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RESUMO
O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito da adição resíduos de borracha de pneus nas
propriedades mecânicas e na densidade de um concreto de cimento Portland. A possibilidade de
utilização de resíduos de pneus como agregado em concretos de cimento Portland tem sido estudada
nos últimos anos, como uma alternativa na solução do problema ambiental decorrente do descarte
desses materiais, em quantidades cada vez maiores, em todo o mundo.
Para avaliar o efeito da quantidade de borracha no concreto adicionou-se resíduos de
recauchutagem, que possuem formato de fibras, em substituição ao agregado graúdo em proporções
variando de vinte até cem por cento em volume, comparados com um traço base, sem adição de
borracha. Realizaram-se ensaios de flexão em quatro pontos, de acordo com a normalização ASTM
C-78, e mediu-se a densidade dos concretos secos.
Com base nos resultados obtidos na primeira etapa do projeto escolheu-se uma composição de
referência e iniciou-se uma comparação entre os efeitos da adição de resíduos de pneus com
diferentes geometrias, sobre a resistência mecânica do concreto. Essa comparação foi feita
utilizando-se ensaios de flexão em quatro pontos e de compressão, esses últimos realizados de
acordo com a normalização técnica ASTM C- 39.
Outros efeitos decorrentes dessas substituições, como a redução do peso específico e a
possibilidade de melhoria nas propriedades de isolamento térmico e acústico, são levados em conta,
e conclui- se que, apesar de uma já esperada redução da resistência mecânica, é possível, com o uso
de tecnologias apropriadas, obter concretos de qualidade adequada para muitas aplicações no ramo
da construção civil.
INTRODUÇÃO
2154
A adição de resíduos de pneus em concretos de cimento Portland tem sido objeto de diversas
pesquisas, indicando que é possível, através de composições e técnicas de preparação adequadas,
obter concretos de média e boa resistência mecânica para uso geral. Além disso, podem ser
melhoradas algumas propriedades, como peso específico, capacidade de absorção de choques,
condução de calor, isolamento acústico, entre outras de interesse para determinadas aplicações.
Esses estudos ganharam expressão durante a década de 90, com o crescente aumento da
quantidade de veículos circulando em todo o mundo, e com a preocupação, cada vez maior por parte
da sociedade, em dar destinação ambientalmente correta a uma infinidade de materiais residuais
passíveis de serem reutilizados.
A possibilidade de se obterem melhorias em propriedades importantes, como a tenacidade,
(1-5)
tornou-se uma opção atrativa, e demonstrou-se que a adição desses materiais em formas e
composições adequadas, usando técnicas de preparação e tratamentos superficiais, permite a
obtenção de concretos utilizáveis na construção civil. A adição de super-plastificantes, e o controle do
tamanho e da geometria do agregado tem sido usados como recursos para melhorar a resistência
(5-8)
mecânica desses materiais . Além disso, outras propriedades, que não exclusivamente a
resistência mecânica, podem ser interessantes para muitas aplicações. Uma conseqüência direta da
substituição parcial dos agregados tradicionais por borracha é a diminuição do peso específico dos
concretos e argamassas, o que permitiria a obtenção de estruturas mais leves e vantagens em
aplicações de vedação e revestimento.
A melhoria da tenacidade à fratura pode ser uma das maiores vantagens da adição de borracha
(9-11)
de pneus em concretos. Alguns autores determinaram o fator de intensificação de tensão KIC e
observaram que a resistência à compressão e à tração, e especialmente a resistência à fratura
plástica, dependem, além dos fatores já citados, da aderência das partículas de pneu ao concreto.
Essa aderência pode ser melhorada pela for ma das partículas e pela aplicação de técnicas de
limpeza, como decapagem e outros tratamentos da superfície dessas partículas antes da mistura.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo do efeito da geometria da borracha adicionada foi feito com ensaios de flexão em
quatro pontos (o mesmo da primeira etapa) e de compressão, de acordo com a normalização técnica
ASTM C39. Utilizaram-se resíduos com formas de pequenas tiras e de grãos, em substituição ao
agregado graúdo em proporções de 40%,conforme as composições listadas na Tabela II. O índice 3
refere-se a similaridade com a composição C3.
2155
Tabela II Composição das amostras CF3 e CG3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As Figuras de 1a a 5b mostram parte dos resultados obtidos nos ensaios para determinação da
resistência à flexão em quatro pontos. As Figuras 6a e 6b mostram as médias obtidas na resistência
à flexão para as composições, e na deformação até a fratura, para as mesmas composições. A
resistência à tração (medida através do ensaio de flexão) apresentou uma queda considerável na
medida em que a porcentagem de substituição da brita pela borracha foi aumentada de zero para 100
(5,8)
%. Outros autores observaram comportamento similar, embora um pouco menos acentuado.
Ainda, houve pequena dispersão nos valores de tensão máxima obtidos para cada série de ensaios,
o que indica que nos testes ocorreu repetibilidade.
Embora as medidas de deformação não possam ser consideradas em valores absolutos, uma
vez que foram obtidas através do movimento do atuador da máquina de ensaio, o fato de não
apresentarem grandes variações com a adição da borracha, indica que o efeito de tenacificação que
se poderia esperar, não aconteceu, pelo menos não em níveis consideráveis. Pode-se, entretanto,
notar que para as amostra C5 e C6, com nível maior de substituição, aparentemente ocorreu a
tendência de mudança no formato das curvas, no sentido de prolongar a área abaixo das mesmas,
após ter sido atingida a carga máxima.
C1 C2
4 4
TENSÃO (MPa)
TENSÃO (MPa)
3 3
2 2
1 1
0 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
Deformação (%) Deformação (%)
2156
C3 C4
4 4
TENSÃO (MPa)
TENSÃO (MPa)
3 3
2 2
1 1
0 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
C5 C6
4
TENSÃO (MPa) 4
TENSÃO (MPa)
3 3
2 2
1 1
0 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 0,5 1
Deformação (%) Deformação (%)
Deformação (%)
4 0,5
3
0,4
2
1 0,3
0 0,2
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Porcentagem de Substituição Porcentagem de substituição
Figuras 4a e 4b– Média das resistências à flexão(4a) e média das deformações até a fratura (4b).
Embora nesses ensaios não se tenham utilizado instrumentos para medir deformações
elásticas, a simp les observação das curvas tensão-deformação evidencia que houve uma queda do
módulo de elasticidade do material com o aumento do teor de brita substituído. Quando as trincas
atingem as tiras de borracha, elas encontram alguma resistência à propagação tendendo a aumentar
(5,8,10)
a tenacidade do concreto. Outros autores observaram esse efeito com muito mais evidência que
neste trabalho, e concluíram que esse aumento de tenacidade pode ser uma vantagem
compensatória à perda de resistência à tração e à compressão. No presente caso, a substituição da
brita pelos resíduos de borracha de pneus resultou em queda na resistência mecânica, sem aparente
aumento de tenacidade. Este conjunto inicial de amostras permitiu, entretanto, desenvolver uma
técnica de preparação de corpos de prova de concreto com adição de borracha e um procedimento
experimental que permitem obter resultados reprodutíveis.
As Figuras de 5a até 6b mostram os resultados dos ensaios de compressão e flexão para as
diferentes geometrias da borracha adicionada. Foi possível observar a influência da geometria sobre
2157
a resistência do material, principalmente nos ensaios de compressão.
3 3
2,5 2,5
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)
2 2
1,5 1,5
1 1
0,5 0,5
0 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
Figuras 5a (CG3) e 5b(CF3)- Resistência à flexão para 40% de substituição da brita por
borracha na forma de grãos (CG3) e de fibras (CF3).
10 10
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deformação % Deformação %
Figuras 6a (CG3) e 6b(CF3)- Resistência à compressão para 40% de substituição da brita por
borracha na forma de grãos (CG3) e de fibras (CF3).
Figuras 7a e 7b- Corpos de prova nos ensaios para determinação da resistência à compressão
e para resistência à flexão.
2158
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
2159
THE USE OF TYRES RUBBER WASTE IN CONCRETE
ABSTRACT
The goal of this work is to evaluate the effect of addition of waste tyre rubber on mechanical
properties and density of cement Portland concrete.
To evaluate the effect of rubber quantity on the concrete, coarse aggregate in volume proportion
varying from 20% up to 100% was replaced with fiber shaped retread rubber, and compared to
concrete without rubber.
Based on the results obtained in the project first stage, a reference mixture was chosen, and a
study w as carried out to compare the effects of addition of waste tyre rubber with different geometry
on concrete mechanical properties. This study was made using compression and four-point bending
tests.
This study concludes that, although there is a decrease of mechanical properties, with the use of
proper technology, it is possible to get concrete with proper quality to many applications in the building
industry.
2160