RIMA PCH MUCURI

Relatório de Impacto Ambiental

FEV - 2002
 Índice
Apresentação, pág. 02
Caracterização do empreendimento, pág. 03
Áreas de estudo, pág. 06
Caracterização ambiental da região, pág. 07
Diagnóstico ambiental da Área de Influência Indireta, pág. 10
Diagnóstico ambiental da Área de Influência Direta, pág. 17
Avaliação dos impactos, pág. 30
Medidas de mitigação de impactos ambientais, pág. 40
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1. Apresentação

Este relatório sintetiza o Estudo de Impacto Ambiental, EIA, elaborado para a obtenção da
Licença Prévia da Pequena Central Hidrelétrica Mucuri.
Aqui se encontram os estudos e as informações apresentadas de forma científica e detalhada
no EIA. O relatório contém ainda a caracterização do empreendimento a ser implantado, bem
como a avaliação dos principais impactos a serem gerados e a proposição de medidas mitigadoras
desses impactos.
Procurou-se tornar a abordagem técnica do EIA acessível a todos os públicos interessados.

Equipe técnica

Bióloga Cobertura Vegetal, Uso e

Célia de Fátima Machado
CRB-13787-4a D Ocupação dos Solos
Bióloga
Cláudia Guimarães Costa Mastofauna
CRB 16152-4ªR
Custódio José da Silva Admnistrador Administração Geral
Esdras Júnior - Editoração Eletrônica
Fabiano Lopes de Paula Arqueólogo Patrimônio Cultural
Fábio Vieira
Biólogo
(Acqua Consultoria e Recuperação de Ambientes Ictiofauna
CRB 12036-4aR
Aquáticos)
Engenheira Civil Caracterização do Empreendimento,
Inês Ângela Gomes Salomão Trindade
CREA 28223/D Usos da Água
Coordenação e Integração do EIA,
Isabel Cristina Cardoso Nunes Bióloga, CRB 13065 4ªR
Integração do RIMA
Geógrafo
Joaquim Carlos Calaes Patrimônio Natural
CREA 59.118/D
Biólogo Cobertura Vegetal, Uso e
Leonardo Vianna da Costa de Silva
CRB 48727/89 Ocupação dos Solos
Arquiteto
Luciano Lopes de Paula Patrimônio Cultural
CREA 45.829/D
Biólogo Triagem, Contagem e Determinação
Lúcio Cadaval Bedê
CRB 08692/89-4a R de amostras bentônicas
Supervisão Geral, Avifauna,
Bióloga
Luzimara Fernandes Silva Brandt Ecohistória, Uso e Ocupação dos
CRB 13076-4ªR
Solos e Cobertura Vegetal
Maria Conceição Costa
Socióloga Socioeconomia
(Vertente Assessoria e Consultoria)
Maria Inês Bonaccorsi de Campos Geóloga CREA 1000947 Geologia, Geomorfologia
Maria Pia Mendes Economista
Socioeconomia
(Vertente Assessoria e Consultoria) CORECON 2415-10ªR
Melquisedec Alves Silva Projetista Digitalização de Mapas
Paulo Antônio Moreira Marques Engenheiro Agrônomo
Renúncia Agrícola, Uso da Água
(Solarq Agro Ambiente e Arquitetura) CREA-DF 7382/D
Paulo dos Santos Pompeu
Biólogo
(Acqua Consultoria e Recuperação de Ambientes Ictiofauna
CRB 13910-4aR
Aquáticos)
Publicidade e
Comunicação Social
Raphael Romanizio RIMA, Comunicação Social
MT46211.003395/00-
37
Engenheiro Florestal Pedologia e Potencial Agropecuário,
Ricardo Guimarães Parma
CREA-DF 53178/D Uso e Ocupação dos Solos
Biólogo
Ronald Rezende de Carvalho Júnior Herpetofauna
CRB 16703-4aR
Sandra Francischetti Rocha Bióloga CRB 30456/D Coleta de água
Biólogo Fitoplâncton, Zooplâncton,
Sávio José Martins Oliveira
CRB 8598/88-4a R Qualidade da Água
Simone Valéria Passos Pessoa Geógrafa Clima, Hidrografia, Cartografia
Engenheira Civil
Virgínia Campos Sanitarista Gerenciamento, Custo/Benefício
CREA 26714/D
Ozébio de Jesus Pereira Auxiliar Técnico Todos os Temas

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2. Caracterização do empreendimento
PCH MUCURI
RIO
259
BR-
TEÓFILO
OTONI
BR-418
ITAMBACURI
MG
6
-1 1
BR
Histórico dos estudos
A PCH Mucuri foi prevista nos Estudos
de Reavaliação da Partição de Queda do rio
Mucuri (Dezembro/95), desenvolvidos pela
WORKINVEST Consultoria Empresarial
Ltda. e a Construtora Queiroz Galvão, de
acordo com autorização dada pelo DNAEE,
o
através da Portaria n 826, de 6 de dezembro
de 1994.
Esse estudo conclui que a divisão de
queda anteriormente estudada acarretaria a
inundação de longo trecho da BR-418,
algumas pontes, áreas urbanas e terras
atualmente valorizadas.
Ele procurou evitar ou minimizar os
impactos ambientais, embora mantendo
alguns dos sítios anteriormente propostos, já
que eles apresentam boas condições para a
implantação de barragens.
Localização e acessos
O aproveitamento hidrelétrico Mucuri
localiza-se no Estado de Minas Gerais, nos
Municípios de Carlos Chagas e Pavão. As
cidades de Carlos Chagas e Pavão situam-se
3
BA
MUC CARLOS LAGEADÃO
URI
CHAGAS
SERRA DOS
NANUQUE
ES
BR-101
respectivamente a 26 Km e 20 km do local
do aproveitamento.
O acesso pelo litoral se dá a partir do
entroncamento com a BR-101, cerca de 38
km ao norte da divisa ES/BA, tomando-se a
BR-418 no rumo oeste até a cidade de Carlos
Chagas, distante cerca de 110 km..
A partir daí, utiliza-se estradas de terra.
Pela margem direita segue-se até o distrito de
Presidente Pena, atravessa-se a ponte sobre
o rio Todos os Santos e a partir daí toma-se
a estrada margeando o rio Mucuri até o local
da obra, totalizando cerca de 37 km. Pela
margem esquerda, na cidade de Carlos
Chagas atravessa-se a ponte sobre o rio
Mucuri, e segue-se cerca de 5 km pela
estrada de acesso ao povoado de S. Pedro e a
partir daí toma-se outra estrada no sentido
oeste, que em geral, margeia o rio Mucuri
até o local da obra, totalizando um percurso
de 57 km.
Pelo interior, o acesso é feito a partir da
BR-116 até Teófilo Otoni, daí toma-se a BR-
418 e, aproximadamente 45 km a frente, a
MG-105 (não pavimentada) até cerca de 18
km após a cidade de Francisco de Sá. A
partir daí, toma-se uma estrada vicinal no

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Vertedouro
Barragem
Rio Mucuri
Tomada D´Água
sentido norte, prosseguindo-se até o rio
Mucuri e daí para jusante, margeando o rio
por cerca de 7 km até o local do eixo.
Características principais do
projeto
! O Circuito Hidráulico de Geração,
posicionado na margem direita do rio
Mucuri, consiste da Tomada D'Água tipo
gravidade junto às estruturas da
Barragem e do Vertedouro, interligada à
Casa de Força por três Condutos
Forçados de aço, um para cada unidade
de geração. Complementando o
Circuito Hidráulico, há o Canal de Fuga
que restituirá as vazões turbinadas ao
leito do rio a jusante.
! A Casa de Força é do tipo abrigada,
equipada com três turbinas tipo Francis
de eixo vertical com capacidade de 7,5
mw, cada, totalizando 22,50 mw.
! O sistema extravasor, localizado também
na ombreira direita, é constituído por um
Canal de Aproximação e o Vertedouro
de Superfície, cujos três vãos serão
controlados por comportas segmento.
! A Barragem de concreto tem um
comprimento de 160 m em linha reta
desde a ombreira esquerda até a
estrutura da Tomada d'água e altura de
47 m.
! A Subestação é o ponto em que a Usina
se interliga ao sistema de transmissão,
4
Canal de Fuga
Casa de Força
na tensão de 138 kV. Ficará localizada a
cerca de 70 metros da Casa de Força,
na margem direita do rio Mucuri, e
ocupará uma área aproximadamente de
400 m².
Canteiro de Obras
O número de trabalhadores previsto é
em torno de 500 pessoas. Será
disponibilizada toda a infra-estrutura
necessária para o bom andamento das obras,
listada a seguir:
! Edificações: alojamento (tipo 1, 2 e 3),
república e refeitório
! Área de lazer: campo de futebol
iluminado, quadra de peteca e quadra
poliesportiva
! Transporte: transporte diário para
cidades próximas e transporte interno de
pessoal
! Abastecimento de água potável: todo o
canteiro será abastecido com água
tratada (mantida em reservatório), de
acordo com os critérios estabelecidos na
Portaria 36 do Ministério da Saúde
! Abastecimento de água industrial
(captação a montante da galeria): as
águas industriais, provenientes das
oficinas mecânicas e outras unidades
industriais, caracterizadas basicamente
pela presença de sólidos em suspensão
e óleos e graxas, serão tratadas em
decantadores e caixas separadoras de
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Reservatório e energia
N.A . de Montante ÁREAS INUNDADAS
Máx. Normal 215,00 m No N.A . máx. maximorum 8,2 km²
Máx. Maximorum 215,50 m No N.A . máx. normal 8,0 km²
N.A . de Jusante VOLUMES
Mínimo (ref. a 1 máq.) 170,80 m No N.A . máx. normal 115 x 106m3
Máx. Excepcional 176,03 m Abaixo Soleira Vertedouro 50 x 106m3
Médio 171,50 m Vida útil reserv. (prevista) >500 anos
Queda líquida máx. 41,90 m Energia Firme 14 mw médio

óleo. Os sistemas a serem implantados

terão eficiência para reduzir a carga
poluidora aos padrões estabelecidos na
legislação em vigor
! Energia elétrica: subestação CEMIG MD
junto ao canteiro principal
! Esgotamento: para as águas servidas
permanentes, o tratamento será
realizado em fossas sépticas seguida de
filtro anaeróbio e posteriormente
dispostas em solo através de sumidouro
(o dimensionamento das unidades terá
por base a NBR 7229/93, da ABNT)
! Resíduos sólidos: serão coletados
sistematicamente e dispostos de acordo
com as recomendações estabelecidas na
norma 8849/85 da ABNT Aterro
Controlado.

Operação da usina
O tipo de operação proposto, a fio
d´água, não deverá alterar o regime do rio
Mucuri no trecho de implantação do
aproveitamento hidrelétrico. Esta operação
consiste, basicamente, na utilização da vazão
afluente ao reservatório, isto é, a vazão que
chega ao reservatório é a vazão turbinada e,
conseqüentemente, é a vazão defluente.
Assim, como o reservatório só tem
finalidade de elevar o nível d´água, o papel de
regularizador do deflúvio não é utilizado
nesta modalidade de operação.
O aspecto positivo deverá ser a
capacidade de amortecimento do
reservatório de eventos de cheias, que
normalmente ocorrem no período das
chuvas. Deste modo, as populações situadas
à jusante do empreendimento não deverão
sofrer as conseqüentes inundações.
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3. Áreas de estudo
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PCH Mucuri

AID
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Có

Áreas de estudos
Área de Influência Direta (AID): principalmente devido à transformação de
Correspondente àquela a ser ocupada pelo um sistema antes lótico para um lêntico, na
reservatório em seu nível normal (cota área do reservatório.
215m), às áreas a serem utilizadas para Neste empreendimento não haverá área
construção da barragem, do sistema de de vazão reduzida.
geração e das estradas de acesso, e àquelas Área de Influência Indireta (AII):
necessárias à instalação do canteiro de obras, Em relação aos aspectos biofísicos é
disposição de bota-fora e exploração de representada pela bacia de drenagem
jazidas de materiais de construção. delimitada pelos cursos d'água inseridos na
A Área de Preservação Permanente faixa do futuro reservatório. Para o meio
(APP), correspondente à faixa de 100 m antrópico foi definido como Área de
marginais ao futuro reservatório, também Influência os municípios Pavão e Carlos
está incluída na AID em virtude de sofrer Chagas, pelo fato de os mesmos terem parte
restrições de uso. Este trecho, no caso em de sua área rural atingida pelo
questão, equivale à região acima da elevação empreendimento.
215 (Máx. normal). Compõem ainda essa área, em relação
Especificamente no que diz respeito aos ao Meio Antrópico, o povoado de
ecossistemas aquáticos, a AID corresponde Maravilhas e o distrito de Presidente Pena,
ao trecho do rio entre o remanso do futuro pertencentes respectivamente a Teófilo
reservatório e o ponto de restituição das Otoni e Carlos Chagas, por serem os núcleos
vazões da casa de força. Isto porque toda a urbanos mais próximos à área de
dinâmica do rio ficará alterada neste trecho, intervenção.

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4. Caracterização ambiental da região
Esquema da bacia do rio Mucuri, projetos hidrelétricos e pontos de coleta
3 4
UHE - Jacaré
P2
UHE - Mucuri
Maravilha
Teófilo Pres. Pena
Otoni Carlos
Chagas
Rio Todos os Santos
Barragens 1 = em implantação
2 = objeto deste estudo
Cidades 3 = em inventário
4 = implantada
Distritos Ponto de coleta
A bacia do rio Mucuri e o
empreendimento da PCH Mucuri
A denominação Mucuri possui vários
significados, como "rio dos gambás", "árvore
frutífera grande" e de "boa madeira” ou
“araçá-de-caboclo", ou ainda, na língua dos
índios Botocudos, "pai das vermelhas" (peixes
comuns neste rio).
O rio Mucuri tem suas nascentes na
Pedra da Trindade (em Malacacheta) e Serra
de Noruega (em Ladainha, MG). As águas
destes rios se juntam no Estreito do Mucuri,
tendo sua foz na costa baiana (município de
Mucuri).
O rio Mucuri faz parte do conjunto de
bacias que formam uma unidade maior
denominada "Bacia de Leste". A área total de
drenagem da sua bacia é de 15.100 km2, sendo
94,7% dentro do território mineiro. Seus
principais afluentes são os rios Todos os
Santos e Urucú, na margem direita, e Pampã e
córregos Novo e Pavão, na margem esquerda.
A Usina Hidrelétrica de Mucuri tem
como localização o médio curso do Mucuri.
Sua barragem terá cerca de 47 metros de
altura e o seu reservatório 23 km de extensão.
Além do empreendimento em questão, estão
previstas para serem implantadas no rio
7
Rio Pampã
PCH do Pampã
2
P3
P1
1
Mayrink UHE - Santa Clara
Nanuque
Rio
Mucuri
Mucuri as usinas de Santa Clara (em processo
de instalação) e Jacaré (consta somente no
estudo de partição de quedas).
A UHE Santa Clara está implantada a
aproximadamente 100 km a jusante do
aproveitamento de Mucuri, nos municípios
de Nanuque e Serra dos Aimorés,
constituindo o primeiro barramento deste rio.
A UHE Jacaré tem a partição de queda
demarcada aproximadamente a 26 km acima
da barragem da PCH Mucuri.
Aspectos históricos e ecológicos
do vale do Mucuri
A cobertura vegetal original do vale do
rio Mucuri correspondia à Mata Atlântica,
que constitui um ecossistema de altíssima
riqueza e diversidade de espécies silvestres.
A região era somente habitada por
tribos indígenas nômades (Nacknenuks,
Giporocks, Botocudos e Jacupemba d'Água).
Os Nacknenuks faziam derrubadas e
pequenas lavouras, que começaram a ser
trocadas por víveres e ferramentas com os
portugueses, dando origem aos primeiros
centros regionais de lavoura.
Expedições portuguesas começaram a
adentrar pelo vale para o "conhecimento da terra
e caça de índios" em 1538, em busca de ouro e

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pedras preciosas, denominando a trilha que
costumavam seguir de "Caminho dos
Índios". Ao longo de sua jornada, em algum
córrego do município de Teófilo Otoni,
teriam descoberto o primeiro ouro do Brasil.
O mesmo "Caminho dos Índios" foi feito
pela expedição Spinoza - Navarro. Nesta oca-
sião, o Padre João Aspicuelta Navarro descre-
veu o percurso como "... coberto por terras mui
humildes e frias por causa das muitas árvores mui
grossas e altas, de folhas que sempre está verde".
A paisagem de matas pujantes começou
a ser modificada em 1847, com o início da
colonização do vale por Teófilo Benedicto
Ottoni e Honório Benedicto Ottoni, que
criaram a Companhia de Comércio e
Navegação do Rio Mucuri, na região da
cachoeira de Santa Clara (rio Mucuri), dando
origem à Colônia de Santa Clara. Em 1852,
Teófilo B. Ottoni iniciou a confecção de uma
estrada em direção ao rio Todos os Santos,
fundando, em 1853, o povoado de Filadélfia
(atual Teófilo Ottoni).
Em 1856, chegaram estrangeiros de
várias nacionalidades a Santa Clara, elevada à
Distrito em 1877. Estes começaram a se
apossar das terras que seriam ocupadas pelo
atual município de Nanuque, iniciando a
derrubada das matas para conversão em
extensas fazendas, com pequenos núcleos
habitados e colônias militares para segurança
das caravanas. Em 1857, a inauguração da
estrada de rodagem de Teófilo B. Ottoni,
denominada Filadélfia - Santa Clara (primeira
do Brasil), junto à criação da Estrada de
Ferro Bahia e Minas (EFBM), em 1879,
facilitaram o processo de colonização. Tal
estrada marcou a realização dos objetivos de
Teófilo B. Ottoni "... de se ligar por um caminho
direto, através das matas do Mucury, o Norte de
Minas ao Oceano". Após a transferência de
Santa Clara para o povoado de Aimorés, este
adotou o nome de Distrito de Aimorés.
Ao longo da dinâmica de colonização e
perda do hábitat florestal, as atividades de
caça e captura de animais silvestres, tiveram
aumento intensivo, sendo a caça realizada
para subsistência. As grandes populações de
espécies silvestres visadas como, por
exemplo, a jacutinga, o macuco e o mutum-
cavalo, possibilitava a coleta de dezenas de
exemplares, em um só dia.
Em 1911, João Américo Machado,
visando a extração de madeira e construção
da Companhia Industrial do Mucuri,
estabeleceu um convênio com o governo de
8
Minas Gerais para colonizar uma gleba de
10.000 hectares. A inauguração da serraria,
em 1912, se tornou o marco de fundação da
cidade.
Em 1923, o Distrito de Aimorés passou
a ser chamado de Distrito de Indiana e, em
1938, começou a integrar o então criado
município de Carlos Chagas. Em 1943,
Indiana mudou o nome para Nanuque (que
significa "Bugre de Cabelos Negros"), em
homenagem aos índios Nacknenuks, que
junto às demais tribos, foram quase
completamente dizimados. Em 1948,
Nanuque foi elevada a município,
desmembrando-se de Carlos Chagas.
A exploração madeireira das
florestas primitivas
De acordo com o acervo particular de
Dª Hélia Schieber de Jesus, além de
informações de antigos funcionários das
madeireiras, a Companhia Industrial do
Mucuri realizava atividades extrativas de
forma incessante para abastecimento do
mercado brasileiro. Incorporada à
Companhia Madeireira Brasil Holanda
("Bralanda"), em 1945, a exportação de
madeira nobre (principalmente jacarandá e
sucupira) foi estendida ao mercado
internacional (Europa, Estados Unidos,
Japão etc.).
Os métodos primitivos de extração
(desmatamento com uso de arrastão de
correntes), rapidamente transformaram a
paisagem florestada em extensas clareiras e
áreas abertas. Toras de mais de quatro
metros de circunferência eram jogadas no rio
Mucuri e conduzidas, por transporte
ferroviário, até portos marítimos em Mucuri
(BA).
Através de contratos com proprietários
rurais, as matas eram cortadas em troca da
confecção de mourões, cercamento,
pontilhões, mata-burros e implantação de
pastagens. A exploração beneficiava os
proprietários rurais, enquanto o crescimento
da indústria madeireira incentivava o
desenvolvimento econômico.
A "Bralanda" chegou a ser considerada
a maior companhia de fabricação de
compensados da América Latina, gerando
cerca de 4.000 empregos. Devido ao padrão
das máquinas utilizadas na indústria para
laminação, apenas eram usadas as madeiras
com mais de 1,40m de circunferência,
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principalmente de jequitibá, vinhático, pau- de Importância Biológica Extrema". A região

sangue e tapirucu. No entanto, em 50 anos de de Teófilo Ottoni compõe uma "Área de
exploração, destituída de qualquer tipo de Importância Biológica Alta", devido à
planejamento e manejo silvestre, as matas elevada riqueza de espécies vegetais, anfíbios,
foram completamente devastadas pela aves e mamíferos.
madeireira, transformando a paisagem A região de abrangência da Pequena
florestal em extensas pastagens. As Central Hidrelétrica de Mucuri apresenta o
consequências ecológicas destes processos mesmo padrão paisagístico descrito para
foram drásticas, culminando com a extinção todo o Vale, situando-se entre as duas áreas
de numerosas espécies da fauna e flora. prioritárias referidas.
Provavelmente, entre outros distúrbios
ambientais, as condições climáticas foram
também influenciadas pela devastação.
Considerada pela expedição Spinoza -
Navarro, em 1553, como uma região muito fria,
sendo que a temperatura média anual,
atualmente, é de cerca de 30ºC.
Rapidamente dizimadas pelos
desmatamentos e pressionadas por atividades
de caça e captura, a fauna e a flora florestais
foram pouquíssimo documentadas, embora
dotadas de um extremo valor biológico.
Alguns relatos de aves foram somente feitos
por Ernest Garbe (naturalista), em 1908.
Foram gerados também impactos
sociais. Com a desativação da Serraria ou
Companhia Industrial, em 1978, e da
"Bralanda", em 1992, as populações ficaram
com pouca oferta de emprego, resultando em
profunda estagnação econômica regional.
Atualmente, os padrões paisagísticos do
Vale do Mucuri apresentam um quadro de
extrema degradação, com predomínio de
pastagens, destinadas à pecuária de corte e
leiteira. Faltam áreas florestais legalmente
protegidas e os raros fragmentos
remanescentes correspondem, em sua
maioria, às áreas de reserva de propriedades
rurais e pequenas manchas de mata em
regeneração. Os fragmentos florestais se
distribuem de forma desconectada no alto de
morros, tendo destaque a Mata da Califórnia,
de propriedade da Fazenda Brasília
(município de Carlos Chagas). Ao longo dos
cursos d'água, onde havia matas ciliares, a
vegetação arbórea é escassa, por vezes restrita
a algumas poucas fileiras de árvores.
Recentemente (1998) foram
estabelecidas duas áreas de grande relevância
no Vale do Mucuri pela Fundação
Biodiversitas. A elevada riqueza de espécies e
a presença na região de peixes diádromos
(espécies de peixes que migram entre águas
doces e salgadas) e de distribuição restrita,
serviram de subsídios para a indicação de um
trecho dos rios Mucuri e Pampã como "Área

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5. Diagnóstico ambiental da Área
de Influência Indireta
Meio Físico
O clima da região de Mucuri
caracteriza-se atualmente por ser do tipo
temperado a quente e seco, com temperatura
média de 30º. Em épocas passadas, o clima
era mais úmido devido à presença da Mata
Atlântica, já praticamente dizimada.
A precipitação média anual varia de 800
a 1.200 mm. A precipitação média mensal é
da ordem de 80 mm, sendo a máxima média
mensal 160 mm (dezembro) e a mínima
média mensal de 28,7 mm (agosto). Os
meses mais chuvosos se prolongam de
novembro a março e os mais secos vão de
maio a setembro, sendo os meses de abril e
outubro meses de transição.
As temperaturas máximas ocorrem de
dezembro a abril, com pico de 32,3º C em
fevereiro. As mínimas ocorrem de maio a
setembro.
A evaporação média mensal é de 69,5
mm no período seco (maio a setembro) e
75,4 mm no período chuvoso (novembro a
março). As umidades relativas médias
mensais variam entre 76 % e 82 %.
O relevo da bacia hidrográfica do
Mucuri é caracterizado por morfologia pouco
acidentada, marcada pela presença de morros
rochosos (de granito) do tipo "pão-de-açúcar",
classificado como suavemente ondulado.
O rio Mucuri, principalmente no local
do aproveitamento, e daí para montante, até
o final do futuro reservatório, apresenta
características de vale encaixado, correndo
10
A morfologia da
região é pouco
acidentada, com
presença de morros
rochosos
sobre rochas. No local da PCH Mucuri, na
época dos trabalhos de campo, o nível de
altitude de rio (N.A) estava muito baixo,
revelando a calha do rio muito encaixada e
estreita, da ordem de 10 a 15 m de largura.
Os solos são constituídos por areia fina
argilosa, de coloração amarelada em
superfície, e ocorrem desde as partes mais
baixas, em contato com o afloramento de
rocha, até o topo. Os vales mostram-se
geralmente largos e de fundos chatos,
constituindo planícies aluviais descontínuas
entre as colinas.
A rede de drenagem apresenta um
padrão organizado ao longo de alguns cursos
paralelos e perpendiculares à costa. O
empreendimento se insere no trecho do
médio rio Mucuri, onde o rio corre em um
vale retilíneo, estreito e alongado na direção
SE.
O rio Mucuri tem sua foz a 254 km da
barragem. Apresenta em quase toda a
extensão da área que será alagada leito
rochoso com presença de corredeiras.
Raramente ocorrem pequenas planícies
aluviais.
Na área do empreendimento são
definidos dois sistemas aquíferos: o Aquífero
Granular, depósitos aluviais restritos à calha
do rio Mucuri e afluentes, e o Aquífero
Fissural, com permeabilidade de fraturas.
Foram catalogados 22 pontos d’água no
entorno do futuro reservatório.

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Meio biótico
Originalmente, a cobertura vegetal da
região onde se situa a PCH Mucuri era
constituída por florestas, pertencentes à
formação vegetal denominada "Mata
Atlântica". A floresta do nordeste mineiro
apresentava continuidade com a região sul da
Bahia e com toda a parte leste mineira.
A estrutura florística deste bioma é
caracterizada pela presença de árvores de até
30-40m de altura, cobertas por epífitas
(plantas que se apóiam nos troncos, como as
orquídeas e as bromélias). São ambientes que
apresentam elevada riqueza de espécies, tanto
vegetais quanto animais, em virtude da oferta
dos mais variados recursos advindos da
própria estrutura da floresta, como diferentes
níveis da cobertura vegetal (estratos baixo,
médio e alto), locais propícios para
nidificação e reprodução, como buracos no
11
Presença de
morros rochosos
de granito
A Mata Atlântica
foi quase
totalmente
substituída por
pastagem na
região de estudo
solo, em troncos, acúmulo de folhas no chão,
elevada umidade e sombreamento, entre
outros.
Especificamente na região dos
municípios situados na AII da PCH Mucuri
(Carlos Chagas e Pavão), não há referências
de estudos sobre a cobertura vegetal original,
e sim apenas no sul da Bahia. Da mesma
forma, no leste mineiro, já foram realizados
alguns trabalhos, documentados
principalmente através de relatórios da
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e Universidade Federal de Viçosa
(UFV).
Com relação à cobertura vegetal da
região de inserção do empreendimento, o
quadro existente atualmente é de forte
contraste com a exuberância, diversidade de
espécies e expressiva biomassa vegetal

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
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LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
Distribuição espacial da população da AII - 1980/2000
1980
Municípios
Total Urbana Rural
Carlos Chagas 26.897 12.900 13.997
Pavão 10.950 4.100 6.850
Total AII 37.847 17.000 20.847
(densidade da vegetação) da mata original,
características das florestas do bioma
atlântico. Predominam hoje pastagens de
capim colonião, muitas delas degradadas por
excesso de pastoreio. Os poucos
remanescentes florestais existentes
encontram-se depauperados e isolados,
geralmente nos altos de morro.
O histórico de ocupação da região,
somado ao descaso com relação às
conseqüências ambientais decorrentes das
atividades antrópicas, justificam as
características atuais da paisagem. Apesar da
atividade madeireira ter contribuído
significativamente para a alteração do
ecossistema nativo, o impulso decisivo para a
supressão das florestas veio com a formação
de pastagens para a pecuária. A derrubada
generalizada foi seguida por fogo e destoca.
Até mesmo áreas de preservação
permanente, como nascentes, topos de
morro, margens de cursos d'água e encostas
íngremes foram desmatadas, levando ao
comprometimento ambiental de todo o vale
do Mucuri.
No diagnóstico da Área de Influência
Direta, tem-se a caracterização dos
ambientes observados na área de estudo, bem
como dos grupos faunísticos analisados.
Meio Antrópico - socioeconomia
Os municípios que compõem a Área de
Influência Indireta da PCH Mucuri - Carlos
Chagas e Pavão, pertencem a Região de
Planejamento IX Jequitinhonha/Mucuri,
estando subordinados internamente às
Microrregiões de Nanuque e Teófilo Otoni,
respectivamente.
Segundo as Prefeituras Municipais, o
problema do desemprego é, atualmente, um
dos maiores desafios para as municipalidades.
O empobrecimento do campo e as estiagens
prolongadas vêm induzindo a migração
interna, sem que os Poderes Públicos
disponham de mecanismos eficazes para
conter esse êxodo.
No que tange ao setor habitacional, os
poderes públicos de Carlos Chagas e Pavão
12
1991 2000
Total Urbana Rural Total Urbana Rural
23.287 13.710 9.577 21.734 14.011 7.723
14.973 5.567 9.406 8.950 5.187 3.763
38.260 19.277 18.983 30.684 19.198 11.486
são unânimes em reconhecer a existência de
loteamentos com número considerável de
habitações em estado precário, voltados para
camadas de menor poder aquisitivo.
Persistem, portanto, déficits tanto no que
diz respeito à qualidade do material utilizado
nas edificações, quanto em relação à
disponibilidade de rede interna de canalização
de água e de equipamentos sanitários.
A Companhia de Saneamento de Minas
Gerais - COPASA é a concessionária dos
serviços nas localidades em tela, atendendo
em torno de 90,0% da demanda urbana. Os
pontos de captação são o rio Mucuri e o
córrego Pavão, respectivamente para Carlos
Chagas e Pavão, com a água distribuída
passando anteriormente por tratamento
convencional. Estima-se que o sistema de
esgotamento sanitário atinge a 70,0% dos
domicílios urbanos em ambas as localidades.
No que concerne à coleta de lixo, os
serviços são restritos às sedes municipais,
apresentando sérias deficiências no tocante à
destinação dos resíduos. Não há separação
entre o lixo domiciliar e aquele gerado nas
unidades de saúde, sendo ambos depositados
em área alugada próximas às sedes municipais
e, posteriormente, aterrados.
O atendimento à saúde para a população
da AII se faz, prioritariamente, através das
unidades públicas.
Os Centros e Postos de Saúde são os
principais meios de acesso dos moradores aos
serviços de saúde, sendo encontrados 13
estabelecimentos desse porte nos municípios
em pauta. Complementa a infra-estrutura de
saúde, 2 unidades hospitalares com oferta de
135 leitos.
Para melhorar o atendimento à saúde
pública, ambos municípios vêm integrando o
programa Consórcio Intermunicipal de Saúde
- CIS, desenvolvido em nível estadual. Outra
estratégia adotada para a melhoria do
atendimento tem sido a efetiva implantação
do Programa de Saúde da Família PSF,
restrito por enquanto às sedes municipais.
São encontrados casos de hanseníase e
tuberculose, porém considerados como
pontuais e de baixa prevalência. Há focos do
Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue
 13
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
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ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Infra-estrutura de saúde da AII - 1998

Centro de Saúde Postos de Saúde Total N° de
Municípios Hospitais
Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural Leitos
Carlos Chagas 2 - 2 6 4 6 1 87
Pavão - - 2 1 2 1 1 48
Total AI 2 - 4 7 6 7 2 136
Rede de ensino da AII - 1998
Carlos Chagas Pavão
Rede de
Urbano Rural Total Urbano Rural Total
Ensino
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
Estadual 8 80,0 2 20,0 10 100,0 3 75,0 1 25,0 4 100,0
Municipal 3 7,7 36 92,3 39 100,0 1 4,4 22 95,6 23 100,0
Total 11 22,4 38 77,6 49 100,0 4 14,8 23 85,2 27 100,0

e da febre amarela, porém não infectados.
Especificamente em Carlos Chagas, foi
registrada baixa ocorrência de pessoas com
Esquistossomose Mansônica.
Na área de estudo são encontrados 76
estabelecimentos de ensino público, sendo 49
em Carlos Chagas e 27 em Pavão.
Em termos de atendimento da demanda,
a capacidade instalada é satisfatória,
apontando inclusive ociosidade nas zonas
rurais, em decorrência da migração campo-
cidade.
Esse fenômeno conduz ao
remanejamento de alunos e a reorganização
espacial das escolas, com as Prefeituras
assumindo o transporte das crianças para as
unidades nucleadas.
A distribuição de energia elétrica das
localidades em tela é de responsabilidade da
Companhia Energética de Minas Gerais-
CEMIG. Em Carlos Chagas a capacidade
instalada é suficiente; situação diversa é
vivenciada por Pavão, com a Prefeitura
afirmando ser frequente problemas de queda
de tensão e oscilação no fornecimento. Em
ambas as municipalidades, o índice de
atendimento nas áreas urbanas é considerado
satisfatório, estimando-se que o mesmo atinge
99,0% da população em Carlos Chagas e
98,0% em Pavão.
Por outro lado, acusam uma demanda
reprimida no que concerne às zonas rurais,
cujos percentuais de atendimento situam-se
em 55,0% em Carlos Chagas e 50,0% em
Pavão.
A TELEMAR é responsável pelos
serviços de telefonia, estando os municípios
da AII subordinados à regional de Teófilo
Otoni.
Os serviços postais e telegráficos são de
responsabilidade da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos- EBCT, contando cada
sede municipal com uma agência instalada.
Em Carlos Chagas, somente o distrito de
Presidente Pena possui posto de coleta e
distribuição de correspondências, mantido
pela Prefeitura.
Ainda no plano das comunicações, as
localidades em pauta contam com emissoras
locais comunitárias em FM, além de
acessarem outras estações de rádio.
No que se refere à imprensa escrita, há
destaque para os jornais regionais: Tribuna do
Mucuri e A Carta, editados em Teófilo Otoni
e O Vigia do Vale, em Almenara. Somente
Carlos Chagas possui publicações locais,
representadas pela Pérola do Mucuri, O
Vigilante e o Publifolha, de frequência mensal.
No que se refere ao sistema de
transportes, nas áreas urbanas não existe
transporte coletivo, estando a serviço da
população linhas diárias de ônibus para os
distritos e povoados. Para os demais
aglomerados rurais, torna-se necessário que
os moradores realizem o deslocamento à pé
ou em carro particular.
Quanto as atividades econômicas, os
municípios da Área de Influência Indireta têm
na agropecuária sua principal base de
sustentação, sendo esta atividade a maior
empregadora de mão-de-obra.
Sustentada, sobretudo, na pecuária
extensiva, a estrutura fundiária dos municípios
da AII apresenta-se concentrada, onde os
grandes estabelecimentos, embora reduzidos
em número, ocupam considerável extensão da
área agropecuária. A categoria de
proprietários é a principal responsável pelo
controle e exploração da terra, sendo
irrelevante as demais categorias, o que
permite afirmar que não é usual nesta região
contratos de arrendamento e parceria.
No que concerne ao pessoal ocupado, o
setor agropecuário ocupava, em 1995, 6.618

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
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ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
pessoas, envolvendo, em participações
relativamente próximas, trabalho familiar e
assalariado. A mão-de-obra familiar, atingia
44,6% dos empregos gerados, contra 52,2%
do trabalho assalariado.
O rebanho é em sua maioria para o corte
(78,8%) em relação ao leiteiro (13,5%) e ao
misto (7,7%), conforme dados de 1980.
A pecuária leiteira é considerada de
grande importância no contexto econômico
destas localidades. Embora entre os anos de
1995 e 1999 o rebanho leiteiro da AII tenha
sofrido uma redução de 4.052 cabeças, a
produção leiteira apresentou crescimento,
indicando uma elevação no índice de
produtividade média (passou de 520,3 litros
leite/vaca/ano para 637,7 litros
leite/vaca/ano).
A agricultura ocupa posição secundária
no contexto rural destas localidades. Os
principais produtos cultivados nestes
municípios são o feijão, milho, arroz,
mandioca e cana-de-açúcar, estando os
mesmos relacionados à pauta alimentar das
famílias e também como fonte suplementar de
alimentação do gado.
Quanto aos demais setores econômicos,
os municípios de Pavão e Carlos Chagas
apresentam um setor secundário pouco
desenvolvido, caracterizado por unidades de
pequeno porte. Com a economia apoiada no
setor agropecuário, observa-se que as
unidades industriais de maior porte existentes
também estão relacionadas a este setor.
Quanto ao setor terciário, é notório uma
maior diversidade de ramos em Carlos Chagas
em relação a Pavão, embora não
suficientemente dinâmicos para atender os
padrões de consumo da população local.
O sub-setor serviços também apresenta-
se modesto, destacando-se a Prefeitura
Municipal como a maior empregadora de
mão-de-obra, tanto em Pavão como em
Carlos Chagas.
Nos municípios da AII podem ser
distinguidas duas formas de organização
social: as urbanas, voltadas para a resolução de
demandas específicas de infra-estrutura e
aquelas de cunho rural, com o objetivo de
melhorar as condições de trabalho, através da
aquisição de equipamentos e insumos de uso
coletivo. No entanto, ainda é incipiente o nível
de organização desses grupos.
As festas tradicionais, especialmente as de
cunho religioso, são as principais
manifestações que mobilizamo os moradores.
14
Os Sindicatos Rurais e de Trabalhadores
são as principais entidades de classe, tanto em
Carlos Chagas como em Pavão. Observa-se,
ainda, voltadas para interesses específicos dos
produtores rurais, a existência de 2
cooperativas nessa área - Cooperativa de
Produtores de Pavão e Cooperativa de
Laticínios do Vale de Mucuri em Carlos
Chagas.
No contexto político partidário, a
Prefeitura de Carlos Chagas é assumida pelo
Partido da Social Democracia Brasileira-
PSDB, sendo a Câmara Municipal formada
por 13 vereadores, enquanto Pavão é
administrado por representante do Partido
dos Trabalhadores - PT contando com 11
vereadores.
Núcleos urbanos
Povoado de Maravilha
Pertencente ao município de Teófilo
Otoni, do qual dista cerca de 95 Km,
Maravilha é formado, preponderantemente,
por famílias de trabalhadores rurais que têm
no trabalho temporário e/ou permanente,
sua principal fonte de renda.
O padrão construtivo das moradias é
simplificado e revelador da condição
socioeconômica de seus habitantes, com o
predomínio de edificações em adobe, telhado
aparente e piso acimentado.
O abastecimento de água é realizado
através de captação em poço artesiano.
Poucas residêncas contam com reservatório e
canalização interna, o que demonstra a pouca
eficiência desse serviço. Inexiste rede de
esgotamento sanitário, sendo limitado o
número de residências dotadas de fossas.
A assistência à saúde nesta área fica
restrita ao atendimento médico quinzenal,
realizado por profissional proveniente de
Carlos Chagas e mantido pela Prefeitura de
Teófilo Otoni.
O sistema educacional se faz representar
por uma escola municipal, com oferta de
ensino de 1ª a 5ª séries do 1° grau.
Em termos de infra-estrutura
econômica, o povoado é servido por energia
elétrica, sendo a CEMIG a concessionária
desse serviço. Inexiste serviço público de
telefonia e correios. Os moradores
sintonizam emissoras de rádio, sobretudo de
Carlos Chagas e Teófilo Otoni, sendo que
somente 8 residências possuem aparelhos de
televisão.

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O acesso ao povoado é realizado através
de estrada municipal sem qualquer tipo de
revestimento, sendo o ônibus que o liga a
Teófilo Otoni o principal meio de transporte
para os deslocamentos dos moradores.
Portanto, as restrições impostas a esse acesso,
tanto no que diz respeito a pouca
disponibilidade do transporte, quanto a
condição da via e a distância do distrito-sede,
faz com que esses moradores mantenham
laços mais estreitos com o município de
Pavão, do qual dista 25 Km.
Em termos de estabelecimentos
comerciais, Maravilha conta apenas com um
modesto armazém de secos e molhados e 4
bares que atendem a demanda mais imediata
dos seus habitantes. Observa-se que esta
demanda é complementada no comércio de
Pavão, pelos motivos anteriormente
apontados.
Não existe nenhum tipo de agremiação
que represente esses moradores, limitando-se
as relações existentes entre os mesmos a
vínculos de parentesco e de amizade,
apontando os cultos religiosos realizados aos
domingos a principal atividade que aglutina e
reforça as relações estabelecidas, além de um
campo de futebol, única opção de lazer para
os jovens.
Distrito de Presidente Pena
Situado a 18 Km da sede de Carlos
Chagas, município ao qual pertence, o distrito
de Presidente Pena possuía em 1991, 4.428
habitantes, 727 hab. fixados em sua área
urbana e 3.701 hab., na rural. Sua população
em 2000 era da ordem de 3.235 habitantes,
sendo 763 na área urbana e 2.472 hab. na
rural, determinando que o distrito vem,
paulatinamente, perdendo população,
sobretudo aquela originária do meio rural.
O distrito possui, atualmente, 566
habitações. Não há separação entre os setores
residencial, comercial e de serviços,
encontrando-se os estabelecimentos
intercalados às moradias e representados por
3 escolas, Posto de Saúde, posto telefônico e
policial, sendo o comércio restrito a 1
mercearia, 5 bares, 1 açougue e 1 padaria.
Em termos de infra-estrutura, o distrito
conta com abastecimento de água realizado
pela COPASA, atingindo a 100,0% das
residências da zona urbana. Também cabe à
referida concessionária a responsabilidade
pela operação dos serviços referentes ao
esgotamento sanitário, estando os domicílios
15
ligados à rede geral de esgoto. O maior
problema nesta área reside na condução dos
dejetos recolhidos, lançados "in natura" no
mesmo rio onde é realizada a captação de
água, em local a jusante da mesma.
Não há coleta de lixo, responsabilizando-
se cada morador pela destinação final. A
manutenção das vias públicas é de
responsabilidade da Prefeitura Municipal, que
promove diariamente a varrição das ruas.
Na área de saúde, o núcleo conta com
um Posto de Saúde equipado, cujo
atendimento diário fica a cargo de 2 auxiliares,
sendo as consultas médicas e odontológicas
realizadas 1 vez por semana. Além das
consultas, o posto oferece serviços de
imunização, curativos e distribuição de
remédios.
Em termos educacionais, são encontra-
das 3 escolas , 2 estaduais e 1 municipal, com
oferta de ensino do pré-escolar ao 1° grau
completo. O ciclo escolar é complementado
na sede de Carlos Chagas, responsabilizando-
se a Prefeitura pelo transporte dos alunos.
No que concerne à infra-estrutura
econômica, cabe à CEMIG, a
responsabilidade pelo abastecimento de
energia elétrica, atingindo a 98,0% das
residências, bem como todas as vias de sua
área urbana. O serviço de telefonia é restrito a
um posto de serviço, operando DDD e DDI.
Para o envio e recebimento de
correspondências, o distrito é dotado de um
posto de correio. Os moradores têm acesso
também a diversas estações de rádio.
Para seus deslocamentos a população
conta com transporte coletivo regular em 2
horários diários, utilizando-se também de
ônibus escolares.
Não há no distrito qualquer tipo de
associação formal que represente seus
moradores. Os moradores contam, no
entanto, com um Centro Comunitário onde
são realizadas reuniões para discutir os
problemas da comunidade, principalmente
aqueles referentes à infra-estrutura, e que
abriga também instalações onde são
ministrados cursos profissionalizantes, em
convênio com a EMATER.
Diante das carências detectadas no
distrito, a possibilidade da construção da PCH
Mucuri é vista como de grande importância
para a localidade, justificando tal afirmativa o
fato de o entrevistado vislumbrar neste
processo a incorporação de benefícios por
toda a comunidade.
 16
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AMBIENTAL

Usos da água ! Sítio Arqueológico Pré-histórico

A maioria dos residentes às margens do Helvécio Leão, localizado no leito da
rio Mucuri e afluentes consomem para uso estrada que liga Carlos Chagas à
doméstico as suas águas, as quais consideram Maravilha, encontrando no momento
de bom paladar e aspecto no período de da abertura da estrada, duas panela
estiagem; sua turbidez no período das chuvas de índios.
é tirada por filtragem com uso de tecido de ! Sítio Arqueológico Pré-histórico da
pano e eventualmente velas porosas de filtros Fazenda Palmeirinha, apontado como
convencionais. A quase totalidade dos sendo um dos locais de aldeias de
moradores locais rejeita as águas de índios, situado nas proximidades do
nascentes e de poços tubulares e cisternas, córrego da Aldeia, ocupava grande
achando-as salobres e pouco palatável; por extensão e terminava na Pedra do Zé
este motivo se pode inferir a quase Maurício. Em vistoria foi registrado um
inexistência de captações por cisternas pequeno pedaço cerâmico de barro
(poços manuais escavados) e poços tubulares cozido, insuficiente para se caracterizar
profundos. O poço tubular da comunidade o potencial do sítio.
de Maravilha (foto 5) é salobre, apresentando ! Sítio Arqueológico Pré-histórico
sais a olho nu, nas bordas dos vasilhames de Fazenda da Aldeia, local apontado
reservação e nos copos utilizados pela como um dos cemitérios indígenas da
população local. Nesta comunidade, verifica- região, onde foram encontrados
se elevada incidência de verminoses nas vasilhames confeccionados em
crianças e adultos em geral, por conta do cerâmica. O local não pode ser
consumo das águas superficiais não tratadas, vistoriado nesta ocasião, devendo ser
de acordo com o relato de um funcionário vistoriado posteriormente.
do Posto de Saúde local. ! Sítio Arqueológico Barra do Córrego
Novo, apresentava inúmeros vestígios
Patrimônio cultural de fornos indígenas, que encontravam-
se no interior das matas conhecidas
As vistorias realizadas na Área da
Influência Indireta da PCH Mucuri,
buscaram identificar sítios arqueológicos
históricos, cujos remanescentes são a partir
da segunda metade do século XIX e de sítios
arqueológicos pré-históricos anteriores ao
século XIX.
Para os sítios arqueológicos históricos,
foram considerados ruínas sem uso nos dias
atuais e ocupações recuperáveis a partir de
uma restauração.
Os cemitérios particulares mantêm uma
área reservada e cercada junto as residências.
Muitas vezes, na lateral ou defronte as casas,
em local escolhido de modo que a memória
dos mortos se torne presente. No caso do
cemitério comunitário de Maravilha, situado
na AII do empreendimento, encontram-se
túmulos de diversos membros das primeiras
famílias que chegaram na região. Está
localizado no alto de uma colina.
Na AII foram vistoriados os seguintes
Sítios Arqueológicos Históricos:

! Sítio Arqueológico Histórico Helvécio

Leão, apresenta ruínas da antiga
residência do Sr. Helvécio Leão.

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6. Diagnóstico ambiental da Área
de Influência Direta
Meio físico Classe dos solos da AID e área ocupada
Geologia Classe de Solo
As mesmas rochas Argissolo
Gleissolo
mapeadas na AII foram
Cambissolo
encontradas dentro dos Neossolo Flúvico
limites da AID. Cambissolo + Argissolo
Bons afloramentos Latossolo + Argissolo
podem ser observados ao Cambissolo + Neossolo Litólico
longo do rio Mucuri, Total
sendo que a biotita é o
mineral dominante nas
listras escuras. Nas listras claras foram
observados quartzo, feldspato e granada.
Afloramentos de charnockitos frescos e
alterados podem ser vistos junto ao leito do
rio Mucuri, na estrada que liga o povoado de
Maravilha ao município de Pavão e na
Fazenda Barra Mansa. Sua coloração é cinza-
esverdeada quando fresco e caramelada
quando mais alterado.
Os afloramentos do granito Caladão são
melhor observados na área de influência ao
longo da estrada que liga a cidade de
Presidente Pena ao povoado de Maravilha.
Nesta estrada os granitos apresentam-se sob
a forma de pontões e lajedões alongados.
Dentro da AID os afloramentos do granito
são observados na sede da Faz. Palmeiras, em
suas proximidades e na Faz. Três Marias.
Geomorfologia
A área da PCH Mucuri é composta por
duas unidades geomorfológicas: as Chãs Pré-
Litorâneas e a Depressão Marginal.
O relevo correspondente às Chãs
apresenta as menores elevações em função de
sua menor resistência aos processos erosivos;
caracteriza-se por pequenos morros e colinas
(algumas do tipo meia laranja), suaves,
predominantemente convexas e de
declividade baixa a média.
Na porção correspondente à Depressão
Marginal o relevo apresenta uma
configuração irregular em função da erosão.
Assim como na AII, na AID o relevo
caracteriza-se por morros de encostas
convexas e elevações menores.
Dentro da AID, a maioria das drenagens
não possui vegetação ciliar. O canal do rio
17
Área (ha) Percentual (%)
5.218,47 72,03
9,73 0,13
292,00 4,03
1.185,31 16,36
18,02 0,25
466,86 6,44
54,41 0,75
7.244,80 100,00
Mucuri correspondente à área da PCH é
formado por curvas irregulares e um
pequeno trecho retilíneo com ocorrência
ocasional de ilhas vegetadas. É encaixado,
porém pouco profundo, não apresentando
sinais de assoreamento.
Ao longo do rio existem pequenas
planícies aluvionares, consideradas neste
mapeamento como uma terceira unidade
geomorfológica. O desmatamento intenso
ocorrido na região favorece, além da
diminuição do volume de água, a erosão mais
rápida e, dessa forma, o fornecimento de
sedimentos para as drenagens e leito do rio
por meio dos processos erosivos.
As vertentes, ao longo de toda a área
de entorno, são recobertas por pastagens. A
vegetação atinge maior porte (pequenas
capoeiras) somente no topo dos morros.
Em toda a área de entorno foram
observados focos de erosões, principalmente
do tipo laminar, ou seja erosões que atingem
maiores áreas, e linear, erosões concentradas
que escavam mais profundamente o solo.
Observou-se que os caminhos do gado
associado à ausência de cobertura vegetal
adequada estão favorecendo o
desencadeamento dos dois tipos de erosão.
Solos
Na Área de Influência Direta, foram
identificadas as mesmas classes de solos e de
capacidade de uso e potencial agropecuário
dos solos da Área de Influência Indireta.
O uso e ocupação dos solos nestas
áreas é representado por pastagens
degradadas devido ao grande pisoteio do
gado, mau uso e conservação do solo. Na
maioria das vezes não são respeitados a

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PCH Mucuri
AMBIENTAL
capacidade e o potencial agropecuário de
cada classe de solo.
Meio biótico - caracterização dos
ambientes terrestres
Floresta secundária
Localmente, esta formação, também
denominada de Floresta Estacional
Semidecídua, em geral encontra-se
representada por fragmentos florestais
isolados em altos de morros e encostas, fora
da AID. A copa é descontínua, havendo
algumas grandes árvores em meio a diversas
de pequeno porte, e muitos cipós. As
maiores árvores, em geral, são pertencentes a
espécies de pouco valor comercial, como o
embaré e a folheira, ou árvores com madeira
defeituosa.
Dentre as áreas investigadas, aquelas em
melhor estado de conservação correspondem
à Mata da Califórnia e fragmentos arredores
(Fazenda Brasília, município de Carlos
Chagas), além de um setor florestal localiza-
do a jusante (abaixo) do eixo da barragem.
A Mata da Califórnia destaca-se pelo
tamanho e grau de conservação. Com
superfície florestada estimada em cerca de
1.000 hectares, a copa atinge altura superior a
25 metros. As bordas marginais às estradas
apresentam clareiras e desbastes para entrada
de gado.
Segundo informações locais, desde sua
aquisição pelo proprietário, há cerca de 44
anos, esta reserva nunca sofreu cortes,
ocorrendo apenas queimadas naturais
(provocadas por raios) e abertura de clareiras
em função da queda de árvores antigas.
Ocorre entrada clandestina de caçadores e
corte seletivo de madeiras. A área é utilizada
para relocação de indivíduos de espécies
silvestres apreendidos pela Polícia Florestal
da região.
É grande o número de indivíduos ainda
jovens de espécies produtoras de boa
madeira, como o gibatão, a mirueira, peroba,
angico, entre outras. A presença destas
árvores dá um indicativo da excelente
qualidade das madeiras que estas matas
produziram.
São formações com características
semideciduais, nas quais 20 a 50% das
árvores são caducifolias (perdem as folhas na
época seca).
Aos ambientes florestais correspondem
os maiores índices de riqueza, abundância e
18
diversidade de aves constatados na região,
além da presença de elementos ameaçados,
raros e endêmicos. Possuem, portanto, papel
destacado na paisagem das Áreas de
Influência Indireta e de Influência Direta da
PCH Mucuri. Constituem, ainda, sítios
potenciais de dispersão de populações da
fauna florestal para áreas em regeneração
(capoeiras), especialmente quando estas
últimas se encontram próximas ou
interligadas aos fragmentos florestais
remanescentes.
Nos ambientes florestais analisados
foram registradas aves diversas como o
inhambu-chitã, a juriti, o tururim, e sabiá-
coleira, ambos de ocorrência rara.
Devido às características da vegetação e
conseqüente abundância de alimento
disponível, é provável que esta tipologia
abrigue diversas espécies de mamíferos
florestais, como o barbado (Alouatta fusca), o
sagui-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi), os
gatos-do-mato e o quati.
Capoeiras e capoeirinhas
Em locais outrora completamente
desmatados, usados como lavouras ou
pastagens e depois abandonados, ficando
sem nenhum tipo de manejo, houve uma
intensa invasão de espécies pioneiras, ou seja,
capazes de se desenvolver em locais
inóspitos para muitas espécies, devido às
características desfavoráveis de solo
(compactado, pobre em nutrientes),
insolação direta, ventos e chuvas.
A vegetação é dominada por indivíduos
de troncos finos, com dossel (altura da copa)
baixo, e clareiras provocadas pela entrada de
gado. Embora não sejam primárias
(originais), o processo de regeneração
observado nas capoeiras conduzirá, a longo
prazo, à recomposição da mata que recobria
aquele ambiente antes da devastação.
Nas capoeiras da região, é bastante
comum a presença de palmeiras, formando
populações densas e quase que exclusivas.
Em outras capoeiras, usualmente dominam o
pau-barata ou a cabreúva-vermelha.
As capoeiras são ambientes ricos em
recursos para a fauna associada, composta
em sua maioria por espécies generalistas
(utilizam vários ambientes). No caso das
aves, muitas delas são observadas também
nas matas ciliares. Pequenos mamíferos
podem utilizá-las como refúgio e local de
alimentação.

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Não restaram vestígios da Mata Ciliar ao longo de todo o trecho do rio Mucuri estudado.
Em alguns locais, denominados de
capoeirinha a regeneração da cobertura
vegetal encontra-se em processo inicial,
sendo constituída somente por arbustos
invasores, com cerca de dois metros de
altura. Aglomerados em meio à vegetação
herbácea, estas manchas arbustivas atraem
aves generalistas e campestres, contribuindo
para a sua manutenção na paisagem regional.
Desde que não sejam desbastadas para o uso
do gado, as capoeirinhas também apresentam
grande potencial para a regeneração de
formações florestais.
Vegetação ciliar
Este ambiente encontra-se
completamente alterado ao longo das
margens do rio Mucuri. A mata ciliar
atualmente está restrita a algumas árvores, às
vezes isoladas, outras vezes agrupadas em
fileiras sempre não ultrapassando os 10 m de
largura.
A principal espécie arbórea presente nos
ambientes ribeirinhos é o ingá. A sua
importância para os peixes frugívoros, aves e
mamíferos terrestres é muito grande. Da
mesma forma, o genipapo, também bastante
freqüente, produz frutos apreciados por
diversos animais que utilizam as margens dos
rios, principalmente pacas.
Muitas outras espécies presentes nas
margens de rios produzem frutos carnosos, a
exemplo do bacupari e da gameleira branca,
indicando a importância desta vegetação para
a manutenção da fauna. Muito comum nas
margens dos rios é a densa presença do
19
capim-de-capivara, que é um dos principais
suportes alimentares para a população de
capivaras neste ambiente.
Nota-se que, embora estruturalmente
pobres, as matas ciliares dão suporte à
avifauna local, abrigando populações
florestais (ainda que comuns) generalistas,
campestres e aquáticas. Em alguns setores,
podem ser encontradas populações
remanescentes de espécies mais raras, como o
sabiá-coleira.
Os barrancos marginais, sombreados
pela vegetação, favorecem o abrigo de
espécies de mamíferos semi-aquáticas, como a
lontra e o mão-pelada, assim como a
vegetação herbácea marginal oferece alimento
para a capivara. Esta última, é o maior roedor
do mundo e vive em grupos pequenos.
A lontra é um carnívoro solitário, semi-
aquático, que alimenta-se de anfíbios,
pequenos mamíferos, insetos e aves. Em
virtude da sua adaptação à vida aquática e
ocupando o topo da cadeia alimentar, as
espécies de lontra constituem bons
indicadores de qualidade nos ecossistemas
aquáticos. A lontra é considerada uma espécie
vulnerável no estado de Minas Gerais e
ameaçada de extinção no Brasil.
Brejos e Cursos D'água
Basicamente, dois tipos de brejos podem
ser observados na AII da PCH Mucuri,
ambos resultantes de processos de
assoreamento, devido ao aporte de
sedimentos provenientes das encostas, mal
utilizadas.

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AMBIENTAL
O primeiro refere-se a leitos assoreados
de pequenos córregos afluentes do rio
Mucuri. Diversas espécies vegetais
encontram-se adaptadas a este ambiente. As
principais espécies deste ambiente são a
taboa, o capim-de-capivara, samambaia-mãe
d'água, tucum, lírio-do-brejo e Canna sp., entre
outras.
O segundo tipo de brejo é resultante do
assoreamento de antigas lagoas marginais da
planície sedimentar do rio Mucuri. Esses
ambientes são dominados por espécies de
gramíneas, sendo representadas pelo capim-
de-capivara, capim bengo e pelo capim-
navalha.
A grande biomassa de insetos, moluscos
e a oferta de abrigos para nidificação fazem
desses ambientes importantes hábitats para
aves aquáticas e anfíbios em geral. A maioria
das aves apresenta comportamento
migratório, usufruindo dos hábitats
20
Afloramentos rochosos ocorrem com
frequência na área de estudo, com a
presença de bromélias
temporariamente formados na época
chuvosa. Assim, algumas ocorrem apenas
periodicamente na região, com destaque para
o polícia-inglesa, por ser ameaçado.
Os cursos d'água possuem substrato
predominantemente rochoso ou arenoso,
sendo atrativos a aves aquáticas pernaltas, que
exploram ilhas e praias lito-arenosas, como o
quero-quero e a lavadeira-mascarada.
A colonização do hábitat fluvial por aves
aquáticas é incrementada quando da
existência de vegetação marginal, seja
herbácea, arbustiva ou arbórea, devido à
maior oferta de sítios alimentares,
reprodutivos e de pousos para descanso e/ou
observação.
O rio Mucuri funciona como fonte
d'água a várias espécies de mamíferos
terrestres, como o mão-pelada, que teve sua
presença constatada através de vestígios em
locais arenosos, bem como fonte de alimento

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AMBIENTAL
(peixes) suficiente para manter populações de
lontra.
Em relação à herpetofauna, as áreas
brejosas, os córregos (riachos), drenagens e as
lagoas e poças em áreas abertas e de mata,
podem suportar uma herpetofauna
abundante. Foram constatadas nestes
ambientes, por exemplo, várias espécies de
pererecas e uma rã. Os jacarés registrados no
presente estudo, ocupavam uma poça
marginal associada a uma grande área brejosa.
Afloramentos Rochosos
Em diversos pontos da AII ocorrem
afloramentos de granito-gnaise, na forma de
grandes "incelbergs" ou em encostas. Em
muitos desses locais percebe-se a expansão do
ambiente rupícola (de áreas rochosas), em
decorrência do decapeamento do solo nas
bordas, por processos erosivos. Este tipo de
ambiente não será atingindo pelo reservatório.
As plantas presentes nesses ambientes
são adaptadas, que armazenam água em seu
interior, a exemplo do mandacaru, ou entre
suas folhas, como no caso das bromélias e das
pinças. Além dessas plantas, é comum a
presença do pinhão-roxo e de palmeiras.
Onde a comunidade vegetal se
desenvolve em meio a pedras soltas, a
população local denomina a área como "lajedo
com mocororô".
Formações de maior altura permitem a
utilização como sítio reprodutivo por algumas
espécies como o andorinhão-de-coleira e a
andorinha-serrador. A própria altura e a
presença de fendas rochosas protegem ninhos,
ovos e filhotes contra o ataque de predadores.
As rochas também servem de pouso de
descanso para aves que passam a maior parte
21
O barranqueiro-olho-branco, o
caneleiro-verde, o urubu-rei, o
papa-taoca e o canario-do-campo
foram aves identificadas nos
estudos (a partir do alto, a diretia,
no sentido horario)
do tempo no espaço aéreo, como o urubu-
caçador e o urubu-de-cabeça-amarela.
Lagartos do gênero Tropidurus foram
observados ocupando ruínas de antigas
construções, assim como afloramentos
rochosos, onde são freqüentemente vistos
expostos ao sol realizando a termoregulação.
Pasto limpo
As pastagens dominam o Vale do
Mucuri, sendo que a forrageira mais utilizada
é o capim colonião. Novas gramíneas têm
sido introduzidas ultimamente, a exemplo do
brachiarão e do capim kykuio.
Em algumas pastagens encontram-se
grandes árvores isoladas, poupadas da mata
original. Entre elas, destacam-se os jequitibás,
itapicurus, pau d'alho verdadeiro, pau d'alho
preto e carne-de-vaca.
Além do pisoteio do gado e da
fragilidade do solo é comum observar-se, em
pastagens recentes, a prática de aragem no
sentido do declive, promovendo sulcos que
maximizam a força das enxurradas, carreando
grande volume de sedimentos.
São ambientes colonizados por comuni-
dades de aves campestres (outrora ausentes na
paisagem) e propiciando o incremento de
populações de aves generalistas.
Estruturalmente pobres, sustentam espécies
adaptadas a hábitats abertos e ensolarados. A
avifauna típica é campestre e generalista, com
elementos de ampla distribuição em todo o
país, apresentando baixos valores de riqueza e
valores elevados de abundância. Tem destaque
nesse ambiente o canarinho-chapinha (Sicalis
flaveola) que, embora ameaçado de extinção,
apresenta-se localmente abundante.

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Espécies de anfíbios registradas na região da PCH Mucuri
Família Espécie
Bufonidae Bufo paracnemis
Hyla albopunctata
Hyla branneri
Hyla crepitans
Hylidae Hyla decipiens
Hyla minuta
Scinax fuscovarius
Scinax gr. Ruber
Leptodactylus fuscus
Leptodactylidae Leptocatylus ocellatus
Physalaemus cuvieri
Pseudidade Pseudis cf. fusca
O estrato herbáceo mantém,
principalmente, aves granívoras, como o
canarinho-chapinha, o canarinho-rasteiro, o
canário-do-campo e a rolinha-caldo-de-feijão.
Pasto sujo
Apesar da base econômica da região ser a
pecuária, as pastagens que sustentam tal
atividade vêm apresentando sinais visíveis de
esgotamento, podendo vir a comprometer tal
estrutura. A invasão de plantas herbáceas, não
palatáveis pelo gado e a ocorrência de
processos erosivos, tem levado diversas
pastagens à degradação total.
Em diversos locais é comum a completa
invasão pela malva e pelo mato-de-feijão,
muitas vezes com dominância de um ou outro.
Em menor escala, ocorrem a erva-canudo, a
vassourinha, o velame, cabeça-de-boi e o assa-
peixe, entre outras. Estes ambientes, com
elevada densidade de invasoras, são
localmente denominados "macegas".
O rápido crescimento dessas plantas,
aliado à grande produção de sementes e à
facilidade de germinação, tem provocado a
eliminação das gramíneas (principalmente o
capim colonião) em extensas áreas.
A escassez de mão-de-obra e a
descapitalização do setor agropecuário tem
contribuído para o aumento das pastagens
degradadas na região, podendo vir a
inviabilizar esta atividade rural, caso medidas
de controle ou outras alternativas não sejam
implementadas.
A presença dos arbustos invasores,
embora muito esparsos, atraem aves em busca
de recursos alimentares ou de suporte para a
instalação de ninhos, como o chopim, a saíra-
amarela, a maria-preta-de-penacho e o joão-
de-barro, sendo que os troncos podem ser
utilizados por aves como os pica-paus-do-
campo.
22
Ambiente de Registro
Próximo a postes de luz
Córrego, poça, brejo, área aberta
Córrego, poça, brejo, área aberta, pasto sujo
Córrego, remanso, brejo, área aberta, pasto sujo
Córrego, área aberta, pasto sujo
Córrego, brejo, pasto sujo
Estrada de acesso, próximo ao Ponto nº 10
Brejo, poça, córrego, área aberta; pasto sujo
Riacho, poça, área aberta
Córrego, poça, lago, brejo, área aberta, pasto sujo
Córrego, poça, área aberta, pasto sujo
Lago, brejo, área aberta
Lagartos, serpentes e alguns tipos de
anfíbios costumam ocupar com freqüência
este tipo de ambiente. Como exemplo tem-se
o lagarto verde, o calango cinza e as jararacas.
Lavouras
A atividade rural relacionada ao plantio
é pouco expressiva na região. Mesmo os
plantios de subsistência são raros. As poucas
culturas existentes são de milho, cana-de-
acúcar e feijão. Em alguns locais, existem
sinais de tabuleiros de antigos plantios de
arroz-do-brejo, atualmente funcionando
como pastagens.
Nos domicílios rurais, entre as árvores
de fundo de quintal, destacam-se a
mangueira, além de laranjeiras, bananeiras,
siriguela e mamão, entre outras.
O ambiente de lavoura favorece a
presença das mesmas espécies de aves
campestres generalistas. Em relação aos
anfíbios e répteis, a oferta de alimento pode
atrair serpentes, como jararacas, que vêm em
busca de pequenos mamíferos, comuns nesta
tipologia. Calangos onívoros também podem
ser observados, principalmente o verde,
Ameiva ameiva.
Avaliação da fauna
Herpetofauna
A herpetofauna é composta pelos
anfíbios e répteis. Os anfíbios compreendem
os sapos, rãs e pererecas. Já os répteis
correspondem às cobras, jacarés e lagartos.
Foram registradas 13 espécies de anfíbios
anuros (distribuídas em 4 famílias), e 18 de
répteis na AID da PCH Mucuri.
De uma forma geral, as espécies de
anfíbios foram encontradas em brejos, lagos
e córregos situados, em sua maioria, em
paisagens abertas. Correspondem a espécies
 23
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Espécies de répteis registradas na região da PCH Mucuri

Nomes Populares Citados nas Entrevistas Prováveis Espécies
Cipó-verde Phylodrias sp.; Liophis sp.; Chironius sp.
Cipó-marrom Chironius sp.; Tropidodryas sp; Echinanthera sp; Oxybelis sp.
Serpentes Jararaca Bothrops sp.
Jararacussu Bothrops sp.
Coral Atractus sp.; Clelia sp.; Erythrolamprus sp.; Oxyrhopus sp.; Micrurus sp.
Boipeva, achatadeira Waglerophis merremii
Caninana Spilotes pullatus
Serpentes
Cobra-cega-preta Liotyphlops sp.
Cobra-d`água Liophis sp.; Helicops sp.
Cobra-de-vidro Ophiodes sp.
Lagartos Teiú Tupinambis sp.
Verde Ameiva ameiva
Cobra- clara-de-duas-cabeças Amphisbaena sp.; Leposternon sp.
Amphisbaenídeos
Cobra-escura-de-duas-cabeças Amphisbaena sp.
Jacaré-do-papo-amarelo Caiman latirostris
Crocodilianos
Jacaré-escuro Paleosuchus palpebrosus
Quelônios Cágado Phrynops sp.

Espécies de aves ameaçadas, raras e endêmicas registradas na região da PCH Mucuri

Espécie Nome Popular Hábito Categoria Status Local
Amazona vinacea Papagaio-de-peito-roxo florestal ameaçada - em perigo, cinegética rara
Aratinga auricapilla Jandaia-de-testa-vermelha florestal ameaçada - vulnerável, cinegética comum
Sicalis flaveola Canarinho-chapinha campestre ameaçada - vulnerável, cinegética comum
Sturnella militaris Polícia-inglesa aquático Ameaçada, migratória comum
Amazona farinosa Papagaio-moleiro florestal provavelmente ameaçada, cinegética rara
Passerina brissonii Azulão campestre provavelmente ameaçada, cinegética rara
Sarcoramphus papa Urubu-rei generalista provavelmente ameaçada, cinegética rara
Ortalis araucuan Aracuã florestal provavelmente ameaçada, cinegética rara
Crypturellus soui Tururim florestal rara, cinegética rara
Crypturellus tataupa Inhambu-xintã florestal rara, cinegética rara
Ara maracana Maracanã-verdadeira florestal rara, cinegética rara
Pyrrhura sp. Tiriba florestal rara, cinegética rara
Ramphastos vitellinus Tucano-de-bico-preto florestal rara, cinegética rara
Turdus albicollis Sabiá-de-coleira florestal rara, cinegética rara
Cathartes burrovianus Urubu-de-cabeça-amarela generalista rara comum
Fluvicola albiventer Lavadeira aquático rara rara
Sporophila collaris Coleiro-do-brejo aquático rara rara
Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete florestal rara, cinegética rara
Furnarius figulus Casaca-de-couro-da-lama florestal endêmica comum
Cranioleuca pallida Arredio-pálido florestal endêmica rara
Automolus leucophthalmus Barranqueiro-olho-branco florestal endêmica rara
Pyriglena leucoptera Papa-taoca florestal endêmica comum
Todirostrum poliocephalum Teque-teque florestal endêmica comum
Hemithraupis ruficapilla Saíra-da-mata florestal endêmica, cinegética comum
Amazilia lactea Beija-flor-de-peito-azul generalista endêmica comum
Aphantochroa cirrhochloris Beija-flor-de-canto generalista endêmica rara

de ampla distribuição e hábitos menos Estado de Minas Gerais (Mattos et al., 1991).
especializados. Essa riqueza pode ser considerada relevante e
destaca o valor biológico da bacia do rio
Avifauna Mucuri, diante do alto grau de degradação
No mosaico de ambientes florestais, atual da paisagem.
campestres, aquáticos e rochosos, As espécies são, em sua maioria,
componentes da região da PCH Mucuri, florestais (36,5%), campestres e generalistas
foram registradas 170 espécies de aves, que (24% para ambas as comunidades); tendo
correspondem a 22,5% da avifauna do predomínio de dietas insetívora (38,8%),
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Espécies de mamíferos registradas na região da PCH Mucuri

Ordem Espécie Nome Popular Hábito Característico Categoria de Ameaça*
Cavea aperea Preá Generalista -
Philander opossum Cuíca Generalista -
Marsupialia
Didelphis albiventris Gambá Generalista -
Didelphis marsupialis Gambá Generalista -
Daypus septencinctus Tatuí Generalista -
Cabassous unicinctus Tatu-testa-chata, tatu-do-rabo- mole, tatu-amarelo Generalista Ameaçada de extinção e vunlerável
Xenartra Dasypus novemcinctus Tatu-galinha Generalista -
Euphractus sexcinctus Tatu-peludo Generalista -
Tamandua tetradactyla Tamanduá-de-colete Florestal Ameaçada de extinção e em perigo
Alouatta fusca Barbado ou bugio Florestal Ameaçada de extinção e em perigo
Primatas
Callithrix geoffroyi Sagüi-da -cara-branca Florestal -
Cerdocyon thous Cachorro do mato Generalista -
Nasua nasua Quati Florestal -
Eira barbara Irara Florestal -
Procyon cancrivorus Mão-pelada Semi-aquática -
Lutra longicaudis Lontra Semi-aquático Ameaçada de extinção e vulnerável
Carnivora Galictis vittata Furão Generalista -
Conepatus chinga Jaratataca Generalista -
Leopardus pardalis Jaguatirica Florestal Ameaçada de extinção
Leopardus tigrinus Gato-do-mato Florestal Em perigo de extinção
Herpailurus
Gato-do-mato Florestal Presumivelmente ameaçada
yagouarondi
Agouti paca Paca Florestal Presumivelmente ameaçada
Dasyprocta leporina Cotia Florestal -
Hydrochaeris
Rodentia Capivara Semi-aquático -
hydrochaeris
Coendou prehensilis Ouriço Florestal -
Sciurus sp. Esquilo Florestal -
Artiodactyla Mazama americana Veado-mateiro Generalista -
Lagomorpha Sylvilagus brasiliensis Coelho-do-mato, tapeti Generalista -

onívora (25%), frugívora (10%) e carnívora Ecossistemas aquáticos -

(9,4%). Entre os 1.476 registros obtidos, os
maiores valores de frequências foram
constatados para comunidades generalistas
(38,5%), florestais (27,6%), campestres
(21%), onívoras (31,23%), insetívoras
(26,5%) e carnívoras (18,36%), (Figura 24).
Foi obtido um alto índice de
diversidade, expressando um bom grau de
homogeneidade entre os dados de
abundância relativa das espécies. Houve um
alto índice de espécies migratórias (27,6%),
em sua maioria dotadas de hábitos aquático
(36%) e generalista (29,8%).
Mastofauna
foram registradas 28 espécies de
mamíferos, distribuídas em sete Ordens,
pertencentes à Classe Mammalia.
De acordo com essa riqueza, a maior
parte das espécies constatadas (em número
de 26) são florestais e generalistas, sendo que
somente três outras têm hábito semi-
aquático. Isto denota a relevância dos
fragmentos de floresta estacional
semidecidual remanescentes na paisagem,
para a manutenção das populações da maior
parte da mastofauna registrada.
qualidade das águas
Os estudos realizados demonstraram
que as águas do rio Mucuri, na área estudada,
apresentam qualidade boa. Na estiagem as
águas são claras, com baixa turbidez. As
análises demostraram uma grande capacidade
de autodepuração neste trecho do rio, sendo
muito superior ao volume de esgotos
sanitários gerados em toda a bacia de
contribuição. São águas com baixos teores de
sais dissolvidos e de materiais orgânicos e
relativamente ricas em ferro solúvel. Os
teores de fosfatos, que se apresentaram
preponderantemente em sua forma
precipitada, são aceitáveis, mostrando uma
baixa disponibilidade como nutriente para os
organismos aquáticos produtores.
Os pontos estudados demonstraram-se
ambientes pouco estáveis, com comunidades
hidrobiológicas estruturadas principalmente
por espécies oportunistas. Entretanto, não
foram identificadas comunidades
profundamente alteradas, não demonstrando
uma qualidade ambiental comprometida pelo
lançamento de despejos domésticos e rurais.
Salienta-se o fato de não terem sido
encontrados organismos indesejáveis e
potencialmente vetores de doenças.

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Índice de Qualidade da Água - IQA
Alguns resultados mostraram-se em
desacordo com os padrões definidos pela
Resolução COPAM 010/86. Foram os
seguintes: ferro solúvel nos três pontos na
coleta de junho; fosfato total nos três pontos
nas duas coletas; óleos e graxas nos pontos
MUC-06 e MUC-07 na coleta de
junho/2001; o valor de coliformes totais no
ponto MUC-05 em março de 2001. Diante
dessas considerações, verifica-se que as águas
desse sistema podem ser empregadas no
abastecimento doméstico após tratamento
convencional, desde que sejam tomados
cuidados especiais quando da ocorrência de
chuvas intensas. Da mesma forma, nesses
períodos são feitas restrições ao seu uso na
irrigação de hortaliças e plantas frutíferas.
Em termos de uso para banho direto, os
pontos analisados devem ser enquadrados na
categoria IMPRÓPRIA, por contrariarem
dois critérios estabelecidos pela Deliberação
Normativa COPAM 010/86, que são o
recebimento de esgotos e presença de óleos e
graxas.
Verifica-se na área da AID em apreço,
uma baixa densidade de população, em meio
rural de grandes latifúndios, sem nenhuma
fonte poluidora significativa, sendo pequena
a ocupação humana e baixa a demanda de
água para o abastecimento.
Os principais focos pontuais geradores
de poluentes às águas do rio Mucuri (de
modo direto ou nas micro-bacias de córregos
afluentes), podem ser entendidos como os
lançamentos de esgotos sanitários, gerados
em núcleos urbanos situados a montante do
trecho analisado: distritos de Maravilha,
Topázio e Mucuri, bem como da maior parte
dos municípios de Novo Oriente de Minas,
Caraí, Catuji, Itaipe, Ladainha e Poté. O
contingente populacional soma cerca de
25
75.409 habitantes, conforme o censo do
IBGE de 2001.
Ictiofauna
Durante os estudos foram capturados
na região da PCH Mucuri um total de 1012
exemplares, pertencentes a 35 espécies de
peixes. Dessas, pelo menos cinco são exóticas
à bacia. Outras 16 espécies de peixes também
podem ser encontradas no rio Mucuri,
principalmente no seu baixo curso.
A região do futuro reservatório foi a
que apresentou os menores valores de
captura de peixes, enquanto no rio Pampã,
foram obtidas as maiores. Este afluente foi
considerado em melhores condições
ambientais que o rio Mucuri. Sua melhor
qualidade ambiental foi atribuída à ausência
de aporte significativo de esgotos domésticos
e também por manter, em alguns trechos, a
faixa de mata ciliar. Aliada a essas
características, a pesca local é menos intensa,
principalmente pela proibição exercida por
alguns fazendeiros.
A abundância das espécies variou
bastante entre pontos de coleta. No entanto,
duas famílias, Loricariidae (cascudos) e
Anostomidae (piaus), representaram, juntas,
de 50 a 70 % das capturas. Estas mesmas
espécies também dominaram completamente
as capturas com redes de emalhar em áreas
de corredeiras do rio Pampã.
Tais espécies, além da tilápia, também
são as mais importantes para a pesca em
todas as regiões do rio Mucuri,
representando cerca de 75% do pescado
capturado. No entanto, apesar de ser
considerada uma atividade muito intensa no
rio Mucuri, a pesca profissional acontece
principalmente a jusante de Presidente Pena,
 26
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Dados gerais da AID

8 famílias em 7 propriedades
Proprietário
N° de pessoas : 29
22 famílias em 5 propriedades
Empregado
N° de pessoas : 64
1 propriedade
Empregados Solteiros
N°de pessoas : 1
30 famílias
Total Famílias Residentes
N° de pessoas – 94
Propriedades sem Residentes 3
13.505,7 ha = 135,05 Km²
Área Total das Propriedades
Dens.Demográfica(D.D) = 94 hab/135,05 Km²= 0,7 hab/Km²

estando praticamente ausente na região

Espécies de peixe do rio Mucuri
diretamente afetada pelo empreendimento.
Espécie Nome popular
Meio antrópico - socioeconomia Astyanax bimaculatus lambari
Astyanax taeniatus lambari
Dispostas ao longo do rio Mucuri, as 14 Astyanax sp. lambari
propriedades pesquisadas perfazem um total
Brycon vermelha vermelha
de 13.505,7 ha de área, da qual 79,9%
Brycon ferox piabanha
pertencente a um único proprietário,
demonstrando uma intensa concentração da Oligosarcus acutirostris lambari-cachorro
terra e a heterogeneidade desse universo em Characidium sp. riscadinho
relação a esse indicador. Hoplias lacerdae* trairão
Juridicamente, a relação estabelecida com Hoplias malabaricus traira
estes imóveis é de propriedade, com todo o Leporinus conirostris piau-branco
grupo possuindo documentação legal acerca Leporinus copelandii piau-mutengo
dessa posse. Tal situação pode estar Leporinus mormyrops piau-boquinha
relacionada ao tempo de aquisição, superior a
Leporinus steindachneri piau-capim
20 anos, o que indica uma ocupação já
Cyphocharax gilbert sairú
consolidada.
Quanto à forma de aquisição destes Prochilodus vimboides curimatã
imóveis, tem-se que a compra foi o processo Gymnotus carapo sarapó
informado por 7 entrevistados, seguido de Glanidium melanopterum -
herança(5) e compra/herança para 2 Parauchenipterus striatulus cumbaca
detentores. Por sua vez, 6 proprietários Pseudauchenipterus affinis -
afirmaram possuir outros imóveis rurais, dos Rhamdia quelen bagre
quais um deles com um na área atingida, Corymbophanes cf. bahianus -
sendo que igual número declarou ser o
Delturus angulicauda cascudo-chinelo
estabelecimento afetado sua principal fonte
Hypostomus affinis cascudo-areia
de renda.
A propriedade é a residência permanente Hypostomus lutkeni cascudo
para 53,8,% dos entrevistados, encontrando- Pogonopoma werthemeri cascudo-preto
se ainda 1 residente no distrito de Presidente Clarias gariepinus* bagre-africano
Pena, 1 em São Paulo e os demais nas cidades Cichla ocellaris* tucunaré
de Teófilo Otoni e Governador Valadares. Cichlasoma facetum. Cará
Considerando-se a área total das Crenicichla mucuryna -
propriedades e o efetivo de moradores no Geophagus brasiliensis beré
trecho pesquisado, inclusive trabalhadores Tilapia sp.* tilápia
permanentes e seus familiares, pode-se
Pachyurus adspersus curvina
constatar a baixa densidade de ocupação.
Awaous tajasica peixe-flor
Há que se ressaltar que das 22 famílias de
trabalhadores permanentes residentes, 18 Cyprinus carpio* carpa
vinculam-se a um único estabelecimento Poecilia reticulata* barrigudinho
(Fazenda Palmeiras) e as demais distribuídas
em 4 outras propriedades da área.
 27
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LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Usos da área de inundação e da Área de Preservação

Permanente por estabelecimento (margem direita)
Nome do Área de Interesse (ha)
Propriedade Área Total Ocupação da Área
Proprietário Reserv. % APP
Faz. Monte Aroldo Rangel de 2 casas colono, 1 casa
1.277,8 89,0 6,97 52,0
Verde Carvalho pesca, curral, pastagem
casa-sede, 2 casas colono,
Faz. Três Olímpio J. de casa farinha, galinheiro,
140,3 18,0 12,83 16,0
Marias Aguilar curral, fossa, pastagens
plantada e natural
Sebastião Almeida casa-sede, casa queijo,
Faz. St° Antônio 41,1 5,0 12,16 7,0
(Luzia Almeida) pastagem plantada
casa-sede, 2 casas colono,
Faz. St° Antônio Domingos Almeida 121,0 9,0 7,44 8,0
depósito, curral, cemitério
casa-sede, moenda, fossa,
Faz. St° Antônio Josina Almeida 41,1 5,0 12,16 5,5 cultura de cana-de-açúcar e
pastagem
casa-sede, casa colono,
Evergistro de
Faz. St° Antônio 82,2 26,0 31,63 36,0 capela, curral, culturas e
Almeida
pastagem plantada
Demóstenes Q. casa-sede, casa colono,
Faz. St° Antônio 303,0 25,0 8,25 61,0
Moreira curral, pastagens
Osvaldo Miranda 9 casas colono, 2 currais,
Faz. Palmeiras 10.794,7 479,0 4,44 532,0
Murta pastagem plantada

O principal acesso às propriedades é O quadro de uso da terra evidencia o

constituído em estrada em leito natural, cuja
manutenção fica a cargo das Prefeituras da AI.
Em alguns trechos esta via se estende por
"lajedões", o que demonstra a
inadequabilidade de seu traçado em termos
técnicos, obrigando os usuários a conviverem
com interrupções constantes de tráfeg o
durante o período chuvoso.
Conforme assinalado anteriormente, o
público atingido é formado, em sua maioria,
por pequenos produtores rurais, cuja posse de
terra é determinada pela divisão de espólios.
Isso imprime que os mesmos manifestem
apego aos seus imóveis, consequência dos
vínculos mantidos com a terra há várias
gerações. A implantação do Projeto deverá
provocar a ruptura dos laços de parentesco e
vizinhança estabelecidos, sobretudo para
aquelas famílias representantes da 2ª e até
mesmo 3ª gerações dos proprietários originais.
A maior preocupação dos atingidos
prende-se à compulsoriedade do ato de terem
de dispor de seus terrenos e, sobretudo, do
desconhecimento do processo a que deverão
ser submetidos, cuja maior interferência
refere-se à desestruturação de todo um modo
de vida.
Os estabelecimentos rurais da área de
interesse da PCH Mucuri apresentam uma
estrutura fundiária bastante diferenciada,
podendo-se encontrar neste espaço
latifúndios, médios e pequenos
estabelecimentos, estes últimos resultantes da
subdivisão de terras decorrente de espólio.
perfil de exploração econômica dessa área,
centrado no desenvolvimento da pecuária
extensiva, atividade histórica difundida em
toda a região e inerente tanto aos grandes
quanto aos pequenos estabelecimentos.
Presente em 9 estabelecimentos da
área, a pecuária leiteira responde pela
produção diária de 1.108 litros de leite, onde
12,0% desse montante é comercializado sob a
forma de queijo. Cabe destacar que em torno
de 70,0% do leite produzido é proveniente de
uma única propriedade (Fazenda Palmeiras), o
que permite constatar nas demais uma
produção média diária de apenas 38,5 litros,
considerada pelos próprios produtores como
pouco rentável.
Caracterizada como atividade voltada
para o autoconsumo, a agricultura se faz
representar pelos plantios de produtos tempo-
rários tais como o feijão, milho, mandioca e
cana-de-açúcar e encontra-se presente em 11
propriedades da área de estudo.
As relações de trabalho estabelecidas nos
estabelecimentos da ADA são representadas
pelo trabalho familiar e pelo assalariado, sob
as formas permanente e temporário.
O trabalho assalariado permanente
encontra-se representado em 5 propriedades
da ADA, envolvendo 23 trabalhadores, apenas
1 solteiro, onde residem com suas famílias,
perfazendo um total de 65 pessoas. Do total
de trabalhadores, 18 ou 78,2% mantêm
vínculos empregatícios com um único
proprietário(Fazenda Palmeiras), enquanto em
 28
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ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Usos da área de inundação e da Área de Preservação

Permanente por estabelecimento (margem esquerda)
Área de Interesse(ha)
Nome do Área
Propriedade Faixa Ocupação da Área
Proprietário Total Reserv. %
de APP
Demóstenes Q.
Faz. Boa Vista 85,0 31,0 36,4 9,0 1 curral, pastagem plantada
Moreira
casa de colono, pastagem
Faz. Rio Mucuri João Castor(*) 761,9 45,0 5,91 50,0
plantada
José N. da
Faz. Damasco 72,6 15,0 20,66 23,0 Pastagem plantada
Cunha Lopes
casa-sede, 2 casas colono, casa
Faz. Barra do Florisvaldo da C.
29,0 9,0 31,03 20,0 farinha, pomar, área cultura e de
Córrego Novo Lopes
pastagem
casa-sede, casa colono, escola,
Norival da C.
Faz. Bela Vista 14,5 10,0 68,96 4,0 forno, culturas de mandioca e
Lopes
feijão, pastagem plantada
Almir Alves
Faz. Mucuri 300,0 9,0 3,00 20,0 Pastagem plantada
Franco
casa-sede, alambique, casa
Arquinto Souza
Faz. Boa Vista 203,3 25,0 12,30 51,0 farinha, moenda, 2 depósitos,
Santiago
pastagem plantada

3 estabelecimentos esta relação é estabelecida Patrimônio cultural

com apenas 1 empregado e, em outra, com 1
empregado solteiro e 1 casado.
As benfeitorias existentes nos
estabelecimentos da ADA são construídas
nas áreas planas e, portanto, bem próximas às
margens do rio. Em sua maioria, caracterizam-
se por um padrão construtivo simples,
estando associadas às atividades
desenvolvidas nestes estabelecimentos. Os
levantamentos realizados indicaram que
número significativo desses equipamentos
deverão ficar submersos quando do
enchimento do reservatório, tendo em vista
sua localização próxima ao rio.
Usos da Área de Interesse do Projeto
De acordo com as bases utilizadas para
a delimitação do universo atingido, tem-se
que deverão ser suprimidos 800,0 ha de
terras para a formação do reser vatório o que
representa 5,61% da área total do conjunto
de estabelecimentos afetados. Agrega-se,
ainda, 894,6 ha referentes a faixa de
restrição de uso, a qual somada à área de
inundação, totaliza 1.694,6 ha.
A topografia local condiciona que o
uso intensivo da terra nos estabelecimentos
da ADA ocorra na faixa lindeira ao rio
Mucuri, estando alocadas nesta porção as
benfeitorias e as áreas de plantio e pastagem.
Diante disso, a supressão de terras
deverá causar interferências significativas
sobretudo nas pequenas propriedades da
área, notadamente naquelas provenientes de
partilha por espólio.
Na vistoria realizada pela equipe nas
AID e AII da PCH Mucuri não foram
registradas edificações cuja datação
ultapassasse oitenta anos. Historicamente,
este período coincide com o processo de
ocupação do Vale do Mucuri, sendo os atuais
moradores descendentes em segunda e/ou
terceira geração dos migrantes pioneiros.
As edificações constituem-se, na sua
maioria, de casas térreas de arquitetura
simples, confeccionadas inicialmente com
madeira e as mais novas em alvenaria de
tijolos maciços. As paredes são rebocadas e
pintadas à base de cal e os pisos são de
cimento com acabamento de corante xadrez.
Ainda na categoria de patrimônio
edificado, os cemitérios particulares
existentes na maioria das fazendas, mostra
simbolicamente a ligação afetiva com a terra
e com os antepassados. Os cemitérios de
Maravilha e um outro cemitério localizado na
atual fazenda do Sr. Oswaldo Murta, em local
conhecido antigamente como Travessa, são
apontados como sendo os primeiros
cemitérios comunitários da região da PCH
Mucuri.
As razôes dos enterros próximos às
habitações foram a ausência de cemitérios
municipais e a dificuldade de transporte.
Outro fator importante era o respeito ao
desejo do parente falecido que solicitava o
seu enterro na terra conquistada. Esses
valores culturais ainda estão presentes na
região.
 29
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PCH Mucuri
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Fazenda Santo
Antônio: capela e
cemitério anexo

ARQUEOLOGIA FOTO CEMITÉRIO

Fragmento de
cerâmica típica
da tradição Tupi-
Guarani

Os cemitérios particulares mantêm uma de vestígios cerâmicos dispersos, pela

área reservada e cercada junto às residências. aração do terreno, numa mancha de
Muitas vezes, na lateral ou defronte as casas, terra preta de aproximadamente 100 m .
2

em local escolhido de modo que a memória ! Sítio Arqueológico Pré-histórico do

dos mortos se torne presente. Evergistro, localizado também na
Para os sítios arqueológicos históricos, Fazenda Santo Antônio onde foram
foram consideradas ruínas sem uso nos dias encontradas diversas ocorrências de
atuais e ocupações recuperáveis a partir de cerâmica junto ao curral. A área foi
uma restauração. vistoriada e em superfície foram
Na AID os sítios arqueológicos registrados três pedaços de um grande
históricos são: vasilhame observados pela espessura,
pertencente a tradição Tupi-Guarani.
! Sítio Arqueológico Histórico Haroldo
Rangel, apresenta vestígios de uma antiga
habitação que pertenceu a D. Sinhazinha.
O local encontra-se destruído pelo cultivo
de pastagens.
! Sítio Arqueológico Pré-histórico da
Fanzeda Santo Antônio, localizado às
margens do rio Mucuri com conservação

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PCH Mucuri
AMBIENTAL
7. Avaliação dos impactos
Sem o empreendimento
Numa situação futura sem a presença
do empreendimento, observa-se a
manutenção das tendências históricas de
desenvolvimento dos municípios. Neste
aspecto, deve ser ressaltada a estagnação
econômica vivenciada atualmente na região,
bem como a continuidade do processo atual
de exploração irracional, predatória dos
recursos naturais que ainda restam.
Nesse processo, o que se observa é a
destruição dos ecossistemas terrestres,
principalmente das poucas manchas de matas
que restaram, eliminando a possibilidade de
sobrevivência dos poucos grupos faunísticos
que as utilizam atualmente como locais de
refúgio, alimentação e sítios de reprodução.
Com relação aos ambientes aquáticos,
os principais impactos referem-se à
eliminação da restrita vegetação ciliar, das
áreas brejosas e à má conservação dos solos,
decorrentes das atividades mencionadas
acima, contribuindo, especialmente, para o
assoreamento do rio e seus tributários. Estes
últimos, em grande parte, apresentam
atualmente forte comprometimento da
vazão. Já o carreamento de fertilizantes e
defensivos parece não exercer um impacto
muito expressivo, principalmente por ser a
pecuária a principal atividade desenvolvida na
bacia. Também merece destaque o aporte de
esgotos domésticos por exercer um forte
impacto na qualidade das águas da bacia do
rio Todos os Santos, inclusive com algum
reflexo para o rio Mucuri. Este fato pode ser
notado pela presença de quantidade
expressiva de aguapés no trecho
imediatamente abaixo de sua desembocadura
no rio Mucuri.
Em termos de aspectos físicos, pode-se
dizer que, sem o empreendimento, apesar da
existência de erosões em toda a AID, o rio
não apresenta sinais de assoreamento e as
planícies aluviais estão atuando também
como um depósito, retendo os materiais
removidos e transportados das encostas
pelos processos erosivos, impedindo que
atinjam o leito do rio.
Do ponto de vista do patrimônio
cultural, a área apresenta-se potencialmente
30
rica, indicando possibilidades da existência de
sítios pré-históricos e de sítios
contemporâneos ao início da colonização do
século XIX, não descartando-se a
possibilidade de ocupações pré-históricas nos
abrigos graníticos existentes e/ou mesmo de
sítios de contato.
O quadro projetado sem o
empreendimento e/ou a falta de uma política
de preservação e proteção aos sítios
arqueológicos pressupõe o agravamento e a
degradação dos mesmos, de médio a longo
prazo, em razão da utilização daqueles
espaços para atividades agro-pastoris.
Com o empreendimento
Apresenta-se nos quadros das próximas
páginas uma relação sintética dos impactos e
medidas mitigadoras previstas para o
empreendimento. Os efeitos potenciais dos
impactos foram qualificados quanto aos
seguintes critérios:
! fase dos empreendimentos:
Planejamento (P), Construção da
Barragem (C), Enchimento dos
reservatórios (E) e Operação (O);
! efeito: positivo (P) ou negativo (N);
! escala espacial de abrangência: local
(L) ou regional (R);
! escala temporal de ocorrência: curto
prazo (C), médio prazo (M) e longo
prazo (L);
! reversibilidade: reversível (R) ou
irreversível (I);
! importância: importante (I), não
importante (N);
! magnitude: alta (A), média (M), baixa (B);
! valoração final do impacto:
significativo (S), moderado (M), pouco
significativo (PS), desprezível (D).
 31
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PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação Ações Ambientais

Impacto Fase Tipo Abrangência Reversibilidade Importância Magnitude
Ocorrência Final Programa, Projeto
Geologia
Riscos de Instabilidade Execução do “Projeto
C,E N L C,M,L R I M M
Geotécnica Geotecnia de Detalhe”
Riscos de alteração da C, E, Acordos Legais entre
N L C, M, L R I B D
situação minerária O Energia e Mineração
Pedologia
Manejo adequado do solo,
Alteração da estrutura
C, E N L M R I M M Revegetação e preservação
físico-química dos solos
de florestas nativas.
Manejo adequado do solo,
Assoreamento dos
C N L M/L I I M M Revegetação e preservação
cursos d’água
de florestas nativas.
Manejo adequado do solo,
Assoreamento do
E N L L I I M M Revegetação e preservação
reservatório
de florestas nativas.
Inundação de áreas Indenização dos
E N L L I I M M
produtivas proprietários.
Geomorfologia
Surgimento de focos Monitoramento dos
erosivos processos erosivos na AE;
C,E,
N L M,L R I M M recomposição e
O
enriquecimento da
vegetação ciliar.
Assoreamento dos Estabilização de erosões,
cursos d’água monitoramento das
C,E,
N R M,L I I A M encostas, contenção de
O
sedimentos, revegetação
ciliar.
Assoreamento do Estabilização de erosões,
reservatório monitoramento das
E,O N L M,L R I M S encostas, contenção de
sedimentos, revegetação
ciliar
Desestabilização das Estabilização de erosões,
encostas adjacentes ao monitoramento das
empreendimento E,O N L C,M,L R I M M encostas, contenção de
sedimentos, revegetação
ciliar
Implantação de Estabilização de erosões,
canteiros de obras, monitoramento das
construção da encostas, contenção de
barragem, erosões C N L C R I M M sedimentos, revegetação
correlacionadas ciliar
 32
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LIMIAR
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PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Cobertura vegetal
Remoção e estocagem da
Supressão da
cobertura vegetal e da camada
cobertura vegetal e
P N R C I I B M superficial
camada superficial
do solo e recuperação
do solo
das áreas degradadas
Melhoria das vias de Adequação e ampliação das
P P R L R I S
acesso da região estradas
Remoção e estocagem da
Supressão da
cobertura vegetal e da camada
cobertura vegetal e
C N L M I I M S superficial
camada superficial
do solo e recuperação
do solo
das áreas degradadas
Perda de habitats, Desmate prévio da área de
banco de sementes inundação e
E N L C I I M S
e eutrofização do recuperação da mata
reservatório ciliar no entorno do reservatório
Favorecimento à
Criação de uma área de
colonização e
O P L L R I M S preservação permanente ao
desenvolvimento de
entorno do reservatório
espécies ciliares
Hepetofauna
Redução de hábitats Monitoramento da Herpetofauna;
florestais para a Recuperação de Áreas
herpetofauna com a Degradadas pela Obra e
supressão de Relocação de Estradas;
formações ciliares Recomposição da Vegetação
C,
N R C I I A S Ciliar e Controle de Erosões no
E
Entorno do Reservatório;
Aquisição de Terrenos Florestais
no Entorno - criação de
Unidades de Conservação;
Educação Ambiental
Redução de hábitats Monitoramento da Herpetofauna;
campestres para a Recuperação de Áreas
herpetofauna com a Degradadas pela Obra e
supressão de E N R C I I B PS Relocação de Estradas;
pastagens Conservação dos Solos;
Educação Ambiental;
Comunicação Social
Fuga de exemplares
devido à produção Educação Ambiental;
C,
de ruídos e N R C I N B PS Comunicação Social; Controle
E
movimentação Ambiental do Canteiro de Obras
humana
Fuga de exemplares
devido à produção
Campanhas de educação
de ruídos e O N R C I N B PS
ambiental
movimentação
humana
Variação das
populações de
O N L L I N B PS Monitoramento da Herpetofauna
anfíbios na área de
vazão reduzida
Alteração da
estrutura das
populações de
O N L M I N B PS Monitoramento da Herpetofauna
quelônios e
crocodilianos com a
formação do lago
Perda de populações
de anfíbios devido à Controle do fluxo de agrotóxicos
O N L L I N B D
alterações na para os lagos e riachos
qualidade da água
 33
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LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Avifauna
Perda de
populações de aves
florestais com os Controle Ambiental das Obras;
desmatamentos Recuperação de Áreas
provocados pela P N L C R I B D Degradadas pelas Obras;
alteração dos usos e Comunicação Social; Educação
ocupação dos solos Ambiental
as áreas lindeiras
ao reservatório
Perdas de
populações de aves Controle Ambiental das Obras;
devido a pequenos Recuperação de Áreas
desmatamentos P N L C R N M D Degradadas pelas Obras;
para abertura de Comunicação Social;
trilhas para Educação Ambiental
sondagens
Interferências do Controle Ambiental dos Canteiros
trânsito humano e C, de Obras; Educação Ambiental;
N L C, M I I A S
coletas de E Comunicação Social; Fiscalização
exemplares silvestres e Segurança
Interferências do Controle Ambiental dos Canteiros
trânsito humano e de Obras; Educação Ambiental;
O N L L I I B D
coletas de Comunicação Social; Fiscalização
exemplares silvestres e Segurança
Controle Ambiental dos Canteiros
Trânsito de
de Obras; Controle Ambiental e
maquinário,
C, de Segurança das Estradas;
produção de ruídos N L C, M I I M S
E Comunicação Social; Educação
e acidentes com
Ambiental; Recuperação das
aves silvestres
Áreas Degradadas pelas Obras
Controle Ambiental dos Canteiros
Trânsito de
de Obras; Controle Ambiental e
maquinário,
de Segurança das Estradas;
produção de ruídos O N L L I I B D
Comunicação Social; Educação
e acidentes com
Ambiental; Recuperação das
aves silvestres
Áreas Degradadas pelas Obras
Controle Ambiental do Canteiro
Perdas de de Obras; Limpeza da Bacia de
populações de aves Acumulação; Acompanhamento
florestais com o do Desmatamento da Bacia de
desmatamento de Acumulação e do Enchimento do
mata ciliar e C N L, R C I I A PS reservatório; Recomposição da
capoeira de floresta Vegetação Ciliar; Recuperação de
estacional Áreas Degradadas pelas Obras;
semidecidual na Monitoramento da Avifauna;
área do reservatório Criação de Unidade de
Conservação
Controle Ambiental do Canteiro
Perdas de
de Obras; Acompanhamento do
populações de aves
Desmatamento da Bacia de
generalistas e
Acumulação e do Enchimento do
campestres com a
reservatório; Recomposição da
supressão de C N L C I I B D
Vegetação Ciliar; Recuperação de
pastagens e
Áreas Degradadas pelas Obras;
capoeirinhas nas
Monitoramento da Avifauna;
áreas das obras e
Criação de Unidade de
do reservatório
Conservação
 34
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ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Impacto Fase
Perdas de
populações de aves
generalistas e
campestres com a C N
supressão de áreas
cultivadas na área
do reservatório
Perdas de
populações de aves
generalistas e
C N
campestres com a
supressão de
benfeitorias rurais
Perdas de
populações de aves
florestais com o E N
alagamento de
formações florestais
Perdas de
populações de aves
generalistas e
campestres com o E N
alagamento de
pastagens e
capoeirinhas
Perdas de
populações de aves
generalistas e
E N
campestres com o
alagamento de
benfeitorias rurais
Eventos dinâmicos
nas populações de
E,
aves aquáticas na
O do reservatório; Manejo de Ilhas
área do
reservatório
Perda de populações
de mamíferos com a
P N
alteração dos usos
da cobertura vegetal
Perda de populações
de mamíferos com a
supressão da
cobertura vegetal C N
das áreas do
reservatório e
demais obras
Tempo de Avaliação
Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Avifauna
Assistência Social; Recuperação
de Áreas Degradadas pelas
L C I I B D
Obras; Educação Ambiental;
Comunicação Social
Assistência Social; Recuperação
de Áreas Degradadas pelas
L C I I B D
Obras; Educação Ambiental;
Comunicação Social
Acompanhamento do
Desmatamento da Bacia de
Acumulação e do Enchimento
do reservatório; Recomposição
L, R C I I A S
da Vegetação Ciliar;
Monitoramento da Avifauna;
Criação de Unidade de
Conservação
Controle Ambiental do Canteiro
de Obras; Acompanhamento do
Desmatamento da Bacia de
L C I I B D
Acumulação e do Enchimento
do reservatório; Recuperação de
Áreas Degradadas pelas Obras
Acompanhamento do
Desmatamento da Bacia de
Acumulação e do Enchimento
do reservatório; Assistência
L M I I B D
Social; Recuperação de Áreas
Degradadas pelas Obras;
Educação Ambiental;
Comunicação Social
Acompanhamento do
Desmatamento da Bacia de
Acumulação e do Enchimento
P L L R I M S
Flutuantes de Vegetação
Aquática
Mastofauna
Aquisição de Terras;
Comunicação Social; Educação
Ambiental; Recomposição da
Vegetação Ciliar e Controle de
L C R I B PS
Erosões no Entorno do
Reservatório; Recuperação de
Áreas Degradadas pela Obra e
Relocação de Estradas
Educação Ambiental; Desmate
da Bacia de Acumulação;
Aquisição de Terrenos Florestais
no Entorno de Unidade de
Conservação; Recomposição da
L C I I M PS Vegetação Ciliar e Controle de
Erosões no Entorno do
Reservatório; Recuperação de
Áreas Degradadas pela Obra e
Relocação de Estradas; Projeto
de Monitoramento de Mamíferos
 35
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Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Mastofauna
Fuga da mastofauna
devido aos ruídos e
Educação Ambiental; Controle
movimentação e risco C N R C R I M S
Ambiental do Canteiro de Obras
de atropelamento e
coleta de exemplares
Educação Ambiental; Controle
Ambiental do Canteiro de Obras;
Fuga de mastofauna
Acompanhamento do
devido ao E N R M R I M M
Desmatamento da Bacia de
alagamento
Acumulação e do Enchimento do
Reservatório
Comunicação Social; Educação
Fuga de mastofauna
Ambiental; Controle Ambiental
risco de O N L L R I M PS
do Canteiro de Obras
atropelamento
Patrimônio natural
Aumento de turbidez Movimento de terra apenas na
C N R C R I M M
da água época sem chuvas
Este impacto é reversível e de
certa forma será compensado em
função do enchimento do
Redução da vazão
reservatório ser feito durante a
das corredeiras a E N L C R I PS M
época das chuvas, quando há
jusante
aumento do volume d’água não
só do trecho do rio como
também de seus tributários.
Apesar destas corredeiras e
ilhotas não serem utilizadas como
lazer e/ou áreas de plantios, este
impacto, inevitável e irreversível,
Desaparecimento de
E,O N L L I I A M será compensado pela
corredeiras e ilhotas
construção de infra-estrutura de
lazer no local denominado
Maravilha, próximo as
Cachoeiras do Jacaré e dos Bois.
Ictiofauna
Aumento do
Medidas de contenção de
carreamento de C N L M R I B PS
sedimentos
sólidos para o rio
Isolamento e
drenagem total do
C N L C R I B PS Resgate dos peixes aprisionados
trecho do canal do
rio a ser ensecado
Diminuição do
fluxo a jusante para
E N R C R I M M Resgate dos peixes aprisionados
enchimento do
reservatório
Supressão da Revegetação das margens do
E N L M R I M M
vegetação ciliar reservatório
Eliminação dos peixes dos
Introdução de
E N R L I I A M eventuais tanques nas áreas
espécies exóticas
alagadas
Interrupção do fluxo
migratório dos E N R L I I A S Transposição de peixes
peixes
Transformação do
ambiente lótico em Estudo e monitoramento das
O N L L I I A S
lêntico na área dos comunidades de peixes *
reservatório
Flutuações diárias
Estudo e monitoramento das
na área do O N L L I I M M
comunidades de peixes *
reservatório
 36
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Ictiofauna
Flutuações diárias a
Estudo e monitoramento das
jusante da casa de O N R L I N B PS
comunidades de peixes *
força
Eutrofização O N L L R N PS -
Qualidade da água
-Programa de Revegetação das
Assoreamento dos Áreas Degradadas
leitos dos cursos -Programa de Controle
hídricos e aumento C N L C R I M M Ambiental do Canteiro de Obras
da turbidez das -Programa de Monitoramento
águas Limnológico e da Qualidade das
Águas
-Programa de Controle
Contaminação Ambiental do Canteiro de Obras
microbiológica das C N L C R I B D -Programa de Monitoramento
águas Limnológico e da Qualidade das
Águas
Transmissão e
veiculação de -Programa de Controle
doenças pela água e C N L C R I B PR Ambiental do Canteiro de Obras
organismos -Programa de Saúde
aquáticos
-Programa de Controle
Aumento dos teores
Ambiental do Canteiro de Obras
orgânicos e
C N L C R I B D -Programa de Monitoramento
nutrientes da água
Limnológico e da Qualidade das
do rio
Águas
-Programa de Controle
Ambiental do Canteiro de Obras
Aumento dos teores
C N L C R I B PR -Programa de Monitoramento
de óleos e graxas
Limnológico e da Qualidade das
Águas
Aumento dos teores
orgânicos e -Projeto de Desmate da Bacia de
nutrientes da água Acumulação
E,
do reservatório pelo N R C R I B PR -Programa de Monitoramento
O
afogamento da Limnológico e da Qualidade das
biomassa nas áreas Águas
inundadas
Geração de gases
sulfídrico e metano, -Programa de Monitoramento
E,
condições anóxicas N L C R I B D Limnológico e da Qualidade das
O
no hipolímnio do Águas
reservatório
Aumento na
concentração iônica
-Programa de Monitoramento
da água e E,
N L C R N B D Limnológico e da Qualidade das
deslocamento do O
Águas
equilíbrio ácido-
básico
Menores teores de
-Programa de Monitoramento
oxigênio dissolvido E,
N L L R N B D Limnológico e da Qualidade das
da água do O
Águas
reservatório
Favorecimento às
-Programa de Monitoramento
comunidades E,
- L L I I A R Limnológico e da Qualidade das
hidrobiológicas O
Águas
planctônicas
-Programa de Monitoramento
Aumento da E,
N L M R I B PR Limnológico e da Qualidade das
biomassa algal O
Águas
 37
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri
Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Qualidade da água
Perda de habitats
para as -Programa de Monitoramento
E,
comunidades N L L I I B PR Limnológico e da Qualidade das
O
bentônicas de Águas
substratos rochosos
Instalação e
-Programa de Monitoramento
desenvolvimento de
E, Limnológico e da Qualidade das
focos de N R L R I B D
O Águas
invertebrados vetores
de doenças
Estratificação da -Programa de Monitoramento
coluna d’água do O N L L I I B PR Limnológico e da Qualidade das
reservatório Águas
-Programa de Monitoramento
Limnológico e da Qualidade das
Eutrofização do
O N R L R I B D Águas
reservatório
-Programa de Prevenção Contra
Eutrofização
-Programa de Monitoramento
Melhoria na
Limnológico e da Qualidade das
qualidade das águas
O P R L R I A M Águas
do rio Mucuri no
-Programa de Prevenção Contra
reservatório
Eutrofização
Melhoria na -Programa de Monitoramento
qualidade das águas Limnológico e da Qualidade das
do rio Mucuri a O P R L R I M M Águas
jusante da casa de -Programa de Prevenção Contra
força Eutrofização
Socioeconomia
Expectativas por
Programa de Comunicação
parte dos poderes P P R C R I A S
Social
públicos
Expectativas por
Programa de Comunicação
parte da população P P L C R I A S
Social
da ADA
Apropriação de
terras necessárias à
implantação do C N L M I I A S Programa de Negociação
reservatório e
estruturas do projeto
Desorganização do
modo de vida dos Programa de Comunicação
C N L M R I A S
proprietários/ e Social
moradores da ADA.
Alteração do rítmo
Programas de Comunicação
de vida da C N L M R I A S
Social e Educação Ambiental
população rural
Interferência a
Programa de Comunicação
jusante da PCH C N L M R N M PS
Social
Mucuri
Aumento dos níveis Programa de Comunicação
C N L M R I A S
de ruído Social
Aumento tráfego de
veículos em
Programas de Educação
Presidente Pena e
C N L M R I A S Ambiental e de Segurança e
nas vias de acesso
Alerta
às propriedades
rurais
Possibilidade de
Programas de Reforço aos
pressão sobre a
C N L M R I M S Núcleos Urbanos
infra-estrutura de
Presidente Pena
 38
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Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Socioeconomia
Possibilidade de
aumento dos casos Programas de reforço aos
de violência no C N L M R I M PS Núcleos Urbanos
distrito de Presidente
Pena
Possibilidade de
transgressão aos
Programa de Educação
costumes e valores C N L M R I M S
Ambiental
da população de
Presidente Pena
Sobrecarga nos
Programas de Reforço aos
equipamentos de
C N L M R I M S Núcleos Urbanos
saúde e telefonia de
Presidente Pena
Pressão / mercado
Programa de Monitoramento
imobiliário de C N L M R I M S
Socioeconômico
Carlos Chagas
Possibilidade de
Programas de Educação
introdução de C N R M R I A S
Ambiental e Saúde
endemias
Possibilidade de
Programas de Educação
Propagação de C N R M R I M S
Ambiental e Saúde
DST’s
Geração empregos Programa de Mobilização de
C P R M R I A S
diretos e indiretos mão-de-obra
Incremento do setor
terciário dos
C P L M R I A S -
municípios da AII e
de presidente Pena
Aumento
arrecadação C P L M R I A S -
impostos
Inundação de terras
E N L M I I A S Programa de Negociação
e benfeitorias
Inundação de Programa de recomposição da
E N L M I NP B PS
estradas e acessos Infra-estrutura afetada
Restrição de uso da Programa de uso e Ocupação do
E N L M R NP B PS
faixa de 100m Entorno do Reservatório
Riscos de acidentes
c/ ofídios, insetos e
E N L M R NP B PS Programa de Saúde
outros animais
peçonhentos
Alteração do
O P L L I I M S -
cenário atual
Valorização
imobiliária das
-
propriedades do O P L L I I A S
entorno do
reservatório
Aumento oferta
O P R L I I A S _
energia elétrica
Desativação postos
O N R L I I A S _
de trabalho
Criação de postos
O P L L I I M S _
de trabalho
Recolhimento de
O P L/R L I I A S _
ICMS
Possibilidade de
manifestação de Programas de Educação
O N L L R NP B PS
doenças veiculação Ambiental e Saúde
hídrica
 39
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Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL

Síntese geral de avaliação de impactos e medidas mitigadoras da PCH Mucuri

Obs: Fase (P: planejamento, C: construção, E: enchimento, O: operação), Tipo (P: positivo, N: negativo), Abrangência
(L: local, R: regional), Tempo de ocorrência (C: curto, M: médio, L: longo prazo), Reversibilidade (R: reversível,
I: irreversível), Importância (I: importante, NI: não importante), Magnitude (A: alta, M: média, B: baixa),
Avaliação final (S: significativo, M: moderado, PS: pouco significativo, D: desprezível)

Tempo de Avaliação
Impacto Fase Tipo Abrangencia Reversibilidade Importância Magnitude Ação Ambiental
Ocorrência Final
Socioeconomia
Riscos acidentes por Programa de Educação
O N L L R I B M
afogamento Ambiental
Arqueologia
Destruição de sítios Programas de Prospecção e
localizados nos C Resgate Arqueológico;
N L C R I M M
canteiros de obras, /E Programa de Monitoramento
eixo, etc. Arqueológico
Programa de
Patrimônio
C N L/R C/M I I A A Registro/Documentação do
Edificado
Patrimônio Edificado
Submersão de sítios
Programas de Prospecção de
localizados na área E N L C I I A A
Resgate Arqueológico
do reservatório

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
8. Medidas de mitigação de impactos ambientais
Para amenizar os impactos ambientais a
serem gerados pela PCH Mucuri, foram
elaborados diversos Programas Ambientais,
dentro dos quais são especificados os
projetos de controle, reabilitação,
minimização e compensação ambiental.
Para cada meio analisado, ou seja,
Físico, Biótico e Antrópico, foram
elaborados Programas específicos, como será
descrito a seguir.
É importante mencionar que, todos os
projetos a serem implantados têm o
empreendedor como responsável pela
implantação, o qual poderá recorrer a
empresas terceirizadas ou não.
Meio físico
Programa de Controle Ambiental das
Obras
Projeto de Controle Ambiental do Canteiro de
Obras
Este projeto visa reduzir os riscos de
instalação de processos erosivos e de
contaminação do reservatório, das águas
subterrâneas e superficiais, além de evitar o
desmatamento desnecessário de formações
nativas, o lançamento de poeiras nas áreas
próximas e nos próprios locais de trabalho.
Visa também dispor corretamente o lixo
doméstico em valas sanitárias, promover o
tratamento dos esgotos domésticos e dos
efluentes contendo sólidos em suspensão,
óleos e graxas.
O público alvo, que será favorecido
diretamente por este projeto são os
funcionários das obras da PCH Mucuri.
Projeto de Controle Ambiental e de Segurança
das Estradas
Atualmente, nas pastagens regionais
existem algumas árvores remanescentes as
quais, além de representarem sombreamento
para o gado, fornecem algum suporte para a
avifauna. Com a implantação das estradas,
tais árvores correm riscos de serem cortadas.
Além disto, com o aumento do tráfego,
haverá riscos de atropelamentos humanos e
de fauna silvestre nas estradas, tornando
necessária a adoção de ações preventivas.
40
Os funcionários das obras da PCH e
proprietários rurais das áreas localizadas na
AII e AID serão os indivíduos favorecidos
diretamente por este projeto.
Será feita elaboração de projeto de
estradas que promova o planejamento
adequado das atividades a serem
implementadas durante a abertura e a
melhoria das vias de acesso. Para isto, são
previstas várias ações, entre as quais:
! abrir novos acessos, adotando-se
revestimento primário e obras de
drenagem;
! durante a abertura de acessos, desviar
o eixo da estrada de árvores e de
agrupamentos arbóreos, bem como
plantar mudas de nativas às suas
margens;
! ter cuidados específicos com o manejo
e/ou proteção da vegetação local;
! fixar placas educativas e informativas
(controle de velocidade, avisos de
ocorrência de pessoas e animais na
pista etc.) nas vias de acesso ao
canteiro de obras e ao local da
barragem.
Projeto de Relocação e Implantação de Novos
Acessos
As estradas de acesso existentes próxi-
mas ao reservatório da PCH Mucuri deverão
ter trechos inundados. Estes trechos deverão
ser relocados para atingir uma cota de
segurança acima do nível N.A.máximo, ou
seja, 215,50.
O principal acesso às propriedades é
constituído de estrada em leito natural, cuja
manutenção fica a cargo das Prefeituras da
AII. Em alguns trechos esta via se estende
por "lajedões", o que demonstra a
inadequabilidade de seu traçado em termos
técnicos, obrigando os usuários a conviverem
com interrupções constantes de tráfego
durante o período chuvoso.
A ponte de madeira próxima ao
povoado de Maravilha encontra-se em
precário estado de conservação ligando as
duas margens do rio; sendo assim, caso o
empreendimento seja viabilizado, há

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
necessidade de reforçar a estrutura desse
equipamento ou até mesmo a sua
reconstrução.
Os taludes de corte e de aterro deverão
ser protegidos contra a implantação de
processos erosivos. As atividades deverão ser
desviadas de ocasionais árvores de porte ou
agrupamento arbóreo que houver no
caminho e evitar soterramento de nascentes.
Projeto de Estabilização dos Taludes das
Estradas
A construção e alargamento das
estradas representa um fator de risco de
surgimento de novos focos erosivos que
levariam ao assoreamento dos cursos d'água
e do lago formado pelo barramento. Desta
forma, é essencial que o Projeto de
Estabilização dos Taludes das Estradas faça
parte do projeto de abertura e ampliação das
vias de acesso.
Os objetivos principais deste projeto
visam evitar a formação de novos focos
erosivos, deslizamento de taludes e
carreamento de sedimentos que poderiam
contribuir para o assoreamento dos cursos
d'água e do futuro reservatório.
Projeto de Revegetação e Preservação de
Florestas Nativas
O trecho do rio Mucuri onde será
implantado o empreendimento, juntamente
com as áreas circunvizinhas, está localizado
em áreas propensas à erosão em sulco e/ou
laminar em função da substituição da
vegetação nativa por pastagens. Portanto, é
de grande importância a revegetação de áreas
já degradadas, a manutenção da vegetação
existente e a implantação de florestamento
ciliar.
Este projeto tem como principal
objetivo a reabilitação das áreas degradadas
visando diretamente o controle de erosão e
proteção do solo, dos cursos d'água, de
tributários diretos e consequentemente do
reservatório, bem como prover o futuro
reservatório de floresta ciliar, conforme o
estabelecido pela legislação em vigor.
Os principais beneficiários deste projeto
serão os proprietários de áreas atingidas e
confinantes.
Entre as ações previstas para sua
implantação, constam as seguintes:
! Propor parcerias aos proprietários das
áreas atingidas e confinantes;
41
! Restringir a supressão da vegetação
apenas à área necessária, evitando
cortes abusivos;
! Selecionar espécies adequadas à
região quando se tratar de
reflorestamento e/ou florestamento
ciliar;
! Criar canteiros de mudas;
! Para as áreas degradadas,
recomposição do solo superficial,
correção e descompactação do solo;
! Controle de drenagem;
! Plantio através de semeadura,
hidrossemeadura, geomantas e/ou
plantação de mudas.
Programa de manejo e conservação dos
solos
Este programa será constituído dos
projetos de conservação de solos, projeto de
remoção e estocagem de solo decapeado e o
projeto de recuperação de áreas degradadas
pela obra, como se segue:
Projeto de conservação de solos
Visando a prevenção do potencial
assoreamento do reservatório, o Projeto de
Conservação do Solo tem como objetivo
mitigar a atual degradação dos solos, dada pelo
manejo incorreto, bem como minimizar o
aporte de sedimentos para os cursos d'água
em função dos processos erosivos, em
andamento. O assoreamento provoca a
degradação dos rios, afetando a qualidade das
águas e, em especial, a fauna aquática. Por
outro lado, como medida de compensação
ambiental, a presente proposta visa a fornecer
subsídios para um manejo mais
conservacionista, com o objetivo de garantir a
longevidade da produção dos solos.
Este Projeto tem como Público Alvo o
empreendedor e proprietários rurais
localizados na bacia de contribuição do
reservatório da PCH Mucuri e será executado,
prioritariamente, na bacia de contribuição da
PCH Mucuri, tendo como orientação básica a
implantação de um trabalho de extensão rural,
visando levar aos agricultores técnicas
conservacionistas, sua importância e formas
de execução.
Projeto de Remoção e Estocagem do Solo de
Decapeamento
A camada de solo superficial (solo
orgânico) possui microorganismos, nutrientes

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
e sementes, que são muito importantes no
incremento dos processos de revegetação de
áreas degradadas.
A remoção e a estocagem da camada
superficial do solo nas áreas atingidas pelas
obras têm por objetivo auxiliar os trabalhos
de reabilitação a serem implementados nas
áreas degradadas. Para isto, deverá ser
removida e estocada a camada de solo
superficial (aproximadamente 20 cm)
existente em todas as áreas atingidas pela
obra. A estocagem do material deverá ser feita
nas proximidades das áreas afetadas, com o
objetivo de facilitar sua recolocação.
Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas
pela Obra
De acordo com a legislação ambiental
vigente, todo empreendimento causador de
degradação ambiental deverá realizar a
reabilitação da área afetada, com a finalidade
de minimizar e controlar os impactos
causados.
O programa de revegetação/
recuperação terá como objetivos principais a
reabilitação das áreas degradadas pelo
empreendimento, visando a proteção do solo,
o controle de erosão e a regeneração da
vegetação original.
Os superficiários das áreas atingidas
serão os mais beneficiados com este projeto.
Programa florestal
Será composto pelos projetos de
recomposição da vegetação do entorno do
reservatório e projeto de limpeza da bacia de
acumulação.
Projeto de Recomposição da Vegetação do
Entorno do Reservatório
A formação do reservatório da PCH
Mucuri será responsável pela eliminação de
poucos trechos remanescentes de mata ciliar,
capoeiras e capoeirões existentes às margens
do rio Mucuri. Tendo em vista o elevado grau
de desmatamento da região, o futuro lago
deverá apresentar poucas áreas com
vegetação arbórea/arbustiva em seu entorno.
A ausência de vegetação em suas margens,
associada à elevada susceptibilidade do solo à
erosão e ao grande número de processos
erosivos existentes na AII do
empreendimento, poderá provocar, durante a
operação da usina, problemas relativos à
desestabilização de encostas e erosões na
42
faixa de solo em contato com o nível d'água
do reservatório (acelerando processos
erosivos existentes ou desenvolvendo novos
focos).
Sendo assim, o programa tem como
objetivo promover o controle dos processos
erosivos localizados às margens do futuro
reservatório, bem como a recomposição e o
monitoramento da vegetação ciliar e das
margens do reservatório.
Neste caso, tanto o empreendedor
como os proprietários rurais localizados às
margens do reservatório serão beneficiados
com a implantação deste projeto.
Dentre as ações para implementação do
projeto estão:
! contatar proprietários rurais e propor
parcerias, no caso da revegetação
ocorrer em áreas de particulares,
devendo ser previamente feito um
comum acordo com os mesmos;
! executar os plantios, utilizando o maior
número possível de espécies nativas,
para promover a diversidade e a
conservação dos recursos genéticos;
! a restauração da vegetação ciliar nas
margens do reservatório deverá dar
preferência para início para as áreas
mais críticas, ou seja, desprovidas de
vegetação e sujeitas a erosão.
! as áreas de plantios deverão ser
fiscalizadas e protegidas contra ações
clandestinas (cortes, coletas de flora e
fauna silvestres, entrada de gado etc.).
Uma vez que parte da área no entorno
do reservatório é de propriedade de terceiros,
a realização destes serviços dependerá do
consentimento dos proprietários. Deste
modo, será de fundamental importância a
formação de parcerias do empreendedor
com os proprietários rurais, visando a
viabilização destes trabalhos. Os
proprietários deverão ser estimulados a
favorecerem os plantios e a promoverem a
preservação da vegetação remanescente.
Projeto de Limpeza da Bacia de Acumulação
O desmatamento prévio visa remover o
material lenhoso presente na área do
reservatório, uma vez que sua decomposição
(sob inundação) ocorre lentamente, além de
permitir o deslocamento gradual da fauna da

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
Limiar Engenharia Ambiental
LIMIAR
ENGENHARIA
PCH Mucuri
AMBIENTAL
área a ser alagada. O corte limitado ao local
de inundação irá reduzir a área desmatada ao
estritamente necessário, de modo a serem
evitados cortes abusivos. Além disto, o fato
de permanecer algumas árvores em áreas
sujeitas a alagamentos periódicos poderá
auxiliar na seleção de espécies adaptadas a
este tipo de ambiente, possibilitando uma
posterior escolha de espécies para serem
plantadas em locais semelhantes.
O empreendedor, os proprietários e
moradores rurais da AID serão beneficiados
diretamente com este projeto.
Para a implantação deste projeto, estão
previstas as seguintes ações:
! inicialmente, obter licença de
desmatamento junto aos órgãos
competentes;
! efetuar um desmatamento (mediante
elaboração de projeto específico) da
área a ser inundada, restringindo-se
somente ao local de inundação. Assim,
visando preservar o máximo de
vegetação remanescente, sugere-se
que se adote o NA máximo normal do
reservatório, como limite máximo para
a retirada da vegetação;
! o desmatamento deverá ser lento (de
modo a melhor permitir a fuga da
fauna silvestre) e orientado em direção
aos setores florestais remanescentes no
entorno imediato do futuro lago,
principalmente em situações onde
exista conectividade florestal.
! o desmatamento deverá ser executado
de jusante para montante, e das partes
baixas para as mais altas.
! a madeira deverá ser removida;
! em virtude da pequena área florestal
remanescente, não existe necessidade
de montagem de esquemas especiais
para a exploração, devendo a
empresa se responsabilizar pelas
atividades em cada área, dentro dos
critérios propostos;
! todos os funcionários a participarem
das atividades de cortes deverão ser
previamente orientados para terem os
devidos cuidados, evitando cortes
abusivos e acidentes com animais
silvestres.
43
Projeto de Monitoramento de Focos Erosivos
no Entorno do Reservatório
Com o surgimento do reservatório,
alguns trechos de mata ciliar deixarão de
existir nas margens do rio Mucuri e de seus
contribuintes diretos. Com essa ausência da
vegetação, aliada a susceptibilidade do solo à
erosão (junto aos processos erosivos ativos
existentes), poderá haver uma aceleração do
processo de assoreamento do reservatório.
O objetivo principal deste projeto é a
criação de um plano de monitoramento das
encostas adjacentes à área do futuro
reservatório e dos taludes de corte e de
aterro que serão implementados (em função
da abertura e alargamento das estradas),
visando promover o controle dos processos
erosivos existentes, bem como prevenir a
degradação das cabeceiras de drenagens e o
assoreamento do reservatório.
O empreendedor e os proprietários
rurais das áreas localizadas na AID serão os
mais beneficiados com este projeto.
Ações Previstas:
! executar um levantamento detalhado
dos focos de erosão da AID;
! controlar e minimizar os focos erosivos
constatados, mediante a adoção dos
projetos de "Recuperação de Áreas
Degradadas" e "Recomposição da
Vegetação do Entorno do
Reservatório";
! fazer contatos com os proprietários
locais, no intuito de conseguir a
permissão e parceria para a execução
do projeto;
! construir bacias de contenção de
sedimentos (que deverão ser
monitoradas ao longo de todas as
fases do empreendimento);
! após o enchimento do reservatório,
deverá ser feita uma avaliação das
condições do grau de umidade e dos
riscos de erosão gerados;
! A longo prazo, o monitoramento
deverá enfocar o acompanhamento de
erosões nos taludes próximos ao
reservatório e nos taludes de corte e
aterro das estradas de acesso.

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Meio biótico
Programas de Proteção à Flora e Fauna
Nestes Programas foi incluído o
empenho na preservação dos remanescentes
de mata e na formação de corredores
florestados, interligando fragmentos nas
margens do reservatório, que poderão ser
realizados através da avaliação de
remanescentes que possam ser interligados
aumentando sua área e, ainda, através de
conscientização dos proprietários e/ou
através de ações de reflorestamento com
nativas. Acredita-se que essas medidas
possam facilitar a dispersão e o deslocamento
de mamíferos, bem como contribuir para a
conservação de suas comunidades,
minimizando os impactos a serem causados
pelo empreendimento.
Programa de Conservação da Herpetofauna
Para a conservação da fauna de anfíbios
e répteis em geral, sugere-se a aplicação de
medidas como: proteção das matas restantes
da região com criação e/ou aproveitamento
de Unidades de Conservação, controle do
afluxo de agrotóxicos para os cursos d'água
(que podem comprometer o
desenvolvimento larval, principalmente),
preservação de nascentes e controle do
assoreamento dos cursos d'água.
Recomenda-se o empenho na preservação
dos remanescentes de mata e na manutenção
e formação de corredores florestados
interligando fragmentos, que pode ser
realizada através da avaliação de
remanescentes que possam ser interligados
aumentando sua área e através de
conscientização dos proprietários e/ou
através de ações de reflorestamento.
Acredita-se que essas medidas possam
facilitar a dispersão e o deslocamento de
anfíbios e répteis e contribuir para a
conservação das comunidades
herpetofaunísticas, minimizando os possíveis
impactos causados pelo empreendimento.
Outras ações poderão também
contribuir na diminuição dos impactos a
serem gerados, como por exemplo: Projeto
de Educação Ambiental, Programa de
Comunicação Social, Projeto de
Monitoramento da Herpetofauna, Projeto de
Acompanhamento e Resgate de Fauna e a
compra de áreas de várzea pelo
empreendedor.
44
Medidas de Monitoramento
Tendo em vista o sucesso da
implantação de revegetação das áreas
degradadas e faixas marginais do reservatório,
recomenda-se o desenvolvimento de um
programa de monitoramento destas áreas.
Programa de Monitoramento da Vegetação
das Áreas Degradadas e das Faixas Marginais do
Reservatório
Um programa de monitoramento, além
de servir para acompanhar o
desenvolvimento da vegetação plantada e
detectar o momento das capinas, servirá
também para a fiscalização fitossanitária e
controle de pragas (insetos prejudiciais) e
doenças que venham comprometer o
crescimento normal da cobertura vegetal
implantada.
O programa de monitoramento visa
acompanhar e avaliar as condições de evolu-
ção da vegetação implantada nas áreas degra-
dadas e das faixas marginais do reservatório .
As principais ações para a implantação
deste programa incluem:
! executar a manutenção das áreas
reabilitadas, com as seguintes práticas:
irrigação, controle das ervas daninhas,
combate às formigas, isolamento da
área, prevenção contra as queimadas
(aceiros), controle dos focos erosivos e
replantio nos locais em que as plantas
não desenvolveram ou morreram.
Projeto de Monitoramento de Mamíferos
Ameaçados de Extinção
No presente trabalho foi detectada a
ocorrência local de mamíferos florestais
ameaçados de extinção, como mencionado
anteriormente. Assim, torna-se necessário a
realização de levantamentos que promovam
investigações nos ambientes florestais e na
calha do rio Mucuri (dentro da AID e AII da
PCH Mucuri), com enfoque específico à
investigação de populações das espécies
ameaçadas de extinção, na região do
empreendimento, para a geração de subsídios
à adoção de medidas de manejo que se
fizerem necessárias.
Programa de Monitoramento da Herpetofauna
A paisagem regional na qual se insere a
área do empreendimento encontra-se muito

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alterada, com destaque para a presença de
grandes extensões de áreas de pastagens.
Com a formação do reservatório, algumas
das áreas em que ocorrem a herpetofauna se
tornarão ainda mais fragmentadas,
contribuindo para a diminuição dessas
populações.
Assim, é importante que se faça um
programa de monitoramento da
herpetofauna na Área de Influência Indireta e
de Entorno do reservatório, para a
verificação das condições de adaptação desta
comunidade frente à nova composição
ambiental. O objetivo principal será a
caracterização da composição das espécies
nos ambientes, além da avaliação de possíveis
modificações nas comunidades, incluindo as
relacionadas aos ambientes florestais.
Este estudo será essencial para a
conservação destas espécies, servindo ainda
como subsídio para futuros projetos de
manejo.
Sub-programa de Monitoramento do jacaré-do-
papo-amarelo
Basicamente, este programa irá englobar
a investigação do status das populações de
Caiman latirostris, baseando-se nos seguintes
aspectos:
! Procurar verificar precisamente os
hábitats de ocorrência desta espécie na
área em questão;
! Procurar caracterizar os ambientes de
maior ou menor abundância de
indivíduos,
! Micro-ambientes específicos
preferenciais de ocupação pela
espécie;
! Procurar verificar a preferência dos
diferentes estádios de desenvolvimento
por determinadas tipologias
ambientais;
! Procurar estimar a população presente
na região;
! Procurar determinar padrões de
composição, como, razão sexual,
crescimento individual e faixa etária;
! Procurar determinar a existência de
grupos reprodutivos;
! Procurar determinar padrões
reprodutivos, como época de
reprodução, locais de postura, número
de ovos, recrutamento;
! Realizar censos das populações nos
locais de amostragem em diferentes
45
épocas do ano, procurando
caracterizar abundância e padrões de
sazonalidade na atividade dos
indivíduos;
! Procurar determinar padrões de
dinâmica populacional, tais como
deslocamentos, emigração e
imigração, existência ou não de rotas;
! Procurar estabelecer a área mínima de
utilização por indivíduo, para se
determinar os possíveis processos de
relocação dos mesmos.
Programa de Monitoramento da Avifauna
Ameaçada de Extinção
Os estudos avifaunísticos executados
registraram espécies de aves ameaçadas de
extinção e regionalmente raras. As espécies
florestais enquadradas nestas categorias se
encontram rarefeitas em toda a região
estudada, além disto, várias outras aves
incluídas nestas categorias foram
mencionadas em registros fidedignos,
possuindo valor de conservação não somente
local, mas a nível regional e até mesmo,
nacional, por estarem em processos de
extinção em todo o Brasil. Sendo assim,
torna-se necessário a realização de
levantamentos que promovam maiores
investigações em fragmentos de floresta
estacional e ciliar presentes na AII e AID do
empreendimento, com enfoque específico na
procura e monitoramento de suas
populações.
Os levantamentos sistemáticos deverão
ser feitos através do uso de censos matutinos
e vespertinos (através de transectos) em
diferentes fragmentos florestais. Deverá ser
mapeada a distribuição das populações
encontradas de espécies raras e ameaçadas de
extinção e analisados os padrões geográficos
obtidos, visando gerar subsídios para a
tomada de ações específicas à sua
conservação na bacia do rio Mucuri.
Meio antrópico
Socioeconomia
Programa de Educação Ambiental
A lei n.° 9.795, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental, conceitua
educação ambiental como " os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constróem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente".

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Também afirma ser a educação
ambiental elemento essencial e permanente
da educação nacional. Nesse sentido, um
projeto de educação ambiental deve andar
passo a passo com o processo de educação e
ter um horizonte de longo prazo.
Os objetivos principais deste Projeto
incluem:
! auxiliar a execução ambientalmente
correta das obras civis da PCH Mucuri;
! promover a identificação do modo de
agir com a preservação do meio
ambiente e a segurança pessoal pelos
funcionários contratados para a
construção da PCH Mucuri;
! divulgar valores de preservação dos
recursos naturais na AID.
O Projeto de Educação Ambiental
estará voltado para os seguintes públicos:
! gerência do canteiro de obras;
! funcionários do canteiro de obras;
! proprietários rurais da AID;
! população do povoado de Maravilhas
e de Presidente Pena.
Programa de Negociação
Este Programa visa definir e explicitar
as formas de tratamento e os critérios para a
negociação a ser empreendida com os grupos
de interesse afetados para a construção da
PCH Mucuri, de forma que os mesmos
possam optar pela solução mais adequada,
capaz de garantir a recomposição de seu
modo de vida.
Constituem-se públicos-alvo desse
programa as seguintes categorias:
! proprietários rurais de montante e
jusante do barramento;
! categorias de não proprietários que
terão suprimidas sua fonte de renda
e/ou moradia.
O Programa ora apresentado tem
caráter conceitual, cumprindo, portanto,
nesta fase, a função de estabelecer os critérios
mínimos para o início das discussões com os
públicos-alvo, conforme a seguir
apresentado:
1 - Proprietários Rurais
Para os proprietários de terrenos rurais
46
localizados na área a ser afetada pela PCH
Mucuri serão utilizados como base de
discussão as seguintes opções:
! indenização (pagamento em dinheiro
pela compra do terreno);
! permuta de terras e benfeitorias;
! relocação da benfeitoria na área
remanescente e negociação somente
da área a ser afetada;
! negociação do remanescente do
terreno,
! reassentamento rural
2 - Produtores Rurais não Proprietários
Além dos proprietários, deverão ser
contemplados, no processo de negociação as
demais categorias passíveis de serem
identificadas no processo e que terão
suprimidas sua fonte de renda e/ou moradia ,
de acordo com as seguintes diretrizes básicas:
! indenização das benfeitorias e
lavouras;
! viabilização de relocação das
benfeitorias;
! negociação com o produtor não
proprietário concomitante ao
proprietário da terra;
! opção pelo programa de
reassentamento rural;
! negociação de imóveis urbanos para
relocação de produtores cujas fontes
de produção e/ou emprego tenham
sido suprimidas em função do
empreendimento, e que não tenham
interesse em permanecer no campo.
Programa de Saúde
Será implantado em apoio ao
ambulatório previsto para o canteiro de
obras.
Os Públicos-alvo serão:
! Trabalhadores da obra;
! Proprietários rurais/moradores da AID;
! Moradores da área de entorno.
Para isto, estão previstas as seguintes
ações:
1- Implantação de ambulatório no
canteiro de obras para atendimento aos
trabalhadores vinculados ao

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empreendimento, contando com
profissionais da área de saúde(médico e
auxiliares);
2- Celebração de convênios com
laboratórios de análises clínicas de Carlos
Chagas e com a Fundação Nacional de
Saúde;
3- Assegurar as condições sanitárias da
área dos canteiros, o tratamento de acidentes
com animais peçonhentos, manter
suprimento de soro para atendimento
também aos moradores da AI.
4- Implantar Programa de Educação da
Saúde voltado para os trabalhadores da obra
e moradores da AID, objetivando a
prevenção e controle das DST's e de
situações de gravidez.
5- Desenvolver campanhas de educação
sexual e garantir estoque de preservativos e
medicamentos para tratamentos de Doenças
Sexualmente Transmissíveis
6- Como medida compensatória,
propõe-se o reforço ao Posto de Sáude de
Presidente Pena, bem como a reativação do
Posto de Saúde do povoado de Maravilhas,
comprometendo-se o empreendedor a
assumir custos referentes à melhoria das
instalações, equipamentos e material de
consumo.
Este Programa terá início após a
obtenção da Licença de Instalação-LI,
quando deverá iniciar-se o processo de
recrutamento de trabalhadores para as obras
complementares e de engenharia dos
referidos empreendimentos.
Programa de Mobilização de Mão-de-Obra
Este programa visa estabelecer diretrizes
para se proceder à mobilização da mão-de-
obra regional a ser requerida para a
implantação da PCH Mucuri.
Para a implantação do referido
empreendimento está prevista a contratação
de 520 trabalhadores no pico das obras,
estando prevista a absorção de 85% da região
do empreendimento.
São previstas as seguintes ações :
! divulgar, através do Programa de
Comunicação Social, os
procedimentos e as diretrizes para o
recrutamento, seleção e contratação
da mão-de-obra regional;
! envolver as Prefeituras Municipais no
47
processo de recrutamento e
cadastramento da mão-de-obra
disponível em cada município;
! repassar às Prefeituras e entidades
parceiras o perfil da mão-de-obra a
ser requerida, possibilitando a
formação do cadastro para seleção.
! estabelecer parcerias com as
instituições ou entidades com
experiência em qualificação de mão-
de-obra , com vistas a promover o
treinamento adequado do público
selecionado.
O Programa de mobilização de mão-de-
obra deverá ter início após a concessão da LP
Quanto à contratação, esta deverá se efetivar
de acordo com o cronograma das obras.
Programa de Reforço aos Núcleos Urbanos de
Entorno
O Programa ora proposto tem por
objetivo viabilizar ações de reforço à infra-
estrutura dos núcleos urbanos localizados
próximos a área de interesse do projeto,
representados pelo distrito de Presidente
Pena e pelo povoado de Maravilha.
Estão previstas as seguintes ações:
1. Presidente Pena
! Reforço ao Posto de Saúde local com
a disponibilização de equipamentos e
material de consumo necessários,
visando atender a um provável
aumento da demanda, bem como
propiciar melhoria da qualidade do
serviço atualmente prestado para seus
moradores;
! Reforçar o Posto Policial existente, de
forma a garantir a segurança pública
do distrito;
! Promover melhoria de traçado,
pavimentação primária e obras de
drenagem nas vias de acesso ao local
da obra, evitando-se desta forma o
comprometimento do tráfego local;
! Afixar placas educativas e informativas
no interior deste núcleo, como forma
de prevenir a ocorrência de acidentes;
! Desenvolver campanhas de educação
ambiental para seus moradores,
utilizando-se dos equipamentos sociais
disponíveis instalados. Além disso,

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devido às carências de saneamento
básico detectadas nos trabalhos de
campo, deverão ser incorporadas
campanhas de conscientização
voltadas para a importância dos
hábitos de higiene, reforçadas
sobretudo junto às escolas.
2. Povoado de Maravilha
! Promover gestões junto a Prefeitura de
Teófilo Otoni para a reativação do
Posto de Saúde local, comprometendo-
se o empreendedor a assumir os custos
referentes a melhoria das instalações,
equipamentos e material de consumo;
! Reforço da estrutura ou reconstrução
da ponte sobre o rio Mucuri, via de
passagem para acesso à sede de
Pavão, localidade com a qual os
moradores de Maravilha mantêm
maior relacionamento;
! Promover campanhas de Educação
Ambiental similares às indicadas para
o distrito de Presidente Pena,
reforçadas ainda por outras que visem
as formas de convivência com o novo
ambiente a ser formado, tendo em
vista que o povoado deverá ficar
próximo à área de remanso do
reservatório.
Programa de Comunicação Social
A Licença Prévia corresponde à fase
preliminar do planejamento do
empreendimento. Ela atesta a viabilidade
ambiental, aprovando sua localização e sua
concepção. Do ponto de vista da
comunicação, é esse o momento de tecer o
diálogo com os públicos interessados na
Pequena Central Hidrelétrica, nos impactos
ambientais e nas medidas de mitigação ou
compensação.
O objetivo geral do projeto de
comunicação é estruturar o diálogo entre o
empreendedor e os diferentes públicos, a fim
de administrar a ocorrência de conflitos, dar
transparência às etapas do empreendimento e
construir uma imagem positiva do
empreendedor, criando um bom
relacionamento com os públicos.
Como objetivos específicos, temos:
! Divulgar, em cada etapa, o que está
48
sendo realizado;
! Organizar a discussão do projeto e
suas medidas de controle ambiental
com os diferentes grupos;
! Criar formas de participação do
público envolvido;
! Auxiliar a execução dos projetos que
prevêem a participação da
comunidade.
Patrimônio Cultural
Programa de Prospecção Arqueológica
Este programa faz-se necessário para a
salvaguarda das informações arqueológicas
históricas e pré-históricas nas áreas ADA e
AII da PCH Mucuri. A Área de Influência,
também será alvo de inspecções para a
consolidação e compreensão dos vetores
ocupacionais em períodos pré-históricos e
históricos.
Estão previstas as seguintes ações:
! Transectos e sondagens para
averiguação de sítios sub-superficiais;
! Configuração da malha de pesquisa;
! Levantamento arquitetônico dos
testemunhos históricos na AID e AII;
! Levantamento topográfico, fotográfico
e gráfico dos vestígios e evidências
arqueológicas;
! Elaboração de Relatório Técnico e
Programa de Resgate Arqueológico.
Este programa deverá ser executado
antes do início das obras.
Monitoramento Arqueológico
Este programa se faz necessário para o
salvamento do patrimônio cultural durante a
execução das obras. Para isto será realizado o
acompanhamento das obras, seguindo o
cronograma de atividades da implantação do
empreendimento.
Ações Previstas:
! Educação Patrimonial - palestras
visando a sensibilização dos operários
e chefias quanto ao entendimento e
proteção do Patrimônio Cultural;
! Acompanhamento das atividades
potencialmente geradoras de impactos;
! Proposição de medidas de sinalização
e proteção dos sítios.

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O período de realização deste programa
deverá ocorrer durante as fases de
implantação da obra e durante o período de
operação, até que se conclua todo resgate e
salvamento do patrimônio cultural e
arqueológico da AID.
Programa de Registro/Documentação do
Patrimônio Edificado
Este programa se faz necessário para se
proceder a identificação, registro e divulgação
de memória e valorização patrimonial. O
objetivo principal é o registro/documentação
da memória histórica local
Estão previstas as seguintes ações:
! Identificação e Documentação/Registro
do acervo de Bens Imóveis e
Integrados.
O período para realização dos trabalhos
é a fase de instalação da obra e durante o
período de operação, até que se conclua o
registro do patrimônio edificado da AID.
Medida Compensatória
Projeto de Criação da Unidade de
Conservação
A criação e a gestão de áreas protegidas
são consideradas essenciais para a
conservação da biodiversidade e ecossistemas
naturais (Costa et al., 1998). A PCH Mucuri
está localizada em uma região
ambientalmente frágil, caracterizada pela
Floresta Estacional Semidecidual, onde o uso
histórico do solo provocou a eliminação da
maior parte da cobertura florestal original.
Além da eliminação de grande parte da
cobertura primitiva regional, a grande maioria
dos fragmentos florestais se encontram
degradados e descaracterizados pela
constante pressão antrópica, no que tange à
coleta de madeira, abertura de novas áreas
para formação de pastagem e pisoteio de
gado.
A formação do reservatório irá
demandar a retirada de pequenos setores de
capoeira de floresta estacional semidecidual e
de mata ciliar que, mesmo fragmentadas e
apresentando diferentes estágios sucessionais,
são consideradas ecologicamente importantes
no contexto local.
A implantação de uma Unidade de
Conservação irá maximizar os efeitos
49
benéficos de conservação de populações de
fauna e flora silvestres. Desta forma, será
favorecida a conservação efetiva de amostras
de biodiversidade regional. Além disto, a UC
irá contribuir para a manutenção da qualidade
de mananciais de água e lazer aos moradores
locais, entre outros fatores. De acordo com a
Resolução CONAMA 002/96, os
empreendimentos que causarem danos em
ecossistemas deverão custear (com valor
mínimo de 0,5% do valor do investimento da
obra) a implantação de estações ecológicas
ou atividades e/ou aquisição de bens para
Unidades de Conservação já existentes ou a
serem implantadas, como medida de
compensação.
As áreas sugeridas para estudo são:
! Alternativa 1 - Mata da Califórnia, devido
ao grande tamanho apresentado de área
florestada (cerca de 1.000 hectares),
relevante grau de conservação, altos
índices de riqueza, abundância e
diversidade de aves, e ocorrência de
espécies ameaçadas, raras e endêmicas,
entre outros parâmetros;
! Alternativa 2 - situa-se próxima às
coordenadas UTM 8054/279, na AII do
empreendimento. Constitui
remanescentes florestais secundários com
bom estado de conservação,
representado por espécies da floresta
estacional semidecídua, em estágio
intermediário de sucessão.
! Alternativa 3 - localiza-se próxima às
coordenadas UTM 8059/285, nas
proximidades da Pedra da Forquilha, na
AII. A cobertura vegetal é representada
por capoeira de floresta estacional
semidecídua, em topo de morro, até
proximidades da pedra da forquilha.