem usados Com o objetivo de qualitficar corretamente 0 retratado, mas ecredita- ‘os due eles suriam também, eventualmente sueitos ao mero sabor do gosto ou disposigio do fotégrafo. A jé citada Maria Evia, a fidal- {3 fluminense (foto 19), aparece com um livro aberto sobre os joelhos = signticaria tal objeto algom dote intelectual? Quereria dizer que ela ‘era uma professora dedicada de sua bem fornida filhota? Qualquer semethanga com Sant Ana Mestra seria mera colncidéncix? A idia do livro teria sido da retratada? CCerta vez, exatinamos curiosa fotografia do final do séoulo XIX, cuja Teminaiya woisernes agora ao tratarmos dace cisbologia dos objetos Essa foto retratava uma aumerosa familia de imigrantes alemées, no Cy alpendre de uma casa rural, nos arredores de Sio Paulo, Eram telvez ‘amas vine ou trinta pessoas, contendo adultos ecriangas. Todos porta- vam as mios um objeto. Ninguém de mlos vazias. Apareciam seguros pelos personagens objetos variados e, inclusive, animais, como um car- reir. Que significado teria isso? Cada um escolhes livrementeo objeto 1 mostrar entre as mios? Seria um modismo corrente entre os imigran- tes, ente os paulstas? Terta sido ideia do fotograto imaginoso? Us ob- tos estariam realmente representando gostos ou atvidades? io deixamos de perceber uma certa dose de mistiticagio nessas fotos tio pensadas ¢ de tio demorada pose. Quem sabo se walmente a meei aha que cole as flores na foto gostava de jardinagem? E 0 mogo que aia 0 pina, secin van miision? Oe fotdgentne Robin & Faveen, da Guaratinguets, por exemplo, em 1875, fotografaram dua pessoas, ag0- +a nfo identificadas (fotos 14 e 15) em idénticas poses (a ravatinha teria sido a mesma, emprestads?) e em idéntico cenfrio. $6 que numa delas aparece uma ave empalhada e na outta dos livros sobre a coluna. Por que essa variagio? Exigtnclas dos retratados? Ja o cachorro bem vivo, que segura na boca um papel, talvez uma carta ou mensagem de amor, na foo 25, certamente & uma imposicio do cliente vestindo ele- zante roupa feta sob medida. O que queria dizer essa fotografia? So- ‘mente mostre as nabilidades de um cao? Seria o cacnorro de propre: dade do retratado, ou quem sabe, talvez, pertencesse ele a0 dono da sucunagein? Ou da dona, o anais provdvel? ‘A imasinoyio deu tudo o que tinha de si, foi mesmo & organizardo d= cenérios,vsando a ambientagbes artistas e reas, como convinha as ‘apartnciae que o costume ertava a exigic nas fotografiac da burguesia, Necessariamente, os retratos de corpo inteiro deveriam ter uma am- bientacéo dignae. tanto quanto possivel. rica. interessante & que esses ambientes,confinados nos atelis,talvez por tezem sido imaginados e trazidos peas fotdgrafos de seus palses de origem, nunca reproduzem 6 mente na que diz res nteriores comuns as canes brsilirsa. Pine peto to mobiirio, nunce vemos ali uma simples eadeir Luiz Felipe re pelel tranqade, ou uma peorsra poltrona “austiaca, jé to em toda, Ao contrério, sempre méveis rebuscadissimos,profusamente eo tathodos, otentando gifs, hapias ebesbrigando com volutas, volts ‘ contravottas em toro de estofados de veludo e seda, de toalbas, vEus f sepnetriens, tudo acertado para que o personagem estiveste posando Shum idea! mundo de fentasia. Ald, foi na segunda metade do séoulo passado que se popularizou a decorasdoiluséria — nossas casas ricas pessaram fo em sas paedes grandes panels mostrando Nipoitcas Faisagens de um mondo de fas, marailhosas composigdes agrupando Fores frutos eatremeados por Tolnagens, em vruv das quais volltavars delcados péssaros. Outras vets, 0 sonbo vinha caregado de um pouco de humor e a pintura Tistonixa apelava para perspectivas engnneas ‘ow entdo colocava, equi e ali, portas ou janelas falas pintadas & perie- Gao, qe Sempre ciganavam on dntraidos. Vilronea,j& com experiéa- gc em cenériosteatras, oi o mest de todos, na ona rica de Bananal- Se uence das cover jé havia een cenarizacdo ilusionista, foi mais que ommal a proiferagdo dos “quadros enganosos de fundo”, destinados tos rotator dessa épnea, aprorimadamente de 1860 2 1910. (bom fart progurava nfo septic ambiente, ot cenis, para eee nal os retrats ed para para combines reba so quatro tlc de fando, dus ou irs cadeies 08 aa ene iaa tee, ech pot fages, excuse 50 Pac Stade, coluay oa bees entatadas para spo de cotve ate € de smo intrese a veriiemau Sve prefer ta antoads nos funds dost, como aparee ma foto do ton do pant Se tau do fsa Ore Cin, te dou Ea foto mas ota co iter do ated Pa een eayaceom no bom rane eel ali ad pls Func 1908, repos por Bos Kosoy 20 a seu trabalho sobre as urigens e expuundo da fotografia entre n6s. Tat interiores de ateliés sio realmente pitorescos, mostrando como eram forjadon os cenérioe das foe naqielaconfoaso toda de artfatos & dise posigdo da imaginagdo criadora do cendgrafo. Mostram, também, essas fotos de interiores, que a iluminacéo ea sempre a natura, forecida por ‘amplasjanclas ¢ por tetos envideacados, pois nfo havia ainda os moder- ‘nos reeursos da iluminacio elétrica, A maior ou menor claridade era ‘btida por meio de cortinas nas janelas e de paints corredtgos fetus de teeido opaco nos forros envidracados responséves pela iluminagéo Tenia, Uae graue quaatidade de places plance © roourvadae fazia papel de rebatedores de luz, adequando, asim, 08 niveis de alaramento { eliminando ae sombeas inewjves, ais instalacGesestavam perfeita: ‘mente de acordo com as especificagdes téonicas da época, mostrando ‘a atualizacdo de nostos fotdgrafos. Atualizagdo demonstrada, por exem- plo, por Militfo de Azevedo, grande sabedor das novidades. Chegou fesse fot6grafo a traduzir, para seu uso, longos trechos de uma obra que ‘devia ter sido classica etn seu tempo: La Photographie ex Améxiquey ‘Traité complet de photographie pratique, de A. Ligbert. Neste livro, iiueuteweute pesto c luatrado, enconteamee dassnhos gue, cem A. vida alguma, nortearam a instalagao de Cilento, Gilberto Ferrez, por sua ver falando de panos de fundos,dé-nos noti- cias de artistas que “mandavam preparar na Europa, destes cenérios, fencomendando-o: a pintores conhecidos”, tal como fez J. Vollsck, hin {g2ro, sucessor da Fotografia Henschel, que anunciava, a 1° de dezem- bro de 1887, no Diario Mercanti ae Sao Paulo, em 'otia avulsa ex Jorida, especialmente preparada: “Desejoso de igular o seu estabeleci- tea, que etd passendo por ume completa reforma, de primtiras casat déste genero da Europa, 0 St. Volsack, com o seu insinto artistico © ‘nfo ponpanda despesas, mandou expressamentepintar em Moafaleone, na Italia, pelo célebre pintor M. Moro, virios fundos para seu magnifi- co atelier", Podemos imaginar que um desses cenéros italianos enco- 6 mendados por José Vollsak fosse aquele que faz fundo para o grupo familiar composto de pai, filha e genzo (foto 24) fotografado em Sto Paulo, em 1890. Aliés, 0 mesmo artista também possuia répica de bana feta de troncos, propria para totogratias de eriangas, yb Feavaun posando na porta entreaberta (oto 28). Parece que foram comuns ess Eaanas, pols 0 erontsta e visjuute Herbert Smith nos fala jozoramente do fato de sempre ter encontrado em Culabé, penduradas nas paredes (Oe vatiadas tenidéncao,o2 reteatoe de todos os wus anfitries nas mes- ras poses na porta da mesma cabana de pastor suo, como se toda f popslagio daquela capital tvesse feito a mesma viagem eos Alpes pera aprecar a imutivel pasagem de neve, Com 0 tempo, vulgarizaramse os teldes e aparatos enganosos, algo brincalhdes ou caricatos, jf desttuidos da ingaua vontade de realmen te ilodit. Surgiram os falos barquinhos, em que as eriangas tnglam ‘estar remando; 0s falsos bal6es cativos, em que os retratados aparenta- vam estar descortinando bela paisagem avis as ewutiias de transe tldnticos, que permitiam aparecer somente o rosto risonho do cliente. ‘agora, com o progreso ds fotografia imatantdnea, eee recursos isin. ristas, onde deliberadamente se enganava, sabendo-se de antemio que no catd udindo ninguém, atta cfreunscritos aos fotSerafos 20 ar livre, nos loais de grande afluéncia pablica ‘A popularizagio da cimara fotogrfica port os filmes de répida sen “ihlldade e © amadorismo esclarecido, somados ao turismo e ao laze Geixaram o hibito e a providéncia do retrato circunscrito as iniciativas f ao gosto dos proprios interessados. Desapareceram of ricos atlits ‘dos vethos tempos. Hoje, a pose j8 foi banida, prevalecenco o trata tineo,o reisto do instante fugez, @ captacio da realidade sem distor case Sem sons, Hoje, ¢o lmpériv da futo Ix, que nfo engana, mas também nada diz ou sugere, a nlo ser afirmar que aquela ¢ & fisiono- 6s nit ofc aqui 0 cocumento, gue 0 complement da impres ‘slo digital, sad ‘As coises nfo podem continuar assim; outra vez $6 0s ros esto con- seguincn ter cens parltsartisticoe elooubrados por artotas sensiveis ®caros o povio ficou a merc® dos “Iambe-ambes” decadentes, que es tendem seus tees ingauos nos adros das igrejas concnrrdes. Nio ppodemos continuar sem os retratistas regstradores de vaidades mil ¢ ‘ambém com essa gel falta de imaginaglo. Devancios sio precisos. cada vez mais. Ressusitemos urgentemente Carneiro e Gaspar, Militio, Henschel, Vollsack e milhares de Valérios, para nos ajudar a brincat ‘nresponsaveimente neste mundo das cateiras de identidede, dos C-L.C., «dos PIS-PASEP, dos IAPAS e dos burocratas e teenocratasinsensives. PHOTOGRAPHIA” CAMPINENSE ENRIQUE ROSEN ‘Auaco do fxograto Kouen, de Camas, inerido no volume 1876 do “AL ‘Banach Literario de Sio Paul", pebictdo por Tox Matia Lisbon, bastante Important por desl todos a+ cesusoe thenkos eponrcs a epoca, 65 BIBLIOGRAFIA — Hercules Florence (1804-1879). Ea- salo Histricoditeraio. Sio Paulo, Typographia Andrade, Mello e Comp., 1900. FERREZ, Gilberto — A fotografia no Brasil ¢ um de seus mais de- ‘dicados servidores; Mare Ferrez (1943-1923) In Revista do Patrimonio Historico e Artistico Nacional, n.° 1U, Kio ce Taneizo, 1953. KOSSOY, Boris — Origens expunsio dh fotogratin wo Beil — séce ‘XIX. Rio de Jansiro, MEC-FUNARTE, 1980 LAURITO, fila Brunbilde "Séo Paulo om te tempos. 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