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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA


CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM ENERGIA E SUSTENTABILIDADE

Projeto de Intervenção Social

ESTÁGIO SOCIAL:
Uma proposta inovadora na Educação Profissional do Estado da Bahia

FEIRA DE SANTANA,
DEZEMBRO DE 2014
2

IRANILDO BEZERRA DA CRUZ

Projeto de Intervenção Social


ESTÁGIO SOCIAL:
Uma proposta inovadora na Educação Profissional do Estado da Bahia

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-


graduação da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, como requisito à obtenção
do grau de Especialista em Trabalho, Educação
e Desenvolvimento para Gestão da Educação
Profissional.

Orientador: ANTÔNIO ALMERICO BIONDI


LIMA

FEIRA DE SANTANA
DEZEMBRO DE 2014
3

“No dia em que o povo levantar-se, ele terá com


o ferro, com o fogo, essa arma mais segura do
que todas as outras: a força moral devida à
cultura da inteligência”
(Fernand Pelloutier)
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1 - RESUMO

O presente, busca, em sua essência, apresentar a importância do estágio nos cursos de


formação técnica profissional para os Centros de Educação Profissional no Estado da Bahia,
com foco na criação de espaços pedagógicos experimentais para o desenvolvimento do estágio
social. Diante da grande dificuldade de encontrar campo de estágio, principalmente em cidade
de pequeno e médio porte, para alguns cursos técnicos, e atendendo aos princípios da nova
visão da Educação Profissional implantada no Estado da Bahia, a partir do ano de 2008, que
tem o trabalho como princípio educativo e desenvolvimento social. Este trabalho foi
desenvolvido através de pesquisa do tipo bibliográfica sobre estágio, lei de estágio, portarias da
SEC/SUPROF e cooperativismo. Criando modelos de implantação de cooperativa escolar,
como espaço pedagógico experimental, de acordo com as prerrogativas legais. A criação de
espaços que simulam uma pequena cooperativa para atender a comunidade com serviços
oriundos dos conhecimentos desenvolvidos pelo Centro de Educação Profissional, contribuirá
para a regulamentação curricular do estágio, além de proporcionar a intervenção social do
Centro de Educação Profissional na comunidade e em seu território de identidade.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Profissional. Estágio Social. Cooperativa.


Intervenção Social.
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SUMARIO

1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

2 – OBJETO ................................................................................................................. 9

2.1 – Objetivos ........................................................................................................ 9

2.2 – Justificativa .................................................................................................... 9

3 – METODOLOGIA .................................................................................................. 16

TABELA 1 - Curso Técnico em Desenho da Construção Civil ......................... 18

TABELA 2 - Curso Técnico em Nutrição e Dietética ........................................ 18

TABELA 3 - Curso Técnico em Análises Clínicas ............................................ 19

TABELA 4 - Cronograma 2015 ......................................................................... 19

DIAGRAMA – Passos para implantação do Projeto de Intervenção ................... 20

4 – RESULTADOS ESPERERADOS ........................................................................ 21

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 22


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1 - INTRODUÇÃO

A Educação Profissional pública de nível médio, vem crescendo no Território de


Identidade Itaparica, onde possui dois Centros Territoriais e duas escolas compartilhada com
cursos que atendem o setor da Industria, comercio e agricultura. O Centro Territorial de
Educação Profissional Wilson Pereira foi implantado em doze de dezembro de 2014 e possui
os cursos técnicos de Nutrição e Dietética, Analises Clinicas, Desenho da Construção Civil e o
curso técnico de Alimentos, nas modalidades de EPI, Proeja e Subsequente.

A modalidade EPI, Educação Profissional Integrada, o curso técnico é integrado ao


Ensino Médio e tem duração de quatro anos, é destinado ao aluno que concluiu o nono ano do
Ensino Fundamental e está em idade escolar compatível com a idade/série; Proeja, Educação
Profissional para Jovens e Adultos, o curso técnico é integrado ao Ensino Médio e tem duração
de cinco semestre, dois anos e seis meses, é destinado ao aluno que concluiu o ensino
fundamental e é maior de dezoito anos, apresenta distorção de idade/série; e a modalidade
Subsequente, Educação Profissional para o aluno concluinte do Ensino Médio Regular, tem
duração de quatro semestre, dois anos.

O CETEP Itaparica II Wilson Pereira fica localizado em um complexo de bairros, BTN


01, 02 e 03, Rodoviário, Benone Rezende e Três lagoas, com uma grande população em
condição de risco devido à violência e a baixa renda. Este complexo de bairros corresponde a
mais de 50% da população urbana de Paulo Afonso. A proposta de implantação da Educação
Profissional surgiu como uma alternativa de formação e resposta social a falta de perspectiva
dos jovens e adultos residentes nestes bairros.

A proposta apresentada é, também, uma resposta social aos problemas encontrados na


população carente e a transformação do Centro de Educação Profissional em um local de
referência na prestação de serviços educacionais, de pesquisa e atendimento técnico à
população.

Neste cenário, busca atender a necessidade do próprio Centro de Educação Profissional


ao criar espaços pedagógicos experimentais, na forma de uma cooperativa social escolar, que
além de oferecer à comunidade serviço técnico gratuito, criará vaga reais de estágio de
observação e participação na própria instituição. É importante mencionar que uma cidade de
médio porte como Paulo Afonso que foi fundada com a construção da Companhia Hidroelétrica
do São Francisco (CHESF), inicialmente como um acampamento de trabalhadores e se
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expandiu até ser emancipada, não desenvolveu outras industrias, agricultura, pecuária e
piscicultura, concentrando como principal fonte de recurso para movimentar a economia da
cidade, o salário dos trabalhadores da CHESF e os royalties pagos por esta empresa ao
município. Fato este, que dificulta a obtenção de vagas de estágios em algumas áreas, assim,
este projeto de intervenção terá como foco atuar sobre uma problemática interna e externa ao
Centro de Educação Profissional.

O Território de Identidade Itaparica é composto por seis municípios do Estado da


Bahia e sete municípios do Estado de Pernambuco. Os dados a seguir referem-se,
exclusivamente, aos municípios baianos.

O território de Itaparica possui uma população de 167 118 habitantes (IBGE 2010),
sendo que 64,9%, ou seja, 108 396 habitantes estão no município de Paulo Afonso com grau de
urbanização de 86,20%. Os demais municípios possuem os seguintes graus de Urbanização:
Abaré (52,92%), Chorrochó (24,51%), Glória (18,76%), Macururé (35,44%) e Rodelas
(84,10%).

É possível notar, através do Atlas do Desenvolvimento Humano e fonte do Pnud, que


o IDH Municipal vem melhorando em todos os seus municípios, onde a maioria se encontra na
categoria média, entre 0,600 e 0,699. Mesmo melhorando o IDHM, o território apresenta uma
taxa de mortalidade infantil de crianças com menos de cinco anos de idade muito alta, variando
de 22,2 a 26,1 crianças mortas para cada mil nascidos vivos e a taxa de desnutrição das crianças
com menos de dois anos de idade caiu de 16,3% em 2000, para 1,2% em 2012, mas comparada
a taxa em toda Bahia é considerada média.

A maior participação no cenário econômico do território vem do setor da indústria,


que tem participação no valor adicionado total superior a 67,2% e serviço tem de 18,4% a 35,4%
na participação total.

O município de Paulo Afonso tem como principal atividade econômica a Industria


(77,4%) seguido por serviços (14,5%). A agropecuária corresponde somente por (0,5%). Nos
demais municípios, a principal atividade econômica vem da administração pública, depois
serviços e agropecuária. No município de Glória a agropecuária corresponde a 11,3% da
atividade econômica, a maior do território para este setor.

A indústria aparentemente forte na participação do valor adicionado total é devido o


território ser cortado pelo Rio São Francisco e seu potencial é muito aproveitado pelo setor
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elétrico, com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), a única indústria de
grande porte da região. A irrigação, a piscicultura e a criação de animais, ainda é pouco
aproveitada ou é de subsistência, o que faz o setor agropecuário ter uma participação total de
0,1 a 6,4% na economia local. Diante disto, é importante observar que, mesmo o setor da
indústria tendo uma alta participação na economia total do território, tem somente de 10,8% a
18,8% na participação no total de empregos formais, um valor baixo se comparado com o setor
de serviço que é de 45,5% a 60,6%, segundo dados do MTE, Rais.

O IDHM – Educação, segundo Pnud (2010), cresceu significativamente desde 2000,


mas ainda é considerado baixo para 80% da população e para 20% muito baixa. A taxa de
analfabetismo para população residente de 14 anos ou mais é considerada média, variando de
18,3% a 20,3%, de acordo com o IBGE (2010) e isso influencia negativamente o IDHM-
Educação do território.
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2 – OBJETO

2.1 - Objetivos

O projeto de intervenção deste trabalho tem, como objeto de estudo, o Estágio Social
no Centro Territorial de Educação Profissional Itaparica II Wilson Pereira – CETEP Itaparica
II Wilson Pereira – com o intuito de:

- Criar espaços pedagógicos experimentais com foco na intervenção social;

- Oferecer, campo de estágio no próprio CETEP para os cursos técnicos em Desenho


da Construção Civil, Análises Clinicas e Nutrição e Dietética;

- Proporcionar a integração da disciplina de Intervenção Social e o estágio curricular;

- Promover a integração do CETEP na história social do território de identidade.

Os espaços pedagógicos experimentais serão desenvolvidos como pequenas empresas


de serviço, organizadas como cooperativa social escolar, sem a necessidade de registro formal.

2.2 - Justificativa

A Educação profissional implantada na rede estadual da Bahia desde 2008 apresenta


uma perspectiva de formação omnilateral do educando onde o trabalho é visto como parte
importante no processo educacional, desenvolvendo sua atuação social como cidadão ativo num
processo de transformação do entorno do Centro de Educação Profissional, mais precisamente,
no seu território de identidade.

Na concepção da Educação Profissional da Bahia, o Estágio é um componente da


prática, assim como laboratório, visita técnica, intervenção social, feiras e mostras. Entretanto
todas as formas de prática não podem estar desvinculada de uma teoria fundamentada em
conhecimentos científicos, tecnológicos e ético-sociais.

O estágio é um ponto fundamental neste processo formativo, ele coloca o educando


em contato com o mundo do trabalho e suas possibilidades, deve proporcionar participação em
situações reais de vida e de trabalho, de seu meio, sendo realizado em sua comunidade,
empresas, comércios, escritórios ou em organizações públicas, mas atualmente há uma
predominância no estágio supervisionado formal. Justifica-se o termo formal, por ser o referido
estágio realizado em empresas, industrias e prestadores de serviços judicialmente registrados,
10

com CNPJ. Com a Lei federal N° 11.788/98, abriu-se uma nova perspectiva com o estágio
social, transformando o estágio em um meio de intervenção social, por sua vez, a portaria da
SEC Nº 5570/2014 disciplina o Estágio Social na rede Estadual de Educação Profissional,
fortalecendo a nova proposta de Educação Profissional na Bahia.

A predominância do estágio supervisionado formal deve-se em parte a novidade tanto


da nova proposta da educação profissional bem como no pouco explorado conhecimento do
Estágio Social. O Projeto Pedagógico desatualizado e a disciplinas de intervenção social isolada
do estágio ajudam a transformar o estágio supervisionado em um mero integrante da matriz
curricular obrigatória, fazendo com que o Centro de Educação Profissional tenha uma baixo
impacto na intervenção social e, consequentemente, isolado da comunidade.

A portaria da SEC Nº 5570/2014 é o principal recurso que justifica a proposta deste


trabalho, pois nesta portaria define o Estágio como um ato educativo escolar supervisionado.
Como informa o Artigo 1º:

Artigo 1º O Estágio, ato educativo escolar supervisionado,


desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o
trabalho produtivo de educandos/as que estejam frequentando os
Cursos de Educação Profissional ofertados pela Rede Estadual de
Educação Profissional da Bahia, é componente curricular obrigatório,
integra o projeto pedagógico do curso e como tal está submetido à lei
11.788/08 e Resolução CNE nº 1/2004. (Bahia, 2014)

É importante ressaltar que a proposta de Educação Profissional implantada na Bahia


em 2008, tem por base o trabalho como princípio educativo. O trabalho como princípio
educativo, nos direciona à relação dialógica entre trabalho e educação, no qual, conjuntamente,
tem papel formativo, uma força mobilizadora do sujeito como ser humano integral através do
desenvolvimento de todo o seu potencial.

Estudo com base no materialismo histórico, aponta que o trabalho é visto como o
produtor dos meios de vida e envolve todas as áreas da vida do sujeito, tanto as materiais quanto
as históricas, culturais e intelectuais. Saviani (2007) desenvolve esse pensamento mostrando
como o trabalho e educação, inicialmente no modo de vida comunal, era parte integrante da
formação do homem e foi se desenvolvendo com o passar do tempo, sendo modificados de
acordo com as mudanças no sistema de produção e o controle dos meios de produção. Quando
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a vida social do sujeito era ligada a terra e os meios de produção, bem como o produto oriundo
do seu trabalho eram uma extensão da coletividade - atualmente ainda é visto em comunidades
indígenas ou tribais - a educação ocorria no trabalho, era algo natural, não havia uma divisão
física ou temporal entre eles. O ser humano se via produtor dos meios materiais e culturais de
seu grupo.

Com a posse individualizada da terra e o domínio dos meios de produção por parte de
poucos, o trabalho laboral passou a fazer parte somente aos que não possuíam os meios de
produção e assim, forçado ou voluntariamente, só podiam vender sua força de trabalho e
consequentemente os frutos do trabalho pertenciam a outrem. O sujeito não enxerga mais o
trabalho como o seu legado cultural e sim somente como um meio de sobreviver, uma fardo,
uma tortura. O trabalho ao perder seu caráter humanizador afetará diretamente a educação, que
fica destinada aos filhos donos do meio de produção, pois tinham bastante tempo ocioso, com
a finalidade da administração e manutenção do poder.

A educação, desde então, é desenvolvida sob duas égides: O proletariado recebia a


educação para mantê-los sob controle e era fornecido somente o suficiente para desenvolver
suas atividades laborais, e a classe proprietária dos meios de produção, recebiam uma educação
privilegiada, reforçando o seu caráter de dominação sobra a massa proletária. Somente no início
do Sec. XX com a experiência e pensamento socialista, inicia-se uma mudança na estrutura de
pensamento entre trabalho e educação. A introdução da educação politécnica com o objetivo de
formação humana em todos os seus aspectos, físico, mental, intelectual, prático, laboral,
estético, político, combinando estudo e trabalho, opõe-se a experiência da sociedade capitalista
onde a educação e trabalho são vistos isoladamente e quando há uma tentativa de associação é
com o propósito de formar mão de obra qualificada para desenvolver atividades no meio de
produção, mas ainda uma formação alienante.

Assim, o trabalho, articulado com a educação, é definido “como uma participação


ativa na construção social, no interior e fora da escola, e a ciência como uma prática
generalizada e sistematizada que orienta completamente esta atividade, de forma que cada um
possa ocupar o lugar que lhe cabe” (PISTRAK, 2003, p.114). Dessa forma,

Não se trata de estudar qualquer tipo de trabalho humano, qualquer


tipo de dispêndio de energia musculares e nervosas, mas de estudar
apenas o trabalho socialmente útil, que determina as relações sociais
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dos seres humanos. Em outras palavras, trata-se aqui o valor social


do trabalho, isto é, da base sobre a qual se edificam a vida e o
desenvolvimento da sociedade. (PISTRAK, 2003, P. 50)

Diante disso, nota-se que, a concepção, do autor mencionado anteriormente, sobre o


trabalho como princípio educativo, transforma o processo educativo em um processo de
construção de valores e relações sociais, da teoria para a edificação da vida e o desenvolvimento
da sociedade.

Ao incorporar o trabalho como princípio educativo no cerne das atividades educativas


dos Centros de Educação Profissional, o Estado da Bahia, incorpora nos seus currículos, além
do conhecimento técnico e tecnológico, a crítica histórico social do trabalho no sistema de
produção capitalista, a ética do trabalho, o direito do trabalho, o empreendedorismo social, a
intervenção social, na educação.

A portaria Nº 5570/2014, ao citar em seus objetivos o diálogo entre teoria e prática,


pesquisa e intervenção social como consolidação do processo de aprendizagem conduz o
estágio para uma função que vai além de preparar o aluno para o mercado de trabalho, mas abre
o diálogo com o mundo do trabalho e suas possibilidades.

O artigo 4° define os locais onde o estágio supervisionado pode ser desenvolvido:

Artigo 4º O Estágio dos/as alunos/as da Rede Estadual de Educação


Profissional da Bahia pode ser realizado em:

I - instituições de direito privado;

II - órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional


dos Poderes da União, do Estado e dos Municípios;

III – escritórios, consultórios e outros locais de trabalho de


profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em
seus respectivos conselhos de fiscalização profissional;
IV - espaços adequados ao desenvolvimento do Estágio Social.
§ 1º A realização das atividades de estágio no âmbito da própria
Unidade de Ensino requer aprovação prévia da SUPROF/SEC acerca
do Projeto Pedagógico Especial de Estágio.
§ 2º O Estágio Social é uma possibilidade legal para a realização do
estágio curricular, sendo realizado em comunidades, assentamentos,
entidades mantidas por ONGs, OSCIP, movimentos sociais, entidades
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filantrópicas sem fins lucrativos, dentre outras de igual caráter,


observando o previsto no Artigo 3º desta Portaria.
§ 3º O Estágio Social previsto no Projeto Pedagógico do curso atende
à comunidade, de modo a constituir-se resposta a demandas de
problemas da população por meio da intervenção social (oficinas,
ambulatórios, escritórios de atendimento, empresas experimentais e
outras).
É importante observar que, os itens I, II e III, citados anteriormente, está em
consonância com a lei federal de estágio n° 11.788, de 25 de setembro de 2008, no que trata
dos locais de estágio supervisionado obrigatório, mas o item IV da portaria SEC n ° 5570/2014,
trata do Estágio Social, uma verdadeira inovação na proposta de Educação Profissional no
Brasil. A alternativa do Estagio Social atende totalmente o princípio que norteia uma Educação
Profissional voltada à formação do homem como cidadão consciente e ativo na construção de
uma sociedade igualitária, inclusiva e de respeito ao ser humano.

Ao analisar a portaria da SEC Nº 5570/2014, juntamente com a atual Lei Federal de


Estágio nº 11.788/2008, nota-se uma enfoque pouco definido quanto a possibilidade de Estágio
Social nesta última, somente no Art. 1º, §2º menciona como objetivo do estágio a formação
cidadã.

Art. 1º, §2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da


atividade profissional e a contextualização curricular, objetivando o
desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho.

Já a portaria da SEC no Art 2º, no que trata dos objetivos do Estágio na rede Estadual
de Educação de Educação Profissional da Bahia, tem no seu ponto I a clara e explicita
possibilidade do Estágio Social ao mencionar a intervenção social como componente de sua
matriz curricular nos cursos técnicos de nível médio.

Art. 2º O estágio na Rede Estadual de Educação Profissional da Bahia


tem como objetivo:

I. Consolidar o processo de aprendizagem, o diálogo entre teoria e


prática, pesquisa e intervenção social requerido pela matriz curricular
dos cursos técnicos de nível médio da Educação Profissional da Bahia.

A definição da parte concedente, o Art 9º da Lei federal supracitada, define as


instituições que podem conceder estágios, mencionando somente as de pessoas jurídicas
privadas, as públicas e os profissionais liberais devidamente registrado em seus respectivos
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conselhos, o que a portaria da SEC faz é ampliar a possibilidade de concedente de estágio para
atender a proposta de intervenção social da Educação Profissional da Bahia. A lacuna deixada
pela Lei federal é preenchida pela portaria da SEC ao incorporar, no Art 4, §1 e §2, a própria
Unidade de Ensino, as comunidades, assentamentos, entidades mantidas por ONGs, OSCIP,
movimentos sociais e as entidades filantrópicas sem fins lucrativos, como campo de ação por
meio de projetos de intervenção social realizados pela Unidade de Ensino Profissional, com o
fim de constituir respostas as demandas dos problemas da comunidade, como menciona o §4
do mesmo artigo.

Art. 9º As pessoas jurídicas de direto privado e os órgãos da


administração pública direta, autarquia e fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
bem como profissionais liberais de nível superior devidamente
registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional,
podem oferecer estágios, observadas as seguintes obrigações:

A possibilidade de realizar o Estágio Social no âmbito da própria Unidade Escolar


contribui com a proposta de criar espaços pedagógicos experimentais com foco na intervenção
social, como resposta a demanda de problemas da população do território de identidade e do
entorno do Centro. Para isso, é crucial a articulação do Projeto Político Pedagógico com o
Estágio Social, este entrelaçamento é descrito no § 1º do item IV. Além da necessidade da
construção de Projeto Político Pedagógico, o mesmo inciso mencionado anteriormente,
incorpora a necessidade de aprovação pela Superintendência da Educação Profissional da
Bahia.

É importante mencionar que a possibilidade de Estágio Social na própria Unidade


Escolar vem atender somente uma parte das possibilidades do Estágio Social, onde seu foco
principal é a ação de intervenção social direta dentro das comunidades, assentamentos e
reassentamentos. É mais fácil iniciar está proposta do Estágio Social dentro do próprio Centro
de Educação Profissional e amplia-la para fora após o fortalecimento e amadurecimento do
projeto de intervenção.

Outro aspecto a ser considerado é que, as cidades de pequeno e médio porte apresentam
uma grande dificuldade no campo de estágio formal, devido ao número reduzido de empresas,
comércio limitado e poucos profissionais liberais para atender as demandas de estágios do
centro de Educação Profissional. Este problema faz com que um grande número de alunos
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fiquem aguardando o estágio supervisionado formal após a conclusão do curso, causando uma
inquietação em todos os períodos formativos e consequentemente a desmotivação e baixo
rendimento.

Por isso, a proposta elaborada neste trabalho visa a possível tentativa de transformar o
estágio social em um elemento importante de suporte da nova concepção de Educação
Profissional desenvolvida na Bahia e aproveitar o espaço físico escolar para criar espaços
pedagógicos experimentais com ênfase na intervenção social além de criar campo de estágio
nos próprios Centro de Educação Profissional.
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3 - METODOLOGIA

Para a realização efetiva desta sugestão de ação social, o envolvimento de todos os


segmentos que compõem o Centro de Educação Profissional é de uma lógica irrefutável, porém
é necessário estabelecer a atuação de cada ator escolar envolvido, para que cada segmento tenha
sua ação definida com clareza para o êxito do projeto. Assim, a gestão do centro tem o papel de
articulador das ações e deverá mobilizar os professores e professoras das disciplinas técnicas
gerais e especificas, o colegiado escolar, o conselho escolar e a representação dos alunos de
cada curso envolvido.

O projeto deverá atender inicialmente os alunos em processo de conclusão de curso,


módulo 5 do proeja, módulo 4 do subsequente e 4º ano do EPI, posteriormente envolverá os
alunos em formação inicial atendendo ao estágio de observação.

A comunidade de entorno do Centro e as comunidades/famílias em situação de risco


serão convidadas a usufruírem dos serviços sociais proporcionado pela cooperativa social
escolar.

A proposta de intervenção social deverá primeiramente desenvolver um seminário


sobre a proposta da educação profissional da Bahia com todos os professores, colegiado escolar
e conselho escolar, abordando a portaria de estágio SUPROF/SEC Nº 5570/2014, com ênfase
no Estágio Social.

Entre diversos momentos de práticas reflexivas, a discursão sobre o Projeto Político


Pedagógico (PPP) do Centro, deve ser considerada como momento de avaliação para analisar
a coerência com a nova realidade apresentada no Seminário, o que poderá gerar uma
mobilização para a alimentação dos princípios pedagógicos da Educação Profissional que tem
o trabalho como princípio educativo no referido documento.

Para que a intervenção social seja proativa, uma pesquisa social deverá ser
desenvolvida pela disciplina de intervenção social e que levante a amplitude do campo de
Estágio Social no âmbito do Território de Identidade. Esta pesquisa social deverá ser feita por
cada curso que terá um serviço no espaço pedagógico experimental e proporcionará o
fortalecimento e a promoção da qualidade da ação de intervenção.

Com base nesta pesquisa social deverá criar um banco de dados com as comunidades
ou famílias em situação de risco ou de baixa renda. Este banco de dados será utilizado para
selecionar a comunidade ou famílias que receberão os serviços disponibilizados pelo Centro.
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Primeiramente será necessário inserir no Projeto Político Pedagógico do Centro a


proposta de criação dos espaços pedagógicos experimentais e a construção do plano de ação
para a aquisição de maquinário, instrumentos, material de escritório, insumos e estruturação
física, enviá-los para a apreciação e aprovação na Superintendência da Educação Profissional
da Bahia (SUPROF).

A formação de uma cooperativa de serviços à comunidade deverá ser composta por


todos os serviços que os cursos do Centro podem transformar os conhecimentos teóricos em
práticos. As atividades desenvolvidas nestes espaços não terão ônus para os usuários e não terá
fins lucrativo, tendo seu trabalho pautado na prestação de serviço gratuito e de qualidade para
a comunidade.

A criação do espaço experimental pedagógico deverá ser na própria unidade de ensino,


aproveitando os espaços existentes nos laboratórios. O layout destes espaços deverá ser
compatível com os laboratórios e escritórios existentes no mercado de trabalho. Um professor
técnico deverá ter carga horária exclusiva para administrar este espaço.

Os alunos dos cursos técnicos selecionados trabalharão na cooperativa de serviço com


carga horário definida pelo professor técnico administrador, obedecendo a carga horária da
portaria de estágio Nº 5570/2014. Preferencialmente, os alunos do ano/modulo de conclusão
comporão o quadro principal de funcionários na cooperativa, servindo também de monitores
para os alunos de estarão em estágio de observação. Os alunos em estágio de observação
poderão ter a carga horária de estágio de observação completa na cooperativa social escolar,
porém, é preferível, quando possível, parte destas horas de estágio em empresas, industrias ou
escritórios de serviço formal.

Para que o aluno possa conhecer outras realidades do mundo do trabalho é necessário
determinar uma carga horaria de estágio participativo na cooperativa de serviço de no máximo
50%, esse valor foi utilizado nas tabelas 1, 2 e 3 a seguir, para determinar a quantidade de
estagiários que seria beneficiado anualmente. Somente em casos excepcionais, quando não há
vaga real para estágio onde o Centro está inserido seria possível um maior período de estágio
na cooperativa social escolar.

Assim, o curso técnico em Analises Clinicas deverá oferecer o serviço laboratorial de


Análises Clinicas para atender inicialmente as solicitações de exames médicos e de pesquisas
sociais elaboradas pelos curso de Analises Clinicas e Nutrição e dietética.
18

Para o curso de Desenho da Construção Civil será criado um escritório de projetos para
a construção civil. A maior parte da população de entorno do Centro tem suas construções sem
projeto de construção e sem apoio técnico. Com o Plano Diretor Municipal sendo aprovado nos
municípios, a população de baixa renda não tem como pagar um profissional para adequar suas
construções dentro das normas técnicas.

O curso técnico de Nutrição e Dietética desenvolverá um ambulatório de atendimento


nutricional para os alunos do Centro e para algumas famílias com crianças em estado de
desnutrição.

Segue abaixo tabelas de serviços e previsão de atendimento.

Tabela 1: Curso Técnico em Desenho da Construção Civil


Serviço: elaboração de plantas residenciais, acompanhamento de
construção e reforma de residências e construção de maquetes
Previsão de Previsão de
Quantidade
Ano de quantitativo de atendimento
de estagiários
execução estagiários (anual por
(por turno)
(anual por turno)* turno)**
2015 5 30 80
2016 8 48 128
* considerando onze meses de atividade, vinte dois dias úteis, quatro horas de atividades
por turno e cinquenta por cento da carga horária de estágio obrigatório por aluno.
** considerando onze meses de atividade, vinte dois dias úteis, quatro horas de atividades e
quinze dias úteis para finalizar uma atividade.

Tabela 2: Curso Técnico em Nutrição e Dietética


Serviço: Avaliação de estado nutricional, assessoria no cardápio
escolar, acompanhamento de dietas
Previsão de Previsão de
Quantidade
Ano de quantitativo de atendimento
de estagiários
execução estagiários (anual por
(por turno)
(anual por turno)* turno)
2015 3 18 165**
2016 5 30 264***
* considerando onze meses de atividade, vinte dois dias úteis, quatro horas de atividades
por turno e cinquenta por cento da carga horária de estágio obrigatório por aluno.
** considerando onze meses de atividade e quinze atendimentos mensais.
*** considerando onze meses de atividade e vinte e quatro atendimentos mensais.
19

Tabela 3: Curso Técnico em Analises clinicas


SETORES
Hematologia Parasitológico Urinálise Bioquimica microbiologia
hemograma Exames de Exames Glicose Cultura com
fezes de urina antibiogramas
Leucograma Colesterol
Total e frações
(HDL, LDL,
PROCEDIMENTOS

VLDL)
eritrograma Triglicerídeos
Classificação Ureia
sanguínea
Creatina
Transaminases
Bilibubinas
ASLO
Latex
PCR
VDRL
Beta-HCG
ATENDIMENTOS
Previsão
Quantidade Previsão de Previsão de
de
Ano de de quantitativo pessoas
pessoas
execução estagiários de estagiários atendidas
atendidas
(por dia) (por ano)* (por ano)**
(por dia)
2015 8 48 15 3630
2016 10 60 20 4840
* considerando onze meses de atividade, vinte dois dias úteis, quatro horas de atividades por turno e
cinquenta por cento da carga horária de estágio obrigatório por aluno.
** considerando onze meses de atividade e vinte dois dias úteis.

Tabela 4: CRONOGRAMA 2015


ATIVIDADE Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mobilização da
comunidade
escola
Atualização do
PPP
Construção e
execução do
Plano de Ação
Pesquisa social
Adequação
Física
20

Criação da
Cooperativa
Social Escolar
Funcionamento
da Cooperativa
Social Escolar

DIAGRAMA: Passos para implantação do Projeto de Intervenção

Passo 1
Apresentação do projeto de
intervenção à comunidade
Escolar e conselho escolar

Passo 2 Passo 3
Mobilização dos segmentos Realimentação do Projeto
escolares Político Pedagógico

Passo 4 Passo 5
Pesquisa Social Construção do Plano de Ação

Passo 6 Passo 7
Determinação do público alvo Adequação física dos espaços
pedagógicos experimentais

Passo 8
Criação da Cooperativa Social
Escolar

Passo 9
Desenvolvimento dos serviços

Passo 10
Avaliação do impacto social da
Cooperativa Social escolar

Passo 11
Ampliação do público alvo
21

4- RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se desta proposta de intervenção social que o Centro de Educação Profissional


venha contribuir para a formação dos educandos dos cursos técnicos oferecido pelo CETEP
Itaparica II Wilson Pereira representando uma oportunidade de integrar o aluno à realidade de
seu território e sua participação no processo de transformação como um cidadão consciente e
responsável socialmente. Com isso, o Centro torna-se um ator social importante no
desenvolvimento social e tecnológico da região.

Outro aspecto, importante que merece destacar, é o aumento de vagas no campo de


estagio e a eliminação da ocorrência de conclusão das disciplinas sem a finalização do estágio
curricular motivada pela falta de estágio no primeiro ano de implantação da cooperativa social
escolar.

A avaliação será realizada por meio de indicadores quantitativos no qual informará o


número de alunos do ano/semestre final que foram contemplados na cooperativa social e o
número de famílias beneficiadas pelos serviços oferecido pelo Centro.

No tocante ao qualitativo, a pesquisa social realizada no início e final do ano letivo


servirá de subsidio para avaliar o impacto dos serviços nos indicadores sociais de saúde das
famílias atendidas.
22

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

DIEESE, Educação Profissional da Bahia e Territórios de Identidade: volume II.


Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Socioeconômicos. Salvador, 2014.
BAHIA. Portaria n° 5570/2014, de 08 de julho de 2014. Dispõe sobre a regulamentação do
Estágio Curricular nos cursos técnicos de nível médio de Educação Profissional da Rede Estadual da
Bahia. Diário Oficial da Bahia, Salvador, BA, 08 jul. 2014.

BRASIL. Lei n° 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes e


dá outras providencias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 set. 2008. Seção 1, p. 3.
Diário Oficial da União. Normas para a organização e realização de estágio de alunos do
Ensino Médio e da Educação Profissional. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pceb35_03.pdf. Acesso em: 27 out. 2014.
PISTRAK, MOISEY M. Fundamentos da Escola do Trabalho. São Paulo: Expressão
Popular, 2003.
PISTRAK, MOISEY M. A escola-comuna. Tradução de Luiz Carlos de Freitas e Alexandra
Marenich. 1 ed. São Paulo. Expressão Popular, 2009.
SAVIANI, DEMERVAL. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos.
Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, jan./abr. 2007.

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