Vous êtes sur la page 1sur 7

Um breve bate-papo sobre redação

Um breve bate-papo sobre redação

2009 começou pegando fogo no que diz respeito a concursos públicos.


Em geral, os dias que antecedem o carnaval não são tão recheados assim
como este início de ano tem sido. Isso é sinal de excelentes notícias para os
que querem muito conseguir uma vaga no serviço público.

Além dos editais publicados logo no início do ano e de provas já


previstas em 2008 para esta temporada, saíram também os esperados
resultados de diversos concursos, ainda pendentes no ano anterior. E saiu o
terror: o resultado das provas discursivas, redações, provas abertas; enfim, não
importa o nome, é assombrosa a espera; desanimador o resultado. Só o
concurso para provimento de vagas no TRT da 2ª região – em São Paulo –
trouxe-me muito trabalho e muito choro (da parte dos candidatos). Chegaram
ao meu e-mail, à minha sala de aula, inúmeros alunos injustiçados pela nota
que a Fundação Carlos Chagas, responsável pela organização e elaboração do
concurso, atribuiu às redações. E aí, como fazem vários professores, entrei em
ação, escutei, analisei os textos e..., enfim a mesma labuta: esclareci o
ocorrido, consolei, recomendei...

Mas o erro pertence ao passado, e dele ficam aqui algumas lições que
quero muito compartilhar com meus leitores. Vamos, então, dar fim aos tristes
hábitos e aos velhos mitos:

Em primeiro, para quem eu escrevo...

Esse é o primeiro passo de todo bom escritor: saber qual é o seu público,
seu receptor. É ingênuo pensar em si apenas, durante o processo de
escrita. Muita gente pensa no texto como um espelho de si, mito narcísico
sem muita fundamentação. O texto até pode revelar traços de sua
personalidade, de seu comportamento, mas não pode centralizar-se
unicamente em você mesmo. Fazer um texto é como comercializar um
produto alimentício: vou elaborar esta receita para quem? Para mim? Claro
que não. A oferta é para quem vai comprar o produto, por isso tenho que
estar atento ao paladar do outro. Saber escolher os ingredientes, dosar o
tempero.

No universo dos processos seletivos, concursos e vestibulares, esse cliente


está na banca. Tracemos então um “raio X” desse povo:

- o avaliador de uma banca tem geralmente centenas ou milhares de


redações ou outros textos discursivos para corrigir.

- em outras palavras, ele passará boa parte do seu tempo com textos que
não lê por prazer, mas por obrigação.

www.editoraferreira.com.br -1- Júnia Andrade Viana


Um breve bate-papo sobre redação

- para esses textos, não há muita variedade temática, pois se propõe


apenas um tema ou algumas perguntas discursivas, ou seja, o cara vai ler
mais ou menos a mesma coisa centenas ou milhares de vezes.

- chamo de mesma coisa as redações, porque, no fundo no fundo, quase


todo mundo, em faixa etária e escolaridade semelhante, escreve mais ou
menos igual ao outro.

- agora, ponha-se no lugar dessa pessoa que vai passar dias e dias com
esse amontoado de textos, mais ou menos iguais.

- no lugar desse avaliador, eu pediria, hiperbolicamente falando, a morte... A


tarefa é no mínimo insuportável. Bom, gente, se alguém sente prazer em
fazê-lo, peço que considere minha ficção, mas é como imagino a tarefa da
banca. Não que os professores não gostem de ler, mas falo aqui da
qualidade dos textos que serão lidos e avaliados. Então, vejamos como
preparar esta iguaria, chamada redação

Sem erros no tempero...

Vocabulário impecável e expressões de pompa

Prato chique, sabor...,...,“sabão”,...ou coisa assim. Há candidatos cujo


universo textual tem um único ingrediente: preocupação exclusiva com o
vocabulário. Querem muito que a banca os conheça pelo talento vocabular.
Ornamentam o texto tanto, que se sobressai aquela imagem de “o
intelectual”. Esquecem-se do leitor cuja tarefa central é avaliar a
objetividade de uma reposta correspondente ao tema.

Um bom texto apresenta, além de outras, duas riquezas primordiais:

CLAREZA e OBJETIVIDADE.

Quero deixar o meu texto agradável, bonito, o que faço? Lógico que a
elegância é necessária ao texto, mas devemos evitar os ornamentos em
excesso. Uma ou outra palavra incomum faz parte de quem possui um
vocabulário rico em expressões originadas de leituras diversas e, naturalmente,
pode ser empregada no texto sem maiores problemas. Todavia, não é preciso
avisar que é bom dominar o sentido do que se escreve e ter certeza de que seu
emprego manterá a coerência das ideias daquela estrutura frasal. No mais, a
beleza textual apoia-se em situações bem simples. Vejamos:

www.editoraferreira.com.br -2- Júnia Andrade Viana


Um breve bate-papo sobre redação

- esqueça o vocabulário “pesado”; seja simples.

- Abandone os jargões populares ou acadêmicos. Expressões do tipo “Carta


Magna”, “outrossim”, “destarte”, “morosidade” etc. já estão desgastadas em
provas, principalmente na área do Direito. Pense um pouco: muita gente usa
isso,... não é?

- Cuide da letra. Pode ser cursiva ou de fôrma. Seja claro ao escrever. É um


mito achar que usar letra de fôrma é prejudicial às redações. O edital pede
clareza, e desconheço, nos meus longos anos de ensino, alguém que tenha
sido prejudicado por empregar esse tipo de letra.

- Diminua o tamanho dos seus períodos e dos seus parágrafos. Seja razoável
com quem possui inúmeras redações para corrigir. Aos olhos, os parágrafos
menores são mais interessantes de serem lidos do que os que parecem não ter
fim. Períodos extensos também levam ao cometimento de erros gramaticais
inesperados e à falta de clareza na exposição das ideias.

- Faça uma tabulação para parágrafos bem visível. Não cole sua escrita à
margem esquerda.

- Não fique ziguezagueando na margem direita. Procure ir até o fim da linha,


respeitando a divisão silábica quando preciso.

Frases vazias, papel cheio,...cheio de quê?


Eu sou de Minas Gerais e aqui é uma terra onde se consome muito
biscoito feito à base de polvilho, farinha extraída da mandioca - aipim. Há uma
máxima popular que diz que biscoito de polvilho engana o estômago, as
pessoas comem e comem e ingerem muito pouco alimento, pois o biscoito é
aerado.
Há candidatos que tem redação “Biscoito de Polvilho”. Escrevem muito,
nem sabem o que escrevem, escrevem, leem, não gostam da redação e
entregam-na a seus professores ou à banca o seu Biscoito de Polvilho. E a
banca, e o professor...? O que fazem? Nota: Biscoito de Polvilho, prêmio de
consolação, nota na média, abaixo da média, qualquer nota no merecimento
devido. Os exemplos de frases ou textos “Biscoito de Polvilho” são inúmeros.
Encontramos por aí pequenas pérolas do tipo:
- “A violência vem crescendo muito nos últimos tempos.”
- “A internet é um meio de comunicação extremamente interessante.”
- “Nos últimos anos, a corrupção tem causado indicação ao povo
brasileiro.”

www.editoraferreira.com.br -3- Júnia Andrade Viana


Um breve bate-papo sobre redação

Se você tiver algum texto pronto aí na sua casa, veja se não há nele
aquela frase que bem poderia ser apagada, como as do exemplo anterior.
Saiba o seguinte:

Quando dissertamos, temos o compromisso de informar algo novo ao


leitor, pois a dissertação tem como objetivo informar, esclarecer e, em alguns
casos, tentar persuadi-lo. Já que vamos escrever alguma frase que não informa
nada ou pouco informa, pelo menos devemos usar expressões que esclareçam o
leitor que vamos dar uma informação trivial, para isso não nos é custoso
escrever expressões como “como se sabe”, “é de conhecimento geral”, “todos
já sabemos”, etc.

Colocando as coisas em ordem...


Antes de escrever, além de pensar no leitor, devemos ordenar primeiro a
cabeça: é bom traçarmos uma estratégia para aguçar o apetite da banca por
nossos textos. Primeiramente, esquematizaremos nossa posição em relação à
proposta temática. Há dois tipos de propostas, no campo dissertativo, que
requerem modos de escrita diferenciados.
1. Há temas que exigem apenas exposição – é o caso das dissertações
expositivas: a banca não pede posicionamento seu, ou seja, não quer
sua opinião sobre o fato, mas quer que você fale sobre ele, esclareça ao
leitor a respeito do assunto. Geralmente são temas de fácil inferência,
isto é, temas comuns. A empolgação nesses casos é um perigo.
Portanto é preciso organizar o que vai para o texto final.
2. Há temas que, por outro lado, exigem, além de uma abordagem sobre o
assunto proposto, um posicionamento do redator sobre o fato analisado.
Trata-se da dissertação argumentativa. Nesse caso é bom “de cara”
mostrar sua posição com relação à polêmica levantada.

Então vamos lá:

Na introdução, vá direto ao tema, sem rodeios. Se for exigido um posicionamento,


não guarde segredo, mostre logo sua posição. Lembre que o avaliador ainda vai
corrigir muitos textos, seja bonzinho. Não “viaje”
www.editoraferreira.com.br -4- no texto! Júnia Andrade Viana
Um breve bate-papo sobre redação

No desenvolvimento, escolha dois ou três argumentos, ou até mais – isso a


depender do número máximo de linhas de que dispõe para redigir – para defender
ou esclarecer suas considerações apontadas na introdução. Nesse momento,
tenho que demonstrar criatividade. E sem sentimento de humilhação, nós podemos
fazer isso com facilidade. Num debate entre amigos, por exemplo, sempre
encontramos um jeito de convencer os que nos ouvem e fazer com que nossa
opinião prevaleça. Então, no texto, ocorre o mesmo, seja criativo e encontre um
jeito “novo” de prender seu leitor. Afinal, ele poderá ser o responsável pela sua
felicidade: a aprovação.

Ah, detalhe, quantos parágrafos devo usar


para argumentar?

- a depender do número máximo de linhas que


poderão ser redigidas, procure dedicar cada
parágrafo para um assunto diferente. Não
misture as ideias de um no outro. Tenha
sempre em mente a clareza.

Por fim, a conclusão.

O que escrever numa conclusão?

- A conclusão, parte final dos textos, serve para a ratificação das ideias da
introdução ou uma síntese do que escrevemos ao longo do texto. É um espaço para
confirmarmos ao leitor nossas posições.

E o que não escrever numa conclusão?

- Nada, nada de fechar o texto com frases românticas e/ou idealistas. Nada de dar
conselhos ao cara da banca. Coisas do tipo: “Vote com consciência para que o
Brasil tenha um futuro político promissor!”

O avaliador não vai ligar para você a fim de agradecê-lo pelo conselho, por isso não
se empolgue com a oferta de soluções mágicas.

- Também não acrescente mais argumentos, pois sua redação já chegou ao fim. É
hora de confirmar posições. Somente isso. Seja sempre racional num exame
Ainda colocando as coisas em ordem, procure ter cuidado com as
seletivo.

Há muitos candidatos que escrevem com muitas inversões frasais.


Aparentemente o texto fica “bonito”, mas difícil de ser lido. É muito comum,
nesse caso o aparecimento de notas finais aquém do merecido pelo candidato.

www.editoraferreira.com.br -5- Júnia Andrade Viana


Um breve bate-papo sobre redação

Quando lemos tais redações, entendemos que para a banca, mesmo havendo
esforço do candidato em abordar o tema, não houve clareza na exposição
desse exercício. A razão para tal estaria nas frases longas e invertidas que
muitos teimam em apresentar à banca. Desista. Sempre que puder, esforce-se
em dar à frase uma organização direta, com base nesta estrutura sintática
comum:
SUJEITO VERBO COMPLEMENTOS VERBAIS

A “estória” do título

Há uma mania que teima em aparecer nos concursos: “não vou dar título
à redação, pois posso ser reprovado”. Que coisa doida, lógico que não!!! Então,
“por que muita gente insiste nisso?” Simplesmente, porque já houve prova em
que a ordem era para não dar título ao texto, mas alguns não leram as
exigências da prova, colocaram título e foram punidos.
O título atua no texto como uma manchete no jornal: ele convida de
modo perspicaz o leitor para conhecer a matéria redigida. Na imprensa escrita,
ele é de ordem fundamental para a venda dos textos.
Já no concurso, ele pode ou não ser empregado. Nesse caso, não há a
ideia de se prender o leitor, pois ele terá que ler o texto, porque vai avaliá-lo.
Como não é instrumento de atração do leitor, se empregado, o título deve ser
sóbrio, objetivo, adiantar alguma ponto significante do texto; assim, aconselho
empregar no título uma combinação de expressões pertinentes ao seu texto
para que aquele atue como um topicalizador de informações, ou seja, um
elemento textual que antecipe os acontecimentos para o leitor.
Se você não empregar um título, apenas perdeu um grande aliado na
composição da objetividade do assunto a ser apresentado. Não haverá,
portanto, penalização por deixar de dar título ao seu texto. Fica, então, ao seu
gosto empregá-lo ou não.

Mas, se usou título, fique atento!


- Não se usa ponto final em títulos nominais pelo fato de estes não
formarem períodos.
- Títulos nominais são aqueles que não contêm verbo.

www.editoraferreira.com.br -6- Júnia Andrade Viana


Um breve bate-papo sobre redação

- Seja sempre objetivo: evite títulos que considere criativos ou


demasiadamente abstratos.
- Não grife nem destaque seu título. Qualquer destaque pode se
entendido como marca imprópria na folha definitiva de redação, o que
gera perdas significativas de pontos e até anulação da sua prova
discursiva.

Bom, chegamos ao final. Espero que tenham gostado das sugestões.


Procurei relaxar a linguagem para dar mais visibilidade ao texto e torná-lo um
bate-papo. No próximo artigo, falarei sobre as diferenças entre as bancas
Cespe e FCC, no que diz respeito aos padrões comuns de cada uma ao
corrigir redações e prometo fazer uma análise sobre uma redação para que
todos possam participar da experiência de se entender mais um pouco os
detalhes do texto.

Abraço grande a todos e não se esqueçam “dos temperos”.

Profa. Júnia Andrade.

www.editoraferreira.com.br -7- Júnia Andrade Viana

Vous aimerez peut-être aussi