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apresenta

MAGNIFICENT BASTARD 3
Série Sexy Flirty Dirty #01

Lili Valente
SINOPSE
Foda-se o príncipe encantado. Às vezes, você só precisa de um bastardo
magnífico.

Encare senhoras: o amor é uma droga e então você chora... enquanto seu
ex cavalga ao pôr-do-sol comendo sua melhor amiga.

Mas por que deixar um término de relacionamento acabar em lágrimas


quando pode acabar com uma doce vingança? Digite Bastardo Magnífico
Consultoria e eu, o chefe executivo bastardo aparecerei. Eu tenho tudo: a
aparência, o cérebro, um coração de ouro e o instinto assassino garantido
para fazer seu ex se arrepender do dia em que lhe disse adeus.

Com a ajuda da minha assistente virtual, construí um império dando às


mulheres de coração partido a vingança que merecem, mantendo meu
coração afastado. A vida é um mar de rosas, até que minha assistente
virtual aparece na minha porta pela primeira vez, implorando uma
intervenção do bastardo magnífico.

Droga... Ela é uma autêntica deusa do sexo.

Eu me orgulho de ser um verdadeiro profissional, mas fingir ser seu amante


logo leva a dar-lhe uma boa, dura e rápida transa contra a parede. E em
algum lugar entre me enfiar profundamente na minha doce e sexy
assistente e assistir seu ex implorar por uma segunda chance, eu quebro
cada uma das minhas malditas regras: profissional e pessoal.

Então, qual é o meu próximo passo? Lutar pela garota que me faz querer
subir em um cavalo branco e ir ao seu salvamento, ou permanecer um
bastardo magnífico até o fim?

Aviso:

Bastardo magnífico é um romance erótico único e pelo ponto de vista do


herói. Sem suspense. E com muita conversa sacana.

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Staff

Tradução: Lilith
Revisão Inicial: Diana
Revisão Final: Hera/luma
Leitura Final: Cris
Formatação: Elaine
Disponibilização: Cibele
Grupo Rhealeza Traduções

11/2017

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PRÓLOGO

Imagine isso: é um dia chuvoso de primavera. As ruas estão cobertas com


uma fina camada de lodo e lixo encharcado. O sol é uma lembrança distante da
época em que você ainda era estúpida o suficiente para acreditar em finais felizes
e você tomou um fora tão grande, que seu coração parece que enfrentou três
rounds com Mike Tyson.

Você está feia de tanto chorar, agarrada a uma garrafa de vinho e uma
barra de chocolate do tamanho do seu antebraço, desejando que o Príncipe
Encantado apareça e coloque você em seu cavalo branco, e a leve para longe de
todas essas lembranças desagradáveis do Sr. Errado. Mas estou aqui para contar a
vocês senhoras que vocês precisam parar com essa merda. Parem com isso. Agora
mesmo.

Por quê? Porque o Príncipe Encantado é uma merda. Como unicórnios,


tritões e outras criaturas de conto de fadas, ele não existe.

Quando você está para baixo e deprimida, e seu coração foi rasgado em
pedaços por um idiota com um lado egocêntrico enorme, você não precisa do
Príncipe Encantado. Você precisa de um homem que não tenha medo de sujar as
mãos, um homem que pode ensinar ao Sr. Errado, uma coisa ou duas sobre o que
é ser enganado, traído e desprezado, por uma pessoa que você pensou que
poderia confiar. O que você precisa é do Magnífico Bastardo, sua própria máquina
de vingança individual.

O amor não é um conto de fadas, querida; é guerra e agora você tem um


soldado com um míssil anti-idiota do seu lado.

Quer arruinar a reputação do seu ex? Sem problemas. Todo verdadeiro


idiota tem alguns esqueletos em seu armário, e eu me especializei em limpeza
geral. Quer enviar essa mancha de esperma para a prisão? Um pouco mais difícil,
mas muitas vezes, ainda é possível. Eu aceito apenas os casos que envolvem os
piores exemplos da humanidade, os mais miseráveis mentirosos, infiéis e
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canalhas. As pessoas verdadeiramente terríveis tendem a ser boas para encobrir
seus rastros, mas eu entrego os ex algemados.

Deseja deixar seu ex-amante verde de inveja? Fazer com que ele deseje
nunca ter expulsado você do trem do amor, cuspido em seu rosto e ido embora?
Bem, isso docinho...

É o que eu faço de melhor.

Fui abençoado com um rosto de fazer virar as cabeças. Trabalhei duro


para um corpo que cause arrepios de luxúria a vinte passos e, aperfeiçoei minhas
habilidades de inveja, em uma arma afiada que eu uso com uma eficiência
implacável. Eu vou fazer você se sentir como uma rainha, e garantir que seu ex,
não perca um minuto disso. Você será tratada como um tesouro, mimada como
uma princesa, e beijada como uma vagabunda que não pode ter o suficiente do
meu pênis magnífico.

Na realidade, é claro, as coisas entre nós nunca irão além de um beijo,


mas seu ex não saberá disso.

Ele verá suas bochechas coradas, olhos arregalados de luxúria, pernas


bambas, e pensará que eu estou fodendo você pesado todas as noites.

Ele vai imaginar minhas mãos na sua bunda, meus dedos escorregando
entre suas pernas, e sua boceta molhada apenas para mim. Ele vai imaginar você
gritando meu nome enquanto você monta meu pau, e se lembrará de todas as
vezes que ele teve a sorte de ter suas bolas enterradas profundamente em sua
incomparável boceta. Em pouco tempo, ele ficará louco de ciúme, tão louco, que
ele voltará para você rastejando e implorando por uma segunda chance.

Mas você não vai dar a ele. Você ouviu isso?

Mesmo assim, é preciso repetir:

Você. Não vai. Dar. A. Esse. Perdedor. Uma. Segunda. Chance.

Quando eu terminar com você, você saberá no fundo da sua alma, que
você é melhor do que isso. Você perceberá que você merece um homem cujos
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olhos não se desviem, que use as mãos não para machucar e o coração pertença a
você, e somente a você. Você poderá olhar para o chorão, patético e fracassado
homem que costumava amar, e dizer-lhe que ele não tem poder sobre você.

Não mais. Agora você é livre para seguir em frente com a sua vida, sem
qualquer separação dolorosa e bagagem emocional.

E isso, linda, é o mais importante dos serviços que eu entrego. Eu lhe dou
de volta a única pessoa que pode ser confiável para dirigir o curso de sua vida
enquanto você segue em direção ao pôr do sol.

Mas, se por algum motivo você quebrar a regra mais importante, se você
jogar fora o presente que você recebeu voltando para o Grande Mané, não se
preocupe em me contatar de novo. Nenhuma quantia de dinheiro me convencerá
a atender o celular.

A intervenção do Magnífico Bastardo é uma oportunidade única na vida.


Uma e basta, sem exceções.

Nenhuma.

Nem mesmo para ela, a mulher que me fez quebrar todas as minhas
regras, a mulher que me fez pensar, por uma semana incrível, que até mesmo
bastardos magníficos podem ter o: felizes para sempre.

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CAPÍTULO 1

Dos arquivos de e-mail de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Aniversário de dois anos

E aí florzinha?

Parabéns por sobreviver a dois anos com dez e-mails


por dia, telefonemas tarde da noite, entrevistas de avaliação
com clientes loucos e problemas mentais em geral. Quando eu
enviei um convite pela primeira vez para um assistente
virtual, eu não tinha ideia de que acabaria encontrando
alguém como você. Você faz o trabalho ser possível e dez vezes
melhor.

Eles disseram que não poderíamos fazê-lo pequena,


mas pelo que eu me lembro, nós estávamos rindo em nosso
caminho até o banco. Falando em banco, verifique sua conta
no PayPal, é uma prova da minha gratidão.

Que venha mais um ano para arrasarmos e nos


consolidarmos ainda mais.

Bash

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De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: Aniversário de dois anos

Caro Bash,

Tenho certeza de que você estava bêbado quando


enviou esse bônus, mas hahaha, o problema é seu e eu não
vou devolver!

Mas sério, agradeço por sua generosidade e confiança.


Eu sei que foi um tiro no escuro contratar uma antropóloga
cultural com histórico de emprego próximo a zero como sua
assistente, e agradeço.

Amo meu trabalho, amo o trabalho que você está


fazendo, e não posso esperar para aumentar o negócio no
próximo ano!

* Fazendo a dancinha de comemoração do aniversário


de dois anos * <- contém mais de vinte por cento de fugitivos
a mais que a dança do aniversário de um ano.

Penny

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

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Re: Aniversário de dois anos

Pelo menos não foi mais de trinta por cento de fugitivos

Isso teria sido estranho...

;)

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CAPÍTULO 2

O dia está perfeito para uma complicada separação em público.

O sol brilha no reservatório do Central Park. A linha do horizonte da


cidade de Nova York estende-se como uma obra de arte através do céu sem
nuvens; as flores de cerejeira estão em plena floração, e eu sou 1,90 metros de
puro sexo em calça de corrida preta, uma camisa justa azul, e óculos de sol
espelhados obscenamente caros.

Eu geralmente opto por sair da cama e fazer minha corrida matinal na rua,
mas essa corrida é especial. É o compromisso final de Caroline com o Magnífico
Bastardo Consultoria, e eu pretendo me certificar de que ela tenha tudo o que
pagou, até uma lágrima ou duas se eu puder derramá-las.

Se não... bem, os óculos de sol são para isso.

—Você está pronta, linda? —Pergunto, enquanto Caroline e eu circulamos


em torno do marcador de meio quilômetro, caminhando cada vez mais perto de
um grande grupo de pessoas que praticam Tai Chi Chuan na grama debaixo das
árvores.

Caroline, uma mulher de quarenta e cinco anos, que merece algo melhor
do que o seu ex-marido asqueroso que eu recentemente a ajudei a eliminar,
diminui o passo na minha frente. —Talvez devêssemos dar outra volta. Ainda não
recuperei meu batimento cardíaco. —Não se trata de melhorar seu batimento
cardíaco, boneca. —Lembro-a. —É sobre abandonar seu amante na frente do
homem dos seus sonhos, e deixar que Gary saiba que você é feroz, fabulosa e
está de volta ao mercado.

—Mas ele está fazendo Tai Chi Chuan. —Ela se preocupa, passando
nervosamente uma das mãos sobre seu rabo de cavalo loiro. —E se ele se irritar
com a interrupção?

—Então ele ficará irritado comigo. Sou o único que será desagradável.
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Caroline ri. —Acho tão difícil de acreditar, Bash. Você é o homem menos
desagradável que eu já conheci. —Ela dá tapinhas no meu ombro com carinho, e
eu fico feliz que seu interesse amoroso esteja muito absorvido nos movimentos
de sua meditação, para estar prestando atenção no casal correndo em sua
direção. —Você é o melhor. E se você terminar as coisas com sua garota, eu
adoraria apresentá-lo a melhor amiga de minha filha, Lola. Ela é adorável,
talentosa e apenas alguns anos mais nova que você.

—Obrigado, mas Penny e eu estamos muito felizes juntos. —Não é uma


mentira. Penny, minha assistente virtual e a força da natureza que mantém a
Magnífico Bastardo Consultoria funcionando como uma máquina bem lubrificada,
e estamos muito felizes juntos.

O fato de que ela é minha funcionária e nunca nos conhecemos


pessoalmente, e muito menos formamos uma longa e duradoura relação
amorosa, não é da conta de Caroline.

Eu me importo com as minhas clientes, e dedico-me cento e dez por cento


enquanto estou gerenciando seus casos. Mas aprendi cedo que manter a fantasia
separada da realidade, é muito mais fácil se as mulheres com quem trabalho
acreditarem que estou em um relacionamento sério. Mesmo quando um trabalho
não requer amassos e beijos encenados para causar ciúmes a um ex, que precisa
aprender uma lição sobre a joia que deixou escapar entre os dedos, e acaba
desenvolvendo certo nível de intimidade ao trabalhar em estreita sintonia com
alguém em frágil estado emocional.

Pegue Caroline, por exemplo. Nós nos beijamos exatamente duas vezes:
uma vez durante a nossa sessão de treino, e outra vez na frente do escritório do
seu marido, quando ele foi levado para a prisão algemado, depois de ser indiciado
em uma investigação por informações privilegiadas. Mas ela já me abraçou em
despedidas, e tentou me ajeitar com as amigas de sua filha. Tanto quanto
desfrutei do nosso tempo juntos, Penny garante que as mulheres cujos casos são
aceitos pela MBC 1, são as mais doces e merecedoras de apreço, é hora de
Caroline abrir suas asas e sair do ninho.

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Sigla de Magnifico Bastardo Consultoria.
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Direto para os fortes e estáveis braços de Gary Donahue.

Soltando minhas mãos dos meus quadris, corro e paro cerca de dez
metros de onde Gary e os outros entusiastas do exercício tranquilo estão lutando
contra um ninja, e olho para Caroline com uma careta no meu rosto. —Você deve
estar brincando comigo, Carol. Você não vai fazer isso aqui. No meio do parque.
Dez minutos após a nossa maldita corrida.

Os olhos azuis de Caroline arregalaram-se, e dispararam nervosamente


para as pessoas reunidas na sombra da árvore.

—Não olhe para ele. Mantenha seus olhos em mim. —Sussurrei para que
apenas ela ouvisse, antes de adicionar em tom cortante: —Diga-me que estou
ouvindo coisas, Caroline. Porque de onde estou parado, pareceu que você disse
que queria terminar comigo.

—Sinto m-muito, Sebastian. — Ela balbuciou cruzando os braços sobre o


peito, e descruzando-os quando eu lhe atirei um olhar para suas mãos dobradas.
Nós conversamos sobre isso. Ela já não é uma vítima. Nem mesmo uma vítima
fingida. De agora em diante ela ergue seus ombros e se levanta por si mesma.

Eu assisto com orgulho enquanto suas costas enrijecem e o fogo brilha em


seus olhos. —Mas minha decisão é definitiva. — Ela continua com a voz mais
firme. —Quero mais de um relacionamento do que isso.

—Mais do que? —Balanço minha cabeça, franzindo a testa enquanto


levanto meu polegar na direção da entrada do metrô. —Passei vinte minutos
dentro do trem para que pudéssemos correr para o seu apartamento em vez do
meu. Concordei em tomar café depois e eu nem gosto de café.

—E eu não gosto de ir a clubes noturnos. — Contesta Caroline. —Ou bares


que servem uísque. Ou ter que acenar minhas mãos na frente do seu rosto, para
afastar sua atenção do seu celular. O que há de errado com pessoas com menos
de quarenta anos? —Ela abre os braços como se estivesse abraçando todo o
parque. — Todo o mundo maravilhoso está cheio de beleza e glória, e tudo o que
você pode pensar é em mandar mensagens de texto ou sair, ou seja, lá o que for
que você está fazendo.
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Pisco. Aii.

Não acesso um aplicativo de namoro há algum tempo, mas tenho o vício


de atualizar meu e-mail, e fiz isso livremente durante o meu tempo com Caroline,
ganhando vários suspiros irritados dela, que ignorei do mesmo jeito que ignoro os
suspiros irritados da minha mãe. Mas o fato de Carol ter trazido algo real em uma
briga falsa, dói um pouco.

A picada ajuda a adicionar uma camada extra de idiotice às minhas


palavras enquanto zombo: —Bem, talvez se você não fosse tão chata, querida, eu
teria um motivo para parar de verificar o meu celular de vez em quando.

O queixo de Caroline cai, e seu próximo suspiro emerge muito zangado,


acompanhado por seus braços abertos ao lado dela. —Bem, se eu sou tão chata,
então você deve se alegrar de eu estar rompendo com você, em vez de gritar
comigo no meio do parque.

Meus lábios separam-se para dar uma réplica digna e um golpe rápido na
bunda de Gary, se ele estiver ouvindo, mas Caroline fala antes.

—Você é apenas uma criança grande. —Diz ela, apoiando as mãos nos
quadris. —Você está tão acostumado a fazer tudo do seu próprio jeito, que não
sabe como se comportar quando alguém chama sua atenção sobre suas besteiras.
Mas eu já criei três filhos, Sebastian e não tenho vontade de criar mais nenhum.

Ela levanta o queixo, de alguma forma conseguindo me olhar de cima a


baixo, apesar do fato de eu ser bem mais alto do que ela. —Agora é hora de você
ir, antes que você faça mais papel de idiota do que já fez.

Balanço minha cabeça concentrando-me em manter uma expressão


ultrajada no meu rosto, embora eu esteja tão orgulhoso, que tudo o que eu quero
fazer é dar a Caroline um grande abraço.

Esta não é a mulher despedaçada e quebrada que se sentou à minha


frente há seis semanas. Esta é uma mulher que conseguiu sua vingança contra o
homem que abusou dela e a desmoralizou por quase vinte anos. Uma mulher que
aprendeu a se sentir bonita e confiante em sua própria pele.

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Uma mulher que vai varrer Gary, que finalmente está se movendo para vir
em seu resgate, fora de seus pés.

Porque Caroline não precisa mais ser resgatada. Ela só precisava do


homem que ela contratou para ajudá-la a recuperar a vida, para que ela pudesse
avançar com o colega de trabalho por quem ela sofreu durante meses.

—Tudo bem. —Deslizei meus óculos e a brindei com um olhar ferido. —


Mas não venha implorar por uma segunda chance, quando perceber que você
abandonou a melhor cama em Manhattan.

Seus olhos brilharam com diversão, mas ela me dá um aceno frio. —


Tchau, Sebastian.

—Tchau, Caroline. —Digo, antes de adicionar um sussurro. —E boa sorte,


linda. Você é magnífica.

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CAPÍTULO 3

Sabendo que o meu trabalho aqui está feito, giro meus calcanhares e
corro pelas colinas suaves em direção ao Central Park West, ignorando a voz
masculina gritando que eu deveria “continuar andando, idiota!”

Gary suponho, o Príncipe Encantado muito tapado para notar a bela


mulher que ficou olhando para ele na galeria de arte nos últimos seis meses.

Não me impressiona.

Caroline tem dez anos a mais que os meus trinta e dois, e nem sequer faz
o meu tipo. Eu prefiro morenas com olhos escuros e curvas magras, loiras
esbeltas, mas eu não conseguiria passar na rua sem dar uma segunda olhada,
muito menos trabalhar ao lado dela todos os dias e permanecer inconsciente de
seus encantos. Um rosto bonito é apenas uma das muitas coisas que Carol tem
para oferecer. Ela também é gentil, pensativa, generosa e tem uma excelente
conversa.

Aconselhei-a expandir suas opções de namoro, mas ela estava


determinada em capturar a atenção de Gary, e quem sou eu para recusar os
honorários de consultoria necessários para deixar os dois pombinhos juntos?

Tenho uma carteira de investimentos que faria com que o Rei da Pérsia
chorasse de inveja, e a Magnífico Bastardo Consultoria nunca foi sobre dinheiro.
Se eu quisesse um estilo de vida mais extravagante do que aquele que já
desfrutei, ainda estaria trabalhando como um comprador de empresas, mas gosto
das melhores coisas da vida.

Coisas como alguns dedos de Uísque Laphroaig Triple Wood Irish 2 no final
de um longo dia. Ou no início de um.

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É domingo, um excelente dia para beber, e eu sou um homem livre na
próxima semana. Estou tirando minhas primeiras férias desde que comecei o
negócio, e não vejo nenhum motivo para não começar a comemorar.

E as chances são de que não terei que beber sozinho.

Quando chego à beira do parque e viro à esquerda na calçada, movendo-


me ao longo do Central Park West, olho por cima do meu ombro para ver minha
sombra ainda me seguindo a uma distância discreta, embora nada sobre Aidan
possa ser chamado de discreto. Com 1,96 metros de altura, ombros largos, uma
barba de lenhador e tatuagens cobrindo totalmente ambos os braços, Aidan é o
tipo que chama a atenção. Os homens mantêm um olho nele por ser uma
potencial ameaça, e as mulheres só querem ficar de olho nele. Ponto final.

Ele será o complemento perfeito para a MB Consultoria... assim que eu o


convencer a assinar na linha pontilhada.

Felizmente, esta manhã, foi educacional para meu amigo barbudo.

Viro-me e inclino contra uma caixa de correio coberta de grafite, sorrindo


enquanto espero que Aidan me alcance. Quando ele chega, suas primeiras
palavras são:

—Você foi bem idiota lá atrás.

Fazendo-me sorrir ainda mais.

—Eu prefiro bastardo. —Digo. —É importante manter a marca. Quer


beber um Highland Fling3? Gosto de celebrar o fim de um trabalho bebendo um
uísque escocês. Por minha conta.

Ele grunhiu. —Claro, vou beber com você, mas ainda não consigo acreditar
que essa mulher realmente pagou por isso. —Por isso e pelo o resto do pacote. —
Eu bato no seu ombro. —Mas eu cuido do trabalho de detetive e dos elementos
de revanche por trás das cenas. Tudo o que você terá que fazer, é ficar bonito e
fazer um bom show para os ex.

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Um drinque feito com uísque, vermute e laranja.
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—Eu não sei cara. —Aidan coça sua barba. —Eu sou um tatuador, não um
ator. Não sei se conseguiria fazer algo assim.

—É por isso que praticamos com as clientes com antecedência. — Digo,


descartando sua preocupação. —E você ficará impressionado em como as
pessoas acreditam. Enquanto você estiver dizendo as coisas certas, nove entre
dez vezes, ninguém notará se você está dizendo alguma mentira.

—Palavras de conforto provenientes do homem que é meu melhor amigo


desde o ensino médio. —Ele diz secamente. —Cuidado, ou vou pensar que nossa
amizade foi uma mentira.

—Nossa amizade é a minha única verdade. —Digo sério. —E eu só minto


para as pessoas que não merecem o melhor.

Ele grunhiu novamente, provando que será perfeito para contrabalancear


a imagem de empresário calmo, sexy e bem-sucedido que forneço.

—Mas não há necessidade de tomar uma decisão agora. —Asseguro-lhe


quando começamos a andar em direção à Midtown para um dos meus bares
favoritos para se tomar um bom uísque. —Deixe-me colocar você em contato
com Penny. Enviarei seu número de celular, e vocês dois podem discutir todas as
questões enquanto estou tomando sol em Hampton. Esclareça os fatos, pense
nisso e você pode me responder no final do mês.

—Quem vai a Hamptons na primeira semana de maio? —Ele pergunta,


empurrando as mãos nos bolsos. —Não é um lugar para o verão?

Eu dou de ombros. —Geralmente é, mas gosto da praia quando faz 15


graus. Eu gosto de não ter que lidar com as malditas multidões no verão. Penny
reservou um chalé em uma vinícola em Southampton.

—Parece ótimo. —Diz Aidan, com diversão em sua voz. —Aposto que você
vai transar como louco com todas as velhas em suas férias.

Dou a ele um olhar carrancudo. —Eu transo por aqui mesmo. Estou à
procura de paz, não de boceta. —Ele resmunga. —E isso não é nem um pouco
estranho.
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Não quero enaltecer esse comentário com uma resposta. Não há nada
estranho em querer desconectar por alguns dias, especialmente depois dos
últimos dois anos.

Tenho trabalhado, e jogado, sem parar. Se eu não estivesse com uma


cliente, havia uma longa fila de lindas mulheres, que estavam ansiosas demais
para me ajudar a esquecer daquela que escapou. Não quero ser um filho da puta
arrogante, mas nunca tive dificuldade em conseguir alguém para foder. Tenho
uma semelhança impressionante com certa estrela de cinema de queixo
quadrado, com olhos azuis, super-herói, mas com o cabelo melhor e sou tão
magnífico na cama quanto sou no negócio de vingança.

O Incrível Bulk4 cumpre todos os requisitos: tamanho, aparência e


desempenho. Meu pau tem sido chamado de mágico em quatro idiomas
diferentes e, não tenho dúvidas de que, se houver uma única menina gostosa em
Hamptons, eu poderia tê-la nua e embaixo de mim com um mínimo de esforço.

Mas não quero comer uma estranha no meu chalé de férias. Eu só quero
paz, calma e algum tempo para pensar.

Tempo para considerar o porquê, mais de dois anos depois que as coisas
acabaram com Rachael, eu ainda não conheci uma única garota que eu queira
ficar por mais de algumas semanas.

No início, atuar no campo era terapêutico, uma maneira de esquecer o


quanto dói saber que fui trocado por um outro homem, que dá um novo
significado à frase Otário Insensível. Mas agora, estou começando a me perguntar
se eu vou sair da rotina de vários encontros. Nunca aspirei ser um homem de
negócios, mas em algum lugar entre Savanna, a garçonete do bar, e a primeira
mulher a me levar para casa depois do terrível rompimento, e Wendy no ginásio
na semana passada, me dediquei a um padrão perturbador.

Um padrão que, embora prazeroso, me deixou me sentindo... à deriva,


insatisfeito, e talvez um pouco solitário.

É hora de recuar e refletir sobre a minha vida. Estou ansioso para ter um
4
Referência ao personagem de um filme trash de 2012. O Incrível Bulk.
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tempo sozinho, longe de tudo. E se as coisas ficarem desconfortáveis da cintura
para baixo enquanto eu estiver refletindo, cuidarei de mim mesmo.

Ao contrário do que Aidan parece pensar uma semana de masturbação


com pornografia, nunca matou ninguém.

—Tudo bem. —Ele diz com um suspiro. —Coloque-me em contato com a


Penny e eu vou pensar seriamente. Não vou conseguir o dinheiro para abrir outra
Ink Addicts em outro local, trabalhando doze horas no West Village.

—Homem inteligente. —Retiro o celular do meu bolso, atualizando meu e-


mail, franzindo a testa quando vejo que não há nada de novo de Penny. Ela
geralmente verifica pelo menos uma vez às dez da manhã, e não ouvi falar dela
desde a noite passada.

Preocupado, envio-lhe uma mensagem rápida:

E aí florzinha?

Acabei de terminar com Carol e sou um homem livre.


Dirigindo para um Highland Fling em Midtown com Aidan.

Deixe-me saber se você deseja participar. As bebidas


antes do meio-dia são sempre por conta do chefe, e Aidan
quer a sua opinião sobre o negócio antes de concordar em se
juntar à diversão.

Enquanto deslizo meu celular de volta ao meu bolso, meus dedos


formigam.

Hoje será o dia em que Penny finalmente decidirá aceitar minha oferta
para encontrar-me no mundo exterior?

Nos últimos dois anos, trocamos em média dez e-mails, inúmeras


mensagens de textos todos os dias e várias boas conversas telefônicas a cada
semana. Mas, apesar do fato de que ela vive do outro lado do rio, no Brooklyn,
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nós nunca nos conhecemos pessoalmente. Como qualquer bom nativo de
Manhattan, odeio deixar o meu local preferido, mas eu pegaria um trem por ela.

Além de Aidan, a mulher é minha melhor amiga. Ela esteve comigo desde
o primeiro dia, quando as pessoas ainda estavam me dizendo que eu era louco
por abandonar uma carreira de sucesso, para assumir um negócio de detetive /
gigolô, exceto as partes divertidas de ser um gigolô.

Quando estou com uma cliente às coisas nunca vão além de um beijo.

É a primeira das regras básicas que Penny me ajudou a criar nos primeiros
dias. Ela tem sido inestimável em fazer com que a Magnífico Bastardo
Consultoria, e minha vida pós-corporativa, seja um sucesso.

Gostaria muito de comprar para ela uma dose de uísque antes de ir para
as minhas férias de autoanálise. Ou um café. Ou um sorvete, ambos temos uma
fraqueza por qualquer coisa feita com leite integral e contendo quantidades
obscenas de gordura.

Eu sei essa e cem outras coisas sobre ela, mas nunca vi uma fotografia da
mulher que filtra meus clientes.

Eu não sei quando isso começou a me incomodar tanto; não ter um rosto
para colocar com a voz inesperadamente doce de Penny, ou os e-mails sarcásticos
que entram na minha caixa de entrada. Mas recentemente, comecei a me
perguntar se havia algo de errado comigo.

Que tipo de homem deposita confiança implícita em alguém com quem


ele só interagiu pela Internet e celular? Penny poderia ser um homem de
cinquenta e cinco anos, com uma voz estranhamente aguda, e um vício
pornográfico pelo que eu saiba. Ou uma senhora cheia de gatos, cujo
apartamento inteiro transformou-se em uma gigantesca caixa de areia.

O pensamento faz meu estômago revirar.

Penny tem fortes tendências eremita e, provavelmente, uma maior


chance de se tornar uma senhora cheia de gatos, do que qualquer outra pessoa
que conheço, mas não quero que isso seja verdade. Não gosto do pensamento da
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minha amiga se afogando numa ninhada de gatinhos.

Como se fosse convocado pelos meus pensamentos, meu celular vibra.


Deslizo-o do meu bolso, e há uma série de mensagens de Penny, elas tendem a vir
em aglomerados de seis a doze e começam a tocar, enchendo a tela.

Na verdade, esperava encontrar você antes disso.

Estou esperando na esquina do Central Park West e a


rua73, e tenho certeza de que você está caminhando direto
para mim. Quero dizer, assumindo que você se parece com a
foto que enviamos aos clientes, então é definitivamente você.

E Aidan. Ele parece um lenhador, não é?

Ha!

Ok, sei que isso é meio estranho, mas não se assuste.


Não estou te perseguindo. Quero dizer, estou te perseguindo,
mas é só porque você me disse onde você estaria esta manhã.

Merda, isso parece muito mais assustador na tela do


que na minha cabeça.

Eu vou parar de enviar mensagens de texto agora,


porque você está realmente perto o suficiente para ouvir
minha voz.

Forço um sorriso enquanto examino a calçada a minha frente, mas estou


sentindo qualquer coisa, menos calma. Meu pulso está batendo rápido, meu
estômago está grunhindo, e o uísque escocês não está soando tão bem quanto a
alguns minutos atrás.

Foda-se, não sei por que estou tão nervoso. Ok, tudo bem, sei exatamente
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por que estou nervoso.

Tenho medo de encontrar Penny e isso ser uma decepção. Já tinha


acontecido comigo antes, você faz uma conexão on-line com alguém que parece
ser incrível, para descobrir mais tarde, que eles têm uma risada de burro e
cheiram como limpador industrial. Ou a garota com quem eu tive uma ótima
conversa por celular, mas era uma sociopata de olhos mortos quando nos
encontramos para tomar algumas bebidas. Para não mencionar a mulher com
incríveis habilidades de flerte por mensagens, mas que era incapaz de fazer
contato visual, ou a corretora imobiliária de voz rouca, que acabou por ser um
homem.

Foda-se!

Se Penny for estranha, ou cheirar engraçado, ou tiver um pau, lide com


isso.

Você tem que lidar com isso. Você sabe que não consegue gerir sem ela.

O pensamento mal passou pela minha mente, quando meu olhar pousou
em uma mulher pequena, com grandes olhos castanhos, cabelo castanho sedoso
puxado em um nó no topo da cabeça. Seu cabelo está bagunçado, seu rosto está
livre de maquiagem, e ela está usando uma blusa larga de ombro caído, e leggings
como a metade das outras mulheres que estavam andando no parque esta
manhã, e mesmo que pareça que ela acabou de sair da cama, ela é fantástica.

Estou falando daquelas de tirar o fôlego, linda com um rosto de anjo,


olhos cor de chocolate e curvas perfeitas. Curvas maravilhosas. Curvas que nem
mesmo essa camisa larga pode ocultar, e você pode apostar que o Incrível Bulk
está sentado e analisando. Ele não está arruinando minha boxer, insistindo que
você vai adorar quando ele estiver com raiva, mas as coisas definitivamente estão
ficando mais apertadas abaixo da cintura.

Não posso evitar.

Esta mulher é exatamente o meu tipo, da ponta do nariz arrebitado, dos


seus seios fartos, até a curva de sua bunda fenomenal.

21
Já estou planejando uma maneira de obter seu número, eu não sairia para
Hamptons até terça-feira, e a cidade ainda estará aqui quando eu voltar, e meu
lado mulherengo pode esperar para ser consertado até depois que eu tiver
mostrado a essa criatura linda, um momento muito bom, quando nossos olhos se
encontram e minha garganta fecha. Amaldiçoo baixinho enquanto minhas palmas
começam a suar.

—O que há de errado? —Pergunta Aidan, mas eu apenas agito minha


cabeça.

Não há tempo para explicar. Estamos a apenas alguns passos de distância


da autêntica gatinha do sexo, e ela já está levantando um braço e dizendo com
uma voz muito familiar: —Surpresa! Feliz dia do encontro com sua assistente
pessoal!

22
CAPÍTULO 4

Dos arquivos de e-mail de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Encontro na internet

Penny,

Da próxima vez que eu decidir logar na minha conta


LetsGoLove, por favor, providencie que um italiano peludo
venha me espancar, roube minha carteira, e mije no meu
corpo semiconsciente.

A experiência, provavelmente, será igualmente


agradável ao encontro que tive hoje à noite, e não terei que
me incomodar em responder a meia dúzia de e-mails,
mensagens de texto, e contornar um telefonema
constrangedor, antes de conhecer a Sra. Olhos Desconfiados
que é, provavelmente, uma Assassina do Machado Em Seu
Tempo Livre, para tomar uma bebida a meio caminho da
cidade.

Por favor, encontre o próximo cliente o mais rápido


possível, então terei uma desculpa para parar com encontros.
Encontro é tolice, então você morre,

23
Bash

De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: Encontro na internet

Bash,

Anotado sobre o italiano peludo. Há alguns vagando


pelo meu bairro. Pegarei o contato deles para que eu esteja
pronta da próxima vez que você cair na parada do encontro.

Detalhes do seu próximo cliente em anexo. Sua reunião


de orientação é na segunda-feira.

Penny,

P.s. Concordo que ficar bêbado é preferível a ter


conversinhas com estranhos. É por isso que estou empenhada
em ser eremita em tempo integral, e tomar sorvete sozinha.

24
CAPÍTULO 5

Sem a minha permissão consciente, minha mão se estende para envolver


a de Penny.

Penny, que é uma raposa calculista e foda. Cuja palma da mão é quente e
macia, e sua pele parece muito boa contra a minha para alguém que está fora dos
limites.

Porque ela está. Fora de limites. Porra.

Proibido. Totalmente proibido. Completamente fora dos limites.

Isso foi decidido antes de ela rir nervosamente e dizer: —E agora é a


parte em que eu digo que sou mentirosa e imploro que você me perdoe. —Seus
olhos se lançam para Aidan, enquanto eu me forço a soltar sua mão. —Olá, Aidan.
Você deve ser Aidan. Ele me contou tudo sobre você. Sou Penny, sua assistente.
—Os dedos se agitam sobre o peito quando ela acrescenta com a voz mais
trêmula: —Ou talvez, ex-assistente. Se eu for demitida hoje.

—Olá, Penny. Prazer em conhecê-la. — Aidan limpa a garganta e arqueia


uma sobrancelha na minha direção. —Então, eu deveria sair? Dar aos dois um
tempo sozinhos?

—Não. —Insisto ao mesmo tempo em que Penny diz: —Sim, por favor.
Isso seria bom.

Viro-me para ela, perguntando sobre porque diabos ela mentiu, e como
eu deveria voltar a pensar nela como minha amiga de trabalho que me escreve e-
mails desagradáveis, quando ela se parece assim.

Jesus, mesmo o jeito que ela se mexe, fazendo com que os seios se
levantem levemente sob sua camisa seria o suficiente para me deixar duro se eu
permitisse.

Mas não vou. Nem agora, nem nunca.


25
— Desculpe, tenho muito a te dizer. —Diz ela. — Algumas coisas são
privadas e é embaraçoso. E se houver uma chance de Aidan e eu trabalharmos
juntos no futuro, eu preferiria não derramar minha roupa suja durante a nossa
primeira reunião.

Ela morde o lábio, chamando minha atenção para sua bela boca. É
realmente perfeita. Quase posso imaginar a maneira como seu lábio inferior
macio, ficaria preso entre meus dentes enquanto eu a beijaria até ficar sem
fôlego.

Foda-se, isso é ridículo.

Aidan não pode sair. Preciso dele aqui como suporte para bloquear meu
pau.

Mas Aidan, o traidor, já está se afastando. — Claro. Não há problema.

—Ele bate duas vezes nas minhas costas, no sinal universal para: “feliz que
seja você e não eu, irmão”, e levanta uma das mãos. — Vejo você mais tarde,
Bash. Tome cuidado, Penny.

E, de repente, estou sozinho com a minha assistente não mais virtual.

Sozinho com Penny, que não é uma senhora cheia de gatos ou possui um
pênis secreto. Penny, que é uma mentirosa e irresistível, assim como a última
mulher que arrancou o meu coração do meu peito, cortou-o, salgou e o comeu
cru com um bom vinho Chianti.

— Preciso que você comece a falar. —Minha voz é fria e distante, um dos
muitos efeitos colaterais de pensar sobre Rachael. —E se eu não gostar do que
você tem a dizer, você pode considerar seu tempo de férias o começo do seu
aviso prévio de duas semanas.

Sua garganta trabalha enquanto ela engole, mas ela acena com a cabeça.
—Compreendo. E não vou culpá-lo se você decidir que quebrei seu voto de
confiança. Mas há alguma chance de conseguirmos aquela bebida que você
mencionou antes? Nunca bebo antes do meio dia, mas nunca contei essa história
antes, e não tenho certeza de como vou contá-la sóbria.
26
—Vou chamar um carro. —Toquei no aplicativo Uber do meu celular e, de
repente, não estou com vontade de uma longa caminhada até o Midtown. Estou
com vontade de descobrir exatamente o que Penny escondeu, e decidir se posso
ou não perdoá-la o mais rápido possível.

Quando se trata de perdão, não estou para brincadeira.

Concedo isso de imediato: todos cometemos erros, e já me ferrei o


suficiente na minha vida para entender a importância das segundas chances, ou
corto o ofensor sem pensar. Eu aprendi da forma mais difícil, o quanto dói ser
traído repetidamente, para pensar que você finalmente superou a pessoa que
está fodendo com o seu coração, apenas para que eles fodessem com você pela
terceira vez.

Mas nunca mais. Hoje em dia, eu que fodo os outros.

Eu não aguento besteiras de ninguém, nem mesmo de quem eu dependo


e me importo, tanto quanto eu me importo e dependo de Penny.

27
CAPÍTULO 6

Dos arquivos de e-mail de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: Sua suposição de que não estou desfrutando de uma vida noturna
robusta e variada

Caro Bash,

De acordo com o seu último e-mail, insistindo que eu


sou um palhaço triste vivendo em um circo mambembe,
porque gosto de ficar em casa nas noites de sábado, chamo
sua atenção para o artigo em anexo, sobre os perigos da vida
noturna de Nova York. Incluindo percevejos em almofadas de
salão, assalto com um estilete mortal, matilhas de cachorros
selvagens e, possivelmente com raiva / lobisomens rondando
a parte baixa do Chelsea.

Aproveite a sua vida perigosa. Estarei segura em casa


com a Netflix e o restante da salada de quinoa, o jantar dos
campeões.

Atenciosamente, Penny

De: MagnificoBastardo1

28
Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Sua suposição de que não estou desfrutando de uma vida noturna
robusta e variada.

Mas se você não sair como você será mordida pelo seu
lobisomem e viver feliz para sempre?

E nem tente fingir que você não conhece essa série.


Aposto que você lê esses livros até que as páginas fiquem em
farrapos.

Bash

De: Penny4PanelaDeLagosta

To: MagnificoBastardo1

Re: Sua suposição de que não estou desfrutando de uma vida noturna
robusta e variada.

Pelo menos eu leio mais de um livro por ano!

Você deveria ter vergonha de si mesmo. Um verdadeiro


Magnífico Bastardo seria bem informado em uma variedade
de assuntos.

Pelo menos, é o que eu gostaria em um MB, se eu tivesse


que adquirir um.

29
De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Sua suposição de que não estou gostando de uma vida noturna
robusta e variada

Eu vou manter isso em mente...

30
CAPÍTULO 7

Do lado de fora, o sol de primavera está aquecendo Manhattan para um


agradável clima entre 15 graus, mas dentro do tijolo escuro, de paredes sem
janelas do Highland Fling, há um frio no ar.

Penny e eu passamos pelo bar de mogno sólido, e fomos para um


conjunto de sofás em torno da lareira, onde o fogo está crepitando. Às dez e meia
da manhã, o bar está deserto. Nós temos o estabelecimento só para nós, com
exceção das duas cabeças de veados colocadas acima da lareira, que parecem
olhar para nós enquanto nos acomodamos no sofá azul mais próximo do fogo.

Em circunstâncias normais eu faria uma piada sobre as cabeças cortadas e


beber durante o dia, mas nada sobre esta manhã é normal. Penny me deixou
desnorteado, e quanto mais eu tiver que aguardar por uma explicação, mais
irritado ficarei.

Sou rude com a garçonete que anota o nosso pedido de bebidas, e mal
consigo forçar um sorriso para a gerente enquanto ela desloca-se para seu
escritório na parte de trás. Tenho que literalmente morder minha língua para
manter a calma, até que nosso uísque com gelo seja entregue.

No segundo que a nossa garçonete se afasta com seus sapatos de salto


alto, voltando para o bar, viro-me para a Penny e ordeno: —Conte. Agora.

Seus olhos se estendem ao longo da borda de seu copo, mas em vez de


abaixar a bebida ela a toma, drenando a metade do copo de uma só vez.

—Jesus. —Ela ofega, estremecendo enquanto coloca o copo no braço de


madeira do sofá. —Isso é forte. Como você bebe isso todas as noites?

—Isso não é para ser bebido de uma vez. —Tomo um gole na proporção
adequada do meu uísque extremamente caro. —É para ser saboreado, apreciado.

Penny balança a cabeça, seus olhos escuros observando meu rosto, uma
31
expressão indecifrável endurecendo sua feição. Cedo a sua inspeção, permitindo
o silêncio desconfortável antes de perguntar: —Alguma coisa errada?

—Não. —Seus lábios se apertam antes de deslizar para um lado. —Você


apenas parece... diferente do que eu esperava. —Pensei que eu parecia a
imagem que enviamos aos clientes.

—Você parece. —Ela diz, ainda franzindo a testa. —Mas diferente.

Levanto uma sobrancelha. —Como assim?

—Eu não sei.

Seu olhar aberto e vulnerável encontra o meu e, por um momento, estou


tentado a lhe assegurar que não vou morder, mas depois ela acrescenta: —
Menos amigável, acho? Você está sempre tão relaxado no celular e nos nossos e-
mails.

Apertando minha mandíbula para manter meu temperamento sob


controle, me inclino para frente aproximando meu rosto do dela, antes de dizer
com a voz controlada: —Ser emboscado no meio de Manhattan, e ter uma das
pessoas que eu mais confio no mundo me contando que ela é uma mentirosa,
não me deixa de bom humor, Penélope. Se você não começar a se explicar em
breve, vou demiti-la por enlouquecer a porra da minha mente com frustração, e
podemos encerrar por aqui.

—Certo. Claro. —Sua respiração é rápida. —Sinto muito. Estou apavorada.

Respirando profundamente, ela ergue o copo para os lábios e toma o


resto de seu uísque. Antes que o copo volte ao braço de sua cadeira, ela está
contando tudo. —Começou alguns meses antes de me mudar para a cidade. Eu
tinha acabado de terminar a faculdade, e estava em casa no verão, tentando
decidir o que fazer com meu mestrado muito útil em antropologia cultural. Só
havia retornado há alguns dias quando acabei me reconectando com o meu ex-
namorado. Acho que você poderia dizer que nós éramos namorados no ensino
médio.

Ela cruzou os braços, seus ombros posicionados de uma maneira


32
autoconsciente que me fez lembrar Caroline, na pré-intervenção da Magnifico
Bastardo. —Phillip foi o primeiro garoto que eu já amei. As coisas não terminaram
bem, mas você sabe como é, você nunca supera o seu primeiro amor. —Seu olhar
cai para as almofadas entre nós, e quando ela fala de novo, sua voz é suave,
ferida. —Eu me apaixonei por ele estupidamente rápido. Estupidamente rápido.
Teria sido burrice, mesmo que ele não tivesse sido um idiota completo para mim
na primeira vez. Como ele foi…

Eu luto contra o desejo de assentir de maneira encorajadora. Até agora


esta história é muito familiar, mas preciso saber mais antes de baixar minha
guarda.

Ela balança a cabeça. —De qualquer forma. Acho que algumas pessoas
diriam que eu sabia o que estava vindo para mim. Mas em minha defesa, Phillip
foi muito convincente. Ele me fez acreditar que ele estava completamente
apaixonado. Ele mesmo insinuou sobre ficarmos noivos. Ele nunca disse nada,
mas ele se especializou em teatro musical, então, ele é praticamente um
profissional quando se trata de segundas intenções.

—Teatro musical? E você tem certeza de que ele é heterossexual? —


Perguntei, tentando aliviar o humor. Ela ainda não contou tudo, mas o motivo
dessa reunião está se tornando bem claro. Pelo menos claro o suficiente para eu
querer tornar essa confissão mais fácil para ela.

Suas bochechas estão coradas. —Sim, tenho certeza. Ele foi o meu
primeiro em todos os sentidos. E mesmo que não tivesse, no dia em que
encontrei ele e minha mãe transando na piscina, ele claramente não tinha
nenhum problema de desempenho.

Eu estremeci. —Eita!

—Sim. Então. Foi assim que a nossa segunda chance de felizes para
sempre acabou. —Penny revira os olhos em direção ao teto. — Eu peguei meu
namorado transando com a minha mãe e, então, eu meio que... saí dos trilhos.

—Saiu dos trilhos. —Tomo outro gole da minha bebida, sentindo que vou
precisar de outra antes que esta história termine. —De que maneira?
33
—Bem, primeiro fui a um bar local e fiquei espetacularmente bêbada. —
Ela diz, suas palavras começam a enrolar um pouco, me fazendo pensar se ela já
está sentindo sua dose dupla de uísque. —E então, chorei para o bartender, e
derramei salgadinhos por todo o chão. E quando o bartender recusou-se a me
servir, porque estava chateado e triste com a enorme bagunça que fiz, comprei
uma garrafa de uísque na loja de bebidas na rua, e fiquei ainda mais
espetacularmente bêbada no beco atrás do posto de gasolina.

Ela funga. —Havia um casal sem-teto dormindo nas latas de lixo, e


tomamos a garrafa juntos por um tempo. Certifiquei-me de não limpar a garrafa
entre os goles, porque sabia que isso deixaria Phillip louco. Ele é um grande
germofóbico.

Ao pressionar seus lábios, o olhar dela desliza até os tijolos acima da


prateleira da lareira. — Também chorei pelo casal de sem-teto. E eles choraram
porque eram sem-teto e tinham problemas reais. E então, todos nós decidimos
fazer tatuagens para comemorar nossa miséria. Tropeçamos pelo cais para o
estúdio de tatuagem que não importa se você está bêbado, ou é menor de idade,
ou quer algo realmente estúpido tatuado em seu corpo, e eu consegui uma
tatuagem realmente estúpida.

—Sobre o que? Posso ver?

Ela ri uma explosão nítida de som que parece surpreendê-la. —Humm,


não. —Ela balança a cabeça, seus lábios perdendo o sorriso. —Nunca. Há uma
razão pela qual as minhas coxas permanecem cobertas o tempo todo.

—Bem, isso é uma pena. —Digo, pensando que ela tem coxas muito
agradáveis. Normalmente eu diria o quanto, um elogio é sempre uma coisa boa,
mas posso dizer que ela não está a fim de bajulação.

—Sim, então... —Sua mão move-se até seu rosto, o dedo do meio e o
polegar passando sobre seus olhos. —Depois disso, as coisas ficaram um pouco
confusas, mas se as fofocas locais e a Guarda Costeira estiverem certas, eu decidi
nadar para celebrar minha nova e terrível tatuagem, e quase me afoguei. Fui
resgatada a um quilômetro além da costa.

34
—Merda, Penny. —Digo com a garganta apertada. —Você poderia ter
morrido.

Ela assente um pouco rápido, mas ainda não levanta seu olhar para o
meu. —Eu sei. Poderia. Mas não morri. Em vez disso, enquanto a Guarda Costeira
estava ocupada salvando a estúpida garota bêbada, um casal cujo barco havia
naufragado alguns quilômetros de Gin Beach, ficou na água uma hora e meia
esperando pelo resgate.

Ela faz uma pausa antes de acrescentar num sussurro: — A esposa quase
morreu de hipotermia. Ela ficou no hospital por três dias. Todas as tardes seu
marido ligava para o meu celular, e me lembrava de que era minha culpa que a
mulher que ele amava estava prestes a morrer. Não sei como conseguiu o meu
número de celular, mas não tentei mudá-lo. Eu sabia que merecia essas
chamadas. Eu merecia sua raiva, sua dor e sofrer por todas as coisas estúpidas
que fiz.

Paro de lutar contra o desejo de oferecer conforto, e me estico para pegar


sua mão. —Não. Você não merecia nada disso. Você acabou de ter seu coração
partido e tomou as decisões menos sábias. Acontece.

—Talvez. —Ela desliza os dedos debaixo dos meus, pegando seu copo de
uísque e agitando o gelo no copo. —Mas quando acontece com outras pessoas,
não vira notícia em todos os tabloides.

Minha testa franze. Observo seu rosto novamente. É tão bonito como no
momento em que a vi pela primeira vez. Talvez até um pouco mais bonito agora
que sei que minha amiga está ligada a ele, mas não é um rosto familiar.

—Minha mãe é Anastásia Pickett. —Ela diz, esperando um pouco antes de


adicionar. —A atriz? —Busco em minha mente os dados de cultura pop, mas está
vazia. —Desculpe.

—Você está brincando. Ela era superfamosa nos anos noventa. —Eu dou
de ombros. —Não me faz lembrar nada.

— Ela estava em Out of Water. —Penny fornece claramente atordoada. —

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O filme da sereia? Aquele com o empresário cansado, que encontra uma linda
mulher loira boiando na costa de Jersey, e ela está nua nos primeiros vinte
minutos do filme antes dele comprar uma camiseta em uma loja de souvenires, e
levá-la de volta a Manhattan?

—Humm. —Murmuro em volta da borda do meu copo, balançando a


cabeça enquanto a última dose de uísque desliza pela minha garganta.

Merda, o filme da sereia nua. Eu agora me lembro disso. E estou


absolutamente seguro de ter me masturbado com a visão da mãe de Penny
algumas vezes durante meus primeiros anos de adolescência, antes de descobrir
uma maneira de contornar o bloqueador de pornografia no meu laptop.

Não que eu vá admitir isso a Penny, é claro...

— Out of Water. Certo. Eu me lembro dele. —Apoio meu copo contra meu
queixo enquanto meu olhar desliza pelo corpo pequeno, mas curvilíneo de Penny.

—Não diga isso. —Diz ela, franzindo o nariz. —Eu sei. Não pareço com
minha mãe. Acredite você não é o primeiro a notar.

—Não, você não parece. —Admito. —Você é linda de uma maneira


diferente.

—Bem, obrigada. —Ela diz, parecendo nervosa, embora eu tenha certeza


de que não é a primeira vez que dizem que ela é linda. —Mas não sou adotada,
embora, às vezes, eu gostaria de ser. Isso deixaria quinze por cento menos
perturbador o fato que minha mãe está se casando com o menino que tirou a
minha virgindade.

Desta vez, meu corpo estremece por inteiro. —Jesus, Penny. Eles vão se
casar?

— Sim. —Seus lindos olhos castanhos começam a brilhar. —O casamento


é neste fim de semana. Eu sou a dama de honra.

—O inferno que você vai. —Coloco meu copo no chão ao lado do sofá. —
Você não vai a qualquer lugar perto desse casamento.
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E eu quero dizer isso.

Mesmo que eu tenha que jogá-la sobre meu ombro, levá-la para a minha
casa e mantê-la trancada até a próxima segunda-feira, não vou deixá-la se sujeitar
a esse tipo de pesadelo. Não deixaria isso acontecer nem com meu pior inimigo,
muito menos com a minha melhor amiga.

37
CAPÍTULO 8

Estou prestes a dizer-lhe que ela vai para Hamptons comigo, para que eu
possa alegrá-la em algum lugar longe da cena do crime, quando ela diz:

— Eu tenho que ir. Tenho duas meias irmãs gêmeas pequenas Bash. E
minha mãe deixou claro que se eu não estiver no casamento, não terei mais
acesso ao resto da família. Isso inclui minhas irmãs que sempre passam os finais
de semana em minha casa. —Penny franze o cenho, a raiva piscando nos seus
olhos escuros. —Para provar seu ponto de vista, mamãe manteve Francis e Edna
em casa nos últimos dois fins de semana, mesmo que ela mal passe algum tempo
com elas quando Phillip está em casa.

— Francis e Edna. —Repito.

— Ela é uma pessoa terrível. —Penny diz com calma. —Esqueça o fato de
ela dormir com meu ex-namorado e depois se casar com ele. Que tipo de mãe
nomeia suas filhas de Francis, Edna e Penelope? Mesmo que sejam nomes da
família.

Eu sorrio. Não posso evitar.

Ainda assim, me sinto mal por encontrar humor em sua horrenda situação
até ela sorrir de volta. É um sorriso hesitante e tímido que se espalha através de
seu rosto indeciso, mas quando ele encontra seu equilíbrio ele a transforma.

Ela não é mais simplesmente linda, ela é irresistível, e sei que vou fazer o
que for preciso para ajudá-la mesmo antes de ela dizer com uma voz doce: —
Agora sim. Foi assim que eu imaginei que você se parecia.

Minhas sobrancelhas arqueiam.

—Amável. —Diz ela. —Você é tão amável quanto bonito.

Agora é a minha vez de me sentir perturbado, embora não saiba o por

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que. Estou bem ciente que fui privilegiado no departamento da beleza, mas ouvir
isso de Penny me faz sentir... estranho. — Bem, obrigado.

—Não me agradeça. —Ela diz seu sorriso desaparecendo. —Por favor,


não. Sou uma pessoa terrível. Menti para você sobre a disponibilidade de casas
em Miami. Eles ainda tinham muito espaço, mas Miami não está a cinco minutos
de onde minha mãe e Phillip vão se casar neste fim de semana.

Então essa é a mentira. Não era o que eu esperava.

Franzi o cenho. —Por que você não me pediu ajuda? Sei que nunca nos
conhecemos pessoalmente até hoje, mas penso em você como uma amiga,
Penny. Das boas.

—Eu também. —Ela diz enquanto seus olhos se enchem de lágrimas não
derramadas. —É por isso que eu me sinto tão horrível com isso. Sabia desde o
início que não havia nenhuma maneira de pagar seus honorários. Minha família é
rica, mas não...

—Esqueça os honorários. —Jogo uma das mãos no ar. —Você sabe que eu
já fiz isso antes.

—Sim, mas apenas para as candidatas que examinei para você, e não há
nenhuma maneira de que eu me examine objetivamente.

Reviro meus olhos. —Por favor. Considere-se examinada. Se mesmo a


metade do que você me disse for verdade, você mais do que se qualifica para
uma intervenção sem custos.

Seus ombros caem com alívio óbvio. —Obrigada, Bash. Muito obrigada.
Juro que tudo o que lhe disse é verdade. E prometo que pagarei em parcelas,
mesmo que demore dez anos.

—Você não fará tal coisa. —Entrelaço nossos dedos enquanto assinalava
todas as coisas que precisavam ser feitas. —Mas teremos que nos matar para
finalizar todos os trabalhos de preparação. Você não nos deixou muito tempo.
Você disse que o casamento é nesse fim de semana?

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—Sim. —Ela diz, antes de adicionar timidamente. —Mas há um chá de
cozinha na quarta-feira, uma despedida de solteiro na quinta-feira e um jantar de
ensaio na sexta-feira antes da cerimônia no sábado à tarde.

Amaldiçoo baixinho e levanto meu braço, sinalizando a garçonete para nos


trazer outra rodada. Nós vamos precisar.

—Desculpe. —Ela afunda contra as almofadas de couro. —Estava


esperando que fosse capaz de fazer isso sozinha, mas quanto mais eu pensava em
ir sozinha ao casamento, mais eu queria me arrastar para um buraco e morrer. —
Ela olha para dentro de seu copo vazio. —Seriamente morrer. E não quero mais
me sentir assim.

—Você não precisará. —Me mexo no sofá, colocando meu braço em volta
dos seus ombros e aproximando-a. —Não se preocupe linda. Vamos resolver
isso.

Ela se inclina para perto de mim, seu corpo macio e quente contra o meu
e, por um momento, estou ciente dela do jeito que eu estava quando a vi pela
primeira vez na rua. Ela é uma mulher linda, e seu peito está pressionado contra
minhas costelas, e ela cheira a lavanda e algo doce, viciante, e eu sou humano,
pelo amor de Deus.

Mas mais forte do que o desejo zumbindo sob a minha pele, é a


necessidade de ajudá-la, curá-la, para garantir que minha amiga não tenha que
enfrentar a feiura do mundo sozinha.

É por isso que faço o que faço.

Depois de todas as coisas que eu vi, tenho certeza de que o amor


romântico é uma coisa de contos de fadas e pornografia ruim, mas a amizade é
real. E ajudar as pessoas que sentem que não tem ninguém ao seu lado, é o que
me faz acordar pela manhã. Meus amigos corporativos podem zombar da MB
Consultoria o quanto quiserem, mas sei que os lugares escuros da minha alma
ficaram muito mais claros no dia em que me afastei de Wall Street para sempre.

Ainda assim, o fato de que Penny é minha assistente, e também é o tipo

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de garota curvilínea e de olhos castanhos, que é a kriptonita pessoal do Incrível
Bulk, criará certos... desafios.

Desafios como o controle de resposta do meu corpo quando ela se vira e


envolve seus braços em volta do meu pescoço, sussurrando: —Obrigada Bash. —
No meu ouvido, nesta voz sexy pra caramba, enquanto ela transforma o
momento em um abraço completo.

—O prazer é meu. —Digo. Mas não é. É uma tortura.

Tortura envolver meus braços ao redor dela e mantê-la próxima,


oferecendo conforto, mesmo enquanto luto para controlar meu maldito pau.
Penso em cachorros mortos e no meu colega de quarto da faculdade, que limpava
seu nariz quase ininterruptamente, mas não é até que faço uma imagem mental
bem vívida das cabras que chegaram recentemente na fazenda da minha avó,
comendo sua própria placenta, que a protuberância na minha calça finalmente
começa a suavizar.

E na hora exata. A garçonete está aqui com a nossa segunda rodada, e


Penny está voltando para o seu lado do sofá, tendo uma excelente visão do meu
colo.

—Aqui está. —A garçonete com cabelos loiros entrega a Penny um copo.


—Mais duas doses duplas de Laphroiag com gelo. Mais alguma coisa para vocês?

—Isso vai servir por agora, obrigado. —Digo, aceitando meu copo.

—As bebidas são por minha conta, a propósito. —Penny diz, enquanto a
garçonete se afasta para verificar um grupo de recém-chegados que se acomoda
a uma mesa para quatro pessoas, do outro lado do bar. —Eu insisto. É o mínimo
que posso fazer para agradecer.

—Absolutamente não. Essas doses são obscenamente caras.

Ela faz careta. — Quanto obscenamente?

Eu deixo minha voz baixa e áspera. — Suja, imunda, injustamente cara.

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—Uau. —Seus olhos brilham e por um segundo me pergunto se ela
também sente isso, a faísca da potencial energia no ar sempre que nossos olhos
se encontram. Mas então ela ri, um som leve que me faz sentir bobo por prestar
atenção demais no momento. —Então vou deixar você fazer isso, e vou pagar
pizza hoje à noite enquanto trabalhamos.

—Parece bom. —Tomo um gole da minha bebida forte, determinado a


manter minha mente nos negócios. —Teremos que aproveitar ao máximo de cada
minuto antes de sairmos na terça-feira. Nós só temos quarenta e oito horas para
nos prepararmos para uma semana.

—Nós podemos fazer isso. Quero dizer, não é como se fossemos


estranhos completos. Nós já conhecemos muito a história um do outro. —Seu
sorriso malicioso faz uma covinha em sua bochecha. —Até conheço sua senha do
LetsGoLove, para que eu possa mudá-la para você nos dias em que você deseja
não ter acesso a sua conta.

—Sim. —Concordo, mesmo que eu pense em todas as coisas que


pretendo manter em segredo de Penny. Coisas como o quanto ela parece sexy
bebendo uísque às onze horas da manhã em sua roupa de corrida e um coque
bagunçado, e o quanto eu gostaria de puxá-la de volta para os meus braços.

Ou para o meu colo.

Ou rolá-la abaixo de mim neste sofá, e descobrir cada centímetro de seu


corpo incrível. Mas nada disso vai acontecer.

Penny conhece as regras do Magnífico Bastardo melhor do que qualquer


um: nunca se envolva emocionalmente, nunca confunda a fantasia com a
realidade e nunca, jamais, leve as coisas além de um beijo.

42
CAPÍTULO 9

Dos arquivos de mensagens de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De Bash: Vamos falar sobre o mijo que você estava


bebendo na noite passada.

Chamou à minha atenção através do seu último e-


mail, que você tem submetido suas papilas gustativas a
suores noturnos de um mendigo sem banho, também
conhecido como Bud Light 5, junto com pizza.

Essa merda cessará imediatamente.

Seu salário acabou de ser aumentado em duzentos


dólares por ano, a fim de lhe proporcionar ao luxo de
comprar a Labatt Blue Light, o verdadeiro rei das cervejas
leves.

De nada.

Penny: Obrigada!

Estou tão agradecida que nem vou perguntar como você


sabe o gosto de mijo, ou dos suores noturnos de um mendigo
sem banho.

Bash: uma decisão sábia. Algumas histórias são melhores


se não contadas.

5
Cerveja americana popular.
43
Penny: KKK! Me deixou intrigada...

Eu me pergunto se eu sou a primeira assistente no


mundo, a receber um aumento para comprar cerveja...

Bash: Eu duvido. Os bons chefes sabem que a vida é


muito curta para beber cerveja ruim.

Penny: Amém.

44
CAPÍTULO 10

No momento em que terminamos a segunda rodada de bebidas, Penny e


eu fizemos um rápido curso de atualização sobre o básico: quem, onde, quando e
por que de nossas histórias pessoais – Penny tem vinte e cinco anos, nascida em
Los Angeles, criada em Hamptons e formada pela Vanderbilt, Universidade de
Boston, uma Universidade linha dura. Eu tenho trinta e dois anos, nascido e
criado em Manhattan, graduado na NYU Columbia, e na escola de tubarões
corporativos – e ambos estamos um pouco bêbados.

As risadinhas de Penny estão vindo com mais frequência, e acho difícil


evitar que meus olhos se desloquem para seus lábios, e meus pensamentos se
desviem de um território tão obsceno quanto o preço de nossas bebidas.

Muito, muito mais difícil.

Tão difícil que eu sabia que não podíamos enfrentar a próxima etapa de
orientação até ter a chance de relaxar, ficar sóbrio e tomar um longo banho frio.

Depois de pagar a conta, coloquei Penny em um carro em direção ao


Brooklyn, com uma promessa de estar na sua casa às seis da tarde, e me dirigi em
direção ao West Village, esperando que uma longa caminhada me ajudasse a
seguir em frente.

Felizmente, depois de andar vários quilômetros, beber um litro de água,


desfrutar de um longo banho e uma longa e poderosa soneca, sinto-me como o
meu velho eu. O eu que sabe que negócios e prazer são estradas separadas e
nunca devem se encontrar.

Por volta das cinco horas estou vestido com jeans escuro, uma camiseta
cinza e a enganosa jaqueta jeans de aparência simples, que era quase tão cara
quanto à conta do bar desta manhã, e estou ansioso para voltar às ruas. Meu
apartamento é enorme para os padrões de Manhattan. Um loft de dois cômodos,
de conceito aberto, comprado com os despojos da minha primeira profissão, que
era rasgar as empresas em dificuldades pedaço por pedaço. Então, não é como se
45
eu estivesse com a sensação de aperto e não pudesse esperar para escapar. Ainda
assim, sempre me sinto mais em casa cercado pela agitação da minha cidade
favorita.

Pego um café com creme extra e açúcar no caminho para o trem e me


acomodo para o passeio pelo rio até Williamsburg.

Fiquei surpreso esta manhã por saber que Penny habita profundamente
no coração da selva hipster 6, ela não parece ser o tipo que paga aluguel
elevadíssimo, para viver mais perto de sua loja de donuts artesanal favorita. Mas
quando encontro seu prédio e subo as escadas de um dos últimos edifícios de
pedra em ruínas em uma rua repleta de casas remodeladas de milhões de
dólares, minha mente fica mais à vontade.

Penny não é uma hipster de armário; ela é uma verdadeira nova-iorquina,


vivendo no que é provavelmente um dos últimos apartamentos arrendados na
área.

Não sei por que isso me interessa, mas por algum motivo odeio pensar
que Penny insiste em beber em cervejarias orgânicas, de origem local, artesanais,
ou sair com homens com higiene questionável, e ter fetiches por camiseta
apertada e barbas irregulares. A tendência para a aceitação social dos homens
que caminham pelas ruas com a aparência de ter acabado de sair da cama há
quatro dias, é ofensivo.

Tenho pena das jovens de vinte e alguma coisa, cujas opções são
compostas exclusivamente de posers7 tão mal preparados, que até mesmo eu
agradeço a vantagem concedida a mim mesmo por simplesmente utilizar uma
navalha e cortar o cabelo a cada seis semanas.

As mulheres merecem o melhor. Especialmente Penny.

Afinal, ela conseguiu. A garota merece um Magnífico Bastardo ao lado


dela, protegendo-a do falso Príncipe Encantado.
6
É um grupo de pessoas com estilo próprio e que habitualmente inventa moda, determinando novas tendências
alternativas.
7
É uma pessoa com personalidade influenciável, sem atitude e que se deixa impressionar pelo artista, banda ou
estilo musical que está fazendo sucesso no momento.
46
Eu bato na porta dela e falo através da abertura onde o olho magico
deveria estar. —MB Consultoria. Aqui para a reunião às seis horas.

—Só um segundo! —Um momento depois, uma Penny sem fôlego e com o
rosto corado abre a porta.

Seu cabelo está caído em ondas brilhantes ao redor de seus ombros, ela
está usando um pouco de maquiagem, apenas o suficiente para me fazer
perceber o quanto seus cílios são longos, e está vestida com um macacão jeans
que não deveria ser sexy, mas de alguma forma é. Ainda assim, consigo manter
minha mente nos negócios e meu olhar vagando para onde as tiras de jeans
estendem-se sobre as ondas de seus seios.

Eu sou um puta profissional e posso lidar com isso.

—Entre! —Ela pede para eu entrar em um apartamento aconchegante,


cheio de estantes do chão ao teto, uma micro cozinha com aparelhos vintage da
década de 1940, e um móvel próximo a janela feito com um sofá-cama coberto
com detestáveis almofadas coloridas. Numa parede distante estão anúncios
vintage de sorvetes, enquadrados em molduras de conchas, e um cartaz
motivacional que dizia: “Vamos fazer hoje ser melhor do que ontem”, em escrita
decorativa.

O lugar é muito caseiro, muito acolhedor, um pouco estranho e todo


Penny.

—Acabei de limpar. O uísque me derrubou. Eu estava dormindo até uma


hora atrás. —Ela caminha pela ilha da cozinha em direção à geladeira antiga. —
Você gostaria de algo para beber? Eu tenho água, limonada, chá gelado, vinho
barato, e algumas garrafas de Labatt Blue Light.

—O Verdadeiro Rei das Cervejas Leves. —Observo com aprovação.

Ela dá de ombros. —Sim. Meu chefe fez com que eu parasse de beber
cerveja que tem gosto de suores noturnos de um mendigo sem banho. Ele é um
arraso total.

Eu rio. —Você não deveria precisar dessa intervenção. Se algo tem gosto
47
de qualquer parte de um mendigo, você não coloca na sua boca, Penny. Essa é a
segunda regra de ser um adulto.

Ela se vira para mim, uma das mãos apoiada na geladeira e a outra no
quadril curvilíneo. —Oh, sim? E qual é a regra número um?

—Não se come a carne onde se ganha o pão. —Falo sem pensar, só para
perceber que é o conselho perfeito.

Penny é inestimável para o meu negócio. Não posso comer onde ganho
meu pão. Se eu estragar a nossa amizade de trabalho porque não consigo parar
de pensar em quanto eu gostaria de ter o peso de seus peitos em minhas mãos,
nunca vou me perdoar. Eu sou um homem de trinta e dois anos, pelo amor de
Deus. Deveria ter mais controle sobre meus pensamentos, para não mencionar
meu pau.

Mas o Incrível Bulk está estranho desde o momento em que Penny abriu a
porta, e não mostrou nenhum sinal de amolecimento em um futuro próximo.

O que significa que, qualquer coisa que possa impedir meu autocontrole, é
uma má ideia.

—Vou querer uma limonada, obrigado. —Eu me movo para encará-la


através da ilha. —E então vamos começar com o vestuário. Se não der tempo,
poderemos resolver a história de amor no caminho para Hamptons, mas não
estou familiarizado com as lojas lá, e parece que não haverá muito tempo para
pesquisar a armadura de batalha para todos os eventos que sua mãe planejou.

—Armadura de batalha. —Ela sorri levemente, enquanto tira a limonada


da geladeira e dois copos dos minúsculos armários acima da pia. —Você
realmente acha que a roupa importa tanto?

—Eu sei que as roupas importam. —Digo sem hesitação. —Você sabe o
que eles dizem parecer bem é a melhor vingança.

Penny franze o nariz. —Eu pensei que a citação era viver bem é a melhor
vingança.

48
Aceito o copo de limonada que ela empurra através do balcão. —Você
viverá bem após a vingança acabar. Por enquanto, nos concentraremos em deixar
sua mãe verde de inveja e Phillip querendo chutar repetidamente sua própria
bunda por deixá-la. A partir do momento em que você sair do meu carro quarta-
feira, até o momento em que nos dirigirmos em direção ao pôr-do-sol no sábado,
queremos todos os olhos em você; o amado patinho que se transformou em um
cisne ainda mais deslumbrante.

—Você se lembra de que minha mãe é uma famosa estrela de cinema e


ex-modelo, né? —Penny pergunta com uma expressão duvidosa em seu rosto. —
Ela pode ter quarenta e dois anos, mas com certeza não parece.

—Ela também não parece ter vinte e cinco anos.

—Eu não sei. —Penny toma um gole considerável de sua limonada. —Ela
poderia passar facilmente pelo início dos trinta anos. Ela se exercita quatro horas
por dia, come alimentos saudáveis em cada refeição, e pode pagar por todas as
loções e cremes.

—Loções e cremes?

Penny assente seriamente. —Alguns podem dizer-lhe que a cirurgia


plástica é o caminho para a juventude eterna, mas as pessoas verdadeiramente
ricas sabem que é tudo sobre loções e cremes exclusivos. Quanto mais gosma de
caracóis, cascas de besouro e sêmen de baleia neles, melhor.

Eu quase não consigo evitar cuspir a limonada em todo o balcão.

—Sêmen de touro também. —Penny acrescenta, com um sorriso. —O


sêmen é muito importante, pelo que ouvir dizer.

Dando-lhe um olhar com um leve toque mal-humorado, seco minha boca


com a manga e aponto para uma porta do outro lado da sala, que suponho leva a
seu quarto. —Pare de enrolar e vá colocar algo bonito.

Ela levanta um ombro e o deixa cair. —Está bem. Mas estou avisando,
esse desfile de moda será breve. Eu peguei qualquer coisa que seja remotamente
adequado do meu armário, mas que está fora de moda nesta primavera, e que
49
ainda se encaixa após meus grandes encontros com vários potes de sorvete
entediantes ou com manchas de grama.

—Por que as manchas de grama? —Pergunto enquanto ela vagueia em


torno da ilha, parecendo com uma criança sendo enviada para seu quarto, e eu
não posso deixar de sorrir.

—Eu gostava de ler livros deitada no grande gramado da faculdade


quando eu saía de casa mais de uma ou duas vezes por semana.

Antes que eu possa pensar em como responder, ela desaparece em seu


quarto. Quando a porta se fecha atrás dela, olho o apartamento. Ele expõe uma
vibração aconchegante e acolhedora, mas ainda permaneceria assim depois de
ficar enfiado nele por meses?

Talvez até anos? Penny disse que já passou mais de dois anos desde o
incidente.

Ela tem se escondido do mundo neste minúsculo apartamento desde


então? É por isso que ela recusava toda vez que eu tentava encontrá-la para
tomarmos umas bebidas no happy hour, ou andar de bicicleta no parque ou na
mais nova exposição no Met?

Eu tinha assumido que ela era uma daqueles Brooklynites que odiavam
cruzar o rio, ou talvez achasse que era assustador encontrar seu chefe na vida
real, mas talvez seja mais do que isso. Talvez ela tenha cumprido uma pena de
prisão auto imposta, por um crime que sua mãe e o ex-namorado nojento
cometeram.

Meu estômago aperta com o pensamento.

E então, Penny emerge de seu quarto em um vestido comprido dourado e


apertado, que faz com que sua pele morena pareça amarela e doente como se
estivesse com dor de barriga.

Minha nossa, o que diabos ela colocou no seu corpo bonito?

50
CAPÍTULO 11

Minha língua enrola na minha garganta, e luto contra o desejo de ficar


quieto. —Jesus Cristo.

As mãos de Penny vão para os seus quadris. —Oh vamos lá. Não é tão
ruim. O ajuste é bom.

—O ajuste é adequado, mas a cor é horrível. —Digo, lutando contra o


desejo de estremecer. —Tire-o e deixe-o aqui quando terminarmos. Vou jogá-lo
fora.

— Você não vai jogá-lo fora. —Ela franziu o cenho por cima de seu ombro
enquanto caminhava de volta para o seu quarto.

— Você está certa. —Concordo. — É melhor queimá-lo, e ter certeza de


que ele nunca mais tenha a chance de causar náuseas em qualquer outra pessoa.

— Nem todos têm centenas de dólares para gastar em roupas, você sabe.
—Ela fala do quarto, sua voz abafada. Concentrei-me na lembrança de como a
pele dela parecia naquele vestido, o melhor para evitar imaginar ela puxando-o
sobre sua cabeça, descobrindo as curvas assassinas por debaixo.

—Se esse vestido fosse de graça, você ainda teria pagado muito.

—Você é sempre tão doce com todas as suas clientes? —Ela pergunta em
um tom flexível.

—Se você está perguntando se eu minto para minhas clientes, então, não.
Não. —Sentei-me no sofá com minha limonada. —Estou aqui para fazer um
trabalho Penny, não para lhe fazer um cafuné. E mesmo que não fosse, eu não
deixaria você sair de casa nesse vestido. Os amigos não deixam os amigos usarem
dourado.

Ela ri. —Você disse que sua mãe era uma decoradora de interiores?

51
—Sim. Eu sabia a diferença entre rosa e fúcsia anos antes dos outros
meninos.

— Tenho certeza de que a maioria dos meninos não conhece a diferença.


—Ela abre a porta, revelando um vestido composto de metros e metros de tecido
preto pesado, que sobrepõe sua pequena estrutura. —Que tal agora? Liso,
simples, linho. Uma escolha clássica.

—É um casamento, não um funeral. —Digo, girando um dedo no ar.

—Próximo.

Ela revira os olhos quando bate à porta. Tomo um gole de limonada e rezo
para que ela tenha, pelo menos, algo com o qual possamos trabalhar. Há uma
boutique no Chelsea, que geralmente salva minhas clientes de uma emergência,
mas não tenho certeza se Sheila, minha assistente de compras preferida, em uma
manhã poderá vestir Penny não em um, mas em quatro vestidos de matar o ex-
namorado.

Penny e eu repetimos nossa rotina de abrir a porta, reprimir o reflexo de


vômito, revirar os olhos e bater à porta depois de quatro vestidos terríveis. Estou
começando a pensar que ela precisa de uma intervenção de moda tanto quanto
de uma da Magnífico Bastardo, quando a porta se abre, minha respiração para e
eu esqueço como se respira.

O vestido branco e sem mangas é de seda e chiffon, e abraça seus seios


antes de cair em ondas assimétricas ao redor de seus joelhos. Ela está usando
saltos de gatinho branco que enfatizam as curvas fortes e esculpidas de suas
pernas, e brincos em formato de candelabro de pérolas que aparecem através de
seu cabelo escuro quando ela o coloca sobre seu ombro.

—Este é o último. Eu sei que não vai funcionar. —Ela diz, puxando a
bainha. —Mas achei que eu deveria lhe mostrar de qualquer maneira.

—Por que não vai funcionar? —Coloquei minha bebida na mesa de café e
fiquei em pé enquanto ela entra na sala. —É lindo. Você está linda.

—É branco. —Ela diz com uma risada nervosa. —Eu não posso usar
52
branco. Eu não sou a noiva.

—Você não pode usar branco no casamento. —Peço para que ela vire, e
ela vira, provando que é deslumbrante de costas. —Mas isso será perfeito para o
jantar de ensaio. Na noite anterior ao casamento, você lembrará a Phillip da
beleza que ele poderia ter tido em seus braços, se ele não tivesse sido tão tolo.

Ela se volta para mim, um olhar preocupado em seu rosto. —Realmente


não o culpo. Quero dizer, o culpo por me usar para chegar à minha mãe e mentir
para mim, e brincar com a minha cabeça, mas ele não é o único que partiu meu
coração.

Concordo. —Imaginei.

—Você imaginou? —Ela inclina a cabeça para trás, seus curiosos olhos
castanhos, encontrando os meus.

—Meu pai foi embora quando eu tinha doze anos. Durante os primeiros
meses ele ainda vinha para os meus jogos de beisebol e me pegava na escola uma
ou duas vezes por semana, mas, eventualmente, ele perdeu o interesse. —Dou de
ombros. —Quando eu tinha treze anos eu o vi talvez, uma vez por mês, e ele
geralmente vinha atrás de dinheiro para sustentar seu vício em Percocet8.
Quando eu me formei, nós já não conversávamos há anos. Não tenho ideia de
onde ele está agora.

Penny franze a testa. —Sinto Muito. Nunca conheci meu pai, mas sei que
os pais são importantes. Especialmente para os filhos.

—Está tudo bem. Eu superei isso há muito tempo. —Sorrio enquanto


alcanço seu cabelo, escovando alguns fios para juntar-se ao resto das ondas que
caem sobre seus ombros. Seu cabelo é tão suave quanto eu imaginei que seria. —
Só queria que você soubesse que eu entendo, o quanto dói quando uma das duas
pessoas no mundo, que deveriam estar do seu lado mais do que qualquer outra
pessoa, decidem que eles não se importam com seus sentimentos.

—Obrigada. —Diz ela, os vincos entre as sobrancelhas aprofundando. —

8
Analgésico fortíssimo a base de opiláceos.
53
Você realmente acha que podemos fazer isso?

Eu aceno de maneira reconfortante. —Não há dúvida.

—Mas sou tão ruim em fingir. —Ela morde o lábio inferior. —E minha mãe
e Phillip são atores. Eles são mentirosos extremamente bons, e como mentirosos
extremamente bons, são muito bons em perceber quando outras pessoas estão
mentindo.

—Relaxe. —Coloco minhas mãos em seus ombros, gentilmente


amassando os nós, ignorando o toque quente de prazer que sobe pelos meus
braços. É tão bom tocá-la. Tão estranhamente... certo. —Você pode ser nova
nisso, mas eu enganei os ex-malvados dezenas de vezes.

—Mas não comigo. —Diz ela, claramente tendo um ataque de pânico.

—Talvez devêssemos ir como amigos.

—Pare com isso. Agora mesmo. —Movo minhas mãos para apertar seus
braços e inclino-me até que meus olhos estejam nivelados com os dela. —Você
não quer ir como amiga. Se quisesse, você não teria nos reservado o mesmo chalé
em Southampton.

Um chalé com uma cama queen-size, e estou fazendo o meu melhor para
não pensar muito sobre isso. Passar quatro noites em uma pequena casa com
Penny será uma tortura. Mesmo se eu ficar com o sofá e lhe der a cama, nunca
vou poder esquecer que uma mulher que me afeta como nenhuma outra na
memória recente, está seminua e a poucos passos em outro cômodo.

—Você está certo, não quero. —Sua língua desliza em seus lábios,
enviando outro raio de consciência que me inunda contra minha vontade. —Mas
agora que você está aqui, não consigo imaginar como fazer isso. Especialmente
em público, na frente de minha mãe e Phillip e todos os outros.

Balanço a cabeça, lutando para impedir que meu olhar caísse em seus
lábios. —Fazendo o que?

—Isto. —Antes de perceber o que está em sua mente irritada, ela joga
54
seus braços ao redor do meu pescoço, levanta-se na ponta dos pés, e pressiona
seus lábios contra os meus.

E, de repente, estou beijando Penny.

Realmente beijando-a.

Este não é um beijo amigável ou hesitante. No segundo em que seus


lábios tocam os meus, a eletricidade percorre o meu corpo e meu sangue aquece.

Eu queria fazer isso desde o segundo em que olhei para esta mulher e
talvez até antes. Estaria mentindo se dissesse que não houve momentos em que
eu estava lendo um dos e-mails ou textos de Penny, os provocadores que me
faziam rir, ou aqueles onde ela me pegava de uma maneira que muitas pessoas
não conseguiam, que eu não me perguntava como seria beijar a boca inteligente
por trás dessas palavras.

E agora ela está pressionada contra mim, com os seios encostados em


meu peito, e seus lábios quentes e urgentes contra os meus, implorando-me
silenciosamente para mostrar a ela que eu sei o que estou fazendo, e de
nenhuma maneira vou desapontá-la.

55
CAPÍTULO 12

Minha língua desliza pela abertura de sua boca, deslizando entre seus
lábios separados acariciando-os. Ela tem gosto de açúcar, limões e todas as coisas
limpas, boas e saudáveis, mas não há nada de saudável sobre o modo como o
beijo dela me afeta. Dois segundos e meu pau está duro e pulsando no meu jeans,
esticando contra o tecido, tentando aproximar-se da mulher pecaminosamente
quente em meus braços.

Mas não seguro sua bunda e a puxo para mais perto de onde me dói.

Moldo minhas palmas das mãos em suas costelas e seguro-a firme,


mantendo os últimos centímetros de distância entre seus quadris e os meus.

Este é um beijo com limites incorporados, um beijo destinado a prometer


muito mais do que jamais será entregue.

Nunca vou colocar seus peitos em minhas mãos ou provocar seus mamilos
com os dedos. Nunca vou espalhar suas coxas e beijá-la onde ela está salgada e
molhada, ou ouvi-la gritar enquanto goza na minha boca, implorando-me para
colocar meu pau onde minha língua está. Nunca sentirei suas pernas envoltas em
meus quadris, ou seus calcanhares cavando na minha bunda enquanto empurro
dentro de seu calor, nos levando para o lugar mais feliz da Terra.

Mas isso não significa que não posso aproveitar esse momento, esse beijo,
seu gosto e a forma perfeita em que seus lábios deslizam contra os meus.

Enfio minha mão em seu cabelo, fechando meus dedos nos fios grossos e
sedosos, assumindo o controle enquanto aumentava para o próximo nível. Eu
troco o ângulo dos meus lábios, obtendo um acesso mais profundo à doçura de
sua boca. Ela faz um som suave e carente que é tão honesto, tão esfomeado, que
estou sentindo meu controle começar a diminuir.

O beijo se torna mais quente, mais selvagem, até que nossos dentes
estejam batendo em nossos lábios e estou fodendo sua boca com a minha língua.
56
Estou tão animado, que não percebi que deixei minhas mãos mover-se para
espremer sua bunda, até que seja tarde demais.

No momento em que minha mente lógica grita para eu me afastar da


minha cliente, funcionária e amiga, três razões muito boas para não deixar esta
mulher saber que estou duro por ela e que não vai passar, eu já havia puxado seu
quadril para o meu.

Ela geme contra meus lábios, sua respiração vem rapidamente enquanto
ela envolve uma perna ao redor da minha cintura. E então, ela bate contra mim e,
de repente, estou a dois passos de uma bela queda e não tenho certeza de que eu
poderei me arrastar para longe.

Se eu me permitir puxar Penny para o sofá e fodê-la mesmo com as


camadas de nossas roupas, sei que não vai parar por aí. Não vai parar até que
esse vestidinho esteja fora, sua calcinha esteja no chão e eu realmente esteja
fodendo-a. Jeans fora, boxers fora, pau quente e duro deslizando dentro da
minha melhor amiga.

Se isso for um pouco mais longe, não conseguirei parar.

As regras profissionais e a ética pessoal não importam. Tudo o que


interessa é ficar entre as pernas de Penny e fazê-la gozar no meu pau novamente
e novamente, até que eu goze dentro dela tão forte, que verei estrelas.

Ela balança contra mim enquanto sua língua dança com a minha, cada
movimento prometendo que nos encaixaremos com absoluta perfeição, e meu
coração arde no meu peito. Eu juro que posso sentir o calor de sua boceta através
das minhas roupas, e não consigo me lembrar de querer estar dentro de alguém
da maneira que eu quero estar dentro de Penny.

As regras, idiota. Eles estão lá por um motivo.

Cancelar a missão. Abortar!

Afaste-se desta mulher agora, antes que você instale uma bomba para
explodir em suas vidas.

57
A voz interior está certa, enlouquecedora pra cacete, mas totalmente
certa.

Com o autocontrole de um monge, ou de um ninja, ou alguém capaz de


comer apenas metade do pote de sorvete Ben e Jerry, tiro a minha boca da boca
de Penny e dou um passo para trás. Então outro. E então mais um, porque tudo o
que eu quero fazer, é estender a mão e puxá-la de volta para meus braços e ir
diretamente para o seu quarto.

Ela está respirando rápido e eu também e por um momento ambos


ficamos olhando um para o outro. Ela parece chocada e sei que não vou conseguir
nada parecido com calma, frio ou distante, mas não consigo pensar em nada para
dizer.

Meu cérebro desligou, e tudo o que posso ouvir é a batida do meu


coração retumbando nos meus ouvidos. Embora eu tenha certeza de que, o
Incrível Bulk, estaria soltando um fluxo constante de palavrões se ele pudesse
falar. Não consigo me lembrar da última vez que estive assim tão excitado e eu
nunca, nunca, cheguei tão perto de transar com uma cliente.

—Convincente. —Penny finalmente fala com uma voz rouca, sua cabeça
balançando vagamente. —Isso foi muito convincente.

—Bom. —Aperto meu maxilar, desejando que minha ereção furiosa


acalmasse um pouco, mas estou muito longe disso. —Então acho que essa parte
ficará bem. —Ela engole, pisca, e depois engole novamente enquanto seu olhar
flui de meus olhos para meu peito, e então continua a jornada para baixo.

Merda!

—Tudo vai ficar bem. —Pego minha jaqueta na parte de trás da poltrona,
usando-a como um escudo para esconder minha condição de sofrimento
latejante e desesperada, quando vou em direção à porta. —Encontre-me na Good
Bakery no centro comercial do Chelsea amanhã às dez horas. Vamos tomar um
café da manhã e depois ir às compras das armaduras para o resto da semana.
Com alguma sorte, conseguiremos duas ou três, e você ainda terá muito tempo
para chegar em casa e fazer as malas.
58
—Tudo bem. —Ela diz e seus olhos voltam-se para os meus. —Você já está
indo?

—Eu devo ir para casa antes que fique tarde demais.

—Mas você acabou de chegar aqui. —Ela dá um passo em minha direção e


eu dou outro passo atrás. Eu não consigo deixá-la chegar mais perto, não posso
deixar seu cheiro de lavanda e biscoito começar a girar minha cabeça, ou não há
como sair daqui sem quebrar as regras. —E a pizza ainda não foi entregue.

—Desculpe, estou cansado. Avaliamos a situação da roupa, e haverá


tempo para tudo mais tarde. —Eu alcanço a porta, mas paro antes de abri-la e
fugir.

Ela ainda parece preocupada e não posso sair sem deixar uma cliente, ou
amiga, tranquila. —E sério, não se preocupe. —Digo, forçando um sorriso. —Este
será o trabalho mais fácil que tive em meses. Vou passar a semana com uma
amiga, comendo muita comida de casamento, e fazendo alguns idiotas se
sentirem terríveis consigo mesmos. Parece meu tipo de férias.

Ela franze seus lábios. — Bem, pelo menos você não terá que ser nenhum
tipo de detetive ou hacker. Não quero lavar a roupa suja da minha mãe ou
prender Phillip. Só quero poder manter meu queixo erguido durante todas as
festividades estúpidas.

Encontro seu olhar e o seguro enquanto prometo: —E você vai. Quando


voltarmos para a cidade, toda mulher nesse casamento desejará ser você.

As bochechas de Penny estão coradas e seu peito sobe e desce; sou


forçado a usar a força de vontade de Hércules, para que meu olhar não alcance
lugares que não deveria.

Mas vale a pena ver o olhar em seus olhos quando ela diz: — Obrigada,
Bash.

—De nada, Penny. —Sorrio, um verdadeiro desta vez, porque posso ver
que deixei uma pessoa que eu me importo muito feliz e finalmente farei a minha
fuga.
59
Desço as escadas, saio para a linda noite de primavera, e corro em direção
ao metrô esperando que, se colocar uma distância entre nós, me ajudará a
esquecer do quão certo parecia o corpo de Penny pressionado no meu.

60
CAPÍTULO 13

Dos arquivos de e-mail de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Este endereço de e-mail

Ok, desisto.

Por que seu e-mail é panela de lagosta, florzinha?


Você é do Maine? Você cresceu como filha de um fazendeiro?
Ou você só tem um amor excessivamente forte por grandes
crustáceos de água salgada?

Bash, que está entediado e bebendo sozinho porque


Aidan está trabalhando, e você se recusa a sair de sua casa e
apreciar as horas mais felizes.

De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: Este endereço de e-mail

Se eu lhe dissesse, teria que matá-lo.

Atenciosamente, Penny

P.s. Basta dizer a palavra e compartilharei a nova


senha da sua conta LetsGoLove. Tenho certeza de que há

61
algumas mulheres levemente psicóticas em Manhattan, que
ainda não tiveram um encontro.

Texto de Bash para Penny: p: p: p: p

62
CAPÍTULO 14

Quando chego em casa vou direto para o chuveiro, mesmo que eu tenha
tomado um banho há poucas horas e certamente, não exercitei e suei no trem de
ida e volta do Brooklyn.

Mas preciso de algo para me masturbar.

Mesmo após caminhar da casa de Penny até a estação de metrô, uma


viagem de trem de vinte minutos e outra caminhada de dez minutos para o meu
apartamento, ainda estou duro. Toda vez que minha ereção começa a diminuir,
meu cérebro masoquista lança lembranças da sensação da perna de Penny
enrolada em minha cintura e sua boceta esfregando meu pênis; estou no ponto
em que comecei: duro, dolorido, frustrado e desesperado para gozar, de
preferência dentro da minha assistente.

Isso é errado.

É tão, tão errado, e os pensamentos zumbindo no meu cérebro. Os que


perguntam se Penny estava tão excitada quanto eu estava, e deitou-se no seu
confortável sofá azul, deslizou uma das mãos dentro da calcinha depois que eu
saí, não estão me ajudando a recuperar o controle.

Eu não deveria estar pensando em Penny se masturbando, uma das mãos


rolando por seus mamilos enquanto a outro acaricia a carne lisa entre suas
pernas. Deveria estar pensando em outra coisa, qualquer outra coisa.

Mais precisamente, em qualquer outra pessoa.

Mesmo que não possa ajudar a deixar de ter sexo no meu cérebro, eu
certamente poderia mudar a direção dos meus pensamentos. Tenho um monte
de material no repertório mental armazenado. Tenho até um vídeo de sexo ou
dois escondidos nas profundezas do meu disco rígido. Betsy, a mulher que
namorei no verão passado, tinha uma coisa por assistir pornografia caseira. Nós
fizemos nosso primeiro vídeo em nosso segundo encontro, e quando seguimos
63
caminhos diferentes algumas semanas depois, eu tinha quase três horas de sexo
em alta definição de todos os ângulos no meu quarto.

Eu poderia ter algum material quente e sujo em alguns minutos no meu


laptop. Mas não quero me masturbar com a visão da bunda de Betsy batendo em
mim, enquanto ela cavalga na posição cowgirl invertida.

Quero os olhos escuros de Penny piscando enquanto separo suas pernas e


me coloco entre elas. Quero imaginar a forma como seu rosto bonito se contorce
com desejo enquanto começo a trabalhar dirigindo minha língua para dentro de
sua boceta, enquanto alcanço seus mamilos para provocá-los entre meus dedos.
Quero ouvi-la chamando meu nome com sua voz doce e sexy quando ela gozar na
minha boca, e sentir suas mãos agarrando meus ombros enquanto ela me implora
para fodê-la.

Quero tanto isso, que quando entro no banho e seguro meu pau na minha
mão, juro que quase posso vê-la de pé na minha frente, seu peito subindo e
descendo do jeito que a deixei em seu apartamento.

Mas desta vez, ela não está usando um vestido. Ela está nua, meu olhar foi
capturado por seus seios, seus mamilos escuros e duros, e o olhar em seus olhos
não deixando nenhuma dúvida do quanto ela me quer.

—Por favor, Bash. —Ela respira. Seus dedos se arrastam em meu peito. —
Quero você dentro de mim. Eu quero tanto.

—Quanto? —Eu apalpo seus seios, esfregando meus polegares em seus


bicos enrugados. Ela engasga e arqueia ao meu toque, enquanto suas mãos
continuam sua jornada para baixo.

—É basicamente tudo o que posso pensar. —Ela envolve seus dedos em


torno de meu pau e me acaricia para cima e para baixo, fazendo minha garganta
soltar um gemido baixo. —Estou tão molhada para você. Sinta.

Penny pega minha mão e a leva entre suas pernas, antes que sua atenção
volte ao meu pênis. —Droga. —Amaldiçoo, engasgando com minha respiração
enquanto deixo meus dedos deslizarem através de sua carne lisa, provocando suas

64
dobras antes de colocar dois dedos na entrada, e empurrar para dentro.

Sua cabeça cai, e ela solta um suspiro enquanto a fodo, me dando uma
visão de parar o coração de seus mamilos a poucos centímetros de distância do
meu peito. —Não posso esperar para estar com você. Realmente não posso
esperar Bash. Se você me fizer esperar, vou enlouquecer.

—Não vou fazer você esperar, querida. —Estou ofegante agora, uma
respiração curta, meu pau soltando o pre-gozo em sua mão enquanto ela me
masturba tão desesperado para foder quanto ela está. —Venha aqui.

Um segundo depois eu a pego, agarrando suas pernas curvilíneas ao redor


da minha cintura, apertando suas costas contra a parede lisa do chuveiro, e
empurrando meu pau dolorido dentro de onde ela está quente e úmida. Tenho
certeza de que morri e fui para o céu.

—Porra, Penny. —Gemo contra sua boca enquanto empurro mais fundo.
—Nós deveríamos ter feito isso há meses atrás, anos atrás.

—Sim, porra, sim. —Ela concorda quando começo a me mover, deslizando


para dentro e para fora enquanto ela bate contra mim, tomando mais de mim
com cada impulso. —Você me faz tão bem, vai me fazer gozar tão forte. Tão forte,
porra!

Na minha fantasia, Penny fala a palavra porra com mais frequência do que
a Penny real, mas não importa. No momento em que o meu celular começa a
tocar estridente como uma sirene de onde ele está, na parte de trás do banheiro,
estou tão excitado e a poucos segundos de gozar, quase o suficiente para inundar
um pequeno país.

Não há como parar para atender ao celular. Quem quer que esteja
ligando, vai ter que deixar uma mensagem.

Bombeio meu pênis com minha mão, tentando recuperar a sensação de


estar dentro da boceta lisa e apertada de Penny, mas eu a perdi. Passo a olhar
sem piscar, em vez dos penetrantes olhos castanho de Penny.

Aperto meu pau e minhas bolas gritam “Aleluia!”, pois a pressão nelas
65
durante a última hora é finalmente liberada, mas o orgasmo não é como deveria
ter sido. É uma liberação, um alívio, mas não é a alma que se quebra, de tremer a
terra, dando-me o armagedom que eu estava a caminho de alcançar, antes de ser
tão grosseiramente interrompido.

—Foda-se! —Resmungo rangendo os dentes enquanto chego às ondas


finais do meu orgasmo. Respiro uma mistura de alívio e frustração, por ter minha
fantasia interrompida segundos antes do evento principal. Viro-me para o jato,
deixando que a água quente lave a evidência de minha completa falta de
profissionalismo.

Acabei de me masturbar enquanto pensava em uma funcionária. Tenho


vergonha de mim, mas não tanta vergonha a ponto de não ter planos para tentar
recuperar essa fantasia mais tarde, esta noite enquanto estou na cama.

Mas primeiro tenho que encontrar algo para o jantar.

Cinco minutos depois estou limpo, seco e pegando meu celular


no banheiro, quando vejo uma mensagem de voz recebida. De Penny.

Meu pulso acelera. Sinto como se eu tivesse sido pego no flagra, embora
não exista a menor possibilidade de que Penny saiba que ela estava ligando,
enquanto eu estava ocupado apreciando minha fantasia, onde ela estava contra a
parede do chuveiro. Ainda assim, não posso negar que a ansiedade faz cócegas
nas minhas terminações nervosas, quando coloco o celular na minha orelha.

—Ei, Bash. Desculpe por ligar. —Ela diz, soando um pouco sem fôlego. —
Sei que você disse que estava cansado, mas eu só queria dizer novamente o
quanto agradeço por sua ajuda. Você teria todo o direito de gritar comigo por
mentir e arruinar suas férias e me despedir de imediato. Mas em vez disso, você
está me ajudando, e eu aprecio muito isso. Prometo que vou tornar isso tão
indolor para você quanto possível, o que inclui não lhe causar problemas sobre as
roupas.

Ela ri desconfortavelmente, e minha mente desenha uma imagem de seu


nariz franzindo e um sorriso de lado em seu rosto. Nós só passamos algumas
horas juntos, mas já estou memorizando suas expressões.
66
Não tenho certeza do que isso significa, mas acho que não é bom.

—Então, de qualquer forma. —Continua ela. —Só queria que você


soubesse que a partir de agora, serei a cliente menos dolorosa de todas. Sem
mais estresse, sem deixar você estressado ou preocupado com coisas sobre as
quais eu não deveria estar preocupada porque, obviamente, você sabe o que está
fazendo. E humm... tudo está bem.

A linha fica silenciosa por um momento e espero ouvi-la desligar, mas em


vez disso, ela dispara falando com pressa:

—E sinto muito por ficar um pouco entusiasmada com a prática do beijo.


Estou mortificada por ter feito aquilo. Com a perna. Minha perna. —Ela limpa a
garganta. —Eu estive aqui sentada pensando nisso, e me perguntando se você
acha que sou uma louca, que não pode seguir as regras. Mas estou bem ciente
das regras e vou segui-las. Faz algum tempo, e o contato físico subiu à minha
cabeça.

Ela respira profundamente. —Mas minha cabeça está no jogo agora e


ficará lá. Espero que nós estejamos bem e que nada será estranho. Porque,
apesar de acabarmos de nos conhecer pessoalmente, você é uma grande parte da
minha vida e não quero perder sua amizade. Ou meu trabalho. Mas,
provavelmente, sua amizade ainda mais. Porque não tenho muitos amigos e você
é bom. Fim.

Ela desliga deixando-me de pé segurando o celular, sentindo-me terrível


por ser um grande filho da puta, que não resiste antes de ceder à tentação de se
masturbar, fantasiando sobre uma mulher frágil e vulnerável, que não está aqui
para se defender dos avanços inadequados de seu chefe.

Sim, Penny é engraçada e perspicaz, e uma daquelas pessoas de alto astral


que faz você se sentir um pouco mais vivo apenas por estar ao seu redor. Mas ela
também está sofrendo por ter seu coração gravemente ferido por sua mãe e seu
ex, de ser privada da companhia das irmãzinhas que ela ama e, pelo que parece,
vivendo como uma solteirona com ataques de pânico, em vez de uma jovem
linda, que deveria ser levada dos hipster angustiados do Brooklyn pela

67
tempestade.

Ela precisa de amizade e apoio, não drama. Não importa que ela não me
pague. Fiz o trabalho de graça antes, e essas mulheres receberam o mesmo
tratamento profissional de alta qualidade que as mulheres que podem pagar
pelos meus honorários recebem. Penny não merece nada menos.

Sentindo-me totalmente envergonhado de mim mesmo, escrevo uma


mensagem rapidamente:

Acabei de receber sua mensagem. Estava no banho. Não


se preocupe com nada do que aconteceu esta noite. Nós dois
estávamos cansados, e coisas estranhas acontecem quando
estamos cansados. Tudo vai ficar bem.

Descanse. Vejo você amanhã às dez horas da manhã.


Ah, e traga alguns saltos para testar com os vestidos.

E só para que você saiba, minha amizade e esse


trabalho são seus enquanto você os quiser. Não importa o
que.

Durma bem.

Aguardo uma resposta, mantendo meu celular fechado enquanto visto


minha mais suave calça de pijama, e faço um lanche com um pouco de palitos de
cenoura, que chamo de jantar. Mas meu celular permanece em silêncio.

Termino minha refeição e sento-me para assistir o Sports Center com um


pote de sorvete de caramelo, mas meu time já está fora das eliminatórias, e
enquanto vejo o relógio aproximar-se das vinte e duas horas, tudo o que consigo
pensar é o quanto quero ouvir a voz de Penny. Mas não o pego. Preciso mostrar a
ela que posso honrar seus limites. E os meus.

Então, quando deito em minha cama algumas horas depois, não deixo
68
minha mão perto do meu pau ou meus pensamentos em qualquer lugar próximo
a Penny.

Ambas as coisas são difíceis, muito mais difíceis do que deveriam ser.

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CAPÍTULO 15

Chego à Good Bakery do Centro Comercial do Chelsea alguns minutos


depois das dez horas, mas Penny não está lá. Dou uma volta pelo complexo
industrial reformado, que uma vez abrigou a empresa que produzia os biscoitos
Oreo, mas agora abriga dezenas de lojas gourmet e restaurantes. Estou
preocupado que Penny esteja esperando em uma das outras padarias, que
também são boas, embora não como a da letra maiúscula G, mas não, ela não
está em nenhum lugar.

Estou prestes a enviar uma mensagem e perguntar se ela precisa de


orientações, quando meu celular vibra contra minha coxa. Olho para a tela
esperando uma mensagem de Penny dizendo que ela está a caminho, mas vejo o
nome de Sheila em vez disso.

Acabei de conhecer sua assistente!

As minhas sobrancelhas franzem. Que porra é essa?

Oh meu Deus, Bash, ela é divina! Tão doce e


engraçada, com um corpo lindo. E esses olhos? Aah! Juro que
eles poderiam derreter cuecas a metros de distância. Né?

Um emoji de um rosto sorridente com corações no lugar dos olhos me fez


franzir a testa ainda mais antes de ler resto da mensagem de Sheila.

Conseguimos para ela quatro vestidos INCRÍVEIS, e dei-


lhe seu desconto habitual, então não se preocupe.

Ela vai impressionar todos naquele casamento.

E, no caso de eu ter interpretado mal, e ela realmente


gostar de mulher e não estiver em um relacionamento sério,
70
por favor, por favor, por favor, dê a ela o meu número? Eu
nunca perguntaria se ela fosse uma de suas clientes, mas
como ela é apenas uma amiga e sua funcionária, você estará
me ajudando com um favor...

Diga-me se estou cruzando uma linha, porque sua


empresa é sempre minha prioridade número um, mas droga
Bash, essa garota é uma coisa.

Um emoji de outro rosto sorridente, desta vez com a língua pendurada,


aparece, inspirando uma confusa mistura de irritação e... ciúme.

Surpreso, dou mais uma olhada na emoção feia e com cheiro de enxofre
que agita meu peito.

Sim. É ciúme, uma emoção que não tem lugar no meu relacionamento
com Penny ou Sheila, especialmente porque não tenho ideia se Penny vai nessa
direção em particular.

Claro, ela parecia empolgada quando me beijou na noite passada, mas


estávamos apenas praticando para enganar seu ex-namorado presunçoso, e ela
admitiu em sua mensagem, que sua reação era resultado de ser ter sido privada
de contato humano, sem atração significativa. E mesmo que ela goste de homens
no quarto, isso não significa que ela também não possa gostar de mulheres. Para
muitas mulheres, a sexualidade pode ser descomplicada, e Penny pode muito
bem-estar entre elas, especialmente quando uma mulher como Sheila é a
potencial parceira em questão.

Sheila tem 1,75 metros. É uma ruiva elegante, de pele clara, olhos azuis e
um sorriso contagiante, e cheira como se estivesse andando por um jardim de
ervas, em vez de se arrastar em torno de uma cidade imunda. Ela também é tão
adorável por dentro quanto é por fora e, até esse momento, eu teria insistido que
era impossível ela inspirar uma emoção negativa em qualquer um, especialmente
em mim.

71
Mas é preciso uma quantidade surpreendente de força de vontade para
eu digitar uma mensagem civilizada:

Não se preocupe, sem linhas cruzadas. Obrigado por


ajudá-la.

Não tenho certeza de como ela se sente em relação às


mulheres, mas se ela pedir seu número me certificarei de
que ela o terá.

Eu bati em enviar com os dentes cerrados. Minha mandíbula ainda está


apertada quando o meu celular começa a tocar. Desta vez é Penny.

—Então, ouvi que você foi fazer compras sem mim. —Digo em forma de
saudação, não surpreso que soei mal-humorado.

Sinto-me mal-humorado. Claro, estava um pouco ansioso para saber se ir


às compras com Penny, melhoraria o clima após a estranheza da noite passada,
mas ainda não gosto de ser cortado da jogada.

Mais do que isso, eu só queria vê-la, droga.

—Não fique irritado. —Diz ela. —Eu sabia que se você fosse comigo, você
tentaria pagar, do jeito que você fez com o último caso gratuito, e eu não queria
entrar em uma discussão. Prometi que seria a cliente mais fácil de todas, lembra?

Paro em um canto debaixo de uma arcada de tijolos, ficando fora do


caminho, à medida que o tráfego através do centro comercial aumenta.

—Não considero fácil entrar nesta questão sem saber o que você vai usar.
Entendo que você acha o conceito de armadura boba, mas é uma parte
importante do que faço.

—Eu não acho isso bobo. Sei que é importante. Mas sei que você confia
em Sheila, então eu me certifiquei que ela aprovasse todas as roupas. Fiquei lá
por mais de uma hora.

72
Solto um grunhido. —Eu teria feito você experimentar as saias por uma
hora. Nós não teríamos chegado aos vestidos, para não mencionar sapatos e
acessórios.

—Oh, bem. —Ela diz, ficando em silêncio por um momento. —Bem, não
fui tão completa, mas experimentei tudo da loja que era do meu tamanho. E
Sheila escolheu os acessórios e os sapatos. Ela foi tão gentil e prestativa.

—Aposto que ela foi. —Resmungo baixinho, imaginando Sheila apreciando


o “lindo corpo” de Penny, e não gosto nenhum pouco dessa visão. —Você pelo
menos tirou fotos? Assim, posso ver a paleta de cores com a qual preciso
trabalhar quando fizer minhas malas?

Ela ri. —Você está falando sério?

—Sim, estou falando sério. —Digo aborrecido. —É importante que


combinemos, mas não demais. Há uma ciência para isso, Penelope.

—Estou começando a perceber. —Ela diz, e seu tom é muito petulante


para meu gosto.

—Eu poderia escrever-lhe um artigo sobre os impactos psicológicos da


cognição descoberta e o efeito que ela tem sobre a dinâmica de poder. —Digo
friamente. —Mas até eu chegar a isso, você precisará confiar em mim quando lhe
disser que preciso saber o que você usará, para que eu possa fazer minha mala de
acordo.

— Enviarei as fotos assim que chegar em casa. —Diz ela antes de adicionar
com a voz mais suave. —Sinto Muito. Não queria causar atrito. Estava apenas
tentando ajudar.

Corro uma das mãos pelo meu cabelo, silenciosamente me amaldiçoando


por tornar as coisas estranhas de novo. —Não, me desculpe. Eu sou maníaco por
controle.

—Eu sei, e isso é parte do porque você é tão bom no que faz. —Diz ela. —
Deveria ter percebido que você não gostaria que eu bagunçasse a sua rotina de
preparação. Eu prometo que isso não acontecerá novamente. A partir de agora, é
73
você quem manda. Pensei em reservar um bilhete de trem pela internet, para que
você não precisasse me levar até Hamptons e me trazer de volta, caso você
decidisse que quer ficar mais tempo, mas eu...

—Essa é realmente uma ótima ideia. —Cortei, já montando o meu


esquema. —Se pegarmos o trem, poderei me concentrar em questioná-la sobre a
nossa história romântica, em vez de me concentrar no tráfego.

—Oh! —Ela parece surpresa e, talvez, um pouco nervosa. —Bem, ótimo.


Então vou reservar dois bilhetes quando chegar em casa.

—Não, eu vou reservá-los. —Saio do beco andando rápido, agora que um


plano está começando a se formar. —Você vai precisar do resto da tarde para
estudar. Espere as notas chegarem à sua caixa de entrada em uma hora ou duas.
Não demorará muito para arrumar a história de como nos apaixonamos. Supondo
que você confie em mim para criar material aceitável sozinho.

—Claro. —Diz ela. —Eu não estive em casa desde o verão, quando tudo
aconteceu. E não entrei em contato com minha mãe, além dos horários de
programação para Edna e Francis me visitarem. Todas as pessoas em
Southampton sabem que tenho vivido na cidade, para que eles não tenham
detalhes que possam entrar em conflito com sua história. —Ela ri o som
momentaneamente encoberto pelo som de uma britadeira perfurando a rua. Ela
levanta sua voz para ser ouvida sobre o barulho. —Eu poderia estar saindo com
toda a Trenton Thunder, é tudo que eles sabem.

—A Trenton Thunder? —Paro abruptamente no ar fresco da primavera, a


tempo de ouvir o mesmo som da britadeira perto de onde estou falando ao
celular. Examinei a rua em ambas as direções, perguntando-me se eu poderia me
encontrar com Penny depois de tudo.

—É uma liga menor dos Yankees. —Diz ela. —Tive um namorado na


faculdade, que foi recrutado por eles.

—Não se menospreze linda. Você é boa demais para as ligas menores. —


Digo, quando vejo os cachos de Penny, saltando sobre sua cabeça do outro lado
da rua. Ela está usando leggings e uma regata vermelha brilhante, e carregando
74
uma sacola de roupas, uma bolsa de grandes dimensões e três sacolas da
Boutique Swanky.

Estou indo para o outro lado da rua para oferecer ajuda para carregar as
sacolas de compras quando ela ri, e eu congelo.

—Obrigada, Bash. —Um sorriso doce, vulnerável, de parar o coração


acende em seu rosto. —Mas estou avisando você, se você continuar dizendo
coisas assim, posso começar a acreditar nelas.

—Você deve acreditar nelas. —Digo suavemente, não querendo mais ser
visto. Não quero que ela saiba que estou aqui. Parece uma violação de sua
privacidade observá-la sem o seu conhecimento, mas não consigo olhar para
longe. Há algo sobre esse sorriso, algo que me faz querer saber o que é preciso
para mantê-lo em seu rosto. —Chegue em casa segura, florzinha, falarei com você
em breve.

—OK. Falamos-nos em breve. —Ela encerra a ligação, coloca seu celular


de volta na bolsa, e dá um largo sorriso enquanto se inclina para olhar o céu.

Ela parece animada, esperançosa, como se um sonho que ela teve por um
longo tempo estivesse se tornando realidade.

A expressão deixa o meu estômago doendo, por razões que não têm nada
a ver com o fato, de que eu ainda não tive o café da manhã.

Nunca falhei com uma cliente antes, e eu realmente nunca me estressei


demais sobre isso, sempre tive confiança na minha capacidade de dar conta do
recado, mas, de repente estou preocupado. E se algo der errado? E se a nossa
falta de tempo para nos prepararmos voltar e nos morder na bunda?

Normalmente, eu reembolsaria sua taxa, a política da Magnífico Bastardo


Consultoria sempre foi satisfação garantida ou seu dinheiro de volta, mas Penny
não me pagou um centavo. E isso é sobre algo muito mais importante que o
dinheiro. Trata-se de trazer uma mulher gostosa e engraçada para a terra dos
vivos. Assegurar a Penny, que não há nenhuma razão para ela passar outro dia
enfiada em seu apartamento escondida do mundo.

75
Se eu não conseguir chegar ao encerramento que ela precisa que
aconteça, me arrependerei por muito tempo.

Quando Penny se afasta, fico na sombra da entrada do Centro Comercial


do Chelsea, observando até ela virar a esquina e desaparecer de vista; minha
infame confiança abalada por um sorriso.

76
CAPÍTULO 16

Dos arquivos de e-mail e de mensagem de Sebastian “Bash” Prince e


Penny Pickett

De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: A mulher mais sortuda do mundo

Ei Sr. Fantástico,

Pensei em lhe escrever algumas linhas, para que você


soubesse que sou, aparentemente, a mulher mais sortuda do
mundo. Estava finalizando o processo de Mitzy Stevens hoje,
ela nos deixou uma boa gorjeta a propósito, quando ela se
sentiu obrigada a me dar uma palestra de vinte minutos,
sobre a sorte que eu tinha de ser a sua “namorada”.

De acordo com Mitzy, você é um em um milhão, uma


mistura única de cérebro, força, coração e antebraços
singularmente magníficos, que não combinam com o mundo
que conhecemos. Fui avisada que, se eu for estúpida o
suficiente para estragar as coisas com você, me arrependeria
pelo resto da minha vida e provavelmente, teria que passar
por uma extensa terapia.

Agradeci a Mitzy profusamente, e jurei que estava bem


ciente do tesouro que tinha a sorte de chamar de meu. Pensei

77
que tivéssemos acabado as conversas desconfortáveis, mas
depois ela deu outra palestra minuciosa de mais vinte e
cinco minutos, sobre como descobrir (e realizar!) suas
fantasias sexuais mais loucas.

Corei tão forte que meu corpo inteiro ficou vermelho.

Se possível, estou planejando ter certeza de que você


nunca mais tenha uma terapeuta sexual como cliente.

Sua namorada falsa mortificada,

Penny

P.s. Também tenho certeza de que ela estava tentando


me dizer o quanto você é grande... bem... abaixo da cintura.
Fingi ser ignorante, mas esse tipo de pergunta me deixou
mais corada, e agora estou com irritação causada pelo calor
em todo o meu peito.

Estou culpando você completamente por isso.

Talvez eu precise de um dia de folga para me


recuperar.

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

78
Re: A mulher mais sortuda do mundo

Pobrezinha,

Você precisa que eu vá até aí e passe um creme à base


de cortisona no seu peito? Posso flexionar meus antebraços
magníficos para você enquanto trato da sua alergia, e você
voltará ao normal em um instante.

Seu chefe grato,

Bash

P.s. Ela definitivamente estava tentando descobrir mais


sobre a situação abaixo da cintura. Ninguém tropeça e
estende os braços para se apoiar nas partes de um homem.
Escapei por pouco com o Incrível Bulk intacto.

De: Penny4PanelaDeLagosta

To: MagnificoBastardo1

Re: A mulher mais sortuda do mundo

* Cuspi café por todo o teclado e na camisa nova *

* Agora estou irritada e coberta de café quente *

O Incrível Bulk, hein?

Uma parte de mim quer acreditar que você acabou de

79
fazer uma piada, mas aposto que é realmente assim que você
o chama, não é? Você nomeou suas partes depois do ataque
de raiva de Bruce Banner?

* Rindo até a barriga doer *

P.s. Estamos nos aventurando em uma conversa


altamente não profissional, mas se alguma parte do Incrível
Bulk for realmente verde, você precisa procurar um médico,
e verificar essa situação imediatamente.

Mensagem de texto de Bash: O Incrível Bulk é inabalável pela


sua zombaria. E não, nenhuma parte dele é verde.

Mas as mulheres o amam quando ele está com raiva...

Mensagem de texto de Penny: aposto que elas amam...

E agora estou me afastando desta conversa de trabalho


inapropriada, antes de dizer algo que vou me arrepender...

Mensagem de texto de Bash: Covarde...

80
CAPÍTULO 17

De volta à minha casa, a história do meu caso de amor com Penny flui
para mim com uma facilidade inesperada.

Normalmente essa é a parte mais difícil, sou muito mais habilidoso em


desempenhar o papel que escrevo no roteiro, mas dois anos trabalhando com
Penny, deram-me abertura para sua personalidade, que nunca tive com outra
cliente. Eu sei o que a faz rir, o que a afasta e o que faz seu coração doce se tornar
ainda mais doce. E talvez o mais importante, eu sei o quão improvável teria sido
para ela conhecer o Sr. Direito, enquanto explorava “ser eremita em tempo
integral”.

Quais são as chances de que o homem perfeito a escolha em mais de cem


candidatos, para ajudá-lo a começar seu novo negócio? Certamente foi o destino
que nos colocou junto, então, vamos contar isso a qualquer um que pergunte.

Digitei as últimas linhas do memorando com um sorriso, fazendo uma


rápida correção, quem se preocupa com erros de ortografia, Penny sabe que eu
sou tão disléxico quanto brilhante, envio através da internet. Nessa altura, Penny
havia enviado fotos de seu guarda-roupa para a semana, e estou preparando as
malas.

Satisfeito com as escolhas de Sheila para Penny e com o meu sólido


trabalho de ficção romântica, não me preocupo quando minha caixa de entrada
ainda está vazia uma hora depois. Lembro-me de que Penny tem o seu próprio
trabalho para fazer, e talvez, não teve a chance de verificar seu e-mail. Afasto
esse pensamento da minha cabeça.

Duas horas depois, terminei de fazer as malas e a limpeza do


apartamento, mas ainda não há nenhuma palavra de Penny, então saio para uma
corrida, para ajudar a me concentrar nas minhas ideias para o trabalho que vem à
frente. Após três horas, depois de levantar pesos, fazer quinze minutos
torturantes de abdômen e tomar banho, vou para a cozinha com os pés descalço,

81
uma toalha enrolada na cintura, para pegar um copo de água de coco. Ao sair,
pego meu celular do balcão e atualizo meu e-mail.

Ainda não há mensagem de Penny. Também não há ligações perdidas ou


textos. Humm...

Estou prestes a enviar uma mensagem rápida, apenas para ter certeza de
que ela recebeu o memorando, quando meu celular apita, e uma mensagem de
Penny aparece:

Você sabe por que eu estive importunando você por dois


anos para que conseguisse uma caixa postal, já que as
informações de contato no boletim informativo tinham seu
endereço residencial na parte inferior?

Franzindo o cenho escrevo: Sim?

Você deveria ter me escutado. Ela digita de volta. E então, não


teria mulheres estranhas na sua porta de maneira
inesperada...

Antes que eu possa responder, uma voz familiar chama do outro lado da
minha porta da frente:

—Você pode querer apresentar uma reclamação contra o seu porteiro


também. Ele me deixou entrar apesar do meu nome não estar na sua lista de
convidados aprovados.

Penny?

Que diabos ela está fazendo aqui?

Por um momento debato se deveria correr para o meu quarto e colocar


algumas roupas, mas minha curiosidade levou a melhor. Além disso, a toalha
cobre mais de mim do que o short que usei para minha corrida, e as pessoas que
aparecem sem aviso prévio, devem estar preparadas para que outras pessoas
82
abram a porta em estado de seminudez.

—Só um segundo. —Falo, amarrando a toalha de algodão egípcio úmida


mais forte em torno da minha cintura e colocando minha água de volta na
geladeira.

—Obrigada. —Diz Penny. Sua voz ainda abafada, mas juro que posso ouvir
uma pitada de ansiedade em seu tom. —Quero dizer, em defesa de Bob, eu disse
a ele que não era uma serial killer, mas isso provavelmente é o que um assassino
em série realmente diria. Você sabe? Para despistá-lo antes que subisse aqui para
matar você.

—Isso mesmo? —Abro a porta, meu sorriso congela quando vejo Penny
em pé, no meu tapete de boas-vindas, vestida com uma regata marrom apertada,
uma saia branca longa e transparente, que flutua em torno de seus tornozelos
quando uma brisa sopra da janela aberta no final do corredor.

Minha boca fica seca, e tenho certeza que transparece no meu rosto o
quanto eu acho que ela está incrível; grande momento. Mas felizmente, ela não
parece interessada em nada acima do meu pescoço. Seus grandes olhos
castanhos estão fixos no meu peito, aumentando mais à medida que deslizam
pelo meu abdômen para a toalha enrolada em meus quadris.

Silenciosamente, agradeço ao meu instrutor quinzenal de treinamento


funcional, por manter meu corpo na condição de ser digno de babar. Nada pode
acontecer entre Penny e eu, mas isso não vai me impedir de saborear a expressão
de fome em seu rosto.

Porra!

A forma como seus olhos brilham, suas bochechas coram, e seus lábios se
separam o suficiente para escorregar um único dedo dentro de sua linda boca...

Luxuria fica bem nela.

Tudo o que quero fazer é puxá-la do limiar da porta, apertar suas costas
contra a parede, e beijá-la até que nossos lábios caíam. Em vez disso, mudo para a
esquerda, me movendo atrás da porta e perguntando: —Então, você está aqui
83
para me matar?

Ela balança a cabeça e diz secamente. —Não, não hoje.

Com esforço óbvio, ela muda seu olhar do meu peito para o meu rosto. —
Mas estou aqui para confrontá-lo com algumas provas. —Ela mexe em sua bolsa,
separando uma pasta e tirando uma pequena pilha de papéis. —Posso entrar?

—Claro. —Aceno com a cabeça para a sala de estar. —Você quer se sentar
no sofá enquanto eu coloco alguma roupa?

—Não, está tudo bem. Isso não demorará muito. —Ela coloca sua bolsa na
mesa da entrada, enquanto seu frescor passa por mim, sobressaindo o cheiro de
lavanda e algo mais picante, que eu nunca havia sentido nela antes. É escuro,
proibido e sexy, tornando praticamente impossível manter meus olhos longe de
sua bunda enquanto ela segue para a ilha da cozinha, e coloca uma única folha de
papel no mármore. —Apresento-lhe a prova A.

Cruzo para ficar ao lado dela, lamentando fortemente a decisão de


atender a porta nesta maldita toalha. Apenas sentir o calor do seu corpo
aquecendo o ar ao meu lado, é o suficiente para me deixar mais duro. A menos
que eu faça um esforço sério para me concentrar em algo, além do quanto ela é
irresistível, estarei armando uma barraca antes mesmo de ela ir embora.

—O que é a prova A? —Concentro-me muito na folha de papel e, depois


de um momento, percebo que é uma impressão da história de amor que escrevi
mais cedo, com quase toda a página destacada em amarelo.

—Nossa história de amor. —Ela toca um dedo elegante no topo da página.


—Você percebeu que quase tudo isso é verdade?

Franzi a testa ainda mais. —Eu sei. Fiz de propósito. Quanto mais nos
aproximarmos da história real, menos mentiras precisaremos contar. —Dou de
ombros. —E as melhores mentiras sempre têm um grão de verdade nelas em
algum lugar. É o que as torna legítimas.

— Isto não é um grão de verdade. É meio saco de pipoca. —Diz ela,


pressionando, antes que eu possa ir mais adiante com o meu argumento. —Nós
84
nos conhecemos pela internet, trocamos dezenas de e-mails por dia, e
conversamos por celular mais do que a maioria dos casais que estão namorando.

Cruzando meus braços sobre meu peito, inclino meu quadril contra a ilha.
—E? Não sei aonde você quer chegar.

—Você também me deu acesso à sua conta LetsGoLove, assim como diz
aqui. E certificou-se de que eu soubesse o quanto você estava desapontado com a
maioria das mulheres que encontrava. —Ela inclina a cabeça para trás, me
estudando com tamanha intensidade, que me faz sentir mais nu do que eu já
estou. —E, embora você nunca tenha dito isso com tantas palavras antes de hoje,
eu sou muito boa em ler nas entrelinhas. Eu sei que dormir com metade das
mulheres em Manhattan está ficando cansativo e que secretamente, você queria
que alguém fosse especial em sua vida.

Minha garganta fica apertada e eu tenho que lutar para engolir.

Puta merda!

Penny acha que esse monte de besteira melosa que escrevi foi algum tipo
de confissão? Ela pensa que estou secretamente apaixonado por ela e essa é a
maneira que escolhi para me declarar?

Se sim, o que diabos vou fazer sobre isso? Eu me preocupei com Penny
por um longo tempo, e eu a desejei desde o momento em que a conheci em
carne osso, mas isso é tudo: amizade, com uma ajuda tremenda de atração física.
Não sei se sou capaz de me apaixonar novamente, mas se eu me apaixonar, tenho
certeza que não vai acontecer assim.

O memorando pelo qual ela está obcecada é pura ficção.

Mas como digo isso a ela sem partir seu coração doce e claramente
romântico?

85
CAPÍTULO 18

—O que me faz pensar na prova B. —Penny continua exibindo sua


suposta evidência, inconsciente da minha turbulência interna.

Com os cantos dos olhos enrugados, ela coloca mais quatro folhas de
papel no balcão lado a lado com a primeira. —Estes foram retirados dos nossos
arquivos de e-mail e texto dos últimos dez meses. Se você olhar as seções
destacadas, verá que as insinuações são bastante desenfreadas.

—Insinuações? —As minhas sobrancelhas levantam e meu rosto, de


repente, fica quente.

Certamente não estou corando. Não coro desde a quinta série, quando
Jennifer Pruitt e eu nos beijamos de língua pela primeira vez no parquinho, e ela
contou a todos que estavam assistindo atrás de nós, que eu tinha mau hálito.

—Sim, Bash. —Penny diz, elevando seu olhar para o teto. —É como um
flertar normal, mas com mais menções ao seu pênis potencialmente verde.

Uma risada assustada faz meu estômago contrair tão forte, que a minha
toalha cai. Eu quase não consigo pegá-la a tempo. O calor que acende no meu
rosto espalha-se para o meu pescoço, enquanto coloco o tecido de volta ao redor
do meu quadril.

—Não tenho certeza se concordo com isso, Penny. — E não tenho certeza
se isso é algo a mais. —Uma declaração de amor ou um anúncio de que ela
planeja processar-me por assédio sexual? Mas certamente estou prestando
atenção em cada palavra dela. —Mas realmente gostaria de saber para onde isso
está indo.

Ela assente com a cabeça, suas próprias bochechas mais rosadas do que
quando ela apareceu na minha porta. —Estou chegando lá, mas primeiro, prova
C.—Soltando uma respiração profunda, ela coloca uma folha final no balcão com
a mão trêmula. —Isto é quanto tempo se passou desde que eu estive humm...
86
com alguém.

—Com alguém. —Repito, olhando para as palavras cuidadosamente


digitadas no centro da página.

—Você sabe. —Ela circula uma das mãos no ar, suas bochechas ficando
tão vermelhas, que ela começa a assemelhar-se a um desenho animado. —MOB.

—Perdão?

—MOB. —Ela murmura, antes de responder com um balanço de cabeça—


Sexo, Bash! Isso é quanto tempo se passou desde que eu: Molhei O Biscoito.

Minha mandíbula cai. —Trinta e dois meses?

—Quase três anos. —Ela confirma com um estremecimento. —A última


vez foi com Phillip, e não consigo me livrar desse sentimento que assim que ele
colocar os olhos em mim, ele saberá que ainda não me recuperei e muito menos
que eu me apaixonei por outra pessoa.

Pisco, ainda tendo dificuldade em processar na minha cabeça o número


que ela forneceu. —Então, você realmente não esteve com ninguém? Nem um
caso de uma noite? Um bom garoto hipster que você encontrou no brunch no
Bloody Marys e levou para casa para uma rapidinha?

Ela ergue uma testa franzida. —Não, Bash, não. Acredite, se eu tivesse
tropeçado e caído sobre um pênis, mesmo um pênis hipster, eu me lembraria
disso. Fui uma freira e Phillip olhará para mim e verá isso escrito na minha cara.

—Não, ele não vai. —Zombo enquanto dou uma olhada nela, decidindo
silenciosamente que ela está aguentando bem. Se eu não tivesse relações sexuais
por quase três anos, eu estaria em algum canto tremendo, me masturbando e
chorando em um ninho que eu formaria com uma pilha de revistas Playboy
antigas e minhas lágrimas.

—Sim, ele vai. Quando olho no espelho, eu posso vê-lo. —Ela coloca um
dos polegares no centro do peito. —Não pareço alguém que esteve na cama com
um homem lindo. Pareço como se a maior ação que eu tive, fosse a de forçar o
87
meu gato a se aconchegar em mim antes de dormir.

—Mas você não tem um gato.

Os olhos de chocolate derretidos alargam-se. —Exatamente. Eu nem


sequer consigo uma ação com um gatinho, que dirá uma ação com o Incrível Bulk.

—Merda, Penny. —Passo uma das mãos pelo meu cabelo, enquanto meu
pulso começa a bater mais e mais rápido. —Você está perguntando o que acho
que você está perguntando?

—Antes de dizer não, pense nisso. —Ela aproxima-se, inundando minha


cabeça com o cheiro dela, o que me deixa louco no segundo que atinge meu
nariz. —Lembra-se do e-mail sobre Mitzy? A terapeuta sexual?

Aceno com a cabeça, também sem ter nenhuma ideia de onde esta última
pergunta está indo.

—Bem, ela foi sua cliente por quase três meses, e ela claramente não
tinha ideia do tamanho de... certas coisas. —Ela faz uma pausa, seus olhos caindo
e apontando para a minha toalha e voltando novamente, apenas o toque de seu
olhar é o suficiente para me deixar com dor. —Mas nós tivemos alguma ação,
Bash, e eu já descobri. Eu sei. —Sua língua desliza para molhar o lábio inferior,
enviando ao meu pulso acelerado uma sobrecarga. —Quando nos beijamos
ontem à noite... bem, digamos que foi difícil não notar.

Eu faço um ruído evasivo, mesmo quando me amaldiçoo por perder o


controle.

—No momento, expliquei isso a mim mesma como uma reação natural
inevitável. —Ela continua. —Mas depois de ler a história que você me enviou, e
passar por nossos e-mails, ficou claro para mim que isso é algo mais.

—Mais? —Balanço minha cabeça, fingindo mais confusão do que eu


realmente estou sentindo. Se houve uma coisa que aprendi em todos os meus
anos de encontros, é nunca tirar conclusões com uma mulher, especialmente se
ela está falando sobre sexo.

88
—Estamos atraídos um pelo outro. —Ela se move entre nós, seu rosto está
ficando vermelho novamente. —Mas também somos amigos e colegas de
trabalho, então sabemos que a atração nunca se tornará algo mais. É por isso que
o que proponho faz todo o sentido.

Eu pisquei. Inocentemente, espero. —E o que você está propondo é...?

—Oh pare. Não se faça de besta. —Ela me cutuca, provando que não é
tola. —Você está cansado de foder com anônimas estranhas, e estou cansada de
não ser fodida por ninguém. Nenhum de nós está no caminho para amar, mas isso
não significa que temos que ser celibatários ou tristes, enquanto esperamos
encontrar essa pessoa perfeita. Se entrarmos nisso com os olhos abertos,
podemos...

—Então, deixe-me entender isso. —Interrompo, precisando ter certeza de


que estou entendendo-a. —Você está dizendo que quer ser amiga de foda?

Ela solta uma risada rouca. —Bem, sim, eu acho. Mas isso faz soar tão frio
e... eficiente. Não precisa ser assim.

—Oh, mas é. —Coloco uma das mãos no balcão do lado direito dela, antes
de devagar e deliberadamente colocar a outra no balcão do lado esquerdo,
prendendo-a no círculo dos meus braços. —Se você quiser foder, eu certamente
posso agradar. —Inclino-me mais perto, até sentir sua respiração cada vez mais
rápida, aquecendo meus lábios. —Estarei feliz em deixá-la nua aqui mesmo.
Agora mesmo. Colocá-la neste balcão, e fodê-la até você gozar tão forte que verá
Jesus.

—Eu sou judia. —Ela murmura, engolindo com força. —Ou, pelo menos,
fui criada como judia.

—É assim que essa épica foda será. —Continuo meu pau inchando sob a
toalha, enquanto imagino escorregar meus dedos por baixo da saia de Penny,
puxar a calcinha de lado e deslizar meus dedos para dentro, onde com certeza ela
já está molhada para mim. —Isso fará de você uma crente nos santos poderes
prazerosos do meu pau.

89
—Amém. —Ela suspira.

Em qualquer outro momento, eu estaria sorrindo por causa da


brincadeira, mas preciso que ela entenda o quanto eu estou sendo sério sobre o
que estou prestes a dizer.

—Mas isso é tudo o que será Penny. Nós foderemos, gozaremos e


satisfaremos um ao outro, até que um de nós decida que não é mais divertido. E
quando terminamos, é isso. Está acabado. Sem danos, sem falta, sem emoções
bagunçadas ou estragar a coisa boa que temos. Porque não posso permitir isso.

De qualquer forma, não tenho certeza de ser capaz de nada mais do que
uma relação física.

Apaixonar-se por mim, provavelmente seria tão ruim para ela, como
quando se apaixonou por aquela porcaria ambulante que a mãe dela está prestes
a casar.

Por um momento, quase confesso a horrível verdade em voz alta, apenas


para ter certeza de que ela saiba no que está se metendo, mas Penny já está
assentindo com entusiasmo.

—Certo! Nós manteremos casual. Nós podemos fazer o que você escreveu
no memorando. Nós elaboraremos um contrato prometendo que, quando as
coisas acabarem, você não vai me despedir, e eu não vou sair, pelo menos não
sem treinar uma substituta a sua escolha, e estaremos prontos para avançar. —
Ela inclina o queixo para trás, fazendo com que eu fique atento ao quanto seus
lábios estão perto dos meus. —Mas, em vez de nos apaixonarmos do jeito que
está em sua história, teremos um bom tempo e vamos deixá-lo terminar quando
terminar. Nós já sabemos que podemos trabalhar perfeitamente bem juntos sem
nunca precisarmos estar no mesmo espaço físico. Nós fizemos isso por dois anos.
E mesmo que fique estranho por um tempo, depois que um de nós terminarmos
as coisas, podemos reduzir as mensagens de texto e e-mail até que não fique
mais.

Meus lábios separam-se, mas antes que eu possa lembrá-la do vazio que
isso deixaria em nossas vidas, nós realmente conversamos com mais frequência
90
do que alguns casais, ela já está falando:

—Mas eu realmente não vejo isso ficando estranho. Eu conheço você,


Bash. Eu sei que não sou o tipo de garota que você vai se apaixonar, e eu sei que
algo físico entre nós nunca se tornaria algo mais.

Franzo o cenho. Deveria manter minha boca fechada, mas não posso
evitar bancar o advogado do diabo. —E por que você não seria o tipo de garota
que eu poderia me apaixonar? —Inclino minha cabeça mais perto da dela, até que
eu possa sentir o cheiro de uma pitada de açúcar e café em sua respiração e
lembro-me de como foi perfeito foder sua linda boca com a minha língua. —Você
é linda, inteligente, engraçada e uma das minhas melhores amigas. O que a deixa
fora da corrida para ser a Sra. Prince?

Os olhos dela arregalam. Ela parece tão surpreendida com a minha


menção de uma futura Sra. Prince como eu me sinto, certamente não tinha a
intenção de levar as coisas a esse ponto; isso simplesmente escorregou, mas ela
se recupera rapidamente.

—OK. Bem. Se você realmente quer saber, vou te mostrar. —Ela dobra os
cotovelos, apoiando as palmas das mãos no balcão atrás dela. Um momento
depois, ela se eleva para se sentar na ilha, trazendo seus joelhos para a minha
cintura.

Ela está agora na posição perfeita para que eu envolva suas pernas
curvilíneas ao redor do meu quadril, e pegá-la aqui mesmo na cozinha. Por um
momento, quando ela começa a arrumar a saia com as mãos, acho que é
exatamente isso que ela tem em mente. Estou a segundos de tirar minha toalha e
dar-lhe o que ela está pedindo, quando ela balança a cabeça.

—Apenas assista. — Ela sussurra, quando a saia sobe mais nas coxas,
fazendo com que minha pressão sanguínea dispare junto com meu pau. —Veja.
Não toque.

—Eu vou avisá-la agora, florzinha. —Eu digo minha voz rouca. —Se
decidirmos fazer isso, não sou do tipo que recebe ordens. Quando estou na cama
com uma mulher, eu tomo o controle. Não será diferente com você.
91
—Isso é o que presumi. —Ela respira com dificuldade, e seus mamilos
apertam sob sua regata, tornando quase impossível não me curvar para morder
um deles. —Essa é uma das razões pelas quais eu quero isso. Eu sei que quando
estiver com você, não haverá espaço na minha cabeça para qualquer outra coisa.
Finalmente, poderei esquecer todas as coisas que não quero lembrar. Talvez até
mesmo isso. Pelo menos por um tempo.

Ela puxa a saia mais para cima, do lado direito, mostrando um pedaço azul
e cinza tão longo quanto o tamanho do meu antebraço. Minha testa enruga, meu
cérebro se divide tentando processar as visões conflitantes da coxa sexy e
curvilínea de uma mulher, descoberta até o quadril, e a tatuagem mais feia que já
vi.

—Vá em frente e diga isso. —Ela sussurra. —É a tatuagem mais feia que
você já viu.

—Não é. —Minto, enquanto inclino minha cabeça para um lado, tentando


descobrir o que diabos é isso. Eu vejo olhos, uns dentes grandes, e talvez...
barbatanas? —É única.

—Única e horrível. —Suas mãos apertam o tecido até que seus dedos
fiquem brancos. —Peixes-boi nem sequer têm presas.

Um peixe-boi. Merda!

Mesmo caindo de bêbada, o que na Terra a possuiu para querer uma


tatuagem de um peixe-boi gigante? E como poderia um suposto artista, tatuador
ou qualquer coisa, atrever-se a tatuar numa coxa tão deslumbrante, quarenta e
cinco centímetros de um borrão com barbatanas? Nunca fiz uma tatuagem, mas
já vi Aidan fazer tatuagens suficientes, para saber que essa quantidade de
trabalho em uma noite, deve ter doido muito.

De repente, a dor que preenchia meu peito transforma-se em raiva, e eu


tenho uma fantasia mental vívida de dar um soco na cara do homem que fez isso
com Penny.

Repetidamente.

92
—É tão grande e escura que não há como cobri-la, e os lasers
simplesmente a danificariam. O consultor com quem falei, disse que a cor é muito
profunda para eu ser uma candidata para a remoção. —Penny continua com a voz
derrotada. —Então, vai estar aí para o resto da minha vida, lembrando-me que eu
sou uma idiota e fazendo com que cada homem que a veja, pergunte o que
diabos há de errado comigo.

—Pare com isso. —Coloco seu rosto em minhas mãos, os dedos roçando
levemente seu queixo, até que ela levante o olhar para o meu. —Você não é uma
idiota, e não há nada de errado com você. Você teve uma noite ruim. Apenas isso.
Uma noite.

—Eu sei. —Ela diz suavemente. —E poderia ter sido muito pior. Eu poderia
ter me afogado. Ou a outra mulher poderia ter morrido. Mas isso faz parte da
razão pela qual dói olhar para essa coisa estúpida. Todos os dias esse borrão me
lembra do quão perto eu cheguei de perder tudo, tudo porque alguém que eu
amava não era quem eu pensava que ele era.

Os lábios dela tremem, mas seus olhos estão longe e secos quando ela
acrescenta: —É por isso que você não pode se apaixonar por alguém como eu.
Quando você se apaixonar, vai ser por uma mulher forte, linda e maravilhosa, que
é tão magnífica quanto você. Não vai ser por uma garota que tem tanto medo de
explicar sua tatuagem louca, que desistiu de cada encontro no LetsGoLove, que
ela concordou em ir nos últimos trinta e dois meses.

Meus dedos deslizam em seu cabelo, encaixando sua cabeça em minhas


mãos, desejando poder alcançar seu cérebro, achar esses pensamentos feios que
a impede de ver o quanto ela é fantástica, e jogá-los no lixo.

—Mas está tudo bem. —Ela diz, com os lábios curvando-se em um leve e
instável sorriso. —Não estou à procura de amor. Só quero estar perto de alguém
novamente. Alguém em quem eu confie que eu sei que não vai rir ou me
ridicularizar quando vê o Sr. Bigodes.

Eu sorrio balançando a cabeça com carinho enquanto minhas mãos


deslizam livres por seu cabelo. —Você o nomeou. Mas é claro que sim. Claro que

93
você o nomeou.

Ela franze o nariz. —Um homem com um Incrível Bulk não pode atirar
pedras, Prince.

Sorrindo, chego mais perto, movendo-me entre suas coxas e amando o


jeito que a respiração dela acelera enquanto minhas mãos descem em seus
quadris. —Mas você tem que admitir que ele é muito incrível. E volumoso.

E ficando cada vez mais volumoso, quando imagino o quanto ele se sentirá
incrível, quando o corpo curvilíneo de Penny estiver embaixo do meu. Vou deixá-
la louca, mostrar-lhe todas as maneiras para esquecer-se de Phillip, do Sr.
Bigodes, e qualquer outra coisa que esteja em sua bela mente.

—Não sei de nada. —Ela diz os seios aproximando-se mais do meu peito
quando ela inclina a cabeça para trás. —Vou guardar minha opinião até o Sr. Bulk
e eu termos sidos devidamente apresentados. O que não acontecerá esta tarde.
—Antes que eu coloque meus dedos na parte de trás dos joelhos para mantê-la
no lugar, ela recua para trás, vira-se e salta para o outro lado da ilha.

—Quero que você tenha algum tempo para pensar antes de tomar sua
decisão. —Ela se vira para mim, alisando sua saia em torno de suas pernas. —Sei
que isso é uma grande mudança na sua rotina, e não quero que você pule em algo
do qual se arrependerá, apenas porque você é um viciado em sexo, e uma mulher
disposta apareceu na sua porta.

—Eu não sou um viciado em sexo. —Ando pela ilha em sua direção. —E eu
não preciso de tempo para pensar.

—Sim, você precisa. —Diz ela, afastando-se em direção à porta. —E eu


não acho que o vício em sexo deva ser excluído. Você esqueceu que eu vi todas as
suas mensagens no LetsGoLove.

—Então você sabe que as mulheres sempre voltam implorando por mais.
—Eu continuo a minha persuasão, os lábios curvados em um sorriso malicioso. —
Você não está curiosa, florzinha? Quer apostar quantas vezes posso fazer você
gozar antes do jantar?

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—Pare com isso, Bash. —Ela pega sua bolsa na mesa de entrada, e a
segura no peito como um escudo. —Estou falando sério. Não me sentirei bem
sobre isso, a menos que você tenha tempo para...

—Eu vou usar meus dedos na primeira vez. —Digo, eliminando


rapidamente a distância entre nós. —Não posso esperar para colocar minha mão
sob essa saia e sentir o quanto você está molhada.

Uma expressão quase dolorida passa por seu rosto enquanto seus ombros
colidem com a porta da frente. —Por favor, Bash.

—Por favor o quê? —Pressiono minhas palmas na madeira de cada lado


do seu rosto, assegurando que não haja como ela fugir. —Você está molhada, não
está? —Sussurro, meus lábios a centímetros do dela. —Molhada. Para mim. E
ainda nem te beijei.

—Pare, Bash. —Sua respiração estremece enquanto suas pálpebras


fecham. —Você é tão mau.

—Não sou mau, querida, eu sou muito, muito bom. —Prometo. Meu pau
está tão duro, que está apontando diretamente para Penny, um míssil a procura
de uma boceta, pronto para disparar. —E vou provar isso para você. Primeiro vou
te beijar até que você não aguente e então, vou levá-la para o meu quarto, e tê-la
de todas as maneiras que eu tenho sonhado.

—Você sonhou comigo? —Seus olhos se abrem, seu olhar chocado


conecta-se com o meu, tirando-me momentaneamente do meu jogo. —Mesmo?

Limpo minha garganta, lutando mentalmente por uma resposta que não
lhe dará muita informação, mas nenhum dos meus papos habituais se encaixa
neste momento em particular, ou nesta mulher em particular.

—Está tudo bem. —Ela diz, lendo claramente meu desconforto. —Eu
também sonhei com você. E só dormi metade do tempo.

Ela ergue a mão, tocando as pontas dos dedos no centro do meu peito,
enquanto continua com uma voz suave e sexy. —Na outra metade, eu estava bem
acordada, me dizendo o quanto era errado fantasiar sobre meu chefe, meu
amigo, mas não conseguia parar. —Seus dedos trilham do meu peito até meu
estômago, aproximando-se o suficiente do meu pênis, que está empurrando por
debaixo da toalha, e uma onda de luxúria quase dolorosa aperta minhas bolas. —
Assim que você partiu ontem à noite, eu tive que me tocar. Fechei os olhos, e
95
fingi que meus dedos eram os seus e estavam dentro de mim e gozei tão forte,
que senti como se fosse morrer.

—Deus, Penny. —Agora é minha vez de lutar para respirar. Coloco mais
pressão em minhas mãos, lutando pelo controle. —Eu quero vê-la. Quero assistir
você se masturbar e saber que vou estar dentro de você assim que você gozar.
Quero colocar seus dedos molhados na minha boca e chupá-los até que não sobre
nada enquanto você monta meu pau.

Seus dedos envolvem o topo da minha toalha, meros centímetros do meu


pau duro com uma rocha, invocando um gemido baixo na minha garganta. —Eu
quero ficar e deixar você me mostrar o quanto você é incrível, porque eu sei que
você será incrível... mas preciso ir. Preciso que você pense nisso, Bash, realmente
pense, e tome uma decisão quando não estiver duro. Eu me preocupo demais
com você para tirar proveito.

Apesar da pressão dolorosa em meu corpo, as palavras são tão


inesperadas que não posso deixar de rir. Eu sorrio para seu rostinho doce. —Eu
sou seu chefe, sou sete anos mais velho e cerca de cem vezes mais experiente
que você, Penny. A maioria das pessoas diria que eu estou me aproveitando de
você.

—A maioria das pessoas não conhece você do jeito que eu conheço. —Ela
fica na ponta dos pés, dando um beijo na minha bochecha, antes de sussurrar no
meu ouvido. —Verei você amanhã. Minha mala não será arrumada sozinha.

Sentindo-me estranhamente exposto, e não de uma maneira que eu


goste, mudo meu peso nos pés e me afasto da porta e da mulher na frente dela.
—Bem. Amanhã então.

—Não fique bravo. —Ela diz, segurando meu olhar enquanto alcança a
maçaneta da porta.

—Não estou bravo. —Digo com a voz tensa. —Honestamente, não tenho
certeza do que estou sentindo no momento, mas não estou bravo. —Forço um
sorriso. —Seria preciso muito mais do que um caso de bolas azuis para você me
irritar.

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—Bom. —Ela pressiona seus lábios. —Desculpe-me por isso. Mas você não
está sozinho. Sofrerei por todo o caminho até a minha casa.

—Então você tem certeza de que não vai ficar? —Pergunto, embora saiba
que ela não vai, e não estou surpreso quando ela abre a porta.

—Não posso. —Ela volta para o corredor. —Depois de todas as coisas


ruins, fiz uma promessa de não machucar mais ninguém se pudesse evitar. Eu sei
que é importante que sua vida funcione sem problemas. Se você decidir que não
quer arriscar, eu vou entender e as coisas podem voltar ao modo como eram
antes.

—Tudo bem. —Deixei meu olhar correr para cima e para baixo,
memorizando o quanto ela parecia linda com a luz da janela atrás de mim
refletindo em seus olhos. —Te vejo em breve.

—Em breve. —Ela repete antes de se afastar pelo corredor. Eu a vejo ir


sabendo que é muito tarde para me afastar.

Se não conseguirmos continuar com isso, eu nunca vou poder ouvir sua
voz no celular, ou ler uma mensagem dela e não pensar nesta tarde, quando eu
estive tão perto de estar dentro dela. Quando ela estava de pé entre os meus
braços, dando o melhor que ela podia, me deixando louco com cada palavra que
saía da sua boca, me deixando tão desesperado por ela, que parece que minhas
bolas vão explodir.

Vou honrar seu pedido por um tempo, mas minha decisão já foi tomada.

Eu vou tê-la. Vou tê-la nua na minha cama, se contorcendo debaixo de


mim, gritando meu nome enquanto a fodo, e ela terá seu primeiro orgasmo não
auto administrado em três longos anos.

Não é mais a questão “se” vamos ser amantes.

Mas sim de “quando”.

97
CAPÍTULO 19

Dos arquivos de e-mail e mensagens de Sebastian “Bash” Prince e Penny


Pickett

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Você quer perder seu emprego?

Estou presumindo que você quer, ou você não teria me


transformado em sorvete de caramelo crocante com
butterscotch do Ample Valley Creamery. Cinco dias depois, já
comi cinco potes, e estou saindo pela porta agora para fazer
outra corrida até a loja, e abastecer o meu vício.

Nesse ritmo, terei uma pança de sorvete antes do mês


acabar, e terei acabado com a minha carreira no início de
janeiro.

Ninguém quer um Magnífico Bastardo com um corpo


fora de forma, Penelope. Isso é algo que você deveria ter
considerado ANTES de me enviar esse link sobre os cinco
sabores orgásticos do Ample Valley.

Atenciosamente,

Bash, que encoraja você a começar a arrumar seu


currículo.

98
De: Penny4PanelaDeLagosta

To: MagnificoBastardo1

Re: Você quer perder seu emprego?

HAHAHA!!

Eu sabia! Sabia que você seria impotente contra essa


delícia cremosa! Bem-vindo ao meu mundo.

Ganhei cinco quilos desde que abriram uma loja no


meu bairro. Tive que começar a correr para compensar, e
como qualquer pessoa com seios enormes, digo que é um
exercício de pura agonia saltitante.

Não se preocupe se estiver com o corpo fora de forma.


Você ainda estará gostoso do pescoço para cima. ;)

Penny, que confia em sua capacidade de ser magnífico,


mesmo com um pote de sorvete.

Mensagem de texto de Bash: Talvez devêssemos correr juntos


em algum momento. Poderíamos inspirar um ao outro...

De Penny: O que eu ganho com isso? Você tem alguma


parte do corpo saltando, onde vou encontrar inspiração?

Bash: Posso ir sem camisa e deixá-la assistir minha


barriga pular...

99
Penny: Ah, pare com isso. Você não tem barriga. Você é
muito controlador para se descuidar.

Eu acreditarei nessa bobagem de barriga quando eu a


ver.

Bash: Venha. Vou arranjar um pote extra de caramelo


crocante para você. Nós podemos comê-lo no sofá, enquanto
observamos a noite, e você pode ver minha barriga crescer
pessoalmente.

Penny: já é tarde demais para mim. Eu dormiria no trem.

Bash: Mentirosa. Você está decidida a nunca encontrar


comigo. Lá se vão os meus planos para uma festa de Natal no
escritório...

Penny: KKK. Você não pode chamar de festa se apenas


duas pessoas são convidadas.

Bash: três se você contar minha barriga.

Penny: cinco se você contar os seios saltitantes.

Bash: Enormes, você disse? Humm...

Acho que eles podem ser contabilizados como


indivíduos separados. Vou organizar convites para vocês três.

Que tal dia 23 de dezembro? Tenho outra festa no dia


22 e 24, da minha mãe e seu novo namorado, mas posso

100
fazer uma festa de escritório no dia 23, se você prometer
aparecer.

Ou eu posso ir do seu lado do rio se isso for mais fácil.

Já faz mais de um ano de êxtase no trabalho. Acho que


devemos nos encontrar pessoalmente, não é?

Penny: Eu acho que você não gosta de ficar sozinho. Isso é


o que eu acho.

Bash: ... ok então.

Acho que vou deixar você ir.

Aproveite o resto do seu fim de semana.

Penny: desculpe... eu estava brincando. Não queria ferir


seus sentimentos.

Eu adoraria festejar com você no dia 23, mas tenho


companhia vindo para as festas. Será que podemos deixar
para outro dia?

Bash: Claro. Considere marcado para outro dia. Boa


noite.

Penny: Sério Bash, desculpe. Não deveria ter dito isso. Isso
era muito mais sobre mim do que você.

Como você obviamente notou, eu não saio muito, mas


vou começar. Eu prometo. E quando eu sair, você será a

101
primeira pessoa que verei.

Acho que é hora de nos conhecermos também.

É estranho que a pessoa que eu digo boa noite quase


todas as noites, é alguém que eu só tenha visto nas fotos.

Bash: Tente não ter ideia de como a pessoa que lhe dá


boa noite se parece... 😉

Penny: Ok, tudo bem! Veja uma foto dos meus pés em
anexo neste exato momento.

Bash: Uau! Pés!

E eles estão usando meias de rena muito agradáveis,


com compartimentos separados para cada dedo. Nesse ritmo,
vou ter uma boa imagem mental de como você se parece
abaixo dos joelhos quando eu tiver uns quarenta anos.

Penny: :P Boa noite, Sr. Prince. Aproveite o seu sorvete.

Bash: Boa noite, florzinha. Mantenha os dedos dos pés


aquecidos. Entro em contato com você na segunda-feira.

102
CAPÍTULO 20

De manhã, depois de ficar horas virando na cama e sonhando que estava


fodendo Penny em todas as posições sacanas que eu já fodi uma mulher, e de
algumas maneiras novas que meu subconsciente preparou especificamente para
ela, percebo que isso vem acontecendo há muito tempo. Muito antes de domingo
passado, quando eu finalmente vi mais do que os pequenos dedos adoráveis de
Penny.

Mesmo os dedos dos pés são sexys. Tão sexys como sua mente rápida e a
maneira como ela me faz rir, e como ela não tem medo de me falar sobre as
minhas besteiras.

Mas então, isso é parte do problema...

Eu não sou um tolo ou o tipo de pessoa que vive a vida com a cabeça
enterrada na areia. Desde Rachael, passei de relacionamentos de curto prazo para
relacionamentos de curto prazo, mantendo meu investimento emocional baixo
para evitar magoas. Talvez eu não queira encarar isso, mas percebi essa verdade
há muito tempo. Também estou plenamente consciente do fato de que Penny
veio preencher a amizade feminina, e o buraco das conversas de sofá tarde da
noite, que Rachael deixou para trás.

O que eu não percebi até ontem, no entanto, foi o quão galanteadora a


relação com Penny se tornou.

Às cinco da manhã, depois de ter perdido o sono, estou no meu


computador vasculhando nossas correspondências, tentando identificar o
momento em que nossa amizade deu uma reviravolta. Separo várias conversas,
cerca de seis meses da nossa relação profissional, que parece ser o ponto de
inflexão, mas é difícil dizer qual de nós foi a força motriz. Há algumas observações
provocativas do lado de Penny e algumas piadas do meu lado, mas as coisas
parecem fluir organicamente em outra coisa.

Algo galanteador e surpreendentemente... íntimo.


103
Se eu não soubesse de fato que essas mensagens eram entre um patrão e
sua assistente, elas poderiam facilmente ser lidas como brincadeiras sexy de um
casal. Elas são praticamente preliminares. Minha fixação por Penny esteve
sempre na minha frente, em uma tela de computador, por meses e eu não tinha
ideia de que em algum lugar do meu subconsciente, eu estive fantasiando sobre
como seria tê-la.

Não sou viciado em sexo, não participo de práticas sexuais destrutivas ou


perco o interesse em uma mulher depois que a emoção da perseguição acabou,
mas claramente há coisas em minha mente que eu não reconheço.

E não gosto disso. Não gosto nenhum pouco dessa porra.

A parte de mim que valoriza a razão, a ordem e o profissionalismo, exige


que eu cancele tudo isso: a intervenção, o plano de amigos de foda, as mensagens
de texto, o flerte, ver Penny pessoalmente, tudo isso. Se ela continuar a ser minha
funcionária, precisaremos de um retorno rápido e imediato para a zona da
amizade, mas com a dinâmica impessoal que tínhamos quando começamos a
trabalhar juntos.

Meu pau, no entanto, curtiu o passeio de recordações, e está pronto para


atender a Penny mais do que nunca.

O Incrível Bulk permaneceu semiereto toda a manhã, e quando vejo Penny


em pé na plataforma da Long Island Railroad, a última coisa que quero fazer é
dizer-lhe que ela irá sozinha. Ela está usando um dos seus novos vestidos, um
marrom, de lycra, na altura dos joelhos, com camadas onduladas ao redor da
bainha, que enfatiza suas curvas, brincos de ouro chamativos e sandálias
douradas que exibem seus dedinhos sexys e que parecem bons o suficiente para
comer.

Estou ficando completamente duro antes de chegar perto o suficiente


para ver o brilho em seus lábios, ou sentir o cheiro viciante de seu perfume. O
momento em que o cheiro de limão, açúcar e sal do mar atingem meu nariz, eu
sou um caso perdido.

—Ei, você veio! —Ela levanta uma das mãos estranhamente, a ansiedade
104
no gesto deixa claro que ela não tinha certeza da decisão que eu chegaria durante
a noite.

Em circunstâncias normais, eu gostaria de aliviar seus medos o mais


rápido possível, mas graças ao mandato de “tempo para pensar” da Penny, tive
tempo para pensar. E não gostei da maneira como é complicado o que deveria ter
sido uma foda inflamável, sem compromissos.

Então, em vez de me inclinar para sussurrar que espero que ela não esteja
usando sua calcinha favorita, porque planejo arrancá-la assim que chegarmos à
nossa cabine particular, saúdo-a com um aceno frio, e movimento-me em direção
à frente do trem. —Nós estamos abaixo do vagão restaurante.

—Oh, tudo bem. —Ela anda ao meu lado, arrastando sua mala de
rodinhas atrás dela. —Bom dia.

—Por mais alguns minutos de qualquer maneira.

Ela limpa a garganta. —Bom por mais alguns minutos? Ou dia por mais
alguns minutos?

Eu sorrio, mas mantenho minha atenção fixada na plataforma à frente. —


Dia por mais alguns minutos. Então será tarde, e teremos autorização para tomar
uma taça de champanhe. Uma garrafa de cortesia vem junto com a cabine
particular.

—Você não deveria ter feito isso. —Ela diz, e sua voz clareia. —As cabines
para dormir são tão caras. Estou bem com a econômica.

—Bom. —Eu digo, ainda sorrindo. —Porque também reservei um bilhete


geral de embarque. No caso de você decidir que prefere não viajar na minha
cabine.

Não fiz nada disso, mas ouvi-la dizer: —O-ok. Claro. Se você preferir ficar
sozinho. —De uma forma que deixa claro que ela não está mais segura de que seu
plano vai correr bem, faz a mentira valer a pena.

Gosto de Penny e quero Penny. Eu a quero tanto, que meu pau já está
105
esticando a frente do meu jeans desbotado, deixando-me grato pela proteção da
mala para esconder a ereção. Mas não estou feliz com a posição em que ela me
colocou. E não me importo se é pouco profissional e bastardo de uma forma nada
magnífica, eu quero fazê-la sofrer pelo menos alguns minutos do tormento que
eu tenho sofrido nas últimas quinze horas.

Na entrada do vagão leito, onde dez cabines de luxo privadas fazem as


viagens de trens serem consideradas sérias novamente, uma mulher com um
uniforme da LIRR9, com um penteado amontoado de cabelo loiro em cima de sua
cabeça, e usando muito delineador, pegou nossos bilhetes.

E um tempo para me verificar.

—Bem-vindo Sr. Prince. Eu serei a sua concierge no vagão. —Seus olhos


azuis rastreiam do meu rosto até onde minhas mangas estão dobradas para
revelar meus antebraços. Penny, parada perto do meu cotovelo, ela ignorou. —
Por aqui. Já coloquei a champanhe na sua cabine.

—Obrigado... —Olho para a etiqueta de identificação em seu blazer,


deixando meu olhar demorar em seu peito, tempo suficiente para garantir que
Penny notará. —Patrice. Tenho certeza de que você nos ajudará a tornar a viagem
muito mais confortável.

—Absolutamente. —Patrice alcança para apertar meu bíceps, antes de


liderar o caminho dentro do vagão, e atravessar um corredor
surpreendentemente amplo. —É para isso que eu estou aqui! Para garantir que
sua jornada seja mais suave possível. Cada cabine está equipada com um telefone
de concierge que vem direto para o meu celular, então, estou sempre a uma
chamada de distância.

Parando antes da segunda porta à esquerda, ela a abre com um sorriso


sugestivo. —Tudo o que você precisar, qualquer coisa, Sr. Prince, apenas me ligue
e estarei aqui em um instante.

—O que ele poderia precisar? —Penny pergunta docemente, enquanto se


desloca na minha frente, exigindo a atenção da outra mulher. —Além do
9
Long Island Rail Road, companhia férrea.
106
champanhe que vem com o vagão particular?

Patrice olhou para baixo, seu sorriso aumentando no canto dos lábios. —
Bem, entrego comida do vagão restaurante e drinks do bar. Também posso ajudar
a organizar o transporte para encontrá-los na estação, ou ajudá-los a reservar
excursões com nossa empresa irmã, que oferece cruzeiros de degustação de
vinhos ao pôr-do-sol ao redor da ilha.

—Oh, bem, isso parece ótimo. —Penny diz com uma leve risada e um
olhar autoconsciente. —Por um segundo pensei que você estivesse falando sobre
sexo. Mas eu vou cuidar disso.

—Bem n-não. —A concierge explodiu. —Claro que não estava eu...

—Claro que você estava, mas sério. Eu estou te fazendo um favor. —Os
olhos de Penny aumentam quase de uma forma cômica, e eu tenho que lutar para
segurar a risada que quer sair da minha garganta. —Ele é muito avantajado de
uma boa maneira, se você sabe o que estou dizendo. —Ela segura suas mãos, as
palmas a pelo menos trinta centímetros de distância. Enorme. Sério. Enorme.

Antes que a boca da nossa concierge possa fazer mais do que abrir e
fechar em estado de choque, Penny puxa a minha camisa e dá um sorriso duro
por cima do ombro. —Vamos querido?

—Vamos. —Digo, seguindo-a para dentro da cabine.

No segundo que a porta fecha atrás de nós, eu a puxo nos meus braços,
com a intenção de mostrar a ela que não há nada melhor do que algo grande.

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108
CAPÍTULO 21

Nossa bagagem voa, batendo no balde de champanhe que cai no chão,


mas não paramos para pegá-lo.

Já tenho as pernas de Penny enroladas em minha cintura, segurando sua


bela bunda em uma das mãos, enquanto tiro a cama dobrável da parede com a
outra. Não poderia me importar menos se há gelo por todo o chão, e nosso
champanhe rolou sob um dos assentos. Não estou preocupado com nada, exceto
com a rapidez com que consigo enfiar minhas mãos no vestido de Penny.

—Certeza que você não quer que eu vá para os assentos comuns, Sr.
Prince? —Penny pergunta os lábios movendo-se contra o meu quando eu a
coloco no beliche e me estico sobre ela. —Então, você e Patrice podem se
conhecer melhor?

—Cristo, não. —Beijo seu pescoço enquanto pego seu seio através do
vestido. —Tudo o que eu quero é sua boceta no meu rosto.

Sua respiração para. —Mesmo? Isso é tudo?

—E então sua boceta sobre o meu pau. —Puxo seu mamilo, arrancando
um suspiro de sua garganta. —E então, meu pau dentro de você, te fodendo, até
você perceber o erro que foi deixar meu apartamento ontem à noite.

—Se eu não o conhecesse bem, pensaria que você estava com raiva de
mim. —Ela enfiou seus dedos no meu cabelo, me parando antes que eu possa
puxar seu vestido para baixo, e apertar meus dentes no seu mamilo duro e
pequeno. —Você não está, está?

—Eu não sou fã de pensar. —Deslizei uma das mãos por sua coxa. —Isso
me deixa irritado.

—Eu posso ver. —Ela diz, piscando enquanto a provoco através de sua
calcinha. —Mas isso, provavelmente, significa que pensar era algo que você
109
precisava fazer.

—Você é gostosa, Senhorita Pickett. —Digo, não estou com vontade de


falar e pensar também. Falar é superestimado, especialmente quando tenho uma
bela mulher embaixo de mim. Meus dentes afundam no meu lábio inferior,
enquanto enfio minha mão mais fundo em seu monte. —Gostosa e molhada.
Posso sentir você através dessa calcinha de cetim.

—S-seda. —Sua língua roça seus lábios. —Ela é de seda.

Esfrego meu dedo para frente e para trás através do tecido, provocando
levemente sobre seu clitóris. —Ela é. Desculpe-me.

—Bash? —Ela pergunta seus olhos aproximando-se. —Nós realmente


vamos fazer isso?

—A menos que você me diga para parar, então, sim, Penny, nós realmente
vamos fazer isso. —Com a ponta dos meus dedos ainda a provocando através de
sua calcinha, continuo com uma voz suave o suficiente para não ser ouvido no
corredor. —Primeiro, vou puxar essa calcinha linda para o lado, e fodê-la com os
dedos.

Ela engole, sua garganta trabalhando enquanto seu peito sobe e desce
mais rápido.

—Vou te deixar mais molhada do que você já esteve em sua vida. —


Continuo. —Deixar você tão quente e desesperada pelo meu pau, que você estará
implorando para que eu te foda. E então, se eu estiver num estado de espírito
misericordioso e não com vontade de torturá-la um pouco mais, rasgarei essa
calcinha tão bonita e foderei até que você grite.

Seus lábios se abrem, mas eu a corto antes que ela possa falar.

—E você vai gritar. —Aperto com o polegar seu clitóris, até que seus olhos
se dilatam e seus quadris começam a pulsar contra mim por vontade própria. —
Você não vai querer que haja pessoas do lado da nossa cabine que possam ouvi-
la. Você nem se lembrará de que eles estão lá. Tudo o que você vai lembrar, é que
ninguém nunca te fodeu tão bem ou tão completamente quanto eu vou te foder.
110
—Merda! —Sua testa franze enquanto ela sacode a cabeça suavemente
para frente e para trás. —Você é muito bom nisso.

—Eu sou ainda melhor nisso. —Digo, levando sua falta de protesto como
permissão implícita. Empurrando sua calcinha para o lado com o meu polegar, e
colocando dois dedos dentro dela.

—Oh Deus! —Ela diz os olhos fechando quando eu empurro o primeiro


dedo.

Porra, ela é incrível. Ela está molhada, quente e claramente despertada,


mas também é insanamente apertada, tão apertada que o pensamento de estar
dentro dela faz minha cabeça explodir. Vai ser incrível, tão incrível que não quero
esperar. Mas eu vou. Uma gatinha tão apertada vai precisar de algum
aquecimento antes que esteja pronta para o que estou carregando abaixo do
cinto. Não importa o quanto eu fiquei irritado com Penny ontem à noite, a última
coisa que quero fazer é causar-lhe qualquer dor real.

Quando estivermos na cama juntos, a única dor que ela experimentará


virá da satisfação prolongada, pelo prazer intenso beirando o insuportável.

—Eu mal dormi na noite passada. —Digo, tomando seus lábios para um
beijo, enquanto continuo a fodê-la com a mão. —Tudo o que eu podia pensar era
ter você molhada e debaixo de mim.

—Eu sonhei com você a noite toda. —Suas mãos deslizam pelas minhas
costas, acariciando-me através da minha camisa. —Com suas mãos e sua boca.

—Minha boca estava fazendo algo assim? —Eu levo minha atenção a seu
peito, usando meus dentes para puxar o tecido do seu vestido e o sutiã por
debaixo dele, descobrindo um mamilo rosa. Expresso meu apreço por sua beleza,
sua dureza, sua ponta doce, antes de levá-lo para dentro da minha boca.

—Sim. —Penny engasga enquanto começo a sugá-la com puxadas


rítmicas, profundas, enquanto meus dedos imitam o mesmo entre suas pernas, e
meu polegar desliza para trás e para frente em seu clitóris. —Ah, sim, era. Oh
meu Deus, Bash. Meu Deus!

111
Eu queria sorrir contra seu peito, mas isso interferiria na minha sucção
que, claramente, estava fazendo o seu trabalho. Ela não está mais tensa ou tímida
embaixo de mim. Ela está segurando minha mão, arranhando meus ombros,
contorcendo-se no beliche quando o trem entra em movimento e o apito dispara,
assim como Penny.

—Sim! —Ela grita quando sua boceta aperta em torno dos meus dedos,
sua umidade fluindo e revestindo o dorso da minha mão. —Oh Deus, sim. Sim!

Sim, sem dúvida. Porra, ela é tão gostosa assim fora de controle, com
luxúria, e louvando minhas proezas alto o suficiente para que não haja dúvida de
que nossos vizinhos tenham uma boa ideia do que está acontecendo no nosso
vagão. O meu pau está duro como aço, e minhas bolas estão doendo como se
tivessem levado um soco, mas ainda não estou pronto para acabar com meu
sofrimento, não até que eu a faça gozar novamente.

Um minuto depois empurro o vestido de Penny em torno de seus quadris,


e sua calcinha pendurada em torno de seu tornozelo. Coloquei uma de suas
pernas sobre meu ombro enquanto mudo para o chão ao lado do beliche. E lá, de
joelhos, e uma posição apropriadamente adorável, testemunho a mais doce
boceta que eu já vi. Os lábios cor de rosa escuro de seu sexo estão inchados de
desejo, pétalas carnudas que fornecem um quadro para o poço da umidade entre
eles. E, acima de sua boceta, seu clitóris está pulsando, um botão bonito, rosa,
implorando para eu lamber, provocar, chupar, morder. Para fazer todas aquelas
coisas perversas que eu faço tão bem, porque eu amo comer uma boceta.

Amo. Eu amo isso.

Ouço por aí que alguns homens não gostam.

Não entendo esses homens. Eles são estranhos para mim, da mesma
forma que as pessoas que pensam que o sorvete é nojento, ou as pessoas que
não se exercitam porque não gostam de suar, são estranhas. O sorvete é divino,
suar demais é a única coisa mais próxima de uma foda dura, pura felicidade e
comer uma boceta é um pequeno pedaço de céu. Uma fatia meio doce, meio
salgada, lisa e deliciosa do céu, e já posso dizer que a de Penny vai ser

112
deliciosamente fora de série.

—Bash. —Ela sussurra, tremendo levemente sob minhas mãos. —Está


tudo bem?

—Tudo está perfeito. —Digo, não desviando meu olhar do paraíso entre
suas pernas. —Melhor do que perfeito. Estou apenas tendo um momento com
sua bocetinha linda. Acho que estou apaixonado por ela. Ela é... impressionante.

Ela solta sua respiração. —O olhar no seu rosto deve ser o mais sexy que
já vi.

—Não por muito tempo. —Olho para ela, segurando seu olhar enquanto
espalho suas coxas mais abertas, trazendo minha boca perto o suficiente para ela
sentir minha respiração aquecendo sua carne excitada, e inalo. De imediato, seu
cheiro me da água na boca. É leve e frutado, como fatias de manga com sal, como
uma corrente subterrânea de cachoeira escorrendo sobre pedras escuras, e flores
exóticas florescendo em um canto desconhecido de uma antiga floresta tropical.

Sim, consigo ser preciso ao descrever a forma como uma mulher cheira.
Sou um conhecedor de bocetas, e posso detectar o topo, o coração e observações
básicas de uma boceta em particular em dez segundos.

—Eu amo isso. —Digo a Penny, inalando novamente, observando seus


olhos escurecerem e sua respiração acelerar, enquanto ela espera que eu a toque
com algo mais que minha respiração. —Amo te cheirar. Você cheira tão bem e é
tudo o que posso fazer para não te comer agora. Para enfiar meu pau
profundamente nesta boceta bonita. —Exalo, meu pau latejando atrás da minha
braguilha enquanto ela geme suavemente em resposta. —Mas eu não vou. Você
sabe por quê?

Ela balança a cabeça claramente sem palavras.

—Porque a única coisa melhor do que cheirar você. —Digo minha boca
aproximando-se do lugar carente entre suas pernas. —É provar você. —Minha
língua varre, traçando da costura de sua boceta até o clitóris, confirmando que
seu gosto é tão celestial quanto o resto dela.

113
A cabeça de Penny cai com um suspiro de prazer, e começo o melhor
trabalho do mundo, fazer uma mulher gozar até que ela fique mole, sem sentido,
desamparada para fazer qualquer coisa senão se contorcer sob minha boca, e me
implorar para fodê-la.

Evitando deliberadamente o clitóris naquela varredura inicial, suguei a


carne inchada que cercava sua entrada, atraindo a pele escorregadia com uma
sucção pulsante, fazendo bombear mais sangue na superfície, fazendo Penny se
retorcer e gemer. Espero até que sua respiração esteja rápida e irregular, e suas
unhas estejam raspando no cobertor cinzento e grosso debaixo dela, antes de
finalmente mergulhar minha língua dentro dela.

Ela estremece enquanto eu mergulho fundo, cobrindo minha língua com o


seu sabor incrível, antes de puxar para fora e mergulhar novamente. Enrolei
minhas mãos na parte de trás de suas coxas, prendendo-as em torno de seus
quadris e vou para baixo, usando a alavanca do meu aperto para puxá-la para um
contato mais íntimo. Arrasto-me nela novamente, fodendo-a com a língua até
que meu queixo está pingando com sua umidade, e Penny está gemendo,
choramingando, dizendo que está à beira de gozar e então, e só então, quando
sei que ela está preparada para gozar, transfiro minha boca para o topo, e chupo
seu clitóris como se fosse a última gota de gelo em um dia quente de verão.

Quase instantaneamente, Penny grita meu nome, grita, assim como eu


prometi que ela iria, e se lança em órbita.

Suas mãos enrolam em meu cabelo, apertando meu rosto em sua boceta
enquanto mói contra mim, possuindo seu orgasmo que me mata. Vi um vislumbre
de seu lado sensual antes, mas agora, a parte crua, carnal e com fome está no
centro do palco, e é sexy pra caramba. Tão sexy que tudo em que consigo pensar,
é ter meu pau dolorosamente duro enterrado dentro dela e fazê-la gozar
novamente.

—Você está pronta para mais? —Pergunto sem fôlego.

—Sim. —Ela ofega. —Oh Deus, sim. Diga-me que você trouxe uma
camisinha.

114
—O Homem de Lata tem um pau de metal? —Pego minha mala e a
camisinha no bolso lateral, me amaldiçoando por não ter tido tempo para
comprar mais no caminho para o trem. Esta manhã, um preservativo para o
passeio de trem parecia bastante, mas agora eu sei que não é, e nem mesmo está
perto. Eu já posso dizer que ter Penny só uma vez, vai me fazer querer mais dela.
Ficarei duro novamente em dez minutos.

Então, é melhor eu fazer desta primeira vez a última.

Já planejei todas as formas em que eu vou nos torturar antes de


gozarmos, quando abro o pacote. O que vejo dentro me atinge como um soco no
estomago.

—Droga. —Amaldiçoo, segurando a camisinha contra a luz que atravessa a


janela ao lado da cama, provando que o rasgo é ainda maior do que eu
inicialmente percebi. —A camisinha está rasgada.

—Pegue outra. —Penny diz, com os dedos segurando a parte superior da


minha calça.

—Não posso. Esta é a única.

—Não, impossível. —Penny senta-se puxando seu vestido do pescoço para


cobrir seu peito. —Você não pode estar falando sério, Bash. Esta é a coisa mais
triste que já aconteceu!

Inclinado a concordar com ela, mas tentando ser forte, fico de pé,
segurando uma das mãos em meu cabelo e enfiando minha camisa de volta na
minha calça. —Não se preocupe. Vou verificar no vagão restaurante. Às vezes eles
têm artigos de higiene para venda atrás da mesa do caixa. —Inclino-me,
pressionando meus lábios contra os dela, gemendo com o gosto de seu beijo e de
sua boceta misturando-se na minha boca.

—Segure esse pensamento, linda. Voltarei antes que você possa colocar
essa calcinha, então nem tente. —Viro-me e saio pela porta, preocupado que se
eu olhar para ela não poderei resistir em empurrá-la para a cama e fazê-la gozar
na minha boca novamente.

115
No corredor, Patrice está longe de ser encontrada, o que provavelmente é
bom, porque não tenho certeza de que tenho autocontrole para abster-me de lhe
oferecer uma gorjeta de cem dólares, em troca de implorar para que empreste ou
roube uma camisinha para mim. Apresso-me pelo corredor deserto e pela porta
que conduz ao vagão restaurante. No caminho para o caixa, ocasionalmente,
pego um guardanapo do dispensador em uma mesa vazia e limpo meu rosto. Eu
costumo curtir meu rosto por alguns minutos após o evento principal, mas
considerando minha missão, provavelmente é melhor se meu queixo não estiver
brilhando.

Vejo o que parece um arsenal completo de produtos pessoais por trás do


balcão e meus músculos tensos começam a relaxar. Mas quando peço ao caixa de
rosto fofo por um pacote de preservativos, ele me informa que acabaram.

—Acabaram. —Repito meu pau insistindo que meus ouvidos devem ter
ouvido errado.

—Sim. —Diz o homem, olhando algo na tela do computador. —Devemos


receber mais até sexta-feira.

Dando-lhe um olhar que espero deixe claro o quanto a droga do


preservativo, na droga da sexta-feira vai me foder. Agradeço-o e começo a andar
em direção ao bar na parte de trás do trem. No momento em que atravesso vinte
e cinco vagões de gargalhadas de crianças, briga de pessoas velhas jogando cartas
no corredor e um vagão inteiro de garotos universitários que estão indo para uma
despedida de solteiro, perdi o que resta do meu senso de humor.

Ouvir o barman me informar que eles não têm preservativos, mas que eu
“deveria tentar o vagão restaurante” é o suficiente para me fazer querer socar a
parede mais próxima.

—Você vende bebidas que soltam as inibições. —Falo com o maxilar


trincado. —Você não deveria, em sã consciência, também vender preservativos?

O homem dá de ombros. —Nós não tínhamos vagões dormitórios com


cabines privadas até alguns meses atrás. Isso não era um problema antes.

116
—Mas agora é uma epidemia. —Uma colega feminina do homem fala
enquanto recarrega o balde de gelo, com seu nariz empinado, o que me faz ver
muito mais do que eu gostaria de suas narinas. —Pense nisso, cara. Pense em
uma dúzia de desconhecidos fazendo exatamente o que você está tentando fazer
nesse mesmo beliche. Se isso não mata o humor, não sei o que matará.

Com uma careta igual à dela, não ligo se uma centena de desconhecidos
foderam naquele beliche, ainda assim quero ter as minhas bolas profundamente
enterradas em Penny sobre ele, mais do que quero minha próxima respiração,
viro e volto para nossa cabine particular. Encontro a calcinha de Penny não mais
em torno de seu tornozelo, e ela tomando uma taça de champanhe quase vazia.

Ela soluça enquanto levanta o olhar torturado para o meu. —Nada, né?
Achei que você não tinha conseguido ou não demoraria tanto tempo.

Miseravelmente aceno com a cabeça, muito perturbado para formar


palavras.

Com uma estremecida de compaixão, ela tira uma segunda taça de


champanhe da pequena mesa, e segura-a para mim. —Aqui, pegue isto. Pode não
afogar suas magoas, mas entorpece a dor. Um pouco.

Sento-me na cadeira em frente a ela e me inclino, pegando a champanhe


enquanto lhe asseguro. Assim que chegarmos a Southampton, comprarei todas as
camisinhas. Todas.

—Todas. —Ela repete. —Toda fodida camisinha da cidade.

Ela assente com a cabeça, seus olhos brilhando quando acrescenta: —E se


isso não for suficiente, iremos até a próxima cidade e compraremos todas as de
lá.

—Inferno, sim, nós iremos. —Digo sorrindo involuntariamente. —Porque


preciso foder você Penny. Preciso disso como eu preciso de ar. Preciso disso tão
fisicamente quanto possível.

—Eu também. —Seu sorriso desaparece enquanto olha para a porta. —


Mas não sei se vou poder enfrentar qualquer outra pessoa que esteja neste trem.
117
Vou ter que esperar até que eles saiam, e correr com a cabeça escondida debaixo
da minha echarpe.

—Por quê? — Pergunto tomando meu champanhe.

Ela faz beicinho. —Estava ocupada tendo uma experiência fora do corpo,
então não lembro muito, mas considerando a forma como minha garganta está,
tenho certeza de que eu gritei. Não gritei?

Eu nem tentei manter o meu presunçoso ou perverso sorriso. —Como se


estivesse em chamas. —Confirmo. No que depender de mim, não demorará
muito para que ela esteja gritando de novo.

118
CAPÍTULO 22

O trem para em Southampton um pouco depois das duas horas da tarde.


Tendo convencido Penny de que ter uma camisinha o mais rápido possível, é mais
importante do que a sua vergonha por estar barulhenta no meio do orgasmo,
apresso-a a sair do vagão leito antes do resto dos passageiros, deixando-a na
beira da plataforma com as nossas malas, e prometendo voltar tão rápido, que
ela nem perceberá que eu saí.

Já estou correndo para longe, dirigindo-me para uma loja familiar do outro
lado da rua, rezando para todos os deuses conhecidos do universo que eles
tenham um pacote de camisinhas à venda, quando uma voz masculina chama o
nome de Penny.

Viro-me para ver um homem da minha idade, com um corte de cabelo


refinado, usando uma camisa de botão, estampada com lagostas, levantar uma
das mãos para Penny. —Ei! Eu não esperava te ver aqui.

Uma olhada na expressão de Penny e imediatamente mudo a direção.

Seus olhos estão arregalados, seus lábios estão em forma de um “O”,


horrorizado e sua pele já pálida, um alabastro branco. Embora arsênico branco
possa ser uma descrição melhor. O alabastro é uma palavra muito bonita para a
ausência mortal de cor das feições de Penny. Ela se assemelha a um vampiro
apanhado pela luz do dia, a segundos de explodir em chamas e é claramente
necessária uma imediata intervenção.

—O que você está fazendo aqui? —Pergunta o homem com uma risada
desconfortável enquanto atravessa a plataforma em sua direção. —Anastásia
disse que você não estaria aqui até amanhã à tarde.

A boca de Penny abre e fecha como um peixe muito bonito e pálido, mas
nenhuma palavra sai. Parece que está a poucos segundos de desmaiar aos pés do
Cara com a Camisa de Lagosta.

119
Corro mais rápido, determinado a alcançá-la antes que ela entre em
colapso.

Não importa o que estava causando sua angústia, eu teria corrido ao seu
resgate, mas é especialmente importante neste momento. Eu não tive a chance
de fazer minha verificação usual de antecedentes sobre o ex que eu iria torturar,
mas não há dúvida, em minha opinião, de que este idiota é Phillip. Este humano
de bosta, com o corte de cabelo bagunçado, roupas ofensivamente caras e
expressão evidente de piedade em seu bonito rosto de merda, é a pessoa que
quebrou Penny.

Já o odeio de cara.

O que faz com que seja um prazer enorme envolver meu braço em torno
da cintura de Penny e puxá-la, dando-lhe um beijo na bochecha. —Desculpe
docinho. A loja da estação não tinha nada que fosse bom para enxaqueca. Vamos
levá-la ao chalé para deitar e vou sair e conseguir o que você precisar.

—Oh, está tudo bem, eu consigo chegar ao chalé. —Seus punhos seguram
a parte de trás da minha camisa, como se sua vida dependesse disso.

Ela está tremendo, e tudo o que eu quero fazer é pegá-la nos meus braços
e levá-la para longe desse babaca assim que possível, mas ela não está aqui para
correr. Ela está aqui para enfrentar seus demônios. É apenas um azar que ele se
esgueirou para fora da toca enquanto sua guarda estava baixa.

—Apenas odeio vê-la com dor. —Coloco seu rosto na minha mão,
encontrando seu olhar em pânico, desejando que ela veja que ela não precisa ter
medo. Estou aqui e ficarei colado ao lado dela, até que ela seja forte o suficiente
para dizer a Phillip que vá direto para o inferno e apodreça lá. —Eu tiraria a
enxaqueca para você se eu pudesse.

—Eu sei que você faria isso. —Gratidão e carinho enchem seus olhos
quando ela traz uma palma para descansar no meu peito. —Mas eu vou ficar
bem.

Ela respira, seus lábios curvam-se com um sorriso claramente forçado,

120
enquanto ela se vira para o resto de esperma. —Bash, conheça Phillip Davies, o
noivo. Phillip, este é Bash Prince.

—Desculpe. Eu não vi você aí. Prazer em conhecê-lo, Phillip. —Viro minha


cabeça, lutando para manter meu desprezo por esse filho da puta longe do meu
rosto.

Se ele vê que estou com raiva, então vai presumir que Penny me contou
sobre sua traição. Além disso, ele assumirá que ela foi suficientemente danificada
pelas coisas que ele fez com ela, para que seu novo amante se irritasse com seu
velho amante, e me recuso a dar-lhe esse poder ou satisfação.

Para o propósito do nosso trabalho aqui nesta semana, Penny mencionou


a história de seu ex-namorado se juntar com a mãe durante uma dessas
conversas de “minha família é mais estranha do que sua família”. Discutimos isso
brevemente e seguimos em frente. Era apenas uma coisa sem importância no
nosso relacionamento, e tinha deixado a minha mente completamente, até Penny
me pedir para ser seu acompanhante neste casamento.

E quanto a Penny, eu a deixei tão feliz, que ela não tem espaço em seu
coração para pensar em uma besteira do passado.

—Muito prazer em conhecê-lo também. —Diz Phillip, com um olhar


calculista em seus olhos enquanto desloca seu olhar de mim para Penny. —Fico
feliz por você estar aqui. Penny não mencionou que ela estava trazendo alguém.

—Inicialmente, tive um problema nos negócios. —Ofereço-lhe um sorriso


tranquilo. —Mas cancelei minha viagem. Eu não conseguiria ficar longe de Penny
por quatro dias inteiros. —Eu a seguro mais próximo a mim, lançando um olhar
amoroso em seu rosto voltado para cima.

—Claro. —Diz Phillip, mas não perco a nota cética em sua voz. —Anastásia
ficará encantada ao ouvir que você trouxe um acompanhante, Penny. Podemos
arranjar para você e Bash ficarem em um dos quartos da casa de hóspedes. Nós a
colocaríamos em seu antigo quarto, mas uma cama de solteiro não funcionará
para dois.

121
—Obrigado, mas não vamos ficar na casa. —Eu sorrio mais. —Nós
reservamos um chalé aqui próximo. Nós não queremos dar nenhum trabalho
extra para o casal ocupado com o casamento no final de semana.

Phillip joga uma das mãos para cima, vendo meu sorriso e dando uma
risada alegre. —Ah, não é problema. Contratamos pessoal extra. E sei que
Anastásia quer passar algum tempo com você. Ela ficará encantada ao saber que
Penny tem alguém especial em sua vida.

Na superfície, o comentário é genuíno e educado. Mas, de alguma forma,


ele consegue atingir de uma maneira “especial”, para fazer parecer que eu sou
uma criança não tão brilhante, que ainda precisa de ajuda para assoprar seu
próprio nariz e que Penny adotou por causa da bondade em seu coração.

Esse babaca é bom. Não previ um adversário tão formidável, mas não
estou intimidado. Gosto de um desafio. E você sabe o que eles dizem: quanto
maior, pior é a queda.

—Não posso esperar para encontrar a mãe de Penny. —Certifiquei-me de


frisar “mãe”, de uma maneira que lembrará a Phillip que ele está transando com
alguém velho o suficiente para apertá-lo onde ele está metendo seu pau a cada
noite. —Ouvi tantas coisas fascinantes sobre ela. Mas é tarde demais para
cancelar a reserva do chalé, e estamos ansiosos para algum tempo sozinhos. Você
sabe como é.

—É claro que sim. —O sorriso de Phillip torna-se um sorriso malicioso. —


Eu sei exatamente como é.

A respiração de Penny sai com um som suave e chocado, e é tudo o que


posso fazer para não pegar este idiota pela gola de sua camisa estúpida, e sacudi-
lo até que seus dentes brancos caiam de sua boca.

Penny estava certa, ele é um mestre das entrelinhas, e a entrelinha agora


é que ele teve Penny antes de mim.

E ele não só a teve, mas a teve duro, profundo e melhor, porque ele a teve
antes dela ser quebrada. Antes que ela estivesse cheia de cicatrizes e fosse

122
expulsa de sua própria família, por uma mãe que se importa mais com o pau de
Phillip do que com sua própria filha.

Não há remorso em seus olhos verdes claros, sem arrependimento. Há


apenas um sociopata que quer ter um pássaro na mão e o outro que está voando.
Ele quer se casar com a mãe de Penny, e continuar com sua vida, mantendo os
direitos de se gabar como o único homem que Penny adorou antes de estar muito
quebrada para amar alguém da mesma maneira inocente novamente. Ele roubou
sua inocência e esperança, e o homem orgulha-se disso.

É tão baixo, tão feio e egoísta e, portanto, não é o que uma mulher como
Penny merece, por um segundo, meu personagem desliza.

Meu olhar se estreita e o quanto eu quero machucá-lo, começa a inundar


meus olhos.

Nunca, em dois anos de perseguir traidores, mentirosos, espancadores de


esposa, filhos da puta que arruínam a vida dos outros, eu quis tanto socar alguém
quanto quero agora. E não quero apenas socá-lo uma vez. Quero continuar
batendo nele, batendo meu punho em seu rosto uma e outra vez, até que ele não
seja capaz de fazer uma expressão de presunção por muito tempo.

Em vez disso, aperto mais em torno da cintura de Penny, e aceno com a


cabeça o mais agradavelmente possível. —Ótimo. Fico feliz que nos entendemos.
Estou ansioso para aprender mais sobre você, Phillip.

—Digo o mesmo. —O sorriso de Phillip espalha-se por seu rosto como o


do gato que comeu o canário. — Depois nos falamos Penny. Nós a veremos na
festa amanhã, eu presumo?

—Não perderia por nada. —A voz de Penny ainda está fraca. —A menos
que eu não possa parar essa dor de cabeça por algum motivo. Tenho a pior
enxaqueca. Então, se você nos desculpar Phillip, nós estamos indo.

—É claro. —Phillip faz uma excelente paródia de uma verdadeira


preocupação. —Cuide-se, Peeps. Espero que você se sinta bem logo. Estou feliz
por você estar aqui. Não posso esperar para recuperarmos o atraso.

123
E então, o resto de esgoto teve a pachorra de inclinar-se e pressionar um
beijo na testa de Penny. Estou tão atordoado que não dá tempo de tirá-la do
caminho. Ele entrou e saiu, dando o bote como uma cobra, e deixando Penny de
olhos arregalados e pálida novamente.

Aceno a cabeça novamente, apenas uma vez. É isso aí.

Esse é a última evidência que eu preciso para selar seu destino.

—Vejo vocês em breve. —Ele diz, sorrindo agradavelmente enquanto


passa por nós, chamando alguém na plataforma.

—Não, se nós o virmos primeiro. —Digo atrás dele com um tom jovial,
antes de acrescentar baixinho. —Seu mesquinho, desagradável, filho da puta
usando uma camisa de lagosta.

—É minha culpa. —Sussurra Penny, suas mãos tremem quando ela coloca
sua bolsa sobre o ombro e alcança a alça de sua mala de rodinhas.

—Isso não foi culpa sua. —Olho para ela, perguntando-me se preciso
colocar um pouco de juízo dentro de sua cabeça, enquanto afasto as garras de
Phillip e sua cabeça suja e má. —Esse foi o show de terror de um ex-horrível.

—Não, não é isso. A camisa. Penny funga enquanto inclina a cabeça para
baixo, deixando seus cabelos caírem em seu rosto. —Eu a dei para ele em seu
aniversário. Ele costumava dizer que ela o fazia pensar em mim toda vez que a
vestia.

E então, seus ombros começam a tremer, e os ruídos de choro começam a


sair por de trás da cortina formada por seu cabelo, e sei que tenho que tirá-la
daqui antes que Phillip veja. Se ele testemunha que ela está despedaçada depois
da primeira batalha, impossibilitará a vitória desta guerra.

Colocando meu braço em torno dos ombros de Penny para escondê-la o


máximo possível, pego minha mala e bolsa e arrasto para o escritório de aluguel
de carros no final do próximo bloco. Agito minha companheira chorona ao meu
lado, me sentindo como uma merda absoluta, me odiando por não encontrar
uma maneira de poupar Penny dessa interação infernal.
124
Esta não é a primeira vez que falhei com uma cliente depois de um
confronto com um ex, mas é a primeira vez que está machucando tanto.

Naquele momento, prometo silenciosamente fazer essa vingança tão


brutal quanto possível. Penny pode não querer o pacote completo do Magnífico
Bastardo, mas ela conseguirá isso. Phillip, o bastardo de merda, não merece nada
menos.

125
CAPÍTULO 23

Dos arquivos de texto de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De Penny: Você ainda está vivo?

Por favor, responda a este texto antes de amanhã de


manhã ou vou chamar a polícia. Em um ano inteiro sendo
sua assistente, você nunca passou mais de quarenta e oito
horas sem responder e-mails.

Já se passaram oitenta e três horas. Estou começando a


me preocupar...

Muito.

Bash: Oi. * verificando o pulso * Sim. Eu estou vivo.

Penny: Ok...

Você está bem?

Bash: Estou bem. É o aniversário de algo que prefiro não


lembrar. Deixe-me longe do e-mail, e da vida, por um
tempo.

Penny: Sei bem como é. Eu tenho um desses aniversários.


Eles não prestam.

Existe alguma coisa que posso fazer para ajudar?


126
Bash: Nah. Mas obrigado por se preocupar comigo.

É bom saber que se eu caísse no chuveiro e quebrasse


meu pescoço, meu corpo seria descoberto antes de se estar em
estado avançado de decomposição. Não quero privar todas as
senhoras de um funeral de caixão aberto.

Penny: Não é engraçado, Bash. Não mesmo. Não gosto de


piadas de funeral.

Você precisa de alguém aí com você?

Bash: Por quê? Você viria se eu precisasse?

Penny: Se você está tão no fundo do poço do desespero


como parece, então sim, eu estarei aí em vinte e cinco
minutos. Trinta e cinco se eu pegar o trem errado.

Bash: Uau!

Você realmente está preocupada comigo, não é?

Penny: Sim, seu idiota. Agora me prometa que não vai


fazer nada estúpido antes que eu chegue.

Bash: você está preocupada à toa, florzinha. Não estou no


fundo do poço, nem perto. Tanto quanto eu adoraria que
você viesse, não posso deixar você vir porque está assustada.

Não gosto de assustar pessoas sem motivo.

Especialmente pessoas que eu gosto.

127
Estou bem, e voltarei ao normal amanhã de manhã. Eu
prometo.

Mas se você ainda quiser vir, darei seu nome à


recepção, e deixarei uma taça de vinho no balcão para você.

Penny: Você tem certeza que está tudo bem? Você jura que
você me diria se você não estivesse?

Bash: Sim, juro que estou bem e que lhe diria se não
estivesse.

Isso significa que você não está vindo?

Penny: Bem, é muito tarde...

Bash: *emoticon de gato peidando*

Penny: Isso é fofo. E maduro.

Bash: * emoticon de dragão peidando*

Penny: Onde você consegue estes? Preciso deles no meu


celular. Tenho dois amigos mais jovens que estão obcecados
com emoticons.

Bash: Enviarei o link.

Durma bem florzinha, e obrigado por se preocupar.

Significa muito.

Penny: Claro. A qualquer hora, chefe. Eu cuido de você.

128
129
CAPÍTULO 24

O check-in para o chalé não poderia ser mais fácil. As chaves esperavam
em uma cesta na varanda quando chegamos, e a decoração tão deslumbrante
quanto parecia nas fotos. O Chalé está situado em uma elevação à beira de um
vinhedo, com uma ampla visão das videiras que se estendem em direção à casa
principal e ao mar.

A parte traseira da estrutura é aconchegante, branca, quase


dolorosamente fofa e é cercada por carvalhos antigos, com troncos e galhos
cobertos com folhas de um verde brilhante e primaveril, que parecem prometer
que nunca é tarde para um novo começo.

Penny, no entanto, não está com um estado de espírito tão otimista.

—Devemos ir para casa. —Ela diz, sua voz rouca, embora ela tenha parado
de chorar logo depois que eu me afastei da estação em nosso carro alugado.

—Nós não vamos para casa. —Peguei meu laptop da minha pasta e dei
uma olhada em algum sinal de acesso à internet, determinado a começar a
procurar as sujeiras de Phillip o mais depressa possível. —Nós vamos ficar e fazer
aquele pau mole desejar que nunca tivesse feito à merda que ele fez hoje.

—É inútil. Ele é muito bom. Esqueci o quanto ele é bom. Deus, eu sou tão
estúpida. —Ela larga a mala no chão de madeira com um golpe após passar a
porta da frente, anda cinco passos e cai com a cara enfiada no sofá amarelo no
centro da sala.

E aí ela deita. Imóvel. Como um cadáver muito bem vestido.

Ela nem sequer olha a cozinha ensolarada à nossa esquerda, ou o deque


com vista para a floresta, ou verifica o quarto, onde uma cama branca sedutora
espera para receber os viajantes que precisam descansar.

Ou uma dose quente e pesada de prazer da tarde.

130
Eu nem mencionei parar em uma farmácia no caminho para o chalé.
Transar comigo, obviamente, não está mais nos planos de Penny. Phillip matou
nossa escapada sexual da tarde. É motivo suficiente para odiá-lo se eu já não
tivesse muitas outras razões.

Mas eu tenho. Odeio seu corte de cabelo, seu sorriso presunçoso, sua
atitude de o dono do pedaço e sua veia diabólica. Mas, acima de tudo, odeio o
que ele fez a minha amiga. Penny não é mais a raposa que montou na minha cara
na nossa cabine no trem. Ela está dizimada, destruída, toda a alegria e espírito de
luta sugado pelo primeiro encontro com o ex-malvado.

Sim, Phillip foi terrível, mas essa não é a Penny que conheço. A Penny que
eu conheço não desiste quando as coisas ficam difíceis; ela agarra minha agenda,
os formulários adequadamente preenchidos, os clientes a beira do precipício e o
adiantamento depositado duas semanas antes do início de uma nova orientação
com a cliente.

Fecho o laptop e coloco-o na mesa de entrada, decidindo que pegar a


sujeira de Phillip pode aguardar.

Com os braços cruzados no meu peito, paro ao lado do sofá, olhando para
a forma inerte de Penny. —Você não é estupida. E você também não é uma
perdedora. Então vamos lá. Levante-se. Vamos falar da estratégia.

—A cautela é a melhor parte da coragem. —Ela geme seu rosto ainda


pressionado no sofá e sua voz abafada pelas almofadas.

—É tarde demais para ter cautela. Nós já estamos aqui, e o inimigo está
detectado. Agora não há escolha, senão pegar nossas armas e atacar por trás.

—Não posso. —Diz ela, ainda não movendo um músculo. —Vou morrer
aqui neste sofá. Use minhas economias para pagar o aluguel do Chalé até o final
do verão. Ele deverá estar decomposto o suficiente quando alguém vir buscar o
corpo.

Dou um leve sorriso. —Imagino que o Chalé tenha outras reservas que
podem interferir nessa resolução. E você vai arruinar o sofá se você se

131
decompuser nele.

—Então espere até eu morrer e você pode arrastar meu cadáver para a
floresta e dar aos animais. Eles ficam famintos por aqui. Todas as pessoas ricas
trancam seu lixo.

Coloquei as mãos nos meus quadris com um suspiro. —Não vou te


arrastar para nenhum lugar, florzinha. Você vai se levantar, sacudir a poeira e
voltar ao ringue. Vamos lá.

—Não. —Ela geme.

—Sim. —Insisto. —Levante-se. Agora mesmo.

—Não posso. Estou no fundo do poço.

—De pé, Pickett. —Exijo, dando um golpe na sua bunda até que ela
finalmente tira o rosto das almofadas.

—Aii! —Ela rola para disparar um olhar ultrajado na minha direção. —Isso
dói!

—Tinha que me conectar com você de alguma forma. —Digo, sabendo


que não a acertei com força o suficiente para sequer causar danos momentâneos.
Quando se trata de espancar, não sou amador. —Você precisa de outro para tirá-
la da sua poça de piedade?

Os olhos dela estreitam-se quando ela senta tirando os cabelos do rosto.


—Nem pense nisso.

—Por que não? —Chego mais perto, forçando-a a inclinar a cabeça ainda
mais para trás para manter o contato visual. —Pode tirar sua mente de seus
problemas. Você nunca quis ser dobrada sobre o joelho de um homem? Ter seu
lindo traseiro espancado até perceber o quanto pode ser agradável um pouco de
dor?

—Talvez em algum momento, sim. Mas não agora, Sebastian. —Ela diz,
levantando-se, seu rosto corando de raiva. —Agora, quando me sinto pequena e

132
estúpida, porque o homem que ajudou a destruir minha vida se preocupa tão
pouco comigo, que ele ainda usa a camisa que eu lhe dei para buscar amigos na
estação de trem. Você tem alguma ideia de como é a sensação?

Levanto as palmas das minhas mãos para cima. —Relaxe, ok? Eu não
estava tentando...

—Eu não vou relaxar. —Ela encolhe com os dedos fechando-os em punhos
ao seu lado. —E eu vou-te dizer como é a sensação. Parece com uma bofetada, e
depois ter a pessoa que deveria te proteger, oferecendo-se para lhe dar outra
bofetada para fazer você se sentir melhor.

Meus lábios abrem, mas ela já está falando.

—Parece como fugir do parquinho para punir sua mãe por ignorá-la, para
voltar três horas depois, e perceber que ela nem sabia que estava desaparecida
porque ela desmaiou bêbada no carro com um cara que não é Papai Steve.

—Desculpe. —Digo gentilmente. —Eu realmente lamento.

—Bem, talvez eu não me importe. —Diz ela, levantando-se enquanto as


lágrimas enchem seus olhos. —Talvez eu esteja cansada das pessoas dizendo que
estão arrependidas, e das pessoas não dizendo que estão arrependidas e ser
enganada por todos, porque eu não sei como jogar esses jogos estúpidos.

—Não estou jogando nenhum jogo, Penny, estou...

—Oh, cale a boca, Bash. —Ela grita. —Tudo em você é sobre jogos. Como
aquela merda no trem esta manhã, agindo de forma estranha e depois olhando os
peitos estúpidos daquela mulher, apenas para conseguir uma reação estúpida
minha.

—Entendo que você está com raiva. —Digo meu próprio volume de voz
aumentando. —E você tem todo o direito de estar, mas não é em mim que você
quer descontar sua raiva.

—Não estou descontando a minha raiva! —Ela ergue as mãos,


empurrando as duas palmas no meu peito com uma força surpreendente.
133
Despreparado, dou um passo para trás, mas ela não para.

—Você é um idiota! —Ela sussurra, lágrimas derramando por suas


bochechas. —Você acha que sabe tudo, mas você não sabe. —Ela me empurra de
novo, mas desta vez estou pronto para ela e fico imóvel.

—Você não sabe de nada! —Ela explode, colocando tanta força em seu
próximo empurrão, que seus pés completamente deixam o chão. —Você não tem
ideia do que é estar desse lado do seu negócio estúpido!

Ela vem para mim novamente, mas desta vez, pego seus pulsos e levanto-
a no meu peito. —Então me diga Penny. Diga-me como é.

—Solte-me! —Sua expressão contorce com raiva enquanto tenta soltar


suas mãos, mas tenho um aperto muito firme. —Solte-me!

—Não até que você me diga como é. —Insisto, reforçando meu controle.
—Diga-me o que estou perdendo. Eu realmente gostaria de saber. Também
gostaria que você parasse de me atacar quando eu sei por um fodido fato, que eu
não sou a razão pela qual você está com raiva.

—Vá se foder, Bash. —Ela diz, mirando um chute nas minhas canelas que
esquivo. Um momento depois, varro seus pés debaixo dela e nos levo para o
chão.

—Vá se foder. —Ela rosna novamente enquanto pousamos no chão e rolo


em cima dela, empurrando seus braços sobre sua cabeça, prendendo seus pulsos
no tapete.

—Se você insiste. —Eu digo, esmagando minha boca contra a dela.

134
CAPÍTULO 25

Por uma fração de segundos, Penny fica rígida embaixo de mim, mas
quando minha língua traça seus lábios, exigindo entrada, ela abre com um soluço,
e sinto ecoar em todos os lugares do meu peito. E então, de repente, ela está me
beijando com a mesma paixão com que ela estava tentando chutar minha bunda.

Sua língua trava uma guerra selvagem e faminta com a minha, inundando
minha boca com gosto de champanhe, tristeza e essa mulher que é muito mais do
que o crédito que dão a ela. Nossos dentes batem através dos nossos lábios, e
dói, mas essa dor é muito melhor do que toda a merda emocional.

Essa dor vai levar ao prazer. A outra apenas a sugará até o fundo de um
buraco negro que ela nunca poderá sair.

Ela não percebeu, mas sei exatamente o que ela está sentindo. Nunca me
permiti chorar, mas depois que terminei com Rachael, passei várias horas deitado
no meu sofá pensando se havia algum motivo para me levantar.

Qual era a porra do ponto? Não queria mais Rachael de volta, mas
também não queria mais ninguém. Nunca mais quis me expor novamente a esse
tipo de dano. A primeira vez eu fui tolo e ingênuo caminhando na corda bamba,
ignorando a altura que havia para cair. Nenhuma mulher nunca tinha me
dobrado, então presumi que não poderia ser quebrado. Eu pensei que era
invencível, e então Rachael provou que eu não era.

Nem chegava perto.

Agora, dois anos depois, ainda não tive coragem de envolver meu pau em
um relacionamento íntimo, e Rachael era apenas uma mulher com uma fraqueza
por idiotas. Ela não era cruel ou manipuladora e com certeza, nunca teria aludido
a nossa história sexual diante da mulher que eu estivesse saindo atualmente.

Penny tem todo o direito de desmoronar. E, embora eu não seja a pessoa


de quem ela tem raiva, o que ela falava fazia sentido também.
135
—Desculpe. —Digo as palavras entre beijos enquanto solto os pulsos,
movendo minhas mãos para tomar seus seios através do vestido, apertando cada
punhado fenomenal. —Você está certa, eu fui um idiota. Você me fez olhar
duramente para mim na noite passada e não gostei, então descarreguei em você
esta manhã.

—Eu não quero falar. —Sua respiração era rápida enquanto ela se
atrapalhava com os botões da minha camisa. —Eu quero você nu e dentro de
mim. Agora mesmo.

—Nós ainda não temos camisinhas. —Lembro, enquanto a ajudo terminar


com os botões e tiro a camisa dos meus ombros.

—Estou tomando pílula. Eu não queria arriscar antes, mas se você me


jurar que está limpo. —Ela trabalha freneticamente no meu cinto, os dedos
roçando onde eu estou duro feito pedra, diamante, titânio. A tensão sexual
crepitante na cabine de trem combina com o sentimento selvagem e inesgotável
no meu peito, tornando absolutamente imperativo que eu entre em Penny.

Mas algo não parece certo.

—Fui testado no mês passado. —Asseguro-lhe. —E não fiz sexo sem


camisinha há anos, mas...

—Sem mais. —Ela agarra a bainha de seu vestido, se contorcendo no chão


até que seja capaz de puxá-lo sobre sua cabeça e jogá-lo de lado. —Apenas me
foda, Bash. Me foda agora.

E então ela está deitada embaixo de mim, com nada além de um sutiã de
renda preta e a calcinha que mal se vê, alcançando-me e fazendo-me esquecer de
tudo, lembrando-me apenas do quanto eu a quero. Preciso dela. Preciso lembrá-
la de que o mundo é tão cheio de prazer quanto de dor.

Meus lábios caem sobre os dela. Eu a beijo com fome, rugindo dentro de
mim enquanto deslizo minha mão na sua calcinha, gemendo quando sinto o
quanto ela está pronta. Ela está quente, e aperta incontrolavelmente os dedos
que coloquei dentro dela, o que faz meu pau pulsar de forma dolorosa.

136
—Agora. —Ela ofega contra minha boca enquanto enfia os dedos dos pés
no topo da minha cueca boxer, e empurra-a pela minha bunda, liberando meu
pau inchado. —Agora, Bash. Agora!

—Espere. —Tiro minha mão de entre suas pernas, não querendo que a
nossa primeira vez juntos seja no chão, com o sutiã e a calcinha ainda nela e o
jeans ao redor dos meus joelhos.

Mas então, sua mão está entre nossos corpos envolvendo meu pau, e o
pensamento racional torna-se uma coisa escorregadia. Ela puxa o tecido da
calcinha para um lado e encaixa a cabeça do meu pau onde ela está molhada. De
repente, estou pele a pele com uma mulher pela primeira vez em anos, e é Penny,
essa mulher que me tira do rumo com luxúria, e controle é uma coisa do passado.

Com um gemido de rendição, impulsiono para frente, afundando nela


centímetro por centímetro e Deus, ela é tão boa. Tão perfeita. Ela é insanamente
apertada; seu corpo pressionando meu pau por todos os lados, agarrando-me tão
ferozmente, que sei que vou ter que puxá-lo e diminuir o ritmo, ou vou gozar em
dez segundos, como um maldito adolescente.

—Sim. —Ela assobia suas unhas cavando em meus ombros. —Mais. Eu


quero mais. Dê-me todo-. —Seus calcanhares cavam na minha bunda, me
puxando mais profundo até que estou enterrado em sua boceta e parece que ela
está prestes a me espremer.

Eu sei que devo estar machucando-a, pelo menos um pouco, mas ela
claramente não quer isso lento e calmo. Ela já está moendo contra mim,
silenciosamente empurrando-me com cada movimento de seus quadris para
pegá-la, fodê-la, montá-la até fazê-la esquecer de todas as coisas que ela quer
esquecer.

E de repente, sem mais nem menos, percebo o que está errado.

—Espere. —Fixando seus quadris no chão com uma das mãos, me afasto
para olhar para ela, mas seus olhos estão fechados. —Olhe para mim, Penny.

—Por favor, não pare. —Ela implora seus olhos apertados. —Por favor,

137
não. Por favor.

—Não vou parar, mas preciso que você olhe para mim. —Digo o suor que
brota entre meus ombros e o pesado e dolorido sentimento em minhas bolas,
aproximando-se mais da dor do que do prazer. Está levando toda a minha força
de vontade para não me mover, para não empurrar nela novamente até que nós
dois explodíssemos, mas não vou fodê-la assim. —Por favor, florzinha, olhe para
mim. Abra esses belos olhos.

Seus lábios pressionam e o vinco entre as sobrancelhas se aprofunda, mas,


finalmente, depois de outro longo, silencioso e dolorido momento, seus olhos
abrem. Seu olhar encontra o meu, me puxando para o centro de sua tempestade,
no meio da dor e do arrependimento e o medo de que nada fará isso
desaparecer. É um lugar triste e assustador, mas sei que não precisamos ficar lá,
não se ela me deixar levá-la a um lugar melhor.

—De agora em diante, não quero que você pense em nada além de mim.
—Minha mão livre desliza de sua cintura para moldar suas costelas,
silenciosamente, deixando-a saber que eu a tenho. —Não se trata de esquecer
algo ou outra pessoa. Isto é sobre aprender como vai ser entre nós.

Ela solta sua respiração. —E-eu não sei se posso. —Ela sussurra, engolindo
com força.

—Sim, você pode, apenas mantenha seus olhos em mim. —Deslizo a alça
do sutiã pelo seu ombro, descobrindo um de seus seios, segurando seu olhar
quando encontro seu mamilo apertado e rolo suavemente entre meus dedos. —
Você sabe o quanto eu amo seus seios?

Sua língua desliza fora para molhar os lábios, e ela sacode a cabeça
ligeiramente de um lado para o outro.

—Estou obcecado por eles. Eles são a coisa mais bonita que eu já vi. —
Levo o meu polegar na minha boca e deslizo minha língua nele, amando a fome
que cintila em seus olhos quando devolvo meus dedos recém-molhados em seu
mamilo, aumentando minha pressão. —Desde o momento em que coloquei os
olhos em você, eu queria te tocar assim. Olhei para você e sabia que você era o
138
tipo de mulher que me deixaria de joelhos.

—Mentiroso. —Ela diz, mas o vinco entre suas sobrancelhas desapareceu,


e posso dizer que sua atenção está mudando.

—Não sou um mentiroso. —Lenta, deliberadamente, deixo seu peito e


começo a dar a seu outro mamilo a mesma atenção. —Eu imploraria, pegaria
emprestado ou roubaria para ter isto na minha boca novamente, e assim que eu
fizer você gozar pela primeira vez, será sua vez em cima. Eu quero senti-la
molhando meu pau enquanto eu lambo, sugo e mordo você, bem aqui. —Belisco
seu mamilo, fazendo sua respiração parar, antes de retomar meus círculos lentos
e firmes. —Quero que você me monte enquanto adoro seus seios até que você
goze tão forte, que não poderá se segurar e então, eu terei a minha vez
novamente. Porque quero tanto você, e sei que nunca vou querer parar.

—Você ainda é bom nisso. —Ela suspira, os quadris rolando contra os


meus.

—Você gosta de conversa sacana? —Me obrigo a permanecer imóvel,


mesmo que meus nervos estejam zunindo com a sobrecarga de sensações e meu
pau está pulsando com raiva dentro dela, desesperado para se mover.

—Quando você faz isso. —Suas mãos deslizam da minha cintura para
pegar meu traseiro, enquanto seus movimentos ficam cada vez mais urgentes. —
Você realmente tem uma boa conversa sacana.

—É apenas a verdade. —Encontro os círculos de seus quadris, mantendo


meu pau mergulhado profundamente enquanto cutuco com meu osso púbico seu
clitóris, sabendo que poderia me tornar viciado na forma como seus olhos se
derretem quando ela começa a se desfazer. —Estou louco por seu corpo e sua
mente, e não posso esperar para vê-la gozar. Você vai gozar para mim
novamente, Penny? Você vai gozar no meu pau?

—Sim. —Ela suspira, disparando. —Sim!

—Não feche os olhos. —Imploro desesperado para vê-la, ela toda quando
gozar. —Continue olhando para mim. Deus sim, querida, assim. Desse jeito

139
mesmo.

Seus lábios se separam e um gemido excitado escapa de sua boca bonita


quando ela goza, mas seus olhos permanecem abertos. E desta vez, enquanto
seguro seu olhar, lutando para não perder o controle, sua boceta me aperta de
uma forma requintada que é de longe, a melhor coisa que já aconteceu com meu
pau, não há tristeza em seus olhos. Só há uma maravilha e algo para o qual eu
não tenho um nome, mas isso me deixa fora de mim, indefeso para desviar o
olhar.

E quando começo a empurrar dentro dela, levando-a com força e rapidez,


enquanto ela envolve seus braços em volta do meu pescoço e me puxa para um
beijo que me destrói, não há nada além dela.

—Oh Deus. —Ela murmura contra meus lábios, me beijando entre as


palavras. —É tão bom, tão perfeito. Nunca pare, nunca, jamais pare.

Eu gemo contra sua boca enquanto deslizo minhas mãos debaixo de sua
bunda, colocando-a nas minhas palmas, inclinando os quadris até que estamos na
posição perfeita e merda, é o céu. É o paraíso. É o melhor lugar que já estive. Ela
está certa, isso é perfeito e não quero que isso pare.

Mas quando ela arqueia nos meus braços, seus seios pressionando forte
no meu peito enquanto ela volta, não posso segurar outro segundo. Gozo como
um foguete disparando em órbita, um som baixo e dolorido sai do meu peito
enquanto o prazer rasga através de mim. Estou me afogando na felicidade, me
afogando nela, em Penny e quando acaba e estamos deitados juntos, nossa
respiração ainda acelerada, ela envolve seus braços e pernas ao meu redor e se
mantém apertada, silenciosamente me deixando saber que ela me pegou.

Assim que recupero a função motora, eu rolo, puxando-a em cima de


mim, meu pau amolecido ainda dentro de sua boceta, e a acaricio do pescoço a
bunda com minha mão ainda tremendo enquanto nossos batimentos cardíacos
começam a diminuir. Nenhum de nós fala, mas ela pressiona um doce beijo no
centro do meu peito, e eu moldo minhas mãos em sua bunda espetacular com
uma reverência geralmente reservada para objetos sagrados, e fica claro que, o

140
que quer que seja que façamos juntos, será muito mais intenso do que esperava.

Ainda estou digerindo isso e tentando descobrir se isso é algo


preocupante, quando ela se levanta e diz com uma voz chateada: —E agora
vamos comprar um vinho e uma cesta de piquenique da vinícola, então
voltaremos aqui, ficaremos bêbados e vamos fazer isso quatro ou cinco vezes
mais. Talvez seis.

—Merda, sim, devemos. —Foda-se essas preocupações. Isso soa como a


melhor noite que tive em anos. —Acho que podemos ter mais seis. Ainda é cedo,
e não quero me gabar, mas o Incrível Bulk tem as habilidades de recuperação de
um adolescente de dezoito anos.

—Sim, sobre ele... —Ela sorri seus olhos escurecendo quando ela desloca
os quadris, lembrando-me de que ainda estou quase até as bolas no fundo de sua
boceta. Como se eu pudesse esquecer. —Por favor, diga a ele que sinto muito por
ter zombado dele. Ele merece o título. Ele é incrível.

—Você pode dizer a ele pessoalmente. —Digo, apertando seu traseiro. —


Talvez no banho depois que comermos?

—Parece perfeito. —Ela diz, seu sorriso desaparecendo quando ela


acrescenta: —Sinto muito pela outra coisa também. Nunca empurrei alguém
antes. Em toda a minha vida.

—Vou sobreviver. —Escovo o cabelo para longe de seu rosto. —Você é


metade do meu tamanho, florzinha. Você não poderia me machucar mesmo se
você estivesse realmente tentando. E você não estava.

—Eu sei, mas ainda me sinto terrível por isso.

—Não. —Abaixei seu queixo em minhas mãos e corri meu polegar sobre
seus lábios inchados dos beijos. —Não quero que você se sinta terrível. Na
verdade, estou disposto a fazer tudo o que for preciso para mantê-la assim.

—Recém fodida? —Ela pergunta os lábios curvando-se em um leve


sorriso.

141
—Feliz. —Coloco meus dedos em seu cabelo e dou uma leve puxada. —E
recém fodida. Os orgasmos ficam bem em você.

Ela ri, piscando seus cílios. —Bem, obrigada. Eles também parecem muito
bem.

—Não posso esperar para lhe dar mais. Para sentir você gozar no meu
pau, minha mão, para provar você na minha boca de novo...

Seu olhar levanta do meu peito para o meu rosto, um olhar chocado, mas
encantado em seus grandes olhos castanhos. —Não pode ser. Ainda não.

—Eu lhe disse que queria você em cima. —Flexiono minha bunda,
empurrando meu pau que rapidamente ficou duro entre suas pernas. —
Acontecerá assim: você vai se afastar o suficiente para que eu tire minha calça, e
para que você jogue essa calcinha no chão, e então você vai voltar para o meu
pau e seus seios vão ser meus.

Com a respiração vindo mais rápido, ela arqueia uma sobrancelha. —Você
sempre é mandão?

Eu alcanço sua costa, soltando o fecho de seu sutiã. —Não. —Acabo


confessando. —Nem sempre. Às vezes é melhor se ninguém estiver no controle.
Ser apenas selvagem, suado, maravilhoso, livre para todos. Você não acha?

—Acho que... —Ela engole, piscando enquanto aperta as mãos no meu


peito. —Sim eu acho. E estou feliz por você estar aqui. —Sua língua sai para
molhar seus lábios. —Obrigado por ser meu amigo.

—O prazer é meu. —Digo, enquanto deslizo o sutiã pelos braços dela. —


Verdadeiramente. Cada minuto.

E então eu a guio para baixo até seus seios estarem na minha boca e
começo a provar, um beijo de cada vez.

142
CAPÍTULO 26

As próximas quinze horas passam da melhor maneira possível. Tenho


Penny na cama, no chuveiro, onde ela concede ao Incrível Bulk um boquete que
ele não esquecerá tão cedo, no sofá e depois novamente na cama, antes que nós
dois desmaiássemos de cansaço induzido por tantos orgasmos.

Faz muito tempo desde que compartilhei uma cama com uma mulher e
não espero dormir bem, mas apago no segundo que minha cabeça bate no
travesseiro, e não acordo até o sol estar brilhando através das cortinas. Nessa
altura, a mão de Penny já está em torno do meu pau, convertendo uma ereção
matinal em algo mais grave.

Desta vez, eu a coloquei de quatro e entrei nela por trás, deslizando minha
mão sob seus quadris, encontrando seu clitóris e provocando com meus dedos
até ela gozar tantas vezes, que ela me implora para parar, para nunca parar, para
continuar fodendo até que seus ossos derretam.

—Isso parece doloroso. —Respiro, pressionando um beijo em seu


pescoço.

Ela geme. —Menos papo, mais ação.

—Eu vivo para servir. —Digo, prendendo a carne de seu ombro entre
meus dentes e mordendo.

—Oh, Deus, sim. Agora. Agora mesmo! Meus ossos estão derretendo
agora! —Ela grita, fazendo-me rir.

Mas logo estou muito ocupado gozando para rir, meu pau é ordenhado
pelo calor doce e apertado de seu corpo fechando-se em torno do meu, levando-
me de volta a esse lugar impecável que encontro cada vez que gozamos juntos.

Quando acaba, rolamos e eu a deito de conchinha enquanto recuperamos


o fôlego, com a certeza de que eu poderia permanecer nesta cama com ela o dia

143
todo e ficar completamente feliz.

—Eu acho que alcancei o nirvana. —Diz ela, fazendo-me sorrir contra seu
pescoço.

—Eu lhe disse que faria você ver Jesus.

Ela geme. —Não, não Jesus. Apenas luz e bondade. Deus puro, sem
pensamentos, estresse ou preocupações. Por alguns minutos eu realmente não
estava pensando em nada.

—Você está dizendo que eu fodi você sem sentido?

—Sim. —Ela diz com um suspiro feliz antes de balançar a cabeça. —Não,
acho que simples é uma palavra melhor. Simples é bastante surpreendente
quando você pensa sobre isso. Algo tão certo que não inspira nenhuma pergunta.
Simplesmente é. E é bom.

Eu penso nisso e decido que gosto dela assim: confortável e filosófica. —


Você pode estar certa, mas eu preferiria um adjetivo diferente.

—É mesmo? —Ela se vira, descansando a bochecha no travesseiro ao lado


do meu, um sorriso curva seus lábios. —Bom, não é o suficiente para você, Sr.
Prince?

—Nem perto de ser o suficiente. Não de onde estou sentado. —Escovo


um fio de cabelo ondulado de seu rosto corado. —Você é muito melhor do que
bom senhorita Pickett.

—Você também. —Ela diz, inclinando-se para pressionar um beijo na


minha bochecha. —Estou faminta. E você?

—Esfomeado. Vou verificar se eles entregam o café da manhã.

—Perfeito. Vou tomar um banho rápido e ficar pronta. —Ela sai da cama
com outro suspiro feliz e flutua para o banheiro. Eu a vejo ir admirando a curva
em forma de coração de seu traseiro, antes de escorregar dos lençóis para pegar
uma calça e uma camiseta.

144
Dirijo-me para a varanda da frente para buscar a cesta de alimentos para
o café da manhã incluídos na nossa estadia e, no momento em que Penny surge
com um roupão branco macio, eu já tenho o café pronto e servido. Nós levamos
nossas canecas e pratos cheios de frutas frescas e muffins de mirtilo caseiros para
a varanda ensolarada, onde a manhã de primavera está quente o suficiente, que
parece ser verão e assistimos os esquilos enlouquecerem enquanto comemos.

É uma coisa simples, comida compartilhada ao sol com os roedores nos


entretendo, mas não consigo me lembrar da última vez que me senti tão
satisfeito.

O contentamento dura até Penny me lembrar de que a simplicidade não


vai durar para sempre. —Estive pensando na segunda rodada com Phillip. —Ela
apoia seus pés descalços no topo do corrimão do deque de trás, coloca uma
framboesa entre seus lábios, e morde pensativamente. —Eu definitivamente
tenho que melhorar meu jogo.

—Sim. —Concordo. —Mas eu também vou fazer o meu jogo. Assim que
terminarmos de comer, vou fazer uma verificação de antecedentes sobre o
duende imbecil. Se tivermos sorte, na busca básica aparecerá alguma coisa, se
não, eu devo ter tempo para...

—Não, sem verificação de antecedentes. —Penny balança a cabeça, sua


atenção nos esquilos saltando de um lado para o outro entre as árvores. —Eu
aprecio a intenção, mas não quero ir por aí. Eu não quero arruinar Phillip. E se eu
quisesse, não precisaria da verificação de antecedentes. Eu poderia apenas contar
os detalhes do nosso relacionamento passado para a imprensa, e deixar a
máquina de fofocas correr selvagem.

Minhas sobrancelhas levantam. —Você quer dizer que eles não sabem
que você e Phillip estavam juntos antes que ele e sua mãe ficassem? E os
tabloides? Eu pensei que você disse que eles descobriram a história quando você
quase se afogou.

Ela assente com a cabeça. —Eles descobriram, mas era apenas uma
criança louca. Nada sobre Phillip e eu. Quando namoramos pela primeira vez,

145
passamos a maior parte do tempo em minha casa. Muitas pessoas na faculdade
não sabiam disso, e na segunda vez que namoramos foi apenas por algumas
semanas. Enquanto Phillip e eu mantivermos nossas bocas fechadas, as chances
são de que a verdade nunca sairá.

—A menos que...

—E isso está bem para mim. —Ela interrompe com uma voz firme. —É
melhor para as minhas irmãs, que teriam que viver com Anastásia quando ela
estivesse no meio do drama induzido pela imprensa. —Ela levanta um ombro e o
deixa cair. —Além disso, como eu disse, não quero arruinar a vida de Phillip, só
quero escapar da sombra que ele me lança.

Eu aceno com paciência. —Compreendo. E entendo não querer derramar


informações que atraiam atenção negativa para você ou suas irmãs. Mas acabar
com esse “dose de herpes” reduziria a sombra. Apenas algo para você pensar...

Dou de ombros como se não pudesse me importar menos com o que ela
decidisse, mesmo que esteja morrendo de vontade de cavar no passado de Phillip
e ver qual outra infâmia incriminadora e não relacionada com Penny posso
encontrar dele. O presunçoso deve ser derrubado, e sou apenas o bastardo certo
para fazer isso.

Penny ri. —Não. Mas gosto de seus apelidos para Phillip. Gostaria de
compilar em um livro, com ilustrações horríveis. —Ela coloca a língua para fora,
estremecendo antes de colocar outra framboesa entre seus lábios. —Não posso
acreditar que o achei atraente.

—Realmente? —Estudo ela secretamente enquanto pressiono as migalhas


de muffin do meu prato com os dedos. —Ele é um cara bonito. Um monte de
merda, mas bonito, devo admitir.

Seu nariz franze e ela parece ter problemas para engolir. —Aí credo. Não.
—Ela alcança sua caneca, tomando um gole de café. —Não posso ver isso. Em
absoluto. Quando olho para ele agora, tudo o que vejo é maldade. Prazer em
fazer o mau. Ele não se arrepende de uma única coisa terrível que já fez, desde
que ele fique mais perto de ser tão famoso quanto minha mãe.
146
—Como isso é para ele? —Pergunto, satisfeito com a resposta dela. Estava
dizendo a mim mesmo que não me importava se ela ainda estivesse presa a
Phillip, pois ainda está sofrendo por ele, mas essa é papo furado. Não quero que
ela esteja presa a outro homem, especialmente a um nojento como Phillip. Seria
como Rachael.

O pensamento me congela.

Não, não seria nada como Rachael. Eu e ela estávamos apaixonados,


planejando um futuro juntos, e fazendo um passeio ocasional nas melhores lojas
de joias de Manhattan, diminuindo a velocidade ao passar pela seção de anéis de
noivado. Penny e eu somos apenas amigos e colegas de trabalho.

E agora amantes...

Dei a ela outro olhar de lado para encontrá-la estudando-me com


expectativa. Pisco —O quê?

—Perguntei se você assiste TV.

Limpo minha garganta com uma risada. —Desculpa. Não tomei café
suficiente. Sim, vejo coisas importantes, como Sports Central, Comedy
Connection e o Earth Channel.

—Sério? —Seus olhos brilham. —Sou viciada no Earth Channel. Eles têm
uma programação incrível. Como antropóloga cultural, estou bastante
preocupada com os documentários sobre culturas indígenas, mas eles fazem isso
direito. Muita integridade e um compromisso de gravar um modo de vida sem
impor os costumes ocidentais na narrativa.

Murmuro ao redor da borda da minha caneca, segurando seu olhar


enquanto a coloco de volta na mesa de vidro entre nós. —Você fica sexy quando
usa grandes palavras.

Ela morde o lábio enquanto sorri. —Bem, obrigada. Você também. Fiz um
pouco de pesquisa no Google sobre os impactos psicológicos da cognição no
outro dia, depois de você ter mencionado. Confesso que fiquei um pouco excitada
quando terminei.
147
—Que tal você vir aqui e eu a deixarei muito excitada. —Estico-me para
ela, mas ela ri e tira minha mão.

—Não, temos que nos concentrar. Só temos algumas horas antes de


termos que ir para o almoço. Então, como eu dizia, se você assistisse televisão
você teria reconhecido Phillip no Law and Love, Violent Crimes Unit. Ele está em
sua terceira temporada, e foi indicado para o prêmio Emmy este ano. Ele também
estrelou alguns dos diferentes espetáculos da Broadway.

A informação me deixa mal-humorado. Meus lábios apertam —E você tem


certeza que não quer que eu faça algo sobre isso? Um pequeno escândalo
percorre um longo caminho quando alguém está no olho do público.

—Não, Bash. —Ela me olha com um olhar severo. —Estou falando sério,
não quero nada disso. Não é necessário. Ele não está feliz com suas conquistas,
mesmo assim. Ele quer uma carreira na tela grande. Tenho certeza de que ele
espera que minha mãe o ajude com isso. Ela está fora das telas há um tempo, mas
ainda tem muitas conexões valiosas. Embora ela não vá conectá-lo a sua turma
até que ela tenha obtido o que quer dele.

Eu franzi o cenho. —E isso é…

—Um jovem marido bonito. —Diz Penny suavemente. —Ela nunca teve
um desses antes, nem mesmo quando era jovem. Naquela época, ela estava
muito ocupada casando para alavancar sua carreira ou aumentar sua riqueza.
Acho que agora quer se casar por amor.

—Você acha que ela o ama?

—Eu acho que sim. —Ela envolve suas mãos ao redor da caneca, os
ombros tensos enquanto se agarra mais profundamente a seu robe. —Tanto
quanto ela ama qualquer coisa. Anastásia gasta tanta energia na própria
Anastásia, que não tem muito para dar a qualquer outra pessoa. —Ela estremece.

—Você está com frio?

—Não, mas podemos entrar.

148
—Não, gosto disso aqui. —Ela pousou a caneca na mesa. —Posso pegar
algumas meias. Meu corpo está quente, mas meus dedos do pé estão sempre
congelados.

—Eu sei disso. —Agito uma das mãos, fazendo um gesto para colocar seus
pés no meu colo. —Coloque-os aqui.

—Mas você está comendo.

—Já terminei de comer e minhas mãos estão sempre quentes. É uma das
muitas coisas magníficas sobre mim.

—Bem, nesse caso... —Ela coloca os pés no meu colo, seus lábios
pressionando enquanto envolvo minhas mãos em torno de seus dedinhos
gelados.

—Você tem sangue frio, não é? —Trago um dos seus pés a minha boca,
respirando em seus dedos antes de esfregá-los suavemente entre as palmas das
minhas mãos. —Tudo bem, então sem verificação de antecedentes e sem arruinar
sua carreira, mas ainda há coisas que podemos fazer. O que você disse sobre sua
mãe é importante. Phillip tem que saber que ele está em uma situação enganosa.
Ele não tem controle, pelo menos não o controle completo e pelo nosso breve
encontro, posso dizer que ele prefere ser aquele que puxa as cordas.

—Absolutamente. —Penny concorda, suas bochechas ficam vermelhas


enquanto ela me vê trazendo o outro pé para a minha boca. —Tenho certeza que
é parte do por que ele se comportou daquela maneira. Ele sempre foi capaz de
tomar as decisões por mim. Não sou muito manipuladora.

—Uma das muitas coisas que eu gosto em você.

—Obrigada. Um... então... —Sua respiração acelera. —Porra, esqueci o


que eu estava dizendo.

—Eu devo parar? —Provoco. —São as minhas habilidades para o


aquecimento dos pés que está lhe deixando muita excitada para se concentrar?
Os seus dedinhos bonitos são sua zona erógena secreta?

149
—Não. —Ela diz com o rosto ficando mais rosa. —É só... íntimo.

Arqueio uma das sobrancelhas. —Você se lembra do que estávamos


fazendo há meia hora.

—Lembro. —Ela olha para mim enquanto continuo a esfregar os seus pés.

—Mas isso saiu da área de amigos. Isso é diferente.

Seguro seu olhar, e o ar entre nós fica tenso com perguntas que eu não
tenho certeza se algum de nós sabe como responder. Finalmente, limpo minha
garganta e forço um sorriso. —Não é diferente. Faz parte de sermos amigos
íntimos. Você é minha amiga, e seus pés estão frios, e os amigos não devem
deixar que os amigos fiquem com os pés frios.

—Então você esfrega os pés de Aidan? —Sua testa franze para imitar a
minha.

—Sim. — Minto. —Mas não conte a ninguém. Ele não está à vontade para
compartilhar essa parte do nosso relacionamento publicamente. Ele não é tão
seguro de sua masculinidade quanto eu.

Ela assente com a cabeça, sorrindo. —Certo. Eu deveria saber. A barba


sexy e todos aqueles grandes músculos e tatuagens. Obviamente, ele está
compensando a falta de confiança em sua própria masculinidade.

—Exatamente. —Digo estreitando os olhos. —Meus músculos são tão


grandes e fortes quanto os dele, você sabe. A tatuagem torna-os maiores ao
olhar, mas isso é tudo ilusão.

Ela ri um som leve e refrescante que me faz sorrir, apesar por que gostei
de ouvi-la usar a palavra “sexy” para descrever meu melhor amigo. —Você é
engraçado. — Ela diz, o riso ainda colorindo sua voz. —E inesperadamente fofo às
vezes.

—Eu não sou fofo. —Exagero na minha resposta, e aperto os pés com
força o suficiente para fazê-la gemer antes de rir novamente. —Sou o homem que
derreteu seus ossos, não se esqueça.
150
—Não vou. —Ela pausa seu olhar em transe. Um momento depois, ela
senta em linha reta, os olhos arregalados enquanto tira os pés do meu colo. —É
exatamente isso. Essa é a resposta!

Concordo. —Claro que é. Qual era a pergunta mesmo?

—Como fazer o meu jogo. —Diz ela, estendendo a mão para bater no meu
ombro com seu entusiasmo. —Como lidar com Phillip! —Ela se levanta, pegando
sua caneca, o prato e juntando nossos guardanapos amassados em uma das
mãos. —Vamos. Vamos voltar para dentro. Não há tempo a perder. Preciso
praticar.

—Praticar o quê? —Pergunto, esperando que isso tenha algo a ver comigo
fazer seus ossos se derreterem novamente.

Ela para na porta, virando-se para bater os cílios na minha direção. —


Parecer estar desesperadamente apaixonada, é claro.

151
CAPÍTULO 27

Dos arquivos de e-mail de Sebastian “Bash” Prince e Penny Pickett

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Algo a ter em mente durante as entrevistas

Oi P,

Feliz domingo. Você ficou mais silenciosa que o


habitual neste fim de semana. Felizmente, isso significa que
você está em algum lugar se divertindo. Não há necessidade
de responder até amanhã, mas acabei de terminar meu
primeiro encontro com Cheyenne, e trouxe algumas coisas
que quero discutir com você antes de assinar com a nossa
próxima cliente.

Acho que estamos negligenciando uma parte importante


do processo de entrevista.

Ajudar as mulheres que são merecedoras e necessitadas


é a minha primeira prioridade, mas temos de nos certificar
de que nossas clientes serão capazes de manter seu lado do
acordo.

Quando estávamos em público, Cheyenne se encolhia


toda vez que eu tocava sua mão, Penny. Visivelmente

152
encolhida, como se eu fosse aquele tio assustador na família.

Finalmente conversei com ela e, no momento em que


ela notou que estávamos sentados em uma das mesas no
jardim em seu restaurante favorito, ela conseguiu parecer
“Não Completamente Repugnada Com A Minha Presença”,
mas nós tivemos que percorrer um longo caminho antes de
estarmos inspirados para uma cena de ciúmes épica.

Então, de agora em diante, adicionarei uma exibição


pública ao lado da orientação, e adoraria que você fosse
mais profunda com as perguntas da entrevista. Se alguém tem
ansiedade social ou qualquer trauma passado que possa
tornar difícil (ou impossível) de fingir que está loucamente
apaixonada por mim, é algo que preciso saber.

Pensando nisso, é incrível que não tivemos uma


situação como essa antes. Acho que tivemos sorte de que as
nossas primeiras clientes tinham um talento para o drama.

Não se preocupe com Cheyenne, não vou desistir dela


até darmos a justiça que ela merece, mas quero intensificar
nosso processo de pesquisa em andamento. Não quero afastar
as pessoas, mas também não quero falhar com elas.

Senti-me muito mal hoje, sentado lá, me perguntando


se eu pioraria as coisas para essa mulher que já passou por
coisas complicadas. Não quero colocar uma cliente (ou eu)
em algo assim novamente.

153
Falamos depois, Bash

De: Penny4PanelaDeLagosta

To: MagnificoBastardo1

Re: Algo a ter em mente durante as entrevistas

Oh Bash,

Sinto muito. Sinto que falhei com você.

Cheyenne e eu nos encontramos para um café perto do


meu apartamento para a nossa entrevista pessoal, e notei que
ela parecia um pouco ansiosa em um ambiente social, mas
nem pensei que seria um problema com você.

Acho que presumi que qualquer uma que se encontrar


com você se apaixonará um pouco, e isso não deixará
nenhuma energia para a ansiedade. Acho que esse foi o
fator-chave com as nossas outras clientes. Não que elas
tivessem um toque para o drama, mas no momento em que
terminaram a porção Bash de orientação, elas estavam
apaixonadas o suficiente para fazer o fingimento de estarem
loucas por você parecer real.

Então... talvez você só precise aumentar o charme com


Cheyenne?

Não sou uma especialista em flerte, mas você é. Talvez

154
ela só precise de uma pequena atenção extra para superar a
preocupação?

Deixe-me saber se há algo que possa fazer para ajudar,


e vou elaborar um adendo às perguntas da entrevista, e
enviar isso para você no final desta semana para obter seu
feedback.

Desculpe-me novamente.

*abraços *

Penny

P.s. Você é o mais distante de um tio assustador que


existe.

De: MagnificoBastardo1

Para: Penny4PanelaDeLagosta

Re: Algo a ter em mente durante as entrevistas

Você não falhou comigo.

Não seja boba. Os ajustes são uma parte normal da


execução de um negócio, especialmente um novo negócio.

Aprecio os abraços, os conselhos e a fé nas minhas


habilidades de flerte. Não pensei sobre um “pouco

155
apaixonada” antes, mas você pode estar certa. Nunca me
propus a manipular ninguém, mas flertar é a forma como eu
instintivamente deixo as pessoas à vontade...

Para empregar isso deliberadamente, no entanto...

Isso faria de mim um cretino? Ou qualificaria como


um conflito de interesses? Elas pensam que estou liderando?

Ou estou me preocupando demais com algo que é uma


parte natural dessa estranha carreira que eu decidi seguir?

Cheio de perguntas,

Bash

De: Penny4PanelaDeLagosta

Para: MagnificoBastardo1

Re: Algo a ter em mente durante as entrevistas

Sua carreira é um pouco estranha, mas também é


muito boa.

Você é como uma fada “padrinho”, mas muito mais


sensual ;).

Acho que o fato de você estar fazendo essas perguntas


prova que você vai ficar bem. Você saberá quando estabelecer

156
limites e quando tirar uma folga se necessário.

E você sempre pode dizer as clientes que tem uma


namorada de longa data. Deixe escorregar durante a
orientação que você está em um relacionamento sério, com
uma garota maravilhosa. Se elas acreditarem que você é
comprometido, isso pode ajudá-las a separar a fantasia da
realidade.

Vamos descobrir isso,

Penny.

Texto de Bash: essa é uma ideia brilhante! E tenho a


namorada falsa perfeita em mente...

Penny: Sim? Isso é ótimo!

Bash: Sim, ela é uma garota adorável, e as mulheres


sentirão interesse por nosso relacionamento, pois ela é a
mulher que as conectou em primeiro lugar.

Penny: Ah, não. Eu não!

Bash: Por que não? Todas as nossas clientes falam sobre o


quanto você é doce e maravilhosa. E todas elas são doces o
suficiente para não dar em cima do seu namorado. É o
arranjo perfeito.

157
Além disso, foi sua ideia. Você não pode dizer não.

Penny: Argh. Bem. Mas eu quero flores falsas no Dia dos


Namorados.

Bash: Você receberá flores reais no Dia dos Namorados e


cupcakes no seu aniversário. Minha maneira de agradecer
sua ajuda, namorada falsa.

Penny: faça desses cupcakes uma assinatura de um pote


por mês do Ample Valley Creamery, e você tem um acordo.

Bash: Considere isso feito. Você pode ser subornada com


sorvete... Vou manter isso em mente.

Penny: Mas apenas as coisas boas.

Bash: Não pensaria em enviar nada menos do que o


melhor, docinho.

Penny: obrigada, amiguinho do peito.

Bash: Apenas cuspi água em todo o meu celular.

Penny: Sou boa em escolher nomes de animais de


estimação. O que posso dizer?

158
159
CAPÍTULO 28

Depois de meia hora fazendo caretas para si mesma no espelho, enquanto


a observo da porta do banheiro, oferecendo conselhos e tentando o meu melhor
para não rir, Penny está pronta para praticar sua expressão irremediavelmente
amorosa com outra pessoa. Passamos as próximas duas horas olhando
amorosamente nos olhos um do outro, rindo e ensaiando conversas “privadas” e
melosas que pretendemos que Phillip ouça.

Não sei por que não pensei nisso antes, mas Penny está absolutamente
certa.

Um homem como Phillip, um sociopata que se alimenta de sua habilidade


de manipular outras pessoas, não se importa o quanto estou apaixonado por
Penny. Ele vai olhar para ela e avaliar as suas reações. Enquanto ela ainda parecer
vulnerável à sua influência, ele não vai querer saber se estou de joelhos e
implorando que ela se case comigo no almoço do casamento.

Lidei com ex como ele antes, e tive que treinar minhas clientes mediante o
tipo de desempenho necessário da parte delas para provocar seus antigos
amantes, mas por algum motivo, com Penny, não fiz a conexão imediatamente.

Talvez seja porque estou tão acostumado a pensar nela como uma amiga,
que deixei meu foco profissional escorregar. Ou talvez seja porque estava tão
ocupado fazendo amor com ela, como se meu pau estivesse prestes a cair, que
não havia tempo para pensar em mais nada.

Tanto quanto meu pau quer foder Penny várias vezes por dia como
procedimento padrão, é hora de aprimorar o problema em questão. À medida
que praticamos nossa rotina amorosa, resisto aceitar mais que alguns toques
afetuosos e um beijo persistente na bochecha.

Às dez e meia, posso dizer que Penny está se sentindo cem por cento mais
confiante do que no dia anterior.

160
Nós nos revezamos no banheiro, armando-nos para a batalha e saímos
para o refrescante dia primaveril parecendo prontos para caçar. Estou vestindo
calça cinza justa, e uma camisa azul marinho que abraça minhas costas e afina
minha cintura, roupas simples destinadas a mostrar o Magnífico Bastardo. Penny
está com um vestido listrado azul marinho e branco, com uma saia ampla e um
cinto vermelho na cintura, acentuando suas curvas. Seu cabelo está puxado para
cima em um elegante rabo de cavalo amarrado com um laço de linho vermelho
retrô, os dedos dos pés estão envoltos em sandálias vermelhas, e quando saímos
à luz do sol, ela desliza os óculos escuros vermelho no rosto, e empurra-os pelo
nariz.

Ela parece adorável, na moda, sexy e é tudo o que posso fazer para não
arrastá-la de volta para a casa e tê-la uma última vez antes de enfrentar o inimigo.

Em vez disso, estendo a mão para apertar sua bunda enquanto


caminhamos em direção ao carro e prometo: —Assim que voltarmos, vou
empurrar essa saia ao redor da sua cintura e ter você contra a parede mais
próxima.

—Jura? —Ela pergunta um sorriso curvando seus lábios vermelhos. —


Você vai tirar minha calcinha dessa vez?

—Talvez. —Considero a visão deslumbrante de seu decote, fornecida pelo


baixo, mas não muito profundo decote de seu vestido. —Talvez não. Depende do
quanto eu precise te foder. Você parece incrível. Prepare-se para ter todos os
olhos daquela festa colados em você enquanto anda. —Abro a porta do
passageiro e espero que ela deslize para dentro.

Ela para olhando para mim no sol brilhante do meio-dia. —Isso não
acontecerá com minha mãe nas redondezas, mas tudo bem. —Com uma
inclinação tímida de sua cabeça, ela estende a mão para entrelaçar seus dedos
nos meus, fazendo meu coração apertar no peito. —Não preciso de cada par de
olhos, querido. Só preciso do seu.

—Merda. —Balanço minha cabeça, rindo quando percebo o que ela fez. —
Isso foi bom. Por um segundo, esqueci que você estava fingindo.

161
Ela fecha a mão e soca o ar. —E o aprendiz se torna o mestre.

—Eu não iria tão longe, florzinha. —Digo secamente, acenando com a
cabeça em direção ao carro. —Agora coloque sua bela bunda no banco. Quanto
mais cedo chegarmos ao almoço, mais cedo vamos voltar aqui e comemorar sua
vitória.

— Nus. —Ela acrescenta com um sorriso.

—Tão nu como o dia em que você nasceu. —Digo, sorrindo em aprovação.


O aprendiz pode não se tornar o mestre, mas ela definitivamente está no
caminho certo.

Quinze minutos depois, estamos atravessando os portões do South Side


Iate Clube, e seguindo as setas de madeira com as palavras “Pickett e Davies”
pintadas sobre elas em direção à marina.

Lá, no amplo final gramado chegando próximo à água, descobrimos uma


decoração luxuosa. Duas tendas brancas, com as abas flutuando na brisa, abrigam
seis longas mesas de banquete decoradas com toalhas brancas e azuis,
acentuadas com arranjos de flores amarelas. Além da elegante área de refeição,
existem vários mastros amarrados com fitas, onde as crianças já estão correndo
para frente e para trás, emaranhadas nas sedas amarelas; uma elaborada mesa
de sobremesas com bolos e biscoitos, uma fonte de champanhe e arcos cobertos
de flores amarelas.

Eu vejo Phillip e a mãe de Penny, uma loira alta e impressionante, que


parece ser incrivelmente jovem para a idade dela e oriento Penny para longe da
pequena multidão reunida na tenda do bar, segurando os copos de Martini cheios
do líquido vibrante e amarelo. Durante a nossa preparação, Penny disse que
normalmente cumprimentaria suas irmãs primeiro, e hoje é tudo sobre mostrar
que Penny ainda é a mesma pessoa que ela sempre foi, com uma exceção muito
importante, ela é louca por mim e não se importa com quem saiba disto.

—Claro, as bebidas combinariam com o esquema de cores da festa. —Ela


murmura. —Eu não deveria me surpreender. Pergunto-me se alguém terá a
coragem de dizer a ela que os Martini parecem urina radioativa.
162
—Lembre-se, apenas pensamentos felizes, querida. —Enrolo meu braço
em volta de sua cintura, segurando-a perto, enquanto passamos das mesas para
os mastros. —Podemos discutir sobre os Martinis de urina mais tarde.

—Certo. Obrigada pela lembrança, bolo colorido.

Sorrio. —Não há problema, docinho.

—Você é o melhor, melzinho.

Bufo. —Gosto desse.

—Gosto da sua bunda. Gosto tanto que posso aconchegar-me nela mais
tarde. —Diz ela, a mão escorregando para dar um tapa na minha bunda.

Antes que eu possa retornar o favor, vozes agudas gritam: —Penny! —E


um momento depois, dois mísseis pequenos, mas sólidos, conectam-se a cintura
de Penny, levando-a para longe dos meus braços.

—Oi, meninas! —Penny ri quando envolve seus braços ao redor das


menininhas, que se encaixaram na sua cintura como carrapatos. —Estava com
saudades de vocês!

—Nós também, os fins de semana são tão aborrecidos sem a viagem para
o Brooklyn. —Diz a garotinha, um pouco mais alta e de cabelos escuros, voltando
para contemplar o rosto de Penny. —Você parece tão bonita, mana.

—Amei o seu vestido. —A irmã loira, claramente elas não são gêmeas
idênticas, desliza uma das mãos reverentemente pelo tecido da saia de Penny. —
Você deveria usá-lo o tempo todo.

—Bem, talvez não o tempo todo, mas obrigada. As duas. —Penny as


abraça firmemente novamente antes de levantar o olhar para mim com um
sorriso. —Agora há alguém que eu quero que vocês conheçam. Este é Bash, meu
chefe, que eu já falei muito para vocês. —Ela olha para a loira. —Bash, conheça
Edna. —Ela coloca uma mecha de cabelo castanho atrás da orelha da menina
mais alta, revelando um rosto notavelmente como o de sua mãe. —E Francis.

163
—Oi. —As meninas dizem juntas, examinando-me com uma curiosidade
desconhecida. Penny e eu concordamos em não atrair as crianças para o drama
do relacionamento falso se pudermos evitar, mas não posso resistir a dizer:

—É tão bom conhecer vocês duas. Penny é uma das minhas pessoas
favoritas. Vocês tiveram sorte no departamento de irmã mais velha.

Os sorrisos das gêmeas me deixam feliz por ter falado isso. Elas
claramente amam Penny e, portanto, gostam de ouvir que outras pessoas
apreciem as muitas qualidades boas de sua irmã mais velha.

—Penny é a melhor irmã mais velha. —Concorda Edna.

Francis enruga o nariz. —Ela é nossa única irmã mais velha.

—Mas mesmo se ela não fosse ela ainda seria a melhor. —Insiste Edna. —
Ela nos deixa dormir em nossa fortaleza de cobertor quando vamos para sua casa,
e temos sorvete para o café da manhã aos domingos.

—Sim e se Anastásia descobrir que eu estou alimentando vocês com


comida que não seja de coelho, orgânica, sem glúten e lactose, ela terá minha
cabeça em um espeto. —Diz Penny, olhando as duas garotas com um olhar
aguçado. —Então, vamos manter tudo isso em segredo quando mamãe estiver
por perto.

—Mantenha segredo sobre o que quando mamãe está por perto? —Uma
voz musical por trás de nós pergunta. Um segundo depois, as gêmeas correm
como um raio pelo gramado, como se estivessem fugindo da ira de Zeus.

O rosto de Penny franze e ela solta um palavrão, mas quando gira ela está
sorrindo de novo. —Oi mãe. Muito bom te ver!

164
165
CAPÍTULO 29

Preparando-me para a batalha, viro para encontrar o olhar azul magnético


de Anastásia Pickett, estrela de cinema, ex-modelo e candidata a Pior Mãe do
Ano. Ao invocar as minhas reservas de autocontrole, resisto ao impulso de lançar
dardos nela em nome de Penny.

Mas é difícil, especialmente quando os olhos da mulher varrem da minha


cabeça aos meus dedos dos pés, de uma maneira que deixa claro que ela está me
desnudando mentalmente, achando-me atraente e me perguntando o que estou
fazendo com sua filha.

É muito para transmitir com um olhar, mas a mulher é uma atriz e é


preparada para isso.

Ela é tão boa que quase acredito nela quando puxa Penny para um abraço
e diz: —É bom ver você também, querida. Estou tão feliz em finalmente ter você
em casa para uma visita. —Seu olhar move-se de volta para mim, a risada nos
olhos me convidando para compartilhar uma piada privada. —E este deve ser seu
amigo. Phillip gostou de conhecê-lo ontem, Sebastian.

—Chame-me de Bash, por favor. Ele gostou? Fico feliz. —Observo com
frieza, não interessado em sua piada, especialmente porque Penny parece ser o
alvo. Só conheço essa mulher por alguns segundos e já consigo ver por que Penny
não tem ideia do quanto ela realmente é impressionante. Com uma mãe como
esta, é uma maravilha que sua autoestima não esteja completamente na merda.
—Tenho medo de não me lembrar muito do nosso bate-papo. Penny teve uma
enxaqueca. Estava tão preocupado com ela que não estava prestando atenção a
mais nada.

—Sério? —Anastásia ergue uma sobrancelha. —Isso parece sério, Penny.


Você precisa ver o Dr. Green enquanto estiver em casa?

—Não, estou bem agora. —Ela se afasta da mãe e move-se para os meus
braços, olhando-me carinhosamente. —Acho que foi apenas um nervo
166
comprimido por dormir em uma posição estranha no trem. Bash se preocupa
demais.

—Não me preocupo o suficiente. —Inclino-me, pressionando um beijo na


sua testa. —Isso é o que acontece quando coisas preciosas nos preocupam.

—Molenga. —Penny acusa, fazendo-me sorrir.

—Culpado. —Digo. —O amor me deixa sentimental. Não consigo evitar.

—Tudo bem. Eu gosto de você sentimental. Apenas não deixe as meninas


ouvi-lo, ou elas irão te provocar até que implore por piedade.

—Posso lidar com provocação de crianças de oito anos de idade. Sou um


adulto.

—Você é. Uma das muitas coisas que eu amo sobre você. —Penny suspira
feliz, seus olhos brilhando. Até agora ela está tirando isso de letra. Tudo o que
resta é ela fazer isso na frente de Phillip, sem que nosso ato se despedace, e
estaremos de volta ao caminho da vitória.

—Que doce. —Anastásia fala. —Vocês dois são adoráveis.

Penny ruboriza. —Obrigada, mãe. É bom finalmente apresentar Bash a


você. Ele tem sido uma grande parte da minha vida há algum tempo.

—Claro. Estou tão feliz por vocês dois. Mas especialmente por você, bebê.
Você merece um homem bonito que seja louco por você.

Desloco minha atenção para Anastásia para encontrá-la radiante com


Penny, o que parece ser felicidade genuína. Observo o sorriso suave e o amor
enchendo seus olhos, e me pergunto se talvez eu tenha julgado mal Anastásia
Pickett. Talvez ela não seja um monstro. Ou não totalmente monstruosa, de
qualquer forma.

—Você se importaria de buscar suas irmãs? —Anastásia pergunta. —E


diga-lhes que elas não estão com problemas por tudo o que vocês três estavam
sussurrando? Quero que elas gostem das festividades e não que se preocupem se

167
vão perder os privilégios.

—Isso significa que posso deixá-las roubar um cupcake da mesa de


sobremesas antes do almoço? —Pergunta Penny. —Você sabe que ambas odeiam
o salmão.

A boca de sua mãe franze enquanto se desloca para o lado, fazendo com
que se pareça com Penny quando ela está relutantemente cedendo. —Bem. Mas
apenas um. E não as deixem sujar seus vestidos. Ainda não tivemos a chance de
fazer as fotos familiares.

—Pode deixar. —Penny diz com a cabeça para trás, sorrindo para mim. —
Quer que eu mate para você um cupcake enquanto eu estou caçando, bonitão?

—Não, obrigado, florzinha. Estou guardando espaço para o sorvete.

—Claro que está. —Ela ri antes de levantar a ponta dos pés para um beijo
rápido. —Volto logo, querido.

Eu a vejo ir com um sorriso que não é puramente para o benefício de sua


mãe. O saltitar em seus passos enquanto atravessa o gramado, buscando suas
irmãs, é fofo pra caramba. E, embora ela esteja claramente alheia a isso, as
cabeças giram quando ela passa. Provavelmente sempre olharam, ela apenas
estava muito ocupada para notar sendo o Patinho Feio para a sua mãe
egocêntrica.

—Eu ainda vou rir por último. —Anastásia fica ao meu lado, olhando sua
filha. —Todos os produtos assados são orgânicos, veganos e sem glúten. Mas não
vou contar a Penny até que ela e as meninas terminem com seus cupcakes.

—Diabólico. —Digo mais aberto para dar a essa mulher uma chance, do
que eu estava antes. Nada pode compensar o fato de que ela está se casando
com o ex-namorado da filha. Mas o amor percorre um longo caminho, e ela
parece amar suas filhas, uma suspeita que é confirmada quando ela diz:

—Apenas para que você saiba Penny não tem acesso algum ao meu
dinheiro. Ela enviou de volta todos os cheques que enviei nos últimos dois anos, e
insistiu em ser excluída do meu testamento. Não queria excluí-la, mas depois da
168
dor que causei a ela, senti que tinha que honrar seus desejos.

Aceno lentamente, dividido entre estar feliz por ver Anastásia tentando
proteger sua filha de um potencial caçador de fortunas, e chateado que ela
assumisse que essa fosse a única maneira que Penny pudesse encontrar um
companheiro dedicado. —Penny começou a trabalhar para mim como minha
assistente pessoal. Estou bem ciente de sua situação financeira.

—É mesmo? E o que você faz Sr. Prince?

—Consultor de negócios. —Digo, falando a mentira que Penny e eu


decidimos. —Mas eu costumava trabalhar em Wall Street, onde tinha uma
carreira bem-sucedida como um empresário canalha. Não vou procurar uma casa
em Hamptons tão cedo, mas fiz um bom trabalho. Não preciso namorar as
mulheres por causa do seu dinheiro.

—Então peço desculpas. —Ela diz, inclinando a cabeça. —Espero que você
não use essa conversa contra mim.

—Você não deveria se desculpar comigo. Você deve se desculpar com ela.
—Volto a assistir Penny, Edna e Francis caminhando na ponta dos pés em direção
à mesa de sobremesas, fazendo uma pausa para sussurrar uma com a outra a
cada poucos passos, claramente tendo transformado a busca por cupcakes em
um jogo. Sorrio quando meu peito começa a doer.

Ela é tão boa com elas, e elas adoram sua irmã mais velha. É pura besteira
que Anastásia ameaçou mantê-las separadas se Penny não aparecesse nessa farsa
de casamento.

A memória faz a minha voz ficar mais fria quando acrescento: —Ela é uma
das pessoas mais doces, mais sinceras e divertidas que já conheci. Mas você
quase a quebrou. E isso teria sido uma vergonha. O mundo precisa de pessoas
como Penny.

Anastásia balança a cabeça. —Eu sei. E acredite ou não, conheço minha


filha. Quando éramos mais jovens, nós éramos como irmãs. —Sua voz suaviza. —
Ou melhores amigas. Eu sei que me apoiei nela mais do que uma mãe deveria,

169
mas eu era adolescente quando engravidei e não tinha apoio do pai de Penny ou
da minha família.

Ela suspira. —Eu deveria ter sido a adulta, mas não estava pronta. E não
importa o tipo de apoio que eu precisava Penny sempre esteve lá, oferecendo
ajuda antes que eu pudesse pensar em pedir. Às vezes acho que ela me criou. É
por isso que tem sido difícil ser excluída de sua vida nos últimos anos.

Giro para encará-la. —E o que exatamente você esperava?

Ela encontra meu olhar acusador com a mesma intensidade. —Erros


foram cometidos e a situação foi mal dirigida, mas você não consegue escolher
quem você ama Sr. Prince. Certamente você pode entender isso se está tão
apaixonado por minha filha como você afirma estar.

Antes que eu possa assegurar-lhe que sou louco por Penny, que eu
mataria por sua felicidade e morreria por outra chance de estar enterrado até as
bolas no fundo de sua incomparável boceta, uma das gêmeas grita: —Ajuda!
Socorro! Ela não consegue respirar! Penny não pode respirar!

Giro para ver Edna pulando para cima e para baixo na grama, apontando
para Penny, cujos dedos estão envolvidos em sua garganta no sinal universal de
sufocamento. Francis está atrás dela, com seus minúsculos braços enrolado em
torno da cintura de Penny, mas ela é muito pequena para estar na posição certa
para a manobra de Heimlich, e o rosto de Penny já está vermelho, começando a
ficar azul.

Sou acometido por uma sobrecarga de pânico. Corro pelo gramado,


alcançando Penny muito antes de qualquer um dos outros convidados chegarem
perto.

—Mova-se, Francis. —Grito, grato quando a menina sai rapidamente.

Um momento depois, estou atrás de Penny, com o meu punho


posicionado logo abaixo do seu diafragma, empurrando bruscamente para dentro
e para cima com a outra mão. Os lábios de Penny abrem com um “Humph”
quando o que estava bloqueando, algo pequeno que brilha no sol enquanto voa

170
pelo ar e cai sobre a grama.

Os gritos assustados irrompem da multidão que se reuniu para observar o


drama, e uma das outras crianças que participam da festa grita: —Eca, que nojo!
—Mas estou muito preocupado com Penny para perder tempo olhando para o
pirralho.

Ela sorve uma respiração profunda e cai contra mim.

—Você está bem? —Corro uma das mãos tremendo para cima e para
baixo em seu tronco, precisando sentir seu abdome subir e descer para provar a
mim mesmo que ela está respirando. — Penny? Você está bem? Fale comigo.

—Estou bem. —Ela vira em meus braços, tremendo tanto quanto eu. —
Mas pensei que morreria Bash. Eu realmente pensei. Não conseguia respirar.

—Eu sei. —Meu coração ainda está batendo forte enquanto pego seu
rosto em minhas mãos. —Você me assustou pra caralho. O que aconteceu?

Ela pisca rápido. —Eu não sei. Um segundo eu e as meninas estávamos em


uma disputa para devorar o cupcake, e no próximo havia algo estranho em minha
garganta e não saia. Devia ter algo dentro do bolo.

—É o cupcake da noiva. —Edna segura um anel coberto de migalhas


empapadas entre Penny e eu. —Isso significa que você vai ser a próxima pessoa a
se casar, Penny! Você é tão sortuda!

Penny lança um olhar incrédulo sobre o anel flamejante com o diamante


falso de grandes dimensões. —Essa sou eu, tudo bem. Sortuda. —Seus olhos se
voltam para o meu, e isso é tudo o que precisamos para não nos conter.

Nós dois explodimos em risos, rindo tão forte que o rosto de Penny torna-
se vermelho novamente e meu estômago começa a doer, mas mesmo atraindo
uma multidão de espectadores curiosos, não consigo parar. Toda vez que acho
que estou recuperando o controle, pego seu olhar novamente e continuo rindo.

Nós rimos até que havia lágrimas em nossos olhos e nos apoiamos um no
outro para não cair na grama, e quando nos recuperamos, sinto como se tivesse
171
feito uma meia maratona.

—Jesus, isso foi doloroso. —Respiro, pressionando um beijo em sua testa.


—Estou feliz por você não estar morta, sua louca.

—Eu também. —Ela sorri para mim. —Obrigada por salvar minha vida.

—Sempre, florzinha. —Escovo um pedaço de cabelo de seu rosto com


ternura, não querendo pensar em um mundo sem Penny nele, e então ela diz:

—Eu te amo, Bash.

E sem pensar no fingimento ou na razão de eu estar aqui ou qualquer


coisa além dessa mulher, e quanto eu preciso que ela continue vivendo e
respirando, digo:

—Eu também te amo, Penny.

E pela segunda vez tudo para, e o meu coração e eu imaginamos se


talvez... apenas talvez…

Então vejo os olhos de Penny desviar para a minha esquerda.

Inclino minha cabeça para vislumbrar o cabelo loiro descolorido de Phillip,


flutuando no vento e, com uma pitada de descontentamento, lembro-me de que
tudo isso é fingimento. Fingir em benefício do bandido safado, que não parece
nada, quando puxo Penny para um abraço em meio às palmas dos convidados
reunidos.

E então, alguém na parte de trás da multidão me pede. —Coloque o anel


no dedo dela, filho! —E o olhar frio de Phillip se torna ártico.

—Lavei com água! —Edna diz, saltando para cima e para baixo com o anel
gigantesco sobre sua cabeça. —Não tem mais migalhas nele! Coloque no dedo
dela, Bash!

—Oh, meu Deus. —Penny murmura contra meu peito, os ombros


começando a agitar novamente.

172
Aceno sério enquanto examino a multidão sorridente, evitando
deliberadamente o olhar de Phillip. —Tudo certo. Acho que quando o momento
perfeito aparece você só precisa ir com ele.

—De jeito nenhum. —Penny se contorce no meu braço, rindo enquanto


aponta um dedo firme no meu peito. —Não se atreva, Bash. Não se atreva a
propor com o anel que quase me sufocou até a morte.

—Mas é tão romântico. —Provoco, tirando o anel de Edna. —


Provavelmente, tem vestígios de seu DNA alojado onde ele raspou na sua
garganta para sair.

—Aí credo. Não! Isso é terrível! —Penny ri com mais força antes de
respirar profundamente e forçar os olhos para longe. —Estou falando sério, Bash.
Não! Esta não é a história que quero contar aos nossos netos. É muito
embaraçoso.

—Ela está certa. —Diz Francis, seriamente. —Foi assustador, e o som que
ela fez quando saiu foi nojento.

—Penny não poderia ser nojenta mesmo se tentasse. —Digo, mas vou em
frente e coloco o anel no bolso da frente das minhas calças. —Mas desde que
somos dois contra um...

—Dois contra dois. —Edna pega minha mão, sorrindo para mim quando
ela acrescenta: —E quase nunca voto contra Francis.

—Bem, obrigado. —Meus dedos enrolam em torno de sua mãozinha


enquanto aceno com a cabeça, tocado por seu apoio. —Eu aprecio isso, Edna.

—Você pode me chamar de Eddie, todos os meus amigos me chamam


assim.

—Tudo bem, Eddie. Mas acho melhor ouvir Penny. Como ela é a única que
eu quero que diga sim.

—Eu direi sim. —Penny enfiou os dedos na minha mão livre. O riso
desapareceu de sua expressão, e ela está olhando para mim como se eu fosse a
173
única coisa que ela precisasse em todo o mundo. —Ofereça-me qualquer anel
que não tenha saído da minha garganta e eu serei sua, Bunda Aconchegante. Para
toda a vida.

Eddie cai na risada. —Bunda Aconchegante!

Penny sorri levemente, mas o brilho nos olhos não diminui. Ela ainda está
olhando para mim, como se ela não pudesse esperar para ser minha, e Deus me
ajude, neste momento acho que gostaria disso. Gostaria de saber que esses
dedos vão ficar entrelaçados entre os meus, e que minhas mãos não serão apenas
as primeiras a tocá-la desde que Phillip partiu seu coração, mas as últimas.

Mas antes que eu possa puxá-la de volta para meus braços e sussurrar
algo louco que não possa voltar atrás, os sinos tilintam na direção das mesas, e
uma voz profunda de barítono anuncia no alto-falante: —Senhoras e senhores,
por favor, tomem seus lugares, o almoço será servido.

E então, Penny e eu estamos sendo empurrados para as mesas por Edna e


Francis, que tomam a liberdade de trocar nossas placas com as duas crianças
sentadas ao lado delas. Nós acabamos comendo na mesa das crianças, cercados
por crianças reclamando sobre o salmão, os adolescentes fazendo piadas e dois
adolescentes olhando desconfortavelmente um para o outro, mas não me
importo. Sou grato pela distração. Claramente preciso de um lembrete sobre a
diferença entre a realidade e a fantasia.

A realidade é que Penny é minha funcionária, minha amiga e uma mulher


que não tem interesse em um relacionamento. Esse foi o objetivo de se envolver
comigo. Ela não quer um monte de bagagem emocional; ela só quer estar
próxima de alguém novamente.

Fisicamente perto.

Isso é sobre sexo, puro e simples. E de repente, eu me sinto mais como


um gigolô como eu nunca me senti antes.

—Você vai comer seu pão? —Eddie pergunta, aproximando-se para


enterrar seu dedo mindinho no pão que está em meu prato.

174
—Não. —Digo. —É todo seu Ed. Desfrute. —Sinto uma mão na minha
coxa, e viro-me para ver Penny sorrindo para mim.

Ela sorri. —Obrigada. —E passa o pão do seu prato para o meu.

Mas eu não quero o pão dela. Não tenho certeza do que quero, mas não é
o pão.

Infelizmente, também, provavelmente, não é algo que Penny esteja


disposta a dar, o que significa que isso deve parar. Penny e eu podemos
aproveitar o resto deste fim de semana, foder bastante até construirmos algumas
boas lembranças, e então, as coisas voltarão ao normal. Vamos voltar para a
cidade, às nossas vidas separadas e eventualmente, vou esquecer em um dia ou
dois, que eu estava bastante seguro de que estava me apaixonando pela minha
melhor amiga.

175
CAPÍTULO 30

Depois de quase duas horas na festa, dizemos adeus a Edna e Francis,


agradecemos a Anastásia pelo o ótimo almoço, e vamos em direção ao carro.

Assim que estamos seguros dentro do carro, Penny joga seus braços ao
redor do meu pescoço e grita: —Nós conseguimos! Oh meu Deus, foi tão
perfeito, Bash, mal posso acreditar. Phillip mordeu o anzol, a linha e a isca. Você
viu como ele estava de cara amarrada durante o almoço?

—Vi. —Eu a abraço, ignorando o sentimento triste agitando o meu


estômago. Não há sentido em dizer a Penny sobre a minha decisão de acabar com
a parte sexual do nosso relacionamento assim que saíssemos de Long Island, não
quando ela está feliz e comemorando sua vitória bem merecida.

Isto é o que eu estou aqui para entregar, uma experiência de vingança


positiva para uma mulher, em cima de seu antigo amante que lhe enganou. Eu
deveria estar comemorando junto com ela, e não afundando na minha própria
angústia atual.

Em um esforço para ser mais festivo, sugiro: —Quer ir à cidade, pegar um


pote enorme de sorvete, e ficar louca com um pouco de chocolate com menta em
homenagem ao seu sucesso?

—Não. —Ela volta para seu assento, mas mantém seus braços em volta do
meu pescoço. O olhar em seus olhos é puro, sensual. —Prefiro ficar louca com
você. Nunca fiquei nua com um herói antes.

—Não sou um herói. —Digo, quando giro a chave na ignição, pronto para
voltar para o chalé e ficar nu com Penny, em dez minutos. Se eu tiver apenas mais
alguns dias, vou aproveitar ao máximo cada minuto que estiver sozinho com ela.
—Havia dois médicos lá hoje. Se eu não tivesse chegado a você em primeiro, um
deles teria feito às honras.

—Bash, você salvou minha vida. —Ela entrelaça seus dedos nos meus
176
enquanto dirijo o carro pela estrada pavimentada que se afasta da baía. —Talvez
isso não seja uma grande coisa para você, mas é para mim.

—É claro que é uma grande coisa. Não consigo imaginar a vida sem você.
—Apertei sua mão. —Na verdade, é uma mentira. Posso imaginar e não gosto
disso. Você está proibida de morrer. Estou acrescentando isso ao seu contrato.

—Parece bom. —Ela diz com um suspiro feliz. —Nós formamos uma boa
equipe.

—A melhor. —Concordo, ignorando a dor no meu peito enquanto


acrescento: —Você estava perfeita hoje. Acertou em cheio e mais um pouco. Se
eu não soubesse, pensaria que realmente seríamos o próximo casal na fila.

—Eu sei. —Seus pés tocam alegremente o assoalho do carro enquanto ela
ri. —Nunca vou me esquecer do olhar no rosto de Phillip depois que eu disse que
amava você. Ele parecia como alguém que perdeu seu balão e ele apareceu bem
na sua frente.

E nunca vou esquecer a maneira como os limites imaginários borraram


quando você falou essas três pequenas palavras.

—E devo tudo a você. —Continua ela. —Obrigada pelo melhor tempo que
tive em anos. —Inclinando-se, ela pressiona um beijo na minha bochecha antes
de sussurrar contra minha pele. —Agora nos leve para o chalé rapidamente,
Bunda Aconchegante. Não posso esperar para estar com você. Estive sonhando
acordada com seu pau o dia todo.

Concentrando-me em suas palavras sexys, e na dureza que elas inspiram,


alcanço e deslizo seu vestido alto o suficiente para conseguir colocar uma das
mãos enroladas em torno de sua coxa nua. —Seu desejo é uma ordem, ursinha.

Foda-se os sentimentos. Haverá tempo para sentimentos e


arrependimentos depois, depois de ter tido Penny contra a parede, no chão e
dobrada sobre a parte de trás do sofá com sua bela bunda no ar.

Aumento o limite de velocidade no caminho de volta para o chalé, e assim


que desligo o motor, Penny e eu saímos do carro, correndo juntos pelos degraus.
177
No momento em que a porta se fecha atrás de nós, colidimos; as bocas
encontram-se com uma urgência digna de duas vítimas de naufrágio
abandonadas em ilhas separadas. Minha língua varre entre seus lábios e seus
dedos agarram os meus ombros e, em segundos, tiro sua calcinha e as pernas
estão enroladas em minha cintura enquanto eu pressiono suas costas contra a
parede.

—Sim, agora. —Ela diz com uma voz sensível e sem fôlego. Sua mão
mergulha entre nós, alcançando a minha calça e escovando contra onde eu estou
duro o suficiente para quebrar o vidro. —Preciso de você. Agora mesmo. Lento
depois.

—Não quero machucá-la. —Gemo enquanto minha mão encontra o céu


entre suas pernas, e meus dedos deslizam por onde ela já está chorando por mim.
—Foda-se Penny. Você está tão molhada.

—Eu disse a você, pensei nisso durante todo o dia. —Ela passa os dedos
nos meus cabelos, unhas roçando meu couro cabeludo enquanto se contorce
contra a minhas mãos. —Sobre você e eu e o quanto é perfeito. Quão incrível é
ter você dentro de mim. —Sua respiração passa pelos meus lábios, cheirando a
champanhe e os morangos que ela comeu de sobremesa, fazendo-me doer para
ter outro gosto dela. —Por favor, Bash, eu...

Suas palavras tornam-se um gemido quando cubro sua boca com a minha
e deslizo minha língua entre seus lábios. Ela é tão doce, a coisa mais doce que eu
já provei, e não tem nada a ver com o que ela comeu na sobremesa. É tudo ela,
toda Penny, e com cada beijo, estou ficando mais viciado em seu gosto, seu toque
e a maneira como ela se encaixa contra mim com uma maldita perfeição.

Mas só tenho mais alguns dias para aproveitar, e não pretendo apressar
um único minuto.

Vou fodê-la contra esta parede, mas primeiro, vou tê-la com a minha
boca, até que a evidência do quanto ela me quer escorra pelo o meu queixo, e
não consigo pensar em nada além de quanto é bom saber que estou prestes a
enterrar minhas bolas no fundo de sua bocetinha.

178
—Braços para cima. —Ordeno quando a coloco de pé e alcanço a barra de
seu vestido. —Preciso ver o que é meu. —Ela obedece, provando que ela é minha,
pelo menos por esta noite, e com alguns movimentos rápidos retiro seu vestido e
o sutiã branco sem alças que encaixava em seus seios.

—Isso é melhor. Estes nunca devem ser cobertos enquanto estivermos


juntos. —Meus dentes cavam no meu lábio inferior enquanto coloco seus seios
em minhas mãos, provocando seus mamilos já eretos com meus polegares,
sacudindo-os, e sua respiração estremece. —Agora, espalhe as pernas e incline-se
para trás.

—Mas Bash, eu...

—Não hoje, florzinha. —Movo meu polegar para cobrir seus lábios,
intensificando a pressão sobre o mamilo ainda preso entre meus dedos. —Hoje
estou no controle, e você vai fazer o que eu digo. E em troca, vou fazer você gozar
até que não consiga lembrar seu próprio nome. Você pode embarcar nessa?

Com os olhos cheios de desejo, Penny assente enquanto a língua


escorrega para lamber meu polegar, fazendo meu queixo apertar. Eu deslizo meu
polegar entre seus lábios e ela me suga, sua língua trabalhando contra minha
pele, imitando a forma como ela chupou meu pau ontem no chuveiro. Meu pau
incha com aprovação.

Ela é tão insanamente sexy tão madura e pronta para o prazer, e não
posso esperar para lhe dar tudo o que ela pede silenciosamente.

—Tudo bem, querida. —Tiro meu polegar de seus lábios. —Então se


incline para trás e espalhe essas pernas bonitas.

Afastei-me, trabalhando nos botões da minha camisa enquanto ela aperta


as mãos na parede e muda seu peso, seus seios balançando em minha direção.
Vestindo nada além desses saltos vermelhos e uma expressão de foda-me, ela é
deslumbrante.

E isso é exatamente o que eu precisava para recuperar o controle, lembrar


que não estou à mercê de ninguém ou de nada, a menos que eu me permita

179
estar.

Passei os últimos dois anos com meu coração escondido em uma caixa à
prova de balas embaixo da minha cama. Sou profissional em Sexo Sem
Sentimentos. Tenho um diploma em Foda Casual e, de agora em diante, vou me
certificar de que as coisas fiquem casuais.

Casual, mas ainda quente como o inferno.

180
CAPÍTULO 31

—Mais amplo. —Tiro minha camisa, acenando com aprovação, enquanto


Penny espalha suas pernas o suficiente para que eu veja o rosa brilhante entre
elas. —Perfeito. Você é tão linda.

Meu olhar varre de cima a baixo, de seus lábios inchados por causa dos
beijos, até seus dedos dos pés pintados de cor cereja, enquanto faço o meu
melhor para manter esse momento na memória. Quero me lembrar da maneira
como ela está agora, com cada centímetro dela exposto apenas para mim.

—Agora quero que você me faça uma promessa. —Aproximo-me,


apoiando minhas palmas na parede em ambos os lados do seu rosto.

—Qualquer coisa. —Ela sussurra a palavra enviando uma sacudida de


eletricidade diretamente para o meu pau, confirmando que eu estava no melhor
do meu autocontrole mantendo a minha calça.

Abaixo, levantando as mãos e levando-as para os seios. —Quero que você


se toque. Brinque com esses lindos peitos enquanto balança contra meu rosto,
mas não goze até eu lhe dar permissão.

—Tudo bem. —Ela pega seus seios, a visão de seus dedos apertando
ligeiramente seus mamilos, é o suficiente para fazer meu pau latejar dentro da
braguilha.

—Boa garota. —Corro minhas mãos na curva de sua cintura para apertar
os quadris, enquanto me inclino para um último beijo. Fodo sua boca com a
língua, possuindo cada centímetro de seu doce calor, prometendo
silenciosamente que vou fazer o mesmo com sua boceta.

Aguardo até que sua respiração venha rápida e um gemido suave vibre
contra meus lábios, antes de abandonar sua boca e descer para sua garganta,
mordendo e lambendo a elegante coluna de seu pescoço. Trilho um caminho de
beijos entre seus seios, pausando para passar a língua em seus mamilos, onde
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seus dedos ainda estão, obedientemente, rolando e apertando, antes de me
mover mais abaixo. Círculo a cavidade do umbigo com a minha língua, belisco a
suave curva do abdome, e paro com a minha boca sobre os cachos escuros entre
suas pernas.

Abro a boca, aqueço-a com a respiração enquanto inalo o cheiro de


excitação dela. Hoje ela tem um perfume leve e pungente, que me faz lembrar de
uma fábrica de saquê que eu visitei no Japão. Como fermentar frutas, esmagar as
maçãs e resfriar a água limpa em colheres de madeira. Por um momento, acho
que gostaria de um livro de receitas, com nada além de descrições, da forma
como a boceta de Penny cheira num determinado dia, mas afasto o pensamento
antes que ele possa escapar dos meus lábios. Este não é o momento de
provocações ou piadas. As provocações e as piadas levam a rir e sentir coisas, e
agora, quero apenas foder.

Virando a cabeça, traço sua coxa com o nariz, meus olhos fechados
enquanto memorizo seu perfume. Ela cheira a algo novo, mas antigo, algo tão
misterioso que não tenho certeza se entenderei, mas simples e sinto como se eu
a conhecesse a vida toda.

Como se a conhecesse por toda a sua vida. Ou talvez estivesse esperando


para conhecê-la.

Lá se vai foder sem sentimentos.

Minhas pálpebras se abrem com um suspiro, trazendo-me cara a cara com


os olhos do peixe-boi mal tatuado. O Sr. Bigodes. Maldito Sr. Bigodes.

É uma tatuagem terrível, mas não há razão para ela ter vergonha, ou para
esconder seu corpo bonito e seu coração ainda mais bonito por causa de algo
assim. Isso é profundo e Penny é muito mais do que só pele.

Por impulso, pressiono um beijo na testa do Sr. Bigodes e, em seguida,


para cada uma de suas presas mal representadas, movendo-me para frente e
para trás, até que beijei cada centímetro de tinta de cima a baixo. Acabei de
passar a minha língua ao longo da pétala de rosa da cauda de aparência
assustadora do peixe-boi, quando Penny sussurra meu nome.
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Levanto meu olhar encontrando seus olhos brilhantes, e minha respiração
para.

Ela está me olhando do jeito que ela me olhou esta tarde, mas agora não
há mais ninguém para observar. Não há ex para fazer ciúmes, sem mães para
manipular, ninguém para fazer de tolo ou enganar. É só ela, eu e aqueles olhos
suaves que prometem coisas que ninguém mais tem.

Coisas como o suficiente, segurança e casa. E talvez um pequeno pedaço


da eternidade.

—Você é tão bonita. —Coloco minha mão na sua coxa, cobrindo a


tatuagem, sentindo o pulso constante e urgente de seu sangue sob meus dedos.
—Nunca duvide sobre o quanto você é bonita. Cada parte, dentro e fora.

Sua garganta move-se enquanto ela engole. —Você faz parecer tão fácil.

—É fácil. É a verdade.

—Parece verdade. —Ela sussurra, tirando o cabelo da minha testa com


dedos gentis. —Quando estou com você.

—Então você deve ficar comigo. —As palavras saem da minha boca antes
que eu possa detê-las. Mas foda-se. Não quero detê-las. Não quero parar. Quero
mais do que um longo fim de semana ou alguns meses de sexo casual, e se
depender de mim, quando Penny e eu voltarmos para casa no sábado, ela vai
querer o mesmo.

E não a tempo melhor do que o atual para começar a fazer o meu caso.

Segurando seu olhar, coloco minha mão entre suas coxas, deixando suas
pernas mais distantes enquanto pego sua bunda. —Você deve colocar suas mãos
de volta em seus seios. —Lembro a ela. —Quero assistir você se tocar enquanto
devoro cada centímetro dessa linda boceta.

—Sim senhor. —Ela diz, fazendo-me zumbir.

—Gosto disso. —Pressiono um beijo em seus cachos úmidos enquanto

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seus dedos encontram seus mamilos. —Gosto muito.

—E gosto dis... oh meu Deus!

Minha língua encontra seu clitóris, enviando um calafrio ao seu corpo


enquanto beijo, lambo, sugo e provoco. Faço amor descarado com sua boceta,
confessando todos os meus segredos no calor molhado e na doçura de seu corpo.
E é muito mais do que fazê-la gozar, embora eu fizesse. Duas vezes.

Trata-se de romper barreiras e deixar os corações saírem do armário, abrir


cortinas e deixar o sol brilhar em todos os nossos cantos sombrios e tristes. É uma
explosão mental, uma fusão nuclear. Faz tanto tempo, que quase esqueci o que é
foder com sentimentos, esqueci a maneira como eles transformam algo bom em
algo que pode salvar o mundo.

Ou talvez apenas um homem.

Quando paro, tirando minha calça, não estou pensando em nada além do
quanto preciso estar ainda mais perto dela, tão perto que esqueço que nunca
houve um tempo em que ela não era minha. Estou tão longe, tão desesperado
para estar dentro dela, que todos os pensamentos de levar isso para o quarto,
desapareceram.

No segundo que meu pau está livre, coloco Penny em torno da minha
cintura, e me dirijo para dentro dela, gemendo enquanto empurro para onde ela
está quente e ainda pulsando da segunda vez que a fiz gozar na minha boca. E ela
é o paraíso, perfeição, tudo o que eu sempre quis e tudo o que eu era muito
estúpido para querer.

Ao me dirigir para dentro de seu corpo acolhedor, estou cheio da garantia


explosiva de que é aqui que eu deveria estar. Aqui com ela, porque nada mais
importa como isso importa.

Ela soluça contra meu pescoço, envolvendo seus braços e pernas à minha
volta tão forte, que posso sentir o eco de seus batimentos cardíacos no meu
peito. —Eu amo isto. Amo muito isso.

—Eu também. É tão bom com você. Tão perfeito. —Dirijo entre as pernas
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dela, fodendo-a com força e rapidez, incapaz de levar as coisas devagar, não
importa o quanto eu queira fazer isso durar. Mas já estou muito longe,
desesperado para gozar, para me perder tão profundamente dentro dela, que ela
me sentirá por dias.

O melhor que posso fazer agora é aguentar até que a faça gozar pela
terceira vez.

—Você vai gozar para mim novamente? —Arrasto meus dentes através da
pele sensível, entre seu ombro e seu pescoço, mordendo enquanto sinto sua
boceta apertar em torno de mim em resposta. —Você vai gozar no meu pau,
querida?

—Sim. —Ela suspira, balançando contra mim, me impulsionando para


empurrar. —Estou tão perto. Deus é tão bom.

Aperto meu maxilar, lutando contra a onda de bem-aventurança sobre


mim, ameaçando puxar-me para baixo, recusando-me a gozar até senti-la gozar.
Levanto um de seus joelhos ainda mais alto, e agarro sua bunda, alavancando-a
mais perto, até que estou moendo contra seu clitóris no final de cada impulso, e
os sons da nossa união enche o ar.

Sons quentes, pegajosos, urgentes e selvagens, que tornam a pressão nas


minhas bolas, insuportável. Estou a poucos minutos de perder a luta contra o meu
orgasmo, quando seu corpo pressiona ao meu redor apertando meu pau. Sou
impotente para fazer qualquer coisa, mas encosto-a na parede com meu último
impulso, e gozo como se o mundo estivesse acabando.

Gemo algo inteligível quando meu pau começa a latejar dentro de sua
boceta, contra a entrada de seu ventre. Posso sentir o anel duro contra a ponta
do meu pau e, pela primeira vez na minha vida, estou profundamente consciente
de que, sem a interferência das pílulas que ela toma todas as manhãs,
poderíamos fazer um bebê agora.

Surpreendentemente, o pensamento me deixa ainda mais duro.

Nunca pensei na perspectiva de engravidar uma amante, nada além de

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assustador, até mesmo com Rachael, eu não estava pronto para ter um bebê e
sermos três, mas o pensamento de Penny grávida do meu bebê leva meu
orgasmo a um nível completamente novo. Imagino a forma como seus seios
aumentariam junto com sua barriga, todo o seu corpo se transformando por
causa do que fizemos juntos. Ondas de uma profunda satisfação vêm através de
mim até meus joelhos ficarem bambos, e eu teria deslizado para o chão levando
Penny comigo, sem a parede lá para me segurar.

Finalmente meu pau começa a se acalmar, e o último dos tremores que


espalham através de mim diminuem e fico apegado a Penny; os batimentos
cardíacos diminuindo gradualmente na sequência da nossa foda muito quente.

Talvez a melhor foda, mas no momento, estou muito lento por causa do
meu orgasmo, para fazer esse tipo de ligação. —Uau. —Ela finalmente diz, sua
respiração ainda rápida contra minha bochecha.

Estou muito satisfeito para fazer algo além de dar um grunhido, e a


resposta de Penny soa como um zumbido de aprovação.

Normalmente, a troca me faz sorrir. Mas não há nada de engraçado com


os pensamentos que passam pela minha cabeça, pensamentos de tomar Penny
nua sem proteção, sem pílulas, nada para impedir que ela engravide, de fazê-la
ser minha da maneira mais primitiva e básica.

Apenas imaginar isso é o suficiente para fazer meu sangue bombear mais
rápido e meu pau endurecer novamente, e dois minutos depois a mensagem
chega ao meu cérebro.

Claramente preciso de uma intervenção. Ou, pelo menos, algum tempo


para pensar.

Ter um sentimento de mais-que-amigos por Penny é uma coisa. Querer a


porra de um bebê dentro dela, então o mundo inteiro verá que ela pertence a
mim, é inteiramente muito homem das cavernas para o meu gosto. Isso não é
quem eu sou e quem eu quero ser. Considerando que tornar-se pai deve ser algo
discutido racionalmente com a pessoa que você ama, de preferência muito depois
de ter dito: —Aceito.
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Tenho que sair daqui, ficar longe de Penny e do feitiço de luxúria que ela
joga sobre meu corpo, e arejar a cabeça.

Com um último beijo na bochecha, coloco-a de volta no chão.

—Eu sei que você disse não ao sorvete. —Luto para manter meu tom
tranquilo enquanto puxo minha calça ao redor de meus quadris, não querendo
que Penny tenha qualquer indício de que estou à beira de um colapso. Não há
necessidade de chateá-la com a minha loucura. —Mas a única coisa que poderia
melhorar esta tarde, é uma quantidade obscena de sorvete. Estou pronto para
matar alguns potes. Você tem algum pedido especial?

—Não, mas vou me vestir para ir com você. —Ela diz, sorrindo sonhadora.
—Não gosto da ideia de estar longe do seu pau por mais de alguns minutos.

—Eu também não gosto dessa ideia. —Digo, pensando rapidamente. —


Mas gosto da ideia de você relaxar tomando um banho, enquanto eu caço a
sobremesa. Acho que você merece um pouco de mimos depois de um trabalho
bem feito.

Sua sobrancelha arqueia levemente. —Você tem certeza? Não preciso ser
mimada.

—Eu insisto. —Beijo sua testa antes de me afastar, pegando minha camisa
do chão enquanto vou para a porta. —Tudo faz parte da experiência do serviço ao
cliente do Magnífico Bastardo.

Eu já estou com as chaves em uma das mãos e alcançando a maçaneta da


porta com a outra, a segundos de escapar, quando Penny chama:

—Está tudo bem, Bash?

Volto para ela com o que espero que seja um sorriso tranquilo. —Claro.
Por que não estaria? Acabei de ter um ótimo dia e uma grande foda com uma das
minhas pessoas favoritas. As coisas não poderiam ser melhores.

Ela assente, mas não parece convencida, e os olhos antes claros e


transparentes há alguns minutos atrás, parecem perdidos agora. Uma parte de
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mim quer virar, levá-la de volta para o quarto, e beijar até tirar essa expressão
vulnerável de seu rosto, mas a voz, a voz “o que há de errado com você”, é mais
alta.

Então, em vez disso, giro e prometo: —Volto logo.

Ao fechar a porta, desço os degraus tentando não pensar em quanto da


minha velocidade em direção ao carro é parecida com uma fuga.

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CAPÍTULO 32

Dos arquivos de mensagem de texto de Sebastian “Bash” Prince e Penny


Pickett

De Bash: Oi, lembra-se da outra noite quando você disse


que eu não gostava de ficar sozinho? Bem, eu acabei de
terminar as coisas com Christie, e saí na metade do nosso
encontro porque estou bem em estar sozinho.

Pega essa, Pickett.

Solitário, câmbio.

De Penny: Christie, a dona da livraria?

Bash: A própria. Christie com a coisa de bibliotecária


sexy acontecendo, e o sabor incrível de condimentos de queijo
grelhado. Mas terminei porque não estava funcionando, e
estou tão INCRÍVELMENTE BEM em estar sozinho.

Penny: essa é a mesma Christie que tem um irmão mais


jovem que ela adotou depois que seus pais morreram né?

O garoto que você deveria encontrar neste fim de


semana?

Bash: Qual é o seu ponto?

Penny: Nenhum ponto. Apenas me certificando que

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estamos falando da mesma mulher.

Bash: Você mente tão mal na vida real quanto via


mensagem de texto?

Penny: Não estou mentindo... estou omitindo.

Há uma diferença.

Bash: Você não deve omitir nada de seu chefe. Tenho


certeza de que isso é ilegal em alguns estados. Provavelmente
em Nova York.

Muitas coisas são ilegais em Nova York que você


pensaria não serem ilegais. Como jogar uma bola na cabeça
de alguém para se divertir, ou caminhar com um cone de
sorvete no bolso.

Penny: * emoticon de unicórnio peidando *

Bash: Não me distraio fácil. Embora seja fofo. Eu gosto de


unicórnios, especialmente quando peidam. O que você está
escondendo?

Penny: * emoticon de panda peidando *

Bash: Então, você acha que eu não deveria ter terminado


com Christie? É isso que você está insinuando com os
animais peidando?

Penny: Não posso falar sobre isso. Não conheço Christie.

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Bash: Apenas diga Penny. O que quer que seja. Diga o
que você quer dizer.

Penny: * suspiro pesado *

Tudo bem, mas se você ficar chateado do jeito que ficou


da última vez, nunca mais vou te contar nada que você não
queira ouvir.

Combinado?

Bash: Nunca fiquei “chateado” na minha vida. Mas sim


com uma raiva muito viril que surge de causas justificáveis.

OK…

Se eu tivesse planos de ficar chateado, estou


cancelando-os agora. Só quero ouvir a opinião honesta de
uma amiga.

Penny: Você não gosta de estar sozinho.

Mas você também não gosta de ficar muito próximo.

E talvez a bela Christie, com seu grande cérebro,


habilidades de queijo grelhado, doce irmãozinho e vida
complicada, que está implorando por um compromisso,
tentou fazer você baixar sua guarda e... chegar perto.

Mas próximo não precisa ser ruim, você sabe, Bash.

Talvez seja bom para você. Algum dia. Quando for o

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tempo certo e encontrar a mulher certa.

Eu simplesmente odiaria ver alguém que me importo,


que eu sei que é um homem amável e maravilhoso, que
também precisa claramente das pessoas, passar o resto de sua
vida em uma série de relacionamentos superficiais, e se
perguntar o porquê quando estiver no seu leito de morte, e
sua assistente será a única que lhe enviará flores.

Embora eu fizesse. Enviar flores. E segurar sua mão. E


qualquer outra coisa que você precisasse. Porque você é digno
desse tipo de lealdade e muito mais.

Só espero que você saiba disso.

Fim.

Bash: Esse foi um texto longo. Mas obrigado.

Se eu estiver no meu leito de morte, não há mão que eu


prefira segurar. E, pelo menos, dessa forma eu a conheceria
pessoalmente. :P

Penny: * emoticon de estrela-do-mar peidando*

Bash: Esse é o meu favorito. Boa noite Penny.

E... obrigado. Mesmo.

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Penny: Boa noite, Bash. De nada.

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CAPÍTULO 33

Quando volto para o chalé uma hora mais tarde, depois de um passeio em
Southampton que faz muito pouco para me iluminar, porque, de repente, o
homem das cavernas desapareceu completamente, Penny havia saído.

Mas há uma nota no balcão da cozinha.

Bash,

As meninas ligaram e queriam que eu as encontrasse


na praia para uma caminhada e coletar algumas conchas.
Elas imploraram tanto que não pude dizer não.

Peguei uma das bicicletas da vinícola e fui até


Sandcastles Park. Voltarei de bicicleta em uma ou duas
horas.

Ligue-me se houver algo que você queira que eu pegue


no caminho. Animada para ver quais sabores você escolheu!

BJS.

Penny

Simultaneamente fico decepcionado e aliviado, talvez o esclarecimento


venha enquanto estiver sentado na varanda, sozinho, comendo sorvete, me
resigno a uma tarde de ingestão de gordura e uma pilha de revistas Men’s Health
que não tive tempo de ler.

As horas arrastam-se, e o tempo que Penny falou que voltaria passa e nem
sinal dela. Vou correr, fazendo a série de circuitos mais cansativa do meu
treinador, usando como peso umas tartarugas de ferro fundido que roubei do
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jardim da frente do chalé e, em seguida, arruíno todo o meu bom trabalho
comendo um segundo pote de sorvete de chocolate coberto com creme de
cereja, como se fosse meu jantar. Tiro minha camisa úmida e suada, como meu
jantar enquanto observo a luz desaparecer, até que os galhos das árvores atrás da
casa parecem dedos sombrios que se estendem em direção a um céu que nunca
tocarão. A cada hora que passa sem o sorriso de Penny, o cheiro, o corpo quente
e a potencial maldita distância, fico cada vez mais deprimido.

Às seis e meia, saio do chuveiro para encontrar uma mensagem dizendo


que ela concordou em dormir em uma barraca no quintal da mãe esta noite,
estou me sentindo o suficientemente insignificante para enviar uma mensagem
petulante:

Mas e Phillip?

Você não está preocupada que ele a verá aí e assumirá


que há problemas no paraíso? Por que uma mulher
“apaixonada” como você, quer passar a noite acampando
com duas crianças de oito anos, em vez de em casa com seu
quase noivo sexy?

Penny: Phillip e a minha mãe estão jantando com


amigos. Eles nem sabem que estou aqui, e estaremos
dormindo quando voltarem. Babá Helms prometeu manter a
noite em segredo, e me ajudar a pegar a bicicleta na garagem
do carrinho de golfe pela manhã.

Acho importante eu ficar.

Eu não sei se é o casamento ou o fato de que elas não


me viram há algumas semanas, mas as meninas estão
bastante pegajosas. Acho que elas precisam de uma noite em

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que eu as coloque em primeiro lugar. Ser um pouco
estragadas pela irmã mais velha, você sabe?

Desculpe-me deixá-lo aí sozinho com todo esse sorvete.

Você pode me perdoar?

Mal-humorado respondo: Claro. Nada para perdoar. Diga às


garotas olá por mim. Espero que todas tenham um tempo
maravilhoso.

É verdade. Espero que elas tenham um tempo maravilhoso.

Sem mim. Enquanto me sento aqui sozinho, me perguntando se Penny


está realmente fazendo isso pelas meninas, ou porque eu corri como um covarde
na hora em que as coisas entre nós ficaram pesadas.

Passei a noite rolando nos lençóis que cheiravam a Penny e acordei


decidido a dar um foda-se.

Ainda não sei por que estou correndo feito barata tonta, ou o que significa
essa vontade de engravidar uma mulher, depois de anos receando esse resultado,
com o mesmo fervor que temo uma DST, ou o inevitável aumento de uma
supergripe que transformará a cidade de Nova York em terreno fértil para a
morte, mas eu sei que não quero passar sozinho outra das minhas poucas noites
restantes com Penny.

Quando o meu celular toca às oito horas e quinze minutos, e aparece uma
mensagem de Penny perguntando se eu quero me encontrar para o brunch no
Fiddling Crabs, não consigo enviar uma mensagem rápida o suficiente: inferno
sim estou morrendo de fome!

Digito o endereço no meu celular, prometendo encontrar Penny lá às nove


horas, e praticamente corro para o chuveiro. Trinta e cinco minutos depois estou
limpo, vestindo uma roupa apropriada para os Hamptons, com calça caqui e uma
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polo azul, e entrando correndo no Fiddling Crabs, para ver que Penny, e os
convidados já estavam sentados em uma mesa para cinco pessoas, perto das
janelas.

Francis e Eddie acenam com entusiasmo quando eu atravesso o


restaurante enquanto uma mulher mais velha, com o cabelo grisalho puxado em
uma trança está sentada ao lado de Penny, Babá Helms, presumo, olha para mim
como se eu tivesse peidado na igreja. Para a sua sorte, Penny parece feliz, mas
cansada e... reservada.

Seu olhar enquanto levanta a mão em saudação é quente, mas não muito
e minha suspeita de que ela estava usando as gêmeas como desculpa para evitar
passar a noite comigo, está confirmada. Estou de castigo na casa do cachorro, e é
provável que fique lá até que eu faça algo para compensar por fazer amor e então
fugir.

Com tantas testemunhas, não haverá chance de me desculpar durante o


brunch, mas pelo menos, estou dando o pontapé inicial para ficar de bem com
Penny.

Determinado a aproveitar ao máximo, forço um grande sorriso para a


mesa em geral.

—Olá, senhoritas. —Inclino-me para beijar Penny gentilmente na


bochecha, esperando que ela possa sentir a vibração “vamos fazer as pazes” no
meu beijo. —Não tenho certeza do que fiz para ganhar a companhia de quatro
belas damas para o café da manhã, mas vou aceitar.

Os lábios de Babá Helms franzem em resposta, Francis revira os olhos e


Eddie ri e diz: —Você soa como nosso pai. Ele é muito brega.

—Oh silêncio! —Penny diz enquanto deslizo no assento ao lado dela. —


Papai Frank é o homem mais doce do mundo.

—Eu sei. —Francis acena com a cabeça, balançando seu rabo de cavalo
castanho. —Mas ele também é brega. Você deveria vê-lo com Kate. Tudo o que
eles fazem é olhar nos olhos um do outro, todos derretidos e pegajosos durante

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todo o dia.

—E dizer coisas nojentas de amor. —Eddie fica vesga e mostra a língua.

—O pai das meninas casou-se novamente no ano passado. —Penny me


esclarece. —Kate é a nova madrasta delas, que também é muito doce. Elas
passam as férias com eles em L.A. Agora parem com isso! —Ela estende a mão,
arruinando os cabelos de Eddie até sua irmãzinha revirar os olhos. —Seu rosto
ficará assim, e então, você vai se arrepender de ter zombado das pessoas que
estão apaixonadas.

—Nojento. —Francis torce o nariz. —Nunca vou me apaixonar. Vou me


tornar uma botânica e estudar a floresta amazônica.

—Se ela não for desmatada enquanto você cresce. —Babá Helms diz com
uma voz tão severa quanto seu rosto sombrio. —As projeções atuais não são
boas. Os esforços de conservação não são tão agressivos quanto deveria ser.

—É por isso que não como carne. — Disse Francis, pegando seu menu. —A
pecuária é a principal causa do desmatamento.

Eddie lança um olhar triste para mim. —Eu gosto de carne, mas quase
nunca a temos. É peixe o tempo todo. Ou quinoa.

—Ou omeletes de claras. —Diz Francis com um suspiro pesado. —Vou me


transformar em uma clara de ovo se eu tiver que comer mais uma. Não podemos
comer panquecas, Babá? Só desta vez?

—Sua mãe disse nada de açúcar hoje. Não, se vocês quiserem bolo no
casamento. —Babá Helms soa crítica, embora eu não tenha certeza se é a política
sem açúcar de Anastásia, ou as queixas das meninas em resposta ao anúncio que
a desagrada.

Provavelmente, ambos. Ela parece ser uma pessoa que está descontente
com uma série de coisas.

A partir daí a discussão gira para o que as meninas podem ter para o café
da manhã, se são ou não muito velhas para serem obrigadas a pedir do menu
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para crianças, e o que fazer o resto do dia.

No momento em que o meu café e o Jornal Oficial são entregues, ficou


claro que Penny prometeu ficar com as gêmeas até a festa de despedida de
solteira esta noite. O que significa que as probabilidades de uma reconciliação
adequada entre Penny e eu, do tipo que envolve ela gozar em meu pau várias
vezes enquanto eu asseguro que nunca vou foder e fugir novamente, parece cada
vez menos promissora.

Vou ter que aproveitar a oportunidade para me desculpar quando eu


conseguir.

Então, quando Penny se levanta para usar o banheiro no meio da refeição,


espero alguns instantes e a sigo, espreitando atrás de uma estátua de madeira de
dois caranguejos no corredor do lado de trás do banheiro feminino, até ela
aparecer.

—Ei. —Deslizo do meu esconderijo, Penny se assusta o suficiente para


saltar.

—Oh, meu Deus! —Sua mão voa para seu peito com uma risada de alívio.
—Você me assustou. O que você estava fazendo aí?

—Escondido. —Digo, com um sorriso reconciliatório. —Estava esperando


um momento a sós com você para dizer que sinto muito. —Sua testa franze
enquanto ela pisca para mim. —Pelo quê?

—Por ontem. —Inclino meu corpo mais perto da parede quando uma
série de meninas pré-adolescentes que cheiram a protetor solar e chiclete de
morango passam por nós em direção ao banheiro.

Penny também sai do caminho, lançando um olhar sobre meu ombro em


direção a nossa mesa enquanto nos movemos. —Ontem? Ontem foi ótimo. —Sua
atenção voltou para mim com um sorriso intrigado. —Não foi?

—Bem, sim. Sim. Foi. —Pressionei meus lábios enquanto estudo o rosto
de Penny, procurando sinais de que ela esconde seus sentimentos. Mas o sorriso
dela é cálido e transparente.
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Eu poderia estar vendo a angústia em uma situação em que não existe?
Pelo menos do lado dela?

—Mas, bem, eu... —Rompo com uma risada nervosa. —Quero dizer,
depois do...

—Se alguém tem que se desculpar, sou eu. —Ela corta, puxando o elástico
de seus cabelos, arrumando-os e fazendo um novo coque bagunçado.

Percebo que gostei desse coque. Amo seus cabelos longos e soltos, mas
há algo artisticamente elegante sobre todo aquele cabelo empilhado em um
ninho sedoso sobre sua cabeça. E descobre seu pescoço. Seu lindo e cheiroso
pescoço, que eu poderia beijar agora se eu tivesse me revelado depois de colocá-
la contra a parede.

—Sinto-me terrível em deixar você sozinho. —Ela continua. —Se isso te


faz sentir melhor, meu colchão de ar esvaziou durante a noite e acordei
congelando com as costas tão doloridas, que mal conseguia me mover. Eddie teve
que empurrar-me para uma posição sentada, e Francis decidiu que eu envelheci
mais cedo e preciso fazer Tai Chi chuan ou Hatha Yoga, ou algum tipo de
“exercício de pessoa idosa”. Suas palavras.

—Ela é uma figura. —Digo, rindo. —Mas não, isso não me faz sentir
melhor. —Coloco uma mecha de cabelo que se desprendeu atrás de sua orelha,
grato pela desculpa para tocá-la. —Posso dar-lhe uma massagem mais tarde, se
nós nos afastarmos do resto do grupo um pouco mais cedo. Sou muito bom com
as minhas mãos.

—Eu sei que você é. —Ela diz com olhos brilhando. —E você é doce. Mas
eu prometi às garotas que poderiam estar comigo até que eu precisasse fugir para
o chalé para me vestir. —Sua testa franze. —Eu sei que elas podem ser um pouco
desagradáveis, mas são minhas irmãs e, em algumas semanas, não nos veremos
muito. Elas estarão na casa de seu pai todo o verão este ano.

—OK. Certo. Parece ótimo. —Aceno com mais entusiasmo do que eu


sinto. —Então, será um dia em grupo divertido.

200
—Ótimo. — Ela diz radiante. —Obrigada.

Ela se inclina para um rápido abraço e um beijo na bochecha. O beijo é


bom, mas não é o tipo de beijo que eu quero e é rápido demais. Antes que possa
arrumar meus braços ao redor dela, ela já se afastou. —Apenas abrace a loucura
e você vai se divertir. —Ela se vira para ir, mas para e gira para mim,
acrescentando: —E ignore Babá Helms. Ela sempre é assim quando conhece
alguém novo. Não é pessoal. Ela vai gostar de você. No final do dia, ela estará
oferecendo para consertar suas meias e contando todas as suas piadas favoritas.

Arqueio uma sobrancelha —Bem, você sabe o quanto eu amo meias. E


piadas de peidos.

Os olhos de Penny estreitam-se quando ela balança a cabeça. —Oh, nem


tente. Não tente vir com essa para cima de mim, Prince. Eu te conheço. Minha
coleção de emojis de peidos era ínfima antes de conhecer você.

Eu sorrio. —Eu sou uma má influência.

—Claramente. —Ela diz sorrindo levemente.

Minha garganta fica apertada. Quero dizer algo sobre a diferença entre ser
um tipo de influência ruim e o tipo de homem que corre de seus sentimentos.
Mesmo se ela estiver bem com a forma como as coisas aconteceram ontem,
quero que ela saiba que eu sei que fodi tudo.

E que eu não planejo foder novamente.

Mas antes que eu possa encontrar as palavras, ela se estica e passa o


braço pelo meu.

—Vamos. —Ela anda pelo tapete desbotado, liderando o caminho de volta


para a nossa mesa. —Devemos terminar e pagar a conta. Nós temos uma consulta
com uma costureira para medir as bonecas das meninas, para fazermos roupas
personalizadas, em vinte minutos. Então, vamos para uma festa de princesa na
nova loja de brinquedos, e terminaremos a festa das meninas fazendo as nossas
unhas.

201
Engulo com força. —Parece bom.

—Você não precisa vir. —Penny ri. —Se você tem medo de se expor à cor
rosa, eu entendo completamente.

—Não temo nada. —Digo. —Exceto passar o dia sem você.

Penny tropeça, mas aumento meu aperto em seu braço, pegando-a antes
que ela caia. Assim que ela recupera o equilíbrio, ergue o olhar para o meu, me
estudando com os olhos estreitos.

—O quê? —Pergunto, limpando minha garganta.

Ela balança a cabeça. —Nada. Eu apenas... — Sua língua sai para molhar
seus lábios enquanto ela balança a cabeça novamente. —Só espero que eu não
acabe tropeçando sozinha na festa hoje à noite. Fico desastrada quando estou
cansada.

—Eu poderia ir com você. E não ir para despedida de solteiro. Não tenho
vontade de sair com Phillip, e depois de toda a exposição ao estrogênio hoje, na
verdade, serei praticamente uma garota de qualquer jeito.

Ela sorri. —Você nunca será praticamente uma garota. E obrigada, mas...

—Penny! —Eddie aparece e segura seu cotovelo. —Apresse-se e termine


o seu bagel ou vamos nos atrasar.

—Mas vou ficar bem. —Penny termina antes de deixar Eddie levá-la
embora.

O resto do dia passa em um borrão de atividades centradas nas meninas


que são inesperadamente... agradáveis.

Francis e Eddie são crianças divertidas, e a festa da princesa tinha uma


caça ao tesouro pelo celular. Depois de anos de especialização em caça ao
tesouro pela cidade, tenho habilidades para liderar nossa equipe para uma vitória
fácil na competição, ganhando para as gêmeas um vale presente de vinte dólares
da livraria favorita delas e o status de tio honorário. Depois, sento-me entre elas

202
no salão de manicure, e deixo que cada uma escolha uma cor para mim, Eddie na
mão esquerda, Francis à direita. Elas escolhem rosa com flores brancas de hibisco,
e preto com crânios vermelhos, e riem quase que constantemente, enquanto
estou fazendo minhas unhas. Babá Helms olha com uma dose certa de
julgamento.

Apesar das promessas de Penny, a mulher mais velha não simpatizou


comigo, mas não me importo. O sorriso de Penny enquanto senta na estação de
pedicure, observando Francis, Eddie e eu fofocando enquanto fazemos as nossas
unhas, vale cada minuto que eu gastarei para tirar o esmalte antes da despedida
de solteiro.

E quando saímos do salão, ela envolve o braço em volta da minha cintura


e diz: —Obrigada, tio Bash. Elas tiveram um tempo maravilhoso. —Percebo que
eu também tive um tempo maravilhoso.

Compartilhar Penny é quase tão divertido quanto ter Penny somente para
mim. É como assistir a um jogo de baseball no estádio, em vez de em casa,
sozinho. Às vezes é bom compartilhar sua paixão e entusiasmo por algo que você
ama, com pessoas que querem a mesma coisa que você.

Alguém que você ama...

Quando Penny e eu nos despedimos delas e voltamos ao chalé, as


palavras me perseguem. Estamos quietos no carro. Eu não sei o que Penny está
pensando, mas estou pensando naquela lembrança, na sensação que quase me
derrubou de joelhos enquanto estava enterrado dentro dela ontem.

Não é o que eu sentia quando Rachael e eu estávamos juntos, mas Penny


não é Rachael. Ela é mais doce, mais profunda, e ela só... me pega. Com Penny,
nunca precisarei explicar por que acho algo engraçado, ou esconder meu ponto
fraco. Rachael queria o macho alfa o tempo todo, mas Penny me aceita como eu
sou, se estou tomando controle no quarto, ou fazendo piadas tolas, ou tendo
minhas unhas pintadas com suas irmãzinhas.

Isso significa algo. Significa muito, e pretendo prestar muita atenção ao


modo como me sinto, na próxima vez que fizer amor com essa mulher.
203
Espero que num futuro muito próximo...

Assim que fechamos a porta do chalé atrás de nós, eu a pego, puxando-a


para perto. Ela vem para mim, mas em vez de envolver seus braços ao redor do
meu pescoço, ela pressiona as palmas das mãos contra meu peito, segurando-me
à distância.

—Nós não temos tempo para isso. —Ela sussurra.

—Percebi que eu a impressionei com o meu poder de resistência,


senhorita Pickett, mas sou capaz de dar uma rapidinha. —Pressiono um beijo na
sua garganta, onde seu pulso já está batendo mais rápido. —E não se preocupe.
Você ainda gozará pelo menos duas vezes.

—Não estou preocupada. —Diz ela, parecendo preocupada. —Mas


prometi a minha mãe que não chegaria tarde. Estou ajudando a preparar os jogos
da festa.

Afastei-me estudando seu rosto. Seu olhar está no relógio acima do fogão,
e seus pensamentos, aparentemente, longe de mim, mas ainda pergunto: —Está
tudo bem?

—Está. —Diz ela, os lábios com um sorriso que não atinge seus olhos. —
Tenho muito na minha mente.

—Como o quê? Você deveria me dizer. —Pego sua bochecha na minha


mão, os dedos mergulhando em seus cabelos macios. —Então posso ter isso em
mente e te dar mais espaço.

—Não acho que isso funciona assim, Sebastian. —É a primeira vez que ela
diz meu nome completo há algum tempo, e acho que não gosto do som em seus
lábios. Parece formal, distante, como se ela estivesse empurrando-me com uma
palavra.

—Mas devemos conversar depois. —Continua ela. —Depois da festa. Você


quer tomar banho logo ou posso ir primeiro?

Aceno com a cabeça para o outro lado da casa. —Vá em frente.


204
Provavelmente só vou me trocar. Eu tomei banho esta manhã.

—Tudo bem, serei rápida. —Ela sai dos meus braços, atravessa o espaço
sem olhar para trás. Quando ela chega ao banheiro, ela fecha a porta firmemente
atrás dela, deixando claro que não estou convidado para conversamos sobre a
forma como agi ontem, enquanto ela se prepara.

Fico no meio da sala onde fiz amor com Penny, pela primeira vez me
sentindo sozinho, embora ela estivesse no quarto ao lado, lutando contra a feia
sensação de que a menos que eu faça algo em breve, minha nova amante pode se
tornar minha ex-amante antes da noite acabar.

205
CAPÍTULO 34

Dos arquivos de mensagem de texto de Sebastian “Bash” Prince e Penny


Pickett

Bash: Minha cliente perguntou qual era a sua flor


favorita hoje, e percebi que não sabia. Isso me fez pensar que
eu, provavelmente, precisava saber algumas informações
básicas sobre minha falsa namorada.

Então, qual é a flor favorita, florzinha?

Penny: Lírio Oriental. Embora eu seja alérgica.

Bash: Trágico.

Penny: Realmente é. O nosso amor é platônico e observado


de longe.

Bash: kkk. Comida favorita?

Penny: Como se você precisasse perguntar. Sorvete. Sorvete


sempre e para sempre.

Bash: Eu realmente deveria saber disso.

Penny: Você realmente deveria saber.

Bash: Livro favorito, filme?

Penny: Tenho dificuldade em escolher favoritos em coisas


assim, mas adoro algo triste com um final feliz.
206
Gosto de ter meu coração partido um pouco antes de ser
curado de novo.

Bash: Humm...

Eu também acho... embora nunca tenha pensado nisso


dessa maneira antes. Também gosto de filmes que misturam
piadas e explodem as coisas.

Penny: Claro que sim. É a testosterona.

Bash: Culpado das acusações. E sobre música? Algum


prazer secreto?

Penny: Ukulele. Não me canso. Especialmente se houver


uma influência punk rock.

Bash: Acho que acabei de me apaixonar por você.

Penny: Sabia que era apenas uma questão de tempo.

Bash: Sério, amo o punk rock ukulele. Tenho todos os


álbuns já lançados do Uke-clear Attack.

Penny: Eu também! Isso é tão incrivelmente estranho.

Bash: Talvez sejamos almas gêmeas.

Penny: Talvez. Mas se formos você provavelmente deveria


saber alguns dos meus segredos mais feios também.

Bash: Conte-me. Posso lidar com isso.

207
Penny: Tenho medo de pássaros. Não é uma fobia, mas
quando eu era pequena, costumava ter um ataque de pânico
sempre que as gaivotas voavam sobre minha cabeça na praia.

Bash: Posso imaginar como as aves podem ser


assustadoras. Quero dizer, com todas as penas e aqueles
olhinhos estranhos.

Penny: E as garras. Não se esqueça dos pés com garras


assustadoras.

Bash: Totalmente assustador. Concordo. Algum outro


segredo obscuro?

Penny: Não muitos. Embora eu tenha dificuldade em


manter meus pensamentos para mim mesma às vezes.

Bash: Não. Nem brinca. Você?

Penny: Você é tão bom com o sarcasmo. Como um


profissional realmente. Você deveria dar palestras.

Bash: Obrigado. Mas você sabe o que eles dizem, aqueles


que não podem fazer, ensinam.

Penny: Sem dúvida. E você certamente sabe.

Bash: Eu sei.

208
CAPÍTULO 35

A única coisa pior do que ser forçado a ir a uma despedida de solteiro


onde você não conhece ninguém, exceto o ex-namorado da sua talvez, em breve,
ex também, é estar perto o suficientemente para ouvir sua talvez, em breve, ex e
suas amigas rirem, enquanto você tenta ser simpático com figuras asquerosas de
Hollywood e uma dúzia de garotos da fraternidade.

A festa de despedida de solteira está ocorrendo no jardim da casa de


infância de Penny, enquanto a festa de despedida de solteiro foi confinada ao
grande porão, na “caverna masculina” conforme Phillip chama.

No momento em que ouço ele falar isso, decido me dar um tiro se alguma
vez tiver algo assim na minha casa. Depois do curtíssimo “obrigado pelo convite e
parabéns pelo seu casamento” desapareço no canto mais distante da sala para
jogar bilhar, bem longe de Phillip e do grupo de homens que assistem a abertura
da temporada dos Yankees na enorme TV.

Acabei de vencer pela terceira vez um imbecil chamado Matthew,


juntamente com um Kip e um Baxter Sloan, dois nomes, não use apenas um ou
ele te lembrará de que são dois, e estou pensando em perder o próximo jogo para
ter uma desculpa para ir lá fora e espiar Penny, quando Phillip materializa-se das
sombras, um pesadelo loiro com uma camisa polo na cor salmão.

—Ouvir dizer que Francis e Edna tiveram uma ótima tarde com você hoje.
—Ele diz, pegando um taco de bilhar da parede.

—É fácil diverti-las. —Silenciosamente me amaldiçoo por ter esperado


alguns minutos para fugir. —Elas são boas crianças.

—São mesmo. —Diz Phillip. —Eu não as vejo tanto quanto gostaria, com
filmagens na cidade e voando para a costa oeste para audições. Mas nós somos
próximos. Eu as conheço desde que eram bebê. Penny e eu costumávamos nos
revezar fazendo-as arrotar quando eram recém-nascidas.

209
—Aposto que você não tinha ideia de que seria padrasto delas naquela
época, hein? —Pergunto com um sorriso cínico. Depois do desempenho de Penny
ontem, sinto-me livre para foder com Phillip um pouco, agora é claro que ele não
tem poder sobre sua antiga namorada.

Ele reconhece meu sorriso cínico com uma risada aparentemente


tranquila. —Não, não tinha. Mas o amor tende a nos surpreender. Aposto que foi
assim com você e Penny, certo? Quero dizer, ela é esse tipo de garota.

—Que tipo? —Levo o meu tempo arrumando as bolas, esperando que ele
fique entediado e vá embora antes de eu ser forçado a começar um jogo com ele.

—O tipo que surpreende você. —Diz ele. —Ela é tão amigável e fácil de
ficar perto, que você deixa sua guarda baixa. E então, de repente, você percebe
que a menina, a amiga doce e engraçada que você usou como uma desculpa para
se sentar na mesa e tomar uma taça de Tawny Regis, é a pessoa com quem você
realmente quer estar. —Ele sorri, seu olhar suave e distante, como se ele
estivesse observando fotos antigas da época do colégio, com Penny em sua
mente.

—Na verdade não. —Digo determinado a terminar esta viagem pela


memória o mais rápido possível. Não vou recordar o passado com ele, e tenho
certeza que não vou admitir que foi Penny quem se aproximou de mim. A única
coisa que quero compartilhar com este canalha é um aperto de mão esmagador
quando eu lhe disser adeus. —Mas não acho que seja apropriado eu discutir com
você como eu me apaixonei por Penny. Sem ofensa.

—Não me ofende. —Seus olhos verdes voltam-se para o meu rosto como
uma serpente na luz fraca acima da mesa de bilhar. —Mas você tem que admitir
que com ela você aprende a gostar. Quero dizer, a maneira como ela diz o que
está pensando. É como se não houvesse nenhum filtro.

—Eu acho refrescante. —Considero. —Estou bastante cansado de todas as


besteiras do mundo. É bom estar com alguém que não liga para isso.

Ele ri. —Essa é uma nova maneira de olhar para ela. Tirando o medo de
aves, é fácil pensar que há algo mais sério em jogo do que só a excentricidade. —
210
Seu sorriso endurece. —Você sabe, se você não a conhecesse melhor.

Aceno, ainda sorrindo.

Vejo o que ele está fazendo agora. Ele acha que pode me assustar e provar
que conhece Penny melhor do que eu, tudo de uma só vez. Mas se houver um
concurso de “quem conhece melhor Penny”, eu que vou ganhar.

Apoio meu taco no chão e inclino o quadril contra a mesa de bilhar. —Na
verdade, o medo de pássaros é bastante comum. Estava mais preocupado com
seus pés perpetuamente frios. Não é normal usar dois pares de meias para dormir
no verão.

Os lábios de Phillip se abrem, mas me apresso antes que ele possa falar.

—E então há o vício por sorvete, mas considerando que sofro da mesma


fraqueza, considero que é uma das coisas mais adoráveis nela. Tal como a forma
como ela nomeia as coisas que a tiram do sério, como ela carrega barras de
granola em sua bolsa para dar aos sem-teto, e fica animada por acampar na sala
de estar com suas irmãs.

Phillip sorri. —Lembro quando estávamos no colégio, um fim de semana...

—E então há seu gosto pelo entretenimento. —Continuo suspirando feliz.


—Nunca pensei que poderia encontrar outra pessoa que ama o punk rock ukulele
tanto quanto eu. Muito menos outro adulto com menos de sessenta anos que vê
o Earth Channel com fascinação. Não posso dizer o quanto eu estava cansado de
assistir merdas de reality show com minha ex-namorada.

—Bem, Penny é uma antropóloga cultural. —Diz Phillip secamente,


agarrando com força seu taco de bilhar.

—Ela é! —Concordo com entusiasmo. —Eu amo isso. Amo que ela está
tão interessada no que faz a humanidade funcionar, que passou anos estudando.
Amo o quanto ela é inteligente, compadecida e ansiosa para aprender coisas
novas. —Paro, segurando seu olhar, sentindo como se estivéssemos agarrando
algo mais perigoso do que tacos de bilhar. Embora se chegássemos às vias de
fato, estou confiante na minha capacidade de ganhar dele no combate de taco a
211
taco. —Mas a minha coisa favorita sobre Penny, é como ela está pronta para rir.

Phillip ergue o queixo. —Ela tem uma linda risada.

—É mais do que isso. —Digo, balançando a cabeça. —Não é o som ou o


quanto ela fica bonita quando ri, é como ela olha para o mundo. —Fico mais
perto, forçando-o a inclinar a cabeça ainda mais para trás para manter o contato
visual. —Não importa o quanto estou para baixo, ela sempre sabe a coisa perfeita
para dizer para me fazer rir. Ela me dá perspectiva, e nunca me deixa esquecer o
quanto tenho sorte de ter todas as coisas que tenho. Em tê-la.

Em tê-la.

Isso é tão verdadeiro que de repente, eu tenho que vê-la. Tenho que ver e
dizer-lhe que podemos conversar quando voltarmos para o chalé, mas não vamos
falar sobre colocar um fim precoce na nossa amizade com benefícios. Vamos falar
sobre avançarmos. Juntos. Não quero deixar Penny dar um único passo longe de
mim. Quero mantê-la perto e fazê-la feliz, e memorizar mais algumas centenas de
coisas para amar sobre ela.

Porque eu a amo. Eu a amo. Talvez eu esteja mesmo apaixonado por ela.

Não sei com certeza, mas sei que não consigo perder outro segundo na
companhia asquerosa de Phillip.

—Então, se você me desculpar, vou encontrar essa pessoa maravilhosa e


única, que você foi idiota demais para não ficar com ela, e mostrar para ela o
quanto sou grato por ser o homem da vida dela.

Solto meu taco na mesa ansioso para chegar a Penny, saboreando a


expressão aturdida e irritada no rosto de Phillip.

Foda-se Phillip. Não me importo de me vingar desse bastardo. Tudo o que


me interessa, é ter certeza de que eu não sou o próximo nome na lista de homens
que são idiotas para deixar Penny ir.

212
CAPÍTULO 36

Mal entrei no pátio e começo a subir as escadas em direção à piscina e ao


jardim, quando meu celular começa a tocar. Eu o tiro do meu bolso traseiro,
esperando que seja Penny, dizendo que está pronta para sair, mas é um número
que não reconheço. Local.

Aperto o botão verde. —Bash falando.

—Estava esperando que você respondesse de maneira diferente. —Diz


uma voz familiar e feminina. —Eu queria ver se você poderia dizer Magnifico
Bastardo Consultoria sem rir. —A mulher ri. —Não posso acreditar que Penny
teve a coragem de contratar uma escolta, mas que bom para ela.

—Quem é? —Paro no topo da escada, meu estômago revirando. Outra


risada gutural flui sobre a linha. —Sua futura sogra.

Porra. Anastásia. Praticamente a última pessoa que eu queria que


conhecesse minha identidade secreta. Isso poderia arruinar tudo, absolutamente
foder tudo.

—Estou ligando para pedir ajuda com sua cliente. — Ela continua antes
que eu possa responder. —Ela não consegue lidar com o álcool aos vinte e cinco
anos mais do que podia lidar aos quinze anos. Você nos encontraria na biblioteca,
por favor? Penny pode precisar de alguma ajuda para chegar ao carro, e eu não
consigo segurá-la por muito tempo.

—Estarei lá. —Desligo sem despedir-me ou oferecer explicações.

Não sei como a Anastásia descobriu sobre a MB Consultoria, mas isso não
é bom. Se ela contar a Phillip, a vitória de Penny será arruinada. Já está meio
ferrado, provar para a sua mãe que ela seguiu em frente era quase tão
importante para Penny quanto provar para o ex. A julgar pelo comportamento de
Phillip esta noite, duvido seriamente que Anastásia contou para ele, mas se seu
padrão de arruinar as coisas para a filha é verdadeiro, é apenas uma questão de
213
tempo.

Tenho que fazer algo, tenho que descobrir uma maneira de cortar isso no
momento certo.

Estou tão ocupado tramando o que vou dizer à mãe de Penny, que passo a
biblioteca e tenho de voltar alguns passos. Quando empurro a pesada porta de
madeira para uma sala que consegue ser grandiosa e aconchegante ao mesmo
tempo, Anastásia está folheando um livro em uma poltrona de couro, e não vejo
Penny em nenhum lugar.

—Onde ela está? —Virei, vasculhando as estantes do chão ao teto e a


parede de retratos coberta com fotografias elegantemente emolduradas.

—Ela foi ao banheiro. — Diz Anastásia, sorrindo enquanto aponta para o


teto. —No andar de cima porque, aparentemente, dei a ela uma bexiga
hiperativa. —Sua risada é calorosa e rica, como um abraço de um velho amigo. —
Aquela garota. Preocupo-me com sua incapacidade de aguentar o álcool, mas ela
é engraçada quando está bêbada.

—Você não precisa se preocupar com ela hoje à noite. —Digo. —Vou levá-
la para casa segura e ter certeza de que ela fique hidratada.

—Esse é um dos muitos serviços que você fornece? —Ela larga seu livro e
se levanta, atravessando a sala com seu vestido cor de lavanda fluindo em torno
de seus tornozelos. —Vingança contra as pessoas que prejudicaram Penny, água e
Ibuprofeno na cama quando ela acordar com uma ressaca?

—Geralmente não, mas Penny é especial.

Anastásia arqueia a testa. —Ela é? —Ela estuda meu rosto com atenção.
—Isso significa que você está dormindo com minha filha?

Aperto meu maxilar. Sempre me preocupei em estar exposto, essa é uma


das razões pelas quais procuro contratar novos consultores como Aidan. Eu sei
que não posso jogar o jogo para sempre, mas isso é pior do que eu imaginava. Se
ao menos tivesse acontecido com qualquer outra mulher.

214
—Isso não é da sua conta.

—Eu acho que é. —Anastásia analisa. —Penny pode ser adulta, mas se ela
está contratando prostitutos, eu como sua mãe, tenho o direito de me preocupar.
Cheyenne disse que você não faz sexo com suas clientes, mas eu vi a maneira
como você olha para a minha filha. O jeito que você a toca. E não acho que ela
esteja certa sobre isso.

Cheyenne. Droga. Doente de ansiedade social ou não, faço uma nota


mental para processá-la por violação de nosso acordo de não divulgação. —Penny
é minha amiga. Ela não está me pagando para eu estar aqui.

—Mas você está aqui como o Magnífico Bastardo, né? —Ela cruza seus
braços em seu peito. —Não perguntei a Penny. Ela não sabe que descobri o que
ela está fazendo. Pensei que era melhor obter mais informações da fonte antes
de confrontá-la com tudo isso.

Graças a Deus. Penny não sabe.

O que significa que ainda há uma chance de não foder tudo isso.

—Não há nada para confrontá-la. —Insisto. —Estou aqui como seu


acompanhante. É isso aí.

—Certo. —Os lábios de Anastásia franzem. —Honestamente, não sei se


isso é divertido ou perturbador. Com um nome de empresa como o seu, no início,
estava inclinada a rir, mas Cheyenne assegurou-me que você é muito bom em seu
trabalho.

Cheyenne deveria ter mantido a boca fechada. E se meu advogado tem


algo a dizer, ela vai se arrepender de não ter feito isso.

Os olhos de Anastásia estreitam. —Certo. Entendo que você tem um


acordo de não divulgação. Cheyenne sabia que ela estava se arriscando dizendo-
me quem você realmente é, mas ela é minha decoradora de interiores há quase
um ano. Ela se importa com as meninas e comigo. Quando viu as fotos do almoço
no perfil da minha página, sentiu que não tinha mais escolha do que me avisar de
que você poderia estar aqui para causar problemas.
215
—Eu não estou. —Asseguro-lhe. —Como eu disse, trata-se de estar aqui
por Penny. Nada mais.

Ela inclina o queixo, tomando minha resposta silenciosamente. —Então


você não está planejando arruinar Phillip? Você não tem um esqueleto dele para
tirar do armário antes do casamento no sábado? Ou talvez algo para mim, algum
castigo por roubar o namorado da minha filha?

—Ela me pediu para não fazer. —Digo, um gosto azedo enche minha boca.
Eu me amaldiçoo por ouvir Penny. Deveria ter me assegurado de ter algo de
Anastásia e Phillip, só por precaução. Seria bom ter alguma vantagem num
momento como este.

Anastásia balança a cabeça. —Ela é gentil. É uma das melhores e piores


coisas sobre ela. —Não vejo nada de ruim em ser gentil.

—Isso a deixa fraca. —Diz Anastásia calmamente. —Ela tenta tão duro
fazer todos felizes, que isso a deixa com raiva de si mesma. Se ela não aprender a
se defender em breve, ela passará o resto de sua vida recebendo merda de todo
mundo.

—Incluindo as pessoas que deveriam protegê-la. —Não posso segurar


minha língua. —Você sabe quem nos ensina a nos defender, Anastásia? Nossos
pais. Ao nos amar e lutar por nós antes de sermos capazes de lutar por nós
mesmos.

Ela ri um som mais feio do que a sua risada de estrela de cinema alguns
minutos antes. —Você acha que eu tinha pais assim? Meu pai era um bêbado,
minha mãe era uma covarde, e ambos não podiam esperar para se livrar de mim.
No segundo em que começou a aparecer que eu estava grávida de Penny, eles
colocaram minha mala na calçada e trocaram as fechaduras. —Ela bate dois
dedos elegantes no centro do peito. —Eu tinha dezessete anos e não tinha
ninguém. Nada. Tive que lutar por tudo o que eu tenho. Ninguém me entregou
felicidade ou segurança, ou uma carreira ou qualquer outra coisa. Tive que lutar
por tudo isso sozinha.

—Mas eu suponho que sua mãe não fodeu seu namorado. Ela fodeu? —
216
Esta mulher precisa de um despertar, e parece que sou o único que está disposto
a dar isso a ela. —Mas você fez. Você fez isso com Penny, e então, você insistiu
para que ela estivesse no casamento, ou você a afastaria de suas irmãs: duas
garotas que ela ama mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Anastásia balança a cabeça. —Você não...

—Que tipo de mãe faz isso? —Insisto, cortando-a. —Inferno, eu não faria
com o meu pior inimigo, metade das coisas que você fez e muito menos com
alguém que eu deveria me importar. Você já não é a vítima, Anastásia, sua filha é.
E você é quem mais a magoou.

Ela cruzou os braços, piscando rapidamente enquanto seus olhos


começavam a brilhar. —Eu sei que a machuquei. Nunca disse que ganharia como
a mãe do ano.

—Não, ninguém jamais cometeu esse erro. —Aproximei-me,


acrescentando com a voz mais suave. —Mas você pode mostrar que você se
importa com ela. Não a deixe saber que você sabe sobre o meu negócio de
consultoria ou o que eu faço para as minhas clientes. E não conte a Phillip. Deixe
isso acontecer da maneira que deveria ser. Deixe Penny ter sua vitória e ir embora
com a cabeça erguida. Você e Phillip ainda terão o casamento dos sonhos de
vocês, e Penny conseguirá deixar este pesadelo para trás, todos ganham e
ninguém se machuca mais do que já sofreram.

Ela solta sua respiração. —Não é tão simples assim.

—Por favor. —Digo pronto para implorar se essa é a única maneira de


evitar que ela arruíne isso para Penny. —Apenas faça o que é certo. Por ela. Ela
merece tanto. Ela não é fraca, ela é uma boa pessoa. Uma das melhores que já
conheci.

Por um momento, a máscara de Anastásia escorrega e vejo a mulher


abaixo, a mãe assustada, que sabe que já perdeu sua filha de todas as maneiras
que importam. —Mas ela não pode me perdoar, pode? —Perguntou em voz
baixa. —Na verdade não. Nem Penny pode perdoar as coisas que fiz.

217
Pressiono meus lábios. —Eu não sei. Mas se alguém...

Antes que eu possa terminar, a porta se abre e Babá Helms enfia a cabeça
na sala. —Senhorita Ana, eu... —Ela interrompe quando me vê seu olhar
esfriando enquanto seus olhos seguem de um lado para o outro entre nós dois. —
Sinto muito. Não percebi que você tinha companhia.

—Oh Bash não é companhia, ele é praticamente da família. —Anastásia ri


o mesmo riso acolhedor quando entrei pela primeira vez na biblioteca, como se
não tivéssemos passado os últimos vinte minutos trancados em um combate
verbal. —O que é Babá?

—É a senhorita Penny. —Diz Helms, seu tom ainda cauteloso e controlado.


—Eu a encontrei adormecida no andar de cima, no banheiro.

—Ela está bem? —Pergunto com o pulso acelerado.

—Ela está bem. Ajudei-a entrar no quarto dela e a deitei. —Babá Helms
faz um gesto tranquilo, mas não me sinto calmo. Em algum lugar, Penny está
desmaiada sem ninguém a observando.

—Eu vou buscá-la. —Dou alguns passos em direção à porta, mas paro
quando percebo que não sei para onde estou indo. Não visitei os quartos do
andar de cima. Olho de Anastásia para Babá Helms. —Ela não deveria estar
sozinha. Ela vai precisar de alguém para observá-la enquanto dorme e certificar-
se de que não passe mal.

—Vou ficar com ela. —Diz Babá Helms. —Eu só queria deixar a Srta. Ana
saber que Penny ficará esta noite, e que eu estarei no seu quarto em vez do meu.
Deixei uma nota para as gêmeas no caso de acordarem e precisarem de mim por
qualquer motivo.

—Isso parece perfeito. Obrigada, Babá. —Anastásia diz antes que eu


possa agradecer, mas eu preferiria carregar Penny para o carro e levá-la de volta
ao chalé comigo. Eu sei que ela não quer ficar aqui, mas não posso dizer isso a
Anastásia, não quando estou tentando fazê-la jogar limpo pelo bem de Penny.

—Não se preocupe, vamos cuidar bem dela. —Anastásia move-se em


218
direção à porta quando Babá Helms desaparece no corredor. —Tenho certeza de
que ela te ligará pela manhã assim que ela estiver acordada.

—Eu gostaria de vê-la agora. —Digo, as mãos fechando em punhos ao


meu lado, não gostando dessa sensação de que Penny está escorregando pelos
meus dedos. —Quero ter certeza de que ela está bem.

—Ela está bem, Bash. Ela está dormindo. —Anastásia faz uma pausa com a
mão na maçaneta da porta e volta para mim. —Mas obrigada por se importar
tanto com ela. E pelas coisas que você disse. Eu acho que você está certo. É
melhor deixar isso, deixar as coisas seguirem seu curso natural e ir em frente.
Assinaremos um acordo de não divulgação se quiser, mas dou a minha palavra de
que vou manter seu segredo e aconselhar Cheyenne a fazer o mesmo.

—Obrigado. —Meus ombros relaxam. —Eu agradeço.

—Não estou fazendo isso por você. Eu estou fazendo isso por Penny. —
Ela diz de pé, mais reta. —Eu suponho que você sabe onde fica a saída. A menos
que esteja interessado em voltar à despedida de solteiro?

Agito minha cabeça. —Nem um pouco interessado. Mas dê ao idiota com


quem você está se casando adeus por mim.

Ela sorri um sorriso triste e cansado, que me faz pensar que sua vida não é
tão perfeita como ela gostaria que as pessoas acreditassem. —Vou dar a Phillip a
mensagem.

Ao levantar um braço elegante, ela aponta para a parede cheia de


fotografias. —Certifique-se de dar uma olhada nas imagens no canto inferior
esquerdo antes de ir. Quando ela era pequena, Penny era a miss julho para um
calendário de bebês. Mostro as fotos para todos os seus amigos quando eles vêm
aqui. Ela vai assumir que algo está errado se descobrir que estávamos na
biblioteca e não fiz o melhor para constrangê-la.

—Vou dar uma olhada. —Digo. —E, por favor, ligue para mim se ela
acordar e precisar de alguma coisa esta noite. Sprite ou aspirina, ou algo para o
estômago dela. Qualquer coisa.

219
Desta vez, o sorriso dela é cálido. —Eu vou. Boa noite, Sebastian.

—Boa noite. —Quando ela se vai, viro-me indo para as fotografias


emolduradas, verificando-as até encontrar a que Ana estava falando. Então,
sorrio.

Lá, vestida com uma fantasia de lagosta, há um bebê com carinha de anjo,
cachos escuros e um sorriso desdentado que só pode ser Penny quando bebê. Em
uma foto, ela está deitada na areia, sorrindo quando uma onda cai em suas
costas. Em outra, ela está sentada em uma panela, os olhos castanhos enormes,
como se estivesse contemplando sua própria mortalidade. E, no último, ela está
escapando da panela, garras atingindo o chão enquanto o traje cai em torno de
suas pernas, revelando sua bundinha nua.

—Penny para sua panela de lagosta 10. —Sussurro, finalmente entendendo


seu endereço de e-mail. É outro pedaço do enigma Penny.

Outra coisa para amar nela, eu acho; meu peito está apertado.

Não era assim que eu queria que esta noite terminasse, com Penny
desmaiada e eu voltando para casa sozinho, sem ter dito nada das coisas que
preciso dizer. Mas deveria saber agora que a vida raramente funciona como
planejado. Se assim fosse, não haveria necessidade da Magnifico Bastardo
Consultoria, em primeiro lugar.

Eu fico olhando as fotos do belo bebê que a minha linda garota costumava
ser, esperando que Penny acordará e descerá as escadas para procurar por mim.
Mas a casa permanece quieta, e finalmente sou forçado a admitir a derrota.

Saio pelas gigantescas portas da frente e percorro o caminho que conduz


ao estacionamento onde Penny e eu deixamos o carro há algumas horas atrás.

Paro, verificando meu relógio. Nem mesmo três horas. Apenas um pouco
mais de duas horas na verdade.

Minha testa se franze. Como diabos ela ficou embriagada tão rápido?
10
Seu e-mail: penny4suapanela de lagosta. Trocadilho com 4 e para que tem o mesmo som em inglês,” for”.
Perdido na tradução.
220
Giro, olhando para a casa, examinando as janelas do segundo andar. Mas
não há luzes acesas e nenhum movimento atrás das cortinas brancas. Finalmente,
depois de um longo e tenso momento em que meu estômago faz o melhor para
me convencer que não estou sendo observado, balanço minha cabeça e apresso-
me em direção ao carro.

Estou ficando paranoico. Penny não está tentando me evitar. Não tivemos
tempo para jantar antes da festa, e agora ela está pagando o preço por beber
muito champanhe com o estômago vazio. Isso é tudo.

Mas quando ligo o carro e me afasto, não consigo evitar a sensação de


que não deveria estar indo embora. Eu deveria estar atacando o castelo e lutando
pela princesa adormecida em sua torre, não levando meu traseiro desapontado
de volta para nosso chalé romântico sozinho.

Mas então, não tenho muita experiência em ser o Príncipe Encantado.

—O Príncipe Encantado é uma merda. —Sussurro para as luzes do painel


do carro. —Ele não existe. —Mas talvez ele devesse. E talvez ele devesse se foder.

221
CAPÍTULO 37
E agora algo sobre Penny Elizabeth Pickett...

Estou observando ele se afastar, admirando o quanto ele é lindo e a


maneira como ele caminha, como se nunca soubesse o que é ser qualquer coisa
além de perfeitamente à vontade em sua própria pele, quando se vira e olha para
cima, observando as janelas do segundo andar.

Congelo aterrorizada que ele me verá escondida atrás das cortinas, e


aterrorizada que ele não veja. Deus, não quero que ele vá embora sem mim.

Não quero passar a noite sozinha no meu quarto de infância, assombrada


pelo fantasma da menina que eu era quando acreditava que as pessoas que eu
amava nunca me machucariam, pelo menos, não de propósito. E depois, voltar
pela segunda vez, chantageando-me a ser a dama de honra deste pesadelo de
casamento, quando provei que eu poderia aguentar o soco “você está dormindo
com meu namorado” sem cair no ringue.

Quero voltar para o chalé com Bash e fingir que pertencemos aquele
lugar. Imaginar que ele é meu e eu sou dele, e que ele nunca mais fugirá de mim.

Por favor, veja-me, imploro silenciosamente. Veja-me, volte e me faça


parar de te afastar.

Não vá. Por favor, não vá.

Mas depois de um momento, Bash abaixa a cabeça, lançando seus olhos


na sombra e anda em direção ao carro. Ele caminha mais rápido do que antes,
como se não pudesse esperar para se afastar desta casa e de todos os loucos lá
dentro. A louca estrela de cinema, o louco ex-namorado idiota, e a louca cliente/
assistente/amiga que cometeu o erro de deixá-lo chegar muito perto.

Pressiono meus lábios, lutando contra as lágrimas enchendo meus olhos,


desfocando as luzes traseiras do carro alugado enquanto Bash se afasta.

222
Muito perto. Eu sabia que ele não ficaria muito perto. Ele sempre corre
quando começa a sentir algo real. Toda vez.

Mas eu não podia evitar. Não poderia ter evitado me apaixonar por ele.

Olhando para trás, percebo que me apaixonei por ele um pouco todos os
dias. Não estava olhando ele beijar minha horrível tatuagem, muito, muito feia ou
a maneira como ele me olhou depois que fizemos amor ontem, onde começou
tudo isso; foi o que selou o acordo. Selou meu destino. Selou a morte lenta e
dolorosa da nossa amizade, porque não há como voltar para a forma como as
coisas costumavam ser, agora que eu sei como é fazer amor com ele.

Acordar ao lado dele. Compartilhar refeições, conversas e piadas bobas,


vê-lo pintar as unhas, porque ele sabe que está fazendo duas garotas que eu amo
felizes.

Hoje quase me matou fingir que não estava doendo, que já não sentia
falta dele. Combatendo o desejo de agarrar seus ombros grandes, estúpidos e
bonitos, e sacudi-lo até ele perceber que quando se encontra algo assim, você
deve correr de encontro a ele, não para longe.

Mas sacudi-lo não faria nada de bom, e não seria justo.

Eu sabia que era assim que Bash realizava os negócios. Sabia no que
estava entrando. Eu li o “Não é você, sou eu”, em e-mails em sua conta
LetsGoLove, aqueles em que ele ofereceu um amável e gentil adeus a qualquer
mulher que estivesse a uma distância mínima de seu coração. Fui sua amiga de
mensagens enquanto ele estava se afastando de outro tiro, a mão que lhe
segurava até que ele estivesse longe do fogo.

Mas não deixarei as coisas ir tão longe conosco. Agora não.

Pela primeira vez em anos, estou livre. Quando encontrei Phillip no


caminho para o banheiro esta noite, eu não senti nada. Sem ódio, nem vergonha,
nem saudade ou arrependimento, apenas uma ligeira irritação que fui forçada a
conversar com ele durante alguns minutos, enquanto minha bexiga estava
incomodada. O feio feitiço que ele costumava lançar sobre mim perdeu seu

223
poder. Eu finalmente saí da sombra escura de um homem que não me queria e,
em hipótese alguma, vou me arrastar para outra.

Nem mesmo para um homem tão maravilhoso quanto Bash.

Estou farta de pessoas que pensam que eu sou um trampolim para algo
melhor, ou um ratinho tão desesperado por amor, que o perseguirá
engatinhando. Não estou perseguindo, me encolhendo ou me conformando em
ser a segunda melhor, nunca mais.

Bash pode não me amar do jeito que eu o amo, mas ele me deu o
suficiente para ter um gosto do que é ter tudo, e eu me recuso a me contentar
com menos.

Não quero o bom o suficiente ou o quase maravilhoso. Quero amor e


felicidade, segurança e paixão, e estar nos braços de alguém em nossa casa.
Quero me sentir como a mulher mais bonita do mundo, por um homem que me
ame tanto que seja cego às minhas falhas. E quero fazê-lo sentir do mesmo jeito.

Se Bash me deixasse, eu sei que eu poderia amá-lo assim. Como um rei,


como o centro de um mundo construído para dois.

Eu o amaria até que ele não tivesse medo de se aproximar, até que ele
soubesse que pode confiar em mim com cada parte mandona, doce, tola,
assustada, apaixonada e perfeitamente danificada dele. Até que ele percebesse
que as partes que ele tenta ocultar, são as partes que me fazem amá-lo mais, as
partes que o fazem um homem forte e aparentemente sem defeito, a minha
combinação perfeita. Eu o vejo, o verdadeiro ele, sob o brilhante e sedutor
personagem do Magnífico Bastardo.

E eu o amo.

Mas eu também me amo. Também me amo demais para dar meu coração
para um homem que corre quando as coisas ficam intensas. Depois de anos
escondendo-me do mundo, dos meus sentimentos e de mim mesma, não quero
correr. Quero viver. Totalmente. Autenticamente. Sem retenção.

É por isso que tenho que dizer adeus a Bash.


224
Eu deveria ter dito a ele que acabou antes de chegarmos à festa hoje à
noite, dizer a ele que a amizade com benefícios acabou, e que estou dando o meu
aviso prévio, mas não tinha certeza de que seria capaz de aguentar. É melhor
esperar até voltarmos para a cidade, longe de mamãe e Phillip. E minhas irmãs,
que eu conheço, e ficarão desapontadas com o fato de “tio Bash” não vir para
outra visita.

Então, direi a Bash que vou ficar com ele até eu treinar uma assistente que
o satisfará ou excederá todas as suas expectativas, agradecer a ele por tudo o que
ele fez por mim, pelo trabalho, a amizade, a intervenção, e aqueles momentos em
que ele me mostrou que devo sentir e ser completa e lindamente amada e
continuar com minha vida. Não tenho certeza como a “minha vida” será com o
Pós-Phillip, Pós-Bash, Pós-anos de vergonha, mas será minha e será real.

E talvez algum dia, quando encontrar o homem certo, terá amor nela.
Bastante amor para compensar o quanto será difícil dizer adeus a Bash.

Com um suspiro final, me afasto da janela, rastejo para a minha cama de


solteiro e fecho meus olhos, disposta a dormir e a não sonhar com coisas que
nunca terei.

225
CAPÍTULO 38

Querida Penny,

Estou escrevendo essa carta porque você não está aqui


para conversar, e os e-mails e mensagens simplesmente não
ajudarão para algo assim.

Eu não escrevi uma carta real em anos, mas quando


voltei ao chalé e vi papeis de carta na mesa do quarto,
parecia ser a coisa certa a fazer, escrever todas as coisas que
estou pensando e sentindo antes de me deixarem louco.

Então, aqui vou eu, escrever o que estou pensando


agora, quando penso em você, minha amiga. Minha boa,
muito doce, muito linda amiga...

Trabalho na carta por horas, escrevendo como um homem possuído,


derramando a história da luta de machos com Phillip, e como percebi que eu a
amava. Amava-a mais do que a Rachael, mais do que as garotas que eu enganei
que amava nos meus vinte e poucos anos, quando ainda estava confuso demais
para amar alguém além de mim.

Mais do que amei qualquer pessoa em toda a minha vida.

Escrevo todas as coisas que eu normalmente teria que ser muito homem,
ou muito burro, para dizer em voz alta. Confesso que estou com medo, que não
tenho certeza se sei como fazer amor da maneira que quero ser capaz de fazer
com ela, mas que prometo trabalhar nisso, como nunca trabalhei em nada.
Prometo tentar ser o seu Príncipe Encantado, matar seus dragões, e estar lá para
puxá-la para o meu cavalo branco e cavalgar no pôr-do-sol nos dias em que ela

226
precisar ser animada, ou simplesmente sentir vontade de dar uma volta.

E coloco coisas sacanas lá também, porque isso faz parte do que eu sinto
por Penny.

Digo a ela que sou escravo do seu corpo, que vou sonhar sobre tê-la hoje à
noite, que vou para a cama desejando o gosto de sua boceta na minha boca, e
esperando totalmente acordar duro e miserável porque ela não está ao meu lado,
quente e doce, pronta para eu fodê-la e dar-lhe alguns orgasmos de bom dia.

Depois de cinco páginas, minha mão começa a ter cãibras, mas continuo
colocando para fora tudo que está me pressionando, como um gênio na lâmpada,
exigindo ser livre.

No momento em que finalmente termino, é quase meia-noite, e o vento


do início do dia desapareceu. Não há som dos galhos das árvores lá fora das
janelas. Os pássaros da noite nesta parte do mundo são bons em se manterem
quietos, os que se esgueiram sobre as coisas mortas e comidas e as aves da
manhã ainda estão dormindo.

Quando deito na cama e apago a lâmpada, o chalé ainda está quieto.

Deito no escuro pelo que parece ser para sempre, olhando para as
sombras no teto, sentindo-me como a última pessoa viva nos confins da terra.

Sinto-me sozinho. Vigoroso e incrivelmente sozinho.

Há pessoas para quem eu poderia ligar: Aidan, que nunca vai dormir antes
de duas horas da manhã e minha mãe, a coruja da noite, mas eu não sei como um
amigo ou membro da família poderia aliviar essa dor. Este é o tipo de solidão que
vem de ser separado do que você ama. Não senti isso desde Rachael.

Isso deveria me assustar, eu acho, mas não. Isso me torna ainda mais
decidido a não estragar tudo. Primeira coisa amanhã: ir até lá e falar para Penny
tudo o que escrevi.

Ou talvez eu lhe dê a carta, e a deixe ler o que escrevi com caneta


esferográfica azul.
227
O pensamento faz minha garganta fechar um pouco, mas se eu vou
confiar em alguém com meus sentimentos delirantes da meia-noite, será em
Penny.

Fecho os olhos disposto a dormir, então a noite passará mais rápido e eu


ficarei muito mais perto de voltar para ela. Mas meu cérebro continua girando em
círculos. Finalmente, ele passa a correr em uma lembrança muito detalhada de
quando Penny chupou meu pau no chuveiro, e paro o trem louco.

Deslizando minha mão sob a cintura da minha calça de pijama, visualizo a


forma como seus seios se moldaram sobre meu pau quando ela se ajoelhou no
chão da banheira.

Vejo seus lábios cor-de-rosa se separando enquanto ela leva minha cabeça
inchada em sua boca, como seus olhos se contraem para encontrar o meu,
enviando um choque elétrico através de todo o meu corpo. Sua técnica é estelar,
ela pode ter tido uma pausa no sexo, mas ela sabe claramente o que está
fazendo, mas isso não é por causa de quão profundo ela me leva, ou a sucção
perfeita que torna tão difícil não gozar.

É o quanto me sinto perto dela, o quanto ela claramente quer me agradar,


a maneira como ela geme de prazer enquanto abaixo sua cabeça com as minhas
mãos e empurro entre seus lábios bonitos.

Não estou apenas fodendo sua boca, eu estou fodendo ela, minha amiga,
minha garota, essa mulher que me faz rir, pensar e sentir coisas. Sentir bastante.
Sinto tanto que minha imaginação corta a memória, mudando o curso de eventos
passados.

Desta vez, não gozo em sua boca, nem a observo engolir, a garganta
trabalhando com uma sensualidade crua que me mata. Desta vez, puxei e
alcancei-a, atraindo-a para cima do meu corpo, engatando as pernas ao redor da
minha cintura para que eu possa deslizar dentro dela.

E então, a como com toda a paixão, luxúria e sentimentos também. Entro


e saio do seu calor doce e apertado, murmurando coisas que não disse a
nenhuma mulher na cama ou fora dela. Digo a ela que eu a amo e que preciso
228
dela, e que ela é a melhor coisa que já aconteceu comigo. Digo a ela que eu nunca
vou deixá-la, ou decepcioná-la e quando ela goza, juro que posso sentir seu prazer
como se fosse meu.

Mantenho meus olhos bem fechados, me segurando no sonho com Penny


enquanto gozo em minha mão, fingindo que estou com ela.

E, finalmente, posso dormir. Dormir e quase perfeitamente sonhar que


Penny está descansando em meus braços.

229
CAPÍTULO 39

Chego à mansão dos Pickett logo depois das oito horas da manhã, minhas
palmas suando e minha boca cheia com o gosto agridoce de esperança misturado
com medo, para saber que Penny já partiu para o spa com sua mãe e irmãs.

Aparentemente, o dia do spa mãe-filhas foi planejado há semanas.

Pelo menos de acordo com a Babá Helms, que mal abre a porta o
suficiente para passar o seu rosto, e entregar as más notícias antes de fechá-la
novamente.

—Mas e a noite passada? —Pergunto, levantando a voz para ser ouvido


através da madeira grossa. —Como ela está se sentindo? Ela está bem?

—Ela está bem. —Helms fala de dentro. —Volte às quatro horas e traga o
vestido dela para o jantar de ensaio e sua mala. Tenho certeza que ela vai querer
suas próprias coisas de maquiagem e cabelo.

—Por que ela não pode ir até o chalé para se vestir? —Exijo o medo de
que Penny está tentando me evitar volta e envolve suas teias de aranha. —
Senhora Helms? Olá? Sra. Helms?

Espero, mas não há resposta do outro lado da porta, e quando tento abri-
la, descubro que está trancada.

Fiquei trancado para fora. Como um vendedor de aspirador de pó, ou uma


Testemunha de Jeová, ou algum entregador de pizza assustador que ninguém
quer dentro da casa.

—Bem, foda-me. —Murmuro quando me afasto da porta, com uma


carranca em minha testa. Vou em direção ao carro, digitando uma mensagem de
texto para Penny enquanto caminho.

Por que você não me falou sobre o dia do spa?

230
Acabei de chegar à casa da sua mãe para vê-la e você
não está aqui. Algo está errado? Você está bem?

Quase escrevo: Estamos bem? Mas pensei melhor sobre isso.

Isso não é algo que quero conversar por mensagem, especialmente se


Francis e Eddie estão com o celular de Penny, pesquisando através de sua coleção
de emoticons, da maneira como elas fizeram várias vezes ontem.

De pé, junto ao carro alugado, com um pouco de sombra, o sol nasceu


com um céu azul sem nuvens esta manhã, e está começando a parecer como o
verão, aguardo uma resposta que não vem. Ela não vem, não vem e não vem, e
ao meio-dia ando pelo chalé, rangendo meus dentes e lutando contra o desejo de
enviar a Penny outra meia dúzia de mensagens de graus variados de
preocupação, confusão e de raiva.

Como ela se atreve a fazer isso? Como se atreve a me ignorar quando tudo
o que quero fazer é dizer-lhe o quanto eu a amo?

Talvez porque ela conheça você melhor do que você mesmo, idiota.

Talvez ela tenha percebido isso e decidiu correr antes de ser confrontada.

—Foda-se. —Rosno, apontando um dedo acusador para o meu reflexo no


espelho do banheiro. —Não é assim que vai ser. Não dessa vez. Ninguém vai
correr.

Continue dizendo isso a si mesmo, a voz zombeteira na minha cabeça me


diz, quando você tirar a cabeça da sua bunda, ela estará tão longe que você nunca
alcançará.

—Eu vou alcançar. —Me afasto do espelho, decidindo que é mais louco
falar comigo mesmo olhando nos meus próprios olhos do que enquanto rondava
pela casa. —E quando eu fizer isso, vou convencê-la a dar essa chance. —Digo ao
sofá. —Vou derrubá-la na areia e sentar-me sobre ela se for preciso, até que me
ouça.

231
Isso é uma coisa boa em um ensaio de casamento na praia. Muita areia
suave e agradável para derrubar a mulher que você ama no chão, e sentar-se
sobre ela.

Você está perdendo, Prince. E uma vez perdido, tudo o que você é, é um
perdedor.

Ignorando a voz dos infernos, calço meus tênis de corrida e dirijo-me para
a calçada, decidindo que é melhor usar o meu tempo do que bater minha cabeça
contra a parede. São apenas mais quatro horas até eu ver Penny. Ninguém sai
completamente da sua maldita mente em quatro horas.

Mas quando chega quatro horas e regresso a casa só para que a Babá
Helms confisque os itens que trouxe para a Penny, e desapareça no andar de cima
depois de me encorajar a “juntar-me ao resto da festa de casamento na varanda”
é tudo o que posso fazer para não passar por ela e subir as escadas.

Estou prestes a tentar a fazer isso na verdade, quando vejo Francis e Eddie
aparecerem em vestidos cor de rosa, com bobs em seus cabelos, e me forço a
virar e caminhar até a parte de trás da casa. Saio no sol quente de final da tarde
para ver os garçons dando os toques finais nas mesas ao ar livre, e a equipe do
audiovisual estica uma tela gigante para o slideshow que as meninas ajudaram a
montar para a sua mãe. O pátio já está zumbindo com pessoas, um excelente
lembrete de que a vida não para.

Tanto quanto eu gostaria que o mundo não consistisse em ninguém além


de Penny e eu... pelo menos durante as próximas horas, enquanto eu a convenço
que seria estúpida por não se apaixonar por mim, há também outras coisas em
jogo.

Incluindo duas meninas que não precisam de mais drama em suas vidas, e
uma festa de casamento que precisa continuar a pressupor que Penny e eu
estamos felizes no amor.

Não importa o que aconteça entre nós, não vou arruinar isso para Penny.
Ela merece essa vitória, a chance de deixar toda a feiura para trás e sair dos
Hamptons como um cisne totalmente florescido.
232
—Cisnes não florescem idiota. —Murmuro enquanto pego um mojito de
um garçom que está passando.

—O que é isso? —As palavras são baixas, nada como o tom sombrio de
quando nos conhecemos na estação de trem, ou ontem à noite na despedida de
solteiro, mas reconheço a voz de Phillip imediatamente.

Giro, forçando um sorriso. —Apenas me perguntando sobre as flores. As


flores são a minha parte favorita de um casamento. Com exceção do bolo. De
preferência com sorvete. Você come seu bolo com sorvete? Ou você está nessa
de tudo livre de açúcar, sem glúten, sem alegria, junto com sua noiva?

Phillip franze a testa, dando-me um olhar que deixa claro que acha que
sou louco, fodendo com ele, ou ambos, mas não me incomodo em me explicar.
Deixei meus olhos deslizarem sobre ele, observando a transformação do futuro
noivo.

Pela primeira vez, os cabelos de Phillip parecem menos do que perfeitos


de um lado e distorcidos do outro, e a pele sob seus olhos é uma sombra doentia
de amarelo e azul. Parece que ele está com ressaca ou, possivelmente, ainda está
bêbado da noite anterior, e quando ele sorri seus lábios parecem pedaços
murchos de frango frito amassado e jogado no centro do seu rosto.

Ele parece azedo. Como se estivesse coalhado de dentro para fora.

Se eu não estivesse me sentindo um pouco azedo, teria um grande prazer


em seu aparente sofrimento. Mas então, só posso ter uma leve satisfação e um
desejo sem convicção, que ele vomitará em algum momento durante as
festividades da noite.

Julgando pelo jeito que ele está bebendo seu mojito, é um desejo que tem
uma forte chance de se tornar realidade. —Estive pensando sobre o que você
disse na noite passada. —Ele toma outro gole de sua bebida quase acabada, olhos
avermelhados observando-me sobre a borda do copo. —E talvez eu não seja tão
estúpido quanto você pensa que sou.

Inclino minha cabeça para um lado e depois para o outro como se

233
considerasse o ponto antes de apertar meus lábios. —Não, acho que não. Todos
os sinais apontam para estúpido. Mas não se preocupe com isso. —Bato no seu
ombro, desfrutando do jeito que ele treme e os músculos do seu queixo já
apertados se flexionam sob sua pele pálida. —Você está se casando com uma
mulher bonita, rica e poderosa, e todos os seus sonhos estão se tornando
realidade. Tenho certeza de que você é o bastardo mais feliz do quarteirão. Ou da
rua, já que sua esposa é dona do quarteirão, hein? —Ri, fingindo que não vejo o
olhar assassino nos olhos de Phillip.

—Vamos ver. — Ele diz, franzindo os lábios. —Veremos quem estará rindo
quando tudo acabar. Você faz um bom show, mas você não me engana, Prince.
Você não tem o que é preciso para ir até o fim.

Estreito meus olhos, me perguntando se Anastásia decidiu dizer-lhe o que


eu faço para ganhar a vida, depois de tudo, mas rapidamente decido que não me
importo.

Quem se importa se ele conhece a Magnífico Bastardo Consultoria? Minha


presença aqui hoje já não tem nada a ver com o trabalho, um fato que se tornará
amplamente visível, uma vez que eu tenha a chance de falar com Penny. Vou
convencê-la de que o nosso fingimento é a coisa mais real neste ensaio de
casamento, e depois transar com ela em todos os cantos escuros do pátio, até
que não haja um canto sombrio que não batizamos, e que não haja dúvida na
mente de ninguém, de que eu sou completamente apaixonado por Penny
Elizabeth Pickett.

—Tudo bem, Phillip. —Digo dando de ombros. —Acho que só teremos


que concordar em discordar.

Seus olhos verdes brilham. —Certo. Isso funcionará. Até que você tenha
que admitir que falhou.

Antes que eu possa responder, Phillip vira, quase derrubando um garçom


enquanto troca sua bebida vazia por uma cheia e desaparece dentro da casa.

Ao redor de mim, os outros membros da festa de casamento, quase uma


dúzia de mulheres bonitas, muitas das quais eu reconheço de vários filmes,
234
revistas de fofocas e seus pares, juntamente com os valentões de Hollywood de
Phillip, e os irmãos da fraternidade, que rapidamente desviam seus olhos,
fingindo que não estavam observando a tensa conversa entre o noivo e eu.
Felizmente, o quarteto de cordas começa a tocar no gramado abaixo do pátio
preenchendo o silêncio desconfortável, e em breve as conversas retomam.

Depois de segurar um prato de aperitivos do Buffet perto da entrada da


casa, me afasto da festa principal, juntando-me aos pais do pajem no deck com
vista para a praia, onde o ocupado planejador de casamento está finalizando o
arranjo das cadeiras e altar para o ensaio. Conheci George e Yvette e seu filho, Eli,
no almoço. Eles têm um salão de cabeleireiro local e são, refrescantemente,
normais em comparação com os jogadores poderosos de Hollywood e filhinhos
de papai que compõem o resto da festa de casamento.

Nós passamos meia hora comendo pequenos sanduiches, conversando no


sol, observando Eli rolar do gramado para a areia uma e outra vez, até que a
criança de quatro anos derrama areia dos bolsos das calças toda vez que se
levanta e espera que a noiva, a dama de honra e as floristas apareçam. Esperamos
e esperamos enquanto o sol fica mais baixo no céu e o ar frio. Finalmente, logo
após as cinco horas, Yvette se desculpa para levar Eli ao banheiro antes de seu
ensaio no corredor começar, e George e eu vamos caçar novos mojitos.

Estou circulando pelas mesas de jantar, entediado olhando uma garota


loira com uma bandeja cheia de copos, quando uma buzina alta toca dos alto-
falantes perto da tela de slides.

Um suspiro se espalha através da multidão, seguido de risadas nervosas,


quando o técnico do audiovisual perto de seu laptop grita: —Desculpe-me por
isso pessoal. Tivemos um pequeno problema com a configuração. Acho que
encontrei o sinal certo agora.

Os grupos de pessoas bem vestidas já estão retornando às conversas


quando a voz de Phillip soa dos alto-falantes, implorando a alguém: —Por favor.
Ouça-me. Apenas me dê cinco minutos. Por favor! —Viro-me, perguntando o que
diabos está acontecendo, para ver uma imagem cintilar na tela.

235
—Ou talvez esse não seja o meu sinal. —O técnico pisca franzindo sua
testa.

Lá, há alguns metros de altura e em cores vivas, estão Phillip e Penny.


Estão de pé no meio de uma sala de vidro, e Phillip está agarrando uma das mãos
de Penny nas dele. Ela estava com o vestido de chiffon branco que eu trouxe do
chalé para ela, que a faz parecer uma estrela de cinema glamorosa e curvilínea
dos anos cinquenta, e Phillip está vestido com a mesma roupa que estava usando
quando ele me encurralou no pátio.

Se isso é algo que as gêmeas gravaram para a apresentação de slides, elas


devem ter feito há alguns minutos atrás.

Mas antes de Penny balançar a cabeça e começa a falar, tenho a sensação


de que isso não tem nada a ver com a celebração do casamento.

—Não, Phillip. —Ela diz com a voz estranha. —Isso é uma loucura! Você se
casará em menos de vinte e quatro horas. Com a minha mãe!

—Mas eu não tenho que casar. —Diz Phillip, enviando um murmúrio


desconfortável que atravessa a multidão, enquanto mais convidados começam a
perceber que algo está errado, e o cara do audiovisual bate freneticamente em
seu laptop, tentando pôr um fim na execução não planejada.

—Por favor, Penny, sei que estraguei tudo. —Phillip continua agarrando-
se à mão dela. —Eu nunca deveria ter seguido sua mãe para a casa da piscina,
muito menos deixar as coisas chegarem tão longe. Eu nunca deveria ter feito nada
para estragar o que tínhamos.

Penny balança a cabeça mais rapidamente, claramente em pânico. —Você


está louco? É algum tipo de piada doente, porque eu não...

—Não é uma piada. Mas sim, talvez eu esteja louco. —Sua voz quebra, e
ele engole com esforço visível antes de acrescentar: —Todos pensam que tenho
tudo, mas não tenho nada. Ao vê-la novamente, percebo que sem você minha
vida é vazia. Você é a única mulher que eu realmente amei Penny. A única pessoa
que me conhece por dentro e por fora. E não consigo suportar o pensamento de

236
passar mais um dia, muito menos o resto da minha vida, com alguém além de
você.

Ele cai de joelhos, provocando suspiros e profundas queixas de


desaprovação dos convidados colados ao drama que se desdobra, enquanto
Penny volta do choque óbvio, sua expressão dando sinais de profundo horror.

Infelizmente, Phillip está muito bêbado ou muito arrogante para ler seus
sinais. Ele continua com uma voz apaixonada, digna de um ator indicado ao
Emmy. —Penny Pickett, você casa comigo? Por favor. Fuja comigo, Peeps. Agora
mesmo. Esta noite. E juro que vou passar o resto da minha vida certificando-me
de que você não se lamentará de ter me escolhido para ser seu para sempre.

O queixo de Penny cai, mas antes que ela possa falar o cara do audiovisual
finalmente puxa o plugue do computador que está funcionando mal. Desta vez a
multidão geme em decepção, a plateia foi privada do momento culminante de um
drama de televisão especialmente fascinante.

Mas isso não é televisão. Esta é a vida real, e não importa como o resto da
cena se desenrola, pessoas reais vão se machucar.

O pensamento mal atravessou minha mente quando um borrão de chiffon


amarelo passa na minha visão periférica. Deslizo meu olhar para ver Anastásia
correndo da porta da cozinha do outro lado da casa, e atravessando as cerejeiras
que sombreiam esse lado da propriedade. Ela tropeça, caindo na grama em meio
às pétalas cor-de-rosa caídas, mas rapidamente recupera o equilíbrio, passando o
braço em seu rosto enquanto foge entre as casas de hóspedes indo para a praia.

Ela está claramente devastada, e não é preciso muita imaginação para


adivinhar o por que. Ela deve ter visto o vídeo, e ouviu seu noivo implorando a
outra mulher, a sua filha, para fugir com ele.

Não importa o que Anastásia fez para Penny, ou como ela é claramente
egoísta, me sinto mal por ela. Com todas as suas besteiras, ela parece amar
Phillip, e ele provou ser um idiota da pior maneira possível, diante de cinquenta
pessoas mais próximas e queridas dela, vários funcionários e um dos mais caros
planejadores do casamento da área.
237
Com um último olhar para a casa, onde espero que Penny esteja dizendo a
Phillip “inferno, não”, sem se incomodar com seus modos, viro e sigo sua mãe
para a praia.

Penny é a forte, agora. Ela está livre de Phillip, e mesmo se optar por
pegar leve ou não com ele, ela nunca mais o deixará machucá-la novamente.

Não tenho tanta certeza sobre o estado mental de Anastásia, e não vou
deixar que ninguém se machuque sob a minha supervisão. Altruísta, meu coração
sofre pelas pessoas que foram abandonadas de forma impressionante, até
pessoas como a mãe de Penny. E de forma egoísta, eu sei que quanto mais cedo
conseguir que Anastásia se acalme, mais cedo Penny e eu poderemos sair daqui e
passar a nossa última noite em nosso chalé, da maneira que deveríamos ter
passado todas as noites, emaranhados e sem planos de ir embora.

238
CAPÍTULO 40

À beira de algumas dunas que bloqueiam o vento, vejo um par de


sandálias douradas. Não muito mais adiante, pulseiras de ouro estão espalhadas
entre as duas montanhas de areia como um tesouro de pirata esquecido. E
quando saio do meio das dunas, vejo o vestido de Anastásia enquanto o vento o
levanta.

Congelo na borda de onde a areia se torna um tapete branco que conduz


ao oceano, e observo o chiffon amarelo girar em direção ao céu, torcendo como
um dragão chinês no vento.

—Merda. —Murmuro, estremecendo enquanto olho para o oceano, já


tendo uma boa ideia do que verei.

Com certeza, Anastásia está avançando para o oceano gelado em seu sutiã
sem alças e calcinha branca, entrando nas ondas como uma sereia determinada a
retornar ao mar. Enquanto corro para a água, lembro vagamente parte do filme
em que ela estava em uma cena semelhante, na qual uma Anastásia mais nova
estava sendo forçada a desistir de seu amante humano.

Mas isso não é um filme. Se ela permanecer dentro da água por muito
tempo, terá uma hipotermia ou pior, a temperatura da água é de apenas quinze
graus nesta época do ano e não vale a pena perder o dedo por causa de Phillip,
muito menos a vida.

—Anastásia, espere! —Paro na beira das ondas, tiro meus sapatos, e rezo
para ela dar ouvidos a razão. Comprometi-me em ser o Príncipe de Penny, mas eu
realmente não quero ter que nadar no oceano frio para resgatar a rainha má. —
Anastásia! Está muito frio para entrar na água!

—Vá embora! —Ela olha por cima do ombro, me dando um vislumbre do


rímel escorrendo por suas bochechas. —Apenas vá embora.

—Não posso. —Levanto minha voz para ser ouvido sobre as ondas. —Não
239
até você sair da água. Está frio demais. Não é seguro.

—Este é o propósito. —Ela respira de forma irregular. —Vou entrar e


nunca vou sair. Nunca! E não me importo se os peixes comerem meu corpo.

—Vamos lá. —Incentivo no momento em que me lembro de como Penny


estava deitada no sofá. Parece que ela herdou uma veia dramática. —Ele não vale
a pena, Ana. Você sabe que ele não vale.

—Adeus, Sebastian. —Ela cruzou os braços sobre o peito, seus dentes


batendo enquanto aponta um dedo para a casa. —Diga a Penny que espero que
ela e Phillip sejam muito felizes juntos. Não vou incomodá-los, nem mais
ninguém, nunca mais. Seu rosto enruga na última palavra enquanto ela passa um
braço tremendo em seus olhos.

—Isso é ridículo, Anastásia. —Tiro minhas meias e me aproximo da água,


perto o suficiente para sentir o quão frio a areia molhada está abaixo dos meus
pés descalços.

Foda-se, eu realmente não quero ter que realizar um resgate, mas está
começando a parecer que não vou ter escolha. Não há mais ninguém na praia, e
um olhar de volta para a casa, mostra que ambas as trilhas que levam até a areia
ainda estão desertas.

—Penny não quer Phillip. —Continuo, desejando que Anastásia voltasse à


razão. —Ele é um filho da puta nojento e ela sabe disso. Agora saia da água e
vamos encontrar o seu vestido antes que suma no oceano e estrangule um bebê
golfinho ou algo assim.

Anastásia balança a cabeça para frente e para trás, afastando-se até que
as ondas fiquem no meio do seu peito. —Não posso. Nunca mais vou poder
encarar alguém novamente.

—Claro que você pode. Phillip é quem fodeu com tudo. —Movo-me de
volta para a casa. —Ele é o único que acabou de provar a todos que estão lá, que
não é digno de você, Ana. Nem do seu amor ou sua confiança e por ele, com
certeza, não vale a pena congelar até a morte.

240
Os lábios dela tremem, mas seu olhar se torna suave. —Você realmente
não acredita nisso. Você acha que eu sou uma terrível p-pessoa.

—Não, não acho. —Digo, decidindo que vale a pena fingir um pouco a
verdade para tirá-la das ondas. —Acho que você se apaixonou por uma pessoa
terrível, e isso a fez menor do que você realmente é. Mas agora Phillip está de
saída. Você pode chutá-lo para a calçada e voltar para o que importa. Sua família,
suas filhas e os amigos que a amam e a apreciam.

Ela balança de um lado para o outro na água.

Círculo meu braço, usando minha voz mais calorosa para selar o acordo e
levá-la a se mover para a costa. —Volte aqui, garota. Você é uma sobrevivente.
Você conseguiu isso. De jeito nenhum um merdinha como Phillip vai derrubar
Anastásia Pickett.

Seus lábios se curvam e respondo com um sorriso. —Agora saia da água e


vamos cuidar das coisas.

—Você vai me ajudar? —Ela pergunta, dando um passo à frente. —


Mesmo? Mesmo que eu tenha machucado Penny? E tudo por nada, por um
homem que realmente não me ama?

—Qualquer inimigo de Phillip é meu amigo. —Asseguro-lhe, respirando


com mais tranquilidade enquanto ela continua a atravessar a água. —Eu mesmo
vou cuidar de expulsá-lo pela porta. Será um prazer empurrá-lo com um chute no
traseiro.

Seus olhos brilham, e um sorriso hesitante aparece em seus lábios. —


Posso assistir? Gostaria de vê-lo levar um chute na bunda. Normalmente não sou
uma pessoa violenta, mas acho que ele merece isso, no mínimo.

—No mínimo. —Concordo, trabalhando em abrir os botões da minha


camisa, pois se torna óbvio que, graças a uma boa imersão, seu sutiã branco e
calcinha agora estão transparentes.

Ela claramente não tem problemas em desfilar por aí nua na frente dos
namorados de sua filha, ou de quem mais estiver por perto, mas eu gostaria que
241
ela estivesse coberta quando voltássemos para a casa. Quando ela dá os últimos
passos para a costa, tremendo com a brisa, correndo para fora da água, tiro
minha camisa e seguro-a para ela. Ela passa os braços pelas mangas e eu levanto-
a sobre seus ombros.

Mas quando ela se vira, vejo que ela não fez nenhum esforço para segurar
a camisa fechada na frente.

Na verdade, no tempo que levou para minhas mãos caírem ao meu lado,
ela de alguma forma, conseguiu tirar o sutiã.

Ele cai sobre a areia com um plop suave quando ela permite que minha
camisa fique mais aberta, exibindo uma quantidade escandalosa de seu peito.

No momento em que faço contato visual com o seu peito, imediatamente


desvio o olhar, deixando minha garganta desconfortável. —Tudo bem então. Você
pode querer...

Antes que eu possa terminar, Anastásia joga seus braços ao redor do meu
pescoço e pressiona seu peito quase nu contra o meu.

—Obrigada, Bash. —Ela se aproxima mais, esfregando-se contra mim de


uma maneira que faz minhas bolas encolherem, e meu pau tenta rastejar de volta
entre minhas pernas por que:

A. Ela não é Penny.

B. Ela é a mãe de Penny.

C. Ela está gelada e molhada.

D. Eu mencionei que ela é a mãe da mulher que eu fodi, a única mulher


que quero foder no futuro previsível, e que é completamente errado ter seu
corpo tão perto do meu? Seria errado ter alguém tão próximo, mas
especialmente a mulher responsável por dar à luz Penny.

Estou apreciando de um novo nível o quão desagradável Phillip é por ir


direto da filha para a mãe, e estou tentando me afastar graciosamente de

242
Anastásia sem machucar seus sentimentos, e mandá-la correr de volta para o
oceano quando, de repente, seus lábios estão nos meus.

Não esperava isso. Não tenho ideia de que estou prestes a ficar com os
lábios fechados até que ela acabe com isso.

Fico chocado e abro a boca para dizer a ela que isso não vai acontecer,
mas antes que eu possa falar sua língua está na minha boca, e ela está indo para
meu pau, como se fosse tentar puxá-lo de volta à vida. O beijo dura talvez dez,
quinze segundos antes de colocar minhas mãos firmemente em seus ombros e
afastá-la, mas sei que são quinze segundos que vão me perseguir pelo resto da
minha vida.

—Merda, Anastásia. —Deslizo minha mão pela minha boca, tentado a


cuspir o sabor dela na areia. —Que diabos está errado com você?

—Desculpe-me. —Seu lábio inferior treme enquanto puxa minha camisa


para frente. —Não sei o que há de errado comigo. Não queria fazer isso. Estava
tão agradecida por oferecer ajuda e depois você tirou sua camisa e pensei...

—Tirei minha camisa porque você estava nua e queria ajudar a te cobrir.
—Aponto um enfático polegar de volta para a casa. —Sou o acompanhante da
sua filha, pelo amor de Deus.

—Desculpe. —As lágrimas enchem seus olhos. —Eu realmente sinto Bash.
Sinto muito e estou envergonhada. Tenho alguns padrões de comportamento
pouco saudáveis quando se trata de homens, especialmente quando estou me
sentindo vulnerável. —Ela se agarra na minha camisa. —Provavelmente preciso
voltar para a terapia.

—Você acha? —Corro uma das mãos em forma de garras através do meu
cabelo. —Ou talvez você possa dedicar um pouco menos de esforço para evitar o
glúten, e um pouco mais para evitar beijar os namorados da sua filha. Acho que
esse seria um bom lugar para começar.

Ela acena com a cabeça rapidamente. —Eu vou. Prometo. Por favor, não
conte a Penny. Não quero irritá-la, e juro que nunca mais acontecerá.

243
—Não posso fazer essa promessa. —Inclino-me para recuperar meus
sapatos e meias antes que a maré possa levá-los. —Não acredito em mentir para
as pessoas com as quais eu me importo.

—Mesmo que a mentira torne as coisas mais fáceis para todos? —Ela
pressiona, me seguindo quando começo a voltar para a casa. —Por favor, já falhei
muito com Penny. Só quero fazer as coisas certas com minha filha. E agora que
Phillip e eu acabamos talvez possamos ter essa chance.

Ela agarra meu cotovelo e eu paro, de frente para ela, as pulseiras ainda
sob a areia. —Por favor. —Ela implora medo em seus olhos. —Deixe algo bom sair
de tudo isso. Não mate meu relacionamento com minha filha por causa de um
beijo estúpido, enquanto eu estava congelando e me sentindo triste e patética. Se
você me der uma chance, juro que não vou ferrar novamente.

Eu suspiro. —Não conheço você há muito tempo, Ana, mas até eu sei
melhor do que acreditar nisso.

Sua testa franze. —OK. Você está certo. Vou estragar novamente. Mas não
vou estragar da mesma maneira. Não assim. Eu lhe dou minha palavra, Sebastian,
e isso significa alguma coisa. Pergunte a Penny. Eu erro muito, mas quando faço
uma promessa, eu mantenho.

Estudo sua expressão que está séria, sem saber se ela está falando a
verdade ou apenas mostrando suas habilidades de atuação, mas no final, não
importa. Essa família precisa de uma ruptura com o drama constante, e se isso
significa manter o segredo do que aconteceu na praia, pelo menos até que todo o
resto da angústia se resolva, eu posso fazer isso.

Por Penny.

Mas não de graça...

—Tudo bem, vou manter o beijo entre nós. —Digo, apressando quando
ela tenta me agradecer. —Mas, em troca, você concorda em não usar as irmãs da
Penny para manipulá-la. Sem mais ameaças de suspender visitas ou ficar entre
elas de qualquer maneira.

244
—Feito. —Ela diz com firmeza. —Me senti mal por isso. Senti-me terrível
por muitas coisas nos últimos anos, mas tudo isso vai mudar. Agora mesmo. Estou
pronta para perder cento e oitenta quilos de problemas puros e colocar minha
vida de volta aos eixos.

Aceno com a cabeça e seguro um de seus braços. —Depois de você.

Sigo Anastásia através das dunas e subimos o caminho em direção a casa.


Mal acabamos de virar a esquina e estamos nos movendo entre os dois pequenos
bangalôs de hospedes, quando Ana para no meio da trilha com um suspiro.

Não tenho que perguntar qual é o problema. Já os vi, e não importa o


quanto eu queira, não consigo afastar o olhar.

Não consigo tirar meus olhos de Penny, minha Penny, beijando Phillip sob
o toldo da casa de hóspedes, usando o vestido de chiffon branco que ela estava
usando quando nos beijamos pela primeira vez. Seus braços estão ao redor de
seu pescoço, as mãos dele estão em seu traseiro, seus lábios estão separados
enquanto ela o beija do jeito que ela deveria apenas beijar um homem. Eu. Mas
esse não sou eu e claramente, Penny não disse a Phillip para ir para o inferno,
apodrecer lá e levar sua proposta de casamento com ele.

Não, parece que Penny e Phillip estão de volta, juntos.

Ela voltou para o homem que jogou uma bomba suja no meio de sua vida,
o maldito que a tratou como uma merda no sapato, até o momento em que ficou
claro que outra pessoa estava apaixonada pela garota que ele jogou fora.

Como Rachael. É exatamente como Rachael, exceto que dói muito mais.
Pensei que Penny fosse diferente.

Pensei que ela era uma em um milhão. Minha única.

Por um momento, tenho a estranha vontade de me sentar e colocar meus


sapatos, então posso fugir o mais rápido, mas Penny nem está me olhando. Ela
não faz ideia que eu vi o que vi, ou de que ela acabou com meu coração.

Então eu não corro. Viro e me afasto de volta à praia, ao redor da mansão,


245
onde Penny e Phillip podem acabar vivendo felizes para sempre se Anastásia
decidir fazer aquele mergulho suicida depois de tudo, e desço para dirigir meu
carro. E então me afasto e não olho para trás.

Quebrei quase todas as minhas regras com Penny. Mas não vou quebrar
essa.

Uma e só. Uma intervenção do Magnífico Bastardo é uma oportunidade


única na vida. Sem exceções. Nem mesmo para ela, a garota que eu já sei que
nunca poderei esquecer.

246
CAPÍTULO 41
E agora algo de Francis e Edna “Eddie” Pickett-Baxter

Querido Sebastian,

Mamãe nos disse para não escrever uma carta.

Ela disse que algumas coisas são melhores se deixadas


em paz, e que você, provavelmente, desejaria nunca ser mais
convidado para um casamento, ou ouvir o sobrenome Pickett.
Mas desde que somos meio Baxter, esse é o sobrenome do nosso
pai, achamos que deveríamos escrever de qualquer jeito.

(E Francis gosta de fazer coisas que dizem para ela não


fazer).

Nosso psiquiatra diz que ela tem desordem desafiadora


de oposição, mas acho que ela simplesmente não gosta de
receber ordens. Eu não me importo muito em receber ordens,
porque não tenho muitas opiniões fortes como ela tem. Aqui
é Edna escrevendo essa parte, a propósito.

Eddie, para você, porque somos amigos. Pelo menos,


espero que ainda sejamos.

Voltando ao ponto! Aqui é Francis escrevendo o objetivo


da carta, porque eu tenho uma melhor caligrafia, mas as
palavras são de nós duas.

247
E nós duas queremos dizer que sentimos muito, muito,
muito.

Nunca deveríamos ter configurado nossa babá


eletrônica no terraço. Só fizemos isso porque Penny disse que
mamãe vomitou em um vaso antes de caminhar pelo corredor
em dois de seus ensaios de casamento, e pensamos que seria
uma coisa muito engraçada para deixar registrado no vídeo.
Nós poderíamos enviá-lo para os filmes caseiros da America's
Wackiest, ou simplesmente enviá-lo para a nuvem e usá-lo
como chantagem para convencer a mamãe a nos deixar ter
açúcar sempre que quisermos.

Ou, pelo menos, nos fins de semana.

Nós sabemos que muito açúcar não é bom para nós, e


não importa o que a mamãe diga, não somos animais que
fariam o que quisessem sem regras.

Pelo menos, não eu. Às vezes, Francis parece um


Wolverine quando está com raiva. Ela tem um grande
temperamento. Ela me deixou escrever isso porque está
orgulhosa disso. Ela também se orgulha de quanto os seus
peidos são fedidos.

Ainda é Eddie, por sinal. Você pode ver porque minha


caneta é azul.

ENFIM!

248
O ponto é, desculpe. Voltaríamos atrás se pudéssemos.
Nunca quisemos causar problemas ou deixar todos irritados e
tristes. Mamãe diz que não é nossa culpa, e que nada que foi
arruinado já não estava arruinado, mas não temos certeza de
que isso seja verdade.

Só sabemos que desejamos que as coisas tivessem


acontecido de forma diferente. E esperamos que ainda
possamos ser amigos.

Mamãe diz que isso também nunca acontecerá, mas


mamãe estava errada sobre as coisas antes. Esperamos que
esta seja uma delas.

Esperamos muito, porque gostamos de você e pensamos


que você é um ótimo tio.

Suas amigas?

Francis e Edna “Eddie” Pickett-Baxter

249
CAPÍTULO 42
Dois meses depois…

Texto de Aidan: Estou saindo para pegar o brunch em cerca


de uma hora, você quer se juntar?

Bash: Não, obrigado.

Aidan: Venha, é um novo lugar. Dizem que tem o melhor


Bloody Mary do Brooklyn.

Bash: Definitivamente não. Odeio o Brooklyn.

Aidan: Desde quando?

Bash: Desde sempre. Esse bairro está morto para mim.


Nunca irei lá novamente, nem mesmo para tomar sorvete.

Aidan: Cara. Isso tem que parar. Já faz dois meses.

Bash: Não sei do que você está falando.

Aidan: Conversa fiada.

Você sabe exatamente do que estou falando. Isso é pior


do que depois de Rachael, e Penny nem era sua namorada.

Bash: eu não quero falar sobre Penny.

Aidan: Mas você sabe que ela não se casou com aquele
cara, né?

250
Na verdade, de acordo com os tabloides, parece que ela
e a mãe o mandaram embora, não muito tempo depois de
você ter deixado os Hamptons.

Bash: E daí?

Aidan: Então talvez você tenha entendido tudo errado.

Talvez tenha havido um mal-entendido. Talvez você


esteja desperdiçando sua vida com rancor, sobre algo que
nem aconteceu.

Talvez vocês dois estejam.

Bash: Não leve isso para o lado errado cara, mas por que
você não fecha a boca sobre coisas que você não entende.

Aidan: Por que você não sai da sua bunda, venha me


encontrar para um brunch e me ajude a entender isso.

Bash: * emoji dedo do meio*

Aidan: Sou seu amigo, Bash. É para isso que servem os


amigos, para falar com você sobre a dor do rompimento com
sua assistente, para que você possa seguir em frente com sua
vida.

Bash: Talvez eu não queira seguir em frente. Talvez eu


não veja o fodido ponto.

Aidan: Ok. Então talvez eu não possa encontrar aquela

251
mulher para a orientação amanhã.

Bash: Inferno, não! Não se atreva a vir com essa merda


para mim!

Você estará naquela orientação, Aidan, ou eu vou


demitir a sua bunda.

Aidan: Então me despeça. Não quero trabalhar desse jeito


de qualquer maneira.

Quando assinei, esta empresa era administrada por um


Magnífico Bastardo, que deixava a toca de vez em quando, e
sabia como aproveitar sua vida. Não um Rabugento, um
merda de Bastardo, que teria morrido no seu sofá se não fosse
pela entrega de comida tailandesa.

Bash: documentos foram assinados com esta mulher!


Documentos legais, merda! Acontece que ela é a porra de
uma ADVOGADA.

Se você não aparecer amanhã, ela poderá processar a


minha bunda, Aidan.

Aidan: Então, acho que é melhor você me encontrar para


o brunch e me deixar ser seu amigo.

Bash: Foda-se, seu filho da puta!

Aidan: Vamos lá, amigão. Deixe acontecer. Você sabe que


quer um brunch. E passar um tempo com seu amigo.

252
Bash: Isto é chantagem, não amizade.

Aidan: Se é o que você diz.

Bash: Foda-se...

Aidan: O brunch é por minha conta, e terei um Bloody


Mary picante esperando por você quando chegar lá...

Bash: Tudo bem mande o endereço. Mas se eu tiver um


brunch com você, então você encontrará com essa mulher
amanhã. Sem mais besteiras.

Se você quiser sair do trabalho, você terá que esperar


até depois deste contrato. Não posso assumir esse caso da Beth.
Ela precisa de um Espetacular Patife, não de um Magnífico
Bastardo.

Aidan: Combinado. Ah, e Bash...

Bash: O que, idiota?

Aidan: Use algo legal. Gosto quando você fica bonito para
mim.

Bash: Isso me lembra...

Uma vez eu disse a Penny que eu esfregava seus pés


quando estavam frios, mas que você era muito machista para
admitir isso.

Aidan: Não sou machista. Sou um homem real, do tipo

253
que nunca teve seus pés esfregados em toda a sua vida.

Mas se esfregar meus pés trará você de volta à vida,


podemos trabalhar com algo.

Em segredo, é claro.

Bash: Nah, tudo bem.

Mas obrigado. E Aidan...

Aidan: Sim?

Bash: Ela era muito mais do que minha assistente.

Aidan: Eu sei.

254
CAPÍTULO 43

O sol está mais brilhante do que me lembro. E é quente como o maldito


inferno.

Quando saio do metrô perto do Prospect Park, desejo muito que estivesse
usando shorts em vez de jeans. Mas esse é um dos perigos de não sair da casa em
várias semanas, exceto para as corridas matutinas ao amanhecer, e de noite para
comprar álcool e sorvete. Esquecer o verão na cidade tem tudo a ver com a
miséria e suor escorrendo por suas bolas.

Estou pensando em comprar um short para poupar-me de um caso de


mau cheiro nas partes baixas, e esperando que Aidan tenha pegado uma mesa
dentro deste estúpido local para o brunch, em vez da calçada de frente para o
parque, quando uma voz direta dos meus sonhos chama o nome do meu melhor
amigo.

Vejo Aidan primeiro.

Ele está de pé na calçada, virado para o parque, assim não pode me ver
chegando. Ele sorri enquanto levanta a mão para a mulher a cavalo, guiando seu
cavalo junto a uma fileira de outros cavaleiros da manhã de domingo, em uma
das muitas trilhas que atravessam o parque.

Ele não parece nem um pouco surpreso ao ver Penny.

Minha Penny, parecendo ainda mais bela do que me lembro em uma


blusa de alças branca, e uma saia vermelha, provocante que é completamente
inapropriada para andar a cavalo, passei verões andando a cavalo na fazenda da
minha avó no norte do estado, e sei uma coisa ou duas sobre o corte de sela, e ela
dá um grande sorriso para o meu melhor amigo.

Já estou fedendo igual a um rato quando ela se aproxima e puxa essa


pequena saia inapropriada de lado, enviando um choque de consciência através
do meu corpo, enquanto exibe uma nova tatuagem, sexy e com cores brilhantes
255
na coxa onde o Sr. Bigodes costumava estar.

—Olhe. —Ela diz, levantando a voz para ser ouvida acima do barulho de
um táxi correndo pela rua silenciosa na manhã de domingo. —Todo o inchaço
desapareceu! E você não pode ver nada da tatuagem antiga. Estou tão
apaixonada por isso!

—Parece ótimo. —Aidan responde, sorrindo como um idiota mentiroso,


que tatuou a pessoa que destruiu o coração de seu melhor amigo e ex-assistente
que o apunhalou pelas costas. —Tenho uma mesa para nós no jardim. Venha
quando terminar.

—Eu vou. —Diz ela. —Eu só preciso... —Ela se afasta, a coluna fica rígida
quando inclina a cabeça, erguendo o adorável nariz no ar. Então, como se
estivesse sentido o aroma do Magnífico Bastardo no vento ela se vira, deslizando
em sua sela para olhar por cima do ombro, e olha diretamente para mim.

E por um segundo, o mundo se mantém parado e é só ela e eu, duas


pessoas que têm uma ligação que crepita no tempo, no espaço e no ar de verão
embebido de umidade. Duas pessoas que compartilham um segredo que ninguém
mais conhece, porque ninguém mais entende a maneira como é conosco quando
nossas roupas estão longe, e sua respiração é minha respiração e não há mais
perguntas, apenas respostas e cada uma é o nome dela.

Penny. Minha Penny, que arrancou meu coração do peito, cortou-o em


pedaços com um machado e jogou-o no Mar Morto, que tem nove vezes a
concentração de sal de um mar normal, é por isso que ela o escolheu, porque ela
queria que doesse nove vezes mais.

E então, o feitiço é quebrado e o tempo se põe novamente em movimento


enquanto lembro que seus segredos eram todos mentiras.

A luz amigável em seus olhos some, sua boca contorce e seus lábios se
separam para dizer algo que tenho certeza de que não vou gostar de ouvir. Vou
trabalhar com o: “eu não me importo o quanto ela é linda, ou o quanto sinto a
falta dela, e você está morta para mim e mais algumas palavras”, quando o
policial atravessa a rua e grita:
256
—Ei você! Use a porra da faixa de pedestres!

Para um hipster que estava saindo da calçada para atravessar fora da


faixa.

Mas o hipster não inverte a direção, e o policial, no calor do poliéster da


cabeça aos pés, atribuído para o uniforme para policiar as pessoas que são muito
estúpidas para atravessar na faixa de pedestres, está claramente no seu limite.

Com o rosto vermelho, o oficial levanta sobre a cabeça a buzina que está
em sua mão, e faz um barulho alto o suficiente para acordar os mortos.

Um segundo depois, a manhã pacífica é quebrada pelos relinchos dos


cavalos assustados e os gritos assustados dos cavaleiros do outro lado da rua,
tentando se manterem em suas montarias que se contorcem, dançando na trilha
e sobre as patas traseiras. Mas o cavalo de Penny não faz nenhuma dessas coisas.
O cavalo de Penny relincha como se tivesse sido jogado em um tanque de óleo
fervendo, e sai como um raio pelo parque como o diabo fugindo da cruz.

Assisto meu coração batendo na minha garganta quando ela quase é


derrubada. Ela desliza da sela para a direita, mas no último minuto, ela se agarra a
sela, e trava as pernas em torno do cavalo, agarrando-se a amada vida enquanto
o animal aterrorizado corre pelas árvores.

Antes de perceber o que estou fazendo, estou correndo pela rua,


ganhando outro grito do policial da faixa de pedestres.

Mas não paro para dizer-lhe que ele é um maldito idiota, ou que vou
voltar para bater nele se algo acontecer com Penny por causa de sua estúpida
buzina. Estou muito ocupado pulando a cerca perto da trilha, atravessando a
grama e arrumando as rédeas de um homem mais velho que acabou de deslizar
no chão ao lado de seu cavalo, grato por estar vivo.

—Eu vou trazê-lo de volta. —Asseguro ao homem antes de balançar na


sela e cavar meus calcanhares nos flancos do cavalo, estimulando o animal bem
alimentado a ir atrás de Penny.

Inclinando-me ao vento, exorto o animal com as pernas, aplicando pressão


257
atrás de seu lombo, até que voamos por debaixo dos galhos das árvores, seguindo
os rastros que o cavalo de Penny deixou para trás na grama. Só leva alguns
segundos para o cavalo e Penny, que ainda está agarrada na lateral do cavalo,
serem vistos.

Mas esses poucos segundos são suficientes para me fazer sentir como se
estivesse tendo um ataque cardíaco. Meu peito está apertado, minhas costelas o
comprimem e começo a suar frio, pois a probabilidade de que a qualquer
momento Penny pode ser pisada e feita em pedaços por um cavalo assustado,
penetra com força suficiente para me enfurecer até a medula.

Ela poderia morrer e nunca mais veria seu sorriso novamente, nunca mais
veria seus olhos e sentiria essa conexão que nunca senti com ninguém, nunca
mais poderia lhe dizer o quanto doeu vê-la com Phillip, mas que eu a amo de
qualquer maneira. Que eu sempre vou amá-la, de agora até o dia em que me
colocarem no caixão, porque ela é isso para mim. Minha única, aquela que me
arruinou para todas as outras mulheres.

—Por favor. —Imploro, respirando mais rápido à medida que meu cavalo
ganha terreno. Por favor, deixe-me chegar a ela a tempo.

Por favor, deixe-me tirá-la desse cavalo.

Por favor, deixe-me tê-la segura em meus braços e descobrir uma maneira
de segurá-la lá, porque eu sei que assim que a tocar, nunca vou querer deixá-la ir.

Meus pensamentos tornam-se uma oração constante, um mantra febril e


incessante, implorando ao cavalo e ao universo, e a todos os deuses que tem
piedade de pobres bastardos apaixonados, para deixar isso acabar bem. Permita-
me acabar com tudo isso bem. De alguma forma. Porque com a cabeça de Penny
a centímetros dos cascos desenfreados, e sua vida por um fio, as porras das
minhas regras não parecem mais importantes.

Fodam-se as regras. Foda-se não mais segundas chances. Foda-se, uma e


acabou.

Eu só quero Penny. Quero encontrar uma maneira de perdoá-la e ser

258
perdoado, e fazer isso funcionar, porque nada funciona sem ela.

—Por favor, por favor. —Murmuro enquanto puxo para cima ao lado de
seu cavalo, e inclino-me na sela, alcançando suas rédeas perdidas, enquanto
lutava para manter meu lugar.

Não sou um cowboy, ou um cavaleiro, ou um membro do grupo equestre


do Cirque de Soleil. Não sou um cavaleiro em uma armadura brilhante, ou um
príncipe que vive para salvar donzelas cujos cavalos ficaram selvagens e correram
para a floresta. Mas naquele momento, eu canalizo todos eles. Torno-me algo
mais corajoso e melhor, porque preciso que Penny esteja segura mais do que eu
preciso de qualquer outra coisa.

E, enquanto agarro as rédeas e puxo nossos cavalos para uma parada


rápida na borda do lago do Prospect Park, percebo que é isso que significa ser o
Príncipe Encantado de alguém. Significa colocar outra pessoa à frente de si
mesmo e do seu ego e de todas as outras besteiras. Significa dar tudo o que você
tem para proteger quem você ama.

Mas infelizmente, nem mesmo o Príncipe Encantado pode proteger contra


as leis da física. Um objeto em movimento tende a permanecer em movimento e,
aparentemente, os braços de Penny devem ter ficado sem energia para agarrar.

À medida que o cavalo para; Penny continua em movimento, perdendo o


controle sobre a sela, e voa pelo lago para pousar na água.

Num segundo, tenho uma visão escandalosa de sua saia enquanto ela
atravessa o ar e no próximo, ela está debaixo da água, afundando.

259
CAPÍTULO 44

Descendo da sela, corro para o lago sem me incomodar em tirar meus


sapatos, assustado demais e com medo de que Penny bateu a cabeça em algo
abaixo da superfície e esteja se afogando.

Mas quando chego perto do lugar onde ela sumiu, entrando na água que
atinge as minhas costelas, ela está voltando à superfície, cuspindo, tossindo e
maravilhosamente e perfeitamente viva.

—O que diabos você está fazendo aqui. —Ela atira, tossindo enquanto tira
água de seu rosto e luta para ficar de pé.

—Salvando sua vida. O que parece? —Pego-a pela cintura e arrasto-a para
as águas rasas, até que a água esteja em torno de nossos joelhos e algo profundo
dentro de mim derrete com alívio de que ela está bem.

Ainda inteira, ainda respirando, ainda Penny.

E ainda irritada comigo por algum motivo, a julgar pelo brilho que ela
dispara na minha direção, e as mãos que agarram meus pulsos com força
suficiente para puxar os tendões de um homem mais fraco. —Solte-me, Bash. Não
preciso da sua ajuda.

—Oh, sério? —Seguro firme, algo primordial dentro de mim recusando-se


a deixá-la ir. —Porque não parecia quando você estava em um cavalo em
disparada.

—E agora estou em um lago. —Ela grita. —Com o maior idiota do mundo.


Eu preferiria estar no cavalo!

—Eu sou o maior idiota do mundo? Eu? —As minhas sobrancelhas se


erguem transformando minha carranca na mais profunda do mundo. —Você é a
maior idiota do mundo. Vi você beijando Phillip. Vi sua maldita língua em sua
boca, e era tão nojento que ainda tenho pesadelos sobre isso. Mas ainda tentei

260
salvar sua vida porque não posso...

—E eu vi sua língua na boca da minha mãe. —Ela revida, enviando uma


onda de choque inesperada através da minha raiva. —Vi você segurando-a
enquanto ela estava usando sua camisa e nada mais! Vi você beijá-la exatamente
como Phillip a beijou, e mesmo que ela tenha jurado que foi ela quem te beijou, e
que você não queria nada com isso, não acredito nela!

Ela sorveu uma respiração enquanto seus olhos começavam a brilhar. —


Porque eu vi Bash. Vi, e com certeza não pareceu que você estava lutando muito.

—Eu estava em choque! —Meus pensamentos correm loucamente


quando meu cérebro começa a juntar uma hipótese, uma hipótese maravilhosa
que pode significar que tudo não está perdido, afinal.

—Em choque por cinco minutos? —Ela contesta, franzindo o cenho com
uma ferocidade que seria fofa, se ela não estivesse claramente tão chateada.

—Não foram cinco minutos! Foram dez segundos. Quinze no máximo.

—Mentiroso. —Ela solta, empurrando meu peito. —Você é um mentiroso.

—Não sou um mentiroso. Talvez parecessem cinco minutos, mas não foi,
Penny. Penny ouça-me. —Imploro, apertando a cintura dela enquanto ela luta
para livrar-se e eu luto para chegar até ela. —Eu juro, foi menos de trinta
segundos, e sua mãe está dizendo a verdade. Eu gritei com ela depois. Estava
totalmente repugnado e traumatizado, e se eu pudesse limpar essa memória da
minha mente, eu faria isso em um piscar de olhos. Não queria fazer parte disso.

Um tremor de dúvida pisca em seu rosto irritado. —Isso não é verdade.

—É verdade. —Asseguro-lhe, antes de acrescentar com uma voz mais


suave. —Mas claramente você pensou o contrário. Foi por isso que você fez...
aquilo com Phillip?

—Não era aquilo. —Ela diz, afastando a água que escorria de seus cabelos
encharcados. —Foi um beijo. Um beijo, para mostrar a você o que é sentir ter seu
coração apodrecendo dentro de seu peito e a pessoa em quem você confia à
261
pessoa que você gosta seu melhor amigo, se volta contra você da pior maneira
possível.

—Mas eu...

—Sério? —Ela atira, suas bochechas ficando vermelhas. —A pior maneira


possível, Bash! Não consigo imaginar nada pior do que correr para a praia para
salvar minha mãe antes dela se afogar, e encontrar você a beijando. Você! O
único que eu já, o único... —Ela corta com raiva e dá uma fungada, antes de
pressionar seus lábios. —Você sabe. Você sabe o que você era.

—Não, não sei. —Digo meu aperto suave em sua cintura. —Porque me
assustei e corri como um covarde, e então você me afastou e depois...

Agito minha cabeça. —Então essa insanidade aconteceu, e eu nunca


consegui descobrir o que eu era. —Trago-a mais perto, o coração batendo forte
quando ela permite. —Eu nunca consegui te contar o que você era tampouco. O
que você é, porque não há nada passado sobre o que sinto por você.

Sua garganta trabalha enquanto levanta os olhos cheios de dúvidas para


os meus. —Não acredito em você.

—Ainda não disse nada. —Argumento, pressionando antes que ela possa
responder. —E você não precisa acreditar em mim. Você pode acreditar no Bash
da noite da despedida de solteiro, aquele que voltou para o chalé e passou horas
escrevendo uma carta dizendo-lhe como ele estava triste por correr, o quanto ele
queria ser digno de você, como ele ama você, quer você e não precisa de nada
mais.

Penny pisca mais rápido, sua linda boca tremendo. —Não, ele não
escreveu.

—Sim, ele escreveu. —Digo com a garganta apertada. —Ainda tenho essa
carta na minha mesa. Podemos voltar para a minha casa agora e vou colocá-la
diretamente em suas mãos, e você verá que estou dizendo a verdade.

—Você... —Seu queixo afunda e seus olhos piscam ainda mais rápidos. —
Você me ama? Mesmo?
262
—Eu te amo. —Coloco seu rosto em minhas mãos, sabendo que não há
nada mais precioso ou insubstituível que esta mulher encharcada, de pé, na
minha frente. —Eu te amo. Eu te amo muito, e estava em uma maldita miséria
sem você.

—Eu também. —Ela diz, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. —Tentei
tanto estar bem e viver minha vida, e não me machucar, aprender a cavalgar,
soltar pipas e estar com outras pessoas, mas não consegui. Apenas doía muito.

—Eu sei. —Inclino minha cabeça mais perto da dela. —Mas não precisa.
Não mais.

Ela sacode a cabeça, recuando antes que eu possa beijá-la. —Talvez não
hoje. Mas e quanto a amanhã, Bash? —Sua sobrancelha franze. —E quando você
decidir que não gosta do ônus de saber que a felicidade de outra pessoa está
atrelada a você? O que acontece então? Quando o estresse de saber que sou
miserável sem você, começar a incomodar e chatear e você quiser correr?

—A única coisa que me chateia é não ter você na minha vida. —Insisto,
segurando seu olhar perturbado, desejando que ela acredite em mim. —Sério
Penny. Nunca vou esquecer estes últimos dois meses sem você. É como se todo o
ar saísse da sala, o sol fosse embora do mundo. Não havia motivo para sair da
cama de manhã, nada a ansiar. Minha vida era um peido sem um animal fofo
junto.

—Mas isso foi quando você pensava que eu não queria você. —Ela diz,
não dando a mínima para a minha tentativa de piada. —E quando eu for apenas a
velha e chata Penny, que você costumava ver todos os dias?

—Você nunca é chata.

—Sim, sou. —Ela insiste. —Sou profissional em ser chata.

—Você sabe por que eu corri naquele dia no chalé? —Digo, sabendo que
agora é a hora de confessar tudo, e rezar que seja o suficiente para tê-la de volta.

Aguardo até que ela meneia a cabeça, antes de continuar com a voz
rouca: —Corri porque continuava pensando o quanto seria gostoso engravidar
263
você. Ver você grande com o meu bebê na sua barriga como um sinal para o
mundo inteiro que você me pertence. Para manter.

Seus olhos arregalam-se. —Fala sério!

—Sim. —Deslizo meus braços ao redor de sua cintura, atraindo suas


costas contra mim. —Estava possuído por essa luxúria irresistível de engravidá-la,
e isso me deixou com medo.

—Isso é bastante assustador. —Ela diz, respirando rápido enquanto coloco


seu traseiro em minhas mãos. Mas desta vez, ela não se afasta. —Por que você
acha que isso aconteceu?

—Na época, eu não fazia ideia. —Meu pau endurece na minha calça
comprida enquanto seus quadris balançam contra os meus. —Mas depois de ter
algum tempo para pensar nisso, acho que meu corpo estava a poucos passos na
frente do meu cérebro. Meu pau percebeu que você é a única mulher com quem
eu vou querer fazer um bebê e bem... ele nunca foi conhecido por sua cautela ou
previsão. Ele é mais orientado para a ação.

Ela morde o lábio inferior. —É por isso que ele é chamado de Incrível Bulk.

Eu sorrio levemente. —Não mais. Decidi apenas que os idiotas nomeiam


seus paus.

—Eu gosto. —Diz ela, colocando os braços no meu pescoço. —É ridículo,


mas gosto.

—Sim? —Aperto meus dedos em sua bunda, lutando contra um gemido


quando ela balança os quadris para frente, cutucando contra onde eu estou duro
e dolorido, o Incrível Bulk desesperado para estar de volta entre suas pernas,
onde ele pertence.

—Sim. —Seus olhos escurecem quando ela corre uma das mãos macia
pela minha bochecha. —Gosto de tudo em você. Mais do que realmente gostar.

—É assim que você me diz que também me ama?

264
—Sim, Sebastian Prince. —Ela sussurra, ficando na ponta dos pés,
aproximando seu rosto do meu. —Aqui é onde eu digo que eu também te amo.

E então eu a beijo. Meus lábios cobrem os dela, minha língua corre para a
doçura de sua boca, e eu a mantenho apertada contra mim, e assim está tudo
certo com o mundo.

Está tão bom assim. A única maneira que poderia ser melhor é se ela
estivesse nua e embaixo de mim, seu corpo agarrando meu pau enquanto eu
mostrava o quanto senti falta dela. O quanto preciso dela.

—Eu quero tanto você. —Pego seu peito através de suas roupas
molhadas, gemendo enquanto seu mamilo contrai sob o meu toque, e sua
respiração acelera com um pequeno suspiro sexy.

—Então me leve. —Ela diz, os dedos trabalhando no meu jeans. —Não há


ninguém além dos cavalos aqui para ver.

Piscando de surpresa, olho em nossa volta para ver que ela está certa.
Onde quer que estejamos esta seção do parque e o lago estão desertos. Para não
mencionar envolto pelas árvores que crescem ao longo da costa, espalhando seus
ramos largos, como se tivessem sidos colocados lá de propósito, para proteger
pessoas desesperadas para foder na água.

—Não devemos. —Digo, mesmo que eu a ajude a puxar meu zíper para
baixo, e empurrar minha calça jeans e boxers molhados em torno de minhas
coxas, liberando meu pau febril. —Ou talvez, pelo menos, ir mais para o fundo
caso alguém venha?

Ela balança a cabeça. —De jeito nenhum. O sexo na água é horrível.

Estou fazendo um bom trabalho, e decidi que as chances são boas. Não
vou deixar Penny de volta à água quando uma voz enfurecida chama pelas nossas
costas:

—Coloque a garota no chão e saia com as mãos para cima. Vocês dois seus
pervertidos estão presos!

265
Penny se afasta do nosso beijo, seu olhar arregalado e assustado caindo
no meu. —Oh merda! — Ela sussurra.

Nós viramos nossas cabeças, descobrindo o policial da faixa de pedestres,


que evidentemente decidiu levar sua aplicação da lei para o próximo nível, nas
margens do lago.

—Isso mesmo. —Ele diz o rosto ficando roxo enquanto ele aponta um
dedo. —Vocês dois. Fora da água. Estou cansado dessa merda. Este é um parque,
não uma fábrica de foda.

—Que seja. —Digo, fazendo Penny soltar uma risada nervosa enquanto eu
a abaixava, e ambos nos apressamos para arrumar nossa roupa.

—Há crianças neste parque. —Continua o policial. —Crianças que não


precisam de um show que conta sobre a origem dos bebês.

—Merda, merda, merda. —Penny treme enquanto eu pego sua mão. —


Estamos prestes a ser presos? Nunca fui presa.

—Apenas pareça arrependida e chateada e deixe-me falar. —Sussurro


enquanto começamos a ir em direção à margem. —É culpa daquele merdinha que
você quase foi morta. Se ele não tivesse assustado a porra do seu cavalo com sua
buzina, ele não teria corrido, e eu não teria perseguido você e não estaríamos
fodendo no lago. Então, isso é basicamente culpa dele.

Ela geme pensativa. —Sim, mas não tenho certeza de que o jogo da culpa
seja a melhor ideia, Bash. Ele parece muito chateado. Seu rosto não tem uma cor
saudável.

—Bom. Então talvez possamos conversar com ele sobre um ataque


cardíaco e tentamos fugir. — Eu acho que essa é uma opção, mas...

Antes que Penny possa terminar seu pensamento, ou qualquer um de nós


possa se aproximar o suficiente da margem para o Oficial de Cara Roxa colocar as
algemas, a calma do nosso canto isolado do parque é mais uma vez quebrada.

—Correndo nu! —Uma voz profunda grita do vale onde nossos cavalos
266
pararam para pastar. —Homem adulto atravessando o parque! Exposição
indecente! Quebrando a lei!

Minha mandíbula cai e Penny murmura: —Oh, meu Deus! —Enquanto


Aidan corre pelo lago logo atrás do oficial, usando apenas suas botas Timberland
e um sorriso.

Um sorriso realmente sorrateiro. Ele está segurando seu pau com uma das
mãos, e a outra ele oferece a Penny e a mim, dando-nos um joinha, igual ele dá
ao Oficial de Olhar Zangado.

—Vocês dois, fiquem aí. —Grita o oficial. —Eu voltarei para vocês.

No momento em que ele se dirige para perseguir Aidan, Penny e eu


trocamos um olhar, acenamos e vamos para a margem. Subo em terra firme
antes dela, e corro para a colina para pegar as rédeas dos nossos cavalos. Viro-me
perguntando se ela está pronta para cavalgar, ou se devemos apostar que Aidan
levaria o oficial em uma perseguição divertida e caminhar de volta com os
cavalos, para encontrá-la olhando para os dois homens com uma expressão
pensativa.

—Um centavo11 pelos seus pensamentos? —Pergunto.

—Estava pensando que Aidan poderia ser melhor no assunto de


consultoria do que eu pensava. —Diz ela, ainda olhando a distância. —Sua
intervenção conosco certamente funcionou. E ele tem uma inesperada... veia
ousada.

—Não, acho que ele cobre suas bolas. Na maioria das vezes.

Ela ri e eu sorrio alcançando sua mão. —Venha, vamos sair daqui e ter
certeza de que seu valente sacrifício não seja em vão.

Ela vem ao meu lado enquanto conduzo os cavalos até a colina. —Ele vai
fugir né? Ele é muito rápido.

—Contanto que Oficial Rabugento esteja sem fôlego para pedir reforços,
11
A Penny for your thoughts. Trocadilho perdido na tradução.
267
ele deverá estar bem. Mas se não... —Dou de ombros. —Bem, uma pequena
prisão não é nada menos do que ele merece por conspirar com você pelas minhas
costas e manter segredo.

—Oh, Bash, por favor. —Diz ela. —Ele estava claramente tentando ajudar.
E ele reparou o Sr. Bigodes.

—O que é isso, a propósito? Eu vi cores, mas não consegui ver o que é do


outro lado da rua, e então estava muito ocupado agarrando você para prestar
atenção.

Ela ergue o tecido úmido de sua saia com um sorriso, mostrando sua coxa
sexy. —Apenas algumas florezinhas flutuando na água. Ele transformou o corpo
do Sr. Bigodes em uma piscina, e desenhou florezinhas por todo os lados.

—É lindo. —Digo sinceramente, sabendo que devo a Aidan um obrigado


por isso, bem como servir de isca ao policial para que Penny e eu possamos
escapar.

—Eu amei. —Diz ela, abaixando a saia. —Mas deixei um dos olhos do Sr.
Bigodes, escondido no remendo de uma florzinha. Eu queria que um pedaço dele
ficasse. Parecia certo. —Ela se aproxima mais. —Por mais louco que pareça, nem
todas as minhas lembranças dele são ruins.

Eu aperto seus dedos. —Isso não é louco. Eu acho que estava beijando o
Sr. Bigodes quando acabei me apaixonando por você.

Ela suspira feliz. —Isso parece errado de muitas maneiras diferentes.

—Parece. —Concordo com um sorriso, segurando a mão de Penny


enquanto cruzamos o parque, bem certo de que nada ficará errado de novo.

Não enquanto eu tiver essa garota ao meu lado.

268
EPÍLOGO
Cinco meses depois

De: Francis&EddieJuntas

To: MagnificoBastardo1

Re: O plano secreto

Caro tio Bash,

Esse é o plano mais perfeito que já houve!


Perfeitamente perfeito!! Engraçado, incrível e tão
ROMÂNTICO, mas não de maneira nojenta.

Penny vai adorar!!

E não se preocupe, nossos lábios estão fechados. Juramos


por Deus.

BJs

<3 <3 <3

* emoji de ninja peidando* <- porque os ninjas são os


melhores em manter os segredos, Francis e Eddie.

O evento de degustação de sorvete sazonal do Ample Valley Creamery


está lotado, o que é insano, porque está três graus lá fora, com uma chance de

269
cinquenta por cento de nevar antes do amanhecer. Estava pensando se Penny e
eu seriamos os únicos loucos o suficiente para querer provar sorvete no meio do
inverno, mas aparentemente, eu estava errado.

E agora estou quente.

Muito, muito quente, e me perguntando se o meu plano pode ir por água


abaixo enquanto o local enche com sessenta outros viciados em sorvete.

Do lado de fora da janela da frente da sorveteria, as pessoas correm


envolvidas em casacos e chapéus, com a respiração cristalizada em sopros
enquanto vão de loja em loja, terminando as compras de Natal de última hora.
Mas por dentro, é sufocante, o calor dos corpos aumenta a temperatura, até que
estamos correndo para provar nossas amostras antes de derreterem. Penny tirou
o casaco, o suéter e está com uma blusa preta justa de gola alta, o que torna
difícil manter os olhos no pote que está sendo colocado no balcão diante de nós,
mas consigo manter meu foco.

Tenho que estar pronto. Chequei o menu de degustação algumas


semanas, e só há um sabor que servirá para meu propósito.

—Esta foi uma má ideia. —Diz Penny, torcendo os cabelos e prendendo-os


em cima da cabeça com uma das mãos.

—Muito lotado? —Perguntei, a dúvida passando pelo meu âmago. Talvez


esta noite não seja à noite. Passei semanas planejando, mas se o clima estiver
errado, prefiro esperar a estragar isso.

As segundas chances são boas e tudo, mas há algumas coisas que você
deseja conseguir na primeira vez. —Você quer ir? —Pergunto, acenando com a
cabeça para a porta.

—Não, de jeito nenhum! Ficaremos. —Ela diz os olhos aproximando-se.


—Eu simplesmente não vejo a possibilidade de irmos para casa com apenas
quatro potes. Eu sei que fizemos uma promessa antes de chegarmos, e essa
moderação é importante quando se trata de certas coisas, mas todos os sabores
são tão bons, e... oh, eu não sei... —Ela trilha uma unha vermelha sexy no meu

270
peito, enquanto seus lábios pressionam em um beicinho. —Talvez possamos
quebrar uma pequena promessa boba só uma vez?

Balanço minha cabeça com uma falsa indignação enquanto coloco meu
braço em volta da sua cintura, puxando-a para mais perto. —Você está tentando
me seduzir para comprar mais sorvete?

Ela bate seus cílios, deslizando o olhar lentamente de cima a baixo que
aumenta o calor na loja outra vez. —Eu não sei, está funcionando? Se sim, eu
estava pensando que o sabor de Peppermint Stick poderia ser experimentado em
incríveis lambidas em certas partes do corpo.

—Ah, sim? —Pergunto com os dentes mordendo o meu lábio inferior. —


Como no... seu pé? —Ela assente com um sorriso sexy. —Ou no seu... cotovelo.

Minha próxima respiração sai rasa. —Não comece aqui, Pickett. —


Sussurro, as pontas dos dedos cavando na curva do quadril. —Você sabe o quanto
eu fico quente quando você fala sobre lamber meus cotovelos.

Ela ri, abanando seu rosto. —OK, vou parar. Está quente aqui. Não quero
piorar.

Ela suspira enquanto alcança uma colher limpa de um suporte no nosso


canto do balcão de sorvete. —Mas sério, os favores sexuais estão em cima da
mesa se pudermos levar um pote de cada sabor. Eu não acho que dez potes é
demais quando você considera que é temporada de férias e um tempo de amor e
alegria. E quem, eu te pergunto, diz que o amor e a alegria são melhores do que
sorvete no congelador?

—Talvez tenhamos umas barrigas de Papai e Mamãe Noel depois de


comermos todo esse sorvete? —Provoco, rindo quando ela revira os olhos e
mostra a língua em resposta. —Seja cuidadosa. Uma garota inteligente que eu
conheço me disse uma vez que seu rosto pode ficar assim.

—Ela não era uma garota, ela era uma mulher. —Diz Penny, levantando o
nariz enquanto o vendedor chega com as amostras à nossa seção.

—Uma mulher que sabe o que quer e não tem medo de pedir isso.
271
Antes que eu possa dizer a ela o quanto eu adoro quando ela pede o que
quer, o homem barbudo com os suspensórios de azevinho coloca duas pequenas
tigelas de creme artesanal na nossa frente. —Tudo bem, pessoal. Obrigado pela
sua paciência. Aqui temos meia colher de cada sabor sazonal, Reindeer
Droppings.

Reindeer Droppings.

É isso. O sabor que eu estive esperando, o único com pedaços de doce,


doce que poderia levar uma pessoa a sufocar se não tiverem cuidado.

Com o pulso acelerado, deslizo minha mão livre no bolso frontal da minha
calça, encontrando o anel e deslizando-o na ponta do meu dedo. Pratiquei o
suficiente para saber que poderei deslizar o anel com facilidade na minha boca
enquanto finjo tomar um bocado de sorvete, mas ainda estou nervoso. Não quero
que Penny veja o que eu estou fazendo.

Recriar a cena que ela sufocou com um anel de noivado falso com um
verdadeiro, não será tão divertido se ela me pegar e perguntar por que eu estou
colocando uma joia na minha boca.

—Sorvete com sabor de chocolate quente. —O Cara Barbudo continua


suavemente, não tendo ideia que estou prestes a pedi-la em casamento.

—Com fudge mesclado e bolinhas crocantes de leite batido e toffee bark


espalhados por toda parte. Tudo feito aqui. Tudo pecaminosamente delicioso. —
Ele sorri enquanto bate as mãos no bar. —Apreciem.

—Oh, nós vamos. —A língua de Penny desliza em seus lábios


antecipadamente, enquanto nosso atendente se dirige para servir outros
convidados. Ela desliza a colher entre seus lábios, fechando os olhos enquanto
aprecia a primeira colherada, fazendo um gemido sexy, que me distrai
momentaneamente do meu propósito.

Mas me recupero, e estou prestes a começar a Operação Proposta


Manobra de Heimlich, quando a sobrancelha de Penny franze e seus olhos se
abrem. Ela tosse, cobrindo a boca com o punho e tosse de novo, mais do que

272
antes.

—Você está bem? —Pergunto, deslizando minha mão do quadril para as


costas.

Ela balança a cabeça. —Eu não sei. Eu simplesmente... —Ela dá outra


tosse. —Minha garganta está tão apertada e minha língua está em chamas.

—Deixe-me pedir mais água. —Mas antes que eu possa sinalizar para um
dos atendentes atrás do balcão, sua colher bate no balcão.

Volto para ela para ver suas mãos agarrarem a base da garganta e seus
olhos se fecharem. Um segundo depois, seus joelhos se curvam e ela afunda
contra mim.

Amaldiçoo o terror inundando-me enquanto a pego nos braços e a guio


até o chão. Nos poucos segundos que leva para perceber que ela está
inconsciente e em apuros, minha boca se enche com o pânico, e meu coração faz
o melhor para não perfurar um buraco nas minhas costelas e meu estômago
revira. Minha garganta aperta, e a parte de trás da minha língua fica rígida, e
quando giro para gritar para alguém chamar 911, parece que estou sufocando
com as palavras.

Na primeira vez, ninguém me ouve sobre o rugido da conversa, o riso e o


tilintar de colheres. A segunda vez respiro fundo e grito como um louco: —Ei!
Minha namorada está inconsciente. Você com o suéter vermelho. —O homem em
questão aponta o polegar para o peito, sem parecer tão incomodado como eu
esperaria que ele ficasse depois de ver uma mulher caída no chão. —Sim, você. —
Falo. —Ligue 911! Diga-lhes que há uma mulher aqui que desmaiou depois de
experimentar um sorvete. Não há alergias conhecidas e ela está respirando, mas
eu não...

O homem do suéter ri e sua acompanhante, uma mulher de bochechas


rosadas com dreads no cabelo, levanta uma das mãos para cobrir a boca com um
esforço, sem sucesso, para esconder o sorriso.

Estou prestes a perder minha paciência com eles. Penny está com

273
problemas, e eu vou matá-los se o tempo que eles estão desperdiçando acabar a
machucando, quando Penny mexe nos meus braços.

—Relaxe, Bash. —Ela diz, acariciando meu ombro enquanto se senta. —


Estou bem. Ninguém precisa ligar para o 911.

Minha testa enruga o suficiente para que a dor comece nas minhas
têmporas, mas antes que eu possa perguntar a Penny o que diabos está
acontecendo, ela coloca uma das mãos nos meus lábios.

—Antes que você surte, quero que você pense em como você se sentiu
quando pensou que eu estava em apuros, mesmo que seja por apenas um
minuto. —Ela segura meu olhar antes que seus olhos mergulhem diretamente na
minha mão esquerda. —E então pense, se fingir que estava sufocando com esse
anel de noivado aí no seu dedo mindinho era realmente uma ótima ideia.

Congelo abrindo minha boca quando percebo o que aconteceu. —Francis


e Eddie me traíram.

Penny balança a cabeça. —Não, minha mãe traiu você. Ela lê o e-mail das
gêmeas.

—Isso é uma merda. —Digo, o medo transformando-se lentamente em


mortificação.

—É normal. —Diz Penny, os lábios curvando-se suavemente. —Elas têm


apenas nove anos de idade. E claramente não são as melhores juízas dos planos
perfeitos. Passou pela cabeça de vocês três que o resto das pessoas inocentes
aqui poderiam ter medo de ver um homem fingindo se sufocar?

—Certo. Humm, bem... sim. Talvez. —Deslizo meu olhar, olhando para as
pessoas ao nosso redor, sentindo que isso provavelmente acabaria sendo um dos
momentos mais embaraçosos da minha vida. —Mas achei que acabaria antes que
alguém tivesse a chance de ficar chateado.

—Não estamos chateados. —Diz o Sr. de Suéter Vermelho. —Sua


namorada escreveu uma nota avisando a todos sobre o que aconteceria. Nós a
recebemos junto com nossos menus de degustação.
274
—Agora, só precisamos saber se você vai dizer sim. —Diz sua
acompanhante, sorrindo enquanto se inclina para apertar seu braço.

Pisco, mas antes que eu possa me manifestar e lembrar todas aquelas


coisas românticas que planejei dizer depois do choque do anel de noivado, Penny
está ajoelhada na minha frente, puxando uma faixa de prata simples do bolso
traseiro. —Claramente, você precisa de mim para evitar que você faça coisas
idiotas. —Diz ela, um sorriso tímido espalhando-se por seu rosto, enquanto
segura o anel entre nós. —E eu preciso de você para muitas e muitas coisas.
Como me fazer rir, me deixar feliz, me deixar animada a acordar todos os dias
para ver que tipo de diversão vamos ter juntos. Porque nunca me diverti mais do
que quando estou com você. Você mudou tanto a minha vida. E tudo para
melhor.

Ela respira profundamente enquanto seus olhos começam a brilhar. —


Porque você não é apenas nos bons momentos. Você está lá quando estou triste,
quando estou com vergonha e quando esqueço, por um momento, o quão feliz eu
sou. Mas você sempre me lembra. Estou tão agradecida por você, por nós e por
cada dia que eu passo com o meu melhor amigo. E realmente espero que esta
noite você me faça à menina mais feliz do Brooklyn.

Engulo com força, lutando contra as lágrimas inesperadas nos cantos dos
meus olhos. —Ao deixar você levar para casa dez potes de sorvete?

Sua respiração reduz, mas ela está sorrindo quando acena com a cabeça.
—Sim, deixando-me levar para casa dez potes de sorvete. E dizendo que você
será meu. Para sempre.

—Para sempre soa bem. —Digo, antes de acrescentar com uma voz mais
suave. —Sim, Penny Pickett, vou me casar com você e passar o resto da minha
vida sentindo-me o bastardo mais afortunado do mundo.

Puxo-a para um abraço e depois um beijo enquanto a sala de degustação


rompe em aplausos.

Penny e eu finalmente conseguimos parar de nos beijar tempo suficiente


para que nossos anéis de noivado fossem para os nossos respectivos dedos. O
275
meu se encaixa perfeitamente. O dela fica um pouco frouxo, mas ela diz que vai
consertar isso comendo mais sorvete. E nós rimos e fingimos que também não
estamos chorando muito, e acabamos de comer o nosso principal Reindeer
Droppings derretido, e mais três sabores fantásticos que não são tão fantásticos
quanto minha garota.

A minha noiva.

Esta mulher incrível que um dia, em breve, será minha esposa.

No momento em que nos dirigimos para casa, com dez potes em uma
bolsa térmica entre nós, já estou acostumado com o novo peso ao redor do meu
dedo, e ansioso para todas as coisas maravilhosas que estão por vir. Como a
degustação de bolo de casamento, a degustação do sorvete de casamento e casar
com minha melhor amiga.

Meu amor. Minha Penny.

FIM

276

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