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Suzuki, Márcio.

O gênio romântico: crítica e história da filosofia em Friedrich


Schlegel. São Paulo: Iluminuras, 1998.

p.163: “não se deve esquecer a importância da ironia, que também tem de ser
entendido no seu “sentido socrático ou platônico”: como “ironia científica do
pensamento investigativo e do supremo conhecimento”, não meramente como
zombaria retórica, ela é a capacidade de se elevar acima de suas “contradições
secretas” e de alcançar a plena consciência de si e a harmonia de suas forças.”

p.164: “a ironia é “consciência clara”, inteiramente lúcida (besonnen), pois é a


percepção da relatividade da oposição exterior-interior e, portanto, a capacidade de se
situar na interface de um e outro: é o ponto de diferença entre ambos”.

“Longe, pois, de ser o aniquilamento do outro, a ironia socrática é a preservação das


diferenças em constante aperfeiçoamento mútuo graças ao diálogo permanente com o
eu superior e à “paródia recíproca”.”

p.178: “a ironia, como ponto de indiferença entre real e ideal, é inteiramente uma
coisa e, ao mesmo tempo, inteiramente a outra. (...) se mantém no ar o suspense de
que há uma intenção naquilo que se diz, por outro lado acaba sempre frustrando a
expectativa de significação, a esperança de encontrar um sentido unívoco no
discurso.”

p.179: “Tal é o eterno brinquedo da ironia. (...) ela é a única a ter “clareza de
consciência” sobre esse jogo: é a percepção da necessidade, mas ao mesmo tempo da
impossibilidade da comunicação total.”

p.172: “Agindo na direção oposta àquilo que se queria – a urbanidade antiga e a


“popularização” da filosofia, que os românticos buscam, espelhando-se no modelo
romano –, a ironia acaba definindo um pequeno grupo de iniciados, uma pretensa
nobreza ou hierarquia espiritual que, do alto de sua sabedoria, zomba do comum dos
mortais. E, de fato, como saber se alguém está sendo irônico, como distinguir se
detém um conhecimento que o capacita a isso ou apenas veste um disfarce para
esconder a própria ignorância? A própria auto-ironia de Sócrates, que sempre se
apresenta humildemente como aquele que nada sabe, não poderia ser considerada
somente uma isca para expor o adversário ao ridículo?”

p.183: [Schlegel]: “Ninguém entende a si mesmo, enquanto é apenas ele mesmo e não
ao mesmo tempo também um outro.”

“a verdadeira Bildung consiste justamente na mediação e iluminação recíproca –


nesse constante diálogo interior a que se entregam os indivíduos de um único e
mesmo eu, que é, a um só tempo, (...) criador e intérprete, autor e leitor de si mesmo.
(...) buscar a formação das próprias faculdades pressupõe como momento
complementar a capacidade de compreender um outro.”

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! A Bildung romântica: Bild (imagem), bilden (representar, formar). Para Humboldt:


“uma vida dedicada com sucesso ao ideal da Bildung é uma verdadeira obra de arte”.
Novalis: “tornar-se humano é uma arte”. Schiller: a formação pela e para a beleza é o
ideal de Bildung. Sena: “consciência sensível do mundo”.

Goethe, A Metamorfose das Plantas: “se considerarmos todas as formas, em


particular as orgânicas, descobrimos que não existe nenhuma coisa subsistente,
nenhuma coisa parada, nenhuma coisa acabada, antes que tudo oscila num movimento
incessante. A nossa língua costuma servir-se, e com razão, da palavra
“formação” [Bildung] para designar tanto o que é produzido como o que está em vias
de o ser. [...] O que está formado transforma-se de novo imediatamente e nós temos,
se quisermos de algum modo chegar à intuição viva da Natureza, de nos mantermos
tão móveis e plásticos como o exemplo que ela nos propõe.” (apud Jorge Vaz de
Carvalho, Sinais de Fogo como romance de formação, p.52-53)

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