Vous êtes sur la page 1sur 16

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA

DE PRESIDENTE PRUDENTE

OSVALDO RAFAEL FRUTUOZO DA SILVA

A ORDEM CRONOLÓGICA DOS


EVENTOS ESCATOLÓGICOS

Presidente Prudente
Novembro de 2014
OSVALDO RAFAEL FRUTUOZO DA SILVA

A ORDEM CRONOLÓGICA DOS


EVENTOS ESCATOLÓGICOS

Trabalho apresentado ao Curso Superior de


Bacharel em Teologia do Seminário Teológico
Batista de Presidente Prudente, como parte dos pré-
requisitos para obtenção da média bimestral da
disciplina Teologia Sistemática VI.
PROFESSOR: PR. WHITSON RIBEIRO DA ROCHA

Presidente Prudente
Novembro de 2014
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2 O AMILENISMO E A ORDEM DOS EVENTOS ESCATOLÓGICOS ...................... 4
3 UMA INTERPRETAÇÃO AMILENISTA DE APOCALIPSE 20 ............................... 6
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 14
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 15
3

1 INTRODUÇÃO

Os assuntos e eventos que envolvem as últimas coisas sempre

despertaram a curiosidade e interesse dos cristãos, no entanto os textos bíblicos que

tratam desta questão sempre despertaram interpretações diversas. Um dos pontos

de divergência na interpretação escatológica trata da ordem e da natureza dos

eventos do fim.

O evento do milênio, descrito em Apocalipse 20:4-5, como um

período do reinado de Cristo, é o acontecimento que mais ganhou importância ao

longo do desenvolvimento teológicos da Igreja, sendo a interpretação deste evento,

um dos principais fundamentos para a definição de uma ordem cronológica dos

eventos escatológicos.

Sendo assim, ao longo da história da Igreja, quatro principais

interpretações tem se firmado quanto ao milênio: o amilenismo, o pós-milenismo, o

pré-milenismo histórico e o pré-milenismo dispensacionalista.

É importante destacar, que todas estas concepções teológicas

creem no milênio, a diferença entre elas envolve as questões: Quando? Como? E

quanto tempo ele dura?

No presente trabalho, me proponho a expor a ordem e a natureza

dos eventos escatológicos de acordo com a concepção amilenista, apontando

também onde o amilenismo difere das outras visões.


4

2 O AMILENISMO E A ORDEM DOS EVENTOS ESCATOLÓGICOS

O termo amilenismo, por si, significa sem milênio. Isto vem sendo

criticado pelos proponentes por não expressar a realidade acerca desta visão

escatológica.

O termo amilenismo não é muito feliz. Ele sugere que os amilenistas ou não
crêem em nenhum milênio ou, simplesmente, ignoram os primeiros seis
versos de Apocalipse 20, que falam de um reinado milenar. Nenhuma
destas duas declarações é correta. Embora seja verdadeiro que os
amilenistas não crêem em um reinado terreno literal de mil anos, que se
seguiria à volta de Cristo, o termo amilenismo não é uma descrição acurada
de sua posição. (HOEKEMA, 1989, p.187)

O uso do prefixo a, indicando negação e oposição, pode levar a

crença de que os amilenistas não acreditam em um milênio e isto não é verdadeiro.

O termo provavelmente foi cunhado inicialmente por pré-milenistas e acabou sendo

“oficializado” para se referir aqueles que não propõem um milênio literal. Autores têm

proposto o termo milenismo realizado por melhor definir a sua concepção.

A concepção amilenista de milênio é a de que este é o período

compreendido entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, sendo este o símbolo

do reinado Dele com Sua Igreja. O milênio é portando o que denominamos Era da

Igreja, ou seja, não é um período de mil anos literais, mas um longo período de

tempo. De acordo com esta concepção, já estamos no milênio, e o reinado de Cristo

é de natureza espiritual, diferindo da posições pré-milenistas que entendem que o

milênio é literal e também de caráter político.

Muitos tem apontado para as semelhanças entre o amilenismo e o

pós-milenismo, que também crê que o milênio não é literal, e que este precede a

segunda vinda de Cristo. Entretanto as diferenças aparecem quanto a natureza

deste milênio, que na visão do amilenista é pessimista, onde há oposição ao


5

Evangelho e perseguições para a Igreja, enquanto o pós-milenista é otimista,

acreditando que a proclamação do Evangelho e o progresso científico conduzirão a

humanidade ao milênio, que é um tempo de prosperidade e paz.

Na verdade a Escritura ensina que o Evangelho se espalhará pelo mundo


todo e exercerá uma influência benéfica, mas não nos leva a
esperar a conversão do mundo, nem nesta nem numa era
vindoura. Ela salienta o fato de que a época imediatamente
anterior ao fim será uma época de grande apostasia, de tribulação e
perseguição, uma época em que a fé se esfriará a muitos, e em
que os que são leais a Cristo serão submetidos a cruéis
sofrimentos, e nalguns casos até selarão com seu sangue a sua confissão,
Mt 24.6-14, 21, 22; Lc 18.8; 21.25-28;2 T s2.3-12; 2 Tm 3.1-6; Ap13.
(BERKHOF, 1997, p. 714).

Conceituando-se a concepção amilenista do milênio, estabelece-se

a ordem dos eventos do fim, conforme demonstrado no diagrama1 abaixo:

Figura 1 - Ordem dos eventos escatológicos segundo o amilenismo.

Nas próximas seções serão abordados os eventos do milênio,

segunda vinda, ressureições, julgamento e estado eterno, de acordo com a

concepção amilenista, para isso me apoiarei principalmente na interpretação de

Apocalipse 20, com o auxílio de outros textos escatológicos das Escrituras.

1 Baseado no diagrama encontrado em: GRUDEM, 2010, p.946.


6

3 UMA INTERPRETAÇÃO AMILENISTA DE APOCALIPSE 20

Alguns amilenistas tem proposto uma leitura cíclica do livro do

Apocalipse, ao invés de uma leitura cronológica linear. Isto implica que o apostolo

João conta a mesma história diversas vezes no livro, sempre acrescentando novos

elementos. É como se o Apocalipse fosse um quebra-cabeça, onde a cada ciclo, o

apóstolo acrescenta novas peças que nos permitem ter uma visão melhor dos

eventos do fim, mas todas peças fazem parte de um mesmo conjunto.

Um dos proponentes desta concepção é Willian Hendriksen, que

indicou sete seções paralelas do Apocalipse em seu livro “Mais que vencedores”,

propondo a seguinte divisão dos capítulos do livro: 1 - Cristo no meio dos sete

candeeiros de ouro (1-3); 2 - O livro com os sete selos (4-7); 3 - As sete trombetas

de juízo (8-11); 4 - A mulher e o filho perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (a

besta e a prostituta) (12-14); 5 - As sete taças de ira (15, 16); 6 - A queda da grande

prostituta e das bestas (17-19) e 7 - O julgamento do dragão (Satanás) seguido pelo

novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém (20-22).

Uma leitura cuidadosa do livro do Apocalipse mostra claramente que o livro


consiste de sete seções, e que essas sete seções correm paralelas umas às
outras. Cada uma delas abarca toda a dispensação, da primeira à segunda
volta de Cristo. Esse período é visto ora de uma perspectiva, ora de outra.
(HENDRIKSEN, 2001, p.31).

Considerando esta leitura paralela progressiva do Apocalipse, o

capítulo 20, único que fala do milênio, inicia a sétima seção paralela, ou seja João

retorna ao início da história novamente, mas também progride nos revelando os

últimos detalhes.

Os versículos 1 a 3 nos fala da prisão do dragão (Satanás) pelo

período de mil anos, indicando que ele está preso no milênio. Após ser amarrado ele
7

é precipitado no abismo e perde o seu poder de enganar as nações. Depois deste

período (milênio) ele é solto novamente, por pouco tempo. Sob esta visão entende-

se que a prisão do diabo ocorre antes da instauração do milênio, ela ocorre na obra

realizada por Cristo em sua primeira vinda, na sua morte e ressureição.

O dragão é o diabo. Este confinamento preocupa as nações, e não somente


uma nação em particular, Passagens como Mateus 12,29; Lucas 10.17,18 e
João 12.20-32 mostram claramente qual é seu significado. Mateus 12.29
nos mostra (veja o contexto) que foi Jesus quem, com relação à sua
primeira vinda (a sua vitória sobre Satanás na tentação, a sua morte na
cruz, a sua ressurreição e coroação) amarrou o homem valente, ou seja,
Belzebu, o demônio. Em que sentido? Lucas 10.17,18 e João 12.20-32
indicam claramente que isso foi feito no sentido em que Jesus restringiu o
poder de Satanás de forma que ele não pôde impedir a expansão do
Evangelho para as nações do mundo. Foi quando os setenta missionários
voltaram que Jesus disse: “Eu via Satanás caindo do céu como um
relâmpago.” E foi quando os gregos desejaram ver Jesus que nosso Senhor
exclamou: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu
príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim mesmo.” Note: “todos”, não só os judeus, mas também os gregos.
(HENDRIKSEN, 2004, p.185).

Com esta interpretação de Apocalipse 20:1-3, levanta-se o

questionamento acerca da atual atuação do diabo no mundo, já que estamos

vivendo o milênio.

O diabo está atuando neste mundo, mas não tem mais o poder de

conseguir deter o avanço do Evangelho. “Para que não enganasse mais as nações”

indica para o fato de que antes da obra de Cristo e sua vitória na cruz, apenas Israel

era considerado povo de Deus, estando todas as outras nações do mundo sobre o

poder do engano de Satanás.

Cristo indica esta conquista na grande comissão (Mateus 28:18-20)

dizendo que toda autoridade fora lhe dada no céu e na terra, a partir dali os seus

discípulos estavam autorizados e convocados a ir por “todas as nações...todos os

dias, até a consumação dos séculos” apregoando o Evangelho, não havia mais
8

barreiras. Até então o ministério terreno de Jesus e dos seus discípulos, estava

primordialmente ligado a Israel (Mateus 10:5-7, 15:21-28).

Desde a ascensão de Jesus, a Satanás se tornou impossível deter o avanço


do evangelho da salvação. Ele tem estado preso e destituído de autoridade,
enquanto as nações do mundo ao redor do globo têm recebido as alegres
boas-novas. O Filho de Deus tomou posse dessas nações (SI 2.7, 8) e
privou Satanás de desencaminhá-las durante esta era evangélica. Cristo
está atraindo para si pessoas de todas essas nações, e dentre elas os
eleitos de Deus serão salvos e atraídos ao seu reino. Essas nações
recebem a luz do mundo (Jo 8.12) e passam a não mais viver em trevas e
engano. Satanás não mais consegue restringir a missão da Igreja de
ultrapassar fronteiras, porque ele não pode impedir as nações de conhecer
o Senhor. “Por meio da pregação da palavra, como aplicada pelo Espírito
Santo, os eleitos de todas as partes do mundo são conduzidos das trevas
para a luz.” (KISTEMAKER, 2004, p.673-674).

Após a sua ascensão, Jesus é recebido e coroado nos ceús e

recebe o direito de abrir o livro (Apocalipse 5:5-9), é indicado o início do milênio,

aqueles que Ele compra de “toda tribo, e língua, e povo e nação” são feitos reino e

sacerdotes e reinam sobre a terra. O milênio portanto é iniciado após os eventos da

morte, ressureição e ascensão de Jesus e da vinda do Consolador.

O versículo 4 de Apocalipse 20, fala de tronos sobre os quais estão

aqueles aos quais foi dado o poder de julgar, e das almas de mártires, que viveram e

reinarão com Cristo durante o milênio. O verso seguinte (5) nos indica outros mortos

que não reviveram até que o milênio se completasse, e que as almas indicadas no

verso anterior experimentaram a primeira ressureição, elas são chamadas de bem

aventuradas, pois não experimentarão a segunda morte e serão feitos sacerdotes e

reinarão com Cristo durante o milênio.

A dificuldade deste texto reside na interpretação da palavra

traduzida como viveram e reviveram (εζησαν).


9

Para o pré-milenista o texto parece indicar duas ressureições físicas,

a primeira dos salvos antes do milênio, e a segunda, dos reprovados após o milênio

e para o julgamento.

O amilenista enxerga diferente esta passagem, visto que εζησαν

(ezesan) não indica uma ressureição física, o termo grego usual para isto seria

αναστασει (anastásei), e o texto fala de “almas” assentadas sobre os tronos, esta

primeira “ressureição” indica na verdade o estado daqueles salvos que já morreram,

eles já estão com Cristo, estão nos céus com Ele, aguardando a ressureição do

corpo na ocasião da Sua segunda vinda.

“Os que pertencem a Cristo morrem uma vez, porém ressurgem duas
vezes (espiritual e fisicamente), enquanto os que o têm rejeitado
ressurgem uma vez, porém morrem duas vezes (física e espiritualmente)”.
As pessoas que João viu no céu (decapitados como Paulo e João Batista)
ascenderam espiritualmente ao céu (primeira ressurreição), e
ressuscitarão fisicamente na vinda de Jesus. As pessoas que morrem sem
Cristo não vão para o céu (não têm parte na primeira ressurreição), mas
ressuscitarão na vinda de Jesus para o grande julgamento. (LIMA, 2006,
p.607).

O texto de Apocalipse 20 indica em dois momentos que o milênio se

encerra, e o diabo é solto (v. 3,7), por um breve espaço de tempo, antes da segunda

vinda e do julgamento.

Na visão amilenista, o apóstolo João está retomando o assunto da

batalha final já relatado nos capítulos 16 e 19, acrescentando agora o que aconteceu

ao diabo (dragão). Neste curto espaço de tempo que precede a segunda vinda,

acontece a chamada grande tribulação, onde a Igreja sofrerá a mais dura

perseguição e oposição, promovida por satanás e os seus aliados (v.7-9).

Próximo ao fim do período entre a ascensão e o regresso de Cristo,


Satanás será liberado de suas restrições. Ele mesmo não forçará sua
própria soltura da prisão, porém Deus lhe permitirá enganar livremente as
nações uma vez mais, como nos tempos anteriores à Era Cristã. Isso
significa que ele pode passar em revista suas forças para difundir a
falsidade com toda amplitude, desencaminhando as massas da
humanidade e deflagrando guerra contra o povo de Deus. Atualmente,
10

as religiões não cristãs unidas ao secularismo estão marchando à frente


da mentira, levando a humanidade a viver em trevas espirituais e
perseguindo ferozmente os cristãos em todos os continentes. João escreve
que Satanás “sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos
desta terra, e controla as massas com a mentira. Suas forças são
inumeráveis e um vasto exército reflete seu pavoroso poder. Todo o mundo
não cristão, do oriente ao ocidente, de norte a sul, estará sob seu
comando. (KISTEMAKER, 2004, p.682).

Um texto muito importante para compreensão do período da

tribulação é Mateus 24, conhecido como o Sermão Escatológico de Jesus. A

concepção amilenista é de que nesta profecia de Jesus existe um duplo

cumprimento, o primeiro na destruição do templo de Jerusalém (aproximadamente

em 70 d.C) e o segundo nos eventos do fim do mundo.

Jesus ali relata os dois eventos como se fossem um só, e responde

aos seus discípulos acerca dos sinais da sua vinda: princípios da dores (surgimento

de falsos cristos, guerras e rumores de guerra, fomes e terremotos), tribulação e

apostasia (tortura, morte e ódio aos cristãos, escândalos e traição, falsos profetas e

engano, multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor) e a proclamação do

Evangelho a todas as nações.

Até onde se refere ao fim do mundo, o Senhor deu dois sinais preliminares,
[...]. O primeiro será “a pregação do Evangelho por todo mundo para
testemunho a todas as nações”. O segundo será “os dias de grande
tribulação” (e de sinais simultâneos) que serão seguidos imediatamente pela
manifestação gloriosa de Cristo. Esta grande tribulação, como foi mostrado,
está em conexão muito íntima com a grande apostasia e terá seu clímax no
reinado do último Anticristo. (HENDRIKSEN, 2004, p.169).

Há neste período uma junção de forças contrárias a Deus, que visa

destruir o Seu povo, mas o seu intento é frustrado pelo próprio Deus (v.9b).

No texto de Apocalipse 20, após uma batalha final (v.9), satanás é

lançado no lago de enxofre e fogo, no qual também foram lançados o falso profeta e

a besta (v.10).
11

Hendriksen (2001, p. 259) aponta que estes textos assinalam para a

segunda vinda de Cristo, o fogo que desce do céu e os consome demonstra o

caráter súbito da vinda, que será como um relâmpago que risca o céu (Mateus

24:27) ou o sopro de Sua boca (2 Tessalonicenses 2:8).

Portanto a segunda vinda (parousia) de Cristo acontece após a

breve soltura de satanás para enganar as nações, tribulação e apostasia, onde Ele

derrota definitivamente o inimigo de Deus e seus aliados.

Levanta-se aqui dúvidas quanto ao arrebatamento descrito pelo

apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses 4:13-18. Como o amilenismo entende este

evento, visto que a interpretação mais difundida deste, advinda do

dispensacionalismo, é a de um arrebatamento secreto pré-tribulacional?

Os amilenistas acreditam que o arrebatamento acontecerá no

momento da segunda vinda do Senhor, e não será um evento silencioso, mas como

o próprio texto indica haverá grande brado e som de trombeta (v.16), ou seja a vinda

de Cristo será um evento que todo olho verá (Apocalipse 1:7).

O amilenista compreende a Segunda Vinda de Cristo como um evento


único, não um evento que envolva duas partes. Na hora da volta de Cristo
haverá uma ressurreição geral, tanto de crentes como de incrédulos. Após a
ressurreição, os crentes que ainda estiverem vivos serão transformados e
glorificados. Estes dois grupos, crentes ressurrectos e crentes
transformados, são então elevados para as nuvens para encontrar com o
Senhor nos ares. Após este “arrebatamento” de todos os crentes, Cristo
completará sua descida à terra e conduzirá o juízo final. Após o juízo, os
incrédulos serão entregues à punição eterna, ao passo que os crentes
desfrutarão para sempre das bênçãos dos novos céus e da nova terra.
(HOEKEMA, 1989, p.188).
Seguindo a ordem do texto em 1 Tessalonicenses, os crentes que

naquele momento estiverem mortos ressuscitarão primeiro, enquanto os crentes

sobreviventes aguardam e logo são arrebatados, tendo o seus corpos

transformados, isto é glorificados.


12

O súbito, a velocidade e o caráter divino do poder que se põe em operação


nesse ato de ser arrebatado recebem aqui a sua merecida ênfase. Os
sobreviventes foram transformados “num momento, num piscar de olhos”
(ICo 15.52). O céu e a terra, em sua forma atual, se põem em fuga (Ap
20.11; cf. 6.14). Ora, embora a linguagem figurada abunde nessa vívida
descrição, um fato permanece: a ênfase da série dramática de eventos
repentinos e velozes. Desde o momento em que o Senhor surge das
nuvens do céu e se põe a descer, não mais haverá oportunidade para
conversão. Sua vinda é absolutamente decisiva. Ele não vem para
converter, e, sim, para julgar. (HENDRIKSEN, 2007, p.140).

A Bíblia ensina que há apenas uma ressureição em textos como

Daniel 12:2 e João 5:28-29, indicando que os salvos ressurgirão para a vida eterna,

enquanto os ímpios ressurgirão para o tormento eterno. Aponta ainda o “último dia”

como sendo o dia em que esta ressureição irá acontecer (João 6:39, 40, 44, 54),

esta expressão liga a ressureição ao dia da volta do Senhor.

Após a vinda do Senhor, arrebatamento, ressureição dos crentes e

ímpios, o texto de Apocalipse 20:11-15 sinaliza a instauração do tribunal do juízo

final.

[...] essa passagem descreve o momento do julgamento de todas as


pessoas que já morreram. Os mortos são vistos, tanto os grandes como os
pequenos. Vieram do mar, do estado de morte e do Hades, ou seja, todos
os mortos estarão lá. A intenção da passagem é demonstrar que no juízo
todas as pessoas estarão presentes, tanto as salvas como as
condenadas. Mas há duas perspectivas de juízo, uma pelas obras, por
causa dos livros que foram abertos, e outra pela questão da inscrição no
Livro da Vida. A passagem diz que, quem não foi achado inscrito no livro da
Vida foi lançado no lago de fogo. Se somente estivessem ali os
perdidos, não haveria necessidade nenhuma de se abrir o Livro da Vida,
pois bastariam os livros das obras. Além do mais, pareceria estranho que,
no Juízo Final, estivessem apenas os perdidos. Embora os salvos não
sejam julgados no sentido de ter definido o seu destino eterno nesse
julgamento, pois isso já aconteceu em vida (Jo 3.18), eles são julgados
pelas suas atitudes, que lhes garantirá galardão. (LIMA, 2006, p. 619-620).

Há portanto apenas um julgamento, no entanto vemos dois grupos

de pessoas (salvos e os ímpios), e dois livros (o das obras e da vida) e dois destinos

finais (céu ou inferno).

A descrição do julgamento demonstra que todos chegam ali com

destino já certo, o qual já fora decidido nesta existência terrena, cumprindo as


13

palavras de Jesus em João 3:18: “Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê,

já está julgado; porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus.” Sob esta

visão, o julgamento final é realizado com o intuito apenas de proferir as sentenças

finais de cada pessoas, no caso dos salvos, ou seja daqueles que tiverem o nome

inscrito no livro da vida, o julgamento será para a definição do galardão que

receberá, de acordo com o que estiver registrado no livro das obras, e são

destinados aos novos ceús e nova terra; já no caso dos perdidos, que são aqueles

cujo nome não estão inscritos no livro da vida, recebem a condenação de acordo

com o que está registrado no livro das obras, e são destinados ao lago de fogo

(v.15).

O texto mostra que o inferno e a morte são lançados no lago de fogo

(v.14), demonstrando que o inferno atual é um lugar temporário, pois ele será

lançado neste lago de fogo, onde já estavam o anticristo (besta), o falso profeta e o

diabo. Importante é frisar que o lago de fogo não será o reino do diabo, mas o lugar

de sua punição.

Adiante, o capítulo 21 do Apocalipse fala dos novos céus e nova

terra, onde há o aperfeiçoamento da matéria. A santa cidade de Jerusalém que

desce dos céus (v.10) indica reunião do material e imaterial aperfeiçoados, sabemos

que o atual céu e puramente espiritual, enquanto a atual terra é puramente física,

nesta nova existência há a junção e aperfeiçoamento destes dois aspectos, não

existe mais separação, há apenas um só lugar.


14

4 CONCLUSÃO

A dificuldade de interpretação dos eventos do fim é demonstrada por

meio das mais variadas concepções que existem quanto a ordem e natureza dos

mesmos.

A escatologia bíblica é um assunto de importância para todo cristão,

pois nos fala da esperança que temos, aguardando a volta do Nosso Senhor. Ela

não deveria ser algo que divide os cristãos, como muitas das vezes acontece.

A visão de João é determinada pelo Espírito para a edificação e o


fortalecimento do povo de Deus de todas as épocas. Por isso os cristãos
são encorajados a combaterem o bom combate (2Tm 4.7), tendo toda
garantia de que em Cristo eles vencerão o maligno para reinar com seu
Salvador. (STRIMPLE, 1999, p.115-116)

A posição amilenista em minha concepção é aquela que apresenta

menos dificuldades em suas proposições, mas é necessário reconhecer o empenho

dos irmãos pré e pós-milenistas em estudar e explicar o assunto das últimas coisas.

Como seres humanos, limitados, não temos a visão completa

daquilo que acontecerá e muitas das vezes usamos de especulações, mas podemos

confiar que tudo está no controle de Deus e Ele sabe como conduzir cada evento

escatológico para o louvor de Sua glória.


15

BIBLIOGRAFIA

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 1997.

BÍBLIA SAGRADA. Revista e Atualizada.

BOCK, Darrell (Org.); BLAISING, Craig; GENTRY JR, Ken; STRIMPLE, Robert. O
milênio: 3 pontos de vista. São Paulo: Vida, 1999.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 2010.

HENDRIKSEN, Willian. Mais que vencedores. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

______. A vida futura segundo a Bíblia. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

______. Comentário do Novo Testamento: 1 e 2 Tessalonicenses, Colossenses e


Filemon. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o futuro: a doutrina bíblica das últimas coisas. São
Paulo: Cultura Cristã, 1989.

LIMA, Leandro Antônio de. Razão da Esperança: Teologia para hoje. São Paulo:
Cultura Cristã, 2006.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Exposição do livro de


Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

Vous aimerez peut-être aussi