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In: IV
Encontro Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical, 2009, Londrina. .
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Resumo: O projeto de extensão Recital nas Escolas se idealizou com o propósito de dar
oportunidade ao discente do curso de Licenciatura em Música da UFPB de exercitar a
articulação dos conhecimentos adquiridos no decorrer de sua formação em disciplinas de base
técnica, teórico-estético-estrutural e pedagógicas. A idéia é planejar e realizar uma série de
recitais, espetáculos-aulas, em escolas públicas da cidade de João Pessoa. Paralelamente à
referida ação extensiva, pretende-se desenvolver a proposta de pesquisa aqui apresentada que,
em linhas gerais, objetiva refletir a respeito da relação de interação pedagógica entre o músico
e sua audiência. Para tanto, tomaremos como esteio teórico-metodológico o pensamento de
Paulo Freire sobre a Educação Dialógica e o de Keith Swanwick sobre a Educação Musical.
Acreditamos na pertinência do presente estudo, uma vez que, em seus aspectos teóricos e
práticos, o mesmo pode vir a contribuir a pensar metodologias para o ensino de música em
espaços escolares ou não-escolares.
Palavras chave: interpretação, recital, educação dialógica.
Igualmente às orquestras, grosso modo, isso parece ocorrer com os grupos musicais
ou solistas acadêmicos em geral. Geralmente quando ocorrem apresentações dos mesmos para
um público externo, não se dá uma maior atenção à preparação específica do conteúdo
musical para os receptores, pressupondo que estes já têm as chaves interpretativas para
compreender, assimilar e refletir sobre o que se ouve e vê.
Se agraciado por essa “dádiva”, o público não familiarizado com essas linguagens
apenas as recebe silenciosamente e, provavelmente, de forma confusa, podendo até mesmo vir
a rejeitá-la. Isso se dá, sobretudo, pelo fato de que, sem a posse das devidas chaves para a
compreensão e reflexão, o ouvinte é impedido de ler o código do conteúdo musical ministrado
e, por conseguinte, não consegue usufruir o que a obra lhe tem a oferecer. Assim, a
comunicação entre o artista-educador e sua platéia não se estabelece e o distanciamento entre
os diferentes mundos permanece.
De certa forma, essa transferência unilateral de conteúdo se aproxima do que Freire
chama de uma concepção “bancária” da educação:
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que a inserção de elementos cênico-visuais pode ser eficiente nesse intento. Além disso,
podem-se estudar estratégias de interação entre os músicos e sua audiência.
Partindo do pressuposto de que a relação entre o intérprete e sua platéia é uma
relação de ensino-aprendizagem, acreditamos que o método dialógico, como pensado por
Paulo Freire, pode servir para o estabelecimento de uma efetiva comunicação entre o músico-
educador e seu público, aqui especificamente, alunos do ensino fundamental e médio das
redes estadual e municipal de ensino da cidade de João Pessoa.
Tendo isso em vista, para a realização da proposta de pesquisa temos os seguintes
objetivos específicos: 1) Realizar uma revisão bibliográfica de trabalhos a respeito do tema
em questão; 2) Levantar dados sobre as representações musicais junto aos alunos do ensino
fundamental e médio de duas escolas selecionadas; 3) Verificar como se dá a recepção das
intervenções músico-pedagógicas apresentadas pelo projeto Recital nas Escolas pelo público-
alvo.
Para a realização da presente pesquisa, adotaremos como método o estudo multicaso,
com abordagem qualitativa. Nosso trabalho de campo se dará em duas escolas da rede pública
de ensino da cidade de João Pessoa. Para a coleta de dados, utilizaremos a técnica da
entrevista semi-estruturada, aplicaremos questionários, e realizaremos observação participante
na ocasião das apresentações musicais.
Como aporte teórico-metodológico para a realização deste trabalho, tomaremos as
idéias de Paulo Freire sobre a Educação Dialógica. No eixo de sua concepção epistemológica
tem-se o diálogo como a ação fundamental no ato do comunicar crítico entre os seres
humanos.
Referências:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 46ª Ed. Rio de Janeiro: Paz na Terra, 2005.
FREIRE, Paulo e SHOR, Ira. Medo e Ousadia. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Paz na Terra, 1986.
HENTSCHKE, Liane; KRÜGER, Susana Ester. Contribuição das orquestras para o ensino de
música na educação básica: relato de uma experiência. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEN,
Luciana. Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo:
Moderna, 2003. p. 19-47.