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11.

Karl Marx
...
11.2.5. Crítica da economia política
...
11.4. Mercadoria, valor e fetichismo
11.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor
11.4.2. O trabalho produtor de mercadorias
11.4.3. Troca, dinheiro e circulação de
mercadorias
11.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismo

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11.5. Transformação do dinheiro em
Capital
11.6. Processo de produção e progresso
técnico
11.6.1. Capital constante, capital variável e mais-
valia
11.6.2. Força de trabalho, trabalho necessário e
trabalho excedente
11.6.3. Mais-valia relativa
11.6.4. Maquinaria e grande indústria: o progresso
técnico capitalista

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11.2.5. Crítica da economia política
● investigação econômica de Marx parte dos
achados e questões não resolvidas pelos
clássicos

● perguntas e as respostas clássicas


- o que é o valor? (valor de uso; valor de troca)
- o que determina razão de trocas?
- qual o princípio científico que rege a produção e
a distribuição numa economia mercantil?

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- é o trabalho (trabalho comandado, ou
incorporado) que regula as trocas, determina a
produção e regula a distribuição (concorrência)
- como todas as mercadorias custam trabalho, o
valor é um atributo inerente da mercadoria
● os problemas não resolvidos pelos clássicos:
- origem do excedente com trocas de equivalentes
- relação entre taxa de lucro e valor
● a pergunta inicial de Marx é diferente:
- não é sobre o que determina o preço ou
proporções de troca, mas sim:

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- em que condições os produtos do trabalho são
mercadorias, coisas de valor?
- somente na relação social de mercado os
produtos do trabalho ganham a propriedade de ter
valor
- o trabalho criador de valor é de tipo social
específico; é trabalho que produz mercadorias,
portanto valor de uso para outros; é trabalho social
o que produz valor
- substância econômica da sociedade, o trabalho é
socializado via mercado

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- mercado promove a regulação econômica pelo
valor, à revelia da consciência individual
● para Marx, as categorias da economia política
são históricas, expressam certas relações sociais
de produção
- presos às representações capitalistas, os
economistas vêem como se produz dentro dessas
relações, mas não como se produzem essas
relações
- o que a economia política pressupõe, Marx quer
explicar

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● há uma clara disparidade de horizontes:
- clássicos: horizonte burguês, limitado, viam formas
sociais históricas como naturais do homem, eternas,
“houve história, mas não há mais”
- Marx: horizonte da produção social humana

● Marx considera ambos os conceitos de trabalho


(Smith e Ricardo)
- trabalho comandado pode explicar o comando do
capital sobre o trabalho e a essência desigual de
uma troca aparentemente igual entre os dois, mas
não explica a equivalência geral nas trocas

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- trabalho contido vincula o valor às condições
objetivas de produção, mas não explica a origem
do excedente

● Marx submete à crítica o conceito de trabalho


dos clássicos
- é considerado simplesmente como trabalho
natural, trabalho genérico do homem; sem
consideração pelas condições peculiares que
afetam o trabalho sob a produção capitalista de
mercadorias

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- o trabalho assalariado não é trabalho natural, é
trabalho socializado via mercado, trabalho
alienado, diverso do que seria em condições
naturais
- é trabalho alienado na medida em que: (a) não é
comandado pelo trabalhador, (b) seu produto não
pertence ao trabalhador, (c) é criador de valor,
mero trabalho abstrato, que domina o criador
(trabalhador)

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● o que é o capital:
- enquanto os clássicos investigam como funciona
o capital, Marx quer (também) saber o que é,
porque existe, porque estão separados meios de
produção/terra e trabalho
- não é nenhuma de suas formas (dinheiro,
mercadorias, meios de produção) e é cada uma
delas
- capital é um valor que se expande, valor auto-
determinado, que circula com vistas à sua auto-
expansão

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- isto é uma relação social de exploração, em que
os meios de produção privados submetem força
de trabalho para se apropriar de mais valor
- é uma forma social específica da riqueza, que
tem lógica de movimento
- forma contraditória, histórica (x clássicos,
harmônico, natural), é o modo de produção
capitalista (construção teórica, “expressão” da
realidade)

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● Marx: é apenas o domínio do trabalho acumulado,
trabalho passado, sobre o trabalho vivo, que
transforma o trabalho acumulado em capital
- então o capital não consiste em que o trabalho
passado sirva de meio para o trabalho presente (vivo),
mas que o trabalho vivo sirva de meio (trabalho
abstrato) para aumentar o valor do trabalho passado
● em Marx, a diferença observada por Smith entre
trabalho comandado e trabalho contido traduz-se na
diferença entre trabalho contido na força de trabalho
(valor da FT) e trabalho contido (objetivado) nas
mercadorias

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- Smith intuiu corretamente a ruptura na lei das
trocas pelo trabalho contido, quando aplicada às
trocas entre capital e trabalho; além disso,
vinculou a teoria do valor (através do conceito de
trabalho comandado) à teoria da acumulação
- Ricardo não hesitou em formular uma teoria do
valor também apoiada no trabalho, apesar dos
problemas levantados por Smith, deixando porém de
lado o problema fundamental da troca entre capital e
trabalho

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● com base em uma teoria (própria) do valor-
trabalho e do capital, Marx faz uma crítica da análise
clássica (trabalho, capital, lucro, salário, renda,...) e
cria novos conceitos (distinção entre trabalho e força
de trabalho, trabalho abstrato e trabalho concreto,
mais-valia)
- ultrapassa o que chamou de aparências (descrição
de como funciona) da economia capitalista, para
analisar sua essência (o que é o porque existe o
capital)

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- Marx conclui que o sistema capitalista (e suas
categorias de análise) não é um sistema natural, não
é eterno, mas um sistema social específico, histórico

● lógica e história do capital:


- mesmo que as categorias sejam históricas, são
movidas por um certa lógica - uma teoria “pura” do
modo de produção
- o movimento do modo de produção capitalista na
realidade concreta é o capitalismo (termo não
usado por Marx), a realidade histórica mesma

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Sobre o método de Marx: gênese de categorias

● Marx opera outra forma de fazer ciência


- apreensão categorial da realidade (após
investigação, apresentação)
- suas categorias são lógicas e históricas; lógica é
o fio condutor, história é contraprova, explica
origem
● explicação da realidade de uma categoria (seu
movimento, contradição) desdobra-se na
introdução de outras, sucessivamente

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- novas “camadas” de realidade trazem novas
explicações (determinações)
● aparência e essência: são planos de realidade
- deter-se na primeira é próprio da economia
vulgar
● percurso do texto de O Capital: concretização
progressiva, desde a unidade mais simples e
genérica da riqueza moderna (a mercadoria) até a
forma mais complexa das finanças e dos juros
● gênese de categorias (esquema)

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A estrutura de O Capital

livro I – produção do capital


a partir da mercadoria simples, investiga o
excedente, as formas da produção capitalista e
as leis da produção e acumulação do capital em
geral

livro II – a circulação do capital


trata do capital singular e do capital social total

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livro III – o processo global
consideração conjunta da produção e da
circulação, incluindo em parte a concorrência
entre múltiplos capitais e a formação dos
preços e rendas

livro IV – história da teoria (Teorias da Mais-Valia, 3


vol.)

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● o plano original de Marx abrangia mais temas:
I – livro do capital
II – livro da propriedade da terra
III – livro do trabalho assalariado
IV – livro do Estado
V – livro do comércio exterior
VI – livro do mercado mundial e das crises

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11.4. Mercadoria, valor e fetichismo
11.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor
● a riqueza da sociedade moderna aparece como
uma imensa coleção de mercadorias
- mercadoria é a unidade elementar da riqueza,
realidade imediatamente posta na sociedade
mercantil, em que se produz para o mercado e se
obtém o necessário no mercado
- é a menor unidade de análise nesta sociedade
- análise de Marx começa no âmbito do mercado
(igualdade entre produtores), onde ocorrem as

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trocas de mercadorias (o que conduz ao dinheiro),
sem exploração, sem capital; o mercado é a
aparência do modo de produção capitalista (é
parte da realidade)
● as mercadorias são coisas úteis (valores de
uso), conforme as qualidades do seu corpo,
satisfazem necessidades humanas (reais ou
imaginárias), direta ou indiretamente
- como valor de uso, cada mercadoria é única,
com qualidades não comparáveis, são distintas
- o valor de uso se realiza no consumo, que
extingue aquele corpo (no uso é que ele vale)

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● os valores de uso (coisas úteis) não precisam
ser mercadorias; existem em outras formas
sociais, como produção doméstica ou como
produtos da natureza
- o valor de uso é o conteúdo material da riqueza,
sempre; é um atributo das coisas (objetivo), social
e historicamente determinado
- fontes originais da riqueza material: natureza e
trabalho
- valores de uso sempre existiram para o homem e
as necessidades são dadas socialmente;

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historicamente o homem descobre novas utilidades
em sua relação com a natureza
● nas sociedades mercantis, os valores de uso
que se necessita geralmente são mercadorias
- a mercadoria é uma forma que assume o produto
do trabalho do homem; aqui o valor de uso é
portador do valor de troca (preço)
- quem produz quer dinheiro para adquirir outra M
● o que é o valor de troca?
- o preço é apenas sua figura desenvolvida,
específica

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- o valor de troca é sempre a relação quantitativa
entre valores de uso diferentes, pela qual são
trocados
- uma mesma mercadoria pode assumir um ou
diversos valores de troca (forma simples ou forma
desdobrada do valor); relação parece
circunstancial, puramente relativa
● conclusões de Marx:
- os valores de troca expressam algo igual
- o valor de troca deve ser expressão de um
conteúdo distinto dele: o valor

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20 varas de linho = 1 casaco

- expressão de valor, através de uma igualdade,


significa que há algo em comum da mesma
grandeza, dos dois lados
- duas coisas são iguais a uma terceira, que não é
nenhuma delas (como o ‘peso’ que se verifica na
balança)
● o que é esse algo em comum?

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- não pode ser uma qualidade natural (isso faz das
M valores de uso diferentes) – isso é abstraído na
troca
- o que resta da mercadoria, abstraído o valor de
uso?
(desconsiderado o corpo da mercadoria, o tipo
específico, concreto, de trabalho desaparece)
- resta às mercadorias a propriedade de serem
fruto de trabalho humano
- são gelatinas (cristalizações) de trabalho
humano em geral, abstrato, indiferenciado

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● trabalho abstrato: na troca (no mercado) abstrai-
se o tipo específico de trabalho e os desvios de
habilidade e confrontam-se diferentes valores de
uso (diferentes trabalhos concretos)
- apesar das formas diferentes de despender
trabalho,
trabalhar é sempre dispêndio produtivo de
cérebro, músculo, nervos, etc.,
- o valor das mercadorias é constituído desse
trabalho genérico

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● abstração real – pressupõe:
- organização social que desenvolve variedade de
gêneros de trabalho, em que é fácil trocar de
gênero, qualquer tipo é meio válido de produzir
riqueza, obter salário, todos são socialmente
aceitos
- o trabalho é abstrato porque produz um produto
abstrato, genérico = valor (de troca)
- é o aspecto social do trabalho incorporado nas
mercadorias
- não é uma categoria fisiológica, mas uma
categoria social e histórica

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● o valor não é uma condição natural da
mercadoria, é uma relação social (mercantil) que
se materializa nelas
- as mercadorias são (têm) valores porque seus
produtores trocam seus trabalhos – relacionam-se
– através delas
- essa relação (produção e troca de mercado)
abstrai o caráter concreto do trabalho
- o valor é esse acúmulo de trabalho humano
(substância social), o que há de comum entre as

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mercadorias e que se revela nas trocas, ganha
expressão no valor de troca

- substância (social):
conteúdo trabalho humano abstrato
valor - grandeza: quantidade de trabalho
(tempo)
forma: valor de troca

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● a grandeza de tempo de trabalho que conta para
o valor é a média social (não o dispêndio
individual)
- tempo de trabalho socialmente necessário (ttsn):
em condições normais de produção, com grau
médio de habilidade e intensidade do trabalho
- a mercadoria vale como exemplar médio de sua
espécie

● a igualdade entre os trabalhos, promovida pela


relação mercantil, abstrai a qualificação concreta

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- mercado opera uma relação quantitativa entre
trabalhos de diferentes qualificações
- em cada sociedade, há um trabalho médio
simples (tms): que o homem comum possui em
seu organismo
- trabalho complexo = trabalho simples
potenciado; é uma capacidade de trabalho que
custou trabalho
- redução ocorre a todo momento através do valor;
não está dada pela tradição
- trabalho médio simples serve como unidade de
medida

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● o valor das mercadorias muda conforme a
produtividade do trabalho, que depende de técnica,
habilidade e natureza
- ex: diamantes, representam muito trabalho em
pouco volume; com acesso a minas mais ricas,
será preciso menos trabalho, cai seu valor

● quanto maior a produtividade do trabalho:


- menor o tempo de trabalho socialmente
necessário
- menor a quantidade de trabalho na mercadoria

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- menor o seu valor (em tempo igual, mais valores de
uso)
- efeito contraditório: reduz o valor e amplia a
riqueza material; deve-se ao duplo caráter do
trabalho que produz mercadorias

● questões acerca das categorias valor e valor de


uso
- há coisas que são (têm) valores de uso e não
são (têm) valores, quando a utilidade delas para o
homem não é mediada pelo trabalho, ou são
produtos do trabalho para auto-consumo

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- para ser mercadoria, é preciso produção de valor
de uso para outros, para o mercado
- uma coisa não pode ter valor sem ter valor de
uso; sem ser valor de uso, não tem utilidade, é
coisa inútil e o trabalho despendido foi inútil, não
conta como trabalho social, não cria valor

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11.4.2. O trabalho produtor de mercadorias
● o trabalho que produz mercadorias possui um
duplo caráter: é concreto útil e é abstrato

concreto constitui o
útil (alfait., tecelagem, etc.)  valor de uso

trabalho produz mercadoria


cria
abstrato  valor
(dispêndio de
energia humana)

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● como trabalho concreto, produz valores de uso,
é considerado segundo seu efeito útil, é um
determinado tipo de atividade produtiva,
caracterizado por: (a) modo de operar, (b) objeto
de trabalho, (c) meios de trabalho, (d) resultado
- o trabalho concreto útil sempre existiu, é
condição da existência humana, necessidade
natural, meio de auto-construção da espécie

● o valor de uso representa ligação entre os dois


elementos: natureza – substrato material
e o homem – trabalho útil

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● enquanto o trabalho útil conta qualitativamente
(como, o quê), o trabalho abstrato conta
quantitativamente (quanto)
- duas mercadorias quaisquer sempre serão
valores iguais, em certas proporções

● abstração é feita pela relação mercantil e tem 3


aspectos:
- caráter concreto útil
- redução de trabalho complexo a tms
- produtividade média (ttsn)

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● na expressão de valor,
20 varas de linho = 1 casaco
- diferença ou igualdade depende do tempo de
trabalho (digamos, 10 h tms)
- com produtividade (pdv) constante, a grandeza
do valor sobe com a quantidade
- mas com variação da pdv, varia também o ttsn
se a pdv dobra 20 varas = 10 varas antes
se cai à metade 20 varas = 40 varas antes
- enquanto 20 varas de linho mantêm o mesmo
valor de uso

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● quanto mais valores de uso, maior a riqueza
material e pode haver até decréscimo simultâneo
do valor total
- o movimento contraditório provém do duplo
caráter do trabalho
- a produtividade do trabalho tem a ver com seu
aspecto útil, refere-se ao trabalho concreto útil,
afeta a riqueza, não afeta o valor criado pelo
trabalho em dado tempo
- em 10 horas de trabalho médio simples, produz-
se o mesmo valor, porém mais ou menos riqueza

42
● o trabalho que produz mercadorias é um
trabalho privado e um trabalho social
- a estrutura social da economia de mercado, com
sua infinidade de tipos de mercadorias, diferentes
valores de uso, implica que existe infinidade de
diferentes trabalhos úteis: há uma divisão social
do trabalho (dst)
- um sistema complexo pelo qual a massa do
trabalho social é múltipla de formas e está dividida
entre produtores distintos

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- divisão social do trabalho é condição
(necessária) para a produção de mercadorias,
porque somente produtos de trabalhos privados
autônomos confrontam-se como mercadorias, em
concorrência

● trabalho é privado: decorre de decisões


autônomas de produção (o que, quanto, como),
corresponde aos negócios privados de produtores
autônomos

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● trabalho também é social: voltado para atender
necessidades sociais (dirigido ao mercado), parte
integrante da massa de trabalho da sociedade
- caráter social desse trabalho é mediado pelo
mercado (indireto)
- trabalho vale (cria valor) conforme condições
sociais da produção

● riqueza mercantil é uma massa de trabalho


social (massa de valor e massa de valores de
uso), a substância da sociedade

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- o trabalho privado volta-se para o mercado, a
troca permite a apropriação de cada um segundo
sua inserção no mercado
- lei do valor: o valor é dado pelo ttsn e regula as
trocas, regula a distribuição (setorial) do trabalho
social, através da concorrência
- no âmbito do mercado (aparência), a
equivalência nas trocas significa que coincidem
produção e apropriação de valor (como
enriquecer? trabalhando)

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● o caráter simultaneamente privado e social do
trabalho constitui uma contradição das sociedades
mercantis
- o trabalho, executado privadamente, é
determinado pelas condições sociais e deve
atender necessidades sociais (valor de uso); o
valor do produto depende das relações com outros
produtores

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11.4.3. Troca, dinheiro e circulação de
mercadorias
● considerando uma expressão de valor:
30Kg de açúcar = R$ 75,00
- para expressar o valor do açúcar, preciso de algo
diferente dele
- como esse algo veio a ser dinheiro? ou
- como o valor adquire forma de expressão
autônoma, distinta do corpo do açúcar?
- como o valor de troca veio a ser “preço”?

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● resposta: generalização das trocas produz a
evolução social de uma mercadoria para cumprir a
função de equivalente geral, representação do
trabalho humano abstrato
● dinheiro é a forma comum de expressão do
valor das mercadorias e a revelação de sua
origem requer a análise da evolução das formas
do valor
a) forma simples do valor (acidental, singular)
b) forma desdobrada do valor (total)
c) forma geral do valor
d) forma dinheiro do valor

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● forma simples do valor:
30 kg de açúcar = 1 casaco

● forma desdobrada do valor:


30 Kg de açúcar = 1 casaco, ou 3 sacos de
batata, ou 2 sapatos,
ou 1 moeda de ouro,
etc.

50
● forma geral do valor:

1 casaco, ou 3 = 30 Kg de açúcar
sacos de batata,
ou 2 sapatos, ou
1 moeda de ouro,
etc.

51
● forma geral surge e desaparece (açúcar, sal,
etc.), mas quando a troca rompe laços locais, uma
mercadoria se fixa nessa função, assume a forma
dinheiro
- na forma geral, expressão unitária do valor
ganha validade social geral
- há uma tendência à fusão social da forma natural
(corpo) com a forma equivalente geral - surge a
mercadoria dinheiro
● mercadoria dinheiro é a que assume o
monopólio social da representação dos valores -
historicamente foi o ouro

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- dinheiro é a forma unitária de manifestação do
trabalho humano abstrato

● forma dinheiro do valor:

1 casaco, ou 3 = 1 moeda de ouro


sacos de batata,
ou 2 sapatos, ou
30 Kg de açúcar
etc.

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- o valor de troca se torna a forma preço do valor

30 Kg de açúcar = 1 moeda de ouro


ou
30 Kg de açúcar = R$ 75,00
(se 75 reais for o nome monetário
de 1 moeda de ouro)

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● a forma simples do valor é o germe da forma
dinheiro; a forma mercadoria simples dos produtos
do trabalho é o germe da mercadoria dinheiro
● em princípio, Marx segue a proposição
“clássica” de que os valores de troca são
proporcionais às quantidades de trabalho (preços
diretos)
- posteriormente (à consideração dos capitais
particulares em concorrência), mostra que os
preços formam-se de outro modo com a presença
do capital

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● Marx adverte sobre a flexibilidade da forma
preço:
- pode expressar o valor ou o mais ou menos pelo
que se pode vender a M, pode haver uma
incongruência quantitativa
- também ocorre uma incongruência qualitativa:
coisas que não são valores têm preço: terra, obras
de arte, consciência, honra, etc.
● o surgimento do dinheiro (D) é um processo
histórico: processo de mercantilização da
produção que faz das trocas ocorrências regulares
e não marginais

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- presença do dinheiro implica elevado grau de
mercantilização; as mercadorias já vêm ao mundo
com um preço, são alienáveis por dinheiro e isso é
uma necessidade
● ouro e prata, por natureza, não são dinheiro;
porém, dinheiro, por natureza (social), é de ouro e
prata
- para expressar unitariamente uma substância
homogênea (tha), há convergência entre
propriedades naturais e função do D (expressão
do valor)

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- a circulação das mercadorias confere a uma M a
forma-dinheiro do valor não o seu valor, que
depende do tempo de trabalho na produção dessa
M
- Marx trata do D como mercadoria-dinheiro
(metais preciosos), diferente do dinheiro de curso
forçado
● uma M é dinheiro porque todas as demais
expressam seu valor nela, mas parece o contrário,
porque o processo desaparece no resultado

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- não é por meio do D que as M se tornam
comensuráveis, comparáveis; é por serem tal, que
podem se medir numa mesma
● funções do dinheiro: medida dos valores, meio
de circulação, reserva de valor, meio de
pagamento, dinheiro mundial
● a presença do dinheiro implica um processo
generalizado de circulação das mercadorias
(economia mercantil), que corresponde a um
metabolismo social: provê os homens através dos
produtos do trabalho

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Produção ... M — D — M ... Consumo

... M — D — M ...

... M — D — M ...
● circulação simples de mercadorias:
- representação de uma economia de circulação
monetária mercantil com vistas ao valor de uso
(economia de mercado com produção regida pelas
necessidades de consumo)

60
- porém, a generalização da produção mercantil
somente ocorre com a produção capitalista

● no circuito M – D – M, as vendas/compras
conservam o valor e as transações têm em vista o
valor de uso
- trabalho privado busca validação social no
mercado
- como trabalho abstrato é igual aos demais,
garante acesso aos demais valores de uso
- circulação das mercadorias é metabolismo social

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● diferença entre circulação de mercadorias
(M1 – D – M2) e intercâmbio direto (M1 – M2) não é
apenas formal, mas essencial (D não é mero meio
de troca)
- o mercado rompe as limitações do intercâmbio
direto (locais, individuais), desenvolve o
metabolismo social, cria vínculos sociais
incontroláveis pelas pessoas
- rompe identidade venda/compra, são momentos
separados (possibilidade formal da crise)

62
11.4.4. O mercado: leis de apropriação e
fetichismo
● no mercado, a lei do valor regula as trocas
(equivalência) e assim produção (dispêndio de
trabalho social) e apropriação (do trabalho social)
andam juntas
- esta é também a aparência da produção
capitalista de mercadorias: uma troca de
equivalentes no mercado, que atribui o valor de
cada contribuição
- cada qual pode obter no mercado, na medida em
que contribui (trabalho, capital, etc.) (este é o

63
universo da “economia vulgar”, Say, Senior,
Bastiat, hoje neoclássica)

● neste plano das relações de mercado


(capitalista), vigem as leis impessoais do mercado
(“leis da oferta e da demanda”) e imperam a
Liberdade, a Igualdade, a Propriedade e ...
Bentham!
- liberdade: troca é contrato de agentes livres
- igualdade: como proprietários de M ou D,
equivalência

64
- propriedade: cada um só dispõem do que é seu
e somente toma na medida em que cede
- Bentham: cada um cuida do seu auto-interesse

● reflexão de Marx sobre o valor das mercadorias


precede a introdução da categoria do capital e da
exploração (o “segredo” da mais-valia), precede a
análise da produção capitalista
- deixar de fora o capital implica considerar as
mercadorias como propriedade de produtores
autônomos independentes, em concorrência

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- vigora a lei do valor, que opera em sua forma
pura (sem consideração do capital)
● teoria de Marx pretende ir além das aparências
e explicar:
- porque e como M e D se convertem em capital,
em poderes sociais que dominam os homens
(fetichismo)
- como a produção capitalista resulta em não-
equivalência e desigualdade, sem deixar de
postular a equivalência e a lei do valor

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● em qualquer sociedade há dispêndio de trabalho
e consumo de produtos do trabalho (aspecto do
trabalho concreto); há determinada alocação de
tempo e dos resultados do trabalho,
possivelmente uma d.s.t.
- em outros modos não-mercantis de
produção/distribuição (familiar, tribal, feudal,
administrada, etc.) definições e procedimentos
correspondem a normas morais, diretrizes política,
condições naturais, diferenças de gênero e idade;
geralmente envolvem escolhas e mediação
pessoal

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- relações sociais entre os produtores aparecem
como suas próprias relações pessoais, não
disfarçadas como relações entre coisas
- trabalho concreto útil é imediatamente social,
ganha sua característica social diretamente, em
função das definições estabelecidas, mais ou
menos conscientemente pela sociedade
● na economia de mercado, a socialização do
trabalho faz-se mediante coisas (mercadoria e
dinheiro), indiretamente, através do mercado
(relações de valor), que realiza as funções de
distribuição do tempo do trabalho social (perfil da

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produção) e de alocação dos resultados do
trabalho (distribuição)
- socialização do trabalho através do mercado é
que torna o trabalho abstrato e faz dos valores de
uso produzidos pelo trabalho valores

● as relações sociais entre os homens na


produção de sua vida material se estabelecem por
meio de coisas
- sendo o mercado o elo de ligação entre as
diferentes atividades (conferindo integração social,
unidade), produção e distribuição estão

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coisificadas, são relações sociais que se
configuram por meio de coisas

● em vista disso, produção e distribuição:


- não obedecem orientação consciente dos
produtores
- se autonomizam perante os indivíduos
- regem-se por leis independentes da vontade
pessoal
● o mercado cria a ilusão da independência
privada, porém simultaneamente cria vínculos
sociais incontroláveis (relações de valor)

70
- a dependência recíproca e multilateral dos
indivíduos indiferentes uns aos outros forma o seu
nexo social
- o nexo social se expressa no valor de troca:
somente através dele para cada indivíduo sua
própria atividade ou seu produto se torna uma
atividade e um produto para ele
● o “salto mortal da mercadoria”: é necessário
vender, mas... as condições escapam ao controle:
- divisão social do trabalho (d.s.t.) se desenvolve à
revelia de cada produtor e o organismo produtivo
pode lhe reservar má sorte (mercadoria é nova,

71
surgiu substituto, há em excesso, outro melhor
produtor, etc.)
- a mesma d.s.t. que os faz produtores privados
independentes, também torna independente deles
o processo social de produção e suas relações
com ele
● a independência recíproca das pessoas se
complementa num sistema de interdependência
universal reificada
● essa base material conduz ao fetichismo da
mercadoria

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- aspecto objetivo: vida social é realmente
comandada pelo movimento das coisas
- aspecto subjetivo: consciência dos agentes
adere a inversão da realidade, percebendo as
qualidades sociais do trabalho humano como
atributos das coisas
● fetiche: objeto feito pelo homem ou produzido
pela natureza ao qual se atribui poder
sobrenatural ou se presta culto
- exemplos na religião, na sexualidade
- Marx ironiza a inversão do “mundo civilizado”,
que rende culto à mercadoria e ao dinheiro

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● para Marx, a mercadoria esconde um segredo: é
objeto inanimado que expressa (e oculta) relações
sociais
- sociabilidade de mercado promove a materialização
das relações sociais: características do trabalho
social (que atende necessidade e tem valor)
aparecem como propriedades objetivas dos produtos
do trabalho; somente aparecem através das trocas
- o valor, determinado no conjunto da produção
social (relação social) aparece como uma relação
entre coisas (forma do valor, preço), como
característica da coisa

74
● a personificação das coisas: são portadoras de
relações sociais e a propriedade sobre elas
confere um papel social ao proprietário
● relações sociais aparecem como atributo das
coisas:
- a potencialidade do capital produtivo, a
capacidade do capital dinheiro ou da propriedade
da terra em gerar ganhos para seu proprietário, a
mercadoria e seu preço, a capacidade do dinheiro
de compra universal, todas as potências do capital
- resultam da produção social, são características
sociais das coisas, não inerentes ou naturais

75
● o fetiche do dinheiro: suprime diferença natural e
específica entre as pessoas, todas niveladas
como portadores de dinheiro
- tem um poder mágico porque é um poder sobre
o trabalho social
- por trás disso, há um processo social que
estabeleceu o dinheiro, que promoveu a abstração
do trabalho e a capacidade de uma mercadoria
particular representar universalmente o trabalho
abstrato/substância social da riqueza
● quando a economia mercantil já tem história,
suas formas parecem naturais, eternas, evidentes

76
- a organização social não permite o domínio
consciente dos homens sobre suas atividades
- sua integração é mediada pelas coisas, o que
acarreta a transformação dos homens em objetos
e das coisas em sujeitos das relações sociais

● inversão na percepção do mundo:


- o valor - relação social - aparece como
característica externa às relações entre os
homens, realizando-se na troca entre coisas,
parece atributo das mercadorias

77
- o valor de uso parece independente das
qualidades naturais das coisas, pois se realiza
para o homem no consumo, sem a troca, na
relação entre homem e coisa; valor de uso parece
atributo dos homens (subjetividade, utilidade)
● alienação (individual e social) e
instrumentalização do “outro”

78
11.5. Transformação do dinheiro em
Capital

● como D se transforma em capital (K)?


- para que surja o D e possa circular como valor
que se expande é preciso a circulação de
mercadorias em larga escala
- dinheiro: primeira forma de aparição do capital

● circulação do capital é diferente da circulação


simples de mercadorias – fórmula geral do capital:

79
D — M — D’

- valor circula com vistas à expansão; o objetivo é


o valor-de-troca (∆D), não o consumo
- dinheiro é tão somente adiantado, para retornar
acrescido de uma mais-valia (D’ = D + ∆D)
- ponto de chegada é novo ponto de partida; D
deve permanecer circulando para continuar sendo
capital

● circulação mercantil simples:

80
M—D—M

- circuito se extingue, D media e sai fora, M para


consumo é o objetivo, valor permanece
- produtor isolado acresce valor, ganha conforme
o trabalho que realiza, há um processo de
formação do valor (tem de explicar algo diferente:
valorização do valor)

● o movimento de valorização faz do D capital

81
- somente circulando o capital se valoriza, precisa
trocar de formas; fora da circulação, acaba o
movimento, D deixa de ser capital
- meta do capital é o movimento do ganho; não
uma mais-valia isolada
- o valor é o sujeito do processo, no qual se
expande trocando de formas; D é a forma em que
se compara a si mesmo; K é sujeito automático,
valor autonomizado
- o capitalista incorpora essa lógica como
motivação subjetiva (entesourador também quer
enriquecer, mas é o “capitalista demente”)

82
● como surge a mais-valia?
- mais-valia parece contradizer a equivalência nas
trocas
- valor novo não pode surgir da circulação: embora
o capital comercial ganhe com trocas desiguais,
elas somente realizam redistribuição do valor
(formas antigas do capital)

● mais-valia não pode surgir da circulação de


equivalentes, mas o D tem de circular para tornar-
se capital (parado não cresce)

83
- para valorizar o valor, mudança tem de ocorrer
com a mercadoria comprada
● circulação completa do capital (industrial)

D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’
compras vendas
- compras e vendas do capitalista transcorrem
conforme o valor; a explicação não pode estar no
valor das mercadorias compradas, mas no seu
valor de uso

84
- explicação (da mais-valia) reside no valor de uso
de uma mercadoria cuja utilização seja fonte de
valor (trabalho)

● essa mercadoria é a força de trabalho (FT)


- tem valor e valor de uso como as demais, mas é
específica, pelo seu valor de uso
- valor: sustento que repõe, conforme t.t.s.n.
- valor de uso: realiza-se no consumo = dispêndio
de trabalho, criador de valor

85
● somente em certas condições históricas o D
pode encontrar capacidade de trabalho à venda
(FT) no mercado, isso não é natural
- a capacidade de trabalhar tem de pertencer a
pessoas livres e despossuídas; contrato entre
iguais

● capital revela-se como relação social (e não coisa)


entre pessoas (classes), na qual o valor (dinheiro)
submete a força de trabalho e com seu uso
expande-se continuamente, incorporando o
trabalho realizado

86
- capital: precisa unir circulação e produção
- relação social de exploração, na medida em que
o salário paga a FT e não o trabalho realizado
- diferente da servidão e da escravidão,
exploração está encoberta

● o capitalista é o proprietário do conjunto das


condições de produção; o consumo produtivo da
FT ocorre fora do mercado, na produção
- o trabalho realizado pela FT pertence ao
capitalista, assim como seu resultado (em
conformidade com o direito mercantil burguês)

87
11.6. Processo de produção e
progresso técnico

● a partir da teoria do valor-trabalho, Marx


sustenta que somente o trabalho vivo (uso da
força de trabalho) cria novo valor na produção
- cabe verificar como ele enfoca o processo de
produção para fundamentar sua posição
- o que ocorre em ... P ... ?

88
D — M {MP;FT} . . . P . . . M’ — D’
1000 {700; 300} 1300 1300

∆D = 300

89
11.6.1. Capital constante, capital variável e
mais-valia
● produção capitalista envolve um duplo caráter:
- é processo de trabalho, trabalho concreto que
opera e produz valores de uso; relações materiais
e técnicas entre valores de uso; destroem-se e
criam-se valores de uso
- é processo de valorização, em que trabalho
abstrato acresce valor; relações entre valores, em
que se conservam e se criam valores

90
● capital constante (meios de produção) e capital
variável (força de trabalho): são partes do capital
adiantado, consideradas segundo as funções que
desempenham no processo de valorização

● como processo de trabalho, é essencialmente a


mesma coisa que qualquer produção feita pelo
homem
- há trabalho vivo, concreto útil, que utiliza
instrumentos para operar sobre objeto de trabalho,
com vista a uma finalidade – produto

91
- processo de trabalho extingue-se no produto;
trabalho uniu-se ao objeto; objeto está trabalhado;
trabalho está objetivado
- caráter capitalista não altera natureza do
processo de trabalho; mas o controla: é um
processo entre coisas que o capitalista comprou

● no processo de valorização, os instrumentos,


objetos e meios de trabalho consistem em uma
massa de valor dado que ingressa na produção
- é capital constante, cujo valor é transferido ao
produto final; é trabalho passado, contém valor

92
- como o valor dos MP reaparece no produto? por
meio de seu uso, mediado pelo trabalho, na
qualidade de trabalho concreto útil, conserva e
transfere
- porque valor existe em forma de valor de uso, se
perde valor de uso, perde valor; afastados do
trabalho concreto, desvalorizam-se pela perda do
valor de uso
- os MP não dissipam seu valor, porque se
transformam noutro valor de uso, são consumidos
para produzir outro; o tempo de trabalho que contêm
forma parte do tempo de trabalho do produto

93
● MP cedem valor porque têm valor, cede apenas o
valor que perde; isso ocorre de modo diverso com:
gasolina energia (desaparecem); tinta (deixa sua
qualidade); m-prima (muda de forma); máquina,
edifício (conservam sua figura) - vida útil determina
o tempo em que o valor vai sendo transferido -
depreciação para o capital fixo
- máquina entra totalmente no processo de trabalho,
mas parcialmente no processo de valorização
- pode haver desperdício inevitável: insumo entra
totalmente na valorização e parcialmente no
processo de trabalho

94
● no processo de valorização, o trabalho é mero
trabalho criador de valor (trabalho abstrato)
- uso da força de trabalho é movimento (= trabalho
que se cristaliza)
- o trabalho vivo é a forma de existência do capital
variável na produção; sua função é valorizar o
valor dado, acrescendo trabalho; cria valor na
medida em que se estende e conforme a
produtividade social média
- é capital variável, muda de valor; (re)produz um
equivalente e uma mais-valia maior ou menor

95
● mais-valia: é a forma capitalista do excedente
econômico, um excedente em valor que surge da
produção, realiza-se na circulação; pertence ao
capitalista
- excedente econômico: valor acima das
necessidades de reprodução da FT
- é o valor do produto excedente (ou mais-
produto), do trabalho não-pago

96
● exemplo de composição do valor:
- considerando os dados anteriores como referentes
a produção de 1000 biscoitos por dia, por um
trabalhador (valor de um biscoito = $1,30)
Capital total (K) (consumido) = $1000,
sendo capital constante (consumido) C = $700
farinha, água, condimentos, ... $690;
depreciação de equipamentos e instalações $10
e capital variável V = $300
valor da FT (salário diário de um trabalhador)
Valor da Produção = $1300

97
- supondo uma jornada de trabalho de 12 horas e
que o trabalho médio simples, com produtividade
média, cria valor de $50 por hora
valor criado em um dia = $600
(valor adicionado na produção)
FT custa $300 e cria valor de $600
Valor da Produção = C + V + MV
1300 700 300 300
o valor previamente existente (C) equivale a 1,17
jornadas de trabalho (14h) e o valor da produção a
2,17 JT (26h)

98
- efeitos de alterações nos valores de C e V e de
alterações na jornada de trabalho

● taxa de mais-valia e massa de mais-valia

Taxa (mv’) = MV / V
= 1 ou 100%
mede o grau de exploração
é a taxa de expansão do capital variável)
relação entre trabalho não pago (mais-valia) e
trabalho pago (valor da FT)
ou entre trabalho excedente e trabalho necessário

99
Massa de MV = V . mv’

= 300 . 1 = 300
leis da produção de mais-valia:
(determinação proporcional a V, compensação,
limitada)

● cálculo da lucratividade (margem de lucro sobre


os custos diretos e taxa de lucro anual sobre o
capital global), extrapolando o exemplo numérico
- supondo que emprega 100 trabalhadores por dia
e que opera em 250 dias por ano

100
- supondo em 5% a.a. a taxa de depreciação do
valor do capital fixo (equipamentos e instalações),
ele dura 20 anos

● massa de produto anual = 1000 biscoitos


. 100 . 250 =
= 25 milhões de
biscoitos
● faturamento anual = 25 milhões . $1,30
= $32,5 milhões

101
● massa de salários anuais = $300 . 100 . 250
= $7.500.000
● mais-valia anual = V . mv’ = $7.500.000 . 100%
= $7.500.000
● capital constante consumido no ano =
= $700 . 100 . 250
= $17.500.000
● cálculo do valor do capital fixo:
depreciação anual = $10 . 100 . 250 = $250.000
que é 1/20 do valor total, que é = $5.000.000

102
● margem de lucro sobre os custos (em $milhões):
margem = MV / (Cconsumido + V)
= 7,5 / (17,5 + 7,5) = 0,3 ou 30%

● taxa de lucro anual sobre o capital global (em


$milhões):
Taxa de Lucro (L’) = MV / (C + V)
= 7,5 / (17,5 + 5,0 + 7,5) = 0,25 ou 25%

103
● neste exemplo está implícito que esse capital
gera 25 milhões de biscoitos por ano e que o
capital circulante (constante consumido e variável)
retorna uma vez por ano (período de rotação é de
um ano)
● com geração mensal de produto para venda (12
vezes por ano), será preciso menos capital
variável e constante, o que aumenta a taxa de
lucro
- neste caso, a taxa de lucro iria a 106%

104
11.6.2. Força de trabalho, trabalho necessário
e trabalho excedente
● paralelamente à transformação de dinheiro em
capital , transcorre a transformação da FT em
mercadoria

● trabalhadores livres: livre disposição sobre sua


pessoa, livres da propriedade de meios de
trabalho e de subsistência
- contratam livremente com proprietários de
dinheiro

105
- duas classes sociais; separação entre produtores
diretos e MP é o fundamento absoluto do modo de
produção

● o valor da força de trabalho: equivalente da


cesta de consumo, necessidades básicas dadas
socialmente, reposição da FT no tempo
- varia com condições históricas e com a
qualidade da FT (habilidade e destreza, formação
educação) e o dispêndio de trabalho para
constituir aquela capacidade de trabalho

106
- mais ou menos barata, depende de lutas sociais
(elemento moral)
- valor é considerado em relação a uma vida útil, o
que implica referência a uma jornada de trabalho
determinada

● preço da FT (salário) pode cair abaixo do valor


(ou ficar acima); limite mínimo = suprimento diário
básico fisicamente indispensável
- FT é reproduzida de forma atrofiada

107
● venda da FT é uma necessidade para o
trabalhador, realiza o valor da FT e mantém seu
valor de uso em prontidão (pior seria não ser
explorado)
- dinheiro na realidade funciona como meio de
pagamento (FT é vendida, mas é paga depois)

6 horas 6 horas
jornada
0h t.t.n. t.t.e. 12h

108
● a jornada de trabalho =
tempo de trabalho necessário:
recriação do valor da força de trabalho (salário)
+ tempo de trabalho excedente
criação da mais-valia

● limites e extensão efetiva da jornada de trabalho


- mínimo: algo acima do t.t.n.
- máximo: fisiológico, limitação legal decorre de lutas
● determinação da extensão efetiva da jornada de
trabalho é objeto de disputa, inclusive no campo do
direito mercantil burguês

109
- natureza da troca não fixa limite para a jornada
- objeto de disputa entre livres proprietários que
contratam no mercado; entre direitos iguais, vale a
força – até a intermediação do Estado
● reprodução social é mais ampla que o mercado
capitalista, transcorre também na esfera doméstica e
pela ação do Estado
- o valor da FT não precisa estar reduzido (e a
jornada estendida) ao ponto de transformar
integralmente o trabalhador em insumo do capital
● produção capitalista é sempre produção de mais-
valia
110
- Marx chama de mais-valia absoluta as formas de
obtenção de mais-valia, através da extensão e
intensificação (supressão dos poros, intervalos)
da(s) jornada(s) de trabalho
- representa uma forma limitada de produção de
mais-valia, predominante na produção
manufatureira, mas sempre presente com a
mecanização (que implicam também outra forma de
produção de mais-valia)

111
11.6.3. Mais-valia relativa
● conceito da mais-valia relativa:
- redução do tempo de trabalho necessário, do
valor da FT (pode ser compatível com aumento do
salário real)

● mecanismo da mais-valia extraordinária explica


redução dos valores das mercadorias em geral,
assim como do valor da FT
- busca de vantagens competitivas, obtidas com
produção de mercadorias com tempo de trabalho
abaixo da média social

112
- concorrência: introdução e difusão de novas
técnicas que poupam trabalho
- maior produtividade é obtida com maior escala e
provoca disputa pelo mercado
- tendência de redução dos valores/preços
- mais-valia relativa cresce com o aumento da
produtividade: é um resultado social da busca de
cada capitalista

● capital penetra a produção e a transforma,


conforme a necessidade de ampliar a produção de
mais-valia

113
- busca do aumento da produtividade pelos
capitais particulares toma forma de um contínuo
revolucionamento do modo de produção
- formas históricas da produção capitalista:
cooperação simples, divisão do trabalho na
manufatura, maquinaria na grande indústria

● na cooperação simples e na manufatura, há


subsunção formal do trabalho ao capital
(subordinação + inclusão)
- controle do capital é “externo” ao processo de
trabalho

114
- trabalhador conduz a operação, de propriedade
do capitalista

● na produção mecanizada da grande indústria,


há subsunção real do trabalho ao capital
- controle sobre propriedade e funcionamento dos
MP
- essa produção corresponde ao modo de
produção especificamente capitalista; capital
desenvolve-se a ponto de colocar sua própria
base técnica, com a mecanização

115
11.6.4. Maquinaria e grande indústria:
o progresso técnico capitalista
• a grande indústria
- resulta de uma revolução da base técnica, com o
uso de máquinas (de trabalho e de força motriz)
- implica a produção mecanizada de máquinas
- continuidade, ritmo, força, supera limites
orgânicos
- a produtividade (e os ganhos) está determinada,
definida na máquina
- implica uma objetivação do processo de trabalho

116
● causas da mecanização estão dadas na
natureza da relação capitalista (capital em geral),
embora motivações apareçam no âmbito da
concorrência entre capitais particulares
- relação Capital x Trabalho é antagônica
- contradição interna ao capital: o melhor
trabalhador é a máquina; decorre a busca do
capital por controle do processo de trabalho
- progresso técnico tende a reduzir o trabalho vivo

117
● transformação do modo de produção, para
especificamente capitalista implica tendência à
redução do trabalho vivo
- mais-valia relativa torna-se forma predominante
- aumento da composição orgânica do capital
(C / V)
- aumento do controle do capital sobre o processo
de trabalho
- aumento do capital fixo (riscos, obsolescência)

118
● capital fixo “moderno” (máquinas e instalações)
são a forma adequada de existência do capital
- representa a autonomização do valor-capital no
processo produtivo
- forças naturais e da ciência são apropriadas pelo
capital
- as forças produtivas ampliadas pertencem ao
capital, o trabalhador coletivo é seu
- capital fixo contém todas as potências do
trabalho humano; força produtiva ciência (trabalho
complexo acumulado) é mercadoria, corresponde
a ramos específicos da produção capitalista

119
● esse processo implica desqualificação e
barateamento da força de trabalho
(empobrecimento do trabalho)
- há dissociação entre trabalhadores de execução,
de engenharia e tecnologia, de direção e gerência
- trabalho em larga escala na movimentação das
máquinas é mero valor de uso do capital, trabalho
abstrato, simples criador de valor e mais-valia
para o capital (dependência do trabalhador pode
ampliar mv absoluta)
- o produto do seu próprio trabalho se manifesta
como uma potência que o subjuga e empobrece

120
● na medida em que os meios de produção usam
o trabalho, Marx associa o capital a imagem de
um “vampiro”- trabalho morto alimenta-se de
trabalho vivo e somente em contato com esse
pode preservar e ampliar seu valor
● direção do capital é técnica e despótica
(autocrática)
● condução do progresso técnico é subordinada a
lógica de valorização (não leva em conta as
condições sociais do trabalho tampouco as
conseqüências sobre os recursos naturais)

121
- limites à introdução de maquinaria: poupa trabalho
pago; deve garantir o controle capitalista do
processo de trabalho; determinada pelas relações
sociais contraditórias

● contradições do desenvolvimento das forças


produtivas com as relações capitalistas de
produção; estas tornam-se obstáculo à ampliação,
difusão do progresso técnico e ao
desenvolvimento das forças produtivas

122

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